Do pastelzinho com caldo de cana à hora da xepa, as feiras livres fazem parte do cotidiano paulista de domingo a domingo.
por
Manuela Dias
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29/11/2025 - 12h

Por décadas, São Paulo acorda cedo ao som de barracas sendo montadas, caminhões descarregando frutas e vendedores afinando o gogó para anunciar promoções. De norte a sul, as feiras livres desenham um dos cenários mais afetivos da vida paulistana. Não é apenas o lugar onde se compra comida fresca: é onde se conversa, se briga pelo preço, se prova um pedacinho de melancia e se encontra o vizinho que você só vê ali, entre uma dúzia de banana e um pé de alface.

Juca Alves, de 40 anos, conta que vende frutas há 28 anos na zona norte de São Paulo e brinca que o relógio dele funciona diferente. “Minha rotina é a mesma todos os dias. Meu dia começa quando a cidade ainda está dormindo. Se eu bobear, o morango acorda antes de mim”.

Nas bancas de comida, o pastel é rei. “Se não tiver barulho de óleo estalando e alguém gritando não tem graça”, afirma dona Sônia, pasteleira há 19 anos junto com o marido e filhos. “Minha família cresceu ao redor de panelas de óleo e montes de pastéis. E eu fico muito realizada com isso.  

Quando o relógio se aproxima do meio dia, começa o momento mais esperado por parte do público: a famosa xepa. É quando o preço cai e a disputa aumenta. Em uma cidade acelerada como São Paulo, a feira livre funciona como uma pausa afetiva, um lembrete de que existe vida fora do concreto. E enquanto houver paulistanos dispostos a acordar cedo por um pastel quentinho e uma conversa boa, as feiras continuarão firmes, coloridas, barulhentas e deliciosamente caóticas.

Os cartazes com preços vão mudando conforme o dia.
Os cartazes com preços vão mudando conforme o dia. Foto: Manuela Dias/AGEMT
Vermelha, doce e gigante: a melancia é o coração das bancas nas feiras paulistanas.
Vermelha, doce e gigante: a melancia é o coração das bancas nas feiras paulistanas. Foto: Manuela Dias/AGEMT
A dupla que move a feira da Zona Norte de São Paulo.
A dupla que move a feira da Zona Norte de São Paulo. Foto: Manuela Dias/AGEMT
Entre frutas e verduras um respiro delicado: o corredor das flores.
Entre frutas e verduras um respiro delicado: o corredor das flores. Foto: Manuela Dias/AGEMT

 

Apresentação exclusiva acontece no dia 7 de setembro, no Palco Mundo
por
Jalile Elias
Lais Romagnoli
Marcela Rocha
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26/11/2025 - 12h

Elton John está de volta ao Brasil em uma única apresentação que promete marcar a edição de 2026 do Rock in Rio. O festival confirmou o britânico como atração principal do dia 7 de setembro, abrindo a divulgação do line-up com um dos nomes mais celebrados da música mundial.

A presença de Elton carrega um peso especial. Em 2023, o artista anunciou que deixaria as grandes turnês para ficar mais perto da família. Por isso, sua performance no Rock in Rio será a única na América Latina, transformando o show em um momento raro para os fãs de todo o continente.

Em um vídeo publicado na terça-feira (25) nas redes sociais, Elton John revelou o motivo para ter aceitado o convite de realizar o show em solo brasileiro. “A razão é que eu não vim ao Rio na turnê ‘Farewell Yellow Brick Road’, e eu senti que decepcionei muitos dos meus fãs brasileiros. Então, eu quero compensar isso”, explicou o britânico.

No mesmo dia de festival, outro grande nome da música sobe ao Palco Mundo: Gilberto Gil. Em clima de despedida com a turnê Tempo-Rei, que termina em março de 2026, o encontro dos dois artistas lendários torna a programação do festival ainda mais especial. 

Gilberto Gil se apresentará no Palco Mundo do Rock in Rio 2026 (Foto: Reprodução / Facebook Gilberto Gil)
Gilberto Gil se apresentará no Palco Mundo do Rock in Rio 2026 (Foto: Divulgação)

Além das atrações, o Rock in Rio prepara mudanças importantes na Cidade do Rock. O Palco Mundo, símbolo do festival, será completamente revestido de painéis de LED, somando 2.400 metros quadrados de tecnologia. A ideia é ampliar a imersão visual e criar novas possibilidades para os artistas.

A próxima edição também terá uma homenagem especial à Bossa Nova e um benefício pensado diretamente para o público, em que cada visitante poderá receber até 100% do valor do ingresso de volta em bônus, podendo ser usado em hotéis, gastronomia e experiências turísticas durante a estadia na cidade.

O Rock in Rio 2026 acontece nos dias 4, 5, 6, 7 e 11, 12 e 13 de setembro, no Parque Olímpico, no Rio de Janeiro. A venda geral dos ingressos começa em 9 de dezembro, às 19h, enquanto membros do Rock in Rio Club terão acesso à pré-venda a partir do dia 4, no mesmo horário.

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A socialite continuou tendo sua moral julgada no tribunal, mesmo após ter sido assassinada pelo companheiro
por
Lais Romagnoli
Marcela Rocha
Jalile Elias
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26/11/2025 - 12h
Marjorie Estiano interpreta Ângela Diniz. Foto: Divulgação
Marjorie Estiano interpreta Ângela Diniz em nova série. Foto: Reprodução/Divulgação HBO Max

Figurinha carimbada nas colunas sociais da época, Ângela Diniz virou capa das manchetes policiais após ser morta a tiros pelo então namorado, Doca Street. O feminicídio que marcou o país na década de 1970 ganha agora um novo olhar na série da HBO Ângela Diniz: Assassinada e Condenada.

Na produção, Marjorie Estiano interpreta a protagonista, enquanto Emilio Dantas assume o papel de Doca. O elenco ainda conta com Thelmo Fernandes, Maria Volpe, Renata Gaspar, Yara de Novaes e Tóia Ferraz.

Sob direção de Andrucha Waddington, a série se inspira no podcast A Praia dos Ossos, de Branca Viana. A obra, que leva o nome da praia onde o crime ocorreu, reconstrói não apenas o caso, mas também o apagamento em torno da própria vítima. Depoimentos de amigas de Ângela, silenciadas à época, servem como ponto de partida para revelar quem ela realmente era.

Seja pela beleza ou pela independência, a mineira chamava atenção por onde passava. Já os relatos sobre Doca eram marcados pelo ciúme obsessivo do empresário. O casal passava a véspera da virada de 1977 em Búzios quando, ao tentar pôr fim à relação, Ângela foi assassinada pelo companheiro.

Por dias, o criminoso permaneceu foragido, até que sua primeira aparição foi numa entrevista à televisão; logo depois, ele se entregou à polícia. Foram necessários mais de dois anos desde o assassinato para que Doca se sentasse no banco dos réus, num julgamento que se tornaria símbolo da luta contra a violência de gênero.

Marjorie Estiano interpreta Ângela Diniz, , enquanto Emilio Dantas assume o papel de Doca. Foto: Divulgação
Marjorie Estiano interpreta Ângela Diniz, enquanto Emilio Dantas assume o papel de Doca. Foto: Reprodução/Divulgação HBO Max

As atitudes, roupas e relações de Ângela foram usadas pela defesa como supostas “provocações” que teriam motivado o crime. Foi nesse episódio que Carlos Drummond de Andrade escreveu: “Aquela moça continua sendo assassinada todos os dias e de diferentes maneiras”.

Os advogados do réu recorreram à tese da “legítima defesa da honra” — proibida somente em 2023 pelo STF — numa tentativa de inocentá-lo. O argumento foi aceito pelo júri, e Doca recebeu pena de apenas dois anos de prisão, sentença que gerou revolta e fortaleceu movimentos feministas da época.

Sob forte pressão popular, um segundo julgamento foi realizado. Nele, Doca foi condenado a 15 anos, dos quais cumpriu cerca de três em regime fechado e dois em semiaberto. Em 2020, ele morreu aos 86 anos, em decorrência de um ataque cardíaco.

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Exposição reúne obras que exploram o inconsciente e a natureza como caminhos simbólicos de cura
por
KHADIJAH CALIL
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25/11/2025 - 12h

A Pinacoteca Benedicto Calixto, em Santos, apresenta de 14 de novembro a 14 de dezembro de 2025 a exposição “Bosque Mítico: Katia Canton e a Cura pela Arte”, que reúne um conjunto expressivo de pinturas, desenhos, cerâmicas, tapeçarias e azulejos da artista, sob curadoria de Carlos Zibel e Antonio Carlos Cavalcanti Filho. A Fundação que sedia a mostra está localizada no imóvel conhecido como Casarão Branco do Boqueirão em Santos, um exemplar da época áurea do café no Brasil. 

Ao revisitar o bosque dos contos de fadas como metáfora de transformação interior, Katia Canton revela o processo criativo como gesto de cura, reconstrução e transcendência.
 

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       “Casinha amarela com laranja” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.

 

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                 “Chapeuzinho triste” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.
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                 “O estrangeiro” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.         
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                                                            “Menina e pássaro” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.
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                                                     “Duas casinhas numa ilha” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.
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                                                             “Os sete gatinhos” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.
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                                                                         “Floresta” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.

 

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Festival celebra os três anos de existência com homenagem ao pensamento de Frantz Fanon e a imaginação radical da cultura periférica
por
Marcela Rocha
Jalile Elias
Isabelle Maieru
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25/11/2025 - 12h

Reconhecido como um dos principais espaços da cultura periférica em São Paulo, o Museu das Favelas completa três anos de atividades no mês de novembro. Para comemorar, a instituição elaborou uma programação especial gratuita que combina memória, arte periférica e reflexão crítica.

Segundo o governo do Estado, o Museu das Favelas já recebeu mais de 100 mil visitantes desde sua fundação em 2022. Localizado no Pátio do Colégio, a abertura da agenda de aniversário ocorre nesta terça-feira (25) com a mostra “ImaginaÇÃO Radical: 100 anos de Frantz Fanon”, dedicada ao médico e filósofo político martinicano.

Fachada do Museu das Favelas. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Fachada do Museu das Favelas. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Autor de “Os condenados da terra” e “Pele negra, máscaras brancas”, Fanon contribuiu para a análise dos efeitos psicológicos do colonialismo, considerando algumas abordagens da psiquiatria e psicologia ineficazes para o tratamento de pessoas racializadas. A exposição em sua homenagem ficará em cartaz até 24 de maio de 2026.

Ainda nos dias 25 e 26 deste mês, o festival oferecerá o ciclo “Papo Reto” com debates entre intelectuais francófonos e brasileiros, em parceria com o Instituto Francês e a Festa Literária das Periferias (Flup). A programação continua no dia 27 com a visita "Abrindo Fluxos da Imaginação Radical”. 

Em 28 de novembro, o projeto “Baile tá On!” promove uma conversa com o artista JXNV$. Já no dia 29, será inaugurada a sala expositiva “Esperançar”, que apresenta arte e tecnologia como forma de mapear territórios periféricos.

O encerramento do festival será no dia 30 de novembro com a programação “Favela é Giro”, que ocupa o Largo Pátio do Colégio com DJs e performances culturais.

 

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Uso da ferramenta poderá contribuir para a preservação de patrimônios culturais na sociedade; infraestrutura é um dos desafios
por
Kawan Novais
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28/06/2023 - 12h

A alta capacidade em processamento de dados que os recursos de inteligência artificial (IA) oferecem, faz com que essa ferramenta impacte todos os setores da sociedade. Ainda que os holofotes sobre o tema estejam em torno da comunicação, devido à ascensão de fenômenos como o Chat GPT, chat de conversação com robôs, a IA vem sendo adotada de maneira decisiva em diversas outras áreas. Na esfera cultural, por exemplo, uma das utilizações mais proveitosas tem sido na preservação de patrimônio. 

A Organização das Nações Unidas para a Ciência e a Cultura (Unesco) define o patrimônio cultural material como um “valor universal excepional do ponto de vista histórico, estético, arqueo-lógico, científico, etnológico ou antropológico”, e assim, em cada patrimônio há uma revelação identitária de uma determinada população. Para o professor e empresário Alexandre Del Rey, cofundador da I2AI (International Association of Artificial Intelligence), esta importância dos patrimônios justifica a adoção da inteligência artificial como um dos recursos essenciais para a preservação. 

“A inteligência artificial é uma tecnologia que pode ser usada de uma maneira transversal, em todos os setores. Então, enquanto uma ferramenta, ela consegue apoiar de diversas formas, a exemplo de um atendimento melhor às pessoas que frequentam museus ou espaços públicos de arte onde se precisa de uma tutoria personalizada”, explica Del Rey, citando o exemplo da exposição “A Voz da Arte”, realizada em 2017 pela Pinacoteca de São Paulo em conjunto com a IBM. A mostra utilizada um sistema cognitivo de IA, chamado Watson, para “conversar” com o público sobre algumas obras exibidas.

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Pinacoteca de São Paulo. Foto: Sailko/Wikimedia Commons

Além da utilização dessa ferramenta na intermediação de interações entre a tecnologia e indivíduos e na mediação das criações humanas, a IA também oferecerá recursos para a manutenção de instituições e seus produtos, como no Projeto SIAP (Sistema de Inteligência Artificial para a detecção e alerta de riscos sobre o Patrimônio), realizado em 2019, em Portugal. “Quando se fala de preservação, algumas tecnologias ligadas à inteligência artificial, especialmente, as ligadas à aprendizagem de padrão, máquina e elementos de divisão computacional com que você consegue capturar padrões através de imagens permitem, por exemplo, ver se há algum tipo deterioração de uma arte ou identificar as obras que são de um mesmo período histórico”, comenta Del Rey. 

Segundo o empresário, serão benéficos os efeitos em relação ao potencial que a inteligência artificial apresenta para o gerenciamento e preservação de patrimônios culturais no setor acadêmico. Para ele, haverá uma facilidade maior no desenvolvimento de pesquisas, através de recursos como a comparação de textos e a possibilidade de identificar questões que, atualmente, ainda são incertas. “Acho que a IA poderá ajudar a mitigar e diminuir as incertezas do campo acadêmico, especialmente, da arqueologia, museologia e melhorar a parte dos arquivos e armazenagem de informação na biblioteconomia”, ele avalia. 

No entanto, ainda que Del Rey enxergue um grande potencial, ele também considera elementos que dificultam o desenvolvimento tecnológico, como a falta de investimentos em infraestrutura e de profissionais que apliquem seus conhecimentos em diferentes áreas 

Sobre o acesso limitado às ferramentas de inteligência artificial, Del Rey acredita que pode ser revertido com educação. “Acho que há alguns elementos, como a falta de conhecimento do que ela pode fazer e do que ela não pode fazer, então é através da educação para entender melhor sobre a IA e entender como ela funciona. Aqui no Brasil, há o problema de pessoas não terem acesso à Internet e quanto mais acesso, maior será o uso dessas ferramentas de inteligência artificial”, ele afirmou. Segundo dados do IBGE, em 2021, mais de 28 milhões de brasileiros com 10 anos de idade ou mais não tinham acesso à internet, sendo a falta de conhecimento sobre o uso o principal motivo. 

O empresário destaca o caráter transversal da inteligência artificial e afirma que cada profissional deverá se adaptar a essa ferramenta, visando a criação de novas possibilidades de uso. Del Rey ressalta as oportunidades existentes na área tecnológica. “Ao mesmo tempo, há algumas oportunidades. Essas tecnologias estão mais acessíveis, mais baratas de se usar. Hoje, a partir delas você consegue aprender muito mais rápido e com a globalização, mesmo sendo desenvolvida em outros países, a gente consegue acessar com a maior facilidade”, finaliza.

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Com transparência e sensibilidade, o diretor Gabriel Martins expõe os dilemas e vivências de uma família como tantas outras
por
Marina Jonas
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28/06/2023 - 12h

“Liquidificador de sentimentos”. Essa é a expressão utilizada por Gabriel Martins para definir o que seu filme “Marte Um” quer transmitir. Lançado no ano passado, trata-se do primeiro longa-metragem solo do cineasta, que desde 2009 dirige e produz filmes com outros diretores de sua cidade, Contagem (MG). A narrativa conta a história dos Martins, uma família negra de classe média brasileira que mora na periferia de uma cidade grande e, que ao se deparar com a posse de um presidente de extrema-direita, enfrenta uma nova realidade repleta de tensões, que transparecem no seu dia a dia.  

 “Queria falar sobre sonhos, contradições, desejos e aflições de uma família negra de classe média brasileira”, diz por e-mail o diretor, roteirista e também produtor da obra. E, de fato, é isso que ele faz: de forma cômica e ao mesmo tempo emocionante, Gabriel narra a realidade de diversos brasileiros através do audiovisual, dando voz a pessoas que, muitas vezes, não são retratadas pela mídia – ou são retratadas de forma negativa – e têm suas histórias silenciadas.  

Para falar sobre as esperanças e frustrações dos Martins, o autor conta que queria passar por assuntos como futebol, sexualidade, trabalho, família e sociedade. E, para trazê-los, os retrata sob a perspectiva dos próprios personagens, que vivenciam dilemas e transformações. “Me inspirei em pessoas próximas, familiares, vizinhos, sujeitos que passaram por mim ao longo da minha vida e deixaram diversas impressões. Os personagens são combinações de várias pessoas diferentes e também de alguns traços da minha própria personalidade”, explica o diretor.  

No caso da mãe da história, Tércia, através das cenas de sua rotina dentro e fora da família, é possível ver com clareza os diversos desafios e batalhas que ela enfrenta tentando conciliar tudo o que deseja abraçar: trabalho, tarefas domésticas, filhos, marido e cuidados consigo mesma. A personagem materna estimula um novo olhar sobre a mulher da casa, aquela que é mãe, esposa e trabalhadora, tudo ao mesmo tempo, como disse a atriz intérprete do papel, Rejane Faria, na conversa do “Encontros de Cinema”, realizado no final de maio pelo Itaú Cultural.  

Além dessa, outras perspectivas são apresentadas, como a de Deivinho – filho mais novo que, ao diferentemente do pai, Wellington, que sonha que ele se torne jogador de futebol profissional, almeja virar astrofísico e participar da missão de colonização Marte Um. Tércia é empregada doméstica e Wellington, zelador de um prédio. No desenrolar da história, ambos passam por questões no trabalho e se encontram com dificuldades financeiras. Encarando a instabilidade de seus empregos, os pais veem nos filhos a esperança de um futuro melhor para a família, o que se pode observar também por Lina – filha mais velha –, a primeira Martins a fazer faculdade, uma universidade federal.  

Essas, entre outras temáticas abordadas no longa, estão ligadas à realidade de grande parte das famílias brasileiras e, por isso mesmo, a importância de representá-las nas produções audiovisuais, principalmente de forma clara e sensível, como faz Gabriel. “Talvez não tenha sido tão comum no cinema brasileiro termos dilemas de uma família negra em um projeto de ficção em longa-metragem, mas não considero o ‘Marte Um’ de nenhuma forma exatamente uma nova perspectiva, talvez apenas um filme de qualidades um pouco mais singulares do que historicamente nos habituamos a ver”, afirma o cineasta.  

Ele diz que seu compromisso com a narrativa construída é, acima de tudo, ser sincero e honesto com o mundo real, entendendo que existe uma gama gigante de personagens buscando seu lugar ao sol, mas frequentemente preteridos a algumas escolhas um pouco mais convencionais ou estereotipadas de representação. “A mídia tem um interesse financeiro que é anterior ao desejo de justiça e equilíbrio. Cabe ao campo da arte criar um contracampo a isso”, completa.  

 

 

 

 

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As adaptações dos games estão se tornando uma fonte inesgotável de inspiração para o universo do entretenimento
por
Pedro Paes
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28/06/2023 - 12h

O mundo do entretenimento passa por muitas mudanças ao longo dos anos. Já existiram diversas eras que dominaram as telas do cinema: o período dos filmes de faroeste, da adaptação dos livros, os filmes de super-heróis, e agora tudo aponta para que os filmes inspirados em games conquistem o coração dos amantes da cinematografia.  

Atualmente a indústria do entretenimento tem um grande “rei”, que são os filmes de heróis. Com o sucesso do formato da Marvel, representado por diversos longas, como “Vingadores: Ultimato”, “Capitão América: O Soldado Invernal” e “Pantera Negra”, vários outros atraíram multidões para o cinema. 

Porém, esse formato está saturado. O público espera um algo a mais desses filmes e isso não está sendo entregue aos telespectadores. Não é à toa que os últimos lançamentos dos filmes de heróis foram um fracasso de bilheteria, “Adão Negro”, “Shazam! A Fúria dos Deuses”, “Morbius” e “Homem-Formiga e Vespa: Quantumania”. Todas essas produções foram duramente criticadas pela mídia e pelo público. Isso acaba fazendo com que as pessoas percam cada vez mais interesse por esse gênero e isso está acontecendo no momento. 

É nesse ponto que entram os filmes e séries inspirados em jogos de videogame. Esse tipo de gênero nos cinemas está passando por uma redenção porque os longas de jogos nunca tiveram uma boa qualidade e enfrentaram uma resistência do público. Isso acontece porque as adaptações acabam gerando filmes medianos ou ruins e isso frusta muito os fãs desses jogos. Um exemplo disso está nos filmes do “Resident Evil”.  

Mas isso tem mudado. Os estúdios alteraram a produção desses filmes. Eles viram que era necessário reavaliar a forma como as cenas de ação são apresentadas, repensar os personagens secundários, eliminar elementos narrativos desnecessários e focar no desenvolvimento emocional do protagonista. Assim, essas produções cresceram e ficaram cada vez mais parecidas com os jogos, ganhou mais aceitação dos fãs e atraindo o interesse de outras pessoas. Portanto, a qualidade das adaptações dos games para o cinema melhorou significativamente nos últimos anos. 

Em entrevista para a AGEMT, o estudante de cinema Igor Loureiro compartilhou sua visão sobre essa crescente influência. Para ele, os games apresentam narrativas ricas e personagens cativantes, o que os torna uma fonte inesgotável de inspiração para o cinema. "Os videogames evoluíram muito além de simples jogos, eles se tornaram verdadeiras experiências interativas. Ao adaptar essas histórias para o cinema, podemos explorar mundos fantásticos e criar uma imersão ainda maior para o público", ressalta Igor. Ele complementa falando que o sucesso dos jogos no cinema está diretamente relacionado ao envolvimento e à paixão dos jogadores. "Os fãs dos jogos têm um vínculo emocional forte com os personagens e as histórias. Ao trazer essas experiências para as telas de cinema, os estúdios conseguem atrair tanto os jogadores quanto um público mais amplo, que busca entretenimento e aventura.”  

Os estúdios perceberam que essas adaptações são uma mina de ouro até porque está havendo uma mudança de geração. Os jovens estão cada vez mais próximos desses jogos. Hoje em dia a maioria dos meninos e meninas tem um console dentro da sua casa, seja um Playstation, Xbox ou Nintendo.  

Para a realização da matéria, a AGEMT entrevistou também o jogador de videogame e crítico de cinema Raphael Valente. Ele ressaltou a importância de respeitar a essência dos jogos originais. "Os jogos de videogames têm um público fiel e apaixonado, e é fundamental que as adaptações para o cinema sejam cuidadosas e respeitem a história e os personagens que os fãs tanto amam", destaca Raphael. Ele também menciona que as adaptações cinematográficas de jogos bem-sucedidos têm o potencial de atrair um público mais amplo, incluindo aqueles que não estão familiarizados com os jogos. 

Ambos os entrevistados concordam que a indústria do cinema tem reconhecido o valor dos games como uma fonte rica de material criativo. Isso tem resultado em uma série de adaptações de sucesso, como os filmes e as séries baseados em franquias, como "The Last Of Us", “The Witcher” "Detective Pikachu", “Uncharted” e “Sonic”. Além disso, grandes estúdios têm investido em projetos ambiciosos, como séries de televisão e universos cinematográficos expandidos baseados em jogos populares. 

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Filme Uncharted: Fora do mapa, disponível na HBO MAX.

No entanto, a convergência entre games e cinema também apresenta desafios. Igor Loureiro destaca a importância de encontrar um equilíbrio entre fidelidade aos jogos originais e a necessidade de criar uma experiência cinematográfica coesa e acessível. "É um desafio traduzir elementos interativos dos jogos para uma narrativa linear no cinema, mas quando isso é feito com maestria, pode resultar em obras-primas", afirma o estudante. 

Valente também ressalta que a qualidade das adaptações cinematográficas de tem melhorado nos últimos anos, mas ainda existem casos em que os filmes não conseguem capturar a essência dos jogos. Ele acredita que uma equipe criativa apaixonada pelos jogos e com conhecimento da linguagem cinematográfica é essencial para alcançar o sucesso nessa empreitada. 

À medida que os games continuam a conquistar novos patamares de popularidade, a relação entre o cinema e os jogos só tende a se fortalecer. A possibilidade de explorar narrativas ricas, personagens cativantes e mundos fantásticos dos jogos nas telas do cinema oferece um potencial ilimitado para contar histórias emocionantes e criar experiências imersivas para o público. 

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Programa Masterchef, que chega à décima temporada na TV, abre caminho para novos profissionais da cozinha
por
Gustavo Romero Pires
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27/06/2023 - 12h

 

 

Desde 2014, o programa culinário Masterchef vem fazendo sucesso entre chefs profissionais e quem nunca pisou na cozinha de algum restaurante. Depois de muita audiência em outros países, chegou ao Brasil na TV aberta revolucionando esse segmento, um tanto quanto novo. Foram criadas várias modalidades dentro do reality, como a de amadores, profissionais, crianças e, mais recentemente, pessoas da terceira idade. 

MasterChef' tem disputa entre celebridades e influenciadores | O TEMPO 

Jurados do Masterchef de 2022- Foto: Carlos Reinis/Band 

 Todas as temporadas mostraram cozinheiros com o sonho de abrir restaurantes ou trabalhar em um estabelecimento renomado, como os jurados do programa, Eric Jaquin, Henrique Fogaça, Helena Rizzo e, nas primeiras edições, Paola Carosella. Foi o que aconteceu com Rodrigo Einsfeld, que participou da temporada dos profissionais, em 2016. 

 O chef diz que sempre quis abrir um restaurante e hoje possui o famoso Handz, com uma sede na Casa Verde e a outra no Itaim Bibi. “Entrei no programa para ganhar, mas as pessoas que conheci, as ajudas dos chefs e o entorno me ajudaram a sair muito mais vencedor do que um título do programa. Realizei meu sonho de ter meu restaurante e é por isso que tenho um carinho pelo programa”, diz Rodrigo. 

 Ele destaca a importância do programa para a abertura de novos estabelecimentos. “Começar um restaurante do zero exige muito, mas, quando você tem um ‘empurrãozinho’ como é o programa, várias etapas são puladas e você já tem tanto a vivência nas provas como ajudas em conversas com os jurados e contato com eles no pós-reality.”  

 Quando questionado sobre o assédio de fãs nos restaurantes, o chef responde: “É bem tranquilo. Claro que tem uma pessoa ou outra que quer tirar foto e conversar sobre o programa ou até pedir ajuda sobre a cozinha, mas eu gosto de receber esse reconhecimento e principalmente o feedback sobre as comidas do Handz. No final o que vale é a troca, tanto pra ajudar a pessoa que gosta de mim, quanto pra eu evoluir meu restaurante”. 

 Rodrigo dá algumas dicas para quem só vê o programa e não se arrisca na cozinha. “O pessoal tem que se levantar e ir para o fogão. Sou suspeito para falar, mas acho que todo mundo vai se apaixonar.” 

 A influência chega até os telespectadores. Muitos começam a cozinhar por fazer parte da audiência. João, estudante de economia, diz que na pandemia começou a cozinhar após ver um episódio de Masterchef. “Nunca tinha assistido no nível de prestar atenção e muito menos eu cozinhava. Porém, comecei igual a todo mundo, fiz alguns pães e fui deixando meu cardápio mais completo, me inspirando um pouco no programa.”   

 O estudante afirma não querer ser profissional, mas diz ter se encontrado na atividade “‘É só um novo hobby que me ajuda a acalmar e a fazer coisas boas para a minha família nos dias de comemorações. É como uma terapia para mim. 

É possível notar que o programa mudou a vida tanto de pessoas que tiveram a oportunidade de participar do programa, quanto de telespectadores que foram influenciados a começarem a cozinhar, seja o motivo que for. Então a influência do reality é enorme, ainda mais passando na TV aberta como de costume, podendo mudar a vida de algumas pessoas. 

 

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Evento realizado pela revista Vogue reúne as maiores celebridades do mundo em noite anual de glamour; primeira edição ocorreu em 1948
por
Sophia Pietá Milhorim Botta
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26/06/2023 - 12h

Na primeira segunda de maio de cada ano é realizado o evento de moda mais importante do mundo, o Met Gala. Com a participação dos mais famosos estilistas, celebridades e jornalistas, a noite de muito glamour e tapetes vermelhos conta com uma trajetória de mais de 75 anos de cultura, momentos marcantes na história e uma grande operação de bastidores. “A cada ano o Met Gala muda a forma de pensar e de criar na indústria do ano., O evento dita novidades, padrões e estéticas, sendo um padrão de alta qualidade e luxo para quem produz na nossa área”, explica a stylist Juliemili Amaral. 

 O The Met é organizado por Anna Wintour, diretora-chefe da Vogue americana, desde 1995 no Metropolitan Museum of Art, em Nova York. O objetivo do evento é arrecadar fundos para o Costume Institute, museu focado em moda e figurinos. A primeira edição ocorreu em 1948, organizado pela publicitária de moda Eleanor Lambert, em um jantar de luxo à meia-noite. Logo, o evento foi se tornando a grande festa do ano no mundo da moda.  

Segundo Juliemili, além de arrecadar fundos para a moda, o Met Gala surgiu com o objetivo de valorizar e proporcionar uma maior visibilidade aos estilistas em ascensão, homenageando os maiores talentos de cada geração.  

Durante a década de 1970, o Met Gala foi popularizado pela ex-editora-chefe da Vogue, Diana Vreeland, que procurou trazer a cada ano um tema diferente para celebrar a noite de gala e simbolizar um momento importante da moda. Foi somente com Anna Wintour que a data escolhida passou a ser a primeira segunda-feira de maio, eternizando o dia como o mais importante da moda internacional.  Para participar do Met Gala é necessário ser convidado pela própria Anna Wintour e ainda pagar um valor que será levantado para o fundo de doação.Segundo o The New York Times, o ingresso custa cerca de R$ 249 mil, com mesas a partir de quase R$ 1,.5 milhão. Para 2023, cerca de 400 pessoas foram escolhidas diretamente por Wintour. 

O documentário “The First Monday in May”, lançado em 2016 e dirigido por Andrew Rossi, mostra os bastidores do Met Gala, acompanhando desde o início do projeto na redação da Vogue americana até a grande primeira segunda-feira de maio. Com diversas entrevistas com produtores do Met, convidados, estilistas e depoimentos de Anna Wintour, a obra procura detalhar como se move a indústria da moda e seu evento mais importante. 

 Em 75 anos de existência, momentos históricos marcaram o Met Gala e foram emblemáticos na moda. Entre eles, a primeira aparição da Princesa Diana, em 1996, com um clássico vestido Dior; a cantora Rihanna, em 2017, com um vestido de mais de 25 quilos que levou mais de dois anos para ser confeccionado; a cantora e atriz Cher, em 1974, usando um vestido transparente e de brilhos da marca Bob Mackie que viria a se tornar referência e inspiração para as próximas edições.  

Para Juliemili, um momento muito aguardado todos os anos é a presença da atriz Blake Lively, que utiliza grandes e volumosos vestidos, sempre de importantes grifes e chocando a todos com a perfeição e adequação a cada tema. Em 2022, quando a temática do evento era “Era Dourada no Século 19 nos Estados Unidos”, a peça trazia detalhes em pedrarias e cores como laranja e cobre. Desmontado, o vestido se transformava em um look quase todo azul, fazendo referência ao processo de envelhecimento do metal da Estátua da Liberdade.  

 O Met Gala procura abordar temas que instiguem a história cultural, social, política e econômica de alguma época mundial, para que os estilistas possam criar suas artes a partir de um viés mais embasado e traduzir por meio da moda uma abordagem crítica das questões do mundo. O evento é mais que um tapete vermelho repleto de celebridades e sim uma reflexão de como a moda também está inserida na política e na sociedade, gerando um real questionamento sobre uma coleção de roupas. 

 “O Met Gala se tornou unanimidade quando se fala sobre eventos de moda que extrapolam a bolha fashion. A presença de celebridades vestindo looks exclusivos de grandes grifes e a veiculação do evento nas redes sociais e na TV tornam a proporção do The Met maior a cada ano. As novas gerações vêm se interessando pela história e pelo significado do evento cada vez mais e posso afirmar que as plataformas digitais, como o TikTok, ajudam a alcançar mais pessoas que ainda não conhecem sobre o evento”, diz Juliemili. 

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