“Pegaram meu bebê para me ameaçar, Rose Nogueira.” é uma das frases presentes nas paredes das celas. O sangue ilustrado nas fotos não é artístico, assim como as grades e as portas de cada sala do Deops, servindo para recordar os dias de tortura sofridos pelos presos na Ditadura.

O Memorial da Resistência, criado em 2009 pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, abriga um acervo histórico e muitas apresentações de aspectos diferentes dos 21 anos de Regime Militar no Brasil.
Há atualmente no local a exposição permanente “Memórias nas celas do Deops/SP” e as temporárias: “Resistências na PUC-SP” e “Mulheres em Luta! Arquivos de memória política”, todas essas agregando um enorme valor à indústria cultural e tornando indeléveis os acontecimentos dessa época.
Entrar nos cárceres do museu e ler a linha cronológica dos fatos ocorridos traz à tona o peso e a tensão vividas na época, evidenciando o período desgastante que atentou contra a democracia, a arte e a liberdade.
Vítor Nhoatto, estudante do 2° semestre de jornalismo da PUC-SP, afirma que toda a visita foi impactante, mas as falas escritas nas paredes o tocaram profundamente: “A parte que mais me chocou foi aquele escrito em que os carcerários sabiam quando os guardas iam até eles ou para levar comida ou para torturar”.

Rememorar para resistir
A segunda cela existente no memorial mostra dois colchões no chão e suas paredes completamente rabiscadas com nomes de pessoas que sobreviveram ao Regime e acontecimentos que as levaram a ser presas. Essa foi uma maneira eficaz de dar voz a esses cidadãos, já que segundo o Relatório da Comissão da Memória e da Verdade (CMV) da Prefeitura de São Paulo, um fato marcante dos anos de Ditadura foi a indigência de muitos indivíduos que foram presos, morreram, mas sequer foram velados ou tiveram suas mortes notificadas.
De acordo com o documento da CMV: “...o sepultamento como indigente de militantes assassinados e com a identidade conhecida pelos agentes era uma prática comum para impedir sua localização pela família e acobertar os crimes cometidos pela repressão.” Assim, expressar nos muros os nomes de vários sobreviventes foi uma forma de demonstrar mais uma vez a resistência.
TUCA Incendiado
A exposição “Resistências na PUC-SP” conta como a Pontifícia Universidade Católica foi ponto de referência na resistência contra a Ditadura, abrigando exilados, protestando contra a repressão e ainda, promovendo eventos de ciência, cultura e música durante toda a censura vinda do Estado.
Por esses motivos, a PUC foi invadida por policiais militares no dia 22 de setembro de 1977 e o TUCA, Teatro da Universidade Católica de São Paulo, foi incendiado sete anos depois, no dia 22 de setembro de 1984. Dessa forma, com a ideia de que lembrar é resistir, a exposição deixa indiscutível a participação da comunidade acadêmica na luta contra toda a oposição à democracia, e também manifesta a relevância que a educação tem no combate ao autoritarismo governamental.
Esta matéria foi produzida como parte integrante das Atividades Extensionistas do curso de Jornalismo da PUC-SP.
O ano de 1979 marcou o começo de um processo de ruptura do Regime Militar brasileiro. Com o início do governo de João Figueiredo e a promulgação da Lei da Anistia, que perdoava os perseguidos políticos, chamados pela Ditadura de subversivos, os militares gradativamente iam perdendo força para seguir no comando do Brasil. Após esse ano, a economia do Brasil começou a quebrar, entre 1980 e 1985 a inflação anual do país teve uma média de quase 164% de acordo com dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgados pelo jornal O Globo.
A partir daí manifestantes começaram a ir as ruas pedindo a volta da democracia e o direito ao voto, o movimento ficou conhecido como “Diretas Já!”. A campanha pelas diretas teve início oficial em março de 1983, com a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do então deputado Dante de Oliveira, que restaurava as eleições populares no país, a proposta contou com apoio de dez governadores de oposição ao governo. A maior das manifestações ocorreu em 16 de abril de 1984, dias antes da votação da Emenda, o evento, que correu na cidade de São Paulo, reuniu cerca de 1.5 milhão de pessoas que gritavam pelo fim do Regime que já se arrastava por 20 anos.

No dia da votação a PEC não foi aprovada, obtendo menos votos do que o necessário para entrar em vigor. Porém, nas eleições de 1985 os militares não emplacaram seu candidato e Tancredo Neves foi eleito pelo Congresso Nacional para presidir o país. Os brasileiros só teriam seus direitos ao voto reestabelecido em 1988 com a promulgação da atual Constituição e no ano seguinte elegeria o seu primeiro presidente depois de quase três décadas.
Mesmo com a redemocratização. o regime militar deixa marcas em nossa história até hoje, dados do Governo Federal mostram que 364 pessoas ainda sequer foram encontradas, além disso, a Comissão da Memória e Verdade da Prefeitura de São Paulo apurou que somente na capital paulista, 79 pessoas foram mortas e sepultadas pela repressão e com colaboração e aval da Prefeitura Municipal.
Esta matéria foi produzida como parte integrante das Atividades Extensionistas do curso de Jornalismo da PUC-SP.
Como escrito na profecia, Timothée Chalamet voltou às telas, no dia 28 de fevereiro, para dar vida ao personagem Paul Atreides no segundo filme da trilogia de Duna, junto de Zendaya, que vive a personagem Chani. Nesta terça-feira (16), o longa chegou nas plataformas de streaming e está disponível para aluguel a partir de R$49,90 no Youtube, na Amazon Prime Video, na Apple TV e no Google filmes.

Em 2021, o primeiro filme da franquia encerrou sua exibição nos cinemas com uma arrecadação de 431,1 milhões de dólares. A parte 2, que ainda está em cartaz, já ultrapassou 631 milhões de dólares e impõe atualmente o recorde de maior bilheteria do ano de 2024.
Duna: Parte 2 conquistou um grande aumento na bilheteria, se comparado ao início do ano lento. Antes da estreia, o longa de maior bilheteria era outro, também lançado em fevereiro, Bob Marley: One Love, com U$175,9 milhões arrecadados em todo o período de exibição. O filme de ficção científica arrecadou o mesmo valor apenas no primeiro final de semana em cartaz.
A franquia é uma adaptação dos livros de ficção-científica de mesmo nome, escrita por Frank Herbert em 1965. A saga original possui 6 livros, com mais de 3.500 páginas contando a trajetória de Paul Atreides e de outros personagens. Além disso, existem mais 15 livros escritos por Brian Herbert, filho do autor original, que expandem o universo de Duna. Esses complementos são baseados em notas, rascunhos e ideias deixadas por Frank, porém não foram traduzidos para português até o momento.
A história se passa milhões de anos no futuro, em uma galáxia diferente, em que os governos foram separados em Casas Maiores, divididos entre famílias detentoras dos feudos de cada planeta do sistema, seguindo o imperador. Entre muitas, a casa Atreides foi designada a governar o planeta Arrakis, conhecido como Duna por conta de seus extensos desertos de especiarias, o bem mais precioso no universo do filme. Enquanto isso, os Harkonnens, casa inimiga da família de Paul, arquiteta tomar o poder do planeta, e assassina o duque Leto Atreides, pai do protagonista e comandante de Arrakis, interpretado por Oscar Isaac, durante o primeiro filme.
Duas profecias circundam a vida do protagonista vivido por Chalamet, Paul Atreides. A primeira envolve as Bene Gesserit, uma irmandade com poderes de manipulação que estão envolvidas na política universal. Elas procuram pelo Kwisatz Haderach, um homem que obterá os mesmos poderes da irmandade. A segunda é uma lenda religiosa dos Fremen, povo originário de Arrakis, que prevê que um salvador chegaria para libertar o planeta dos colonizadores que se aproveitam dos bens naturais do planeta.
No segundo filme da saga, Paul se junta aos Fremens, os verdadeiros nativos de Arrakis, que vivem segregados nos campos de areia do planeta, com o objetivo de se vingar da casa inimiga que destruiu sua família e assumiu o poder do local na primeira parte da trilogia. Em sua jornada, Paul se torna líder do grupo e assume o papel religioso de Lisan Al Gaib, o salvador, junto de Chani. Além disso, as semelhanças com a profecia das Bene Gesserit se tornam cada vez mais evidentes.

Um terceiro filme ainda não foi confirmado, mas o diretor Denis Villeneuve e os atores principais já demonstraram interesse em dar continuidade na saga. O ator Timothée Chalamet, em entrevista à Reuters, revelou: “O sonho é fazer outro. Obviamente, esse filme [Duna: Parte 2] tem que ter certo sucesso para garantir um terceiro. Mas todo mundo está super no jogo. Como não estar?”.
Além do protagonista, outros atores demonstraram interesse em participar de um terceiro filme. Zendaya confirmou recentemente em uma entrevista também à Reuters “Se eu toparia? Quero dizer, é claro. Na hora que o Denis ligar, é um ‘sim’ meu”. Porém, um próximo filme poderia demorar, já que Villeneuve trabalhou 6 anos seguidos para filmar as partes 1 e 2. O diretor afirmou para a revista Times que não houve intervalo entre as duas primeiras produções, mas que quer um tempo para a próxima.
O longa foi muito bem recebido pelo público e pelos críticos. Durante a estreia, no site de críticas de cinema Rotten Tomatoes, o filme foi recebido com 95% de aprovação da crítica e 97% do público. Atualmente, as porcentagens continuam extremamente altas, 93% e 95% respectivamente. Nas redes sociais, um tsunami de comentários positivos foi visto na primeira semana após a primeira sessão ser transmitida no Brasil.
DUNA 2 É A MELHOR COISA QUE JÁ ASSISTI EM ANOS pic.twitter.com/AKZh6oskce
— 𝗯𝗿𝗶𝗻𝗶𝗻 (@filhodaflorence) March 2, 2024
Que experiência foi Duna: Parte 2! 🔥 Depois de introduzir a sua versão do universo de Herbert no primeiro filme, Villeneuve nos entregou uma conclusão ainda melhor, com mais ação, e uma trama mais visceral e emocionante. pic.twitter.com/dLos7yCLuz
— Central Pandora 👽🛸 (@central_pandora) March 2, 2024
Lana Del Rey se apresentou como artista principal na sexta-feira dos dois finais de semana (13 e 14, 20 e 21) do festival Coachella, que acontece em Los Angeles, Califórnia, anualmente. A apresentação da cantora começa ainda nos bastidores. Lana e suas dançarinas andaram entre o público de mais de 125 mil pessoas de moto em direção ao palco. A entrada teve referência o clipe de “Ride”. O poder da cantora se evidenciou quando “Jealous Girl”- música sequer lançada - levou todos ao delírio. Assim, a estrela instaurou sua atmosfera etérea e angelical por todo o festival.

A infraestrutura do cenário para o palco é a maior da carreira de Del Rey. A construção contou com elementos de suas músicas. Haviam rachaduras de ouro nos pilares referentes a “Kintsugi”, música da cantora e técnica japonesa de reparar cerâmicas quebradas. Os azulejos no palco eram os mesmos do túnel embaixo da Ocean Boulevard, na Califórnia, elemento faz parte de canções em seu último álbum. A estrutura contava com um pole dance. Em “Candy Necklace” enquanto Jon Batiste tocava um solo de piano, a artista deu um icônico giro na barra que foi incansavelmente compartilhado nas redes. O figurino foi assinado pela marca Dolce & Gabbana.

O cenário impressiona ao levar em consideração os problemas enfrentados. Em seu instagram, a headliner revelou a saída de seu empresário da sua equipe em meio à produção. “O Peter se demitiu sem motivos depois de 15 anos…”, escreveu. Mas, a ausência de Peter Abbot parece não ter tido efeitos. “Sem problemas - 37 dias foi tempo mais do que suficiente para montarmos um set inteiro sozinhos. Não é nada estressante”, pontuou a artista ironicamente. Além disso, Lana enfrentou uma laringite até poucas horas antes de subir ao palco. Ela revelou que curou com “habilidades intuitivas corporais”, técnicas de Tessa diPietro, sua taróloga.
O repertório estava recheado de hits, mas repetitivo. O catálogo da estrela indie é vasto, mas, segundo fãs, pouco explorado. Ela repaginou apresentações da sua última turnê de maneira grandiosa, como é o caso de “Chemtrails Over The Country Club”. “Let The Light In”, fez falta, a canção faz parte de seu último trabalho e ainda assim foi cortada da versão final da setlist. Mas tudo parece ter sido compensado com a convidada especial no primeiro final de semana. Billie Eilish entrou para cantar “Ocean Eyes” e “Video Games”, uma grata surpresa aos admiradores de ambas. No segundo show, a convidada foi Camila Cabello. A cubana apresentou sozinha a faixa “I LUV IT”, que está viralizando nas redes sociais, mas deixou o deserto em silêncio.

A intérprete entrega a voz ao público em vários momentos do show, que responde a altura. Isso faz parte de seu estilo no palco, mas seria ainda mais empolgante se a cantora agraciasse seus espectadores cantando suas músicas por completo. Sua voz já foi centro de críticas 12 anos atrás durante uma apresentação de “Blue Jeans” no programa SNL. Mas ela bota um ponto final nessa polêmica ao interpretar “Hope is a Dangerous Thing For a Woman Like Me” nos mesmos moldes da fatídica performance de 2012, hoje como assinatura de sua personalidade musical.
🚨Meu Deus! Lana Del Rey está fazendo alusão ao SNL com a música Hope pic.twitter.com/So4obHKrD9
— Lana Del Rey World (@LDRWorld1) April 13, 2024
“Essa é a razão da existência da metade de vocês, incluindo a minha”, disse Billie apontando para Lana. Del Rey é uma das maiores referências para as novas gerações da música. Conseguimos ouvir suas influências em trabalhos de Taylor Swift, Halsey, Lorde, Olivia Rodrigo, entre outras cantoras. O LANACHELLA foi a celebração de seu legado incontestável e o atestado da marca que deixará na indústria.
Localizado no centro de São Paulo, o Memorial da Resistência, conta com uma exposição temporária sobre a participação de mulheres na oposição do regime militar que comandou o Brasil por 21 anos. Em busca de valorizar e honrar a memória e a luta de jovens como Inês Etienne Romeu, Beatriz Nascimento e Laudelina de Campos Mello, são exibidos depoimentos, imagens e documentos que ilustram a participação delas.
De 1964 a 1985, muitas artistas se destacaram por se posicionarem contra a violência do sistema, como por exemplo, as legendárias, Elis Regina e Rita Lee. Mas, além delas várias outras mulheres foram oposição de outras formas e merecem ser lembradas também, um grande exemplo é Inês Etienne Romeu.

Nascida em Minhas Gerais em 1942, Inês participou de grupos de guerrilha como Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares) e Organização Revolucionária Marxista Política Operária (Polop). Em maio de 1971, a mineira foi presa acusada de participar do sequestro de Giovanni Bucher, embaixador suíço; e levada para Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) onde foi torturada.
Depois de um breve tempo, Inês foi para a chamada Casa da Morte – um espaço clandestino de tortura localizado em Petrópolis, RJ – onde passou 72 dias. Com apenas 29 anos, foi estuprada duas vezes, submetida a choques elétricos, tortura psicológica e diversos tipos de humilhação, como limpar a cozinha nua.

A guerrilheira foi a única sobrevivente da Casa da Morte, e razão pela qual a conhecemos hoje.
A história de Inês é exposta, no Memorial, com fotos, ilustrações, depoimentos e uma mostra do filme que conta seu tempo na Casa da Morte, deixando claro os horrores cometidos durante a Ditadura.
Letícia Falaschi, aluna de jornalismo da PUC-SP, afirma que a parte mais impactante de sua visita foi a parte de Inês. “Sai de lá muito tocada, muito sensível. Particularmente, a parte da Inês, a exposição dela me tocou muito, foi muito forte. Os depoimentos, o documentário da Inês e os registros em carta foram os que mais mexeram comigo”
Letícia ainda comentou que “Por não ter acesso na escola, conheci muitas mulheres que fizeram parte da Resistência que eu não conhecia, como a Leslie Denise Beloque a Inês”.
A exposição está no Memorial da Resistência, a entrada é gratuita e estará aberta até 28 de julho de 2024.