Novo disco da cantora é o primeiro após grande turnê mundial e promete retomar parceria com Max Martin
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Luis Henrique Oliveira
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12/08/2025 - 12h

Na madrugada desta terça-feira (12), Taylor Swift anunciou o lançamento de seu 12º álbum de estúdio, intitulado “The Life of a Showgirl”. A revelação veio após o fim de uma contagem regressiva no site oficial da cantora, acabando exatamente às 00h12 no fuso-horário norte americano, 01h12 no horário de Brasília.

Combinado com o anúncio, um  trecho do podcast New Heights Show, apresentado pelos irmãos Travis e Jason Kelce, namorado e cunhado de Swift, mostra a cantora abrindo uma maleta e apresentando seu novo disco. A capa será revelada apenas nesta quarta-feira (13) durante sua participação especial no programa.

A cantora Taylor Swift no podcast New Heights Show, apresentando a capa de seu novo disco, porém borrada.
Taylor Swift faz anúncio de novo álbum em trecho divulgado de podcast. Foto: Instagram/@taylorswift

Taylor sempre deixou pistas antes de comunicar um novo projeto. No trabalho anterior, “The Tortured Poets Department” (2024), ela posava para fotos fazendo o sinal de dois, revelando mais tarde se tratar de um álbum duplo – e dessa vez não foi diferente.

Os rumores de um novo disco correm no mundo Swiftie (fãs da artista) desde o fim da The Eras Tour, quando a cantora apresentou um novo logotipo e passou a usar 12 letras para estender palavras simples (como prolongar o “d” em “god” nos stories do Instagram, por exemplo).

As especulações ganharam força na segunda-feira quando sua equipe de marketing postou nas redes sociais um carrossel de doze fotos suas usando roupas laranjas durante a última turnê, cor inédita dentre as que compõem a paleta dos álbuns anteriores, junto de uma legenda sugestiva: “lembrando de quando ela disse ‘vejo você na próxima era…'”. 

Após o anúncio, outdoors do Spotify foram colocados em Nova York e Nashville - cidade natal de Taylor -  a fim de divulgar uma playlist em conjunto da cantora, intitulada “And, baby, that’s show business for you” (“e, amor, isso é show business para você”, em tradução livre). Todas as músicas que estão presentes no compilado foram produzidas por Max Martin e Shellback, que trabalharam com Swift nos álbuns Red (2012), 1989 (2014) e Reputation (2017), sendo uma possível pista do que esperar do novo projeto.

Outdoor em Nova York com fundo laranja brilhante, no centro está o código para uma playlist exclusiva da cantora Taylor Swift
Playlist traz 22 faixas, presentes nos álbuns Red, 1989 e Reputation. Foto: Reprodução/X/@TSUpdating

“The Life of a Showgirl” será o primeiro disco da cantora após readquirir os direitos de seus seis primeiros discos, vendidos sem seu consentimento quando sua antiga gravadora, Big Machine Records, foi comprada pelo empresário Scooter Braun, em 2019.

Taylor conseguiu recuperar suas masters em maio deste ano, encerrando não só a luta para consegui-las de volta, mas também o projeto de regravação de suas músicas.

O álbum ainda não tem data de lançamento oficial, entretanto a previsão de entrega dos vinis vai para até o dia 13 de outubro.

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Compositor e cantor vivia com sequelas decorrentes de um AVC que sofreu em março de 2017
por
Bianca Novais
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08/08/2025 - 12h

A família de Arlindo Cruz anunciou a morte do compositor, cantor e instrumentista nesta sexta-feira (8), através das redes sociais do artista. Considerado um dos maiores sambistas do país, Arlindo vivia com a saúde debilitada desde março de 2017, devido a um Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico.

“Mais do que um artista, Arlindo foi um poeta do samba, um homem de fé, generosidade e alegria, que dedicou sua vida a levar música e amor a todos que cruzaram seu caminho", diz a nota de falecimento. O sambista morreu no hospital Barra D'Or, Zona Oeste do Rio de Janeiro.

 

 

Arlindo Domingos da Cruz Filho nasceu na capital fluminense em 14 de setembro de 1958, no bairro de Madureira, Zona Norte da cidade. Em homenagem a ele, escreveu uma de suas canções mais conhecidas, “Meu Lugar”, parte do álbum “Hoje tem samba” (2002).

Tocava cavaquinho, banjo e ainda na juventude começou a se apresentar profissionalmente, enquanto estudava teoria musical na escola Flor do Méier. Nesse período, foi apadrinhado musicalmente por Candeia, outro renomado sambista carioca.

Estudou na escola preparatória para Cadetes do Ar aos 15 anos, em Barbacena (MG), mas logo voltou ao Rio. Passou a frequentar a roda de samba do Cacique de Ramos, onde tocou com Jorge Aragão, Beth Carvalho, Ubirany e Almir Guineto. Lá, conheceu Zeca Pagodinho e Sombrinha, que, à época, também eram revelações no mundo do samba.

Escreveu algumas músicas para outros intérpretes - “Lição de Malandragem” (David Correa), “Grande Erro” (Beth Carvalho), “Novo Amor” (Alcione) - antes de entrar no Grupo Fundo de Quintal, em 1981.

 

 

Ganhou notoriedade nacional durante os 12 anos na banda e gravou sucessos como “Só Pra Contrariar”, “O Mapa da Mina” e “Primeira Dama”. Em 1993, seguiu carreira solo e continuou nos holofotes, com várias músicas em parceria com outros gigantes do samba. Entre seus álbuns de maior destaque recente estão “MTV ao Vivo Arlindo Cruz” (2009) e “Batuques do Meu Lugar” (2012).

Sombrinha foi uma de suas parcerias mais frutíferas. Escreveram “O Show Tem Que Continuar” e “Alto Lá", também com Zeca Pagodinho. Com este, assinou a autoria de sucessos atemporais da música brasileira como “Bagaço da Laranja”, “Dor de Amor” e “Camarão que Dorme a Onda Leva".

 

Sombrinha e Arlindo Cruz em apresentação. Imagem: Instagram @arlindocruzobem.
Sombrinha e Arlindo Cruz em apresentação. Imagem: Instagram @arlindocruzobem.

 

Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho cantando juntos. Imagem: Instagram @arlindocruzobem.
Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho cantando juntos. Imagem: Instagram @arlindocruzobem.

 

Arlindo compôs mais de 500 músicas, segundo seu site oficial, incluindo sambas-enredo para escolas de samba do Rio de Janeiro: Grande Rio, Vila Isabel, Leão de Nova Iguaçu e Império Serrano, sua escola de coração e que o homenageou no enredo do carnaval de 2023. Mesmo com a saúde fragilizada, ele participou do desfile no último carro alegórico, com ajuda de amigos e familiares.

Em 2015, ganhou o 26º Prêmio da Música Brasileira na categoria Melhor Músico de Samba e é reconhecido como um dos responsáveis pela revitalização do gênero nos anos 1980. Seu último lançamento foi ao lado do filho Arlindinho, em 2017, gravado pouco antes de sofrer o AVC.

Arlindo Cruz em carro alegórico da Império Serrano, durante desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro no carnaval de 2023. Imagem: Instagram @arlindocruzobem.
Arlindo Cruz em carro alegórico da Império Serrano, durante desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro no carnaval de 2023. Imagem: Instagram @arlindocruzobem.

 

Ele foi apelidado de “o sambista perfeito” por amigos e admiradores, em referência a uma de suas composições, em parceria com Nei Lopes. O apelido virou o título da biografia do músico, escrita pelo jornalista Marcos Salles e publicada em junho deste ano.

Arlindo Cruz era candomblecista, filho de Xangô, e atuava contra a intolerância religiosa. Ele deixa esposa, Babi Cruz, e três filhos: Arlindinho, Flora e Kauan.

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Banda mineira trouxe show inédito para a capital paulista com mistura de sentimentos e surpresas
por
Giovanna Britto
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06/08/2025 - 12h

No último sábado (02) a banda Lagum se apresentou no Espaço Unimed com a turnê “As cores, as curvas e as dores do mundo”. Com ingressos esgotados, o espetáculo contou com todas as músicas do novo álbum, que dá nome à  apresentação, e com diversos outros hits do grupo, como “Deixa”, “Oi”, “Ninguém me ensinou” e “Bem melhor”.

Banda Lagum no palco do Espaço Unimed
Banda Lagum durante show no Espaço Unimed. Foto: Reprodução/Instagram/@lagum

O quinto disco, lançado em maio de 2025, teve uma recepção calorosa pelos fãs e gerou expectativas em torno da subida de Pedro, Chico, Jorge e Zani ao palco. Cada momento do show condiz com a proposta da nova fase da banda: questionar o mundo moderno, ao mesmo tempo em que aproveita o momento e enxerga a beleza no cotidiano.

Em entrevista à AGEMT, Pedro Calais, o vocalista, comenta sobre a experiência: “A vida é agora, a gente só tem essa chance de viver e não vamos nos privar de fazer uma coisa maneira, de estar com as pessoas que querem o nosso bem e pessoas que queremos o bem, como nossos fãs”.

O pré-show já exalava a energia do que estava por vir, com uma setlist, que ia de Charlie Brown Jr. até Jão. Com a entrada marcada para às 22:30, o grupo manteve a exaltação do público com “Eterno Agora”, “Dançando no escuro” e “Universo de coisas que desconheço”, a última em parceria com a dupla AnaVitória, presente na plateia para apoiar os amigos. 

Atenciosos, os músicos estavam atentos ao bem-estar do público e parando as canções para pedir ajuda aos socorristas quando necessário. Os momentos de conexão foram compostos de falas com piadas internas entre a fanbase - como a ausência do hit queridinho dos fãs “Fifa” - até ao chá revelação de Chico, baixista, que espera uma menina com a esposa e influenciadora Marina Gomes.

Baixista Chico falando ao microfone enquanto coloca a mão na barriga da sua esposa grávida Marina
Foto: Reprodução/Instagram/@portallagum

 

Pedro também comentou sobre essa relação cada vez mais próxima entre os fãs: “De uma hora pra outra, a gente começou a ser visto como artista, como alguém importante. Essa quebra de mostrar para as pessoas que o que a gente tá fazendo é pela essência, é pelo produto musical em si, vai total de encontro com o nosso conceito. É descer um pouco dessa coisa da cabeça de, ‘pô, tamo querendo fazer isso aqui pra tá aqui em cima’, sabe? Vai bem de encontro com o que a gente tá propondo”.

O momento mais esperado da noite foi com a penúltima música “A cidade”, terceira faixa do novo álbum, que viralizou  no TikTok com pessoas retratando perdas e saudades de entes queridos. A emoção tomou conta do público, que cantava e chorava por todo o Espaço.

Visão ampla do palco, telões e plateia no espaço Unimed
Visão do fundo na plateia com Pedro interagindo no microfone. Foto: AGEMT/Giovanna Britto

 

Algumas canções, como “Tô de olho”, possuem sonoridades diferentes das gravações divulgadas nas plataformas digitais. Isso complementa a sensação de estar presenciando algo especial, pensado com carinho e a dedo.  Esses aspectos reafirmam mais uma vez a intenção do grupo de fazer com que as pessoas se conectem com o agora, vivenciando momentos marcantes e de forma original.

O show, sem dúvida, é uma experiência emocional e musical única. A escolha das performances e timbres é preparada exclusivamente para cada noite e cidade, de forma a impactar e proporcionar um momento sensorial muito mais imersivo. A Lagum volta à cidade de São Paulo no dia 3 de outubro para uma data extra devido à grande procura de ingressos.

Painel fotográfico com a divulgação da turnê "As cores, as curvas e as dores do mundo" e patrocínios do show.
Painel de divulgação da turnê para tirar fotos. Foto: AGEMT/Giovanna Britto

 

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Banda se apresenta em fevereiro de 2026; taxas extras geram críticas e frustrações entre os fãs
por
Maria Clara Palmeira
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27/06/2025 - 12h

A espera acabou! Na segunda-feira (23), foi anunciado que, após 17 anos, a banda americana My Chemical Romance retornará ao Brasil em 2026 pela segunda vez. O único show da banda em solo brasileiro será no dia 5 de fevereiro, no Allianz Parque, em São Paulo, como parte de sua turnê pela América Latina. 

A apresentação contará com a abertura da banda sueca The Hives e irá reunir brasileiros que acompanham a trajetória do grupo desde os anos 2000.

Anúncio da turnê na América do Sul. Reprodução: Instragram/@mychemicalromance
Anúncio da turnê na América do Sul. Reprodução: Instragram/@mychemicalromance


Formada em Nova Jersey nos Estados Unidos, em 2001, o My Chemical Romance tornou-se uma das bandas mais representativas do rock alternativo e símbolo do movimento emo. A formação atual é composta por Gerard Way nos vocais, Ray Toro e Frank Iero na guitarra, e Mikey Way no baixo.

O grupo lançou seu álbum de estreia, “I Brought You My Bullets, You Brought Me Your Love”, em 2002, mas o sucesso internacional veio em 2004, com “Three Cheers for Sweet Revenge”. No entanto, foi em 2006 com o disco “The Black Parade” que a banda atingiu o auge. O single “Welcome to the Black Parade” se tornou um hino da geração emo, alcançando o primeiro lugar nas paradas britânicas e consolidando o grupo no cenário global.

Após diversos sucessos, a banda entrou em hiato e anunciou sua separação em março de 2013. O retorno foi anunciado em outubro de 2019, com um show em Los Angeles. Em 2022, após dois anos de adiamentos devido à pandemia, a banda embarcou em uma extensa turnê, passando pelos EUA, Europa, Oceania e Ásia.

Desde a quarta-feira (25), início da pré-venda, fãs relataram insatisfação com o preço dos ingressos, que variam entre R$ 197,50 e R$ 895,00, além das cobranças de taxas adicionais. A revolta se intensificou com a cobrança da taxa de processamento, considerada uma novidade pela bilheteria oficial, a Eventim. A empresa alegou que essa tarifa garante a segurança dos dados dos consumidores, mas a justificativa não convenceu o público. 


Mesmo com a revolta, a expectativa de alta demanda se confirmou: a venda geral, aberta nesta quinta-feira (27) ao meio-dia, resultou em ingressos esgotados em 10 minutos.

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Nova exposição na Pinacoteca Contemporânea revela o papel político da pop arte brasileira no período de ditadura.
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Maria Luiza Pinheiro Reining
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25/06/2025 - 12h

Por trás da explosão de cores, imagens familiares e estética publicitária da pop art brasileira, havia ruído, ambiguidade e protesto. Essa é a premissa da exposição Pop Brasil: Vanguarda e Nova Figuração, 1960-70, em cartaz na nova sede da Pinacoteca Contemporânea, em São Paulo. Mais do que uma exibição de obras pop, a mostra constrói um retrato crítico de uma década marcada por ditadura, censura e modernização desigual, e de como a arte respondeu a esse cenário.

A exposição celebra os sessenta anos das mostras Opinião 65 e Propostas 65, marcos da virada estética e política na produção brasileira. O percurso curatorial, assinado por Pollyana Quintella e Yuri Quevedo, reúne obras que reagiram diretamente ao avanço da indústria cultural, à opressão do regime militar e à transformação dos modos de vida. Em vez de apenas absorver os códigos da cultura de massa, os artistas incorporaram sua linguagem para tensionar o que ela ocultava: a violência da ditadura, o apagamento de subjetividades e a precarização das relações sociais.

Contra a censura
Tônia Carreiro, Eva Wilma, Odete Lara, Norma Benghel e Cacilda Becker protestam contra censura, em 1968

A ideia de que “a pop arte é o braço avançado do desenvolvimento industrial das grandes economias” é ressignificada no Brasil, onde a modernização industrial coexistia com a informalidade, a desigualdade e a repressão. Em vez do otimismo norte-americano, a arte pop brasileira surge como crítica: reapropria slogans, transforma marginais em heróis, imprime silhuetas de bandeiras como gesto de manifestação coletiva. A visualidade sedutora do consumo encontra a resistência política camuflada nas superfícies gráficas.

A exposição percorre núcleos como Poder e Resistência, Desejo e Trivialidade, Criminosos e Cultura Marginal, entre outros. Em comum, todos os conjuntos partem de imagens produzidas ou apropriadas do cotidiano: televisão, jornal, embalagem; para apontar fissuras entre aparência e estrutura. Hélio Oiticica, Rubens Gerchman, Wanda Pimentel, Antonio Manuel e muitos outros traduzem a tensão entre censura e invenção por meio de performances, happenings e obras gráficas que confundem arte e ação direta.

Helio Oiticica
Hélio Oiticica, 1968

Se nos Estados Unidos a pop art celebrava o consumo, no Brasil ela revelou o que havia por trás dele. A mostra explicita como a arte brasileira dos anos 1960 e 70 operou sob risco, incorporando elementos populares para criticar os próprios instrumentos de controle e espetáculo.

Mais do que rever o passado, Pop Brasil propõe um exercício de leitura do presente. Diante da repetição de discursos autoritários, da estetização da política e da crise na democracia, o gesto pop reaparece como estratégia de sobrevivência, uma forma de dizer muito com imagens que, à primeira vista, parecem dizer pouco.

 

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Cantora compra as próprias masters após seis anos disputando e não precisará regravar discos antigos
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Luis Henrique Oliveira
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03/06/2025 - 12h

Na última sexta-feira (30), Taylor Swift anunciou em carta aberta para os fãs que readquiriu o direito de suas músicas, expressando a felicidade de ter a posse de suas gravações após seis anos de disputa. 

"Tenho chorado de alegria em intervalos aleatórios desde que descobri que isso está realmente acontecendo. [...] Toda música que eu já fiz… agora pertence… a mim ", escreveu a artista. 

Cantora Taylor Swift com os discos "Taylor Swift" (2006), "Fearless" (2008), "Speak Now" (2010), "Red" (2012), "1989" (2014) e "Reputation" (2017)
Taylor Swift junto dos seus seis primeiros álbuns para anúncio da recuperação. Foto: Reprodução/X/@taylorswift13

 

Swift havia perdido os direitos autorais dos primeiros seis discos (o autointitulado “Taylor Swift”, “Fearless”, “Speak Now”, “Red”, “1989” e “Reputation”, em ordem de lançamento) em 2019, quando a gravadora Big Machine Records, que detinha suas masters, foi vendida para o empresário Scooter Braun. 

Na época, Taylor disse que não teve a chance de comprar o próprio catálogo e descreveu a situação como “o pior cenário possível”. Um ano depois, em 2020, Braun revendeu os direitos para a Shamrock Holdings por cerca de US$300 milhões. A cantora alegou que, novamente, não houve a possibilidade de compra e declarou em comunicado oficial que essa foi a segunda vez em que sua arte foi vendida sem o seu conhecimento.

A lide pela recuperação de suas masters influenciou outros cantores a exigirem contratos que deixem o controle de seus catálogos para si mesmos, como por exemplo Olivia Rodrigo. “É tão libertador poder dizer o que você quer, se expressar e poder controlar sua vida e sua arte”, disse em entrevista para o Today Show.

A luta de artistas pelo direito de suas canções não é um caso isolado. Nos anos 1990, Prince travou uma batalha  pelo controle de suas masters contra a Warner Bros. Records, chegando a escrever a palavra “escravo” em seu rosto como forma de protesto e a mudar seu nome artístico por um símbolo inominável, que misturava os sinais dos gêneros feminino e masculino,  sendo chamado de “O Artista Anteriormente Conhecido Como Prince” durante sete anos. 

No Brasil, Gilberto Gil ganhou um processo contra a mesma gravadora, reivindicando para si o direito de assumir a gestão de seu catálogo musical.

 

A volta por cima

Taylor Swift aproveitou uma brecha contratual que permitia a regravação de seus primeiros álbuns e começou a relança-los como meio de dominar sua discografia. Intitulados Taylor’s Version – ou “versão da Taylor”, em tradução livre, o projeto se iniciou em 2021 com o disco “Fearless”, que garantiu o álbum do ano para a cantora em 2008. 

Além das faixas já conhecidas pelo público, a regravação ainda contou com seis músicas inéditas, originalmente descartadas na primeira versão, apelidadas de “From The Vault” (“Direto do Cofre”, em tradução livre) pela artista.

Em novembro do mesmo ano, Swift lançou o “Red (Taylor’s Version)” e alavancou a qualidade das regravações, dirigindo um curta-metragem para a versão de 10 minutos da canção All Too Well, um clipe para a faixa From The Vault “I Bet You Think About Me” e fechando uma parceria com a rede de cafés Starbucks. A possibilidade de reviver as eras antigas da cantora animou os fãs, que ficaram ávidos pelas regravações posteriores, criando teorias sobre quando sairiam as próximas. 

Cantora Taylor Swift usando um body rosa durante o ato "Lover", na turnê The Eras Tour
Taylor Swift possui a turnê mais lucrativa da história. Foto: Reprodução/X/@taylorswoft13

 

O relançamento dos álbuns “Speak Now” e “1989” só vieram depois, em 2023. Nesse intervalo de tempo, Taylor lançou os CDs inéditos “Midnights” e “The Tortured Poets Department” sob a gravadora Republic Records, além de entrar em turnê com a bilionária The Eras Tour, que celebrava cada fase da carreira. 

“Reputation” e o debut “Taylor Swift” não chegaram a ver a luz do dia, uma vez que a cantora conseguiu comprar o catálogo novamente com a Shamrock. Na carta divulgada, ela explica que já regravou todo o álbum de estreia e gosta de como ele soa agora. Em contrapartida, não chegou a trabalhar em um quarto do Reputation. 

“O álbum foi tão específico para aquele momento da minha vida, e eu continuava esperando reencontrar aquele apoio emocional para recriá-lo. Toda aquela postura desafiadora, aquele espírito inquebrável – eu precisava reencontrar isso para fazer o Rep TV.”, escreveu. Ela não desanima sobre a possibilidade de relançar eles e diz que “esses dois álbuns ainda poderão ter seus momentos de renascimento, quando a hora certa chegar, se isso for algo que vocês [fãs] ficariam animados em ver. Mas se acontecer, não será mais a partir de um lugar de tristeza e saudade do que eu gostaria de ter”. 

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13 canções solo e três faixas conjuntas celebram o 10º aniversário de um dos grupos mais influentes do K-pop
por
Ana Julia Bertolaccini
Natália Perez
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29/05/2025 - 12h

Os 13 membros do grupo de K-pop, Seventeen, comemoraram  dez anos de sucesso com um álbum que combina as palavras em inglês 'birthday' (aniversário) e 'burst' (estouro) para expressar a energia única do grupo. Lançado na última segunda-feira (26), “Happy Burstday”, expõe o desejo contínuo do grupo de se reinventar e se aventurar em novos estilos, sem perder a essência. 

Dez anos atrás, em 26 de maio de 2015, o recém formado “Seventeen”, até então administrado pela pequena empresa Pledis Entertainment, fez seu debut com o hit "Adore U” (아낀다). Apesar de serem muito novos - o membro mais velho, S.Coups, tinha apenas 19 anos na época - o grupo sempre fez questão de produzir suas próprias músicas. 

Woozi, principal produtor do grupo, carrega até hoje o recorde de artista mais novo a se tornar parte da Associação de Copyright Musical Coreana (KOMCA) com créditos em composição, arranjo e produção em quase 200 canções. 

 Burst Stage, um show sem igual 

Para comemorar uma década da formação do grupo, o Seventeen preparou um show especial gratuito nomeado como “B-Day: Party Burst Stage” que aconteceu no domingo (25). De forma inédita para um grupo de K-pop, toda a estrutura para o show foi montada na ponte Jamsu sobre o rio Han, ponto central da metrópole de Seul, na Coreia do Sul. 

A performance de quase 2 horas contou com músicas marcantes do grupo, fogos de artifício e a primeira apresentação ao vivo das novas músicas do álbum, que só seria lançado no dia seguinte. As autoridades sul-coreanas estimam que o evento reuniu cerca de 60 mil Carats, nome dado aos fãs do grupo. O show também foi transmitido online de maneira simultânea pelos canais oficiais do grupo. 

“Performar aqui é realmente impressionante”, comentou o integrante DK durante a apresentação. “É tudo graças às nossas Carats. Nada disso seria possível sem vocês”, completou.

Mesmo após uma década de carreira juntos, os membros reafirmam o compromisso de manter o grupo unido. "Seventeen desafiará a eternidade", declarou o membro Hoshi durante o fanmeeting do grupo em Osaka, ocorrido em março. A frase foi tão marcante que se tornou adorno do exterior do prédio da sede da HYBE, atual empresa do grupo no centro de Seul. 

Além do palco, outras áreas no entorno da ponte foram preparadas para receber os fãs, como o parque Banpo Hangang que transmitiu o show por grandes telões. Alguns fãs foram além, assistindo a apresentação em barcos alugados no rio.

Durante o fim de semana, um espaço chamado “Seventeen History Zone” funcionou como uma espécie de museu da trajetória do Seventeen, colocando em exibição os aneis de grupo de cada um dos membros, que se reúnem em uma cerimônia de troca de aneis a cada novo álbum completo lançado.

Mensagem para o Brasil

A jornalista Isabela Gadelha, da CNN Brasil, conseguiu uma entrevista exclusiva com o Seventeen para o quadro “K-tudo CNN” e um vídeo especial para os fãs brasileiros. Em live na última terça-feira (27), foi ao ar uma matéria completa sobre os dez anos de carreira e o lançamento do novo álbum, com perguntas e respostas que explicam como é a convivência entre os membros do grupo e mostram um pouco da singularidade de cada um deles.  De acordo com DINO, o integrante mais novo da formação, todos convivem como irmãos, sem formalidade. 

Isabela, que já é jornalista de Kpop há 3 anos, contou à Agemt que conseguiu unir sua paixão ao profissionalismo nas perguntas da entrevista e aproveitou para tirar dúvidas pessoais sobre o grupo, que é um dos seus favoritos da indústria. 

“Eu sinto que ainda não caiu a ficha porque foi tudo muito rápido. Imagina quantos veículos no mundo todo estão tentando? Tive a oportunidade de tirar dúvidas minhas como fã, como a questão da linguagem informal deles e as reuniões mensais que eles fazem. É meio surreal porque ser fã de um grupo que é muito famoso torna tudo mais difícil de conseguir”, relatou. 

“Isa” conta que sempre fica um pouco nervosa antes de ouvir um álbum de um artista que ama e sempre se questiona: “e se, dessa vez, eu não gostar?”. Apesar disso, ela afirma que o Seventeen sempre a surpreende positivamente. Para ela, o “Happy Burstday” chamou a atenção especialmente pelos solos, que foram uma maneira dos fãs conhecerem melhor cada integrante. “Alguns até me surpreenderam com o gênero que escolheram cantar. Wonwoo, por exemplo, eu não esperava uma música tão doce”, disse. 

De acordo com a jornalista, ser um grupo autoproduzido e com liberdade criativa é o grande diferencial. “Eles se inspiram na vida pessoal, na amizade, nas interações com os fãs e nas fases de vida que vivem. Canções como 'Kidult', 'Circles' e 'I don't understand but I love you' nasceram assim e se tornam ainda mais especiais para nós fãs.”

Responsável pela entrevista e por trazer a mensagem em vídeo de 4 membros do grupo aos fãs brasileiros, Isabela disse que ficou muito feliz ao ter a possibilidade de aproximá-los do Brasil. “Em 10 anos de carreira eles nunca vieram ao Brasil e uma mensagem como essa dá uma esperança de que ‘vem aí’, sabe? Espero que mais interações venham no futuro! Queria eles no Brasil, dançando Super versão Forró, tomando uma caipirinha”, finaliza. 

Faixa a faixa: uma análise de Happy Burstday

Com um conceito ousado e inspirações artísticas visuais e musicais que remetem a um estilo mais alternativo, o single promocional “THUNDER” tem um refrão chiclete e um instrumental um pouco mais barulhento do que o estilo de música que o Seventeen costuma apresentar. 
Embora ainda não chegue a ser considerado um “panelaço”-  maneira como os fãs se referem a canções mais energéticas do Kpop - nota-se um fundo mais marcante e eletrônico em sua composição, que é viciante e cativante. 

A ideia de comemoração está presente em todo o disco. Um conceito que não é assim tão novo, uma vez que o grupo já trouxe a ideia de celebrar os maiores hits e composições mais importantes de toda a sua carreira no álbum “Seventeen is Right Here”, lançado em 29 de abril de 2024. Apesar disso, é visível que eles não vivem apenas de passado e sempre incorporam novidade e criatividade às suas obras. 

O “Happy Burstday” é composto por 16 faixas, sendo três delas gravadas em conjunto (com exceção de Jeonghan que já cumpria serviço militar quando as gravações se iniciaram). As outras 13músicas são solos de cada um dos integrantes, incluindo as canções de Wonwoo e Jeonghan, que terminaram de gravá-las antes do alistamento. 

“HBD” parece uma canção de aniversário pensada exatamente para o Seventeen. Seu instrumental, no entanto, lembra um pouco o Pop-Rock de Avril Lavigne e 5 Seconds of Summer, mas sem deixar de lado as características exclusivas do pop coreano. A terceira música do álbum, com todos os integrantes e produzida por Pharrell Williams, “Bad Influence”, é menos alegre e divertida e brinca com um ritmo mais sedutor. A faixa foi trilha sonora do desfile da Louis Vuitton na Paris Fashion Week na França, em janeiro deste ano. 

As produções solo são bem autênticas e distintas umas das outras, provando mais uma vez que eles são um grupo versátil e que sabe trabalhar com diferentes gêneros musicais e manifestações artísticas. “Shake if off”, primeira música solo de Mingyu, um dos rappers do grupo, se inspira no estilo tech house, uma evolução da música eletrônica. A canção foi classificada como inapropriada para transmissão na KBS (Korean Broadcasting System), um dos principais canais do país. O motivo é a letra, que segundo a emissora, possui “expressões sexualmente sugestivas”. 

“Skyfall (THE 8 solo)”  também traz influências eletrônicas, mas com uma forte identidade pessoal que já é conhecida de outras composições, como “Orbit”, faixa de seu projeto solo “Stardust” lançado em dezembro de 2024.

As batidas aceleradas e divertidas de “Gemini” de Jun e “Trigger” de Dino reforçam a estética de comemoração. Já Hoshi, apesar de ser visto sempre como a presença mais elétrica do grupo nos shows e apresentações, retomou um pouco da estética teatral e sensual na nova canção “Damage”, que foi co-produzida por Timbaland, um ícone dos anos 2000. 

“Happy Virus” traz a voz inconfundível de DK como centro da composição, que como de costume, transmite a sensação de conforto. “Jungle”, de S.Coups, é o que era esperado do líder da unit de Hip Hop do Seventeen, com uma batida mais forte, que acompanha sua autenticidade ao cantar. Vernon trouxe mais um pouco do “Pop rock” em “Shining Star” com um instrumental mais pesado e a forte presença da guitarra em uma faceta mais romântica do gênero. 

“Destiny”, do principal compositor do grupo e líder da vocal line, Woozi, é uma das músicas mais emocionantes do álbum. De acordo com Bumzu, um dos principais nomes por trás de diversas canções do Seventeen ao longo da carreira, “foi uma música feita através de muito pensamento”. 

No mesma linha musical estão “Raindrops” de Seungkwan, “Fortunate Change” de Joshua e “Coincidence” de Jeonghan, esta que emociona os fãs com um instrumental mais clássico, somado a maneira sensível de cantar, a qual já não é executada ao vivo desde que o integrante iniciou o serviço militar em 26 de setembro do ano passado. 

Por fim, 99,9% do membro Wonwoo segue com a inspiração tradicional e clássica, com o piano e instrumentos de sopro em evidência, colocando a emoção como ponto central da composição, diferentemente do que costuma ser apresentado por ele, que também é parte da unit de Hip Hop do grupo. 

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Seventeen em imagem promocional para o álbum “Happy Burstday”. (Foto: Instagram/@saythename_17)
 


Recordes nos Charts

A expectativa pelo mais novo comeback do Seventeen foi visível já na liberação do pré-salvamento de “Happy Burstday”. O Spotify, por exemplo, divulgou no dia 21 de maio que o álbum estava entre os dez mais aguardados do mês na plataforma, ao lado de nomes como Lorde, Ed Sheeran e Green Day.

Segundo a SVT Billboard, logo nas primeiras horas de lançamento, a faixa principal do álbum, “THUNDER”, alcançou o primeiro lugar em 22 países - inclusive no Brasil no ITunes. A música também se tornou a primeira no TOP 100 da MelOn, principal plataforma de streaming musical coreana. Ao longo do primeiro dia, as 16 faixas do álbum atingiram o topo do ranking da plataforma. Poucas horas depois, o Seventeen estabeleceu um recorde como o primeiro grupo idol no país a ocupar simultaneamente as 16 primeiras posições do ranking com todas as músicas de um mesmo álbum. 

Além disso, a plataforma Hanteo registrou mais de 2.260.000 cópias vendidas nas primeiras 24 horas. O número não só é o maior de 2025 até o momento, como também coloca “Happy Burstday” entre os dez mais vendidos no dia de estreia em toda a história da plataforma, ranking que já contava com a presença de outros cinco álbuns do Seventeen: FML (2023); Seventeen Heaven (2023); Spill The Feels (2024) e 17 is Right Here (2024). Os dois primeiros citados, respectivamente, ocupam o primeiro e segundo lugar com mais de 3.200.000 cópias vendidas nas primeiras 24 horas de lançamento.   
 

 

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Banda faz uma pausa na carreira, suspende shows em novembro e apresentação na COP30
por
Lucca Andreoli
João Pedro Lindolfo
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26/05/2025 - 12h
Foto do show em Manchester, 3 de junho de 2023 Imagem: Raph_PH
Foto do show em Manchester, 3 de junho de 2023
Imagem: Raph_PH

A banda Coldplay cancelou a turnê que faria no Brasil em novembro deste ano, que incluiria cerca de dez apresentações. De acordo com o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, o grupo decidiu fazer uma pausa na carreira e, por isso, suspendeu toda a agenda na América do Sul. 

No entanto, não houve pronunciamento ou qualquer confirmação oficial até agora. A banda era aguardada para uma apresentação na COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Belém (PA). 

Em 2022 a banda passou pelo festival Rock in Rio e em 2023 esteve no Brasil pela última vez para 11 shows. A apresentação na COP30 seria a primeira vez da banda no Pará, algo que Chris Martin, vocalista do grupo, já demonstrava interesse. 

No ano de 2021, em uma postagem no X (antigo twitter) sobre ações climáticas, o cantor mencionou o governador do Pará, Helder Barbalho, convidando-o para assistir ao show deles no Global Citizen.

Durante a passagem da banda no Brasil em 2023, os integrantes tiveram um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em que o convite para a COP30 foi feito.

Lula, Chris Martin e Janja reunidos em 2023— Foto: Ricardo Stuckert/Reprodução
Lula, Chris Martin e Janja reunidos em 2023 — Foto: Ricardo Stuckert/Reprodução

De acordo com o colunista, a apresentação em Belém ainda deve acontecer, informação garantida pelo governo paraense. A dúvida que resta é se Chris Martin estará sozinho ou acompanhado pelo grupo.

Reconhecido por projetos globais e atuação ambiental, deixa seu legado em imagens
por
Iasmim Silva
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23/05/2025 - 12h

Sebastião Salgado, um dos maiores fotógrafos da história, morreu aos 81 anos nesta sexta-feira (23). A informação foi confirmada em nota pelas redes sociais do projeto ambiental, Instituto Terra, fundado por ele e sua esposa, a ambientalista Lélia Wanick.

A causa da morte foi leucemia grave decorrente de complicações da malária que contraiu na Indonésia, em 2010, quando trabalhava no seu ensaio “Gênesis”.

Nascido em 1944, em Aimorés (MG), formou-se em economia pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Com mestrado pela Universidade de São Paulo (USP) e doutorado pela Universidade de Paris, trabalhava na Organização Internacional do Café (OIC) quando em 1973 deixou o emprego para se dedicar exclusivamente à fotografia, o que até o momento era apenas um hobbie incentivado por sua esposa que, em 1970, o presenteou com a câmera Pentax Spotmatic 2. 

foto, Xamã Yanomami em ritual antes da subida do Pico da Neblina
Xamã Yanomami em ritual antes da subida do Pico da Neblina. Reprodução: Instagram/Sebastião Salgado.

Além de percorrer 120 países, ser reconhecido mundialmente, ter livros publicados, documentários e exposições eternizando seus feitos fotográficos, assumiu, com o Instituto Terra, uma autorresponsabilidade ativa abrindo frentes de ação prática para o reflorestamento da Mata Atlântica, educação ambiental e promoção do desenvolvimento sustentável da bacia do Rio Doce.

Suas obras buscam elevar a dignidade humana com um olhar sensível para os povos originários, as raízes da Amazônia e a dura vida dos trabalhadores rurais. Com esse objetivo, registrou diferentes realidades ao redor do mundo com um foco voltado à pobreza, às injustiças e à beleza humana, retratadas em seus ensaios mais reconhecidos nos livros “Trabalhadores” (1993), “Terra” (1997), “Êxodos” (2000), “Gênesis” (2013) e “Amazônia” (2021).

Imagem em preto e branco da serra pelada mostrando milhares de garimpeiros
Serra Pelada, 1986. Reprodução: Instagram/Sebastião Salgado.

Conhecido pela sua marca registrada com fotos em preto e branco, contou histórias do Brasil e de outros países através dos seus ensaios fotográficos documentais, sendo o mais emblemático deles o da Serra Pelada, a maior mina de ouro a céu aberto do mundo, localizada no leste do Pará. Salgado a visitou em 1986 e capturou com maestria um cenário brutal em termos sociais, ambientais e econômicos.

Em “Trabalhadores”, seu registro histórico mundialmente conhecido, ele retrata trabalhadores industriais e agrícolas oprimidos da América do Sul, buscando reconhecer homens e mulheres em condições precárias de trabalho e má remuneração, na obra é exposta a resistência dessas pessoas contra as probabilidades ao seu redor.

Trabalhadores de empurrando uma carroça, um deles com um bebê na costa. Alguns andando ao lado. Trabalhadores da industria de carvão na India. Foto em preto e branco
Trabalhadores de indústria de carvão na Índia, 1994. Reprodução: Instagram/Sebastião Salgado.
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“Minhas fotografias são um vetor entre o que acontece no mundo e as pessoas que não têm como presenciar o que acontece. Espero que a pessoa que entrar numa exposição minha não saia a mesma” o fotógrafo relatou em entrevista ao jornal Zero Hora, no ano de 2014.  

Foi membro da Academia de Belas-Artes de Paris, embaixador da Boa Vontade do UNICEF, membro honorário estrangeiro da Academia de Artes e Ciências dos Estados Unidos desde 1992, recebeu a Medalha do Centenário e Bolsa Honorária da Royal Photographic Society (HonFRPS) em 1993, e a Comenda da Ordem do Rio Branco no Brasil.

Sebastião morava em Paris, na França, com sua esposa, com quem teve dois filhos, Juliano e Rodrigo. Juliano Salgado é cineasta e foi codiretor do documentário “O Sal da Terra”, premiado no Festival de Cannes e indicado ao Oscar de Melhor Documentário de Longa-Metragem, a obra retrata a trajetória de Salgado desde seus primeiros ensaios até “Gênesis”. 

Chegou à França com a esposa, no final da década de 1960, como exilado político. Fugindo da repressão imposta pela ditadura militar no Brasil, o casal teve seus passaportes cassados pelo regime. Para permanecer legalmente no país, precisaram recorrer a uma liminar na Justiça. “Nós nos tornamos refugiados aqui na França, e depois imigrantes”, relembrou Salgado em postagem no Instagram, ao falar sobre seus sentimentos em relação à situação de imigrantes refugiados.

Sebastião Salgado construiu um dos mais importantes legados para a história do fotojornalismo e deixa documentada em suas fotografias uma vida de luta através do ativismo humanitário e ambiental.

 

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Festival ocupa o Parque Ibirapuera com programação que inclui música pop e eletrônica
por
João Pedro Lindolfo
Lucca Fresqui
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21/05/2025 - 12h

O C6 Fest 2025, que acontece entre os dias 22 e 25 de maio no Parque Ibirapuera, em São Paulo, chega à sua quarta edição neste ano. O festival busca em sua curadoria, focar na diversidade de estilos e valorizar nomes tanto do cenário nacional, quanto do internacional.

Nesta edição, o evento mantém o mesmo formato: dois dias dedicados ao jazz e a uma programação de shows em palcos tanto ao ar livre quanto em espaços fechados.

Apesar do nome recente, a história do C6 Fest começou há exatos 40 anos, com o famoso Free Jazz Festival, formado pelas irmãs Sylvia e Monique Gardenberg, fundadoras da Dueto Produções. Nos anos 2000 o projeto assumiu o nome de Tim Festival, e ressurgiu em 2023 com apoio da agência C6 Bank.

A curadoria continua ainda sob a supervisão de Monique Gardenberg, que aposta em um formato mais intimista e artístico. O festival se destaca por promover shows baseados no contexto mais artístico do que no entretenimento de massa.

A expectativa para esse ano é de que o público alcance mais de 27 mil visitantes, número superior ao da edição anterior(2024).

Para acomodar melhor as atrações e facilitar a parte técnica, o festival ampliou a programação para quatro dias. Os shows ao ar livre acontecem em diferentes áreas do parque, como a Arena Heineken (em frente ao auditório) e a Tenda Metlife, próxima ao edifício Pacubra.

Entre os nomes internacionais confirmados estão os franceses do Air, que apresentam o icônico “Moon Safari” na íntegra, além da lenda do funk Nile Rodgers acompanhado da banda Chic. O festival também traz Wilco, referência do rock alternativo norte-americano, e os britânicos do Pretenders. Outros destaques incluem o retorno explosivo do Gossip, liderado por Beth Ditto, e o pop de Perfume Genius.

O produtor britânico A.G. Cook, conhecido pelo trabalho com Charli XCX no disco “Brat”, representa a vanguarda da música eletrônica, enquanto o grupo The Last Dinner Party, revelação do art pop britânico, marca presença com um show bastante aguardado. 

Completam a seleção internacional nomes como Stephen Sanchez, jovem norte-americano que resgata o charme retrô das baladas dos anos 50, a cantora Cat Burns com seu soul pop intimista, a paquistanesa Arooj Aftab fundindo tradição e jazz contemporâneo, Brian Blade com sua Fellowship Band, a inventiva Meshell Ndegeocello, e o coletivo ganês SuperJazzClub, trazendo uma visão afro-futurista da música urbana.

Já entre os artistas brasileiros, destaca-se o show especial de Seu Jorge, intitulado “Baile à La Baiana”, o pianista Amaro Freitas, um dos maiores nomes do jazz nacional, a cantora Agnes Nunes, com sua nova MPB, o bandolinista Hamilton de Holanda, o multi-instrumentista Mestrinho, além dos DJs Marky e Della Juices, representantes da cena eletrônica nacional.

 

Line-up e horários de cada show no festival.
Line-up e horários de cada show no festival. Foto: Divulgação/C6Fest

 

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