Influenciadora é chamada de "homem" por espectadora; confusão gerou vaias, atraso no espetáculo e intervenção policial
por
Carolina Zaterka
Manoella Marinho
|
15/04/2025 - 12h

 

Malévola Alves, influenciadora digital e mulher trans, denunciou ter sido vítima de transfobia no Teatro Renault, em São Paulo, no dia 26 de março de 2025, ao ser tratada pelo pronome masculino e chamada de “homem” por uma espectadora. O incidente ocorreu antes do início do musical “Wicked”. Malévola, com mais de 840 mil seguidores, publicou trechos do episódio em suas redes, que rapidamente viralizaram.

Segundo relatos de testemunhas e da própria vítima, a confusão começou quando Malévola esperava uma nota fiscal e a mulher atrás dela mostrou impaciência. As duas trocaram palavras e, ao se afastar, a mulher teria gritado "isso é homem ou mulher?" em sua direção. A vítima então se sentiu ofendida e levou a denúncia à plateia, apontando a espectadora como autora do ataque transfóbico, causando um tumulto que paralisou a plateia.

A reação do público foi de imediato apoio a Malévola, com vaias à agressora e pedidos para que ela fosse retirada do teatro. “A gente não vai começar a assistir a um espetáculo que é extremamente representativo para a diversidade com uma mulher dessa aqui. Não faz o menor sentido”, afirmou um dos espectadores durante o protesto.

Diante da pressão da plateia, a apresentação atrasou cerca de 30 minutos. A mulher acusada acabou saindo do teatro sob escolta policial, levada à  delegacia para realizar um boletim de ocorrência, recebendo aplausos e vaias dos demais presentes. Miguel Filpi, presente no evento, celebrou nas redes sociais: “Justiça foi feita!! Obrigado a todo mundo nessa plateia que fez a união para que isso acontecesse.”

Carlos Cavalcanti, presidente do Instituto Artium (Produtor do musical), pediu desculpas pelo ocorrido antes de dar início ao espetáculo: “Peço desculpas por esse acontecimento e por esse atraso. Tudo o que a gente pode admitir, é bom que a gente admita na vida, mas transfobia em Wicked, não dá”. A atriz Fabi Bang, também se manifestou durante e após o espetáculo: “Transfobia jamais” - uma improvisação durante a música “Popular”.

 

1
Fabi Bang, atriz que interpreta Glinda, em apresentação do musical. Foto: Blog Arcanjo/Reprodução

Viviane Milano, identificada como a espectadora acusada, negou as acusações em um pronunciamento, alegando que a confusão na fila da bombonière não foi sobre identidade de gênero, mas sobre uma tentativa de furar fila. Ela afirmou: “Perguntei em voz alta: ‘Era o homem ou a mulher que estava na fila?’”, dizendo que sua pergunta foi mal interpretada.

A produção de Wicked e membros do elenco reiteraram seu compromisso com a diversidade e repudiaram o incidente. A nota oficial da produção destacou: “Nosso espetáculo é e continuará sendo um espaço seguro para todas as pessoas, independentemente de identidade de gênero ou orientação sexual.”

As últimas apresentações do cantor baiano reunem seus maiores sucessos e participações de grandes artistas brasileiros
por
Davi Rezende
|
14/04/2025 - 12h

Tiveram início na última sexta-feira (11) os shows em São Paulo da turnê “Tempo Rei”, de Gilberto Gil, a última da carreira do lendário artista. O evento, que teve início em março, na cidade de Salvador (BA), chegou neste mês à capital paulista com quatro datas, duas neste final de semana e mais duas ao fim do mês.

Gilberto Gil em show no Allianz Parque cantando Aquele Abraço
Gilberto Gil em show da turnê "Tempo Rei" no Allianz Parque, em São Paulo/ Foto: Davi Rezende
​​​

Reunindo participações especiais, cenários característicos e grandes sucessos da carreira do cantor, a turnê é uma grande celebração da história de Gil, enquanto seus últimos shows ao vivo. Desde os visuais até a performance do artista, tudo é composto de forma detalhada para transmitir a energia da obra de Gilberto, que se renova em apresentações vívidas e convidados de diversos gêneros musicais brasileiros.

Ao longo de mais de 60 anos de carreira, Gil conquistou uma das trajetórias mais consolidadas e respeitadas da música brasileira. Com mais de 50 álbuns gravados, sendo 30 de estúdio, ele se tornou uma lenda da bossa nova e do samba, com produções que se provam atemporais, além de participações em movimentos políticos e artísticos que marcaram o Brasil.

Gilberto Gil agasalhado em exílio nas ruas de Londres
Gilberto Gil no exílio em Londres/ Foto: Reprodução/FFLCH - USP

 

Na década de 60, após se popularizar em meio a festivais, Gil fez grande parte da luta contra as opressões da Ditadura Militar no Brasil, tornando-se peça importante no movimento da Tropicália. Ao lado de artistas como Caetano Veloso e Gal Costa, Gilberto foi protagonista na revolução da arte brasileira, além de compor grandes canções de resistência.

Em 1969, após o lançamento de um de seus maiores clássicos, “Aquele Abraço”, Gil se exilou fora do Brasil para fugir da Ditadura, em Londres. Na Inglaterra, ele seguiu produzindo e performando, ao lado de outros grandes gênios tropicalistas, até retornar em 1971, lançando no ano seguinte o álbum “Expresso 2222” (1972). Três anos após o grande sucesso, Gil lança o álbum “Refazenda” (1975), primeiro disco de uma trilogia composta por “Refavela” (1977) e “Realce” (1979).

Todos os grandes momentos da vida do cantor são representados na turnê, tanto com sua performance, dirigida por Rafael Dragaud, quanto na cenografia, montada pela cineasta Daniela Thomas. Na setlist, Gil ainda presta homenagens a grandes figuras da música, como Chico Buarque (que faz participação em vídeo tocado ao fundo de Gilberto, durante a apresentação) quando interpreta “Cálice”, canção de sua autoria ao lado do compositor carioca, e até Bob Marley, no momento que toca “Não Chore Mais” (versão da música “No Woman, No Cry” do cantor jamaicano) com imagens da bandeira da Jamaica ao fundo.

Gilberto Gil em show no Allianz Parque cantando Não Chore Mais
Gilberto Gil em show da turnê "Tempo Rei" no Allianz Parque, em São Paulo/ Foto: Davi Rezende

 

Nas apresentações no Rio de Janeiro, o artista convidou Caetano e Anitta para comporem a performance, enquanto em São Paulo, na sexta-feira (11) MC Hariel e Flor Gil, a neta do cantor, deram as caras, além de Arnaldo Antunes e Sandy terem participado do show de sábado (12).

A turnê “Tempo Rei” aproxima Gilberto Gil do fim de sua carreira, celebrando sua história nos shows que rodam o Brasil inteiro. A reunião de artistas já consolidados na indústria para condecorar o cantor em suas apresentações prova a grandeza de Gil e como sua obra é imortal, movimentando a música de todo o país ao seu redor. Sua performance é energética e vívida, como toda a carreira do compositor, fazendo dos brasileiros os súditos do Tempo Rei.

Gilberto Gil em show no Allianz Parque cantando Expresso 2222
Gilberto Gil em show da turnê "Tempo Rei" no Allianz Parque, em São Paulo/ Foto: Davi Rezende

As apresentações de Gil seguem ao longo do ano, encerrando em novembro, na cidade de Recife (PE). Em São Paulo, o cantor ainda se apresenta em mais duas datas, nos dias 25 e 26 de abril, no Allianz Parque.

Tags:
Filme brasileiro conta a história de uma senhora que através de uma câmera expôs uma rede de tráfico no Rio de Janeiro
por
Kaleo Ferreira
|
14/04/2025 - 12h

O filme “Vitória” lançado no dia 13 de março de 2025, dirigido por Andrucha Waddington e roteirizado por Paula Fiuza, tem como tema a história de Dona Nina (Fernanda Montenegro), uma senhora de 80 anos que sozinha, desmantelou um esquema de tráfico de drogas em Copacabana, filmando com uma câmera a rotina do mercado criminoso da janela de seu apartamento.

 

Cena do filme ”Vitória” (Foto: CNN Brasil)
Cena do filme ”Vitória”. Foto: CNN Brasil

 

O longa é inspirado no livro “Dona Vitória Joana da Paz”, escrito pelo jornalista Fábio Gusmão e baseado na história verídica de Joana Zeferino da Paz. Grande força do filme vem da atuação de Fernanda, que consegue transmitir a solidão, indignação, determinação e a garra que a personagem teve para confrontar o crime na Ladeira dos Tabajaras.

O filme começa construindo uma atmosfera de grande tensão, claustrofobia e solidão dentro do pequeno apartamento com o reflexo da violência diante dos olhos, assim mergulhando na realidade crua do cotidiano carioca, expondo a fragilidade da segurança pública e o poder que o crime organizado possui. 

Em certos momentos, o ritmo da narrativa se torna um pouco lento e cansativo e a ação do longa começa com a introdução do jornalista Fábio, interpretado por Alan Rocha, que desenvolve uma relação de parceria com Dona Nina. Ele assiste às fitas gravadas por ela, provas de criminosos desfilando com armas à luz do dia, vendendo e utilizando drogas entre crianças e adolescentes, além de ter ajuda dos policiais para o tráfico. E diante de tudo, decide ajudar a senhora, assim escrevendo uma grande reportagem que colocaria os holofotes sobre todo o esquema de tráfico. 

 

Cartaz do filme (Foto: IMDb)
Cartaz do filme. Foto: IMDb

 

O filme tem a participação de outras atrizes, como Linn da Quebrada e Laila Garin, que mesmo em papeis secundários, também merecem destaque por agregar camadas à narrativa e mostrar diferentes facetas de como a comunidade é afetada pela violência.

Em resumo, “Vitória” é um filme emocionante e que faz refletir. Apesar dos problemas no ritmo do filme, a força de uma história real e a grande atuação de Fernanda Montenegro, com seus 95 anos, o consolidam como um filme digno de ser assistido e relevante para o cinema brasileiro. 

É um retrato da realidade brasileira que ao dar voz a uma história de resistência contra o crime, levanta questões importantes sobre segurança, justiça e o papel dos cidadãos contra a violência, dando esperança em resistir a toda criminalidade que a sociedade enfrenta com tanta frequência, além de dar voz a uma mulher que decide não se calar.

Tags:
O grupo sul-coreano encerra sua passagem pelo Brasil com o título de maior show de K-pop no país
por
Beatriz Lima
|
09/04/2025 - 12h

 

Na primeira semana de abril, São Paulo e Rio de Janeiro foram palco dos shows da DominATE Tour, do grupo de K-pop Stray Kids. Em novembro de 2024, o grupo anunciou sua primeira passagem pela América Latina após sete anos de carreira, com shows no Chile, Brasil, Peru e México, causando êxtase aos fãs do continente.

Stray Kids é um grupo de K-pop composto por oito integrantes, Bang Chan, Lee Know, Changbin, Hyunjin, Han, Felix, Seungmin e I.N. O grupo estreou em 2018, após um programa eliminatório com diversos trainees da JYP Entertainment - empresa que gere o grupo. No dia 8 de julho de 2024, o grupo anunciou sua terceira turnê mundial chamada ‘DominATE Tour’, com shows iniciais pelo Leste e Sudeste Asiático e Austrália. 

A DominATE Tour foi anunciada para a divulgação de seu mais recente álbum, ATE, lançado dia 19 de julho de 2024. Com o sucesso mundial do grupo e da música “Chk chk boom”, com a participação dos atores Ryan Reynolds e Hugh Jackman no clipe, o grupo divulgou datas para a turnê na América Latina, América do Norte e Europa no início de 2025.

Foto de divulgação da turnê DominATE
Imagem de divulgação da turnê DominATE. Foto: Divulgação/JYP Entertainment

No Brasil, o octeto iniciou sua passagem pela cidade do Rio de Janeiro com seu show de estreia dia 1 de abril no Estádio Nilton Santos, com mais de 55 mil pessoas presentes no local. Em sua primeira data na cidade de São Paulo, sábado (5), o grupo sul-coreano teve os ingressos esgotados e, mesmo com chuva e baixas temperaturas, bateu o recorde de maior show de K-pop no Brasil, com um total de 65 mil pessoas no Estádio MorumBIS. No dia seguinte, o grupo teve seu último dia de passagem pelo país e somou no total - nos dois dias de show na capital paulista - 120 mil pessoas.

Show do Stray Kids no Estádio MorumBIS
Primeiro dia de show do Stray Kids em São Paulo. Foto: JYP Entertainment / Iris Alves

 

Os shows contaram com estruturas complexas e atraentes - com direito a fogos de artifícios e explosões de luz a cada performance -, tradução simultânea nos momentos de interação com o público, banda e equipe de dança do próprio grupo, além de estações de água e paramédicos à disposição do evento. Foram três noites marcantes tanto para os fãs brasileiros quanto para os próprios membros do grupo. “Eu sinto que tudo que nós passamos durante esses sete anos foi para encontrar vocês.” diz Hyunjin em seu primeiro dia de show no Brasil. 

Com o recorde de público nos shows e reações positivas na mídia e público brasileiro, o grupo promete voltar ao país em uma nova oportunidade, deixando claro seu amor pelo país e pelos fãs brasileiros. “Bom, é a sensação de que ganhamos uma segunda casa… todos nós [os oito membros]” declara o líder Bang Chan no primeiro show de São Paulo.

Membros do grupo após o show do Rio de Janeiro.
Foto divulgada após o show do Stray Kids no Rio de Janeiro. Foto: Reprodução/JYP Entertainment

 

Tags:
Último dia do festival em São Paulo também reuniu shows de Justin Timberlake, Foster The People e bandas nacionais
por
Maria Eduarda Cepeda
Jessica Castro
|
09/04/2025 - 12h

 

Neste domingo (30), o Autódromo de Interlagos, na zona sul de São Paulo, recebeu o último dia da edição 2025 do Lollapalooza Brasil. O festival, que reuniu uma diversidade de estilos, contou com apresentações de bandas indies nacionais, como Terno Rei, e gigantes do pop, como Justin Timberlake. Como destaque, tivemos a histórica estreia da banda Tool em solo brasileiro, a volta de Foster The People ao festival e o show emocionante de encerramento do Sepultura, que consagrou sua importância como uma das maiores referências do metal, tanto no Brasil quanto no mundo.

Diferente do primeiro dia, o domingo foi marcado por tempo firme e céu aberto, sem a interferência da chuva. Com condições climáticas favoráveis, o público pôde aproveitar muito seus artistas favoritos ao longo do dia.

As primeiras atrações do dia já davam o tom da despedida do festival: uma mistura de muito indie, rock n’ roll e nostalgia no ar. No palco Budweiser, a cantora pernambucana Sofia Freire abriu os trabalhos com uma estreia marcante, conquistando o público com talento e carisma. E no palco Mike´s Ice, a banda "Charlotte Matou um Cara" chamou atenção por ter a vocalista, Andrea Dip, vestida em uma camisa de força. 

Além de cantora, Andrea é jornalista e faz parte da Agência Pública de Jornalismo Investigativo. Em 2013, recebeu o Prêmio Tim Lopes de Jornalismo Investigativo pelo seu trabalho na história em quadrinhos “Meninas em Jogo” e foi premiada pelo Troféu Mulher Imprensa na categoria site de notícias em 2016.

Vocalista da banda "Charlotte Matou um Cara", Andrea Dip, usando uma camisa de força rosa
A banda já dividiu palco com a cantora e atriz Linn da Quebrada. Foto: Adriana Vieira / Rock On Board

Com músicas que tratam temas como machismo, ditadura militar e a luta contra a violação do corpo feminino, o grupo trouxe para o festival a agressividade e a energia para o "dia do rock". 

Na sequência, o grupo Terno Rei assumiu o palco e transformou a plateia ainda tímida em um coro envolvido por seu setlist, que mesclou sucessos da carreira e novas apostas sonoras. A banda ainda aproveitou o momento para anunciar seu próximo álbum, “Nenhuma Estrela”, com lançamento marcado para 15 de abril.

Depois de 8 anos longe do Brasil, Mark Foster e Isom Innis voltaram pela terceira vez ao Lollapalooza Brasil. As músicas foram de seus sucessos mais recentes às músicas mais queridas pelos fãs, como "Houdini" e "Call It What You Want". Com um público morno, mesmo com a presença dos fãs fiéis, eles não desanimaram e se mostraram contentes por estarem de volta. A música mais famosa, "Pumped Up Kicks", finalizou a apresentação do grupo.

A banda Tool se apresentou pela primeira vez no Brasil após 35 anos de carreira, mas quem compareceu esperando ver o grupo e uma apresentação tradicional teve uma surpresa. Tool fez um show cru, sem pausas e sem momentos emocionados. O visual sombrio e imersão feita pelos visuais espirituais do telão comandaram os espectadores a uma experiência única no festival, sendo o show mais enigmático da noite. A setlist foi variada, com alguns de seus sucessos e músicas de seu álbum mais recente "Fear Inoculum". Apesar da proposta diferenciada, o público pareceu embarcar na viagem sensorial proposta pelo grupo. 

Vocalisa da banda Tool na frente do telão, mas não somos capazes de ver seu rosto, apenas sua silhueta
A presença enigmática do vocalista causou muita curiosidade entre os espectadores. Foto: Sidnei Lopes/ @observadordaimagem

Sepultura está dando adeus aos palcos ao mesmo tempo que celebra seus 40 anos de carreira, assim como o nome de sua turnê, "Celebrating Life Through Death". Fechando a edição de 2025 do festival, a banda teve convidados curiosos para a setlist. Para acompanhar a música "Kaiowas", o cantor Júnior e o criador do Lollapalooza, Perry Farrell, subiram no palco para integrar o ritmo agressivo dessa despedida. Com uma setlist semelhante a do show feito em setembro do ano passado, também dessa turnê de adeus, o grupo não deixou o clima cair mesmo com os problemas técnicos que enfrentaram. O som estava abafado e baixo comparado ao de outros palcos, a banda Bush enfrentou o mesmo problema em sua apresentação. 

A banda encerrou seu legado no festival com um de seus maiores sucessos internacionais, "Roots Bloody Roots", eternizando seu legado e deixando saudades em seus fãs que se mantiveram devotos até o fim.

No palco ao lado, o grande headliner da noite, Justin Timberlake, mostrou que seu status de popstar segue intacto. A apresentação, que não foi transmitida ao vivo pelos canais oficiais do evento, teve performances energéticas, muita dança e vocais entregues sem base pré-gravada.

Justin Timberlake se apresentando no palco principal do festival
Justin Timberlake encerra a terceira noite do festival Lollapalooza 2025. — Foto: Divulgação/Lollapalooza

Com um show marcado por coros emocionados em “Mirrors” e uma enxurrada de hits como, “Cry Me a River”, “SexyBack” e “What Goes Around... Comes Around”, ele reforçou sua presença como um dos grandes nomes da música pop.

Apesar de definitivamente não estar em sua melhor fase — após polêmicas envolvendo sua ex-namorada Britney Spears, que o acusou de um relacionamento abusivo, e uma prisão em 2024 por dirigir embriagado — Timberlake demonstrou um forte engajamento com o público, que saiu eletrizado do show. 

Tags:
Superproduções da Marvel arrebataram o público, mas entraram em declínio com desgaste de sua fórmula
por
Gabriel Cordeiro
|
30/06/2023 - 12h

A  empresa de quadrinhos de super-heróis fundada por Stan Lee, que conta com heróis e grupos  como Homem-Aranha, Hulk e os X-Men passou por uma grave crise financeira nos anos 90, e por isso se viu vendendo os direitos de seus principais heróis para outras empresas, como o Quarteto Fantástico e os X-Men para a Fox e o Homem-Aranha para a Sony. Com a crise se estendendo até os anos 2000, a Casa das Ideias decide se arriscar e iniciar projetos cinematográficos com personagens menos famosos do que aqueles que tinham perdido seus direitos, fazendo acordos bancários para a realização dos filmes, com a contraparte sendo os próprios personagens –  resumindo, caso "Homem de Ferro" não desse retorno, os direitos dele seriam dos bancos.

Robert Downey Jr. como Tony Stark em Homem de Ferro (Reprodução / Marvel)

Robert Downey Junior no filme “Homem de Ferro”, de 2008. (Foto: Reprodução Marvel)

E é desta forma incerta que se inicia seu Universo Compartilhado, em 2008, com o filme “Homem de Ferro” introduzindo tudo que conhecemos, como as cenas pós-créditos e a famosa formula Marvel . O filme foi muito bem recebido pelo público, arrecadando US$ 585 milhões  e gerando lucro. Depois disso, sua sequência, “Homem de Ferro 2”, também teve bons números, chegando a superar o antecessor. Seguindo com os filmes situados no mesmo universo e se conectando, o estúdio chegou ao seu primeiro grande sucesso,  “Os Vingadores”, que passou da casa do bilhão, US$ 1,5 bilhão em bilheteria. com o filme inovando com os personagens da famosa equipe sendo introduzidos em produções anteriores como Capitão América, Thor e Hulk. 

E o sucesso foi se consolidando cada vez mais ao longo dos anos, com franquias menos conhecidas nos quadrinhos se tornando filmes lucrativos, como “Guardiões da Galáxia”, e a retomada de direitos que haviam sido vendidos. Esta recuperação se deu com a compra da Fox pela Disney (detentora dos direitos da Marvel) e um acordo com a Sony para o uso da imagem do Homem-Aranha nos cinemas. Além disso, após 21 produções, todas interconectadas, a Marvel conseguiu, com sua conclusão de saga no filme “Vingadores:Ultimato”, alcançar a marca de segundo filme com maior bilheteria da história, arrecadando US$ 2,8 bilhões, atrás apenas de Avatar. Com isso, a Marvel se tornou a franquia mais lucrativa da história dos cinemas.

Mesmo sendo um inegável sucesso, o Universo Cinematográfico Marvel (UCM) tem seus problemas e, nos últimos tempos, vem apresentando resultados negativos. A “formula Marvel” já mostrava sinais de que estava saturada para o público desde a sequência  Doutor Estranho no Multiverso da Loucura”, “Thor: Amor e Trovão” e “Pantera Negra: Wakanda Para Sempre”, todos lançados em 2022, que não atingiram a casa do bilhão em arrecadação. internacional.https://www.correiodopovo.com.br/image/policy:1.980229:1675174087/Homem-Formiga-3.jpg?f=2x1&$p$f=2300daa&w=1200&$w=9c05b01

Imagem de Homem Formiga e a Vespa: Quantumania. Foto: Divulgação Marvel Studios

“Grande parte do porquê da queda recente vem devido às falhas de design e pós-produção, somados ao mau uso dos efeitos especiais. Além disso, os enredos estão previsíveis e entediantes, com um claro desgaste da tradicional formula Marvel’”, diz o colecionador e aficionado por quadrinhos Guilherme Sansone, que assistiu a todas as produções do UCM. Em sua análise, vistos individualmente, os filmes da Marvel perdem importância, parecendo apenas mais uma engrenagem para a grande máquina”.

A questão da repetição da fórmula e da serialização já foi duramente criticada por renomados diretores, como Martin Scorsese (vencedor do Oscar por “Os Infiltrados”). "Isso não é cinema. Honestamente, o mais próximo que posso pensar deles, por mais bem feitos que sejam, com atores fazendo o melhor que podem dentro das circunstâncias, é em parque de diversões”, escreveu Scorcese, em artigo para o New York Times. Outro famoso cineasta, Francis Ford Coppola (diretor da trilogia “O Poderoso Chefão”), concordou publicamente com a opinião de Scorsese, em entrevista ao canal de televisão France 24. “Não conheço alguém que tire algo ao ver o mesmo filme repetidas vezes. Martin foi gentil quando disse que não é cinema. Ele não chegou a dizer [que os filmes da Marvel] são desprezíveis, o que eu acabei de dizer que são”, afirmou Coppola.

https://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2011/08/Martin-Scorsese_95178166-399x600.jpg

Martin Scorsese. Foto: Featureflash Photo Agency / Shutterstock.com

A estudante de cinema Isabela Kuhar é menos rígida do que os dois cineastas. “Não existem regras do que deve ou não ser um filme, só existem diversos gêneros diferentes, mas acredito que a experiência seja a mesma da que temos quando vemos um filme bom ou ruim de qualquer outro filme nessa categoria. Não acho que os filmes estejam saturados, só acho que se tornaram uma verdadeira indústria e deixou de se importar com a qualidade, deixando as produções menos individualizadas e mais como um produto a ser consumido”, afirma.

Para o público em geral, o excesso de produções também pode acabar afastando muitos telespectadores casuais. “É desanimador tentar se aventurar em um universo tão extenso e já estabelecido”, diz Rodrigo Oliveira, de 19 anos, acrescentando que, ao assistir “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura”, sentiu que lhe faltavam informações para acompanhar a trama. “Dificilmente tirei experiências singulares dos filmes da Marvel”, afirma Oliveira.  

Tags:
O primeiro álbum de Katy Perry que a lançou como um dos maiores ícones pop da indústria
por
Catarina Pace
|
29/06/2023 - 12h

Há 15 anos, Katheryn Elizabeth Hudson, mais conhecida como Katy Perry, se lançava oficialmente na indústria musical. Depois do disco Katy Hudson, que não alcançou sucesso, Katy se tornou um dos garotos em One Of The Boys e não gritou quando viu uma aranha, mas com certeza gritou quando se tornou a primeira artista pop perfect da época. No formato pin-up girl, a artista saiu do coral da igreja para o mundo do pop, se arriscando em músicas com temáticas não tão religiosas, algo que cantores e boybands já exploravam profundamente naquela época. 

Quando escolheu a guitarra ao invés do balé, Katy já estava decidida em ser uma inspiração para a nova geração de fãs do pop rock. Com sete milhões de discos vendidos, o álbum foi o primeiro da californiana com a Capitol Records e tem 13 faixas, em que os famosos hits Waking Up In Vegas, Thinking of You e Hot N Cold, estão presentes. A última, que da data de seu lançamento ocupou a posição #2 na loja virtual do iTunes e a #3 no Hot 100 da Billboard, é considerada o segundo maior hit de sua carreira. 

Autora: Catarina Pace
Katy Perry com figurino do clipe de Waking Up In Vegas
Imagem: [Divulgação]

I Kissed a Girl também esteve nas paradas, sendo número #1 na Billboard Hot 100 e permaneceu no topo durante 7 semanas a partir de seu lançamento. O single vendeu mais de 11 milhões de cópias mundialmente. Repleto de diferentes batidas e ritmos, a nostalgia já era real no primeiro álbum de sucesso mundial da cantora. Apesar da maioria das faixas serem animadas, como em todo álbum da californiana, a melancolia não deixa de estar presente. 

No disco, Katy comove com Thinking Of You e I’m Still Breathing, demonstrando seu talento vocal. A primeira pode ser considerada um prelúdio da icônica The One That Got Away de seu álbum seguinte, lançado em 2010, Teenage Dream. É uma balada romântica que esbanja vocais e sentimentalismo. Já a segunda não tem medo de abordar explicitamente temas como suicídio e questionamentos sobre a própria vida da cantora, mas marca uma nova era – seu renascimento como pessoa e artista. 

Apesar de hoje Katy Perry ser uma das artistas que protege a causa LGBTQIA+ com unhas e dentes, no ano de lançamento do álbum, se envolveu com polêmicas por conta das faixas Ur So Gay e I Kissed a Girl, duas músicas que abordam sexualidade. A primeira segue alguns padrões de opinião da época para o tipo de comportamento masculino, que como diz a música era “tão gay e nem gosta de homens”. Por outro lado, I Kissed a Girl abriu as portas para ela e outras mulheres se libertarem dos padrões heteronormativos da época, como uma canção sobre experiência e ousadia. Tanto a música quanto o videoclipe puderam consagrar a cantora como um ícone dentro da comunidade. 

Com o tom desafiador e irônico do título do álbum, ela conseguiu inovar, e com sua imaginação desenvolvida, criou um mundo só dela. Através de seu olhar penetrante e seu batom vermelho, ela produziu sua própria estética, que pode ir desde docinhos e piscinas de plástico, até as icônicas nuvens coloridas.  

Autora: Catarina Pace
Katy Perry e seu estilo pin-up girl
Imagem: [Divulgação]

Certamente o estilo de pin-up girl perdurou até hoje. A estética de 1940 acompanhou Katy durante sua carreira e foi um marco desse álbum em específico, o que o diretor de arte do disco, Ed Sherman, conseguiu caracterizar muito bem no disco. Era a imagem dela que garotos e garotas queriam ter nas paredes de seus quartos. Na época de seu lançamento, One Of The Boys consagrou Katy Perry não só como uma das maiores cantoras pop da indústria, mas como uma performista de mão cheia. 

Logo em 2008, ano de lançamento do álbum, ela participou da Vans Warped Tour, um festival anual que ocorreu de 1995 a 2019. Depois dele, Katy se preparou para sua primeira turnê solo, a Hello Katy Tour. Lotado de referências de seu próprio projeto e em um palco com um gigante coração rosa, a turnê lançou a artista com performances temáticas e cheias de vida.

Para quem tem saudade dos grandiosos espetáculos que a diva pop fazia no começo da carreira, ela relembrou toda sua carreira e desenvolveu números inéditos para seus shows residentes em Las Vegas, de 2021 até o início deste ano. Com cogumelos e privadas gigantes, Katy Perry fez história mesmo vestindo lacres de latinhas. Intitulada de PLAY, a série de shows em Las Vegas foi mais uma demonstração da artista gigante que Katy foi e ainda é. Seus fãs, os katycats, podem ficar orgulhosos de tudo o que sua california girl construiu até aqui, mesmo sem um Grammy em mãos.

Autora: Catarina Pace
Katy Perry em uma das apresentações da residência PLAY
Imagem: [Divulgação]

One Of The Boys foi o início da carreira meteórica de uma menina que queria mudar sua música e personalidade. Em um mundo próprio, Katy criou uma série de histórias que se conectaram e vieram para tornar a indústria musical menos cinza. Sob seu nome artístico, 15 anos anos se passaram e em 2023, Katheryn sabe exatamente quem foi e quem é hoje. “Está tudo bem em dizer que você não era tão evoluído como humano 5 anos atrás quanto você é agora. Ninguém pode fazer você sentir ou acreditar em algo sobre si que você já não sinta”, relatou Katy em entrevista ao The Guardian. Desde o começo ela garantiu seu lugar no mundo e se tornou uma artista icônica, que com certeza é um pôster que ninguém quer tirar da parede. 

 

Tags:
Tecnologia atrai novo público a museus, mas pode estimular relação superficial com obras
por
Yasmin Solon
|
28/06/2023 - 12h

As chamadas exposições imersivas fazem parte da arte digital contemporânea. Sua proposta é trazer ao público uma experiência intensa em um ambiente multissensorial, que faz uso de recursos como projeções sincronizadas de vídeo, luzes, sons, trilhas sonoras e por vezes até essências olfativas. Entretanto, os debates sobre esta tendência dividem tanto o público quanto os críticos. Alguns acham que as exposições imersivas tornam a arte mais conhecida, outros temem que o real sentido das obras esteja sendo trocado por objetivos mercadológicos.

As exposições imersivas puderam trazer uma experiência única aos visitantes. Rafael Reisman, CEO da Blaist Entreteniment, foi fundador e curador de grandes projetos de sucesso no Brasil. Desde a primeira, Elvis Experience em 2012, até as recentes “Space Adventure”, “Beyond Van Gogh”, “Van Gogh 8K”, “Frida Kahlo” e “The Art of Bansky”.  

Reisman explicou em entrevista à AGEMT como esses eventos são montados: “As exposições, que geralmente ficam quatro meses em cada cidade selecionada, são complexas. Envolve toda uma curadoria cinematográfica e tecnológica de alta performance.” O empresário ainda disse que Beyond Van Gogh contou com mais de 70 projetores a laser de última geração, conectados a servidores de alto desempenho, sendo necessária “muita dedicação de um time grande”.  

Para o CEO, as exposições tiveram um grande alcance pelo “ineditismo”. “As pessoas se interessaram porque foi uma novidade completa aqui, é uma experiência completamente diferente de ir ao museu tradicional”, completou ele. As exposições tiveram grande alcance nas redes sociais, o que contribuiu muito para a divulgação dos projetos. Além de conquistar quem já era fã do artista em exposição, as redes sociais proporcionaram um conhecimento e um interesse de outras pessoas que até então poderiam nem saber sobre seus trabalhos. Reisman concordou em dizer que “as redes influenciaram completamente as exposições, sendo excelentes ferramentas de divulgação”.  

O público, que pode estar mais interessado em registrar o momento e postar, se sente influenciado a fazê-lo mesmo quando o artista em exposição critica fortemente a arte elitista, como Bansky, e o capitalismo, como Kahlo.  As empresas responsáveis pelos projetos veem uma boa opção para lucrar e então, cada vez mais, a programação dos museus inclui ambientesinstagramáveis, fazendo incluir pessoas que talvez, a princípio, não se interessam pelo que acontece na exposição, mas pelo ato de publicar que esteve presente.  

Mesmo assim, apesar da polêmica que pode ser interpretada como arte clássica e arte contemporânea, e agora também digital, existe um público ainda excluído do debate e das exposições. Apesar de as redes sociais propagarem os projetos, o preço dos ingressos é determinante para transformar a vontade em realização, e nesse tipo de exposição não há uma inclusão total.  

Reisman explicou que o preço elevado dos ingressos é justificado pelas altas tecnologias usadas, que ele qualifica como “caríssimas”. Mesmo assim, o CEO explicou que alguns projetos, como “Beyond Van Gogh”, que tem ingressos até R$ 90, tinham iniciativas para tornar a experiência mais acessível: “Às segundas, terças e quartas-feiras tinham ingressos a partir de R$ 35, não é tão caro. Obviamente, os horários e os dias mais concorridos refletiam em preços mais elevados, mas tentamos e conseguimos muito bem dar o acesso a todos. O empresário precisa lucrar e retornar os valores que os projetos demandam, a própria tecnologia é caríssima”.  

Controvérsias à parte, a nova modalidade merece ser visitada porque, assim como disse Reisman, “é cultura”, e as pessoas deveriam conhecer o que pode estar cada vez mais infiltrado no cotidiano moderno. 

Tags:
Ministro de Giorgia Meloni criou lei para aumentar ingressos de museus e chamou Dante Alighieri de 'fundador do pensamento de direita'
por
Felipe Abel Horowicz Pjevac
|
24/06/2023 - 12h

A cultura faz parte da identidade de um país. Os aspectos culturais de qualquer nação ajudam a definir de fato quem ela é, e isso pode ser observado nas mais diversas faces do dia a dia vivido no local.

Ao falar de Itália, já surgem na mente os filmes com mafiosos e diálogos fortes, a tarantella e as comidas tradicionais. Voltando para o passado, são notórias as contribuições culturais advindas da civilização romana antiga, com obras faraônicas como o Coliseu ou a Torre de Pisa. É fato que a cultura ocidental em si vem em grande parte da península italiana, derivando de lá conceitos a respeito de religião (a exemplo do Vaticano), política, filosofia, arte e ciência.

A relação entre o governo e a cultura na Itália sempre foi feita de maneira muito forte, com o Estado bancando obras e produções culturais que elevaram o país ao patamar  de nação tão reconhecida nessa área. No entanto, após o trauma do fascismo, o assunto foi poucas vezes tocado nos anos seguintes.

Tancredi Moretti, italiano de 24 anos que trabalha como gerente-geral na Secretaria Municipal de Cultura de Milão, explica: “A Itália passou a sofrer um preconceito muito forte no continente europeu nos anos que seguiram a Segunda Guerra Mundial, e tudo o que era exportado daqui era recebido com estranheza pelos estrangeiros. Precisamos passar por um período de ‘desintoxicação cultural’, e foi bem difícil”.

Em 1974, o governo de Aldo Moro criou o 'Ministério dos Bens Culturais e do Meio Ambiente', encarregado das pastas culturais e educacionais, e esse ministério foi mudando de nome até se assumir como 'Ministério da Cultura' apenas em março de 2021.

“O nosso país sempre foi um exportador de cultura refinada, mas também tinha muito material bruto mal-aproveitado por aqui. Atores, diretores e ideias brilhantes não tinham recursos disponíveis para criar. O surgimento do ministério foi um grande ponto de partida para aqueles que vivem da cultura aqui na Itália”, continua Tancredi.

Recentemente, no entanto, o país europeu enfrentou uma crise econômica profunda que afetou esses investimentos e a atenção dada a essas pautas, influenciada pela ascensão do regime de extrema-direita de Giorgia Meloni no final de 2022.

“Sempre que penso no Brasil, lembro da Renata Bueno, a deputada brasileira que trouxe para cá o projeto Pró-Cultura importado do Brasil (referindo-se à Lei Rouanet) para incentivar auxílio privado a iniciativas culturais em troca de crédito tributário e eventuais isenções de impostos. Em 2015, época em que isso foi instituído, ouço falar que foi um grande alívio, mas hoje estamos sentindo na pele as restrições que Meloni tenta constantemente impor a esse projeto.”

O ministro da Cultura, Gennaro Sangiuliano, nomeado por Meloni, já deu diversas declarações polêmicas e duvidosas a respeito de sua pauta nos oito meses de cargo até agora, como dizer que o poeta Dante Alighieri, um dos escritores de todos os tempos, foi o "fundador do pensamento de direita”.

Além disso, Sangiuliano criticou logo ao assumir o cargo a entrada gratuita em museus italianos, e já instituiu um projeto de lei que aumenta obrigatoriamente o preço das entradas a museus em um euro para, segundo ele, 'auxiliar em um fundo de emergência'.   

 

A primeira-ministra italiana Giorgia Meloni e seu ministro da Cultura Gennaro Sangiuliano

 

A medida foi duramente criticada, pois, além de afastar muitos italianos desses espaços (uma pesquisa da ISTAT mostra que apenas 12% dos cidadãos italianos já frequentaram museus em 2023, uma redução de quase dez pontos percentuais em relação aos 21,7% de junho de 2022), gerou o fechamento de diversos museus até então gratuitos de pequeno e médio porte que não possuíam estrutura suficiente para começar a cobrar ingressos.

“Os últimos anos foram bem estremecedores para essa relação entre Estado e cultura por aqui. Eu mesmo sou da comuna de Portofino, onde foi produzido o lindo filme ‘Um Sonho de Primavera’, e nossa cidade tinha uma secretaria de Cultura, assim como a maioria das cidades italianas. Especialmente nos últimos dez anos, com a crise política e os cortes de verbas, sobraram só as secretarias maiores, como em Roma ou aqui em Turim, para trabalhar junto com o Ministério”, ressalta Tancredi.

O jovem acrescenta que pessoas mais velhas afirmam enxergar semelhanças entre o governo Meloni e o regime fascista em relação às questões culturais: “Há uma quantidade grande de integrantes do governo Meloni, não só aqueles relacionados à cultura, que em diversos momentos fazem declarações assustadoras ou cogitam um plano de governo muito mais radical nesse ponto”.

O antigo primeiro-ministro Silvio Berlusconi, por exemplo, já chegou a afirmar que “a Itália precisa ser cuidadosa e responsável, pois há certas portas que se forem abertas aos estrangeiros podem acabar com a identidade do país”. Essa supervalorização do produto italiano reprimindo aquilo que vem de fora foi uma das características marcantes da cultura no governo de Mussolini.

Tancredi finaliza relatando que não acredita em uma perspectiva de melhora no cenário a curto ou médio prazo: “Além da enorme crise econômica e dos embates políticos constantes interferindo, Giorgia conseguiu fazer o povo acreditar que a cultura é um ótimo lugar para se tirar dinheiro estatal e reinvesti-lo em outras áreas. Esse tipo de pensamento causa danos que não se consertam apenas com a troca de ministros ou chefes. No momento, uma maior ajuda da iniciativa privada pode ser muito bem-vinda. Durante a pandemia, a Itália não produziu quase nada, e é difícil retomar esse processo.

Tags:
Uso da ferramenta poderá contribuir para a preservação de patrimônios culturais na sociedade; infraestrutura é um dos desafios
por
Kawan Novais
|
28/06/2023 - 12h

A alta capacidade em processamento de dados que os recursos de inteligência artificial (IA) oferecem, faz com que essa ferramenta impacte todos os setores da sociedade. Ainda que os holofotes sobre o tema estejam em torno da comunicação, devido à ascensão de fenômenos como o Chat GPT, chat de conversação com robôs, a IA vem sendo adotada de maneira decisiva em diversas outras áreas. Na esfera cultural, por exemplo, uma das utilizações mais proveitosas tem sido na preservação de patrimônio. 

A Organização das Nações Unidas para a Ciência e a Cultura (Unesco) define o patrimônio cultural material como um “valor universal excepional do ponto de vista histórico, estético, arqueo-lógico, científico, etnológico ou antropológico”, e assim, em cada patrimônio há uma revelação identitária de uma determinada população. Para o professor e empresário Alexandre Del Rey, cofundador da I2AI (International Association of Artificial Intelligence), esta importância dos patrimônios justifica a adoção da inteligência artificial como um dos recursos essenciais para a preservação. 

“A inteligência artificial é uma tecnologia que pode ser usada de uma maneira transversal, em todos os setores. Então, enquanto uma ferramenta, ela consegue apoiar de diversas formas, a exemplo de um atendimento melhor às pessoas que frequentam museus ou espaços públicos de arte onde se precisa de uma tutoria personalizada”, explica Del Rey, citando o exemplo da exposição “A Voz da Arte”, realizada em 2017 pela Pinacoteca de São Paulo em conjunto com a IBM. A mostra utilizada um sistema cognitivo de IA, chamado Watson, para “conversar” com o público sobre algumas obras exibidas.

Imagem 1
Pinacoteca de São Paulo. Foto: Sailko/Wikimedia Commons

Além da utilização dessa ferramenta na intermediação de interações entre a tecnologia e indivíduos e na mediação das criações humanas, a IA também oferecerá recursos para a manutenção de instituições e seus produtos, como no Projeto SIAP (Sistema de Inteligência Artificial para a detecção e alerta de riscos sobre o Patrimônio), realizado em 2019, em Portugal. “Quando se fala de preservação, algumas tecnologias ligadas à inteligência artificial, especialmente, as ligadas à aprendizagem de padrão, máquina e elementos de divisão computacional com que você consegue capturar padrões através de imagens permitem, por exemplo, ver se há algum tipo deterioração de uma arte ou identificar as obras que são de um mesmo período histórico”, comenta Del Rey. 

Segundo o empresário, serão benéficos os efeitos em relação ao potencial que a inteligência artificial apresenta para o gerenciamento e preservação de patrimônios culturais no setor acadêmico. Para ele, haverá uma facilidade maior no desenvolvimento de pesquisas, através de recursos como a comparação de textos e a possibilidade de identificar questões que, atualmente, ainda são incertas. “Acho que a IA poderá ajudar a mitigar e diminuir as incertezas do campo acadêmico, especialmente, da arqueologia, museologia e melhorar a parte dos arquivos e armazenagem de informação na biblioteconomia”, ele avalia. 

No entanto, ainda que Del Rey enxergue um grande potencial, ele também considera elementos que dificultam o desenvolvimento tecnológico, como a falta de investimentos em infraestrutura e de profissionais que apliquem seus conhecimentos em diferentes áreas 

Sobre o acesso limitado às ferramentas de inteligência artificial, Del Rey acredita que pode ser revertido com educação. “Acho que há alguns elementos, como a falta de conhecimento do que ela pode fazer e do que ela não pode fazer, então é através da educação para entender melhor sobre a IA e entender como ela funciona. Aqui no Brasil, há o problema de pessoas não terem acesso à Internet e quanto mais acesso, maior será o uso dessas ferramentas de inteligência artificial”, ele afirmou. Segundo dados do IBGE, em 2021, mais de 28 milhões de brasileiros com 10 anos de idade ou mais não tinham acesso à internet, sendo a falta de conhecimento sobre o uso o principal motivo. 

O empresário destaca o caráter transversal da inteligência artificial e afirma que cada profissional deverá se adaptar a essa ferramenta, visando a criação de novas possibilidades de uso. Del Rey ressalta as oportunidades existentes na área tecnológica. “Ao mesmo tempo, há algumas oportunidades. Essas tecnologias estão mais acessíveis, mais baratas de se usar. Hoje, a partir delas você consegue aprender muito mais rápido e com a globalização, mesmo sendo desenvolvida em outros países, a gente consegue acessar com a maior facilidade”, finaliza.

Tags: