Banda se apresenta em fevereiro de 2026; taxas extras geram críticas e frustrações entre os fãs
por
Maria Clara Palmeira
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27/06/2025 - 12h

A espera acabou! Na segunda-feira (23), foi anunciado que, após 17 anos, a banda americana My Chemical Romance retornará ao Brasil em 2026 pela segunda vez. O único show da banda em solo brasileiro será no dia 5 de fevereiro, no Allianz Parque, em São Paulo, como parte de sua turnê pela América Latina. 

A apresentação contará com a abertura da banda sueca The Hives e irá reunir brasileiros que acompanham a trajetória do grupo desde os anos 2000.

Anúncio da turnê na América do Sul. Reprodução: Instragram/@mychemicalromance
Anúncio da turnê na América do Sul. Reprodução: Instragram/@mychemicalromance


Formada em Nova Jersey nos Estados Unidos, em 2001, o My Chemical Romance tornou-se uma das bandas mais representativas do rock alternativo e símbolo do movimento emo. A formação atual é composta por Gerard Way nos vocais, Ray Toro e Frank Iero na guitarra, e Mikey Way no baixo.

O grupo lançou seu álbum de estreia, “I Brought You My Bullets, You Brought Me Your Love”, em 2002, mas o sucesso internacional veio em 2004, com “Three Cheers for Sweet Revenge”. No entanto, foi em 2006 com o disco “The Black Parade” que a banda atingiu o auge. O single “Welcome to the Black Parade” se tornou um hino da geração emo, alcançando o primeiro lugar nas paradas britânicas e consolidando o grupo no cenário global.

Após diversos sucessos, a banda entrou em hiato e anunciou sua separação em março de 2013. O retorno foi anunciado em outubro de 2019, com um show em Los Angeles. Em 2022, após dois anos de adiamentos devido à pandemia, a banda embarcou em uma extensa turnê, passando pelos EUA, Europa, Oceania e Ásia.

Desde a quarta-feira (25), início da pré-venda, fãs relataram insatisfação com o preço dos ingressos, que variam entre R$ 197,50 e R$ 895,00, além das cobranças de taxas adicionais. A revolta se intensificou com a cobrança da taxa de processamento, considerada uma novidade pela bilheteria oficial, a Eventim. A empresa alegou que essa tarifa garante a segurança dos dados dos consumidores, mas a justificativa não convenceu o público. 


Mesmo com a revolta, a expectativa de alta demanda se confirmou: a venda geral, aberta nesta quinta-feira (27) ao meio-dia, resultou em ingressos esgotados em 10 minutos.

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Nova exposição na Pinacoteca Contemporânea revela o papel político da pop arte brasileira no período de ditadura.
por
Maria Luiza Pinheiro Reining
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25/06/2025 - 12h

Por trás da explosão de cores, imagens familiares e estética publicitária da pop art brasileira, havia ruído, ambiguidade e protesto. Essa é a premissa da exposição Pop Brasil: Vanguarda e Nova Figuração, 1960-70, em cartaz na nova sede da Pinacoteca Contemporânea, em São Paulo. Mais do que uma exibição de obras pop, a mostra constrói um retrato crítico de uma década marcada por ditadura, censura e modernização desigual, e de como a arte respondeu a esse cenário.

A exposição celebra os sessenta anos das mostras Opinião 65 e Propostas 65, marcos da virada estética e política na produção brasileira. O percurso curatorial, assinado por Pollyana Quintella e Yuri Quevedo, reúne obras que reagiram diretamente ao avanço da indústria cultural, à opressão do regime militar e à transformação dos modos de vida. Em vez de apenas absorver os códigos da cultura de massa, os artistas incorporaram sua linguagem para tensionar o que ela ocultava: a violência da ditadura, o apagamento de subjetividades e a precarização das relações sociais.

Contra a censura
Tônia Carreiro, Eva Wilma, Odete Lara, Norma Benghel e Cacilda Becker protestam contra censura, em 1968

A ideia de que “a pop arte é o braço avançado do desenvolvimento industrial das grandes economias” é ressignificada no Brasil, onde a modernização industrial coexistia com a informalidade, a desigualdade e a repressão. Em vez do otimismo norte-americano, a arte pop brasileira surge como crítica: reapropria slogans, transforma marginais em heróis, imprime silhuetas de bandeiras como gesto de manifestação coletiva. A visualidade sedutora do consumo encontra a resistência política camuflada nas superfícies gráficas.

A exposição percorre núcleos como Poder e Resistência, Desejo e Trivialidade, Criminosos e Cultura Marginal, entre outros. Em comum, todos os conjuntos partem de imagens produzidas ou apropriadas do cotidiano: televisão, jornal, embalagem; para apontar fissuras entre aparência e estrutura. Hélio Oiticica, Rubens Gerchman, Wanda Pimentel, Antonio Manuel e muitos outros traduzem a tensão entre censura e invenção por meio de performances, happenings e obras gráficas que confundem arte e ação direta.

Helio Oiticica
Hélio Oiticica, 1968

Se nos Estados Unidos a pop art celebrava o consumo, no Brasil ela revelou o que havia por trás dele. A mostra explicita como a arte brasileira dos anos 1960 e 70 operou sob risco, incorporando elementos populares para criticar os próprios instrumentos de controle e espetáculo.

Mais do que rever o passado, Pop Brasil propõe um exercício de leitura do presente. Diante da repetição de discursos autoritários, da estetização da política e da crise na democracia, o gesto pop reaparece como estratégia de sobrevivência, uma forma de dizer muito com imagens que, à primeira vista, parecem dizer pouco.

 

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A incerteza quanto ao fim das salas de cinema e início da diminuição em massa de consumidores
por
Chiara Renata Abreu
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18/06/2025 - 12h

A recente chegada dos streamings pode acabar com os cinemas. Internacionalmente, as plataformas têm se mostrado cada vez mais aptas a abalar seus concorrentes. 

Depois da pandemia, os donos dos cinemas sentiram a diminuição de movimento, que preocupa não só a indústria, mas a sociedade em si. Filmes e curtas fazem parte da formação da cultura de civilizações, e a incerteza de sua existência atormenta. Os streamings ganharam força no período de quarentena, ocupando o espaço que as salas obtinham. O conforto de estar em sua própria casa, poder parar o filme a qualquer momento e a variedade no catálogo são alguns dos principais motivos do aumento da modalidade segundo pesquisas da Cinepop, site especializado em cinema. 

De acordo com pesquisas da revista O Globo, a área do cinema conseguiu em 2023 superar as dificuldades e recuperar alguns de seus fregueses, mas os números seguem abaixo do que estavam antes da pandemia. Segundo o analista de mercado Marcelo J. L. Lima em entrevista para a revista, a crise é mundial, com ressalvas em países como França, Índia, Coreia do Sul e China, que tem menor influência de Hollywood. Ainda, a reportagem aponta que parte da fraqueza hoje encontrada na indústria se fez depois de 1980, a partir do início da migração dos cinemas de rua para os de shopping. Em 2008 apenas 27% deles eram fora dos centros de comércio. 

Em entrevista para O Globo, Marcos Barros, presidente da Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex (Abraplex), apontou que os cinemas estão em apenas 8% dos municípios brasileiros, apenas 451 de um total de 5.565 cidades. A volta dos cinemas de rua poderia diminuir o desequilíbrio das salas, gerando uma maior popularização do cinema. Segundo Raíssa Araújo Ferreira, estudante de cinema na Belas Artes, “os cinemas estão se perdendo. Antigamente existiam vários cinemas de rua, de mais fácil acesso. Hoje está acontecendo uma elitização das salas. Elas estão, por exemplo, muito longe das periferias e concentradas nos shoppings, então existe todo o gasto com a locomoção. O cinema se torna um lugar de privilégio”. 

“O cinema é a sétima arte. Ela é um conjunto de todas as outras artes, e o cinema é vivo. Ele é sempre atual. Ele é sempre de todas as épocas. Então nada que é vivo vai desaparecer sem deixar vestígios. O cinema tem muito o que falar. É como se as salas estivessem adormecidas. Elas não estão mortas, mas sim apagadas”, comenta a aluna. 

A jovem complementa com ideias para a volta do triunfo das salas de cinema. “Acho que precisamos reinventar as salas. Apostar em programações mais diversas, ingressos mais acessíveis, novas salas mais perto da periferia e espalhar o cinema pelas cidades do Brasil. Criar o desejo de ir ao cinema, como um acontecimento, e trazer experiências mais imersivas, como convidar atores para, antes da sala de cinema, falarem sobre o filme. Trazer também eventos para apoiar o cinema de rua, investindo nas produções independentes e criando lugares públicos. Assim, as salas vão se reposicionar e oferecer algo que o sofá de casa ou a cama não oferece”. 

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A história do grupo que ultrapassou as barreiras sonoras pode ser vista no centro de SP até o fim de agosto
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Por Guilbert Inácio
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26/06/2025 - 12h

A exposição “O Quinto Elemento”, em homenagem aos 35 anos do notório grupo de rap Racionais MC’s, está em cartaz desde o dia 06 de dezembro de 2024, no Museu das Favelas, no Pátio do Colégio, região central da cidade de São Paulo. A mostra era para ter sido encerrada em 31 de maio de 2025, mas, devido ao sucesso, vai agora até 31 de agosto.

A imagem mostra um painel os quatros membros dos Racionais MC's
Em 2024, o museu ganhou o prêmio de Projeto Especial da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) pela exposição. Foto: Guilbert Inácio. 

Museu das Favelas

O Museu das Favelas está localizado no Centro histórico de São Paulo, mas esse nem sempre foi o seu endereço. Inaugurado no dia 25 de novembro de 2022, no Palácio dos Campos Elíseos, o Museu das Favelas ficou 23 meses no local até trocar de lugar com a Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo, no dia 26 de agosto de 2024.  

Fechado por três meses, o museu reabriu no dia 06 de dezembro de 2024, já com a nova exposição dos Racionais MC’s. Em entrevista à AGEMT, Eduardo Matos, um dos educadores do museu, explicou que a proposta da exposição chegou neles por meio de Eliane Dias, curadora da exposição, CEO da Boogie Naipe, produtora dos Racionais e esposa do Mano Brown. Eduardo complementou que o museu trocou de lugar para ter mais espaço para a mostra, já que no Campos Elísios não teria espaço suficiente para implantar a ideia. 

Tarso Oliveira, jornalista e historiador com pós-graduação em Africanidades e Cultura Afro-Brasileira, comentou que a gratuidade do museu é um convite para periferia conhecer a sua própria história e que, quando falamos de Racionais MC's, falamos de uma história dentro da história da cultura hip-hop, que salvou várias gerações fadadas a serem esquecidas e massacradas pelo racismo estrutural no Brasil. “Nós temos oportunidades de escrever a nossa narrativa pelas nossas mãos e voltada para o nosso povo. Isso é a quebra fundamental do epistemicídio que a filósofa Sueli Carneiro cita como uma das primeiras violências que a periferia sofre.”, afirma o historiador. 

O Quinto Elemento

Basta subir as escadas para o segundo andar do museu, para iniciar a imersão ao mundo dos Racionais. Na entrada, à sua direita, é possível ouvir áudios do metrô, com o anúncio das estações. Uma delas, a estação São Bento da linha 1-Azul, foi o berço do hip-hop em São Paulo, na década de 1980. À esquerda está um som com músicas dos Racionais, uma trilha que você irá ouvir em todos os espaços da exposição.

A imagem apresenta três placas, em sequência, com os dizeres "X", "Racionais MC's" e "Vida Loka".
Placas semelhantes às placas com nomes de rua trazem as letras do grupo. Foto: Guilbert Inácio.

No primeiro espaço, podemos ver o figurino do Lorde Joker, além de uma breve explicação da presença recorrente na obra do grupo da figura do palhaço em apresentações e músicas como “Jesus Chorou”, em que Mano Brown canta: “Não entende o que eu sou. Não entende o que eu faço. Não entende a dor e as lágrimas do palhaço.”

A imagem mostra uma fantasia laranja de um palhaço. Ao lado, há uma televisão.
O figurino é usado em shows pelo dançarino de break Jorge Paixão. Foto: Guilbert Inácio. 

Ao adentrar o segundo espaço, você mergulha na ancestralidade do grupo. Primeiro vemos imagens e um pouco da história das mães dos quatro membros, Dona Benedita, mãe e avó de Ice Blue; Dona Ana, mãe do Mano Brown; Dona Maria José, mãe de KL Jay e Dona Natalícia, mãe de Edi Rock. Todas elas são muito importantes para o grupo e ganharam, inclusive, referências em músicas como “Negro Drama” em que Brown canta: “Aí Dona Ana, sem palavra. A senhora é uma rainha, rainha”. 

É nessa área que descobrimos o significado do nome da exposição. Há um painel no local com um exame de DNA dos quatro integrantes que revela o ponto de encontro entre eles ou o quinto elemento – a África.

A imagem mostra um painel com o exame de DNA dos quatro membros dos Racionais MC's
Na “Selva de Pedra”, antes de todos se conhecerem, todos já estavam conectados por meio da ancestralidade. Foto: Guilbert Inácio.

O título se torna ainda mais significativo quando lembramos que a cultura hip-hop é composta por quatro elementos: rap, beat, break dance e grafite. O quinto elemento seria o conhecimento e a filosofia transmitida pelos Racionais, grupo já imortalizado na cultura brasileira, sobretudo na cultura periférica. 

Na terceira área, podemos conhecer um pouco de Pedro Paulo Soares Pereira, o Mano Brown; Paulo Eduardo Salvador, mais conhecido como Ice Blue; Edivaldo Pereira Alves, o Edi Rock e, por fim, Kleber Geraldo Lelis Simões, o KL Jay. Entre os inúmeros objetos, temos o quimono de karatê de Blue e o trombone de seu pai, a CDC do KL Jay, rascunhos de letras de Brown e Edi Rock.

A imagem mostra um bicicleta BMX azul
Primeira BMX de Edi Rock. Foto: Guilbert Inácio. 

O próximo espaço é o “Becos do som e do Tempo”, que está dividido em vários pequenos slots que mostram a trajetória musical do grupo. Podemos ver rascunhos de letras, registros de shows e a história de algumas músicas, além de alguns prêmios conquistados durante a carreira do grupo. 

Algumas produções expostas são “Holocausto Urbano” (1990); “Escolha seu Caminho” (1992); “Raio X do Brasil” (1993); “Sobrevivendo no Inferno” (1997); “Nada Como um Dia Após o outro Dia” (2002).

A imagem mostra um painel com os dizeres "Minha palavra vale um tiro, eu tenho muita munição" e uma foto dos quatro membros dos Racionais MC's. Ao lado, há fotos individuais dos membros.
O grupo confirmou um novo álbum para este ano, mas ainda não divulgou o título da obra nem a data de lançamento. Foto: Guilbert Inácio.

Nos próximos espaços, tem uma área sobre o impacto cultural, um cinema que exibe shows e o local “Trutas que se Foram” em homenagem a várias personalidades da cultura hip-hop que já morreram. A exposição se encerra no camarim, onde estão disponíveis alguns papéis e canetas para quem quiser deixar um registro particular na exposição.

A imagem mostra uma pequena placa com a foto da Dina Di e os dizeres: "Dina Di. Cria da área 019, como as quebradas conhecem a região de Campinas, no interior de São Paulo, Viviane Lopes Matias, a Dina Di, foi uma das mulheres mais importantes do rap no Brasil. Dina era a voz do grupo Visão de Rua. Dona de uma voz forte, assim como sua personalidade, a rapper nasceu em 19 de fevereiro de 1976 e morreu em 19 de março de 2010. Foi uma das primeiras mulheres a conquistar espaço no rap nacional. Dina nos deixou por causa de uma infecção hospitalar, que a atingiu 17 dias após o parto de sua segunda filha, Aline."
Nomes como Sabotage, Chorão, WGI, entre outros são homenageados na exposição. Foto: Guilbert Inácio. 

Segundo Eduardo, a exposição está movimentando bastante o museu, com uma média de 500 a 800 pessoas por dia. Ele conta que o ápice da visitação foi um dia em que 1500 pessoas apareceram no local. O educador complementa que, quando a exibição chegou perto da sua primeira data de encerramento, em maio, as filas para visitar o espaço aumentaram consideravelmente. O que ajudou a administração a decidir pela prorrogação.  

Eduardo também destaca que muitas pessoas vão ao museu achando que ele é elitizado, mas a partir do momento em que eles veem que o Museu das Favelas é acolhedor, com funcionários dispostos a tirar suas dúvidas e com temas que narram o cotidiano da população brasileira, tudo muda. 

 “Dá para sentir que o pessoal se sente acolhido, e tendo um movimento desse com um grupo que é das favelas, das quebradas, que o pessoal se identifica, é muito melhor. Chama atenção e o pessoal consegue ver que o museu também é lugar da periferia”, conclui. 

Impacto Cultural

Os Racionais surgiram em 1988 e, durante todo o trajeto da exposição, podemos ver o quão importante eles são até hoje para a cultura brasileira, seja por meio de suas músicas que denunciaram e denunciam o racismo, a violência do Estado e a miséria na periferia – marcada pela pobreza e pela criminalidade –, seja ocupando outros espaços como as provas nacionais e vestibulares.

A imagem mostra duas provas do Exame do Ensino Médio de 2023 com os trechos "Até no lixão nasce Flor" e É só questão de tempo, o fim do sofrimento".".
Trechos de Vida Loka, parte I e II nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio de 2023 (ENEM). Foto: Guilbert Inácio. 

Em 2021, foi ao ar a primeira temporada do podcast Mano a Mano, conduzido por Brown e a jornalista Semayat Oliveira, que chegou a sua terceira temporada em 2025.

Inclusive, o podcast, que já teve inúmeros convidados da cultura e da política vai virar  um livro, homônimo. A publicação sairá pela Companhia das Letras, que já publicou o livro “Sobrevivendo no Inferno”, em 2017. 

Segundo Tarso, o grupo representa a maior bandeira que a cultura negra e periférica já levantou nesse país, visto por muitos como super-heróis do gueto contra um sistema racista e neoliberal; além de produtores de uma música capaz de mudar a atitude e a perspectiva das pessoas, trazendo autoestima, além de muito conhecimento. 

“Um dos principais motivos do grupo se manter presente no cenário cultural é não se acomodar com a "força da camisa", como cita o Blue.  E sempre buscar ir além artisticamente, fazendo com que seus fãs tendam a ir para o mesmo caminho e continuem admirando sua arte e missão.”, finaliza Tarso. 

 

Serviço

O Museu das Favelas é gratuito e está aberto de terça a domingo, das 10h às 17h, com permanência permitida até às 18h. A retirada dos ingressos pode ser online ou na recepção do museu. Além da exposição “O Quinto Elemento”, também é possível visitar as exibições “Sobre Vivências” e “Favela é Giro”, nos mesmos horários.

Temáticas são abordadas desde os anos 60 no Japão e continuam exploradas até hoje
por
LUCCA CANTARIM DOS SANTOS
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16/06/2025 - 12h

“O sonífero”, projeto criado por Lucca Cantarim, estudante de jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) , tem por objetivo combater a visão reacionária a respeito de temas de gênero no entretenimento.

Trazendo a história da presença de personagens de diversas sexualidades e gêneros nos mangás e animes dentro da mídia japonesa, o autor trás uma reflexão leve, descontraída, porém importante a respeito de uma representatividade tão importante.

Os sete artigos que compõem o projeto estão disponíveis para serem lidos no site “Medium”, no perfil autoral de Lucca. Os textos contém entrevistas com pesquisadores, fãs e até mesmo leitores de dentro da comunidade LGBT que se identificam e se abrem sobre a importância da representatividade para eles.

Disponível em: https://medium.com/@luccacantarim/list/o-sonifero-d19af775653e

 

Filme brasileiro conta a história de uma senhora que através de uma câmera expôs uma rede de tráfico no Rio de Janeiro
por
Kaleo Ferreira
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14/04/2025 - 12h

O filme “Vitória” lançado no dia 13 de março de 2025, dirigido por Andrucha Waddington e roteirizado por Paula Fiuza, tem como tema a história de Dona Nina (Fernanda Montenegro), uma senhora de 80 anos que sozinha, desmantelou um esquema de tráfico de drogas em Copacabana, filmando com uma câmera a rotina do mercado criminoso da janela de seu apartamento.

 

Cena do filme ”Vitória” (Foto: CNN Brasil)
Cena do filme ”Vitória”. Foto: CNN Brasil

 

O longa é inspirado no livro “Dona Vitória Joana da Paz”, escrito pelo jornalista Fábio Gusmão e baseado na história verídica de Joana Zeferino da Paz. Grande força do filme vem da atuação de Fernanda, que consegue transmitir a solidão, indignação, determinação e a garra que a personagem teve para confrontar o crime na Ladeira dos Tabajaras.

O filme começa construindo uma atmosfera de grande tensão, claustrofobia e solidão dentro do pequeno apartamento com o reflexo da violência diante dos olhos, assim mergulhando na realidade crua do cotidiano carioca, expondo a fragilidade da segurança pública e o poder que o crime organizado possui. 

Em certos momentos, o ritmo da narrativa se torna um pouco lento e cansativo e a ação do longa começa com a introdução do jornalista Fábio, interpretado por Alan Rocha, que desenvolve uma relação de parceria com Dona Nina. Ele assiste às fitas gravadas por ela, provas de criminosos desfilando com armas à luz do dia, vendendo e utilizando drogas entre crianças e adolescentes, além de ter ajuda dos policiais para o tráfico. E diante de tudo, decide ajudar a senhora, assim escrevendo uma grande reportagem que colocaria os holofotes sobre todo o esquema de tráfico. 

 

Cartaz do filme (Foto: IMDb)
Cartaz do filme. Foto: IMDb

 

O filme tem a participação de outras atrizes, como Linn da Quebrada e Laila Garin, que mesmo em papeis secundários, também merecem destaque por agregar camadas à narrativa e mostrar diferentes facetas de como a comunidade é afetada pela violência.

Em resumo, “Vitória” é um filme emocionante e que faz refletir. Apesar dos problemas no ritmo do filme, a força de uma história real e a grande atuação de Fernanda Montenegro, com seus 95 anos, o consolidam como um filme digno de ser assistido e relevante para o cinema brasileiro. 

É um retrato da realidade brasileira que ao dar voz a uma história de resistência contra o crime, levanta questões importantes sobre segurança, justiça e o papel dos cidadãos contra a violência, dando esperança em resistir a toda criminalidade que a sociedade enfrenta com tanta frequência, além de dar voz a uma mulher que decide não se calar.

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O grupo sul-coreano encerra sua passagem pelo Brasil com o título de maior show de K-pop no país
por
Beatriz Lima
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09/04/2025 - 12h

 

Na primeira semana de abril, São Paulo e Rio de Janeiro foram palco dos shows da DominATE Tour, do grupo de K-pop Stray Kids. Em novembro de 2024, o grupo anunciou sua primeira passagem pela América Latina após sete anos de carreira, com shows no Chile, Brasil, Peru e México, causando êxtase aos fãs do continente.

Stray Kids é um grupo de K-pop composto por oito integrantes, Bang Chan, Lee Know, Changbin, Hyunjin, Han, Felix, Seungmin e I.N. O grupo estreou em 2018, após um programa eliminatório com diversos trainees da JYP Entertainment - empresa que gere o grupo. No dia 8 de julho de 2024, o grupo anunciou sua terceira turnê mundial chamada ‘DominATE Tour’, com shows iniciais pelo Leste e Sudeste Asiático e Austrália. 

A DominATE Tour foi anunciada para a divulgação de seu mais recente álbum, ATE, lançado dia 19 de julho de 2024. Com o sucesso mundial do grupo e da música “Chk chk boom”, com a participação dos atores Ryan Reynolds e Hugh Jackman no clipe, o grupo divulgou datas para a turnê na América Latina, América do Norte e Europa no início de 2025.

Foto de divulgação da turnê DominATE
Imagem de divulgação da turnê DominATE. Foto: Divulgação/JYP Entertainment

No Brasil, o octeto iniciou sua passagem pela cidade do Rio de Janeiro com seu show de estreia dia 1 de abril no Estádio Nilton Santos, com mais de 55 mil pessoas presentes no local. Em sua primeira data na cidade de São Paulo, sábado (5), o grupo sul-coreano teve os ingressos esgotados e, mesmo com chuva e baixas temperaturas, bateu o recorde de maior show de K-pop no Brasil, com um total de 65 mil pessoas no Estádio MorumBIS. No dia seguinte, o grupo teve seu último dia de passagem pelo país e somou no total - nos dois dias de show na capital paulista - 120 mil pessoas.

Show do Stray Kids no Estádio MorumBIS
Primeiro dia de show do Stray Kids em São Paulo. Foto: JYP Entertainment / Iris Alves

 

Os shows contaram com estruturas complexas e atraentes - com direito a fogos de artifícios e explosões de luz a cada performance -, tradução simultânea nos momentos de interação com o público, banda e equipe de dança do próprio grupo, além de estações de água e paramédicos à disposição do evento. Foram três noites marcantes tanto para os fãs brasileiros quanto para os próprios membros do grupo. “Eu sinto que tudo que nós passamos durante esses sete anos foi para encontrar vocês.” diz Hyunjin em seu primeiro dia de show no Brasil. 

Com o recorde de público nos shows e reações positivas na mídia e público brasileiro, o grupo promete voltar ao país em uma nova oportunidade, deixando claro seu amor pelo país e pelos fãs brasileiros. “Bom, é a sensação de que ganhamos uma segunda casa… todos nós [os oito membros]” declara o líder Bang Chan no primeiro show de São Paulo.

Membros do grupo após o show do Rio de Janeiro.
Foto divulgada após o show do Stray Kids no Rio de Janeiro. Foto: Reprodução/JYP Entertainment

 

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Último dia do festival em São Paulo também reuniu shows de Justin Timberlake, Foster The People e bandas nacionais
por
Maria Eduarda Cepeda
Jessica Castro
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09/04/2025 - 12h

 

Neste domingo (30), o Autódromo de Interlagos, na zona sul de São Paulo, recebeu o último dia da edição 2025 do Lollapalooza Brasil. O festival, que reuniu uma diversidade de estilos, contou com apresentações de bandas indies nacionais, como Terno Rei, e gigantes do pop, como Justin Timberlake. Como destaque, tivemos a histórica estreia da banda Tool em solo brasileiro, a volta de Foster The People ao festival e o show emocionante de encerramento do Sepultura, que consagrou sua importância como uma das maiores referências do metal, tanto no Brasil quanto no mundo.

Diferente do primeiro dia, o domingo foi marcado por tempo firme e céu aberto, sem a interferência da chuva. Com condições climáticas favoráveis, o público pôde aproveitar muito seus artistas favoritos ao longo do dia.

As primeiras atrações do dia já davam o tom da despedida do festival: uma mistura de muito indie, rock n’ roll e nostalgia no ar. No palco Budweiser, a cantora pernambucana Sofia Freire abriu os trabalhos com uma estreia marcante, conquistando o público com talento e carisma. E no palco Mike´s Ice, a banda "Charlotte Matou um Cara" chamou atenção por ter a vocalista, Andrea Dip, vestida em uma camisa de força. 

Além de cantora, Andrea é jornalista e faz parte da Agência Pública de Jornalismo Investigativo. Em 2013, recebeu o Prêmio Tim Lopes de Jornalismo Investigativo pelo seu trabalho na história em quadrinhos “Meninas em Jogo” e foi premiada pelo Troféu Mulher Imprensa na categoria site de notícias em 2016.

Vocalista da banda "Charlotte Matou um Cara", Andrea Dip, usando uma camisa de força rosa
A banda já dividiu palco com a cantora e atriz Linn da Quebrada. Foto: Adriana Vieira / Rock On Board

Com músicas que tratam temas como machismo, ditadura militar e a luta contra a violação do corpo feminino, o grupo trouxe para o festival a agressividade e a energia para o "dia do rock". 

Na sequência, o grupo Terno Rei assumiu o palco e transformou a plateia ainda tímida em um coro envolvido por seu setlist, que mesclou sucessos da carreira e novas apostas sonoras. A banda ainda aproveitou o momento para anunciar seu próximo álbum, “Nenhuma Estrela”, com lançamento marcado para 15 de abril.

Depois de 8 anos longe do Brasil, Mark Foster e Isom Innis voltaram pela terceira vez ao Lollapalooza Brasil. As músicas foram de seus sucessos mais recentes às músicas mais queridas pelos fãs, como "Houdini" e "Call It What You Want". Com um público morno, mesmo com a presença dos fãs fiéis, eles não desanimaram e se mostraram contentes por estarem de volta. A música mais famosa, "Pumped Up Kicks", finalizou a apresentação do grupo.

A banda Tool se apresentou pela primeira vez no Brasil após 35 anos de carreira, mas quem compareceu esperando ver o grupo e uma apresentação tradicional teve uma surpresa. Tool fez um show cru, sem pausas e sem momentos emocionados. O visual sombrio e imersão feita pelos visuais espirituais do telão comandaram os espectadores a uma experiência única no festival, sendo o show mais enigmático da noite. A setlist foi variada, com alguns de seus sucessos e músicas de seu álbum mais recente "Fear Inoculum". Apesar da proposta diferenciada, o público pareceu embarcar na viagem sensorial proposta pelo grupo. 

Vocalisa da banda Tool na frente do telão, mas não somos capazes de ver seu rosto, apenas sua silhueta
A presença enigmática do vocalista causou muita curiosidade entre os espectadores. Foto: Sidnei Lopes/ @observadordaimagem

Sepultura está dando adeus aos palcos ao mesmo tempo que celebra seus 40 anos de carreira, assim como o nome de sua turnê, "Celebrating Life Through Death". Fechando a edição de 2025 do festival, a banda teve convidados curiosos para a setlist. Para acompanhar a música "Kaiowas", o cantor Júnior e o criador do Lollapalooza, Perry Farrell, subiram no palco para integrar o ritmo agressivo dessa despedida. Com uma setlist semelhante a do show feito em setembro do ano passado, também dessa turnê de adeus, o grupo não deixou o clima cair mesmo com os problemas técnicos que enfrentaram. O som estava abafado e baixo comparado ao de outros palcos, a banda Bush enfrentou o mesmo problema em sua apresentação. 

A banda encerrou seu legado no festival com um de seus maiores sucessos internacionais, "Roots Bloody Roots", eternizando seu legado e deixando saudades em seus fãs que se mantiveram devotos até o fim.

No palco ao lado, o grande headliner da noite, Justin Timberlake, mostrou que seu status de popstar segue intacto. A apresentação, que não foi transmitida ao vivo pelos canais oficiais do evento, teve performances energéticas, muita dança e vocais entregues sem base pré-gravada.

Justin Timberlake se apresentando no palco principal do festival
Justin Timberlake encerra a terceira noite do festival Lollapalooza 2025. — Foto: Divulgação/Lollapalooza

Com um show marcado por coros emocionados em “Mirrors” e uma enxurrada de hits como, “Cry Me a River”, “SexyBack” e “What Goes Around... Comes Around”, ele reforçou sua presença como um dos grandes nomes da música pop.

Apesar de definitivamente não estar em sua melhor fase — após polêmicas envolvendo sua ex-namorada Britney Spears, que o acusou de um relacionamento abusivo, e uma prisão em 2024 por dirigir embriagado — Timberlake demonstrou um forte engajamento com o público, que saiu eletrizado do show. 

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Jogadores comemoram o mais novo sistema da Nintendo após conferência virtual
por
Lucca Cantarim dos Santos
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08/04/2025 - 12h

 

Na última quarta-feira (2), a Nintendo (empresa japonesa do setor de jogos eletrônicos) fez um anúncio que chocou a internet. Em sua conferência própria, nomeada de Nintendo Direct, eles apresentaram as novidades sobre seu próximo console, o Nintendo Switch 2, que já havia sido revelado em 16 de janeiro deste ano.

Na transmissão ao vivo, que aconteceu no canal oficial do Youtube da empresa e foi considerada uma das melhores pelos internautas, a empresa não só revelou mais informações sobre o sistema, mas também confirmou o lançamento de jogos muito amados e esperados pelo público.

O console ainda vai funcionar de maneira híbrida, composto por uma grande tela que se conecta a dois controles menores, chamados de “joy-con” e que quando inserida no “dock”, um suporte ligado à televisão, transfere a imagem e pode ser jogado como um console de mesa.

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Nintendo Switch conectado à TV                                                                       Imagem: Divulgação/Nintendo

 

No entanto, a Nintendo não economizou recursos em melhorias para o Switch. Jogadores podem esperar melhor desempenho devido à nova tela com maior tamanho, resolução de 1080 pixels e suporte para até 120 frames por segundo, possibilitando que jogos com gráficos mais pesados rodem tranquilamente no sistema.

Outras novidades vieram para o conforto do jogador, como os botões “SL” e “SR” nos “joycons”, que enquanto no Switch eram minúsculos e diminuíam agilidade, no Switch 2 serão bem maiores. O encaixe dos controles agora é magnético, o que acaba diminuindo sua fragilidade, uma vez que um dos problemas mais comuns no console anterior era o gancho que os prendia à tela quebrar facilmente, fazendo com que pudessem desencaixar durante as sessões de jogo.

 

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Comparação dos joycons, novo (acima) e antigo (abaixo)                               Imagem: Reprodução/Youtube - Nintendo

 

Além disso, a base que sustenta o console de pé em mesas agora será maior e permitirá melhor ajuste do ângulo da tela, diferente da antiga, que além de pequena era frágil, o que frustrava muitos jogadores. André Yudi, estudante de engenharia no instituto politécnico da Universidade de São Paulo (POLI/USP) diz: “Precisei muitas vezes utilizar o apoio do console. Que no entanto, em grande parte das vezes, apresentava pouca resistência. O plástico utilizado é muito frágil e a lâmina tem uma espessura muito curta para sustentá-lo, assim, uma leve oscilação já derrubava o sistema.”

 

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Nova base de sustentação do console                                                          Imagem: Divulgação/Nintendo

 

 

O console também terá uma entrada para carregamento na parte superior, facilitando o uso enquanto carrega a bateria, Yudi continua: “a nova entrada de carregamento tem muito potencial para melhorar a utilização do Switch 2. A entrada antiga impossibilitava o uso em modo portátil apoiado enquanto se carregava o console”.

Por fim, novidades inéditas, como um microfone interno; sistema de áudio 3D; e a possibilidade de usar os joycons como um mouse de computador em alguns jogos. O console também terá um botão novo, que permitirá ingressar em chamadas de voz enquanto joga, no entanto, o recurso está disponível apenas para assinantes do serviço de jogos online.

 

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Novo botão do sistema, o famoso "Botão C"                      Imagem: Reprodução/Youtube - Nintendo

 

 

Quanto aos jogos novos, os fãs se emocionaram com as novidades. Além do grande suporte de empresas parceiras, que prometeram trazer títulos como Hitman, Cyberpunk 2077 e Split Fiction no lançamento do console, a Nintendo também surpreendeu com um novo jogo da franquia Donkey Kong e um novo Mario Kart, que trará um sistema de pilotagem em mundo aberto.

Mas a novidade que mais balançou as redes foi a aparição repentina do jogo Hollow Knight: Silksong, confirmando a data de lançamento ainda para esse ano. O título já tinha sido anunciado em 2019, mas passou 6 anos com pouquíssimas novidades na mídia, o que fez muitos fãs se empolgarem com eventos e conferências, ansiando por novas notícias que nunca chegavam, e fez outros até começarem a perder as esperanças. Juliana Bertini, estudante de jornalismo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), brincou com a demora da Team Cherry, os desenvolvedores, para divulgar novas informações: “Achei até que era lenda urbana já!”

No entanto, a simples aparição por segundos do jogo na conferência da Nintendo foi o suficiente para reerguer as esperanças desses fãs, bastando agora apenas esperar o lançamento.

 

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Aparição de Hollow Knight: Silksong no final do Nintendo Direct            Imagem: Reprodução/Youtube - Nintendo

 

 

Amelie Strasburg, responsável pela hospitalidade do Aiô Restaurante e grande fã da franquia desde o primeiro jogo, em entrevista para a AGEMT, comemora a confirmação do lançamento e pondera sobre sua data: “Além de felicidade por saber que um jogo que anseio tanto vai lançar, sinto uma ansiedade extrema para saber quando! Sabemos que vai ser esse ano, mas quando? Amanhã? Outubro? Dezembro?...”

A Nintendo conseguiu angariar ainda mais fãs e pessoas dispostas a investir no novo lançamento, no entanto, nem todas as notícias são prazerosas para a empresa, uma vez que os preços elevados são o fator principal para desestimular boa parte das pessoas que se animaram com o Direct. Os jogadores precisarão se preparar para desembolsar os valores de USD  499,99 no console e o valor base de USD 79,99 para os jogos. Ainda sem preço oficial no Brasil, o Nintendo Switch 2 será lançado em 5 de junho de 2025.

 

 

 

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Com atrações nacionais e internacionais mais jovens e nomes consagrados, a emoção foi garantida
por
Gustavo Catriz
Vítor Nhoatto
|
08/04/2025 - 12h

No último sábado (29) aconteceu no Autódromo de Interlagos, zona sul da cidade de São Paulo, o segundo dia do festival Internacional de música Lollapalooza. Dessa vez sem chuva, mas com um pouco de barro do dia anterior, se apresentaram artistas como Benson Boone, Marina Lima, Zedd, Tate McRae, Alanis Morissette, e Shawn Mendes. 

Os portões abriram mais cedo que o anunciado, por volta das 10:40, e não houve filas ou confusões. Contratados pelo evento indicavam com megafone o caminho até o portão A ao longo da avenida Interlagos, ajudando quem chegava de carro ou a pé. No portão G, para quem vinha de transporte público, havia grades desde a saída da estação Autódromo da linha 9 turquesa, a mais próxima do local. 

Ao meio-dia a música começou a tocar com atrações sulistas nos palcos Samsung Galaxy e Perry by Fiat. No primeiro deles, o palco secundário do evento, a banda de Porto Alegre, Picanha de Chernobil, entregou o seu rock alternativo que frequentemente pode ser encontrado aos finais de semana na Avenida Paulista. Já no destinado aos DJs, o curitibano Fatsync, deu um gosto da música eletrônica que estava por vir.

Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo
Apresentação da banda Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo foi cheia de críticas políticas e sociais  - Foto: Adriana Vieira / Rock On Road

Com sol forte e temperaturas na casa dos 30 graus, a tarde seguiu com a apresentação efusiva da banda paulista Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo. Formada em 2019 com uma sonoridade que mistura rock, indie e pop, chamou a atenção pelas manifestações políticas no telão ao longo do show. Frases como “Palestina Livre” e “Bolsonaro Réu” foram entoadas pela plateia ainda pequena no palco Mike’s Ice, de música alternativa. 

Em seguida foi a vez de Marina Lima contagiar o público com seus hits dos anos 80 e 90 acompanhados da irreverência da artista carioca. Às 15:50 o show começou com “À Francesa” de 1988 e o sucesso “Fullgás” de 1984. Durante a apresentação alguns problemas técnicos ocorreram com o volume da guitarra usada por Marina, que reclamou: “Mais alto, mais alto, isso é um festival!”

Mesmo assim a energia não caiu e apesar do horário ruim para um festival, as principais atrações e artistas internacionais se apresentam à noite, diante de milhares de pessoas. Conhecida por seu ativismo em defesa das mulheres e pessoas LGBTQIAPN+, o trecho da escritora Fernanda Young “Nada mais indigesto para o mundo dominador que a liberdade de uma mulher” foi exibido no telão antes de cantar “Árvores alheias”. 

Marina Lima e Pabllo Vittar
Pabllo Vittar se emocionou ao participar do show de Marina destacando a relevância da artista  - Foto: Brazil News / Reprodução

O show ainda contou com um cover de “Lunch” da estadunidense Billie Eilish e a participação especial de Pabllo Vittar na faixa de 1984, “Mesmo que Seja Eu”. As duas cantaram em seguida “K.O” de Vittar, que enalteceu a artista: “Quero falar quanto você é inspiradora para mim e para a música. Viva Marina Lima”, entoou Vittar, ao final da aparição surpresa.

A música eletrônica também esteve presente em Interlagos ao longo do dia. O DJ paulista Bruno Martini se apresentou no palco do gênero às 16:30, logo antes do também brasileiro Zerb. Enquanto isso, após Marina Lima, o cantor, compositor e produtor grego, Artemas, trouxe sua sonoridade alternativa durante o fim da tarde, com destaque para o hit do tik tok ‘I like the way you kiss me’ de 2024.

O início da noite foi com Benson Boone, artista estadunidense conhecido pelas suas performances acrobáticas e pelo hit viral no Tik Tok, “Beautiful Things”. Com um figurino todo brilhante e inspirado na bandeira do Brasil, começou com seu último single “Sorry I’m Here For Someone Else”, lançado em 27 de fevereiro. A performance seguiu com algumas faixas dos EPs “Pulse” de 2023 e “Walk Me Home…” de 2022, como “Death Wish Love” e “What Was”, mas foi o seu álbum de estreia, “Fireworks & Rollerblades”, que dominou a apresentação.

Benson Boone
Repetindo o que fez nos Lollapalooza Argentina e Chile, seu look era inspirado na bandeira do país - Foto: Sidnei Lopes / @obserdadordaimagem

Com seus vocais característicos e pouco uso de playback animou a plateia no palco secundário, e durante a faixa “In The Stars”, em homenagem a sua avó, se emocionou ao explicar a origem da composição e pedir que o público cantasse sem os seus celulares. “Essa música não é minha, é nossa”. 

Boone ainda interagiu bastante com a plateia entoando um “Ayoo” ao estilo Freddie Mercury antes de finalizar seu primeiro show no Brasil, e tocou a inédita “Young American Heart”. Para fechar com chave de ouro, a faixa mais ouvida do mundo em 2024 nas plataformas digitais segundo a Federação Internacional da Indústria Fonográfica ecoou por Interlagos, “Beautiful Things”. O jovem finalizou tirando o seu colete verde e amarelo e se jogando na plateia. 

Sem nem mesmo o clima esfriar, muitas pessoas já corriam para o palco Budweiser, principal do evento, para a apresentação de Tate McRae, também estreante e com hits virais entre os jovens nas redes sociais. O posicionamento dos dois palcos exigia que o público percorresse um longo percurso e sem muita sinalização, que exigia seguir um fluxo intenso de pessoas e bem mais que cinco minutos de caminhada, tempo de intervalo entre os shows.  

A canadense começou seus 60 minutos de palco com o hit “Sports Car”, em seguida foi a vez de “2 Hands”, além de uma pausa para interagir com o público. “Meu nome é Tate McRae e eu estive esperando a minha vida toda para vir ao Brasil [...] este é o último show da minha turnê pela América do Sul, vocês prometem fazer deste o mais alto?” A resposta foi um grito bem alto da plateia, que mesmo com pessoas já à espera de Shawn Mendes cantou os sucessos da cantora pop de apenas 21 anos.

O show seguiu com faixas do seu último álbum, “So Close To What”, lançado em fevereiro deste ano e número um na parada norte-americana Billboard Hot 100, além do uso do disco de 2023, “Think Later”, demonstrando o seu vasto repertório de sucessos. Na hora de “you broke me first”, canção com que Tate atingiu o mainstream em 2020, a cantora se emocionou ao lembrar que o seu primeiro fã clube foi brasileiro.

Um ponto marcante de suas performances são as coreografias, muito bem trabalhadas e energéticas, com destaque para o combo “It’s ok I’m ok” e “exes”, lembrando que antes de se lançar como cantora, a jovem era dançarina. Durante “Revolving Door”, seu último single e sucesso nas redes, mais uma vez a dança foi o ponto alto e a potência vocal da artista ficou em segundo plano, com o pré e pós refrão da faixa cantados um tom abaixo da gravação e com playback alto.  

Tate McRae
Plateia entoou gritos de “Gostosa” durante a apresentação de estreia no Brasil da canadense Tate McRae  - Foto: Grupo Approach

A finalização ficou com o maior hit da cantora, “greedy”, que conta com mais de 1,5 bilhão de streams na plataforma de música Spotify. Enquanto Tate dançava a plateia lotada ecoava o refrão a plenos pulmões, e após o fim da canção, ela agradeceu o público com acenos e beijos e seus dançarinos ergueram uma bandeira do Brasil no meio do palco.

No mesmo horário do show de Tate, a banda sul coreana Wave to Earth fez uma apresentação incrível para um pequeno público, carisma e talento não faltaram no palco, músicas como “love”, “Bad” e “reasons” foram cantadas e agitaram o público do K-indie.

Do outro lado do autódromo, a dupla musical Kasablanca fez uma performance intensa para os fãs de música eletrônica, apesar do público também ser pequeno, a energia cativou o público principalmente com remixes das músicas de Tame Impala e Daft Punk presentes no setlist.

A primeira headliner do segundo dia do Lollapalooza foi Alanis Morissette, que entregou vocais poderosos e a presença de palco que só uma carreira de décadas pode proporcionar. Nascida em Ottawa, Canadá, é um dos maiores nomes do rock segundo a Billboard e desde os anos 90 emplaca sucessos como “All I Really Want” e “Right Through You”, presentes na setlist de sua apresentação.

Com direito a uma hora e meia de show, Alanis iniciou com o sucesso de 1995, “Hand In My Pocket”, composto em pouco mais de uma hora por ela e que de cara levantou a plateia. Características da cantora sempre foram a sua voz, que continua idêntica mesmo depois de 30 anos, uma naturalidade e energia no canto que encheram o palco mesmo sem um corpo de baile,  além do uso da guitarra e gaita por ela durante as faixas.

O show seguiu com hits do álbum “Jagged Little Pill”, responsável por colocar Alanis no mainstream nos anos 90. A última vez que esteve no Brasil foi em novembro de 2023 com a turnê de comemoração de 25 anos do álbum inclusive, que deu a ela 5 Grammys. A plateia formada por adultos e jovens cantou incessantemente do início ao fim, com destaque para a faixa “Ironic”. 

Nos telões passaram mensagens em defesa de causas abordadas pela artista em sua carreira como feminismo, apoio à comunidade LGBTQIAPN+ e igualdade social. Mas continuando a atmosfera nostálgica proposta pelos seus shows, trechos de videoclipes da cantora e fotos pessoais também foram exibidos, destacando a atemporalidade de Alanis, que tem 10 álbuns de estúdio e mais de 85 milhões de discos vendidos pelo mundo.

Em contraposição aos artistas mais jovens que performaram anteriormente, a banda recriou com perfeição os instrumentais vibrantes e crus do rock dos anos 90, e a postura de Alanis continua confiante e livre de acrobacias ou coreografias de redes sociais. Se destacaram sucessos do álbum “Supposed Former Infatuation Junkie”, de 1998 também, como “Are You Still Mad” e “Sympathetic Character”. 

Mesmo assim algumas faixas mais recentes estiveram presentes, como “Lens” de 2012 e “Reasons I Drink” de 2020, essa do último álbum da artista, “Such Pretty Forks in the Road”. A finalização se deu com “Thank U”, sucesso de 1998. Como o nome sugere, a apresentação foi acompanhada de mensagens de agradecimento de fãs da cantora ao redor do mundo ao longo dos anos, e visivelmente emocionada, agradeceu ao público brasileiro. 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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E para fechar o sábado, Shawn Mendes subiu ao palco principal às 21:45, apenas 5 minutos depois do fim do show de Alanis Morissette. Apesar da já citada distância dos palcos, o tumulto do intervalo foi bem menor que o visto entre os shows de Benson Boone e Tate McRae. Além disso, apesar do público estimado em 80 mil pessoas, a apresentação do canadense pôde ser assistida com tranquilidade na plateia, sem intercorrências ou empurra empurra.

Diferente dos artistas que o antecederam, um terceiro telão completava o palco melhorando a visão do público, mas o tempo de show foi também de uma hora e meia. Após um atraso de pouco mais de 10 minutos, a setlist começou com “There's Nothing holding Me Back”, sucesso do álbum “Illuminate” de 2017, com mais de 2 bilhões de reproduções apenas na plataforma Spotify. 

Seguiram as faixas “Wonder”, “Treat You Better”, “Monster” e “Lost In Japan”, a mesma ordem da última apresentação do cantor no Brasil, em setembro do ano passado no Rock In Rio. Nesse sentido, pôde-se perceber uma semelhança grande ao longo de todo o show, sem nenhuma faixa inédita do último álbum autointitulado de novembro de 2024.

Além de cantar mais hits como “Señorita”, “Mercy” e “Stitches”, entoados pelo público com força do início ao fim, foi a interação com a plateia e o abraço de Shawn pela cultura brasileira que marcou a apresentação. Ainda no meio do show, ele desceu do palco e correu pelo espaço que dá acesso a plateia, pegando um chapéu e uma bandeira do Brasil dos fãs.

Mais tarde, durante a performance de “Youth”, que fala sobre a necessidade de se manter jovem e lutar, músicos brasileiros subiram ao palco. Joabe Reis, Sylvanni Sivuca, Ricardo Braga e Mama Soares foram os convidados a levar o Brasil para o palco, dando um toque de samba à canção em inglês. Mas Shawn foi além, e em seguida a canção de 1962 de Jorge Ben Jor, “Mas que Nada” foi performada por ele. Com violão na mão, ainda soltou a conhecida frase da atriz  Fernanda Torres, “a vida presta”.

Incrementando o setlist do Rock In Rio, cantou “If I Can’t Have You” de 2019, levantando o astral da apresentação. Mas o final não mudou de lá para cá e ficou de novo com “In My Blood”. Os vocais de Shawn se destacaram mais uma vez, com as notas agudas do refrão mantidas e executadas com emoção. E encerrando o sábado de um jeito carismático, voltou para a plateia antes de se despedir com um “eu te amo” e “obrigado”.

palco principal no fim do show de Shawn Mendes
Shawn Mendes finalizou o segundo dia do Lollapalooza Brasil 2025 com sucessos e brasilidades - Foto: Vítor Nhoatto

O Lollapalooza Brasil 2025 continua e contará em seu último dia com nomes do rock como a banda brasileira Sepultura e a norte-americana Tool, headliner ao lado de Justin Timberlake, principal atração do domingo (30), prometendo mais música boa e emoção.

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