Movimento apresenta mais de 1 milhão de assinaturas para a União Europeia
por
Thomas Fernandez
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22/09/2025 - 12h

 

O movimento “Stop Killing Game” criado por Ross Scott, do canal Accursed Farms, apresentou em 2025 mais de 1 milhão de assinaturas à União Europeia para exigir medidas que impeçam a remoção e desligamento de jogos digitais. A preservação é definida como um conjunto de ações voltado a manter a integridade de bens, documentos ou pessoas, tendo museus e centros históricos como instituições dedicadas a essa tarefa. 

No campo do entretenimento, os videogames se destacam como a indústria que mais cresce desde a década de 1950. Apesar do seu impacto econômico e cultural, eles recebem atenção limitada em políticas e práticas de preservação, diferente de outras formas de arte, como cinema, televisão e literatura. 

Devido a inacessibilidade de jogos comprados por consumidores, a proposta do movimento é simples, mas poderosa: proteger os consumidores e preservar os videogames, trazendo as práticas recorrentes de empresas que fecham os servidores ou retiram os jogos do mercado digital, apagando não apenas produtos, mas também capítulos de história cultural dos videogames.

Foto do criador do movimento, Stop Killing Games, Ross Scott
Ross Scott, criador do movimento Stop Killing Games.  Foto: REPRODUÇÃO/YOUTUBE Accursed Farms
 

A iniciativa se transformou em “Stop Destroying Videogames”, utilizando a Iniciativa de Cidadania Europeia, uma ferramenta disponível para cidadãos da União Europeia para levarem questões diretamente ao parlamento europeu. A petição foi registrada em junho do ano passado e começou a coletar assinaturas no dia 31 de julho de 2024. No mesmo dia, Scott, soltou um vídeo com o título "Europeans can save gaming!", que compartilha sobre como o movimento pode levar a criação de lei com um número alto de assinaturas e apoiadores. 

Ele destaca que a criação da lei não era uma certeza, entretanto, apontava que existem fatores, como: o alinhamento com outras políticas para consumidores e indefinições jurídicas nas práticas no meio dos games. Esses pontos reforçam que o sucesso está no futuro do movimento. Depois de alcançar 1 milhão de assinantes e realizar uma vistoria -  para desconsiderar menores de idade, duplicidades e pessoas fora da UE - a petição apresentou 97% de validação das assinaturas.

A preocupação é  quando um jogo é removido das lojas digitais ou tem os serviços online desligados, pois deixa de ser acessível para futuras gerações de gamers. Um dos casos mais conhecidos foi do “Project CARS 3”, lançado em 2020. O produto foi retirado de circulação para venda e fecharam os servidores, tornando-se praticamente inacessível. 

O mesmo ocorre com títulos de grandes estúdios como Ubisoft e EA, sendo uma tendência que preocupa colecionadores, consumidores e fãs. Diferente de filmes, livros e músicas, que possuem mais facilidade para sua preservação, os games dependem de vários fatores: chaves digitais, servidores e licenciamento contínuo para existir. Para isso, a preservação não exige somente de vontade cultural, mas também mudanças legais e regulatórias.

No Brasil, esse debate começou a ganhar relevância em 2024, com a aprovação do Marco Legal da Indústria de Jogos Eletrônicos (Lei nº 14.852/2024). Embora a lei tenha o intuito de incentivar o crescimento do setor no país e atrair investidores, ela também abre espaço para a reflexão sobre o ciclo de vida dos jogos e sua preservação como patrimônio cultural. A luta pela proteção e cuidados dos videogames não é apenas dos jogadores nostálgicos, mas também uma questão cultural e de direito de acesso.

O “Stop Killing Games” mostra que, diante da lógica do mercado, há fãs dispostos a lutar para que os jogos não desapareçam.Se no passado os museus se dedicaram a guardar fósseis, manuscritos e obras de arte, o futuro terá que olhar também para os consoles, cartuchos e CDs. Porque, como lembra o movimento, “ao desligar um jogo, não se mata apenas um software, se apaga uma parte da história”.

 

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Profissionais da área relatam dificuldade de valorização, ausência de políticas públicas e dependência do mercado internacional para manter a carreira
por
Fernanda Dias
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18/09/2025 - 12h

A escultura no Brasil ainda é um campo pouco explorado e com inúmeros desafios, como a falta de políticas públicas, a ausência de incentivo cultural e um universo ainda limitado de pessoas dispostas a investir em arte no país. Para manter a profissão viva, muitos artistas recorrem ao mercado internacional e às redes sociais como alternativa de divulgação.

No cenário brasileiro, a escultura não ocupa o mesmo espaço que outras linguagens artísticas, como a música ou as artes visuais mais populares. O escultor Rick Fernandes, que atua na área desde a década de 1990, observa que a profissão ainda carece de reconhecimento cultural. “O brasileiro não tem a mesma tradição que americanos e europeus em colecionar arte. Muitas vezes, as prioridades econômicas acabam afastando o público”, afirma.

Esse distanciamento é agravado pela falta de políticas voltadas à categoria. Projetos de incentivo que poderiam estimular a prática da escultura em escolas ou em comunidades raramente são aprovados. Fernandes relembra tentativas frustradas em 2015 e 2023 de levar oficinas para jovens da periferia e para pessoas com deficiência. “Os incentivos, em sua maioria, estão voltados para música e grandes eventos. Nichos como a escultura ficam esquecidos”, critica.

   Rick Fernandes produzindo sua peça - foto: https://www.rfstudiofx.com/


                    Rick Fernandes produzindo sua peça - foto: https://www.rfstudiofx.com/

No mercado, outro obstáculo é a dificuldade de concorrer com produtos industrializados ou importados. Segundo Fernandes isso faz que muitos escultores direcionem suas obras ao exterior, onde encontram colecionadores e compradores mais fiéis. O artista calcula que cerca de 80% de suas encomendas vêm de fora do Brasil. Mesmo com a popularização de novas tecnologias, como impressoras 3D, ele destaca que há demanda para trabalhos exclusivos, o que mantém a escultura tradicional relevante.

As redes sociais têm sido fundamentais para reduzir a distância entre artistas e público. Plataformas como o Instagram permitem que escultores apresentem seus portfólios, encontrem clientes e troquem experiências em comunidades digitais. “Muitos dos meus contatos surgiram através da rede. É uma vitrine essencial para quem vive da arte”, ressalta o escultor.

Além do mercado e do incentivo, a valorização da escultura ainda depende de uma mudança de percepção social sobre o trabalho manual e artístico. Para Fernandes, investir na formação desde cedo é o caminho. “Campanhas nas escolas de ensino fundamental poderiam fazer a diferença. As crianças têm fome de aprender coisas novas e a escultura poderia ser mais explorada nesse ambiente”, defende.

Apesar das dificuldades, Fernandes garante que nunca pensou em desistir, movido por “amor e diversão”. Além de manter o estúdio, ele atua como professor. Nem todos tiveram a mesma sorte. A artista Júlia Dias, por exemplo, faz esculturas desde 2006, mas até hoje não tem uma base fixa de clientes, vivendo em meio à instabilidade de demandas que atinge grande parte dos escultores.

O campo da escultura se divide em diferentes níveis de atuação. Enquanto alguns artistas trabalham com peças decorativas ou personalizadas para ocasiões como aniversários e eventos, outros produzem obras direcionadas a colecionadores e galerias. Essa variedade mostra como a atividade é ampla, mas também deixa claro que nem tudo recebe o mesmo valor: trabalhos voltados ao mercado de luxo encontram maior reconhecimento e retorno financeiro, enquanto produções mais populares ainda lutam por espaço e estabilidade.

Outro desafio está ligado ao custo e ao acesso a materiais de qualidade. Fernandes explica que utiliza plastilina para modelagem, moldes de silicone para a finalização e resina de poliestone para as peças finais, com acabamento em aerógrafo e pincel. Segundo ele, os materiais nacionais apresentam bom custo-benefício e já não ficam atrás dos importados. Ainda assim, os gastos para manter a produção podem ser elevados, principalmente para quem não conta com retorno constante do mercado.

Apesar de não existirem editais exclusivos para escultores no Brasil, a categoria pode concorrer em programas de incentivo mais amplos voltados às artes visuais e à cultura. Iniciativas como os editais da Funarte (Fundação Nacional de Artes, do governo federal), o ProAC (Programa de Ação Cultural, mantido pelo governo de São Paulo)  e leis de incentivo fiscal possibilitam que projetos de escultura recebam apoio. No entanto, a concorrência é acirrada e a escultura segue como um nicho pouco contemplado, o que reforça a sensação de invisibilidade entre os artistas da área.

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Último final de semana do evento ficou marcado por performances que misturaram passado, presente e futuro
por
Jessica Castro
Vítor Nhoatto
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16/09/2025 - 12h

A segunda edição do festival The Town se despediu de São Paulo com um resultado positivo e bastante barulho. Durante os dias 12, 13 e 14 de setembro, pisaram nos palcos do Autódromo de Interlagos nomes como Backstreet Boys, Mariah Carey, Ivete Sangalo e Katy Perry.

Realizado a cada dois anos em alternância ao irmão consolidado Rock In Rio, é organizado também pela Rock World, da família do empresário Gabriel Medina. Sua primeira realização foi em 2023, em uma aposta de tornar a cidade da música paulista, e preencher o intervalo de um ano do concorrente Lollapalooza.

Mais uma vez em setembro, grandes nomes do cenário nacional e internacional atraíram 420 mil pessoas durante cinco dias divididos em dois finais de semana. O número é menor que o da estreia, com 500 mil espectadores, mas ainda de acordo com a organizadora do evento, o impacto na cidade aumentou. Foram movimentados R$2,2 bilhões, aumento de 21% segundo estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Após um primeiro final de semana marcado por uma apresentação imponente do rapper Travis Scott no sábado (6), único dia com ingressos esgotados, e um domingo (7) energético com o rock do Green Day, foi a vez do pop invadir a zona sul da capital. 

Os portões seguiram abrindo ao meio dia, tal qual o serviço de transporte expresso do festival. Além disso, as opções variadas de alimentação, com opções vegetarianas e veganas, banheiros bem sinalizados e muitas ativações dos patrocinadores foram pontos positivos. No entanto, a distância entre o palco secundário (The One) e o principal (Skyline), além da inclinação do terreno no último, continuaram provocando críticas.

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Segundo estudo da FGV, 177 mil litros de chope e 106 mil hambúrgueres foram consumidos nos 5 dias de evento - Foto: Live Marketing News / Reprodução

Sexta-feira (12)

Jason Derulo animou o público na noite de sexta com um espetáculo cheio de energia e coreografias impactantes. Em meio a hits como “Talk Dirty”, “Wiggle” e “Want to Want Me”, o cantor mesclou pop e R&B destacando sua potência vocal, além de entregar muito carisma e sensualidade durante a apresentação.

A noite, aquecida por Derulo, ganhou clima nostálgico com os Backstreet Boys, que transformaram o palco em uma viagem ao auge dos anos 90. Ao som de clássicos como “I Want It That Way” e “As Long As You Love Me”, a plateia virou um grande coral emocionado, enquanto as coreografias reforçavam a identidade da boyband. Três décadas depois, o grupo mostrou que ainda sabe comandar multidões com carisma e sintonia.

Com novo visual, Luísa Sonza enfrentou o frio paulista com um figurino ousado e um show cheio de atitude no Palco The One. Além dos próprios sucessos que a consagraram no pop, a cantora surpreendeu ao incluir releituras de clássicos da música brasileira, indo de “Louras Geladas”, do RPM, a uma homenagem emocionante a Rita Lee com “Amor e Sexo”. A mistura de hits atuais, performances coreografadas e referências à MPB agitou a platéia.

E completando a presença de potências nacionais, Pedro Sampaio fez uma apresentação histórica para o público e para si, alegando que gastou milhões para tudo acontecer. A banda Jota Quest acalentou corações nostálgicos, e nomes em ascensão no cenário do funk e rap como Duquesa e Keyblack agitaram a platéia. 

Sábado (13)

No sábado (13), o festival reuniu diferentes gerações da música, com encontros que alternaram festa, emoção e mais nostalgia. Ivete Sangalo levou a energia de um carnaval baiano para o The Town. Colorida, divertida e sempre próxima da multidão, fez do show uma festa ao ar livre, com direito a roda de samba e participação surpresa de ritmistas que incendiaram ainda mais a apresentação. O repertório, que atravessa gerações, transformou a noite em um daqueles encontros em que ninguém consegue ficar parado.

Mais íntimo e afetivo, Lionel Richie trouxe outro clima para a noite fria da cidade da música. Quando sentou ao piano para entoar “Hello”, parecia que o festival inteiro tinha parado para ouvi-lo. A emoção foi tanta que, dois dias depois, o cantor usou as redes sociais para agradecer pelo carinho recebido em São Paulo, declarando que ainda sentia o amor do público brasileiro.

A diva Mariah Carey apostou no glamour e em seu repertório de baladas imortais. A performance, embora marcada por certa distância, encontrou momentos de brilho quando dedicou uma música ao público brasileiro, gesto que foi recebido com emoção. Hits como “Hero” e “We Belong Together” reafirmaram o status da cantora como uma das maiores vozes do pop mundial.

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Vestindo as cores do Brasil, Mariah manteve seu estilo pleno, o que não foi positivo dessa vez - Foto: Ellen Artie

O festival também abriu espaço para outras vozes marcantes. Jessie J emocionou em um show acústico intimista, feito apesar de estar em tratamento contra um câncer de mama — e que acabou sendo o único da cantora na América do Sul após o cancelamento das demais datas na América do Norte e Europa. 

Glória Groove incendiou o público com sua potência performática e visual, enquanto Criolo trouxe poesia afiada e versos de impacto, lembrando a força política do rap. MC Livinho levou o funk a outro patamar e anunciou seu novo projeto de carreira em R&B. Péricles encerrou sua participação em clima caloroso de roda de samba, onde cada espectador parecia parte de um grande encontro entre amigos.

Domingo (14)

Com Joelma, o The Town se transformou em um baile popular de cores, brilhos e danças frenéticas. A cantora revisitou sucessos da época da banda Calypso e apresentou a força de sua carreira solo, mas também abriu espaço para artistas nortistas como Dona Onete, Gaby Amarantos e Zaynara. 

O gesto deu visibilidade a uma cena muitas vezes esquecida nos grandes festivais e reforçou sua identidade como representante da cultura amazônica. Com plateia recheada, a artista mostrou que a demanda é alta.

No início da noite, em um horário um pouco melhor que sua última apresentação no Rock In Rio, Ludmilla mobilizou milhares de pessoas no palco secundário. Atravessando hits de sua carreira como “Favela Chegou”, “É Hoje” e sucessos do Numanice, entregou presença de palco e coreografias sensuais. A carioca também surpreendeu a todos com a aparição da cantora estadunidense Victória Monet para a parceria “Cam Girl”.

Sem atrasos, às 20:30, foi a vez então de Camila Cabello levar ao palco o último show da C,XOXO tour. A performance da cubana foi marcada pelo seu carisma e declarações em português como “eu te amo Brasil” e “tenho uma relação muito especial com o Brasil [...] me sinto meio brasileira”. Hits do início de sua carreira solo animaram, como “Bad Kind Of Butterflies” e “Never Be The Same”, além de quase todas as faixas do seu último álbum de 2024, que dá nome à turnê, como “HE KNOWS” e “I LUV IT”. 

A performance potente e animada, que mesclou reggaeton e eletrônica, ainda contou com o funk “Tubarão Te Amo” e uma versão acapella de “Ai Se Eu Te Pego” de Michel Teló. Seguindo, logo após “Señorita”, parceria com o seu ex-namorado, Shawn Mendes, ela cantou “Bam Bam”, brincando com a plateia que aquela canção era para se livrar das pessoas negativas. Vestindo uma camiseta do Brasil e com uma bandeira, encerrou o show de uma hora e meia com “Havana”.

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Com coreografia, grande estrutura metálica e vocais potentes, Camila entregou um show de diva pop - Foto: Taba Querino / Estadão

Para encerrar o festival, Katy Perry trouxe espetáculo em grande escala, mas não deixou faltar momentos de intimidade. A apresentação iniciada pontualmente às 23h15 teve direito a pirotecnias, muitos efeitos especiais e um discurso emocionante da cantora sobre a importância de trazer sua turnê para a América do Sul. 

Em meio a cenários lúdicos, trocas de figurino e um repertório recheado de hits, Katy Perry chamou o fã André Bitencourt ao palco para cantarem juntos “The One That Got Away”, o que levou o público ao delírio. O show integrou a turnê The Lifetimes World Tour, e deixou a impressão de que a artista fez questão de entregar em São Paulo um dos capítulos mais completos dessa jornada.

No último dia, outros públicos foram contemplados também, com o colombiano J Balvin, dono de hits como “Mi Gente”, e uma atmosfera poderosa com IZA de cleópatra ocupando o palco principal no início da tarde. Dennis DJ agitou com funk no palco The One e, completando a proposta do festival de dar espaço a todos os ritmos e artistas, Belo e a Orquestra Sinfônica Heliópolis marcaram presença no palco Quebrada. 

A cidade da música em solo paulista entregou o que prometia, grandes estruturas e um line up potente, mas ainda segue construindo sua identidade e se aperfeiçoando. A terceira edição já foi inclusive confirmada para 2027 pelo prefeito Ricardo Nunes e a vice-presidente da Rock World, Roberta Medina em coletiva na segunda-feira (15).

Festival reúne multidões, entrega shows históricos e consagra marco na cena musical brasileira
por
Khadijah Calil
Lais Romagnoli
Yasmin Solon
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10/09/2025 - 12h

Com mais de 100 mil pessoas por dia, o The Town estreou no último fim de semana, 6 e 7 de setembro, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo.

Travis Scott encerrou o sábado (6) no palco Skyline com um show eletrizante, enquanto Lauryn Hill emocionava fãs no palco The One ao lado dos filhos YG e Zion Marley. No domingo (7), os destaques ficaram por conta de Green Day e Iggy Pop, além de apresentações de Bad Religion, Capital Inicial e CPM 22.

O festival retoma a programação nos dias 12, 13 e 14 de setembro, com shows de Backstreet Boys, Mariah Carey, Lionel Richie e Katy Perry.

“The Flight”: o balé aéreo que surpreendeu no The Town. Foto: Khadijah Calil
“The Flight”: o balé aéreo que surpreendeu no The Town. Foto: Khadijah Calil 
Fãs aguardam o início dos shows no gramado do Autódromo de Interlagos. Foto: Khadijah Calil
Fãs aguardam o início dos shows no gramado do Autódromo de Interlagos. Foto: Khadijah Calil 
Espalhados pelo Autódromo de Interlagos, brinquedos e atrações visuais oferecem ao público momentos de lazer entre os shows. Foto: Khadijah Calil
Espalhados pelo Autódromo de Interlagos, brinquedos e atrações visuais oferecem ao público momentos de lazer entre os shows. Foto: Khadijah Calil 
Capital Inicial leva o rock nacional ao palco Factory, na abertura do segundo dia. Foto: Khadijah Calil
Palco Factory, que recebeu o Capital Inicial na abertura do segundo dia. Foto: Khadijah Calil 
Palco Skyline iluminado durante o show de encerramento do sábado (6). Foto: Lais Romagnoli
Palco Skyline iluminado durante o show de encerramento do sábado (6). Foto: Lais Romagnoli
Iluminação e cenografia transformam Interlagos durante a primeira edição do festival. Foto: Lais Romagnoli
Iluminação e cenografia transformam Interlagos durante a primeira edição do festival. Foto: Lais Romagnoli
Matuê leva o trap nacional ao palco The One no primeiro dia de festival. Foto: Yasmin Solon
Matuê leva o trap nacional ao palco The One no primeiro dia de festival. Foto: Yasmin Solon
Público lota a Cidade da Música durante o primeiro fim de semana do The Town. Foto: Yasmin Solon
Público lota a Cidade da Música durante o primeiro fim de semana do The Town. Foto: Yasmin Solon

 

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Colombiana ficou conhecida por misturar crítica social, poesia e arte
por
Khadijah Calil
Lais Romagnoli
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09/09/2025 - 12h

 

Da Colômbia para o Edifício Pina Luz, Beatriz González ganha uma homenagem em celebração aos seus mais de 60 anos de carreira. Na Pinacoteca de São Paulo, a exposição Beatriz González: a imagem em trânsito reúne mais de 100 trabalhos da artista, produzidos desde a década de 1960.

Beatriz González
Beatriz González trabalha em sua obra 'Telón de la móvil y cambiante naturaleza', de 1978. Foto: Reprodução.

Reconhecida como uma das maiores personalidades da arte latino-americana, a colombiana se destacou ao transformar peças de mobiliário em pinturas. Com a política e cultura de seu país como inspiração, Beatriz combina crítica social e poesia em suas telas, como em Yolanda nos Altares, onde representa agricultores que lutavam pela devolução de suas terras, roubadas por um grupo paramilitar. 

A artista tem sua primeira mostra individual no Brasil espalhada por sete salas da Pinacoteca. A última vez que suas obras foram expostas no Brasil foi em 1971, na 11ª Bienal de São Paulo.

Logo no início da mostra, o público se depara com um espaço dedicado à reprodução e circulação artística na mídia. Um dos trabalhos mais icônicos da artista, Decoración de interiores, marca presença na sala. Uma cortina estampada com o retrato do então presidente da época (1978-1982), Julio César Turbay, questiona o peso da hierarquia presidencial.

Obra
'A Última Mesa'. Foto: Reprodução

 

Do conflito armado colombiano até suas vivências em comunidades indígenas, González extrai registros da imprensa para suas pinceladas. Entre as obras expostas, Los Suicidas del Sisga toma forma a partir de um caso real sobre um duplo suicídio cometido por um casal, refletindo sobre os códigos que vinculam a imagem à crônica policial e sua reprodução nos meios de comunicação de massa. Mais tarde, Beatriz passa a focar na iconografia política colombiana, como a tomada do Palácio da Justiça.

No catálogo, também estão releituras de clássicos contemporâneos. Entre elas, González dá uma nova cara a Mulheres no jardim, de Claude Monet, em Sea culto, siembre árboles regale más libros.

A série Pictogramas particulares encerra a exposição. Nela, a colombiana lança luz sobre a migração forçada, desastres ambientais e a violência nos territórios rurais. A partir de placas de trânsito, a artista representa hipóteses de crise social.

Em cartaz até 1º de fevereiro de 2026, a mostra conta com curadoria de Pollyana Quintella e Natalia Gutiérrez.

Serviço:

  • Local: edifício Pina Luz
  • Data: de 30 de agosto até 1 de fevereiro de 2026
  • Endereço: Praça da Luz, 2, Bom Retiro, São Paulo — SP
  • Valor: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia-entrada). Gratuito aos sábados
  • Horário de funcionamento: de quarta a segunda, das 10h às 18h
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A versão brasileira do sucesso dos anos 80 é uma ode à alegria e resiliência do universo drag
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25/06/2024 - 12h

No dia 7 de junho estreou em São Paulo a versão brasileira da peça musical “Priscilla - A Rainha do Deserto”. Em sua terceira semana de exibição, o musical tem sido um sucesso de bilheteria, embalado pelas participações dos atores Reynaldo Gianecchini e Diego Martins que vivem os personagens Athony “Tick” Belrose, e Adam Whiteley. Já as atrizes Verónica Valenttino e Wallie Ruy irão se revezar para interpretar o papel de Bernadette Bassenger.

Abertura Priscilla Rainha do Deserto
   Espetáculo está em cartaz de quinta a domingo         FOTO: Luiza Fernandes /Divulgação / AGEMT

Sob a direção de Mariano Detry, o espetáculo é baseado no filme de 1994 de Stephan Elliott. A trama gira em torno de duas drag queens e uma mulher transexual, que são contratadas para realizar um show no meio do deserto australiano. Para chegar ao local, elas embarcam no ônibus chamado Priscilla e enfrentam inúmeros desafios e aventuras ao longo da jornada. A aceitação e o peso da homofobia na vida das personagens é tema durante todo o espetáculo e ganha destaque com o drama vivido pelo personagem de Gianecchini, que precisa lidar com a dificuldade de ser aceito por seu filho de 6 anos, Benjamin.

Priscilla é acima de tudo, uma representação da alegria e da importância da cultura LGBTQIA+. A peça consegue transportar o público para o vibrante e potente universo drag queen. Através de cenários e figurinos marcantes, o público é embalado por coreografias energéticas e uma trilha sonora repleta de hits como “I Will Survive” e “True Colors”, que trazem emoção a cada cena.

O equilíbrio entre humor e momentos de vulnerabilidade é possível por conta da atuação dos protagonistas. Diego Martins e Verônica Valenttino entregam performances intensas e, ao mesmo tempo, super divertidas e apaixonantes. Reynaldo Gianecchini também impressiona ao dar vida a Mitzi Mitosis e entregar ao público uma versão de si até então pouco conhecida. 

Priscilla Rainha do Deserto
Atores são ponto alto da peça e criam ambiente imersivo 
      FOTO: Luiza Fernandes /Divulgação / AGEMT

"Priscilla - A Rainha do Deserto”  segue em cartaz no Teatro Bradesco, localizado em na Rua Palestra, número 500, até setembro com sessões de quinta a domingo. O convite é para a celebração da diversidade e resiliência da comunidade LGBTQIAP+. Para saber mais informações acesse o site (clique aqui) 

 

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Dia 19 de junho homenageia o ítalo-brasileiro Afonso Segreto, primeiro a registrar imagens aqui
por
Beatriz Alencar
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19/06/2024 - 12h

O cinema brasileiro completa 126 anos nesta quarta-feira (19). A cinematografia das telas nacionais começou em 1898, com o cinegrafista ítalo-brasileiro Affonso Segreto (1875-1919).

Considerado o pioneiro na área dos cineastas, a data homenageia o primeiro registro de imagens em movimento no território brasileiro, realizado por ele. A vista da entrada da baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, a bordo do navio francês Brésil, foi o cenário para a primeira filmagem brasileira de Segreto.

No início, o cinema brasileiro contava apenas com pequenos cortes de cenas cotidianas, como visto em "Bailado de Crianças no Colégio, no Andaraí”, que ainda não continha som. O filme, dirigido por Vittorio Di Maio, é um curta do tipo documentário que mostra cenas de jovens dançando na escola, com um som que só eles tiveram a chance de ouvir.

O mundo das ficções chegou no início do século 20, baseado em crimes noticiados pela televisão, como "O crime da mala", de Francisco Serrador, em 1908. Porém, com a Primeira Guerra Mundial, o universo hollywoodiano dominou o mercado e produções norte-americanas aterrizavam no país sem burocracia, o que enfraqueceu os filmes locais.

O ano de 1909 foi marcado pela chegada dos filmes cantados. Mas não do tipo “High School Musical”: os atores ficavam atrás da tela dublando a si mesmos ao vivo.

O perrengue de trás das cortinas passou em 1929, quando "Acabaram-se os otários", de Luiz Barros, foi produzido. Mas não foi algo fácil de se desenvolver. Isso porque os equipamentos nacionais de filmagens e projeção sonora ainda não existiam no Brasil, teriam de ser construídos. Em apenas três meses de investimento e apoio de Tom Bill (ator e mecânico), José Del Picchia (cinegrafista) e das oficinas cinematográficas de Gustavo Zieglitz para a produção, os aparelhos para filmagem e exibição sonora, batizados de Sincrocinex, vieram ao mundo.

Apesar de já contar com tantos momentos, o primeiro grande estúdio do Brasil só foi surgir em 1930: o Cinédia, responsável pelo lançamento da insubstituível Carmem Miranda.

A partir de então, outros foram criados, como a Companhia Cinematográfica Vera Cruz, que produziu o primeiro filme brasileiro ganhador do Festival de Cannes, na categoria aventura, com "O Cangaceiro",de Lima Barreto.

Contudo, a valorização do cinema nacional atual passa por dificuldades. Para Jane de Almeida, pesquisadora e curadora com especialização em psicologia e cinema, “o cinema brasileiro não consegue a projeção internacional devida. Ele é muito diverso, mas fica difícil ser compreendido com uma identidade aos olhos estrangeiros”, declarou.

Cinema Novo

Considerada a melhor época do cinema nacional para Jane, O Cinema Novo (1955-1970) foi quando a produção do país ficou reconhecida internacionalmente no meio intelectual, apesar de não obter sucesso de público. Esse movimento teve seu auge após a ditadura militar e, diferente do cinema tradicional, propunha trazer preocupações sociais enraizadas e visibilizadas após o golpe, na cultura brasileira.

 

Para apreciar ou conhecer o cinema brasileiro, as recomendações são “Amor, Sublime Amor (1961) ” e “O Paciente Inglês (1996) ”. Outras indicações de Jane passeiam por clássicos e contemporâneos. Faça sua pipoca e se prepare para a maratona:

• Limite (Mário Peixoto)
• São Paulo, Sinfonia da Metrópole (Adalberto Kemeny e Rudolf Lustig);
• Deus e o Diabo na Terra do Sol (Glauber Rocha);
• Macunaíma (Joaquim Pedro de Andrade);
• Marcado Para Morrer (Eduardo Coutinho);
• Bye Bye Brasil (Cacá Diegues);
• Carandiru (Hector Babenco);
• O Som ao Redor (Kleber Mendonça Filho);
• O Invasor (Beto Brant);
• Bacurau (Kleber Mendonça Filho);
• Amor Divino (Gabriel Mascaro);
• Morcego Negro (Claisson Vidal).

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Saiba onde curtir o clima junino na capital paulista
por
Barbara Ferreira
Marina Laurentino
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14/06/2024 - 12h

O mês de junho chega e com ele uma das celebrações mais aguardadas do calendário brasileiro: as festas juninas! Com suas bandeirinhas coloridas, danças típicas, comidas deliciosas e muita música, a festa traz consigo a tradição para todos os cantos do país. Em São Paulo, não é diferente. Há uma infinidade de opções para quem quer aproveitar ao máximo essa época festiva. Desde quermesses em bairros históricos até grandes eventos com atrações imperdíveis, há diversão garantida para toda a família. Prepare o traje caipira, arrume o chapéu de palha e descubra onde encontrar os arraiás mais animados da cidade.

1. Festa Junina da Paróquia Nossa Senhora da Consolação


Foto: Alberto Rocha

O arraial da Paróquia Nossa Senhora da Consolação acontece há muitos anos e já virou uma tradição paulistana. Além das barraquinhas com comidas típicas, os visitantes podem curtir muita música, com shows ao vivo para arrasar no arrastapé! Toda a renda da festa é revertida em obras sociais que a igreja realiza. A entrada é livre.

Local: Rua da Consolação, 585 - Consolação
Datas: 15, 16, 22 e 23 de junho 
Horário: A partir das 18h
Atrações: Barracas de comidas típicas, quadrilhas, shows ao vivo, brincadeiras populares e bingo.

2. Festa Junina da Paróquia do Calvário

Foto: Divulgação - Paróquia do Calvário.

Há 44 anos, a Comunidade da Paróquia São Paulo Cruz – popularmente conhecida como Igreja do Calvário – se organiza para promover uma das maiores festas beneficentes da cidade de São Paulo. Reunindo cerca de 20 barracas que contam desde pratos tradicionais da época até pratos típicos de outros países, além de brincadeiras, bingos e shows. O valor da entrada é de R$30 para adultos e R$15 idosos (60+). Idosos 80+ e crianças até 10 anos não pagam entrada.

Local: Rua Cardeal Arcoverde, 950 - Pinheiros
Datas: Todos os sábados e domingos de junho e da primeira semana de julho
Horário: A partir das 17h30.
Atrações: Comidas típicas, quadrilhas, shows de forró, brincadeiras e barracas de artesanato.

3. Festa Junina do Memorial da América Latina

Foto: Rafa Guirro

O Memorial da América Latina se transformará em um animado arraial para receber típicas danças de quadrilha, músicas animadas e uma festança gastronômica, incluindo o Festival do Milho Verde e o Festival de Sopas. Ao todo serão mais de 80 barracas oferecendo uma ampla variedade de pratos típicos, petiscos e guloseimas para toda a família. A entrada é gratuita.

Local: Av. Mário de Andrade, 664, Barra Funda - São Paulo
Datas: 15 e 16 de junho. 
Horário: Das 11h às 21h
Atrações: Além das barracas, food trucks estarão presentes oferecendo sanduíches, tacos, burritos, pastéis, hambúrgueres, crepes e uma variedade de pratos doces. Para acompanhar, haverá também cervejas artesanais, drinques, refrigerantes, sucos naturais e água.

4. São João de Nóis Tudim

Foto: Danielle Felix

A popular festa do Centro de Tradições Nordestinas é uma das maiores e mais vibrantes festas juninas de São Paulo! Este ano, o evento está repleto de atrações para todos os gostos e idades. Desfrute das quadrilhas, com dançarinos animados e coreografias encantadoras, e assista a shows ao vivo de forró, sertanejo e outros ritmos que farão todos dançarem a noite toda. A festa conta com deliciosas comidas típicas, como pamonha, canjica, quentão e muitas outras iguarias juninas. A entrada é gratuita. 

Local: Centro de Tradições Nordestinas – Rua Jacofer, 615
Datas: 01 a 28 de junho. 
Horário: 11h às 22h
Atrações: Atrações musicais, interação artística, performances de quadrilha e gastronomia nordestina e junina.

5. Arraiá de Moema

Foto: Divulgação - Arraiá de Moema. 

As festas de rua de Moema têm ficado cada vez melhores, e para a 6ª edição haverá uma ótima celebração  na Praça Nossa Sra. Aparecida, ao lado do metrô Moema. O evento promete unir música e barraquinhas de comida. A entrada é gratuita e a programação completa será divulgada em breve.

Local: Praça Nossa Sra. Aparecida – Moema – SP
Datas: 22 e 23 de junho
Horário: A partir das 10h 
Atrações: Comidas típicas, música ao vivo, brincadeiras juninas e, claro, muita quadrilha. 

Dicas para Aproveitar as Festas Juninas:

Chegue cedo: Para aproveitar ao máximo as atrações e evitar filas nas barracas de comidas.

Vista-se a caráter: Trajes típicos como vestidos de chita, chapéus de palha e camisas xadrez fazem parte da diversão.

Traga dinheiro em espécie: Algumas barracas podem não aceitar cartões.

Verifique a programação: Consulte as redes sociais ou sites das festas para conferir a programação detalhada e atualizações.

Com opções para todos os gostos, desde os bairros de origem caipira até espaços urbanos que celebram a tradição com muita criatividade, as festividades trazem à tona o espírito comunitário e a experiência cultural, cheia de música, dança, sabores e tradições. 

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Taylor Swift construiu ao longo de sua carreira uma comunidade dedicada a decifrar suas letras e a aprender a viver segundo seus conselhos
por
Anna Cândida Xavier
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08/06/2024 - 12h

The Tortured Poets Department, ou TTPD para os próximos, foi o álbum com mais streams no Spotify no primeiro dia de seu lançamento, 19 de abril, com mais de 200 milhões de reproduções em um dia. Taylor Swift segue quebrando recordes, mesmo quando escreve em poemas e enigmas sobre seus momentos sombrios e íntimos, como o fim de um relacionamento de seis anos e o peso da fama.

Capa da Times. Reprodução/Taylor Swift via Instagram

Em 2023 a revista Times nomeou Taylor Swift Person of the year, era de se esperar que em 2024 a cantora não iria deixar a peteca cair. Em meio a turnê mundial The Eras Tour e a regravação dos álbuns roubados, Swift consegue ser o centro das atenções mais uma vez. A semana de lançamento foi repleta de quebra cabeças e instalações ao redor do mundo, Taylor convida seus fãs a decodificarem os mínimos detalhes e interpretar mensagens escondidas. Desde o anúncio do álbum, referências ao número 2 tem pipocado em fotos, instalações e postagens; duas horas depois da estreia de TTPD, os fãs ávidos são presenteados com 15 músicas surpresa, completando duas horas e dois minutos de álbum. Tudo é planejado.

Em todos os seus álbuns a cantora deixa rastros de si para os fãs, não somente em suas músicas repletas de narrativas, mas em mensagens escondidas. No encarte de seu primeiro álbum, por exemplo, conselhos eram soletrados em letras destacadas – como em Picture To Burn que recomendava “Date nice boys” (namore bons garotos), The Outside que garantia “You are not alone” (você não está sozinha) ou o alerta em Cold As You, “Time to let go” (hora de deixar ir embora). Taylor investe em uma relação próxima com seus fãs desde seus 16 anos, quando ainda era uma adolescente de uma cidade pequena, e se dedica à essa empreitada até hoje.

É claro que nem tudo são flores, ao longo de sua carreira Taylor Swift foi o alvo do escrutínio da mídia e algumas amizades malfadadas. Em 2016, contemplou, inclusive, encerrar sua carreira, mas a comunidade que sempre cultivou ficou ao seu lado e “batalhou nas trincheiras” da internet por ela. Álbum a álbum, restaurou seu nome; em cada nova “Era” revelou mais uma de suas facetas para o público.

Em 2021, Swift começou a saga de relançar os álbuns ainda vinculados à gravadora Big Machine Records que vendeu seus masters sem sua permissão. Nesse processo, reconquistou o coração de muitos e conseguiu atingir o coração de uma nova geração que talvez nunca tivesse escutado You Belong With Me, We Are Never Ever Getting Back Together ou Bad Blood.

As swifties, se encantam com a poesia e a narrativa presentes em suas músicas, especulam e teorizam sobre as conexões ocultas em sua obra. Por meio da internet essa comunidade mundial compartilha a paixão por Taylor Swift, cria-se um espaço de intimidade e de acolhimento em que virar noite para acompanhar o lançamento de um álbum novo – analisar cada palavra – faz parte da brincadeira.

“Eu não tinha tido muito contato com a discografia da Taylor até conhecer amigos que são fãs dela” comenta Beatriz Dutra, “é interessante observar essa relação interpessoal tão próxima que é cultivada tanto entre a artista e os fãs quanto entre o próprio fandom. É curioso perceber como cada música é capaz de provocar uma emoção e evocar memórias muito singulares para cada pessoa”.

A psicóloga Elaine Grecco, formada pela Universidade de São Marcos e psicanalista em formação permanente, atribui a troca vulnerável dentro da comunidade de fãs à capacidade de Taylor Swift de “decodificar as próprias frustrações e decepções, de ir até a fonte desses desafetos, desses impasses da própria vida, e transformá-los em símbolos compartilháveis”. É preciso ser muito honesto consigo mesmo para traduzir experiências dolorosas, o processo de significar os próprios sentimentos e disponibilizá-los para o outro através de uma experiência estética é um ato de coragem, segundo a psicóloga. “A coragem de sustentar, durante a carreira, composições que falam de afetos humanos que são renegados para ordem da não importância, mas que são universais”.

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Show no México. Reprodução/Taylor Swift via Instagram

Ser fã de Taylor Swift é experienciar a música por meio do coletivo, Elaine propõe que a cantora “milita por difundir as relações, relações de amizade, de cumplicidade, de união, ela vai retroalimentando isso”. Para a comunidade de Taylor, analisar cada palavra de cada uma das letras, procurar seus significados no mundo e construir juntos uma relação com essas histórias é o diferencial da cantora.

Anne Louise Dias, uma swiftie, conta que o que mais lhe impacta e impressiona nas canções é como seus versos podem trazer diversos significados. “Não é algo fechado, em que a interpretação é única, pelo contrário. Uma vez que ela lança uma música, surgem diversas interpretações e significados variando de fã para fã. Ela faz isso de propósito, de certa maneira. Quando ela lança a música, ela não é mais só dela e sim de todas as pessoas que irão escutar e se relacionar com ela. É uma escrita viva, de certa forma”.

“A memória funciona por representação, as histórias se mantêm vivas porque as lembramos, porque a forma de compreender um evento se transforma”, conta Elaine Grecco, “ela consegue atualizar o público da representação que as suas histórias têm para ela, mantém a história viva”. As regravações de Taylor Swift são um exemplo disso: são sempre lançadas com músicas novas escritas na época em que o álbum originalmente foi escrito. Assim como estratégia de publicizar seu novo álbum, The Tortured Poets Department, montando 5 playlists que representam as fases do luto e preenchê-las com suas próprias músicas, mudando o significado biográfico de muitas das canções.

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Poesia do anúncio do álbum Tortured Poets Department. Reprodução/Taylor Swift via Instagram

Ao compartilhar parte de si, Taylor está incentivando seus fãs a olharem para suas histórias, compreenderem mais profundamente seus processos internos, fazerem amizade com suas versões do passado. “É um lugar de muita responsabilidade”, comenta a psicóloga, “eu não atribuo isso a uma leitura pedagógica, ou instrutiva – estou falando de um outro lugar, de como ela habita o psiquismo do fã e participa ativamente nessa construção”. Anne Louise levanta que essa relação com os fãs transforma a cantora em um exemplo e comenta sobre a música Dear Reader, que é um recado para os swifties. “Ela não quer essa posição de modelo a ser seguido, ela escreve conselhos para os ouvintes, mas isso não significa que ela sabe para onde está caminhando”.

“Talvez seja justamente por isso, por admitir que ela não sabe para onde ela está indo, que ela seja a estrela guia para os fãs” aponta Elaine, “ela tem a clareza da responsabilidade social enquanto um ícone. Disponibilizar a verdade que me habita através das músicas que escrevo não significa que essa é a verdade toda, porque não temos como entrar em contato com verdade toda”.

A possibilidade de interpretação das músicas de Taylor Swift abre caminho para que muitos fãs se apoiem nas canções, é uma fonte de força e conforto, como compartilha Anne Louise: “acho que um dos momentos mais difíceis para mim foi quando minha melhor amiga, que também é fã dela, tentou suicídio. Como a Taylor tem música para tudo, eu mergulhei em sua discografia – duas semanas depois, ela anunciou que viria pela primeira vez ao Brasil se apresentar. Eu tive a sorte de ir ao show com a minha melhor amiga e gritar em plenos pulmões de mãos dadas com ela as músicas que me ajudaram a passar por aquele período”.

A obra de Taylor Swift não pode ser explicada somente por números, ainda que ajudem a dimensionar a escala do impacto da cantora, somente conversando com um fã é possível começar a compreender.

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A história sobre Haymitch na 50° edição dos Jogos chegará às livrarias em 2025 e aos cinemas em 2026
por
Juliana Bertini de Paula
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07/06/2024 - 12h

"Sunrise on the Reaping", ou em tradução literal, Nascer do sol na Colheita, será o novo livro da saga Jogos Vorazes. Suzanne Collins, criadora da franquia, anunciou nesta quinta-feira (06) em entrevista à Associated Press. O livro chegará nas livrarias norte-americanas dia 18 de março de 2025. A capa oficial ainda não foi divulgada. Uma adaptação para os cinemas também já foi confirmada pela produtora Lionsgate, responsável pelos outros filmes da franquia, para 20 de novembro de 2026.

 

Woody Harrelson como Haymitch Abernathy na trilogia principal de Jogos Vorazes. Foto: Divulgação/Lionsgate
Woody Harrelson como Haymitch Abernathy na trilogia principal de Jogos Vorazes. Foto: Divulgação/Lionsgate

 

 

Como será a história? 

 

A história se passará 25 anos antes da trilogia principal e contará sobre o 50° Jogos Vorazes - disputa entre jovens onde apenas 1 sairá vivo - o 2° Massacre Quartenário, protagonizado por Haymitch Abernathy do Distrito 12 - o vencedor dos jogos. O protagonista já apareceu na saga como mentor de Katniss Everdeen e Peeta Mellark nos primeiros filmes e foi interpretado por Woody Harrelson, conhecido também por seu papel em Zumbilândia.

 

O próximo livro também irá abordar o poder da propaganda no controle da população "Com 'Nascer do sol na Colheita', me inspirei na ideia de submissão implícita do [filósofo] David Hume e, em suas palavras, 'a facilidade com que muitos são governados por poucos'" - disse Suzanne em entrevista à Associated Press.

 

Os Massacres Quaternários são edições especiais de 25 anos dos Jogos, assim, os Distritos mandaram o dobro de tributos à edição em que Haymitch foi obrigado a participar. Tendo 48 participantes ao invés de 24, o protagonista conseguiu chegar a final e sair vitorioso da disputa.

 

Arena do 3° Massacre Quartenário vivido por Katniss e Peeta. Foto: Divulgação/Lionsgate
Arena do 3° Massacre Quartenário vivida por Katniss e Peeta. Foto: Divulgação/Lionsgate

 

 

Recém lançamento

Em 2020, outro livro da franquia foi lançado. “A Cantiga do Pássaro e da Serpente” conta a história de Coriolanus Snow, presidente de Panem e de Lucy Gray, Tributo do Distrito 12. Três anos depois, a história foi adaptada para os cinemas e hoje já está disponível na Amazon Prime. 

 

Apenas 10 anos após a Primeira Rebelião, os idealizadores ainda estão entendendo como a população responde aos Jogos. Na 10° disputa, cada jovem da Capital se torna mentor de um Tributo. Assim, o jovem Snow conhece a barda Lucy.

 

Após trapacear para fazer a jovem ser a última sobrevivente, Snow é exilado para o Distrito 12. Lá, juntamente com Lucy, decide fugir para viver uma vida mais tranquila, porém o conflito de interesses do casal faz com que se virem um contra o outro.

 

Lucy desaparece enquanto Snow consegue retornar à Capital e se torna presidente de Panem, mantendo os Jogos Vorazes ativos até sua morte. 

 

Coriolanus Snow e Lucy Gray, interpretados por Tom Blyth e Rachel Zegler. Foto: Divulgação/Lionsgate
Coriolanus Snow e Lucy Gray, interpretados por Tom Blyth e Rachel Zegler. Foto: Divulgação/Lionsgate

 

 

Jogos Vorazes

 

A distopia de Jogos Vorazes se passa em Panem, um estado soberano e uma república constitucional democrática (antigamente uma ditadura totalitária), liderada por Coriolanus Snow.

 

Estabelecido algum tempo após uma série de desastres ecológicos e um conflito global ter provocado o colapso da civilização moderna, a nação está situada no território do continente norte americano, consistindo de um distrito federal e treze distritos periféricos. Cada distrito deve fornecer diferentes materiais para a Capital em troca de proteção.

 

Por conta da grande desigualdade social, os distritos declararam guerra à seus líderes, revolução que ficou conhecida como Primeira Rebelião. Nesta revolta, o 13° distrito, que era responsável por itens nucleares, foi completamente destruído na superfície. Porém continuou ativo secretamente no subsolo, planejando a próxima revolução.

 

Como punição do fracasso da Primeira Rebelião, e para não deixar o poder da Capital sob os distritos ser esquecido, os Jogos Vorazes foram criados. Anualmente, dois jovens entre 11 e 18 anos, de cada um dos 12 distritos - já que o 13 havia sido presumidamente destruído - eram tomados pela Capital como Tributo para lutarem até a morte em uma batalha onde apenas um seria coroado como o Vitorioso.

 

Presidente Snow, interpretado por Donald Sutherland, em Jogos Vorazes. Foto: Divulgação/Lionsgate
Presidente Snow, interpretado por Donald Sutherland, em Jogos Vorazes. Foto: Divulgação/Lionsgate

 

 

Durante os 74° Jogos, no distrito 12 - responsável pela mineração - Katniss Everdeen, que se voluntariou no lugar da irmã mais nova, Primrose Everdeen, e Peeta Mellark foram enviados. 

 

Teoricamente, apenas um Tributo poderia sair vivo da arena, porém, em um ato de rebeldia, Katniss e Peeta, ao serem os últimos vivos na arena, se recusam a ter que matar o outro e ameaçam a comerem frutas venenosas, impedindo que tenha qualquer vencedor. A Capital, para impedir que tal ato rebelde aconteça, permite que ambos sejam os Vitoriosos e pela primeira vez, uma dupla é campeã dos Jogos.

 

Peeta, Effie e Katniss, respectivamente, interpretados por Josh Hutcherson, Elizabeth Banks e Jennifer Lawrence. Foto: Divulgação/Lionsgate
Peeta, Effie e Katniss, respectivamente, interpretados por Josh Hutcherson, Elizabeth Banks e Jennifer Lawrence. Foto: Divulgação/Lionsgate 

A revolta dos jovens inspirou uma revolução por toda Panem. Quando são enviados novamente às arenas para o 75° Jogos, o 3° Massacre Quartenário, a rebelião pensada pelo Distrito 13 é colocada em prática.

 

Após Katniss e outros Tributos destruírem a arena, os rebeldes resgatam os sobreviventes e os levam até a base subterrânea na região presumidamente destruída para se juntarem à revolta. Lá a protagonista se torna a cara da revolução, enredo do 3° e 4° filme. Liderados por Alma Coin, os jovens resgatados e outros adeptos à revolta vão para a Capital a fim de destruir o atual governo e acabar com os Jogos.

 

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