Influenciadora é chamada de "homem" por espectadora; confusão gerou vaias, atraso no espetáculo e intervenção policial
por
Carolina Zaterka
Manoella Marinho
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15/04/2025 - 12h

 

Malévola Alves, influenciadora digital e mulher trans, denunciou ter sido vítima de transfobia no Teatro Renault, em São Paulo, no dia 26 de março de 2025, ao ser tratada pelo pronome masculino e chamada de “homem” por uma espectadora. O incidente ocorreu antes do início do musical “Wicked”. Malévola, com mais de 840 mil seguidores, publicou trechos do episódio em suas redes, que rapidamente viralizaram.

Segundo relatos de testemunhas e da própria vítima, a confusão começou quando Malévola esperava uma nota fiscal e a mulher atrás dela mostrou impaciência. As duas trocaram palavras e, ao se afastar, a mulher teria gritado "isso é homem ou mulher?" em sua direção. A vítima então se sentiu ofendida e levou a denúncia à plateia, apontando a espectadora como autora do ataque transfóbico, causando um tumulto que paralisou a plateia.

A reação do público foi de imediato apoio a Malévola, com vaias à agressora e pedidos para que ela fosse retirada do teatro. “A gente não vai começar a assistir a um espetáculo que é extremamente representativo para a diversidade com uma mulher dessa aqui. Não faz o menor sentido”, afirmou um dos espectadores durante o protesto.

Diante da pressão da plateia, a apresentação atrasou cerca de 30 minutos. A mulher acusada acabou saindo do teatro sob escolta policial, levada à  delegacia para realizar um boletim de ocorrência, recebendo aplausos e vaias dos demais presentes. Miguel Filpi, presente no evento, celebrou nas redes sociais: “Justiça foi feita!! Obrigado a todo mundo nessa plateia que fez a união para que isso acontecesse.”

Carlos Cavalcanti, presidente do Instituto Artium (Produtor do musical), pediu desculpas pelo ocorrido antes de dar início ao espetáculo: “Peço desculpas por esse acontecimento e por esse atraso. Tudo o que a gente pode admitir, é bom que a gente admita na vida, mas transfobia em Wicked, não dá”. A atriz Fabi Bang, também se manifestou durante e após o espetáculo: “Transfobia jamais” - uma improvisação durante a música “Popular”.

 

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Fabi Bang, atriz que interpreta Glinda, em apresentação do musical. Foto: Blog Arcanjo/Reprodução

Viviane Milano, identificada como a espectadora acusada, negou as acusações em um pronunciamento, alegando que a confusão na fila da bombonière não foi sobre identidade de gênero, mas sobre uma tentativa de furar fila. Ela afirmou: “Perguntei em voz alta: ‘Era o homem ou a mulher que estava na fila?’”, dizendo que sua pergunta foi mal interpretada.

A produção de Wicked e membros do elenco reiteraram seu compromisso com a diversidade e repudiaram o incidente. A nota oficial da produção destacou: “Nosso espetáculo é e continuará sendo um espaço seguro para todas as pessoas, independentemente de identidade de gênero ou orientação sexual.”

As últimas apresentações do cantor baiano reunem seus maiores sucessos e participações de grandes artistas brasileiros
por
Davi Rezende
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14/04/2025 - 12h

Tiveram início na última sexta-feira (11) os shows em São Paulo da turnê “Tempo Rei”, de Gilberto Gil, a última da carreira do lendário artista. O evento, que teve início em março, na cidade de Salvador (BA), chegou neste mês à capital paulista com quatro datas, duas neste final de semana e mais duas ao fim do mês.

Gilberto Gil em show no Allianz Parque cantando Aquele Abraço
Gilberto Gil em show da turnê "Tempo Rei" no Allianz Parque, em São Paulo/ Foto: Davi Rezende
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Reunindo participações especiais, cenários característicos e grandes sucessos da carreira do cantor, a turnê é uma grande celebração da história de Gil, enquanto seus últimos shows ao vivo. Desde os visuais até a performance do artista, tudo é composto de forma detalhada para transmitir a energia da obra de Gilberto, que se renova em apresentações vívidas e convidados de diversos gêneros musicais brasileiros.

Ao longo de mais de 60 anos de carreira, Gil conquistou uma das trajetórias mais consolidadas e respeitadas da música brasileira. Com mais de 50 álbuns gravados, sendo 30 de estúdio, ele se tornou uma lenda da bossa nova e do samba, com produções que se provam atemporais, além de participações em movimentos políticos e artísticos que marcaram o Brasil.

Gilberto Gil agasalhado em exílio nas ruas de Londres
Gilberto Gil no exílio em Londres/ Foto: Reprodução/FFLCH - USP

 

Na década de 60, após se popularizar em meio a festivais, Gil fez grande parte da luta contra as opressões da Ditadura Militar no Brasil, tornando-se peça importante no movimento da Tropicália. Ao lado de artistas como Caetano Veloso e Gal Costa, Gilberto foi protagonista na revolução da arte brasileira, além de compor grandes canções de resistência.

Em 1969, após o lançamento de um de seus maiores clássicos, “Aquele Abraço”, Gil se exilou fora do Brasil para fugir da Ditadura, em Londres. Na Inglaterra, ele seguiu produzindo e performando, ao lado de outros grandes gênios tropicalistas, até retornar em 1971, lançando no ano seguinte o álbum “Expresso 2222” (1972). Três anos após o grande sucesso, Gil lança o álbum “Refazenda” (1975), primeiro disco de uma trilogia composta por “Refavela” (1977) e “Realce” (1979).

Todos os grandes momentos da vida do cantor são representados na turnê, tanto com sua performance, dirigida por Rafael Dragaud, quanto na cenografia, montada pela cineasta Daniela Thomas. Na setlist, Gil ainda presta homenagens a grandes figuras da música, como Chico Buarque (que faz participação em vídeo tocado ao fundo de Gilberto, durante a apresentação) quando interpreta “Cálice”, canção de sua autoria ao lado do compositor carioca, e até Bob Marley, no momento que toca “Não Chore Mais” (versão da música “No Woman, No Cry” do cantor jamaicano) com imagens da bandeira da Jamaica ao fundo.

Gilberto Gil em show no Allianz Parque cantando Não Chore Mais
Gilberto Gil em show da turnê "Tempo Rei" no Allianz Parque, em São Paulo/ Foto: Davi Rezende

 

Nas apresentações no Rio de Janeiro, o artista convidou Caetano e Anitta para comporem a performance, enquanto em São Paulo, na sexta-feira (11) MC Hariel e Flor Gil, a neta do cantor, deram as caras, além de Arnaldo Antunes e Sandy terem participado do show de sábado (12).

A turnê “Tempo Rei” aproxima Gilberto Gil do fim de sua carreira, celebrando sua história nos shows que rodam o Brasil inteiro. A reunião de artistas já consolidados na indústria para condecorar o cantor em suas apresentações prova a grandeza de Gil e como sua obra é imortal, movimentando a música de todo o país ao seu redor. Sua performance é energética e vívida, como toda a carreira do compositor, fazendo dos brasileiros os súditos do Tempo Rei.

Gilberto Gil em show no Allianz Parque cantando Expresso 2222
Gilberto Gil em show da turnê "Tempo Rei" no Allianz Parque, em São Paulo/ Foto: Davi Rezende

As apresentações de Gil seguem ao longo do ano, encerrando em novembro, na cidade de Recife (PE). Em São Paulo, o cantor ainda se apresenta em mais duas datas, nos dias 25 e 26 de abril, no Allianz Parque.

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Filme brasileiro conta a história de uma senhora que através de uma câmera expôs uma rede de tráfico no Rio de Janeiro
por
Kaleo Ferreira
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14/04/2025 - 12h

O filme “Vitória” lançado no dia 13 de março de 2025, dirigido por Andrucha Waddington e roteirizado por Paula Fiuza, tem como tema a história de Dona Nina (Fernanda Montenegro), uma senhora de 80 anos que sozinha, desmantelou um esquema de tráfico de drogas em Copacabana, filmando com uma câmera a rotina do mercado criminoso da janela de seu apartamento.

 

Cena do filme ”Vitória” (Foto: CNN Brasil)
Cena do filme ”Vitória”. Foto: CNN Brasil

 

O longa é inspirado no livro “Dona Vitória Joana da Paz”, escrito pelo jornalista Fábio Gusmão e baseado na história verídica de Joana Zeferino da Paz. Grande força do filme vem da atuação de Fernanda, que consegue transmitir a solidão, indignação, determinação e a garra que a personagem teve para confrontar o crime na Ladeira dos Tabajaras.

O filme começa construindo uma atmosfera de grande tensão, claustrofobia e solidão dentro do pequeno apartamento com o reflexo da violência diante dos olhos, assim mergulhando na realidade crua do cotidiano carioca, expondo a fragilidade da segurança pública e o poder que o crime organizado possui. 

Em certos momentos, o ritmo da narrativa se torna um pouco lento e cansativo e a ação do longa começa com a introdução do jornalista Fábio, interpretado por Alan Rocha, que desenvolve uma relação de parceria com Dona Nina. Ele assiste às fitas gravadas por ela, provas de criminosos desfilando com armas à luz do dia, vendendo e utilizando drogas entre crianças e adolescentes, além de ter ajuda dos policiais para o tráfico. E diante de tudo, decide ajudar a senhora, assim escrevendo uma grande reportagem que colocaria os holofotes sobre todo o esquema de tráfico. 

 

Cartaz do filme (Foto: IMDb)
Cartaz do filme. Foto: IMDb

 

O filme tem a participação de outras atrizes, como Linn da Quebrada e Laila Garin, que mesmo em papeis secundários, também merecem destaque por agregar camadas à narrativa e mostrar diferentes facetas de como a comunidade é afetada pela violência.

Em resumo, “Vitória” é um filme emocionante e que faz refletir. Apesar dos problemas no ritmo do filme, a força de uma história real e a grande atuação de Fernanda Montenegro, com seus 95 anos, o consolidam como um filme digno de ser assistido e relevante para o cinema brasileiro. 

É um retrato da realidade brasileira que ao dar voz a uma história de resistência contra o crime, levanta questões importantes sobre segurança, justiça e o papel dos cidadãos contra a violência, dando esperança em resistir a toda criminalidade que a sociedade enfrenta com tanta frequência, além de dar voz a uma mulher que decide não se calar.

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O grupo sul-coreano encerra sua passagem pelo Brasil com o título de maior show de K-pop no país
por
Beatriz Lima
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09/04/2025 - 12h

 

Na primeira semana de abril, São Paulo e Rio de Janeiro foram palco dos shows da DominATE Tour, do grupo de K-pop Stray Kids. Em novembro de 2024, o grupo anunciou sua primeira passagem pela América Latina após sete anos de carreira, com shows no Chile, Brasil, Peru e México, causando êxtase aos fãs do continente.

Stray Kids é um grupo de K-pop composto por oito integrantes, Bang Chan, Lee Know, Changbin, Hyunjin, Han, Felix, Seungmin e I.N. O grupo estreou em 2018, após um programa eliminatório com diversos trainees da JYP Entertainment - empresa que gere o grupo. No dia 8 de julho de 2024, o grupo anunciou sua terceira turnê mundial chamada ‘DominATE Tour’, com shows iniciais pelo Leste e Sudeste Asiático e Austrália. 

A DominATE Tour foi anunciada para a divulgação de seu mais recente álbum, ATE, lançado dia 19 de julho de 2024. Com o sucesso mundial do grupo e da música “Chk chk boom”, com a participação dos atores Ryan Reynolds e Hugh Jackman no clipe, o grupo divulgou datas para a turnê na América Latina, América do Norte e Europa no início de 2025.

Foto de divulgação da turnê DominATE
Imagem de divulgação da turnê DominATE. Foto: Divulgação/JYP Entertainment

No Brasil, o octeto iniciou sua passagem pela cidade do Rio de Janeiro com seu show de estreia dia 1 de abril no Estádio Nilton Santos, com mais de 55 mil pessoas presentes no local. Em sua primeira data na cidade de São Paulo, sábado (5), o grupo sul-coreano teve os ingressos esgotados e, mesmo com chuva e baixas temperaturas, bateu o recorde de maior show de K-pop no Brasil, com um total de 65 mil pessoas no Estádio MorumBIS. No dia seguinte, o grupo teve seu último dia de passagem pelo país e somou no total - nos dois dias de show na capital paulista - 120 mil pessoas.

Show do Stray Kids no Estádio MorumBIS
Primeiro dia de show do Stray Kids em São Paulo. Foto: JYP Entertainment / Iris Alves

 

Os shows contaram com estruturas complexas e atraentes - com direito a fogos de artifícios e explosões de luz a cada performance -, tradução simultânea nos momentos de interação com o público, banda e equipe de dança do próprio grupo, além de estações de água e paramédicos à disposição do evento. Foram três noites marcantes tanto para os fãs brasileiros quanto para os próprios membros do grupo. “Eu sinto que tudo que nós passamos durante esses sete anos foi para encontrar vocês.” diz Hyunjin em seu primeiro dia de show no Brasil. 

Com o recorde de público nos shows e reações positivas na mídia e público brasileiro, o grupo promete voltar ao país em uma nova oportunidade, deixando claro seu amor pelo país e pelos fãs brasileiros. “Bom, é a sensação de que ganhamos uma segunda casa… todos nós [os oito membros]” declara o líder Bang Chan no primeiro show de São Paulo.

Membros do grupo após o show do Rio de Janeiro.
Foto divulgada após o show do Stray Kids no Rio de Janeiro. Foto: Reprodução/JYP Entertainment

 

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Último dia do festival em São Paulo também reuniu shows de Justin Timberlake, Foster The People e bandas nacionais
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Maria Eduarda Cepeda
Jessica Castro
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09/04/2025 - 12h

 

Neste domingo (30), o Autódromo de Interlagos, na zona sul de São Paulo, recebeu o último dia da edição 2025 do Lollapalooza Brasil. O festival, que reuniu uma diversidade de estilos, contou com apresentações de bandas indies nacionais, como Terno Rei, e gigantes do pop, como Justin Timberlake. Como destaque, tivemos a histórica estreia da banda Tool em solo brasileiro, a volta de Foster The People ao festival e o show emocionante de encerramento do Sepultura, que consagrou sua importância como uma das maiores referências do metal, tanto no Brasil quanto no mundo.

Diferente do primeiro dia, o domingo foi marcado por tempo firme e céu aberto, sem a interferência da chuva. Com condições climáticas favoráveis, o público pôde aproveitar muito seus artistas favoritos ao longo do dia.

As primeiras atrações do dia já davam o tom da despedida do festival: uma mistura de muito indie, rock n’ roll e nostalgia no ar. No palco Budweiser, a cantora pernambucana Sofia Freire abriu os trabalhos com uma estreia marcante, conquistando o público com talento e carisma. E no palco Mike´s Ice, a banda "Charlotte Matou um Cara" chamou atenção por ter a vocalista, Andrea Dip, vestida em uma camisa de força. 

Além de cantora, Andrea é jornalista e faz parte da Agência Pública de Jornalismo Investigativo. Em 2013, recebeu o Prêmio Tim Lopes de Jornalismo Investigativo pelo seu trabalho na história em quadrinhos “Meninas em Jogo” e foi premiada pelo Troféu Mulher Imprensa na categoria site de notícias em 2016.

Vocalista da banda "Charlotte Matou um Cara", Andrea Dip, usando uma camisa de força rosa
A banda já dividiu palco com a cantora e atriz Linn da Quebrada. Foto: Adriana Vieira / Rock On Board

Com músicas que tratam temas como machismo, ditadura militar e a luta contra a violação do corpo feminino, o grupo trouxe para o festival a agressividade e a energia para o "dia do rock". 

Na sequência, o grupo Terno Rei assumiu o palco e transformou a plateia ainda tímida em um coro envolvido por seu setlist, que mesclou sucessos da carreira e novas apostas sonoras. A banda ainda aproveitou o momento para anunciar seu próximo álbum, “Nenhuma Estrela”, com lançamento marcado para 15 de abril.

Depois de 8 anos longe do Brasil, Mark Foster e Isom Innis voltaram pela terceira vez ao Lollapalooza Brasil. As músicas foram de seus sucessos mais recentes às músicas mais queridas pelos fãs, como "Houdini" e "Call It What You Want". Com um público morno, mesmo com a presença dos fãs fiéis, eles não desanimaram e se mostraram contentes por estarem de volta. A música mais famosa, "Pumped Up Kicks", finalizou a apresentação do grupo.

A banda Tool se apresentou pela primeira vez no Brasil após 35 anos de carreira, mas quem compareceu esperando ver o grupo e uma apresentação tradicional teve uma surpresa. Tool fez um show cru, sem pausas e sem momentos emocionados. O visual sombrio e imersão feita pelos visuais espirituais do telão comandaram os espectadores a uma experiência única no festival, sendo o show mais enigmático da noite. A setlist foi variada, com alguns de seus sucessos e músicas de seu álbum mais recente "Fear Inoculum". Apesar da proposta diferenciada, o público pareceu embarcar na viagem sensorial proposta pelo grupo. 

Vocalisa da banda Tool na frente do telão, mas não somos capazes de ver seu rosto, apenas sua silhueta
A presença enigmática do vocalista causou muita curiosidade entre os espectadores. Foto: Sidnei Lopes/ @observadordaimagem

Sepultura está dando adeus aos palcos ao mesmo tempo que celebra seus 40 anos de carreira, assim como o nome de sua turnê, "Celebrating Life Through Death". Fechando a edição de 2025 do festival, a banda teve convidados curiosos para a setlist. Para acompanhar a música "Kaiowas", o cantor Júnior e o criador do Lollapalooza, Perry Farrell, subiram no palco para integrar o ritmo agressivo dessa despedida. Com uma setlist semelhante a do show feito em setembro do ano passado, também dessa turnê de adeus, o grupo não deixou o clima cair mesmo com os problemas técnicos que enfrentaram. O som estava abafado e baixo comparado ao de outros palcos, a banda Bush enfrentou o mesmo problema em sua apresentação. 

A banda encerrou seu legado no festival com um de seus maiores sucessos internacionais, "Roots Bloody Roots", eternizando seu legado e deixando saudades em seus fãs que se mantiveram devotos até o fim.

No palco ao lado, o grande headliner da noite, Justin Timberlake, mostrou que seu status de popstar segue intacto. A apresentação, que não foi transmitida ao vivo pelos canais oficiais do evento, teve performances energéticas, muita dança e vocais entregues sem base pré-gravada.

Justin Timberlake se apresentando no palco principal do festival
Justin Timberlake encerra a terceira noite do festival Lollapalooza 2025. — Foto: Divulgação/Lollapalooza

Com um show marcado por coros emocionados em “Mirrors” e uma enxurrada de hits como, “Cry Me a River”, “SexyBack” e “What Goes Around... Comes Around”, ele reforçou sua presença como um dos grandes nomes da música pop.

Apesar de definitivamente não estar em sua melhor fase — após polêmicas envolvendo sua ex-namorada Britney Spears, que o acusou de um relacionamento abusivo, e uma prisão em 2024 por dirigir embriagado — Timberlake demonstrou um forte engajamento com o público, que saiu eletrizado do show. 

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Evento contou com espaço gamer, presenças de figuras do cinema, música e games e show de rap exclusivo
por
Maria Eduarda Camargo
Kawan Novais
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31/07/2023 - 12h

 

Pela primeira vez na Zona Leste, a terceira edição da Perifacon ocorreu no último domingo (30), no Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes. Entre shows de rap e exposições de ícones dos quadrinhos nacionais, como o painel comemorativo de 60 anos da Turma da Mônica, o evento trouxe a potência da cultura periférica para o mundo geek — e vice-versa. A equipe Agemt, presente no evento, traz um pouco do que rolou por lá.

No palco Potência Tech, aconteceu a competição de poesias (o "Perifageek Slam"), concurso e desfile de cosplays e mesa de conversa sobre "Pantera Negra e seu impacto na Cultura" — seguido pelo pocket show das gêmeas Tasha&Tracie — que também participaram da conversa. Mc Rashid também esteve presente com show exclusivo no fim da noite.

Tasha e Tracie se apresentando no palco da Perifacon
Tasha e Tracie no Palco Potência Tech da Perifacon. Foto: Perifacon.

No mesmo palco, rolou também promoção do lançamento da próxima série musical da Globoplay: Vicky e a Musa, trazendo Cris Vianna, Jean Paulo Campos e Cecília Chancez no elenco. Cris contou, durante o bate papo, sobre ter aceitado a personagem (Fafá) “nossa carreira é uma eterna escola, a cada trabalho nasce uma nova atriz — aceitei a personagem por esse motivo. E depois ela ganhou nome, namorado, pai, casa. Ganhou camadas.”

 

A convenção também reafirmou o Aranhaverso, muito presente não só no palco com Cadu Paschoal, atual dublador de Miles Morales, como também em grande parte dos cosplays do evento  — teve Gwen Stacy, Miles Morales, Hobie Brown e até Cindy Moon. E falando em Marvel, a IronStudios chegou com tudo na exposição de diversas action figures exclusivas e também um painel com o lançamento de Residiuum, seu novo jogo de IP (Propriedade Intelectual) própria.

Cosplay vestido de Hobie Brown
Cosplay de Hobie Brown, personagem do filme Homem Aranha no Aranhaverso. Foto: Kawan Novais.
Dois cosplays em posição imitando o personagem Homem Aranha
Cosplays de Cindy Moon e Peter Parker. Foto: Kawan Novais
Cadu Paschoal segurando microfone na mesa de conversa da Perifacon
Cadu Paschoal, dublador de Miles Morales, na Perifacon 2023. Foto: Thiago Moreira.

Além das atrações, o evento disponibilizou duas praças de alimentação aos visitantes. Cachorros-quentes, churros recheados, hambúrgueres, mini pizzas, cookies e pastéis foram algumas das opções disponíveis aos visitantes. A hamburgueria Vassoura Quebrada, com temática referente à saga Harry Potter, foi destaque.

A Warner também marcou o evento com seu painel de comemoração de 100 anos: “Personagens favoritos da Quebrada” e bate papo com o elenco de Besouro Azul (DC Comics) — composto por Bruna Marquezine e Xolo Maridueña, que responderam de forma remota algumas perguntas da plateia. A dupla se encontra neste momento fazendo as divulgações do filme

Pela primeira vez, houve uma mostra de cinema, que exibiu curtas feitos por jovens da periferia e soltou um pequeno trecho de “Nosso Sonho”, cinebiografia que conta a história de Claudinho e Buchecha. O filme, interpretado por Lucas Penteado — presente na convenção — e Juan Paiva, retrata os bastidores da fama e os dramas pessoais da dupla. A estreia está prevista para 21 de setembro.

Além das atrações da Warner, a Netflix investiu pesado na divulgação de “Sintonia”, série brasileira produzida em parceria com o Kondzilla. No tapete vermelho, os visitantes puderam posar ao lado do logo da gigante do streaming no primeiro mural e, em seguida, em frente a um ‘paredão’ de som, com correntes de ouro e óculos de sol modelo ‘Juliet’. Havia também um mural para a adaptação live-action do mangá "One Piece" — o que reuniu muitos cosplays de personagens da trama.

Cosplays do personagem Luffy de One Piece reunidos em frente ao cartaz do anime
Cosplays do personagem Luffy. Foto: NetflixBrasil.

A Perifacon nasceu em 2019, com o objetivo de facilitar o acesso à cultura pop e geek dentro da periferia. Suas outras duas edições foram no Capão Redondo e na Brasilândia (2022). Andreza Delgado, uma das fundadoras do evento, contou em entrevista para o site Omelete que “a cada ano mostramos a força da periferia quando se trata de cultura. Seguimos construindo pontes e derrubando muros. Ficamos felizes com o resultado da última edição e agora estamos trabalhando muito para que a terceira seja ainda melhor. Sabemos da força e dos valores que existem nas favelas de São Paulo, então será um grande espetáculo”.

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Diretor estava internado desde terça-feira (04) com queimaduras. Zé foi revolucionário nas artes cênicas no Brasil e fundador do Teatro Oficina
por
Bianca Novais
Maria Eduarda Camargo
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06/07/2023 - 12h

O dramaturgo, ator e diretor José Celso Martínez Corrêa, ou “Zé Celso”, faleceu na manhã de quinta-feira (6), aos 86 anos. O ator estava internado na UTI do Hospital das Clínicas com queimaduras desde terça-feira (04), após um incêndio atingir seu apartamento na Zona Sul de São Paulo. A morte por falência múltipla dos órgãos foi confirmada pelo Teatro Oficina.

Zé Celso, ator, diretor, dramaturgo e artista fundador do Teatro Oficina. Foto: Divulgação/Christina Rufatto.
Zé Celso, ator, diretor, dramaturgo e artista fundador do Teatro Oficina. Foto: Divulgação/Christina Rufatto.

Natural de Araraquara, interior de São Paulo, Zé Celso se mudou para a capital em 1955, para cursar Direito na Universidade de São Paulo (USP), que não chegou a finalizar. Enquanto ainda integrava a faculdade, em 1958, Celso e outros colegas criaram a Companhia de Teatro Oficina — na época amadora. Desde 1961, a Companhia se profissionalizou e hoje integra o famoso nome de Associação Teatro Oficina Uzyna Uzona.

O dramaturgo foi o precursor do movimento tropicalista e modernista no país — considerado em muitas de suas encenações como antropofágico e sensorial — e consagrado em 1967 com a peça "O Rei da Vela", escrita por Oswald de Andrade, no mesmo ano em que reconstruiu a Companhia de Teatro Oficina, um ano após um incêndio. A encenação é uma de suas mais famosas até hoje. A última exibição foi em 2018, no Teatro do Sesi, em Porto Alegre.

Outra peça de destaque é "Roda Viva", com texto de Chico Buarque, que estreou em 1968. Priorizando a experimentação e provocação, Zé Celso estava em ascensão no meio artístico quando foi exilado em 1974, devido a perseguições da Ditadura Militar. 

Nesse período, vivendo em Portugal, o diretor trocou os palcos pela câmera e fez dois documentários: “O parto”, sobre a Revolução dos Cravos, e “Vinte e cinco”, sobre a independência de Moçambique.

Zé Celso após retornar do exílio, em 1978. Foto: Silvio Correa/Agência O GLOBO
Zé Celso após retornar do exílio, em 1978. Foto: Silvio Correa/Agência O GLOBO.

Retornou a São Paulo em 1978 e se dedicou a manter o espaço do Teatro Oficina aberto, localizado no bairro da Bela Vista. Com projeto arquitetônico de Lina Bo Bardi, a construção foi tombada em 1982. O terreno do Teatro foi protagonista de muitas disputas judiciais entre Zé Celso e o apresentador e empresário Silvio Santos, este que pretendia construir um shopping center no local.

Desde que voltou ao Brasil, Zé escreveu, dirigiu, produziu, contracenou e traduziu diversas peças de teatro, além de publicar um livro em 1998, "Primeiro Ato - cadernos, depoimentos, entrevistas (1958-1974)", e atuar na telenovela "Cordel Encantado" em 2011, da TV Globo. Venceu mais de vinte premiações nacionais e internacionais, entre elas o Prêmio APCA, da Associação Paulista de Críticos de Arte, em 1961, como Diretor Revelação.

Em 2023, Zé Celso se casou com seu namorado Marcelo Drummond, após um relacionamento de 36 anos. Apesar de morarem no mesmo edifício, mas em apartamentos separados, Marcelo também foi acometido pelo incêndio no apartamento de seu esposo ao inalar monóxido de carbono e recebeu alta da internação nesta quinta-feira.

Zé Celso e Marcelo Drummond em 2009. Foto: Celso Tavares/G1.
Zé Celso e Marcelo Drummond em 2009. Foto: Celso Tavares/G1.

"Tudo é tempo e contra-tempo!", publicou o Teatro Oficina em sua página oficial no Instagram.

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'É um gênero que chegou para ficar', diz o cineasta Maurício Eça sobre a difusão do true crime no Brasil
por
Maria Ferreira dos Santos
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02/07/2023 - 12h

Dificilmente uma notícia publicada nos jornais fica limitada ao campo jornalístico. É comum haver grandes desdobramentos a respeito do fato após a sua divulgação - seja se tornando assunto de debates ou até mesmo virando livro, ou produção cinematográfica. É o que acontece, por exemplo, com crimes que chocam uma grande parcela de pessoas. Há casos que, é possível dizer,  horrorizam o mundo inteiro. É nesse contexto que surge o gênero true crime.  

 True crime é o termo em inglês que designa obras sobre crimes reais. Indo muito além do “baseado em fatos reais”, essas produções normalmente têm alto teor jornalístico e jurídico , contendo entrevistas, autos de processos, gravações feitas em tribunais, imagens da cobertura da imprensa, entre outros elementos.“Fazer true crime é um processo muito sério. Foi preciso ter um acompanhamento jurídico muito forte, porque a gente está falando de vidas, de vítimas e de pessoas que ainda estão entre nós”, diz Maurício Eça, diretor dos filmes “A Menina que Matou os Pais” e “O Menino que Matou Meus Pais”.  

 O trabalho de Eça, lançado pela Amazon Prime Video em outubro de 2021, retrata o assassinato do casal Manfred e Marísia von Richthofen a pauladas pelo genro Daniel Cravinhos e seu irmão Cristian. Mais que a agressividade do crime, o que chocou o Brasil em 2002 foi o envolvimento da filha das vítimas, Suzane von Richthofen, como mandante. O cineasta conta que todo o processo de produção foi trabalhoso. “Todo o pessoal da equipe, os atores, os produtores, todos sabiam muito bem onde estavam pisando, tudo com um respeito imenso e sabendo os limites. Nós tivemos um cuidado absurdo e acho que isso fez a diferença.”

Foto do cenário dos filmes “A Menina Que Matou os Pais” e “O Menino Que Matou Meus Pais”, com os atores Carla Diaz como Suzane von Richthofen e Leonardo Bittencourt como Daniel Cravinhos Foto/Divulgação: Stella Carvalho/Galeria Distribuidora/Amazon
Foto do cenário dos filmes “A Menina Que Matou os Pais” e “O Menino Que Matou Meus Pais”, com os atores Carla Diaz como Suzane von Richthofen e Leonardo Bittencourt como Daniel Cravinhos Foto/Divulgação: Stella Carvalho/Galeria Distribuidora/Amazon 

Eça relembra algumas críticas feitas à realização dos longa-metragens, muitas delas por pessoas que não sabiam ao certo como o projeto seria executado. Segundo ele, a maioria se perguntava se os assassinos iriam receber cachê por isso, quando, na verdade, todo o procedimento foi feito com base nos documentos da época, não necessitando, assim, da busca pelos criminosos, portanto, esses além de não terem qualquer envolvimento com a iniciativa, não receberem valor algum. “ O que nos guia é o processo [judicial]”, afirma o diretor de cinema. 

 

Ainda sobre a aceitação do público, Eça avalia que alguns espectadores procuram “respostas simples, que não existem”, porque somente os que estavam presentes sabem a verdade sobre o crime. Na visão do cineasta, o intuito do true crime não é julgar ou inocentar alguém, mas sim apresentar o que se sabe sobre o ocorrido. Maurício acrescenta: “nosso objetivo em nenhum momento foi glamourizar essa história ou defender eles, era realmente mostrar [...]muitas vezes não tem que justificar, a gente tem que mostrar! Por que você vai justificar o que o cara fez? Não dá para justificar. É complicado né”.  

Sobre esse aspecto da aceitação do público, Thaís Nunes, roteirista que trabalhou em produções como “PCC: Poder Secreto”, da HBO Max, e “Rota 66: A Polícia que Mata”, do GloboPlay, fala da problematização acerca da “humanização” de criminosos. “É óbvio que há uma humanização daquela pessoa, porque ela é um ser humano. Desculpa informar, mas seres humanos amam, odeiam, vivem, trabalham, e alguns seres humanos matam, alguns seres humanos têm atitudes violentas”, argumenta Nunes.

Para a documentarista, essas produções podem auxiliar, até mesmo, para diminuir a incidência desses crimes. “E eu acredito muito que é só contando essas histórias de uma maneira propositiva, de uma maneira que enseja o debate, que a gente vai conseguir compreender a violência e conseguir pensar em políticas públicas e em outros mecanismos para combatê-la”, concluí. 

Ao ser questionado sobre a consagração relativamente recente do gênero no público  brasileiro – ao menos em comparação com outros países, em que já é um fenômeno antigo —, Eça observa que  “o true crime já está sendo consumido no Brasil há muito tempo, mas só agora ele está sendo aceito em produções locais”. O diretor avalia que parte do motivo de tal crescimento talvez seja as circunstâncias do tempo. “A pandemia acelerou muito isso. Tem um pouco de inconformismo, um pouco de curiosidade, acho que tem um pouco disso tudo”. Ele conta também o quão difícil foi convencer os investidores a apostar nesses projetos. “Foram anos para conseguir convencer as pessoas a fazerem esses filmes. Elas consomem tanta coisa gringa, por que não consumir do brasileiro?” 

Foi justamente esse o questionamento que a jornalista Thaís Nunes se fez. “A gente precisa [produzir filmes true crime], por que a gente não tem isso no Brasil? Nós temos crimes tão complexos, né? Por que a gente não tem isso no Brasil? E aí eu coloquei a ideia da série da Elize Matsunaga no papel”, conta Nunes. 

Exemplos de produções cinematográficas sobre crimes reais produzidas no Brasil
Exemplos de produções cinematográficas sobre crimes reais produzidas no Brasil
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Mesmo com a chegada dos e-books, aumento ainda é a principal causa da queda de lucro de livrarias
por
Rafael Monteiro Teixeira
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01/07/2023 - 12h

 

 

Com o avanço da tecnologia e a popularização de diversos dispositivos eletrônicos, como tablets e smartphones, práticas que antes eram comuns acabam sendo substituídas. A leitura sofre esse impacto, principalmente dada a chegada dos livros digitais ou e-books, que inovaram a maneira com que você pode ler. Esses itens tiveram alta nas vendas, segundo pesquisa feita pela Nielsen (empresa global de análise de informação dados e medição), durante a pandemia, principalmente nas livrarias que não pertencem a um grande conglomerado como a Leitura ou a Cultura.

 E-books são mais acessíveis do que livros físicos por conta do preço.  Enquanto alguns livros com mídia física podem chegar a R$300, no digital é possível achar e baixar o mesmo conteúdo por um preço menor ou até de forma gratuita.

Imagem livraria
Livraria Por: Rafael Monteiro

Para tentar equilibrar esse mercado, as livrarias promovem lançamentos com a presença dos autores, eventos culturais e até clubes de leitura. Outra estratégia, além de ter uma loja física, é também ter uma loja digital, que atende não só a região em que está localizada com outras regiões dentro do mesmo estado. Isso possibilita um maior número de vendas, uma possível expansão de negócios, trazendo novos consumidores para a loja através do meio digital.

O público fiel às folhas timbradas ainda garante a venda de livrarias, como é Anah Julia Greco, estudante de Relações Públicas na Fecap. "Acho que a maior diferença para mim é no foco, ler pelo celular ou computador dita a atenção pois são meios que estimulam muito o cérebro. Além disso, muitas vezes as letras são pequenas e as páginas compridas" relata Anah.

Segundo a estudante de Relações Públicas, o maior empecilho para a mídia física é a mudança de valor. “Apesar da falta de tempo livre ser um dos fatores de eu ter parado de ler o tanto quanto eu lia antes, eu percebo que o aumento do preço dos livros acaba sendo um outro fator predominante para isso, pois até livros de bolso possuem um custo elevado e dependendo do título o preço acaba se tornando inacessível”.

Para Anah Julia, quando um livro que a interessa está muito caro, ela opta por esperar o preço abaixar ao invés de ler digitalmente. “Eu prefiro não ler já que tenho preferência pela mídia física, acabo achando melhor esperar o preço diminuir a ler por outros meios”.

Imagem livros
Livros em exposição Por: Rafael Monteiro

Vanderlei Teixeira, dono da livraria Mundo dos Livros em Santo André -SP, diz que chegada dos livros digitais não foi o principal fator na baixa de vendas dos livros físicos, já que em muitos livros não existe tanta diferença de páginas, ordem de capítulos e formatação dos textos para a mídia física quanto para a digital, mudando apenas os preços de uma versão para outra.

Assim como Anah Julia, Teixeira concorda que existe um público fiel que ainda opta pelos livros físicos “Tem alguns clientes que chegam aqui e falam que eles têm o PDF do livro, mas que preferem a mídia física, pois gostam de pegar e sentir o livro mesmo, e tem outras que não gostam de ler através de uma tela” .

Segundo Teixeira o principal fator da queda de vendas é realmente o preço dos livros “Pelo que eu vejo na loja, a alta dos preços foi o que mais impactou, porque as pessoas analisam o preço e acabam vendo que a mídia digital acaba ficando mais em conta”.

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“Se deus escutasse as mulheres pretas e pobres, o mundo seria muito diferente”
por
Artur Maciel Rodrigues
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03/07/2023 - 12h

(Atores do musical reverenciado pela presença, fonte propria)
 

“A cor púrpura, o musical” é uma fiel adaptação da peça da Broadway baseada no livro de Alice Walker “The color purple”. Com boa atuação, ótimas canções e uma trilha sonora sem igual, e ainda assim contendo mudanças que deixam a história mais atual para quem conhece apenas a história do filme de 1985. 

A obra conta a história de Celie (Amanda Vicente), uma mulher negra do sul americano que passa seus dias com sua irmã Nellie (Lola Borges) na casa de sua família, até que um dia seu pai a negocia para se casar com Mister (Wladimir Pinheiro) e cuidar de seus filhos. Casada com ele, Celie sofre abusos psicológicos e físicos. Ainda assim, ela consegue adquirir inspiração com Sofia (Erika Affonso), esposa de Harpo (Caio Giovani). Sofia também acaba desenvolvendo um complicado relacionamento com Shug Avery (Flavia Santana), uma antiga amante de Mister.

Com elenco totalmente preto, e destaque especial para a atuação de Lilian Valeska e para a canção final de Wladimir Pinheiro — que trazem à tona o quão emocionante e profundamente espiritual o musical consegue ser. O retrato da obra na relação da fé em Deus e o conflito com o martírio, além da busca pela independência feminina e amor próprio, emancipação coletiva e representação LGBTQ+ são pontos altos. 

O uso de cor é um dos pilares da peça, além da exploração da iluminação e da trilha sonora, feita por Thalisson Rodrigues. A acessibilidade também foi grande importância para os produtores — com dias específicos contados com intérpretes de libras e audiodescrição.

Em entrevista, a espectadora Terezinha Silva Leite afirma que ”Achei muito interessante, porém o detalhezinho das duas se beijando é novo, no filme não mostrou essa parte…”. O palco pequeno também foi criticado, uma vez que é ocupado em sua maioria pelo cenário, que serve como as casas que Celie vive. A réplica também é palco de danças e de momentos humorísticos no fundo da cena. E por fim, a duração de três horas e interlúdio de curtos 15 minutos, deixa o espectador exausto ao fim da obra. 


(Cenário em que a peça ocorre, fonte Rafael Nogueira, Uol)

 

Acessibilidade também foi um tema de grande importância com certos dias contados com intérpretes de libras e audiodescrição. O musical está no final de temporada, sendo as últimas apresentações nos dias 30 de junho, 1 e 2 de julho.

 Durante as despedidas dos atores, Flávia Santana comentou que será a primeira mulher negra a ser produtora de uma peça da Broadway. Seu próximo  trabalho junto com o diretor, Tadeu Aguiar,  "O incidente", é a adaptação em português de "American son"-  trata sobre um casal negro buscando notícias de seu filho em uma delegacia. Assim como “A cor púrpura”, promete trazer um retrato de como o racismo atinge todos os relacionamentos na sociedade, sejam eles conjugais e sociais. E para quem ainda não viu à adaptação da obra de Alice walker ganha desconto para ver a outra peça 

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