O filme “Oppenheimer”, sobre o “pai” da bomba atômica lançada pelos EUA nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagazaki, estreou no último mês de julho e, apesar de dividir a data com o sucesso de marketing “Barbie”, já acumula uma bilheteria global de US$ 174 milhões.

Reprodução Oppenheimer
Conquistando cada vez mais o público interessado no homem que se tornou o "destruidor de mundos" após sua invenção, o longa-metragem foi inspirado na obra biográfica “American Prometheus: The Triumph and Tragedy of J. Robert Oppenheimer" (“Oppenheimer: o triunfo e a tragédia do Prometeu americano”, em português), de Kai Bird e Martin Sherwin, publicada em 2006, que conta a história do homem responsável por mudar os rumos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Quem foi Robert Oppenheimer?
Natural de Nova Iorque, Julius Robert Oppenheimer nasceu em 22 de abril de 1904 e pertencia a uma família judia com posses nos Estados Unidos. Em razão disso, ele e seu irmão Frank foram criados em ótimas condições financeiras.
Brilhante desde a juventude, Oppenheimer ingressou na Universidade de Harvard, na qual se formou em 1925 com especialização em química. Dois anos mais tarde, aos 23 anos, ele já era doutor pela Universidade de Göttingen, localizada na Alemanha, onde ficou conhecido por sua contribuição no estudo da física quântica.
Sentindo saudades de casa e a fim de expandir seus conhecimentos, Oppenheimer retornou aos Estados Unidos em meados de 1930 e passou a dar aulas focadas em física teórica na Universidade de Berkeley, na. Califórnia.
Eclosão da 2º Guerra Mundial e a criação do Projeto Manhattan
O ano era 1939 e Adolf Hitler havia invadido a Polônia, dando início à Segunda Guerra Mundial. Os Estados Unidos só ingressaram oficialmente no conflito dois anos depois, em 1941, sob o governo do presidente Franklin D. Roosevelt. Com receio de que os países inimigos tivessem uma maior abundância bélica, os Estados Unidos encomendaram o desenvolvimento de uma arma até então nunca presenciada pela humanidade: o país iria construir sua própria arma nuclear.
Em 1942, a notícia de que os alemães haviam descoberto a fissão nuclear se espalha pelo mundo, aumentando ainda mais o medo dos Estados Unidos pela derrota. É neste momento que Oppenheimer recebe o convite para assumir a direção do Projeto Manhattan, criado para desenvolver a bomba atômica.
Com uma forte equipe de cientistas reunidos para auxiliá-lo, Oppenheimer inicia o projeto no deserto de Los Alamos, um polígono das Forças Armadas dos Estados Unidos localizado no estado do Novo México, onde foram construídos centros de pesquisa.
Depois de anos de trabalho, o físico e sua equipe realizam a primeira explosão de uma bomba atômica, no dia 16 de julho de 1945, nomeando a experiência de Trinity.
Após a explosão atômica, ocorreu no local um fenômeno chamado precipitação radioativa, que representa uma grave ameaça às pessoas, podendo contaminar a água e as plantas com partículas radioativas. Aqueles que ingeriram alimentos contaminados, sofreram as decorrências da contaminação na saúde, especialmente através do desenvolvimento de câncer, aborto espontâneo e deformidades nos fetos.
As consequências causadas pelo teste no deserto de Los Alamos não representaram uma preocupação para os Estados Unidos e, como o teste não havia sido um fracasso do ponto de vista militar, se tornou questão de tempo até o governo estadunidense usar a arma nuclear para atacar seus inimigos.
Segunda Guerra encerrada: "vitória americana"
Os dias seis e nove de agosto de 1945 ficaram marcados para sempre na história: apenas três semanas após a execução do teste Trinity, duas bombas atômicas foram lançadas nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão. A primeira foi nomeada de Little Boy e a segunda de Fat Man.

Reprodução - Explosão das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki (1945).
Em entrevista para a AGEMT, a historiadora e professora de filosofia e sociologia Adriana Felice aborda os desfechos do conflito. "A intenção inicial do Projeto Manhattan era atingir a Alemanha com as bombas atômicas, mas como o país já havia assinado a rendição no mês de maio e o conflito ainda persistia na Ásia por resistência dos japoneses, o Japão acabou se tornando uma alternativa mais fácil para os Estados Unidos", afirma.
Os ataques resultaram na morte de mais de 200 mil pessoas nas duas cidades. Em contrapartida, os cidadãos americanos e aqueles que haviam contribuído para a invenção de Oppenheimer gritavam de felicidade pela “vitória” do país na Segunda Guerra Mundial.
Após o fim do conflito, os Estados Unidos se autodenominavam vencedores da guerra, com seu território intacto. A nação acabou se tornando a grande potência mundial que conhecemos atualmente. "Ao termos uma visão humanitária, percebemos que em nenhum conflito existem vencedores, todos saem destruídos", pontua Adriana.
A explosão das bombas Little Boy e Fat Man marcaram o fim da guerra, mas segundo Adriana, mesmo se elas nunca tivessem existido, o conflito não perduraria por muito mais tempo. "A guerra já estava em seu marco final. As bombas foram lançadas como uma represália ao Japão por mágoas guardadas desde o ataque à base naval de Pearl Harbor [1941]. Os judeus estavam sendo libertados e os países que foram invadidos pelos nazistas já estavam retomando suas atividades, as bombas foram a ‘cereja do bolo’ do conflito".
Após o ataque contra o Japão, Oppenheimer se revelou arrependido de sua própria invenção, tendo como principal fator as consequências irreparáveis das bombas atômicas. "Ele sempre teve conhecimento das consequências que sua invenção poderia causar, mas não tinha noção de como os Estados Unidos iria utilizá-la”, diz Adriana.
O físico se desligou do Projeto Manhattan e passou a lutar fortemente contra o uso das bombas nucleares e da corrida armamentista iniciada entre os Estados Unidos e a União Soviética.
"Companheiro de viagem" do partido comunista
A situação de Oppenheimer se tornou complicada quando ele passou a ser taxado como comunista pelo governo estadunidense.
Desde o seu retorno aos Estados Unidos, na década de 1930, Oppenheimer passou a apoiar financeiramente algumas instituições de esquerda e acreditava que a ideologia de direita, tão fortemente apoiada no país, era estúpida. Porém, mesmo com esse posicionamento político, o físico nunca foi membro do Partido Comunista, como estava sendo afirmado pelo governo estadunidense, mas sim apenas um simpatizante da causa.
Com as crescentes acusações contra o físico e pelo fato de não apoiar o uso de novas bombas atômicas, Oppenheimer começou a ser taxado como traidor do governo dos EUA, mesmo tendo servido ao país durante a guerra.
Subitamente, toda a admiração voltada ao físico se transformou em decepção e desconfiança, já que o governo tinha em mente que esse posicionamento de Oppenheimer contra o uso de novas bombas atômicas era uma forma de ceder "vantagens" à União Soviética. O grande problema em questão era a ideologia seguida pelo físico.
"Esse esforço em pintar o Oppenheimer como traidor da nação foi uma tentativa dos Estados Unidos de tirar o foco negativo do país após os ataques". A historiadora ainda pontua que os EUA foram os grandes articuladores dos conflitos, tanto da Primeira quanto da Segunda Guerra Mundial, e que não mediriam esforços para manter a imagem de "grande salvador" do mundo.
“Sabíamos que o mundo jamais seria o mesmo. Algumas pessoas riam, outras choravam… A maioria estava em silêncio. Agora, eu me tornei a morte. O Destruidor de Mundos. Acredito que todos nós, de uma forma ou de outra, nos sentimos assim.” Essas foram algumas das falas do físico durante o documentário "The Decision to Drop the Bomb" ( “A decisão de lançar a bomba”, em português), exibido em 1965.
Julius Robert Oppenheimer faleceu em 18 de fevereiro de 1967. O físico passou seus últimos anos de vida lecionando física, porém devido a um câncer na garganta e sem sucesso com tratamentos médicos, morreu aos 62 anos.
O filme se empenha em expor como a invenção da bomba atômica impactou a vida de Oppenheimer e do mundo, e é interessante acompanhar a forma como os Estados Unidos conseguiram reduzir o problema a uma questão ideológica e transformar o físico em um traidor da nação, não por suas ações, mas sim pelos seus ideais. As críticas positivas só aumentam e muitos já apostam na indicação de Cillian Murphy para o Oscar de melhor ator.
No mundo da arte urbana, o grafite é uma forma de expressão que geralmente se revela em imagens visualmente impactantes e cores vibrantes. E no Beco do Batman, local conhecido exatamente pelos grafites, surge o primeiro grafite para cegos e deficientes visuais do mundo. O local foi cuidadosamente escolhido para que tanto pessoas com visão quanto cegas pudessem interagir com a obra. Os artistas utilizaram tintas táteis especiais, que criam texturas reconhecíveis ao toque.
A concepção dessa inovadora forma de arte surgiu da mente de Laura Mendes, artista e grande amiga de Devanir de Lima, deficiente visual e consultor de Braille. Ela ficou intrigada com a ideia de como ele poderia experimentar a beleza das obras de arte em espaços urbanos. Laura reuniu um grupo diversificado de artistas e especialistas em acessibilidade para dar vida a essa visão.
A peça em si é uma interpretação abstrata do mundo urbano, com linhas e formas que se desdobram em relevos e sulcos. Para garantir a acessibilidade, o grafite é acompanhado por descrições em braille, permitindo que pessoas cegas entendam o significado por trás das texturas.
Desde a sua criação, o grafite para cegos tem atraído a atenção e o carinho da comunidade local e internacional. Pessoas com deficiência visual têm visitado o local, muitas vezes acompanhadas por amigos e familiares, para experimentar a obra com as mãos. A reação tem sido emocionante, com muitos descrevendo a sensação de tocar a arte como uma experiência profundamente enriquecedor.


Artistas como Laura estão abrindo novas portas para a inclusão no mundo da arte urbana. A equipe envolvida está ansiosa para expandir essa iniciativa e criar mais obras acessíveis em todo o mundo. A esperança é que isso inspire outros grafiteiros e comunidades a considerarem a acessibilidade em suas criações, permitindo que a beleza da arte seja apreciada por todos, independentemente de sua capacidade visual. “Você como VIDENTE consegue ver o Graffiti, gostar, detestar, achar lindo, achar feito, se emocionar, mas o CEGO não. Mesmo através da Audiodescrição é impossível captar a magnitude de uma parede ou de uma empena, de arte cobrindo o espaço público em uma cidade. Graffiti é grande, é muralismo.”
O grafite é a prova viva de como a arte pode transcender as fronteiras da visão e tocar os corações e mentes de pessoas de todas as habilidades. Ela representa um passo significativo em direção a um mundo mais inclusivo e criativo, em que a beleza da arte pode ser apreciada por todos. Este é apenas o começo de uma jornada emocionante em direção a um futuro mais acessível e igualitário na arte urbana.
(Criador da série de livros e jogos Metro, foto: divulgação)
O escritor e jornalista Dmitry Glukhovsky (Metro 2033,Dusk, Futur.re), foi condenado em 7 de agosto a revelia – quando o réu não possui o direito de defesa – pela juíza Natalia Dudar, por "Espalhar notícias falsas e promover ódio político baseado em criação artificial de provas", após um post em suas redes sociais no qual denunciava crimes das forças militares moscovitas na Ucrânia. Apesar da decisão do governo, o literário, que hoje mora fora da Rússia, está livre.
O autor já foi investigado anteriormente pelo Kremlin (governo da federação russa) por suas críticas ao governo Putin e à guerra da Ucrânia. Diante disso, em 2022, Dmitry entrou na lista de procurados do país, ganhando o título de “agente estrangeiro”. Sobre o decreto, o jornal independente russo Media zone afirma que "As provas contra Glukhovsky foram fornecidas por Yulia Lozanova, funcionária da News font, bem como a editora do Mouthpiece of Moscow e do ANO (Analytical Center for Security Problems), Ivan Klimov". Ambos os veículos citados são de propaganda, sendo patrocinados pelas forças militares da Federação russa para desinformar a população sobre ofensivas militares.
No Telegram, o escritor postou: “Putin consegue o que quer: um país que ele pode governar enquanto estiver de pé. Sim, será pobre e atrasado, mas seus cidadãos serão silenciosos e obedientes, porque este reino encantado será confiavelmente isolado no mundo inteiro.”
Os livros de Dmitry foram retirados das bibliotecas russas junto de nomes como Mikhail Zygar (Todos os homens do Kremlin) e George Orwell (1984). A partir de 2014, devido à invasão da Crimeia e posteriormente em 2022, junto ao início da guerra da Ucrânia. A mídia do país é censurada e seu povo preso por qualquer produção artística contrária ao governo, como por exemplo Marsha Moskaleava, que foi separada de seu pai por um desenho e um poema.
O tradutor Irineu Franco Perpétuo afirmou em entrevista para o estado de Minas: “A Rússia, ao longo dos séculos, não foi exatamente um modelo de liberdade. Toda a literatura russa que lemos, foi criada à sombra da censura" . A supressão de livros reforçam a violência intelectual causada pela ditadura de Putin. Como dito pelo poeta russo Osip Mandelstam, “Em nenhum lugar do mundo se dá tanta importância à poesia: é somente em nosso país que se mata por causa de um verso”.
Depois de “Lobos” representando a terra, “Anti-Herói” o ar e “Pirata” a água, chega a vez de “Super”: o álbum de fogo. João Vitor Romania Balbino (28), mais conhecido como Jão, começou sua carreira com o lançamento de covers na internet, enquanto era graduando de publicidade e propaganda na USP. Com 5 anos de carreira, ele se tornou um nome em ascensão no cenário do pop nacional. Sua última turnê “Pirata”, contou com 40 apresentações — sendo 6 dessas esgotadas no Espaço das Américas. Já a “Super Turnê”, seu novo projeto, começa no dia 10 de Janeiro de 2024, no Allianz Parque, com a proposta de ser uma tour de estádios e arenas. Antes disso, Jão se apresenta no festival The Town no dia 2 de Setembro. “Coisas gigantes estarão presentes”, disse ele durante a audição exclusiva do álbum “Super”.

Seu novo lançamento tem referências oitentistas aparentes em sua sonoridade, trazendo novas histórias de amor nas composições inéditas, que também exploram a vida amorosa do cantor. No “lado a”, o disco busca ser mais leve, com instrumentais mais animados, como forma de revisitar sua juventude no interior, mas também suas histórias na atualidade, finalizando com a sétima faixa “Julho” – sendo também o lado mais comercial do disco. Os destaques deste lado do projeto ficam para “Escorpião”, que cria uma atmosfera intensa que permeia a gravação e “Gameboy”, quando o cantor exibe sua autoestima dentro de um relacionamento e como toda aquela situação parece um jogo que ele está disposto a jogar. Já o “lado b”, abraça composições mais sóbrias e sombrias – como por exemplo sua mudança do interior para a cidade de São Paulo em 2015 – além de muitas referências aos seus lançamentos anteriores. Destaca-se “Eu posso ser como você”, com outro ponto de vista da história da faixa anterior “Julho” e também uma resposta faixa “Eu quero ser como você”, do seu disco de estreia.

O artista disse que já escolheu o single que iniciará a divulgação do álbum, mas que o clipe ainda não foi gravado. A audição exclusiva do “Super” ocorreu no dia 13/08, no Ginásio do Ibirapuera – com 12 mil ingressos distribuídos de forma gratuita pelo cantor. O evento foi apresentado pela jornalista Valentina Pulgarin, amiga pessoal do cantor. Ao fim da apresentação do trailer do disco, a apresentadora iniciou uma contagem regressiva para a 1ª audição do material inédito com vizualizers. Após a escuta do material, o artista agradeceu emocionado a recepção dos fãs e foi entrevistado por Pulgarin. Jão diz não ter tido férias após a última turnê e que “Super” foi sua prioridade, uma vez que o trabalho só faz sentido quando chega à seus fãs. Seu novo trabalho chegou às plataformas digitais na última Segunda (14).

A banda Besouro Mulher, uma das tantas descobertas boas que a cena independente e alternativa da cidade de São Paulo proporciona, agitou a Casa Rockambole na noite do último sábado com o lançamento do álbum “Volto Amanhã”. O som viaja entre o profundo e o cotidiano, brincando com essa dualidade na lírica e na melodia, às vezes mais calmas, que focam nas notas de baixo que se arrastam pelos segundos, e outras vezes com bateria e guitarra rápidos — e que fizeram o público pular junto à banda.
Apesar de só estar nas plataformas de streaming há uma semana, não teve uma música do álbum que não foi acompanhada pelo coro da plateia, que ansiava para cantar junto o que não saia dos seus fones de ouvido nos últimos tempos. Teve versão acústica de “Vamos Indo” e instrumental estendido de ‘Seus Vazios’ — enchendo a energia da Casa durante todo o show.
O local do evento, a Casa Rockambole, também é gravadora da banda e selo que assina outras bandas como O Grilo, PLUMA, Dingo e Daparte, que se apresentam recorrentemente na casa de shows. Você pode saber mais da programação mensal no instagram da Rockambole.

Fotos: Maria Eduarda dos Anjos / AGEMT

Fotos: Maria Eduarda dos Anjos / AGEMT

Fotos: Maria Eduarda dos Anjos / AGEMT

Fotos: Maria Eduarda dos Anjos / AGEMT

Fotos: Maria Eduarda dos Anjos / AGEMT

Fotos: Maria Eduarda dos Anjos / AGEMT

Fotos: Maria Eduarda dos Anjos / AGEMT

Fotos: Maria Eduarda dos Anjos / AGEMT

Fotos: Maria Eduarda dos Anjos / AGEMT

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