Pela primeira vez na Zona Leste, a terceira edição da Perifacon ocorreu no último domingo (30), no Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes. Entre shows de rap e exposições de ícones dos quadrinhos nacionais, como o painel comemorativo de 60 anos da Turma da Mônica, o evento trouxe a potência da cultura periférica para o mundo geek — e vice-versa. A equipe Agemt, presente no evento, traz um pouco do que rolou por lá.
No palco Potência Tech, aconteceu a competição de poesias (o "Perifageek Slam"), concurso e desfile de cosplays e mesa de conversa sobre "Pantera Negra e seu impacto na Cultura" — seguido pelo pocket show das gêmeas Tasha&Tracie — que também participaram da conversa. Mc Rashid também esteve presente com show exclusivo no fim da noite.

No mesmo palco, rolou também promoção do lançamento da próxima série musical da Globoplay: Vicky e a Musa, trazendo Cris Vianna, Jean Paulo Campos e Cecília Chancez no elenco. Cris contou, durante o bate papo, sobre ter aceitado a personagem (Fafá) “nossa carreira é uma eterna escola, a cada trabalho nasce uma nova atriz — aceitei a personagem por esse motivo. E depois ela ganhou nome, namorado, pai, casa. Ganhou camadas.”
A convenção também reafirmou o Aranhaverso, muito presente não só no palco com Cadu Paschoal, atual dublador de Miles Morales, como também em grande parte dos cosplays do evento — teve Gwen Stacy, Miles Morales, Hobie Brown e até Cindy Moon. E falando em Marvel, a IronStudios chegou com tudo na exposição de diversas action figures exclusivas e também um painel com o lançamento de Residiuum, seu novo jogo de IP (Propriedade Intelectual) própria.



Além das atrações, o evento disponibilizou duas praças de alimentação aos visitantes. Cachorros-quentes, churros recheados, hambúrgueres, mini pizzas, cookies e pastéis foram algumas das opções disponíveis aos visitantes. A hamburgueria Vassoura Quebrada, com temática referente à saga Harry Potter, foi destaque.
A Warner também marcou o evento com seu painel de comemoração de 100 anos: “Personagens favoritos da Quebrada” e bate papo com o elenco de Besouro Azul (DC Comics) — composto por Bruna Marquezine e Xolo Maridueña, que responderam de forma remota algumas perguntas da plateia. A dupla se encontra neste momento fazendo as divulgações do filme
Pela primeira vez, houve uma mostra de cinema, que exibiu curtas feitos por jovens da periferia e soltou um pequeno trecho de “Nosso Sonho”, cinebiografia que conta a história de Claudinho e Buchecha. O filme, interpretado por Lucas Penteado — presente na convenção — e Juan Paiva, retrata os bastidores da fama e os dramas pessoais da dupla. A estreia está prevista para 21 de setembro.
Além das atrações da Warner, a Netflix investiu pesado na divulgação de “Sintonia”, série brasileira produzida em parceria com o Kondzilla. No tapete vermelho, os visitantes puderam posar ao lado do logo da gigante do streaming no primeiro mural e, em seguida, em frente a um ‘paredão’ de som, com correntes de ouro e óculos de sol modelo ‘Juliet’. Havia também um mural para a adaptação live-action do mangá "One Piece" — o que reuniu muitos cosplays de personagens da trama.

A Perifacon nasceu em 2019, com o objetivo de facilitar o acesso à cultura pop e geek dentro da periferia. Suas outras duas edições foram no Capão Redondo e na Brasilândia (2022). Andreza Delgado, uma das fundadoras do evento, contou em entrevista para o site Omelete que “a cada ano mostramos a força da periferia quando se trata de cultura. Seguimos construindo pontes e derrubando muros. Ficamos felizes com o resultado da última edição e agora estamos trabalhando muito para que a terceira seja ainda melhor. Sabemos da força e dos valores que existem nas favelas de São Paulo, então será um grande espetáculo”.
O dramaturgo, ator e diretor José Celso Martínez Corrêa, ou “Zé Celso”, faleceu na manhã de quinta-feira (6), aos 86 anos. O ator estava internado na UTI do Hospital das Clínicas com queimaduras desde terça-feira (04), após um incêndio atingir seu apartamento na Zona Sul de São Paulo. A morte por falência múltipla dos órgãos foi confirmada pelo Teatro Oficina.

Natural de Araraquara, interior de São Paulo, Zé Celso se mudou para a capital em 1955, para cursar Direito na Universidade de São Paulo (USP), que não chegou a finalizar. Enquanto ainda integrava a faculdade, em 1958, Celso e outros colegas criaram a Companhia de Teatro Oficina — na época amadora. Desde 1961, a Companhia se profissionalizou e hoje integra o famoso nome de Associação Teatro Oficina Uzyna Uzona.
O dramaturgo foi o precursor do movimento tropicalista e modernista no país — considerado em muitas de suas encenações como antropofágico e sensorial — e consagrado em 1967 com a peça "O Rei da Vela", escrita por Oswald de Andrade, no mesmo ano em que reconstruiu a Companhia de Teatro Oficina, um ano após um incêndio. A encenação é uma de suas mais famosas até hoje. A última exibição foi em 2018, no Teatro do Sesi, em Porto Alegre.
Outra peça de destaque é "Roda Viva", com texto de Chico Buarque, que estreou em 1968. Priorizando a experimentação e provocação, Zé Celso estava em ascensão no meio artístico quando foi exilado em 1974, devido a perseguições da Ditadura Militar.
Nesse período, vivendo em Portugal, o diretor trocou os palcos pela câmera e fez dois documentários: “O parto”, sobre a Revolução dos Cravos, e “Vinte e cinco”, sobre a independência de Moçambique.

Retornou a São Paulo em 1978 e se dedicou a manter o espaço do Teatro Oficina aberto, localizado no bairro da Bela Vista. Com projeto arquitetônico de Lina Bo Bardi, a construção foi tombada em 1982. O terreno do Teatro foi protagonista de muitas disputas judiciais entre Zé Celso e o apresentador e empresário Silvio Santos, este que pretendia construir um shopping center no local.
Desde que voltou ao Brasil, Zé escreveu, dirigiu, produziu, contracenou e traduziu diversas peças de teatro, além de publicar um livro em 1998, "Primeiro Ato - cadernos, depoimentos, entrevistas (1958-1974)", e atuar na telenovela "Cordel Encantado" em 2011, da TV Globo. Venceu mais de vinte premiações nacionais e internacionais, entre elas o Prêmio APCA, da Associação Paulista de Críticos de Arte, em 1961, como Diretor Revelação.
Em 2023, Zé Celso se casou com seu namorado Marcelo Drummond, após um relacionamento de 36 anos. Apesar de morarem no mesmo edifício, mas em apartamentos separados, Marcelo também foi acometido pelo incêndio no apartamento de seu esposo ao inalar monóxido de carbono e recebeu alta da internação nesta quinta-feira.

"Tudo é tempo e contra-tempo!", publicou o Teatro Oficina em sua página oficial no Instagram.
Dificilmente uma notícia publicada nos jornais fica limitada ao campo jornalístico. É comum haver grandes desdobramentos a respeito do fato após a sua divulgação - seja se tornando assunto de debates ou até mesmo virando livro, ou produção cinematográfica. É o que acontece, por exemplo, com crimes que chocam uma grande parcela de pessoas. Há casos que, é possível dizer, horrorizam o mundo inteiro. É nesse contexto que surge o gênero true crime.
True crime é o termo em inglês que designa obras sobre crimes reais. Indo muito além do “baseado em fatos reais”, essas produções normalmente têm alto teor jornalístico e jurídico , contendo entrevistas, autos de processos, gravações feitas em tribunais, imagens da cobertura da imprensa, entre outros elementos.“Fazer true crime é um processo muito sério. Foi preciso ter um acompanhamento jurídico muito forte, porque a gente está falando de vidas, de vítimas e de pessoas que ainda estão entre nós”, diz Maurício Eça, diretor dos filmes “A Menina que Matou os Pais” e “O Menino que Matou Meus Pais”.
O trabalho de Eça, lançado pela Amazon Prime Video em outubro de 2021, retrata o assassinato do casal Manfred e Marísia von Richthofen a pauladas pelo genro Daniel Cravinhos e seu irmão Cristian. Mais que a agressividade do crime, o que chocou o Brasil em 2002 foi o envolvimento da filha das vítimas, Suzane von Richthofen, como mandante. O cineasta conta que todo o processo de produção foi trabalhoso. “Todo o pessoal da equipe, os atores, os produtores, todos sabiam muito bem onde estavam pisando, tudo com um respeito imenso e sabendo os limites. Nós tivemos um cuidado absurdo e acho que isso fez a diferença.”

Eça relembra algumas críticas feitas à realização dos longa-metragens, muitas delas por pessoas que não sabiam ao certo como o projeto seria executado. Segundo ele, a maioria se perguntava se os assassinos iriam receber cachê por isso, quando, na verdade, todo o procedimento foi feito com base nos documentos da época, não necessitando, assim, da busca pelos criminosos, portanto, esses além de não terem qualquer envolvimento com a iniciativa, não receberem valor algum. “ O que nos guia é o processo [judicial]”, afirma o diretor de cinema.
Ainda sobre a aceitação do público, Eça avalia que alguns espectadores procuram “respostas simples, que não existem”, porque somente os que estavam presentes sabem a verdade sobre o crime. Na visão do cineasta, o intuito do true crime não é julgar ou inocentar alguém, mas sim apresentar o que se sabe sobre o ocorrido. Maurício acrescenta: “nosso objetivo em nenhum momento foi glamourizar essa história ou defender eles, era realmente mostrar [...]muitas vezes não tem que justificar, a gente tem que mostrar! Por que você vai justificar o que o cara fez? Não dá para justificar. É complicado né”.
Sobre esse aspecto da aceitação do público, Thaís Nunes, roteirista que trabalhou em produções como “PCC: Poder Secreto”, da HBO Max, e “Rota 66: A Polícia que Mata”, do GloboPlay, fala da problematização acerca da “humanização” de criminosos. “É óbvio que há uma humanização daquela pessoa, porque ela é um ser humano. Desculpa informar, mas seres humanos amam, odeiam, vivem, trabalham, e alguns seres humanos matam, alguns seres humanos têm atitudes violentas”, argumenta Nunes.
Para a documentarista, essas produções podem auxiliar, até mesmo, para diminuir a incidência desses crimes. “E eu acredito muito que é só contando essas histórias de uma maneira propositiva, de uma maneira que enseja o debate, que a gente vai conseguir compreender a violência e conseguir pensar em políticas públicas e em outros mecanismos para combatê-la”, concluí.
Ao ser questionado sobre a consagração relativamente recente do gênero no público brasileiro – ao menos em comparação com outros países, em que já é um fenômeno antigo —, Eça observa que “o true crime já está sendo consumido no Brasil há muito tempo, mas só agora ele está sendo aceito em produções locais”. O diretor avalia que parte do motivo de tal crescimento talvez seja as circunstâncias do tempo. “A pandemia acelerou muito isso. Tem um pouco de inconformismo, um pouco de curiosidade, acho que tem um pouco disso tudo”. Ele conta também o quão difícil foi convencer os investidores a apostar nesses projetos. “Foram anos para conseguir convencer as pessoas a fazerem esses filmes. Elas consomem tanta coisa gringa, por que não consumir do brasileiro?”
Foi justamente esse o questionamento que a jornalista Thaís Nunes se fez. “A gente precisa [produzir filmes true crime], por que a gente não tem isso no Brasil? Nós temos crimes tão complexos, né? Por que a gente não tem isso no Brasil? E aí eu coloquei a ideia da série da Elize Matsunaga no papel”, conta Nunes.

Com o avanço da tecnologia e a popularização de diversos dispositivos eletrônicos, como tablets e smartphones, práticas que antes eram comuns acabam sendo substituídas. A leitura sofre esse impacto, principalmente dada a chegada dos livros digitais ou e-books, que inovaram a maneira com que você pode ler. Esses itens tiveram alta nas vendas, segundo pesquisa feita pela Nielsen (empresa global de análise de informação dados e medição), durante a pandemia, principalmente nas livrarias que não pertencem a um grande conglomerado como a Leitura ou a Cultura.
E-books são mais acessíveis do que livros físicos por conta do preço. Enquanto alguns livros com mídia física podem chegar a R$300, no digital é possível achar e baixar o mesmo conteúdo por um preço menor ou até de forma gratuita.

Para tentar equilibrar esse mercado, as livrarias promovem lançamentos com a presença dos autores, eventos culturais e até clubes de leitura. Outra estratégia, além de ter uma loja física, é também ter uma loja digital, que atende não só a região em que está localizada com outras regiões dentro do mesmo estado. Isso possibilita um maior número de vendas, uma possível expansão de negócios, trazendo novos consumidores para a loja através do meio digital.
O público fiel às folhas timbradas ainda garante a venda de livrarias, como é Anah Julia Greco, estudante de Relações Públicas na Fecap. "Acho que a maior diferença para mim é no foco, ler pelo celular ou computador dita a atenção pois são meios que estimulam muito o cérebro. Além disso, muitas vezes as letras são pequenas e as páginas compridas" relata Anah.
Segundo a estudante de Relações Públicas, o maior empecilho para a mídia física é a mudança de valor. “Apesar da falta de tempo livre ser um dos fatores de eu ter parado de ler o tanto quanto eu lia antes, eu percebo que o aumento do preço dos livros acaba sendo um outro fator predominante para isso, pois até livros de bolso possuem um custo elevado e dependendo do título o preço acaba se tornando inacessível”.
Para Anah Julia, quando um livro que a interessa está muito caro, ela opta por esperar o preço abaixar ao invés de ler digitalmente. “Eu prefiro não ler já que tenho preferência pela mídia física, acabo achando melhor esperar o preço diminuir a ler por outros meios”.

Vanderlei Teixeira, dono da livraria Mundo dos Livros em Santo André -SP, diz que chegada dos livros digitais não foi o principal fator na baixa de vendas dos livros físicos, já que em muitos livros não existe tanta diferença de páginas, ordem de capítulos e formatação dos textos para a mídia física quanto para a digital, mudando apenas os preços de uma versão para outra.
Assim como Anah Julia, Teixeira concorda que existe um público fiel que ainda opta pelos livros físicos “Tem alguns clientes que chegam aqui e falam que eles têm o PDF do livro, mas que preferem a mídia física, pois gostam de pegar e sentir o livro mesmo, e tem outras que não gostam de ler através de uma tela” .
Segundo Teixeira o principal fator da queda de vendas é realmente o preço dos livros “Pelo que eu vejo na loja, a alta dos preços foi o que mais impactou, porque as pessoas analisam o preço e acabam vendo que a mídia digital acaba ficando mais em conta”.
(Atores do musical reverenciado pela presença, fonte propria)
“A cor púrpura, o musical” é uma fiel adaptação da peça da Broadway baseada no livro de Alice Walker “The color purple”. Com boa atuação, ótimas canções e uma trilha sonora sem igual, e ainda assim contendo mudanças que deixam a história mais atual para quem conhece apenas a história do filme de 1985.
A obra conta a história de Celie (Amanda Vicente), uma mulher negra do sul americano que passa seus dias com sua irmã Nellie (Lola Borges) na casa de sua família, até que um dia seu pai a negocia para se casar com Mister (Wladimir Pinheiro) e cuidar de seus filhos. Casada com ele, Celie sofre abusos psicológicos e físicos. Ainda assim, ela consegue adquirir inspiração com Sofia (Erika Affonso), esposa de Harpo (Caio Giovani). Sofia também acaba desenvolvendo um complicado relacionamento com Shug Avery (Flavia Santana), uma antiga amante de Mister.
Com elenco totalmente preto, e destaque especial para a atuação de Lilian Valeska e para a canção final de Wladimir Pinheiro — que trazem à tona o quão emocionante e profundamente espiritual o musical consegue ser. O retrato da obra na relação da fé em Deus e o conflito com o martírio, além da busca pela independência feminina e amor próprio, emancipação coletiva e representação LGBTQ+ são pontos altos.
O uso de cor é um dos pilares da peça, além da exploração da iluminação e da trilha sonora, feita por Thalisson Rodrigues. A acessibilidade também foi grande importância para os produtores — com dias específicos contados com intérpretes de libras e audiodescrição.
Em entrevista, a espectadora Terezinha Silva Leite afirma que ”Achei muito interessante, porém o detalhezinho das duas se beijando é novo, no filme não mostrou essa parte…”. O palco pequeno também foi criticado, uma vez que é ocupado em sua maioria pelo cenário, que serve como as casas que Celie vive. A réplica também é palco de danças e de momentos humorísticos no fundo da cena. E por fim, a duração de três horas e interlúdio de curtos 15 minutos, deixa o espectador exausto ao fim da obra.
(Cenário em que a peça ocorre, fonte Rafael Nogueira, Uol)
Acessibilidade também foi um tema de grande importância com certos dias contados com intérpretes de libras e audiodescrição. O musical está no final de temporada, sendo as últimas apresentações nos dias 30 de junho, 1 e 2 de julho.
Durante as despedidas dos atores, Flávia Santana comentou que será a primeira mulher negra a ser produtora de uma peça da Broadway. Seu próximo trabalho junto com o diretor, Tadeu Aguiar, "O incidente", é a adaptação em português de "American son"- trata sobre um casal negro buscando notícias de seu filho em uma delegacia. Assim como “A cor púrpura”, promete trazer um retrato de como o racismo atinge todos os relacionamentos na sociedade, sejam eles conjugais e sociais. E para quem ainda não viu à adaptação da obra de Alice walker ganha desconto para ver a outra peça