Influenciadora é chamada de "homem" por espectadora; confusão gerou vaias, atraso no espetáculo e intervenção policial
por
Carolina Zaterka
Manoella Marinho
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15/04/2025 - 12h

 

Malévola Alves, influenciadora digital e mulher trans, denunciou ter sido vítima de transfobia no Teatro Renault, em São Paulo, no dia 26 de março de 2025, ao ser tratada pelo pronome masculino e chamada de “homem” por uma espectadora. O incidente ocorreu antes do início do musical “Wicked”. Malévola, com mais de 840 mil seguidores, publicou trechos do episódio em suas redes, que rapidamente viralizaram.

Segundo relatos de testemunhas e da própria vítima, a confusão começou quando Malévola esperava uma nota fiscal e a mulher atrás dela mostrou impaciência. As duas trocaram palavras e, ao se afastar, a mulher teria gritado "isso é homem ou mulher?" em sua direção. A vítima então se sentiu ofendida e levou a denúncia à plateia, apontando a espectadora como autora do ataque transfóbico, causando um tumulto que paralisou a plateia.

A reação do público foi de imediato apoio a Malévola, com vaias à agressora e pedidos para que ela fosse retirada do teatro. “A gente não vai começar a assistir a um espetáculo que é extremamente representativo para a diversidade com uma mulher dessa aqui. Não faz o menor sentido”, afirmou um dos espectadores durante o protesto.

Diante da pressão da plateia, a apresentação atrasou cerca de 30 minutos. A mulher acusada acabou saindo do teatro sob escolta policial, levada à  delegacia para realizar um boletim de ocorrência, recebendo aplausos e vaias dos demais presentes. Miguel Filpi, presente no evento, celebrou nas redes sociais: “Justiça foi feita!! Obrigado a todo mundo nessa plateia que fez a união para que isso acontecesse.”

Carlos Cavalcanti, presidente do Instituto Artium (Produtor do musical), pediu desculpas pelo ocorrido antes de dar início ao espetáculo: “Peço desculpas por esse acontecimento e por esse atraso. Tudo o que a gente pode admitir, é bom que a gente admita na vida, mas transfobia em Wicked, não dá”. A atriz Fabi Bang, também se manifestou durante e após o espetáculo: “Transfobia jamais” - uma improvisação durante a música “Popular”.

 

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Fabi Bang, atriz que interpreta Glinda, em apresentação do musical. Foto: Blog Arcanjo/Reprodução

Viviane Milano, identificada como a espectadora acusada, negou as acusações em um pronunciamento, alegando que a confusão na fila da bombonière não foi sobre identidade de gênero, mas sobre uma tentativa de furar fila. Ela afirmou: “Perguntei em voz alta: ‘Era o homem ou a mulher que estava na fila?’”, dizendo que sua pergunta foi mal interpretada.

A produção de Wicked e membros do elenco reiteraram seu compromisso com a diversidade e repudiaram o incidente. A nota oficial da produção destacou: “Nosso espetáculo é e continuará sendo um espaço seguro para todas as pessoas, independentemente de identidade de gênero ou orientação sexual.”

As últimas apresentações do cantor baiano reunem seus maiores sucessos e participações de grandes artistas brasileiros
por
Davi Rezende
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14/04/2025 - 12h

Tiveram início na última sexta-feira (11) os shows em São Paulo da turnê “Tempo Rei”, de Gilberto Gil, a última da carreira do lendário artista. O evento, que teve início em março, na cidade de Salvador (BA), chegou neste mês à capital paulista com quatro datas, duas neste final de semana e mais duas ao fim do mês.

Gilberto Gil em show no Allianz Parque cantando Aquele Abraço
Gilberto Gil em show da turnê "Tempo Rei" no Allianz Parque, em São Paulo/ Foto: Davi Rezende
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Reunindo participações especiais, cenários característicos e grandes sucessos da carreira do cantor, a turnê é uma grande celebração da história de Gil, enquanto seus últimos shows ao vivo. Desde os visuais até a performance do artista, tudo é composto de forma detalhada para transmitir a energia da obra de Gilberto, que se renova em apresentações vívidas e convidados de diversos gêneros musicais brasileiros.

Ao longo de mais de 60 anos de carreira, Gil conquistou uma das trajetórias mais consolidadas e respeitadas da música brasileira. Com mais de 50 álbuns gravados, sendo 30 de estúdio, ele se tornou uma lenda da bossa nova e do samba, com produções que se provam atemporais, além de participações em movimentos políticos e artísticos que marcaram o Brasil.

Gilberto Gil agasalhado em exílio nas ruas de Londres
Gilberto Gil no exílio em Londres/ Foto: Reprodução/FFLCH - USP

 

Na década de 60, após se popularizar em meio a festivais, Gil fez grande parte da luta contra as opressões da Ditadura Militar no Brasil, tornando-se peça importante no movimento da Tropicália. Ao lado de artistas como Caetano Veloso e Gal Costa, Gilberto foi protagonista na revolução da arte brasileira, além de compor grandes canções de resistência.

Em 1969, após o lançamento de um de seus maiores clássicos, “Aquele Abraço”, Gil se exilou fora do Brasil para fugir da Ditadura, em Londres. Na Inglaterra, ele seguiu produzindo e performando, ao lado de outros grandes gênios tropicalistas, até retornar em 1971, lançando no ano seguinte o álbum “Expresso 2222” (1972). Três anos após o grande sucesso, Gil lança o álbum “Refazenda” (1975), primeiro disco de uma trilogia composta por “Refavela” (1977) e “Realce” (1979).

Todos os grandes momentos da vida do cantor são representados na turnê, tanto com sua performance, dirigida por Rafael Dragaud, quanto na cenografia, montada pela cineasta Daniela Thomas. Na setlist, Gil ainda presta homenagens a grandes figuras da música, como Chico Buarque (que faz participação em vídeo tocado ao fundo de Gilberto, durante a apresentação) quando interpreta “Cálice”, canção de sua autoria ao lado do compositor carioca, e até Bob Marley, no momento que toca “Não Chore Mais” (versão da música “No Woman, No Cry” do cantor jamaicano) com imagens da bandeira da Jamaica ao fundo.

Gilberto Gil em show no Allianz Parque cantando Não Chore Mais
Gilberto Gil em show da turnê "Tempo Rei" no Allianz Parque, em São Paulo/ Foto: Davi Rezende

 

Nas apresentações no Rio de Janeiro, o artista convidou Caetano e Anitta para comporem a performance, enquanto em São Paulo, na sexta-feira (11) MC Hariel e Flor Gil, a neta do cantor, deram as caras, além de Arnaldo Antunes e Sandy terem participado do show de sábado (12).

A turnê “Tempo Rei” aproxima Gilberto Gil do fim de sua carreira, celebrando sua história nos shows que rodam o Brasil inteiro. A reunião de artistas já consolidados na indústria para condecorar o cantor em suas apresentações prova a grandeza de Gil e como sua obra é imortal, movimentando a música de todo o país ao seu redor. Sua performance é energética e vívida, como toda a carreira do compositor, fazendo dos brasileiros os súditos do Tempo Rei.

Gilberto Gil em show no Allianz Parque cantando Expresso 2222
Gilberto Gil em show da turnê "Tempo Rei" no Allianz Parque, em São Paulo/ Foto: Davi Rezende

As apresentações de Gil seguem ao longo do ano, encerrando em novembro, na cidade de Recife (PE). Em São Paulo, o cantor ainda se apresenta em mais duas datas, nos dias 25 e 26 de abril, no Allianz Parque.

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Filme brasileiro conta a história de uma senhora que através de uma câmera expôs uma rede de tráfico no Rio de Janeiro
por
Kaleo Ferreira
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14/04/2025 - 12h

O filme “Vitória” lançado no dia 13 de março de 2025, dirigido por Andrucha Waddington e roteirizado por Paula Fiuza, tem como tema a história de Dona Nina (Fernanda Montenegro), uma senhora de 80 anos que sozinha, desmantelou um esquema de tráfico de drogas em Copacabana, filmando com uma câmera a rotina do mercado criminoso da janela de seu apartamento.

 

Cena do filme ”Vitória” (Foto: CNN Brasil)
Cena do filme ”Vitória”. Foto: CNN Brasil

 

O longa é inspirado no livro “Dona Vitória Joana da Paz”, escrito pelo jornalista Fábio Gusmão e baseado na história verídica de Joana Zeferino da Paz. Grande força do filme vem da atuação de Fernanda, que consegue transmitir a solidão, indignação, determinação e a garra que a personagem teve para confrontar o crime na Ladeira dos Tabajaras.

O filme começa construindo uma atmosfera de grande tensão, claustrofobia e solidão dentro do pequeno apartamento com o reflexo da violência diante dos olhos, assim mergulhando na realidade crua do cotidiano carioca, expondo a fragilidade da segurança pública e o poder que o crime organizado possui. 

Em certos momentos, o ritmo da narrativa se torna um pouco lento e cansativo e a ação do longa começa com a introdução do jornalista Fábio, interpretado por Alan Rocha, que desenvolve uma relação de parceria com Dona Nina. Ele assiste às fitas gravadas por ela, provas de criminosos desfilando com armas à luz do dia, vendendo e utilizando drogas entre crianças e adolescentes, além de ter ajuda dos policiais para o tráfico. E diante de tudo, decide ajudar a senhora, assim escrevendo uma grande reportagem que colocaria os holofotes sobre todo o esquema de tráfico. 

 

Cartaz do filme (Foto: IMDb)
Cartaz do filme. Foto: IMDb

 

O filme tem a participação de outras atrizes, como Linn da Quebrada e Laila Garin, que mesmo em papeis secundários, também merecem destaque por agregar camadas à narrativa e mostrar diferentes facetas de como a comunidade é afetada pela violência.

Em resumo, “Vitória” é um filme emocionante e que faz refletir. Apesar dos problemas no ritmo do filme, a força de uma história real e a grande atuação de Fernanda Montenegro, com seus 95 anos, o consolidam como um filme digno de ser assistido e relevante para o cinema brasileiro. 

É um retrato da realidade brasileira que ao dar voz a uma história de resistência contra o crime, levanta questões importantes sobre segurança, justiça e o papel dos cidadãos contra a violência, dando esperança em resistir a toda criminalidade que a sociedade enfrenta com tanta frequência, além de dar voz a uma mulher que decide não se calar.

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O grupo sul-coreano encerra sua passagem pelo Brasil com o título de maior show de K-pop no país
por
Beatriz Lima
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09/04/2025 - 12h

 

Na primeira semana de abril, São Paulo e Rio de Janeiro foram palco dos shows da DominATE Tour, do grupo de K-pop Stray Kids. Em novembro de 2024, o grupo anunciou sua primeira passagem pela América Latina após sete anos de carreira, com shows no Chile, Brasil, Peru e México, causando êxtase aos fãs do continente.

Stray Kids é um grupo de K-pop composto por oito integrantes, Bang Chan, Lee Know, Changbin, Hyunjin, Han, Felix, Seungmin e I.N. O grupo estreou em 2018, após um programa eliminatório com diversos trainees da JYP Entertainment - empresa que gere o grupo. No dia 8 de julho de 2024, o grupo anunciou sua terceira turnê mundial chamada ‘DominATE Tour’, com shows iniciais pelo Leste e Sudeste Asiático e Austrália. 

A DominATE Tour foi anunciada para a divulgação de seu mais recente álbum, ATE, lançado dia 19 de julho de 2024. Com o sucesso mundial do grupo e da música “Chk chk boom”, com a participação dos atores Ryan Reynolds e Hugh Jackman no clipe, o grupo divulgou datas para a turnê na América Latina, América do Norte e Europa no início de 2025.

Foto de divulgação da turnê DominATE
Imagem de divulgação da turnê DominATE. Foto: Divulgação/JYP Entertainment

No Brasil, o octeto iniciou sua passagem pela cidade do Rio de Janeiro com seu show de estreia dia 1 de abril no Estádio Nilton Santos, com mais de 55 mil pessoas presentes no local. Em sua primeira data na cidade de São Paulo, sábado (5), o grupo sul-coreano teve os ingressos esgotados e, mesmo com chuva e baixas temperaturas, bateu o recorde de maior show de K-pop no Brasil, com um total de 65 mil pessoas no Estádio MorumBIS. No dia seguinte, o grupo teve seu último dia de passagem pelo país e somou no total - nos dois dias de show na capital paulista - 120 mil pessoas.

Show do Stray Kids no Estádio MorumBIS
Primeiro dia de show do Stray Kids em São Paulo. Foto: JYP Entertainment / Iris Alves

 

Os shows contaram com estruturas complexas e atraentes - com direito a fogos de artifícios e explosões de luz a cada performance -, tradução simultânea nos momentos de interação com o público, banda e equipe de dança do próprio grupo, além de estações de água e paramédicos à disposição do evento. Foram três noites marcantes tanto para os fãs brasileiros quanto para os próprios membros do grupo. “Eu sinto que tudo que nós passamos durante esses sete anos foi para encontrar vocês.” diz Hyunjin em seu primeiro dia de show no Brasil. 

Com o recorde de público nos shows e reações positivas na mídia e público brasileiro, o grupo promete voltar ao país em uma nova oportunidade, deixando claro seu amor pelo país e pelos fãs brasileiros. “Bom, é a sensação de que ganhamos uma segunda casa… todos nós [os oito membros]” declara o líder Bang Chan no primeiro show de São Paulo.

Membros do grupo após o show do Rio de Janeiro.
Foto divulgada após o show do Stray Kids no Rio de Janeiro. Foto: Reprodução/JYP Entertainment

 

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Último dia do festival em São Paulo também reuniu shows de Justin Timberlake, Foster The People e bandas nacionais
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Maria Eduarda Cepeda
Jessica Castro
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09/04/2025 - 12h

 

Neste domingo (30), o Autódromo de Interlagos, na zona sul de São Paulo, recebeu o último dia da edição 2025 do Lollapalooza Brasil. O festival, que reuniu uma diversidade de estilos, contou com apresentações de bandas indies nacionais, como Terno Rei, e gigantes do pop, como Justin Timberlake. Como destaque, tivemos a histórica estreia da banda Tool em solo brasileiro, a volta de Foster The People ao festival e o show emocionante de encerramento do Sepultura, que consagrou sua importância como uma das maiores referências do metal, tanto no Brasil quanto no mundo.

Diferente do primeiro dia, o domingo foi marcado por tempo firme e céu aberto, sem a interferência da chuva. Com condições climáticas favoráveis, o público pôde aproveitar muito seus artistas favoritos ao longo do dia.

As primeiras atrações do dia já davam o tom da despedida do festival: uma mistura de muito indie, rock n’ roll e nostalgia no ar. No palco Budweiser, a cantora pernambucana Sofia Freire abriu os trabalhos com uma estreia marcante, conquistando o público com talento e carisma. E no palco Mike´s Ice, a banda "Charlotte Matou um Cara" chamou atenção por ter a vocalista, Andrea Dip, vestida em uma camisa de força. 

Além de cantora, Andrea é jornalista e faz parte da Agência Pública de Jornalismo Investigativo. Em 2013, recebeu o Prêmio Tim Lopes de Jornalismo Investigativo pelo seu trabalho na história em quadrinhos “Meninas em Jogo” e foi premiada pelo Troféu Mulher Imprensa na categoria site de notícias em 2016.

Vocalista da banda "Charlotte Matou um Cara", Andrea Dip, usando uma camisa de força rosa
A banda já dividiu palco com a cantora e atriz Linn da Quebrada. Foto: Adriana Vieira / Rock On Board

Com músicas que tratam temas como machismo, ditadura militar e a luta contra a violação do corpo feminino, o grupo trouxe para o festival a agressividade e a energia para o "dia do rock". 

Na sequência, o grupo Terno Rei assumiu o palco e transformou a plateia ainda tímida em um coro envolvido por seu setlist, que mesclou sucessos da carreira e novas apostas sonoras. A banda ainda aproveitou o momento para anunciar seu próximo álbum, “Nenhuma Estrela”, com lançamento marcado para 15 de abril.

Depois de 8 anos longe do Brasil, Mark Foster e Isom Innis voltaram pela terceira vez ao Lollapalooza Brasil. As músicas foram de seus sucessos mais recentes às músicas mais queridas pelos fãs, como "Houdini" e "Call It What You Want". Com um público morno, mesmo com a presença dos fãs fiéis, eles não desanimaram e se mostraram contentes por estarem de volta. A música mais famosa, "Pumped Up Kicks", finalizou a apresentação do grupo.

A banda Tool se apresentou pela primeira vez no Brasil após 35 anos de carreira, mas quem compareceu esperando ver o grupo e uma apresentação tradicional teve uma surpresa. Tool fez um show cru, sem pausas e sem momentos emocionados. O visual sombrio e imersão feita pelos visuais espirituais do telão comandaram os espectadores a uma experiência única no festival, sendo o show mais enigmático da noite. A setlist foi variada, com alguns de seus sucessos e músicas de seu álbum mais recente "Fear Inoculum". Apesar da proposta diferenciada, o público pareceu embarcar na viagem sensorial proposta pelo grupo. 

Vocalisa da banda Tool na frente do telão, mas não somos capazes de ver seu rosto, apenas sua silhueta
A presença enigmática do vocalista causou muita curiosidade entre os espectadores. Foto: Sidnei Lopes/ @observadordaimagem

Sepultura está dando adeus aos palcos ao mesmo tempo que celebra seus 40 anos de carreira, assim como o nome de sua turnê, "Celebrating Life Through Death". Fechando a edição de 2025 do festival, a banda teve convidados curiosos para a setlist. Para acompanhar a música "Kaiowas", o cantor Júnior e o criador do Lollapalooza, Perry Farrell, subiram no palco para integrar o ritmo agressivo dessa despedida. Com uma setlist semelhante a do show feito em setembro do ano passado, também dessa turnê de adeus, o grupo não deixou o clima cair mesmo com os problemas técnicos que enfrentaram. O som estava abafado e baixo comparado ao de outros palcos, a banda Bush enfrentou o mesmo problema em sua apresentação. 

A banda encerrou seu legado no festival com um de seus maiores sucessos internacionais, "Roots Bloody Roots", eternizando seu legado e deixando saudades em seus fãs que se mantiveram devotos até o fim.

No palco ao lado, o grande headliner da noite, Justin Timberlake, mostrou que seu status de popstar segue intacto. A apresentação, que não foi transmitida ao vivo pelos canais oficiais do evento, teve performances energéticas, muita dança e vocais entregues sem base pré-gravada.

Justin Timberlake se apresentando no palco principal do festival
Justin Timberlake encerra a terceira noite do festival Lollapalooza 2025. — Foto: Divulgação/Lollapalooza

Com um show marcado por coros emocionados em “Mirrors” e uma enxurrada de hits como, “Cry Me a River”, “SexyBack” e “What Goes Around... Comes Around”, ele reforçou sua presença como um dos grandes nomes da música pop.

Apesar de definitivamente não estar em sua melhor fase — após polêmicas envolvendo sua ex-namorada Britney Spears, que o acusou de um relacionamento abusivo, e uma prisão em 2024 por dirigir embriagado — Timberlake demonstrou um forte engajamento com o público, que saiu eletrizado do show. 

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Com milhares de seguidores no TikTok, criadoras de conteúdo ensinam técnicas e dão dicas sobre produtos
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Lorrane de Santana Cruz
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26/06/2023 - 12h

Conteúdos sobre beleza são consumidos desde o início da internet. Antes era muito comum que blogs e revistas levantassem tendências, além de ensinar técnicas e indicarem produtos.  

Atualmente, com o avanço de plataformas digitais, muitas pessoas começaram a produzir vídeos sobre a mesma temática, mas em lugares e com propostas diferentes.  

No Brasil a maquiagem é muito consumida, e com o passar dos anos o país viu se multiplicarem os produtos e marcas nacionais no mercado. Segundo a ABF (Associação Brasileira de Franquias), entre janeiro e setembro de 2022 mercado de cosméticos é o que mais cresceu em média 13,5%, superando 2021 e estimando um faturamento de R$34,2 bilhões. 

De acordo com a Abihpec (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos), em 2022, o nicho de produtos de beleza cresceu em 13,2%.  

A plataforma TikTok fez com que usuários de diversos lugares do mundo passassem a ser consumidores e produtores de conteúdo.  

Esse é o caso da maquiadora profissional Samanta Fernandes e a influenciadora Emily Clementino. Em 2021 Samanta começou a postar seus vídeos no TikTok e hoje já conta com 25 mil seguidores. Emily, por sua vez,  possui 27,7 mil na mesma rede. 

Questionada como nasceu seu interesse pela maquiagem, Samanta responde: "Surgiu de uma decepção. Me maquiei com um maquiador ‘renomado’ e ele mudou completamente minha característica. Desde então comecei a fazer cursos de automaquiagem e me apaixonar, a ponto de me profissionalizar".  

Já para Emily, a paixão começou na infância. "Sempre amei esse mundo de moda, maquiagem, estética. Desde pequena, com uns 5 anos, eu já me maquiava. Comecei a postar em minhas redes sociais somente fotos com minhas automaquiagens com 15 anos, sem interesse. Nunca imaginei que chegaria a gravar vídeos e trabalhar com isso. Foi algo bem inesperado, mas quando vi que as pessoas gostaram e que surgiam dúvidas sobre maquiagem, eu iniciei com os vídeos." 

Muitas pessoas procuram usar produtos para ressaltar a beleza ou até mesmo para melhorar alguma insegurança. Um profissional no começo de carreira tem que conquistar clientes e garantir a satisfação. "Eu não achava que seria uma profissional, me divertia maquiando minhas amigas e as clientes vieram das minhas postagens", conta Samanta. 

No meio das redes sociais, manter um público engajado e presente é uma das preocupações da figura pública. "Por mais simples que pareça, seja você, faça o básico bem-feito, mostre que além de qualquer coisa você é um ser humano comum. As pessoas não querem saber se você é rico ou não, elas querem ver um pouco delas em você. Nem que seja um pequeno detalhe da sua rotina", diz Emily.  

É muito comum escutar o nome "blogueira", ainda mais se for utilizado de forma irônica e debochada. Influencers deixaram de lado o blog e se adaptaram a uma nova forma na internet. Porém, não depende só dos vídeos em si, mas também dos algoritmos e da entrega deles para os seguidores, já que cada um se identifica com o que gosta.   

"Entender o algoritmo é algo muito complicado. Acredito que as pessoas se identificam com a forma com que cada pessoa aborda o assunto", diz Samanta.  

Grandes nomes, como Mari Maria (51,4 milhões de seguidores), Niina Secrets (8,3 milhões), Mari Saad (6,6 milhões), Karen Bachini (5,5 milhões), Bianca Andrade (28,6 milhões), Bruna Tavares (7,5 milhões) e Franciny Ehlke (34,9 milhões), usaram a imagem que construíram com o passar dos anos para lançar suas próprias linhas de cosméticos.  

Por mais antigo que seja o mundo da maquiagem, só agora  as empresas focaram em itens para peles pretas. Muitos influenciadores pretos começaram a expor o descaso dessas marcas. Tássio Santos, do canal “Herdeira da Beleza” (911 mil seguidores), Camilla de Lucas (9,8 milhões) são alguns dos responsáveis por abordar essa questão.  

"Quando iniciei, não era tão difícil, até porque não tinha tantas meninas com a estética semelhante à minha. Então me destaquei muito pela minha pele, cabelo e estilo. Hoje em dia tem muitas pessoas se arriscando como criador de conteúdo, o que ‘sobrecarrega’ a plataforma, fazendo com que tenha mais dificuldade de ‘viralizar’, relata Clementino.  

Nesse meio é muito necessário assumir responsabilidades na hora de expor qualquer coisa. Questionadas sobre os compromissos que assumem divulgando conteúdo, as influenciadoras respondem: "Eu sempre presto muita atenção nisso, nos pequenos detalhes, nas falas, atitudes, coisas que talvez ninguém perceba. Ainda mais porque meu público é como eu, meninas que passaram por dificuldades na adolescência por conta da estética. Então a responsabilidade é minha de mostrar que não é assim, que não existe padrão de beleza, que a beleza está sim na diversidade", diz Clementino.  

Fernandes, por sua vez, afirma: “Tento ensinar coisas básicas, pois é o que eu procurava quando queria me maquiar. Testo muitas vezes um produto antes de ’indicá-lo’.  

Uma rotina de gravação e disponibilidade é associada ao trabalho dos influencers, mas Samanta diz que, com ela, não é bem assim. "Não tenho uma rotina, pois tenho muitas outras funções. Gravo quando consigo."  

No entanto, para Emily, as coisas são um pouco diferentes. "Atualmente eu curso estética no período noturno, então acabo tendo bastante tempo para criar conteúdo. Meu trabalho é totalmente vinculado com as mídias sociais, fotografias, vídeos, tudo. O que me atrapalha um pouco é quando tenho tempo muito trabalho de um nicho específico, como por exemplo roupas. Se dou muito atenção para essa área, acabo não tendo tanto tempo para gravações de maquiagem."  

A maquiagem, por si só, é uma forma de expressão. Vai muito além esconder as "imperfeições" ou mascarar inseguranças, tendo em vista que o Brasil é um dos países que mais realizam cirurgias plásticas. 

Samanta aprecia o respeito durante a realização de seu trabalho, sem apagar características de suas clientes, como aconteceu com ela.  

"Sim, eu prezo pelo embelezamento, maquiagem que não transforma e sim valoriza.”  

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Como a cantora influenciou, com seu talento e rebeldia, a trajetória do rock nacional
por
Bianca Athaide
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23/06/2023 - 12h

A morte da cantora Rita Lee na primeira quinzena de maio, deixou o país de luto. Sua personalidade teve enorme importância na evolução do rock brasileiro, graças à sua liberdade e irreverência. O posto de “rainha do rock brasileiro” e “padroeira da liberdade” foi dedicado a Rita, resultado de sua personalidade moderna, criativa, revolucionária e transgressora que inspirou - e continua inspirando - milhares de pessoas.

Iniciando sua carreira com apenas 16 anos, na passagem dos anos 60, a cantora descendente de imigrantes americanos, participou de um trio de vocais femininos, batizado Teenage Singers . Não se identificou com a “caretice” do grupo e acabou saindo. Pouco tempo depois, ajudou a criar o inovador grupo “Os Mutantes”, no qual consagrou seu nome. 

A onda extremamente criativa e experimental da banda foi interrompida pelo conturbado  relacionamento de Rita com o então guitarrista e compositor Arnaldo Baptista. O fim de sua união coincidiu com o fim do grupo - uma perda imensurável para a cultura do Tropicalismo na esfera musical do Brasil. 

Em 1979, a cantora encaminha cada vez mais sua carreira para o viés solo. Após a breve criação do grupo Tutti Frutti, que teve como destaque o álbum Fruto proibido, de 1975, que trouxe a faixa “Agora só falta você”, Rita iniciou a composição de muitos hits conhecidos, com uma pegada mais pop rock, junto com seu marido Roberto de Carvalho. 

O mestre em composição musical pela City University of New York, Pedro Augusto Ramos, professor da Faculdade de Música e Conservatório Souza Lima afirma: “A Rita Lee foi muito mais do que uma roqueira. Claro, considerada a rainha do rock, pelo histórico, mas ela foi muito mais do que isso: para o século 20, similar ao que Chiquinha Gonzaga foi para o século 19. A música, querendo ou não, até hoje é um mundo mais masculino. dominado por homens, e a Rita foi além, foi uma pioneira no rock brasileiro, uma grande compositora: com composições que vão do rock, passando pela bossa nova, passando pelo pop e muitas baladas lentas.”

Somado ao seu legado musical, a cantora também deu o tom da chamada contracultura brasileira durante um longo período de tempo. Desafiando normas sociais impostas, defendendo a liberdade de expressão e dos direitos LGBTQIAP+, Rita inspirou milhares de fãs a se libertarem de paradigmas arcaicos sobre sexualidade, questão de gênero e feminismo. O professor exemplifica: “Eu acho que ela tem muito valor como mulher, sobrevivendo nesse mundo artístico - não só sobrevivendo mas tendo muito sucesso nesse meio - Ela era uma cantora, mas também tinha um pacote completo: sempre muito irreverente e leve. Em seus livros publicados e suas entrevistas podemos ver uma mulher muito ativa no papel de libertadora e modelo para muitas outras mulheres.” 

Ao analisar as letras de suas músicas, fica evidente que Rita sabia da importância da igualdade de gênero, da luta por reconhecimento e da necessidade de quebra de tabus muitas vezes opressores às mulheres. Obras como “Ovelha Negra” e “Erva Venenosa” - hits nacionais, conhecidos no país inteiro -  além de se destacarem pela qualidade musical, têm letras abarrotadas de mensagens de empoderamento feminino. Assim, além da conquista dos holofotes para seu próprio nome, Rita também escancarou portas para uma geração de artistas que viriam - entre elas, uma de suas pupilas do rock nacional, a cantora de rock baiana Pitty. 

Nas suas redes sociais, no dia em que a morte de Rita foi anunciada pelos seus filhos, a cantora publicou: “Sou fruto do legado de Rita Lee”. Em outra ocasião, durante um de seus shows, ela exclamou para o público: “Como assim? Como você é baiana e roqueira? Eu falei: 'é o seguinte: sou filha da Rita Lee com o Raul Seixas. Os dois se encontraram um dia no plano astral. Eles não sabem, mas sou filha dos dois". 

Desafiando estereótipos, chutando portas e abrindo caminhos, Rita Lee continua inspirando e ecoando pelos quatro cantos do Brasil. Seu legado e voz marcaram a história cultural e social do país. Sua coragem, rebeldia e autenticidade vão ser sempre suas características mais fortes, lembradas e celebradas pelos milhares de fãs. O entrevistado ainda finaliza com: “A Rita, eu acredito que está no panteão ali dos grandes compositores da música popular brasileira e também no campo do feminismo representou muito.” 

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Como império que movimentava cerca de R$ 625 bilhões em bilheteria, viu seu rendimento cair
por
Ana Beatriz Assis
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23/06/2023 - 12h

Filas, gritarias, cosplays e muita ansiedade era o que antecipava toda sessão de cinema de filmes de heróis nos últimos cinco anos. Mal terminava um filme já havia expectativa para o próximo, quando os espectadores ficavam até depois do longa para ver as cenas pós-crédito. Atualmente, para os fãs, essa sensação virou saudade: desde 2021, com o estrondoso lançamento de “Homem - Aranha: Sem Volta para Casa”, as produções da Marvel, tanto para os cinemas quanto para o streaming, vêm desapontando os apaixonados por heróis.

Última fase da produtora, chamada Fase 4 (entenda a divisão das fases na ilustração abaixo), obteve um lucro aproximado de US$ 888,50 milhões (R$ 4,37 bilhões). Por mais que seja um grande número, é 28% menor do que a fase anterior (Fase 3), que aconteceu entre 2016 e 2019. Essa mudança se mostra mais expressiva quando comparada ao sucesso de "Vingadores: Ultimato", que, sozinho, arrecadou cerca de US$ 2,7 bilhões (R$ 13,28 bilhões) nos cinemas em 2019.

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(Ilustração das fases da Marvel studios)  

Toda essa mina de ouro foi vendo seu declínio com o filme “Doutor Estranho 2: O Multiverso da Loucura”, que tinha como promessa introduzir uma nova fase para a franquia, mas não entregou o que os fãs esperavam. Segundo Lucas Braga (@tutuba), de 24 anos, produtor de conteúdo de super-heróis em suas redes, esse declínio é ruim, pois pode gerar cancelamentos de projetos. Contudo, ele diz que a postura mais crítica dos fãs gera resultados positivos, pois faz com que o estúdio entenda que “não adianta só jogar qualquer coisa, qualquer personagem ou uma história mequetrefe que todo mundo vai consumir”. “O ingresso passou a valer um pouco mais para o consumidor”, afirma Lucas.

Para Heitor Teixeira (Canal na tela), de 45 anos, editor de imagens e produtor cultural, a audiência das produções, em geral, sofreu um grande abalo financeiro, sobretudo devido à pandemia e o esvaziamento das salas de exibição.“O gênero sem dúvida acaba sendo afetado”, diz.

 

É o fim do gênero de super-heróis?  

Ana Maria Bahiana, jornalista e crítica de cinema, explica em sua obra “Como ver um filme" (2012) que toda superprodução de um certo gênero tende a ficar saturada depois de um tempo. “A certa altura de repetição, o gênero se cristaliza, tornando-se plenamente um clichê, pronto para ser criticado, ironizado, destroçado e, eventualmente, esquecido”, diz Bahiana no livro. Segundo a especialista, o cinema é uma arte viva, tudo nele tem um claro ciclo natural e seus gêneros também seguem essa lógica, o que faz com que tenham um ciclo de vida.

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(infográfico de infomações do livro “Como assistir um filme” de Ana Maria Bahiana) 

Mas será que somente o ciclo do gênero fez com que essa queda ocorresse? Segundo o especialista em quadrinhos e produtor de conteúdo Sérgio Campos (Marvel 616), de 43 anos, a falta de bilheteria na China também teve papel no acontecimento. "Foi também junto com a pandemia que a China, que é o segundo maior mercado internacional depois dos EUA, fechou as portas para a maioria das produções de Hollywood”, diz. Ele continua exemplificando que, mesmo com a liberação recente desses filmes, a adesão é bem menor que antes de 2020.

Em somatória, a queda do gênero se fez também por fatores de qualidade das produções, segundo Lucas. “O gênero de heróis não está exatamente saturado por ser heróis, mas sim saturado de roteiros ruins.” O produtor diz que o estúdio não parece se importar em boas tramas e bons personagens, nem mesmo uma boa direção com um filme. "Ninguém se cansa de um filme bom, a verdade é essa.” 

Para Heitor, “Vingadores: Ultimato” representa uma espécie de divisor de águas para a Marvel, já que os filmes seguintes foram recebidos com graus de empolgação diferentes, mesmo com alguns sucessos de arrecadação fazendo parte da lista.

“Pessoas podem achar um filme bom por motivos diversos ou ruins, mas, quando uma massa maior de pessoas reclama de algo, não importa o motivo, os estúdios sentem no bolso.”


 

 

 

 

 

 

 

 

 

Como o público influencia no mercado cinematográfico  

Os filmes de heróis foram de fato um fenômeno, um fenômeno co-criado pelos fãs, que, desde a maior interação dos fandoms nas redes às hashtags, mostraram seu poder. No ano de 2021, quando o filme “Doutor Estranho 2: Multiverso da Loucura” estava em produção, fãs fizeram uma campanha nas redes sociais para que o ator   John Krasinski fizesse o papel do Senhor Fantástico (um dos integrantes do grupo Quarteto Fantástico), e no final deu certo. O ator fez uma participação especial no filme, o que gerou um dos fatos mais marcantes da produção. Segundo a produtora audiovisual Luisa Clasen (@Lullyluck) de 32 anos, essa influência dá certo pela matemática básica dos estúdios:  “Se dá lucro, devemos fazer mais”.

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John Krasinski interpretando o Senhor Fantástico em Doutor Estranho 2: Multiverso da Loucura. Divulgação

 

Essa relação forte entre fã e produção começou quando a Marvel Studios decidiu não se limitar a fazer apenas sequências e trilogias, mas, sim, franquias inteiras e interconectadas, o que gerou uma comunidade forte de consumidores. Mas não foi sempre assim. Segundo um retrospecto feito por Heitor em seu canal, nas últimas duas décadas os filmes de heróis saíram do esquecimento para um protagonismo nas bilheterias. Ele coloca “Blade - O Caçador de Vampiros” (1998), de Stephen Norrington, como o primeiro filme de heróis a ter seu protagonismo.

“Nessa época a Marvel como editora estava muito mal das pernas, vendendo uma série de títulos para sobreviver, sendo eles do ‘Spiderman’ [Homem-Aranha], ‘Quarteto Fantástico’, ‘Demolidor’ e  ‘X-MEN’. Em 2008, a Marvel abriu seus estúdios de fato, com o clássico “Homem de Ferro. Antes disso, diz Heitor, o gênero de heróis era visto como um “cemitério de bilheterias” - muito caro para ser produzido e com um baixo público.

Principalmente para o público mais “cult”, os filmes de heróis nunca foram bem-vistos. Luisa diz que o nicho de super-heróis costumava ser tido como algo bobo, infantilizado, devido às cores vibrantes e tramas simplificadas. Ela avalia que o ponto de virada foi “Batman Begins”(2005), de Christopher Nolan, quando os estúdios entenderam que adultos têm interesse nos heróis e que o tema pode ser abordado com um toque mais maduro. Ela afirma que o que é mais criticado atualmente “é o poder excessivo que os estúdios exercem sobre suas produções, sejam elas de super-heróis ou não”.

Em 2019, um dos maiores cineastas da história, o americano Martin Scorsese, que dirigiu filmes como O lobo de Wall Street (2013) e Taxi Driver (1976), fez uma declaração que abriu uma longa discussão entre Hollywood e os amantes de cinema. Ele disse em entrevista que não considerava que os filmes da Marvel eram cinema. Uma parcela do público considerou seu comentário elitista e emblemático da visão negativa que as grandes academias têm do gênero.  

 Problemas internos  

 Além de todos os problemas pelos quais o estúdio vem passando externamente, algumas crises internas apontaram uma falta de gerenciamento. Em 2022, a Marvel enfrentou uma crise com seus profissionais de design de efeitos visuais, que gerou uma queda na qualidade do CGI (Computer Graphic Imagery) percebida pelos fãs.  

 Uma matéria publicada no site “TheGamer” denunciou as condições que os profissionais enfrentam para trabalhar. Segundo o site gerenciado por Sergioo Marvel 616, um ex-funcionário da Marvel chamado Dhruv Govil, culpou a Marvel pelo fato de ele deixar a indústria de VFX (efeitos visuais) e  acusou a empresa de ser a pior cliente. Govil disse que outros colegas tiveram surtos após excesso de trabalho, ao mesmo tempo que eram cada vez mais pressionados pela Marvel Studios a entregar as coisas no prazo. 

 Além do mais, James Gun, diretor elogiado no meio, deixa os estúdios para trabalhar agora em conjunto com a concorrente da Marvel, a DC. O diretor será co-CEO da empresa responsável por de The Flash, Superman, Batman e outros grandes heróis. Como se não bastasse, a grande aposta da Marvel como novo vilão das tramas, o ator Jonathan Majors, que estrelou “Kang, o conquistador”,  foi preso após acusações de agressão contra uma mulher e é alvo de novas denúncias 

 Para Luisa, essa grande massa de problemas pode resultar em uma diversificação dos formatos (apostar em séries, telefilmes, games), dos heróis (busca por heróis mais diversos, como protagonistas mulheres, negros, LGBT etc) e talvez uma busca dos estúdios por diretores mais autorais, que podem dar seu toque pessoal à obra, deixando-a mais interessante. 

Perda não, transformação! 

 Mesmo com todos os dados e previsões indicando o fim do gênero, não necessariamente indica o fim. Segundo Ana Maria Bahiana em sua obra, estudos de tendência de mercado mostram que tudo aquilo que foi muito popular 20, 30 anos atrás, “está pronto para ser apreciado novamente”. Ela cita o exemplo do que aconteceu com os filmes de caratê nos anos 80 e 90, que foram ressuscitados em 2010 com animações como “Kung Fu Panda” e o filme “Karatê Kid” com Jackie Chan e Jaden Smith.  

 Mas não é preciso esperar isso tudo para ver as reinvenções do gênero. A indústria aprendeu com o tempo a desdobrar suas produções para atingir diferentes públicos. “The Boys” é uma série original da Amazon Prime de super-heróis com uma abordagem bem diferente da Marvel. Aqui, os heróis na verdade são os vilões da história e os mocinhos são seres humanos normais que tentam derrubá-los.

Heitor cita que ainda existe uma lista longa pela frente antes de decretar que esse é um gênero "falido". “Com a chegada de James Gunn como líder criativo da DC, é de se esperar que o nível irá subir e a competição irá se tornar ainda mais acirrada”, afirma. “Guardiões da Galáxia: Volume 3” e “Homem Aranha: Através do Aranhaverso ” (animação em parceria com a Sony), últimos lançamentos da Marvel Studios, foram abraçados pela crítica e pelo público. 

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Após 11 anos sem se apresentar no país, venda para o show da Taylor Swift acumula tentativas frustradas de compras devido a ação de cambistas.
por
Giulia Fontes Dadamo
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21/06/2023 - 12h
Taylor Swift em show da The Eras Tour
Taylor Swift. Imagem: Billboard

Após a pré-venda para os shows de 18 de novembro no Rio de Janeiro e 24 e 25 do mesmo mês em São Paulo, diversos fãs da Taylor Swift fizeram relatos no Twitter e no Tiktok sobre a velocidade anormal do esgotamento dos ingressos, acusando cambistas como a causa desse problema. Pessoas que conseguiram senhas baixas (como 500) no site da Tickets for Fun não conseguiram comprar seus ingressos por todos eles terem sido vendidos em menos de 10 minutos.

Devido às diversas denúncias, o próprio Procon de São Paulo (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor) divulgou uma nota dizendo que estava notificando a empresa organizadora do evento para prestar esclarecimentos. "De acordo com uma análise preliminar das reclamações de consumidores registradas no site do órgão de defesa do consumidor, os ingressos - cuja venda começou nesta segunda-feira - teriam se esgotado em poucas horas nos canais oficiais; mas, estariam sendo anunciados e vendidos em sites não-oficiais a preços muito maiores".

Para evitar maiores problemas, durante a última pré-venda exclusiva C6 Bank dos dois shows extras (19 e 24 de novembro), na última segunda feira (19), o deputado Celso Russomanno apareceu na fila da bilheteria do Allianz Parque para encaminhar cambistas para prestarem depoimentos na Primeira Delegacia do Consumidor. Segundo o jornal O Globo, 32 pessoas foram detidas e podem pegar de seis meses a dois anos de prisão.

Fãs na fila para a pré venda do show da Taylor Swift no Rio de Janeiro
Fila Bilheteria Estádio Nilton Santos (Engenhão) no Rio de Janeiro. Imagem: O Globo

A grandiosidade do alcance e da repercussão das vendas se dá pelos quase 11 anos sem a visita de Taylor Swift no Brasil. No dia 13 de setembro de 2012, a artista veio para a divulgação dos singles All Too Well e We Are Never Ever Getting Back Together e fez um pocket show de cerca de 35 minutos promovido pela gravadora para apenas mil fãs no Citibank Hall do Rio de Janeiro.

Mesmo com curta duração, o show teve exclusivamente a única versão ao vivo de Long Live com a Paula Fernandes, faixa contida na versão deluxe de Speak Now. Por conta disso, os fãs especulam sobre a participação da sertaneja como música surpresa para alguma das apresentações no Brasil. Na época em que veio, Taylor contava com "mais de 500 mil seguidores", como Xuxa destacou durante a participação da cantora em seu programa. Hoje ela conta com mais de 264 milhões só no Instagram, desmonstração do crescimento em sua carreira.


Apesar de em 2015, o jornal O Globo ter veiculado uma nota do jornal indicando que a cantora teria sido proibida pela mãe, Andrea Finlay, de voltar ao Brasil por ser um país de terceiro mundo, em 2019, a cantora anunciou dois shows em São Paulo com a Lover Fest - turnê em apoio ao seu sétimo álbum de estúdio, Lover. O festival teve mais de 100.000 pessoas na fila online para compra e todos ingressos esgotaram em cerca de 12 horas.

Devido a pandemia, porém, em fevereiro de 2021, Taylor cancelou oficialmente a turnê pelas suas redes sociais (após já ter postergado as datas). "Esta é uma pandemia sem precedentes que mudou os planos de todo mundo e ninguém sabe como o cenário de turnês estará no futuro próximo. Eu estou muito desapontada pois não serei capaz de ver vocês tão breve o quanto eu gostaria. Sinto muita falta de vocês e eu mal posso esperar até que nós possamos estar juntos e em segurança em shows novamente”, escreveu.

Taylor Swift sentada em show de The Eras Tour
Taylor Swift. Imagem: Teen Vogue

Depois de a long time coming, a The Eras Tour trás uma proposta bem diferente do que os fãs haviam tido aqui. A turnê que acumula mais de 100 datas pelos Estados Unidos, América Latina, Ásia, Austrália e Europa, conta com um setlist de 44 músicas, incluindo a versão de 10 minutos de All too well e sucessos de toda sua carreira. Contando com diferentes cenários, coreografias, figurinos e efeitos visuais, Taylor Swift inicia o show com músicas do seu albúm "Lover", segue com de "Fearless", "Evermore" , "Reputation", "Speak Now", "Red", "Folklore", "1989" e encerra com "Midnights", além de apresentar duas músicas acústicas surpresas diferentes a cada show - uma no violão e outra no piano.

A última venda geral acontece amanhã (22) a partir das 10 horas no site da Tickets for Fun. A expectativa é de que o número 22 dê sorte aos fãs e assim eles garantam os ingressos.

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“Todos ao mesmo tempo agora”! Em nova turnê nacional, comemorando o aniversário da banda, os membros originais se reuniram.
por
Maria Fernanda Müller
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21/06/2023 - 12h

No final de semana, dos dias 16 ao 18, a banda de rock Titãs realizou shows da nova turnê no Allianz Parque, em São Paulo. Para a celebração de 40 anos de história, sete dos oito integrantes originais se reuniram para fazer shows ao redor do Brasil. Essa é a primeira vez que ocorre um reencontro da banda em sua formação original desde a morte de Marcelo Fromer, guitarrista e um dos fundadores, em 2001. 

“Titãs Encontro” já percorreu diversas cidades do Brasil e traz novidades para as performances, como a inclusão de surpresas preparadas especialmente para os fãs. A banda entregou uma apresentação emocionante, repleta de sucessos que marcaram gerações e influenciaram o cenário musical brasileiro.

O retorno de Arnaldo Antunes, Nando Reis e Charles Gavin com a banda é um momento especial para os fãs mais antigos, que aguardaram ansiosamente para reviver a energia e a paixão dos Titãs ao vivo, pois em outros momentos, os três se distanciaram da banda. A turnê ainda é uma oportunidade para as novas gerações conhecerem de perto a música e o legado da banda, que continua a influenciar o cenário musical brasileiro e inspira artistas de todas as idades, com músicas como Epitáfio.

TRAJETÓRIA DA BANDA

Os Titãs foi formado por um grupo de amigos que estudavam no mesmo colégio. Sua estreia oficial aconteceu em 1982 no Sesc Pompéia, desde então, conquistaram seu espaço no cenário musical ao longo de décadas de carreira. Com uma combinação única de letras impactantes e mistura de estilos musicais, o grupo se destacou por sua adesão, engajamento social e influência duradoura na música nacional.

Inicialmente composta por Arnaldo Antunes, Branco Mello, Charles Gavin, Marcelo Fromer, Nando Reis, Paulo Miklos, Sérgio Britto e Tony Bellotto, o grupo de jovens músicos talentosos logo ganhou reconhecimento pela sua sonoridade inovadora.

O álbum de estreia, "Titãs" (1984), foi um marco na música brasileira, trazendo sucessos como "Sonífera Ilha" e "Go Back". A banda conquistou o público com sua energia e letras provocativas, abordando temas sociais e políticos a todo tempo. O sucesso se consolidou com o lançamento do álbum "Cabeça Dinossauro" (1986), considerado um dos melhores da banda, com clássicos como "Polícia" e "Bichos Escrotos".

 

Lançamento do álbum “Cabeça Dinossauro” (1986)

Nos anos seguintes, os Titãs tiveram uma habilidade única de se reinventar musicalmente. Exploraram diferentes estilos, mesclando rock, pop, punk e influências brasileiras em álbuns como "Õ Blésq Blom" (1989) e "Tudo ao Mesmo Tempo Agora" (1991). A banda continuou lançando sucessos como "Epitáfio" e "Enquanto Houver Sol", que se tornaram verdadeiros hinos do rock nacional.

 

Lançamento do álbum “Tudo ao Mesmo Tempo Agora” (1991)

Após alguns anos de carreira, a banda passou por mudanças na formação, com a saída de alguns membros originais. No entanto, isso não a impediu de amadurecer musicalmente e produzir trabalhos de destaque. O álbum "Acústico MTV" (1997) foi um enorme sucesso, mostrando uma nova faceta dos Titãs em arranjos acústicos de suas músicas mais conhecidas.

Com mais de quatro décadas de carreira, os Titãs seguem na estrada, lançando novos trabalhos e se reinventando. Receberam diversos prêmios e reconhecimentos ao longo dos anos, incluindo o Grammy Latino e o Prêmio Multishow de Música Brasileira.

Os Titãs são uma verdadeira lenda do rock brasileiro, com uma carreira marcada por hits, experimentações sonoras e letras que transcendem gerações. Sua trajetória exemplifica a capacidade de se adaptar e evoluir, mantendo sua melodia e influência ao longo do tempo. Com um legado sólido, os Titãs continuam a inspirar e encantar fãs por todo o Brasil, consolidando-se como uma das maiores bandas da história da música brasileira.

Titãs na sua formação atual, composta por Branco Mello, Tony Bellotto e Sérgio Britto.

O SHOW

Com o Allianz Parque lotado, a música de abertura do show foi “Diversão” (1987), contando com uma entrada triunfal dos integrantes acompanhada pelos gritos de emoção da plateia. 

Seguindo o espetáculo, os Titãs cantaram músicas icônicas de sua carreira, como “Flores” e “Cegos do Castelo”. Além disso, outras músicas cantadas puderam ser reconhecidas por outros motivos, por exemplo, “Televisão” foi a abertura da série da Rede Globo “Tá no Ar” (2014).

Os fãs foram à loucura ao longo do show em vários momentos emocionantes. Branco Mello, um dos vocalistas, fez uma confissão: “Eu fiz uma cirurgia muito grande. Tirei um tumor da garganta”, revela ele. “Só que agora estou aqui vivo!”, celebra Branco.

A estética da performance também foi deslumbrante. Recursos visuais foram usados conforme a música, por exemplo, ao cantarem “Cabeça Dinossauro”, o telão exibiu pontos brancos soltos até se fundirem e virarem a capa do álbum. Ou, o desenho de uma mulher dançando ao som de “Comida”. 

 

Performance de “Cabeça Dinossauro” construção e resultado.

Performance visual durante “Comida”.

 

Os efeitos visuais também foram usados no intervalo para introduzir a segunda parte da apresentação. Um compilado de vídeos dos integrantes mais novos foi nostálgico para a maioria do público que os acompanha desde essa época. Foi um momento para reviver o passado e relembrar bons tempos.

Após o vídeo, os Titãs trouxeram uma nova proposta. Cadeiras foram colocadas no palco e eles declararam que aquela parte seria dedicada a suas músicas acústicas. A primeira foi o clássico “Epitáfio”, trazendo o discurso de aproveitar a vida como ela é. Nesse momento, quem foi responsável pelo show de luzes foi a plateia, formando um mar iluminado por suas lanternas. 

Arnaldo Antunes fez um discurso sobre o falecido Marcelo Fromer, “Eu to sentindo falta do Marcelo aqui com a gente.”, confessa ele. “Mas hoje a gente não quer lamentar, a gente veio celebrar a presença dele nas nossas vidas!”, finaliza. 

A convidada da noite foi apresentada inesperadamente após o discurso. Era ninguém menos que Alice Fromer, filha de Marcelo, que acompanharia os integrantes na próxima surpresa. Todos juntos homenagearam Rita Lee cantando sua canção “Ovelha Negra”. Os Titãs e Rita Lee são considerados até hoje como a personificação do rock paulista e nacional.

Depois de cantarem mais clássicos, os músicos se juntaram para agradecer em reverência a presença do público, mas não deixaram de fazer sua última homenagem especialmente para o Mês do Orgulho. Os membros surpreenderam seguraram a bandeira LGBTQIA+ para que todo mundo pudesse ver.

Deixaram o palco, mas não foi por muito tempo. Os fãs pediram bis com outras músicas icônicas que sentiram falta, e não deixariam a banda ir embora sem ouvir essas. Seus pedidos foram atendidos e os Titãs retornaram ao palco para finalizar de vez com “Õ Blesq Blom”, “Marvin” e “Sonífera Ilha”. 

O evento organizado pela Bonus Track contou com 150 mil pessoas nos três dias de show. Titãs fez história novamente trazendo seus diversos estilos musicais, críticas sociais e políticas em suas várias faces. 

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