Do pastelzinho com caldo de cana à hora da xepa, as feiras livres fazem parte do cotidiano paulista de domingo a domingo.
por
Manuela Dias
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29/11/2025 - 12h

Por décadas, São Paulo acorda cedo ao som de barracas sendo montadas, caminhões descarregando frutas e vendedores afinando o gogó para anunciar promoções. De norte a sul, as feiras livres desenham um dos cenários mais afetivos da vida paulistana. Não é apenas o lugar onde se compra comida fresca: é onde se conversa, se briga pelo preço, se prova um pedacinho de melancia e se encontra o vizinho que você só vê ali, entre uma dúzia de banana e um pé de alface.

Juca Alves, de 40 anos, conta que vende frutas há 28 anos na zona norte de São Paulo e brinca que o relógio dele funciona diferente. “Minha rotina é a mesma todos os dias. Meu dia começa quando a cidade ainda está dormindo. Se eu bobear, o morango acorda antes de mim”.

Nas bancas de comida, o pastel é rei. “Se não tiver barulho de óleo estalando e alguém gritando não tem graça”, afirma dona Sônia, pasteleira há 19 anos junto com o marido e filhos. “Minha família cresceu ao redor de panelas de óleo e montes de pastéis. E eu fico muito realizada com isso.  

Quando o relógio se aproxima do meio dia, começa o momento mais esperado por parte do público: a famosa xepa. É quando o preço cai e a disputa aumenta. Em uma cidade acelerada como São Paulo, a feira livre funciona como uma pausa afetiva, um lembrete de que existe vida fora do concreto. E enquanto houver paulistanos dispostos a acordar cedo por um pastel quentinho e uma conversa boa, as feiras continuarão firmes, coloridas, barulhentas e deliciosamente caóticas.

Os cartazes com preços vão mudando conforme o dia.
Os cartazes com preços vão mudando conforme o dia. Foto: Manuela Dias/AGEMT
Vermelha, doce e gigante: a melancia é o coração das bancas nas feiras paulistanas.
Vermelha, doce e gigante: a melancia é o coração das bancas nas feiras paulistanas. Foto: Manuela Dias/AGEMT
A dupla que move a feira da Zona Norte de São Paulo.
A dupla que move a feira da Zona Norte de São Paulo. Foto: Manuela Dias/AGEMT
Entre frutas e verduras um respiro delicado: o corredor das flores.
Entre frutas e verduras um respiro delicado: o corredor das flores. Foto: Manuela Dias/AGEMT

 

Apresentação exclusiva acontece no dia 7 de setembro, no Palco Mundo
por
Jalile Elias
Lais Romagnoli
Marcela Rocha
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26/11/2025 - 12h

Elton John está de volta ao Brasil em uma única apresentação que promete marcar a edição de 2026 do Rock in Rio. O festival confirmou o britânico como atração principal do dia 7 de setembro, abrindo a divulgação do line-up com um dos nomes mais celebrados da música mundial.

A presença de Elton carrega um peso especial. Em 2023, o artista anunciou que deixaria as grandes turnês para ficar mais perto da família. Por isso, sua performance no Rock in Rio será a única na América Latina, transformando o show em um momento raro para os fãs de todo o continente.

Em um vídeo publicado na terça-feira (25) nas redes sociais, Elton John revelou o motivo para ter aceitado o convite de realizar o show em solo brasileiro. “A razão é que eu não vim ao Rio na turnê ‘Farewell Yellow Brick Road’, e eu senti que decepcionei muitos dos meus fãs brasileiros. Então, eu quero compensar isso”, explicou o britânico.

No mesmo dia de festival, outro grande nome da música sobe ao Palco Mundo: Gilberto Gil. Em clima de despedida com a turnê Tempo-Rei, que termina em março de 2026, o encontro dos dois artistas lendários torna a programação do festival ainda mais especial. 

Gilberto Gil se apresentará no Palco Mundo do Rock in Rio 2026 (Foto: Reprodução / Facebook Gilberto Gil)
Gilberto Gil se apresentará no Palco Mundo do Rock in Rio 2026 (Foto: Divulgação)

Além das atrações, o Rock in Rio prepara mudanças importantes na Cidade do Rock. O Palco Mundo, símbolo do festival, será completamente revestido de painéis de LED, somando 2.400 metros quadrados de tecnologia. A ideia é ampliar a imersão visual e criar novas possibilidades para os artistas.

A próxima edição também terá uma homenagem especial à Bossa Nova e um benefício pensado diretamente para o público, em que cada visitante poderá receber até 100% do valor do ingresso de volta em bônus, podendo ser usado em hotéis, gastronomia e experiências turísticas durante a estadia na cidade.

O Rock in Rio 2026 acontece nos dias 4, 5, 6, 7 e 11, 12 e 13 de setembro, no Parque Olímpico, no Rio de Janeiro. A venda geral dos ingressos começa em 9 de dezembro, às 19h, enquanto membros do Rock in Rio Club terão acesso à pré-venda a partir do dia 4, no mesmo horário.

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A socialite continuou tendo sua moral julgada no tribunal, mesmo após ter sido assassinada pelo companheiro
por
Lais Romagnoli
Marcela Rocha
Jalile Elias
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26/11/2025 - 12h
Marjorie Estiano interpreta Ângela Diniz. Foto: Divulgação
Marjorie Estiano interpreta Ângela Diniz em nova série. Foto: Reprodução/Divulgação HBO Max

Figurinha carimbada nas colunas sociais da época, Ângela Diniz virou capa das manchetes policiais após ser morta a tiros pelo então namorado, Doca Street. O feminicídio que marcou o país na década de 1970 ganha agora um novo olhar na série da HBO Ângela Diniz: Assassinada e Condenada.

Na produção, Marjorie Estiano interpreta a protagonista, enquanto Emilio Dantas assume o papel de Doca. O elenco ainda conta com Thelmo Fernandes, Maria Volpe, Renata Gaspar, Yara de Novaes e Tóia Ferraz.

Sob direção de Andrucha Waddington, a série se inspira no podcast A Praia dos Ossos, de Branca Viana. A obra, que leva o nome da praia onde o crime ocorreu, reconstrói não apenas o caso, mas também o apagamento em torno da própria vítima. Depoimentos de amigas de Ângela, silenciadas à época, servem como ponto de partida para revelar quem ela realmente era.

Seja pela beleza ou pela independência, a mineira chamava atenção por onde passava. Já os relatos sobre Doca eram marcados pelo ciúme obsessivo do empresário. O casal passava a véspera da virada de 1977 em Búzios quando, ao tentar pôr fim à relação, Ângela foi assassinada pelo companheiro.

Por dias, o criminoso permaneceu foragido, até que sua primeira aparição foi numa entrevista à televisão; logo depois, ele se entregou à polícia. Foram necessários mais de dois anos desde o assassinato para que Doca se sentasse no banco dos réus, num julgamento que se tornaria símbolo da luta contra a violência de gênero.

Marjorie Estiano interpreta Ângela Diniz, , enquanto Emilio Dantas assume o papel de Doca. Foto: Divulgação
Marjorie Estiano interpreta Ângela Diniz, enquanto Emilio Dantas assume o papel de Doca. Foto: Reprodução/Divulgação HBO Max

As atitudes, roupas e relações de Ângela foram usadas pela defesa como supostas “provocações” que teriam motivado o crime. Foi nesse episódio que Carlos Drummond de Andrade escreveu: “Aquela moça continua sendo assassinada todos os dias e de diferentes maneiras”.

Os advogados do réu recorreram à tese da “legítima defesa da honra” — proibida somente em 2023 pelo STF — numa tentativa de inocentá-lo. O argumento foi aceito pelo júri, e Doca recebeu pena de apenas dois anos de prisão, sentença que gerou revolta e fortaleceu movimentos feministas da época.

Sob forte pressão popular, um segundo julgamento foi realizado. Nele, Doca foi condenado a 15 anos, dos quais cumpriu cerca de três em regime fechado e dois em semiaberto. Em 2020, ele morreu aos 86 anos, em decorrência de um ataque cardíaco.

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Exposição reúne obras que exploram o inconsciente e a natureza como caminhos simbólicos de cura
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KHADIJAH CALIL
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25/11/2025 - 12h

A Pinacoteca Benedicto Calixto, em Santos, apresenta de 14 de novembro a 14 de dezembro de 2025 a exposição “Bosque Mítico: Katia Canton e a Cura pela Arte”, que reúne um conjunto expressivo de pinturas, desenhos, cerâmicas, tapeçarias e azulejos da artista, sob curadoria de Carlos Zibel e Antonio Carlos Cavalcanti Filho. A Fundação que sedia a mostra está localizada no imóvel conhecido como Casarão Branco do Boqueirão em Santos, um exemplar da época áurea do café no Brasil. 

Ao revisitar o bosque dos contos de fadas como metáfora de transformação interior, Katia Canton revela o processo criativo como gesto de cura, reconstrução e transcendência.
 

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       “Casinha amarela com laranja” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.

 

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                 “Chapeuzinho triste” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.
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                 “O estrangeiro” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.         
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                                                            “Menina e pássaro” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.
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                                                     “Duas casinhas numa ilha” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.
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                                                             “Os sete gatinhos” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.
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                                                                         “Floresta” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.

 

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Festival celebra os três anos de existência com homenagem ao pensamento de Frantz Fanon e a imaginação radical da cultura periférica
por
Marcela Rocha
Jalile Elias
Isabelle Maieru
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25/11/2025 - 12h

Reconhecido como um dos principais espaços da cultura periférica em São Paulo, o Museu das Favelas completa três anos de atividades no mês de novembro. Para comemorar, a instituição elaborou uma programação especial gratuita que combina memória, arte periférica e reflexão crítica.

Segundo o governo do Estado, o Museu das Favelas já recebeu mais de 100 mil visitantes desde sua fundação em 2022. Localizado no Pátio do Colégio, a abertura da agenda de aniversário ocorre nesta terça-feira (25) com a mostra “ImaginaÇÃO Radical: 100 anos de Frantz Fanon”, dedicada ao médico e filósofo político martinicano.

Fachada do Museu das Favelas. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Fachada do Museu das Favelas. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Autor de “Os condenados da terra” e “Pele negra, máscaras brancas”, Fanon contribuiu para a análise dos efeitos psicológicos do colonialismo, considerando algumas abordagens da psiquiatria e psicologia ineficazes para o tratamento de pessoas racializadas. A exposição em sua homenagem ficará em cartaz até 24 de maio de 2026.

Ainda nos dias 25 e 26 deste mês, o festival oferecerá o ciclo “Papo Reto” com debates entre intelectuais francófonos e brasileiros, em parceria com o Instituto Francês e a Festa Literária das Periferias (Flup). A programação continua no dia 27 com a visita "Abrindo Fluxos da Imaginação Radical”. 

Em 28 de novembro, o projeto “Baile tá On!” promove uma conversa com o artista JXNV$. Já no dia 29, será inaugurada a sala expositiva “Esperançar”, que apresenta arte e tecnologia como forma de mapear territórios periféricos.

O encerramento do festival será no dia 30 de novembro com a programação “Favela é Giro”, que ocupa o Largo Pátio do Colégio com DJs e performances culturais.

 

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Com direção de Christopher Nolan, Oppenheimer estreou nos cinemas brasileiros no dia 20 de julho deste ano com 96% de aprovação da crítica
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Mohara Ogando Cherubin
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25/08/2023 - 12h

O filme “Oppenheimer”, sobre o “pai” da bomba atômica lançada pelos EUA nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagazaki, estreou no último mês de julho e, apesar de dividir a data com o sucesso de marketing “Barbie”, já acumula uma bilheteria global de US$ 174 milhões.

Reprodução - Oppenheimer

Reprodução Oppenheimer

Conquistando cada vez mais o público interessado no homem que se tornou o "destruidor de mundos" após sua invenção, o longa-metragem foi inspirado na obra biográfica “American Prometheus: The Triumph and Tragedy of J. Robert Oppenheimer" (“Oppenheimer: o triunfo e a tragédia do Prometeu americano”, em português), de Kai Bird e Martin Sherwin, publicada em 2006, que conta a história do homem responsável por mudar os rumos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Quem foi Robert Oppenheimer? 

Natural de Nova Iorque, Julius Robert Oppenheimer nasceu em 22 de abril de 1904 e pertencia a uma família judia com posses nos Estados Unidos. Em razão disso, ele e seu irmão Frank foram criados em ótimas condições financeiras.

Brilhante desde a juventude, Oppenheimer ingressou na Universidade de Harvard, na qual se formou em 1925 com especialização em química. Dois anos mais tarde, aos 23 anos, ele já era doutor pela Universidade de Göttingen, localizada na Alemanha, onde ficou conhecido por sua contribuição no estudo da física quântica.

Sentindo saudades de casa e a fim de expandir seus conhecimentos, Oppenheimer retornou aos Estados Unidos em meados de 1930 e passou a dar aulas focadas em física teórica na Universidade de Berkeley, na. Califórnia.

Eclosão da 2º Guerra Mundial e a criação do Projeto Manhattan

O ano era 1939 e Adolf Hitler havia invadido a Polônia, dando início à Segunda Guerra Mundial. Os Estados Unidos só ingressaram oficialmente no conflito dois anos depois, em 1941, sob o governo do presidente Franklin D. Roosevelt. Com receio de que os países inimigos tivessem uma maior abundância bélica, os Estados Unidos encomendaram o desenvolvimento de uma arma até então nunca presenciada pela humanidade: o país iria construir sua própria arma nuclear.

Em 1942, a notícia de que os alemães haviam descoberto a fissão nuclear se espalha pelo mundo, aumentando ainda mais o medo dos Estados Unidos pela derrota. É neste momento que Oppenheimer recebe o convite para assumir a direção do Projeto Manhattan, criado para desenvolver a bomba atômica.

Com uma forte equipe de cientistas reunidos para auxiliá-lo, Oppenheimer inicia o projeto no deserto de Los Alamos, um polígono das Forças Armadas dos Estados Unidos localizado no estado do Novo México, onde foram construídos centros de pesquisa.

Depois de anos de trabalho, o físico e sua equipe realizam a primeira explosão de uma bomba atômica, no dia 16 de julho de 1945, nomeando a experiência de Trinity.

Após a explosão atômica, ocorreu no local um fenômeno chamado precipitação radioativa, que representa uma grave ameaça às pessoas, podendo contaminar a água e as plantas com partículas radioativas. Aqueles que ingeriram alimentos contaminados, sofreram as decorrências da contaminação na saúde, especialmente através do desenvolvimento de câncer, aborto espontâneo e deformidades nos fetos.

As consequências causadas pelo teste no deserto de Los Alamos não representaram uma preocupação para os Estados Unidos e, como o teste não havia sido um fracasso do ponto de vista militar, se tornou questão de tempo até o governo estadunidense usar a arma nuclear para atacar seus inimigos.

Segunda Guerra encerrada: "vitória americana"

Os dias seis e nove de agosto de 1945 ficaram marcados para sempre na história: apenas três semanas após a execução do teste Trinity, duas bombas atômicas foram lançadas nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão. A primeira foi nomeada de Little Boy e a segunda de Fat Man.

Reprodução - bombas em Hiroshima e Nagasaki (1945)

Reprodução - Explosão das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki (1945).

Em entrevista para a AGEMT, a historiadora e professora de filosofia e sociologia Adriana Felice aborda os desfechos do conflito. "A intenção inicial do Projeto Manhattan era atingir a Alemanha com as bombas atômicas, mas como o país já havia assinado a rendição no mês de maio e o conflito ainda persistia na Ásia por resistência dos japoneses, o Japão acabou se tornando uma alternativa mais fácil para os Estados Unidos", afirma.

Os ataques resultaram na morte de mais de 200 mil pessoas nas duas cidades. Em contrapartida, os cidadãos americanos e aqueles que haviam contribuído para a invenção de Oppenheimer gritavam de felicidade pela “vitória” do país na Segunda Guerra Mundial.

Após o fim do conflito, os Estados Unidos se autodenominavam vencedores da guerra, com seu território intacto. A nação acabou se tornando a grande potência mundial que conhecemos atualmente. "Ao termos uma visão humanitária, percebemos que em nenhum conflito existem vencedores, todos saem destruídos", pontua Adriana.

A explosão das bombas Little Boy e Fat Man marcaram o fim da guerra, mas segundo Adriana, mesmo se elas nunca tivessem existido, o conflito não perduraria por muito mais tempo. "A guerra já estava em seu marco final. As bombas foram lançadas como uma represália ao Japão por mágoas guardadas desde o ataque à base naval de Pearl Harbor [1941]. Os judeus estavam sendo libertados e os países que foram invadidos pelos nazistas já estavam retomando suas atividades, as bombas foram a ‘cereja do bolo’ do conflito".

Após o ataque contra o Japão, Oppenheimer se revelou arrependido de sua própria invenção, tendo como principal fator as consequências irreparáveis das bombas atômicas. "Ele sempre teve conhecimento das consequências que sua invenção poderia causar, mas não tinha noção de como os Estados Unidos iria utilizá-la”, diz Adriana.

O físico se desligou do Projeto Manhattan e passou a lutar fortemente contra o uso das bombas nucleares e da corrida armamentista iniciada entre os Estados Unidos e a União Soviética.

"Companheiro de viagem" do partido comunista

A situação de Oppenheimer se tornou complicada quando ele passou a ser taxado como comunista pelo governo estadunidense.

Desde o seu retorno aos Estados Unidos, na década de 1930, Oppenheimer passou a apoiar financeiramente algumas instituições de esquerda e acreditava que a ideologia de direita, tão fortemente apoiada no país, era estúpida. Porém, mesmo com esse posicionamento político, o físico nunca foi membro do Partido Comunista, como estava sendo afirmado pelo governo estadunidense, mas sim apenas um simpatizante da causa.

Com as crescentes acusações contra o físico e pelo fato de não apoiar o uso de novas bombas atômicas, Oppenheimer começou a ser taxado como traidor do governo dos EUA, mesmo tendo servido ao país durante a guerra.

Subitamente, toda a admiração voltada ao físico se transformou em decepção e desconfiança, já que o governo tinha em mente que esse posicionamento de Oppenheimer contra o uso de novas bombas atômicas era uma forma de ceder "vantagens" à União Soviética. O grande problema em questão era a ideologia seguida pelo físico.

"Esse esforço em pintar o Oppenheimer como traidor da nação foi uma tentativa dos Estados Unidos de tirar o foco negativo do país após os ataques". A historiadora ainda pontua que os EUA foram os grandes articuladores dos conflitos, tanto da Primeira quanto da Segunda Guerra Mundial, e que não mediriam esforços para manter a imagem de "grande salvador" do mundo.

“Sabíamos que o mundo jamais seria o mesmo. Algumas pessoas riam, outras choravam… A maioria estava em silêncio. Agora, eu me tornei a morte. O Destruidor de Mundos. Acredito que todos nós, de uma forma ou de outra, nos sentimos assim.” Essas foram algumas das falas do físico durante o documentário "The Decision to Drop the Bomb" ( “A decisão de lançar a bomba”, em português), exibido em 1965.

Julius Robert Oppenheimer faleceu em 18 de fevereiro de 1967. O físico passou seus últimos anos de vida lecionando física, porém devido a um câncer na garganta e sem sucesso com tratamentos médicos, morreu aos 62 anos.

O filme se empenha em expor como a invenção da bomba atômica impactou a vida de Oppenheimer e do mundo, e é interessante acompanhar a forma como os Estados Unidos conseguiram reduzir o problema a uma questão ideológica e transformar o físico em um traidor da nação, não por suas ações, mas sim pelos seus ideais. As críticas positivas só aumentam e muitos já apostam na indicação de Cillian Murphy para o Oscar de melhor ator.

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Primeiro grafite para cegos do mundo explora o tátil
por
Helena Maluf
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21/08/2023 - 12h

No mundo da arte urbana, o grafite é uma forma de expressão que geralmente se revela em imagens visualmente impactantes e cores vibrantes. E no Beco do Batman, local conhecido exatamente pelos grafites, surge o primeiro grafite para cegos e deficientes visuais do mundo. O local foi cuidadosamente escolhido para que tanto pessoas com visão quanto cegas pudessem interagir com a obra. Os artistas utilizaram tintas táteis especiais, que criam texturas reconhecíveis ao toque.

A concepção dessa inovadora forma de arte surgiu da mente de Laura Mendes, artista e grande amiga de Devanir de Lima, deficiente visual e consultor de Braille. Ela ficou intrigada com a ideia de como ele poderia experimentar a beleza das obras de arte em espaços urbanos. Laura reuniu um grupo diversificado de artistas e especialistas em acessibilidade para dar vida a essa visão.

A peça em si é uma interpretação abstrata do mundo urbano, com linhas e formas que se desdobram em relevos e sulcos. Para garantir a acessibilidade, o grafite é acompanhado por descrições em braille, permitindo que pessoas cegas entendam o significado por trás das texturas.

Desde a sua criação, o grafite para cegos tem atraído a atenção e o carinho da comunidade local e internacional. Pessoas com deficiência visual têm visitado o local, muitas vezes acompanhadas por amigos e familiares, para experimentar a obra com as mãos. A reação tem sido emocionante, com muitos descrevendo a sensação de tocar a arte como uma experiência profundamente enriquecedor.

Textura
Foto: Helena Maluf / AGEMT                                                                                                                                                                                                                                       
Graffiti finalizado
Foto: Helena Maluf / AGEMT                                                                                                                                                                                                                  

Artistas como Laura estão abrindo novas portas para a inclusão no mundo da arte urbana. A equipe envolvida está ansiosa para expandir essa iniciativa e criar mais obras acessíveis em todo o mundo. A esperança é que isso inspire outros grafiteiros e comunidades a considerarem a acessibilidade em suas criações, permitindo que a beleza da arte seja apreciada por todos, independentemente de sua capacidade visual. “Você como VIDENTE consegue ver o Graffiti, gostar, detestar, achar lindo, achar feito, se emocionar, mas o CEGO não. Mesmo através da Audiodescrição é impossível captar a magnitude de uma parede ou de uma empena, de arte cobrindo o espaço público em uma cidade. Graffiti é grande, é muralismo.”

O grafite é a prova viva de como a arte pode transcender as fronteiras da visão e tocar os corações e mentes de pessoas de todas as habilidades. Ela representa um passo significativo em direção a um mundo mais inclusivo e criativo, em que a beleza da arte pode ser apreciada por todos. Este é apenas o começo de uma jornada emocionante em direção a um futuro mais acessível e igualitário na arte urbana.

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Putin oprime e censura literatura em seu país
por
Artur Maciel Rodrigues
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21/08/2023 - 12h

(Criador da série de livros e jogos Metro, foto: divulgação)

O escritor e jornalista Dmitry Glukhovsky (Metro 2033,Dusk, Futur.re), foi condenado em 7 de agosto a revelia – quando o réu não possui o direito de defesa –  pela juíza Natalia Dudar, por "Espalhar notícias falsas e promover ódio político baseado em criação artificial de provas", após um post em suas redes sociais no qual denunciava crimes das forças militares moscovitas na Ucrânia. Apesar da decisão do governo, o literário, que hoje mora fora da Rússia, está livre.

O  autor já foi investigado anteriormente pelo Kremlin (governo da federação russa) por suas críticas ao governo Putin e à guerra da Ucrânia. Diante disso, em 2022, Dmitry entrou na lista de procurados do país, ganhando o título de “agente estrangeiro”. Sobre o decreto, o jornal independente russo Media zone afirma que "As provas contra Glukhovsky foram fornecidas por Yulia Lozanova, funcionária da News font, bem como a editora do Mouthpiece of Moscow e do ANO (Analytical Center for Security Problems), Ivan Klimov". Ambos os veículos citados são de propaganda, sendo patrocinados pelas forças militares da Federação russa para desinformar a população sobre ofensivas militares.

No Telegram, o escritor postou: “Putin consegue o que quer: um país que ele pode governar enquanto estiver de pé. Sim, será pobre e atrasado, mas seus cidadãos serão silenciosos e obedientes, porque este reino encantado será confiavelmente isolado no mundo inteiro.” 

Os livros de Dmitry foram retirados das bibliotecas russas junto de nomes como Mikhail Zygar (Todos os homens do Kremlin) e George Orwell (1984). A partir de 2014, devido à invasão da Crimeia e posteriormente em 2022, junto ao início da guerra da Ucrânia. A mídia do país é censurada e seu povo preso por qualquer produção artística contrária ao governo, como por exemplo Marsha Moskaleava, que foi separada de seu pai por um desenho e um poema

O tradutor Irineu Franco Perpétuo afirmou em entrevista para o estado de Minas: “A Rússia, ao longo dos séculos, não foi exatamente um modelo de liberdade. Toda a literatura russa que lemos, foi criada à sombra da censura" . A supressão de livros reforçam a violência intelectual causada pela ditadura de Putin. Como dito pelo poeta russo Osip Mandelstam, “Em nenhum lugar do mundo se dá tanta importância à poesia: é somente em nosso país que se mata por causa de um verso”.

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Jão reúne 12 mil fãs em uma audição exclusiva do seu novo álbum que busca referências oitentistas e exalta sua versatilidade.
por
Romulo Santana
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15/08/2023 - 12h

Depois de “Lobos” representando a terra, “Anti-Herói” o ar e “Pirata” a água, chega a vez de “Super”: o álbum de fogo. João Vitor Romania Balbino (28), mais conhecido como Jão, começou sua carreira com o lançamento de covers na internet, enquanto era graduando de publicidade e propaganda na USP. Com 5 anos de carreira, ele se tornou um nome em ascensão no cenário do pop nacional. Sua última turnê “Pirata”, contou com 40 apresentações — sendo 6 dessas esgotadas no Espaço das Américas. Já a “Super Turnê”, seu novo projeto, começa no dia 10 de Janeiro de 2024, no Allianz Parque, com a proposta de ser uma tour de estádios e arenas. Antes disso, Jão se apresenta no festival The Town no dia 2 de Setembro. “Coisas gigantes estarão presentes”, disse ele durante a audição exclusiva do álbum “Super”.

Um homem branco de cabelos platinados veste uma regata branca e uma calça jeans azul e está sentado em cima de uma cerca de madeira
Tracklist do álbum "Super". Imagem: Gabriel Vorbon. Reprodução Instagram

 

Seu novo lançamento tem referências oitentistas aparentes em sua sonoridade, trazendo novas histórias de amor nas composições inéditas, que também exploram a vida amorosa do cantor. No “lado a”, o disco busca ser mais leve, com instrumentais mais animados, como forma de revisitar sua juventude no interior, mas também suas histórias na atualidade, finalizando com a sétima faixa “Julho” – sendo também o lado mais comercial do disco.  Os destaques deste lado do projeto ficam para “Escorpião”, que cria uma atmosfera intensa que permeia a gravação e “Gameboy”, quando o cantor exibe sua autoestima dentro de um relacionamento e como toda aquela situação parece um jogo que ele está disposto a jogar. Já o “lado b”, abraça composições mais sóbrias e sombrias – como por exemplo sua mudança do interior para a cidade de São Paulo em 2015 – além de muitas referências aos seus lançamentos anteriores. Destaca-se “Eu posso ser como você”, com outro ponto de vista da história da faixa anterior “Julho” e também uma resposta faixa “Eu quero ser como você”, do seu disco de estreia.


 

Na imagem há um banner vermelho com os dizeres "Jão Super, audição" à frente do Ginásio do Ibirapuera
Entrada da audição exclusiva no Ginásio do Ibirapuera. Imagem: Romulo Santana

 

O artista disse que já escolheu o single que iniciará a divulgação do álbum, mas que o clipe ainda não foi gravado. A audição exclusiva do “Super” ocorreu no dia 13/08, no Ginásio do Ibirapuera – com 12 mil ingressos distribuídos de forma gratuita pelo cantor. O evento foi apresentado pela jornalista Valentina Pulgarin, amiga pessoal do cantor. Ao fim da apresentação do trailer do disco, a apresentadora iniciou uma contagem regressiva para a 1ª audição do material inédito com vizualizers. Após a escuta do material, o artista agradeceu emocionado a recepção dos fãs e foi entrevistado por Pulgarin. Jão diz não ter tido férias após a última turnê e que “Super” foi sua prioridade, uma vez que o trabalho só faz sentido quando chega à seus fãs. Seu novo trabalho chegou às plataformas digitais na última Segunda (14).

Em um telão, Jão, um homem branco de cabelos platinados secando os olhos
Jão emocionado, após a audição de "Super". Imagem: Romulo Santana

 

Show de estreia do álbum ‘Volto Amanhã, da banda Besouro Mulher, lota casa Rockambole nesse sábado
por
Maria Eduarda dos Anjos
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17/08/2023 - 12h

 A banda Besouro Mulher, uma das tantas descobertas boas que a cena independente e alternativa da cidade de São Paulo proporciona, agitou a Casa Rockambole na noite do último sábado com o lançamento do álbum “Volto Amanhã”. O som viaja entre o profundo e o cotidiano, brincando com essa dualidade na lírica e na melodia, às vezes mais calmas, que focam nas notas de baixo que se arrastam pelos segundos, e outras vezes com bateria e guitarra rápidos — e que fizeram o público pular junto à banda.

Apesar de só estar nas plataformas de streaming há uma semana, não teve uma música do álbum que não foi acompanhada pelo coro da plateia, que ansiava para cantar junto o que não saia dos seus fones de ouvido nos últimos tempos. Teve versão acústica de “Vamos Indo” e instrumental estendido de ‘Seus Vazios’ — enchendo a energia da Casa durante todo o show.
O local do evento, a Casa Rockambole, também é gravadora da banda e selo que assina outras bandas como O Grilo, PLUMA, Dingo e Daparte, que se apresentam recorrentemente na casa de shows. Você pode saber mais da programação mensal no instagram da Rockambole

Créditos: Maria Eduarda dos Anjos

Fotos: Maria Eduarda dos Anjos / AGEMT

Créditos: Maria Eduarda dos Anjos

Fotos: Maria Eduarda dos Anjos / AGEMT

Créditos: Maria Eduarda dos Anjos

Fotos: Maria Eduarda dos Anjos / AGEMT

Créditos: Maria Eduarda dos Anjos

Fotos: Maria Eduarda dos Anjos / AGEMT

Créditos: Maria Eduarda dos Anjos

Fotos: Maria Eduarda dos Anjos / AGEMT

Créditos: Maria Eduarda dos Anjos

Fotos: Maria Eduarda dos Anjos / AGEMT

Créditos: Maria Eduarda dos Anjos

Fotos: Maria Eduarda dos Anjos / AGEMT

Créditos: Maria Eduarda dos Anjos

Fotos: Maria Eduarda dos Anjos / AGEMT

Créditos: Maria Eduarda dos Anjos

Fotos: Maria Eduarda dos Anjos / AGEMT

Créditos: Maria Eduarda dos Anjos

Fotos: Maria Eduarda dos Anjos / AGEMT

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