Movimento apresenta mais de 1 milhão de assinaturas para a União Europeia
por
Thomas Fernandez
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22/09/2025 - 12h

 

O movimento “Stop Killing Game” criado por Ross Scott, do canal Accursed Farms, apresentou em 2025 mais de 1 milhão de assinaturas à União Europeia para exigir medidas que impeçam a remoção e desligamento de jogos digitais. A preservação é definida como um conjunto de ações voltado a manter a integridade de bens, documentos ou pessoas, tendo museus e centros históricos como instituições dedicadas a essa tarefa. 

No campo do entretenimento, os videogames se destacam como a indústria que mais cresce desde a década de 1950. Apesar do seu impacto econômico e cultural, eles recebem atenção limitada em políticas e práticas de preservação, diferente de outras formas de arte, como cinema, televisão e literatura. 

Devido a inacessibilidade de jogos comprados por consumidores, a proposta do movimento é simples, mas poderosa: proteger os consumidores e preservar os videogames, trazendo as práticas recorrentes de empresas que fecham os servidores ou retiram os jogos do mercado digital, apagando não apenas produtos, mas também capítulos de história cultural dos videogames.

Foto do criador do movimento, Stop Killing Games, Ross Scott
Ross Scott, criador do movimento Stop Killing Games.  Foto: REPRODUÇÃO/YOUTUBE Accursed Farms
 

A iniciativa se transformou em “Stop Destroying Videogames”, utilizando a Iniciativa de Cidadania Europeia, uma ferramenta disponível para cidadãos da União Europeia para levarem questões diretamente ao parlamento europeu. A petição foi registrada em junho do ano passado e começou a coletar assinaturas no dia 31 de julho de 2024. No mesmo dia, Scott, soltou um vídeo com o título "Europeans can save gaming!", que compartilha sobre como o movimento pode levar a criação de lei com um número alto de assinaturas e apoiadores. 

Ele destaca que a criação da lei não era uma certeza, entretanto, apontava que existem fatores, como: o alinhamento com outras políticas para consumidores e indefinições jurídicas nas práticas no meio dos games. Esses pontos reforçam que o sucesso está no futuro do movimento. Depois de alcançar 1 milhão de assinantes e realizar uma vistoria -  para desconsiderar menores de idade, duplicidades e pessoas fora da UE - a petição apresentou 97% de validação das assinaturas.

A preocupação é  quando um jogo é removido das lojas digitais ou tem os serviços online desligados, pois deixa de ser acessível para futuras gerações de gamers. Um dos casos mais conhecidos foi do “Project CARS 3”, lançado em 2020. O produto foi retirado de circulação para venda e fecharam os servidores, tornando-se praticamente inacessível. 

O mesmo ocorre com títulos de grandes estúdios como Ubisoft e EA, sendo uma tendência que preocupa colecionadores, consumidores e fãs. Diferente de filmes, livros e músicas, que possuem mais facilidade para sua preservação, os games dependem de vários fatores: chaves digitais, servidores e licenciamento contínuo para existir. Para isso, a preservação não exige somente de vontade cultural, mas também mudanças legais e regulatórias.

No Brasil, esse debate começou a ganhar relevância em 2024, com a aprovação do Marco Legal da Indústria de Jogos Eletrônicos (Lei nº 14.852/2024). Embora a lei tenha o intuito de incentivar o crescimento do setor no país e atrair investidores, ela também abre espaço para a reflexão sobre o ciclo de vida dos jogos e sua preservação como patrimônio cultural. A luta pela proteção e cuidados dos videogames não é apenas dos jogadores nostálgicos, mas também uma questão cultural e de direito de acesso.

O “Stop Killing Games” mostra que, diante da lógica do mercado, há fãs dispostos a lutar para que os jogos não desapareçam.Se no passado os museus se dedicaram a guardar fósseis, manuscritos e obras de arte, o futuro terá que olhar também para os consoles, cartuchos e CDs. Porque, como lembra o movimento, “ao desligar um jogo, não se mata apenas um software, se apaga uma parte da história”.

 

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Profissionais da área relatam dificuldade de valorização, ausência de políticas públicas e dependência do mercado internacional para manter a carreira
por
Fernanda Dias
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18/09/2025 - 12h

A escultura no Brasil ainda é um campo pouco explorado e com inúmeros desafios, como a falta de políticas públicas, a ausência de incentivo cultural e um universo ainda limitado de pessoas dispostas a investir em arte no país. Para manter a profissão viva, muitos artistas recorrem ao mercado internacional e às redes sociais como alternativa de divulgação.

No cenário brasileiro, a escultura não ocupa o mesmo espaço que outras linguagens artísticas, como a música ou as artes visuais mais populares. O escultor Rick Fernandes, que atua na área desde a década de 1990, observa que a profissão ainda carece de reconhecimento cultural. “O brasileiro não tem a mesma tradição que americanos e europeus em colecionar arte. Muitas vezes, as prioridades econômicas acabam afastando o público”, afirma.

Esse distanciamento é agravado pela falta de políticas voltadas à categoria. Projetos de incentivo que poderiam estimular a prática da escultura em escolas ou em comunidades raramente são aprovados. Fernandes relembra tentativas frustradas em 2015 e 2023 de levar oficinas para jovens da periferia e para pessoas com deficiência. “Os incentivos, em sua maioria, estão voltados para música e grandes eventos. Nichos como a escultura ficam esquecidos”, critica.

   Rick Fernandes produzindo sua peça - foto: https://www.rfstudiofx.com/


                    Rick Fernandes produzindo sua peça - foto: https://www.rfstudiofx.com/

No mercado, outro obstáculo é a dificuldade de concorrer com produtos industrializados ou importados. Segundo Fernandes isso faz que muitos escultores direcionem suas obras ao exterior, onde encontram colecionadores e compradores mais fiéis. O artista calcula que cerca de 80% de suas encomendas vêm de fora do Brasil. Mesmo com a popularização de novas tecnologias, como impressoras 3D, ele destaca que há demanda para trabalhos exclusivos, o que mantém a escultura tradicional relevante.

As redes sociais têm sido fundamentais para reduzir a distância entre artistas e público. Plataformas como o Instagram permitem que escultores apresentem seus portfólios, encontrem clientes e troquem experiências em comunidades digitais. “Muitos dos meus contatos surgiram através da rede. É uma vitrine essencial para quem vive da arte”, ressalta o escultor.

Além do mercado e do incentivo, a valorização da escultura ainda depende de uma mudança de percepção social sobre o trabalho manual e artístico. Para Fernandes, investir na formação desde cedo é o caminho. “Campanhas nas escolas de ensino fundamental poderiam fazer a diferença. As crianças têm fome de aprender coisas novas e a escultura poderia ser mais explorada nesse ambiente”, defende.

Apesar das dificuldades, Fernandes garante que nunca pensou em desistir, movido por “amor e diversão”. Além de manter o estúdio, ele atua como professor. Nem todos tiveram a mesma sorte. A artista Júlia Dias, por exemplo, faz esculturas desde 2006, mas até hoje não tem uma base fixa de clientes, vivendo em meio à instabilidade de demandas que atinge grande parte dos escultores.

O campo da escultura se divide em diferentes níveis de atuação. Enquanto alguns artistas trabalham com peças decorativas ou personalizadas para ocasiões como aniversários e eventos, outros produzem obras direcionadas a colecionadores e galerias. Essa variedade mostra como a atividade é ampla, mas também deixa claro que nem tudo recebe o mesmo valor: trabalhos voltados ao mercado de luxo encontram maior reconhecimento e retorno financeiro, enquanto produções mais populares ainda lutam por espaço e estabilidade.

Outro desafio está ligado ao custo e ao acesso a materiais de qualidade. Fernandes explica que utiliza plastilina para modelagem, moldes de silicone para a finalização e resina de poliestone para as peças finais, com acabamento em aerógrafo e pincel. Segundo ele, os materiais nacionais apresentam bom custo-benefício e já não ficam atrás dos importados. Ainda assim, os gastos para manter a produção podem ser elevados, principalmente para quem não conta com retorno constante do mercado.

Apesar de não existirem editais exclusivos para escultores no Brasil, a categoria pode concorrer em programas de incentivo mais amplos voltados às artes visuais e à cultura. Iniciativas como os editais da Funarte (Fundação Nacional de Artes, do governo federal), o ProAC (Programa de Ação Cultural, mantido pelo governo de São Paulo)  e leis de incentivo fiscal possibilitam que projetos de escultura recebam apoio. No entanto, a concorrência é acirrada e a escultura segue como um nicho pouco contemplado, o que reforça a sensação de invisibilidade entre os artistas da área.

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Último final de semana do evento ficou marcado por performances que misturaram passado, presente e futuro
por
Jessica Castro
Vítor Nhoatto
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16/09/2025 - 12h

A segunda edição do festival The Town se despediu de São Paulo com um resultado positivo e bastante barulho. Durante os dias 12, 13 e 14 de setembro, pisaram nos palcos do Autódromo de Interlagos nomes como Backstreet Boys, Mariah Carey, Ivete Sangalo e Katy Perry.

Realizado a cada dois anos em alternância ao irmão consolidado Rock In Rio, é organizado também pela Rock World, da família do empresário Gabriel Medina. Sua primeira realização foi em 2023, em uma aposta de tornar a cidade da música paulista, e preencher o intervalo de um ano do concorrente Lollapalooza.

Mais uma vez em setembro, grandes nomes do cenário nacional e internacional atraíram 420 mil pessoas durante cinco dias divididos em dois finais de semana. O número é menor que o da estreia, com 500 mil espectadores, mas ainda de acordo com a organizadora do evento, o impacto na cidade aumentou. Foram movimentados R$2,2 bilhões, aumento de 21% segundo estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Após um primeiro final de semana marcado por uma apresentação imponente do rapper Travis Scott no sábado (6), único dia com ingressos esgotados, e um domingo (7) energético com o rock do Green Day, foi a vez do pop invadir a zona sul da capital. 

Os portões seguiram abrindo ao meio dia, tal qual o serviço de transporte expresso do festival. Além disso, as opções variadas de alimentação, com opções vegetarianas e veganas, banheiros bem sinalizados e muitas ativações dos patrocinadores foram pontos positivos. No entanto, a distância entre o palco secundário (The One) e o principal (Skyline), além da inclinação do terreno no último, continuaram provocando críticas.

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Segundo estudo da FGV, 177 mil litros de chope e 106 mil hambúrgueres foram consumidos nos 5 dias de evento - Foto: Live Marketing News / Reprodução

Sexta-feira (12)

Jason Derulo animou o público na noite de sexta com um espetáculo cheio de energia e coreografias impactantes. Em meio a hits como “Talk Dirty”, “Wiggle” e “Want to Want Me”, o cantor mesclou pop e R&B destacando sua potência vocal, além de entregar muito carisma e sensualidade durante a apresentação.

A noite, aquecida por Derulo, ganhou clima nostálgico com os Backstreet Boys, que transformaram o palco em uma viagem ao auge dos anos 90. Ao som de clássicos como “I Want It That Way” e “As Long As You Love Me”, a plateia virou um grande coral emocionado, enquanto as coreografias reforçavam a identidade da boyband. Três décadas depois, o grupo mostrou que ainda sabe comandar multidões com carisma e sintonia.

Com novo visual, Luísa Sonza enfrentou o frio paulista com um figurino ousado e um show cheio de atitude no Palco The One. Além dos próprios sucessos que a consagraram no pop, a cantora surpreendeu ao incluir releituras de clássicos da música brasileira, indo de “Louras Geladas”, do RPM, a uma homenagem emocionante a Rita Lee com “Amor e Sexo”. A mistura de hits atuais, performances coreografadas e referências à MPB agitou a platéia.

E completando a presença de potências nacionais, Pedro Sampaio fez uma apresentação histórica para o público e para si, alegando que gastou milhões para tudo acontecer. A banda Jota Quest acalentou corações nostálgicos, e nomes em ascensão no cenário do funk e rap como Duquesa e Keyblack agitaram a platéia. 

Sábado (13)

No sábado (13), o festival reuniu diferentes gerações da música, com encontros que alternaram festa, emoção e mais nostalgia. Ivete Sangalo levou a energia de um carnaval baiano para o The Town. Colorida, divertida e sempre próxima da multidão, fez do show uma festa ao ar livre, com direito a roda de samba e participação surpresa de ritmistas que incendiaram ainda mais a apresentação. O repertório, que atravessa gerações, transformou a noite em um daqueles encontros em que ninguém consegue ficar parado.

Mais íntimo e afetivo, Lionel Richie trouxe outro clima para a noite fria da cidade da música. Quando sentou ao piano para entoar “Hello”, parecia que o festival inteiro tinha parado para ouvi-lo. A emoção foi tanta que, dois dias depois, o cantor usou as redes sociais para agradecer pelo carinho recebido em São Paulo, declarando que ainda sentia o amor do público brasileiro.

A diva Mariah Carey apostou no glamour e em seu repertório de baladas imortais. A performance, embora marcada por certa distância, encontrou momentos de brilho quando dedicou uma música ao público brasileiro, gesto que foi recebido com emoção. Hits como “Hero” e “We Belong Together” reafirmaram o status da cantora como uma das maiores vozes do pop mundial.

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Vestindo as cores do Brasil, Mariah manteve seu estilo pleno, o que não foi positivo dessa vez - Foto: Ellen Artie

O festival também abriu espaço para outras vozes marcantes. Jessie J emocionou em um show acústico intimista, feito apesar de estar em tratamento contra um câncer de mama — e que acabou sendo o único da cantora na América do Sul após o cancelamento das demais datas na América do Norte e Europa. 

Glória Groove incendiou o público com sua potência performática e visual, enquanto Criolo trouxe poesia afiada e versos de impacto, lembrando a força política do rap. MC Livinho levou o funk a outro patamar e anunciou seu novo projeto de carreira em R&B. Péricles encerrou sua participação em clima caloroso de roda de samba, onde cada espectador parecia parte de um grande encontro entre amigos.

Domingo (14)

Com Joelma, o The Town se transformou em um baile popular de cores, brilhos e danças frenéticas. A cantora revisitou sucessos da época da banda Calypso e apresentou a força de sua carreira solo, mas também abriu espaço para artistas nortistas como Dona Onete, Gaby Amarantos e Zaynara. 

O gesto deu visibilidade a uma cena muitas vezes esquecida nos grandes festivais e reforçou sua identidade como representante da cultura amazônica. Com plateia recheada, a artista mostrou que a demanda é alta.

No início da noite, em um horário um pouco melhor que sua última apresentação no Rock In Rio, Ludmilla mobilizou milhares de pessoas no palco secundário. Atravessando hits de sua carreira como “Favela Chegou”, “É Hoje” e sucessos do Numanice, entregou presença de palco e coreografias sensuais. A carioca também surpreendeu a todos com a aparição da cantora estadunidense Victória Monet para a parceria “Cam Girl”.

Sem atrasos, às 20:30, foi a vez então de Camila Cabello levar ao palco o último show da C,XOXO tour. A performance da cubana foi marcada pelo seu carisma e declarações em português como “eu te amo Brasil” e “tenho uma relação muito especial com o Brasil [...] me sinto meio brasileira”. Hits do início de sua carreira solo animaram, como “Bad Kind Of Butterflies” e “Never Be The Same”, além de quase todas as faixas do seu último álbum de 2024, que dá nome à turnê, como “HE KNOWS” e “I LUV IT”. 

A performance potente e animada, que mesclou reggaeton e eletrônica, ainda contou com o funk “Tubarão Te Amo” e uma versão acapella de “Ai Se Eu Te Pego” de Michel Teló. Seguindo, logo após “Señorita”, parceria com o seu ex-namorado, Shawn Mendes, ela cantou “Bam Bam”, brincando com a plateia que aquela canção era para se livrar das pessoas negativas. Vestindo uma camiseta do Brasil e com uma bandeira, encerrou o show de uma hora e meia com “Havana”.

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Com coreografia, grande estrutura metálica e vocais potentes, Camila entregou um show de diva pop - Foto: Taba Querino / Estadão

Para encerrar o festival, Katy Perry trouxe espetáculo em grande escala, mas não deixou faltar momentos de intimidade. A apresentação iniciada pontualmente às 23h15 teve direito a pirotecnias, muitos efeitos especiais e um discurso emocionante da cantora sobre a importância de trazer sua turnê para a América do Sul. 

Em meio a cenários lúdicos, trocas de figurino e um repertório recheado de hits, Katy Perry chamou o fã André Bitencourt ao palco para cantarem juntos “The One That Got Away”, o que levou o público ao delírio. O show integrou a turnê The Lifetimes World Tour, e deixou a impressão de que a artista fez questão de entregar em São Paulo um dos capítulos mais completos dessa jornada.

No último dia, outros públicos foram contemplados também, com o colombiano J Balvin, dono de hits como “Mi Gente”, e uma atmosfera poderosa com IZA de cleópatra ocupando o palco principal no início da tarde. Dennis DJ agitou com funk no palco The One e, completando a proposta do festival de dar espaço a todos os ritmos e artistas, Belo e a Orquestra Sinfônica Heliópolis marcaram presença no palco Quebrada. 

A cidade da música em solo paulista entregou o que prometia, grandes estruturas e um line up potente, mas ainda segue construindo sua identidade e se aperfeiçoando. A terceira edição já foi inclusive confirmada para 2027 pelo prefeito Ricardo Nunes e a vice-presidente da Rock World, Roberta Medina em coletiva na segunda-feira (15).

Festival reúne multidões, entrega shows históricos e consagra marco na cena musical brasileira
por
Khadijah Calil
Lais Romagnoli
Yasmin Solon
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10/09/2025 - 12h

Com mais de 100 mil pessoas por dia, o The Town estreou no último fim de semana, 6 e 7 de setembro, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo.

Travis Scott encerrou o sábado (6) no palco Skyline com um show eletrizante, enquanto Lauryn Hill emocionava fãs no palco The One ao lado dos filhos YG e Zion Marley. No domingo (7), os destaques ficaram por conta de Green Day e Iggy Pop, além de apresentações de Bad Religion, Capital Inicial e CPM 22.

O festival retoma a programação nos dias 12, 13 e 14 de setembro, com shows de Backstreet Boys, Mariah Carey, Lionel Richie e Katy Perry.

“The Flight”: o balé aéreo que surpreendeu no The Town. Foto: Khadijah Calil
“The Flight”: o balé aéreo que surpreendeu no The Town. Foto: Khadijah Calil 
Fãs aguardam o início dos shows no gramado do Autódromo de Interlagos. Foto: Khadijah Calil
Fãs aguardam o início dos shows no gramado do Autódromo de Interlagos. Foto: Khadijah Calil 
Espalhados pelo Autódromo de Interlagos, brinquedos e atrações visuais oferecem ao público momentos de lazer entre os shows. Foto: Khadijah Calil
Espalhados pelo Autódromo de Interlagos, brinquedos e atrações visuais oferecem ao público momentos de lazer entre os shows. Foto: Khadijah Calil 
Capital Inicial leva o rock nacional ao palco Factory, na abertura do segundo dia. Foto: Khadijah Calil
Palco Factory, que recebeu o Capital Inicial na abertura do segundo dia. Foto: Khadijah Calil 
Palco Skyline iluminado durante o show de encerramento do sábado (6). Foto: Lais Romagnoli
Palco Skyline iluminado durante o show de encerramento do sábado (6). Foto: Lais Romagnoli
Iluminação e cenografia transformam Interlagos durante a primeira edição do festival. Foto: Lais Romagnoli
Iluminação e cenografia transformam Interlagos durante a primeira edição do festival. Foto: Lais Romagnoli
Matuê leva o trap nacional ao palco The One no primeiro dia de festival. Foto: Yasmin Solon
Matuê leva o trap nacional ao palco The One no primeiro dia de festival. Foto: Yasmin Solon
Público lota a Cidade da Música durante o primeiro fim de semana do The Town. Foto: Yasmin Solon
Público lota a Cidade da Música durante o primeiro fim de semana do The Town. Foto: Yasmin Solon

 

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Colombiana ficou conhecida por misturar crítica social, poesia e arte
por
Khadijah Calil
Lais Romagnoli
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09/09/2025 - 12h

 

Da Colômbia para o Edifício Pina Luz, Beatriz González ganha uma homenagem em celebração aos seus mais de 60 anos de carreira. Na Pinacoteca de São Paulo, a exposição Beatriz González: a imagem em trânsito reúne mais de 100 trabalhos da artista, produzidos desde a década de 1960.

Beatriz González
Beatriz González trabalha em sua obra 'Telón de la móvil y cambiante naturaleza', de 1978. Foto: Reprodução.

Reconhecida como uma das maiores personalidades da arte latino-americana, a colombiana se destacou ao transformar peças de mobiliário em pinturas. Com a política e cultura de seu país como inspiração, Beatriz combina crítica social e poesia em suas telas, como em Yolanda nos Altares, onde representa agricultores que lutavam pela devolução de suas terras, roubadas por um grupo paramilitar. 

A artista tem sua primeira mostra individual no Brasil espalhada por sete salas da Pinacoteca. A última vez que suas obras foram expostas no Brasil foi em 1971, na 11ª Bienal de São Paulo.

Logo no início da mostra, o público se depara com um espaço dedicado à reprodução e circulação artística na mídia. Um dos trabalhos mais icônicos da artista, Decoración de interiores, marca presença na sala. Uma cortina estampada com o retrato do então presidente da época (1978-1982), Julio César Turbay, questiona o peso da hierarquia presidencial.

Obra
'A Última Mesa'. Foto: Reprodução

 

Do conflito armado colombiano até suas vivências em comunidades indígenas, González extrai registros da imprensa para suas pinceladas. Entre as obras expostas, Los Suicidas del Sisga toma forma a partir de um caso real sobre um duplo suicídio cometido por um casal, refletindo sobre os códigos que vinculam a imagem à crônica policial e sua reprodução nos meios de comunicação de massa. Mais tarde, Beatriz passa a focar na iconografia política colombiana, como a tomada do Palácio da Justiça.

No catálogo, também estão releituras de clássicos contemporâneos. Entre elas, González dá uma nova cara a Mulheres no jardim, de Claude Monet, em Sea culto, siembre árboles regale más libros.

A série Pictogramas particulares encerra a exposição. Nela, a colombiana lança luz sobre a migração forçada, desastres ambientais e a violência nos territórios rurais. A partir de placas de trânsito, a artista representa hipóteses de crise social.

Em cartaz até 1º de fevereiro de 2026, a mostra conta com curadoria de Pollyana Quintella e Natalia Gutiérrez.

Serviço:

  • Local: edifício Pina Luz
  • Data: de 30 de agosto até 1 de fevereiro de 2026
  • Endereço: Praça da Luz, 2, Bom Retiro, São Paulo — SP
  • Valor: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia-entrada). Gratuito aos sábados
  • Horário de funcionamento: de quarta a segunda, das 10h às 18h
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Com 18 prêmios, incluindo Melhor Série Dramática e vitórias históricas para Hiroyuki Sanada e Anna Sawai, Shōgun simboliza a ascensão das produções asiáticas no cenário global.
por
João Pedro Lindolfo
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24/09/2024 - 12h

 

Sucesso desde o dia de sua estreia, a série Shōgun, produzida pela FX, bateu recorde de premiações na noite do domingo (15), na 76ª edição do Primetime Emmy Awards. Foram 18 prêmios no total, mas o destaque fica com a vitória na categoria mais importante do evento: o prêmio de melhor série dramática. Além disso, o ator principal Hiroyuki Sanada e a atriz Anna Sawai levaram para casa os prêmios de melhor ator e melhor atriz, respectivamente, marcando também a primeira vez que um ator e uma atriz japoneses ganharam na categoria de atuação.

       Em seu discurso de vitória, Anna Sawai agradece a sua família e a equipe com quem trabalhou na série: "Eu estava chorando antes mesmo de anunciarem meu nome. Estou um desastre hoje. Obrigada à Academia por me nomear ao lado de meus colegas indicados, cujo trabalho eu cresci assistindo e amando. Obrigada a John Landgraf e a toda a equipe da FX por acreditarem na nossa história. Obrigada, Justin [Marks] e Rachel [Kondo], por acreditarem em mim e me darem esse papel de uma vida.”

Anna Sawai segura seu prêmio de melhor atriz
 Christopher Polk
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A atriz ainda completou com uma mensagem de apoio às mulheres: “Isto é para todas as mulheres que não esperam nada e continuam sendo um exemplo para todos. Muito obrigada." disse a atriz Anna Sawai em seu discurso de premiação.”

            A série é uma adaptação do romance de James Clavell, inspirado na vida do navegador inglês, William Adams, que serviu como conselheiro para o shogun Tokugawa Ieyasu no Japão feudal do século XVII. A trama acompanha John Blackthorne, um piloto europeu que naufraga no Japão e precisa se adaptar às complexas intrigas políticas e culturais locais, enquanto o país transita entre suas tradições e influências estrangeiras. 

A obra explora o choque de civilizações, as lutas entre os senhores feudais pelo poder e os conflitos religiosos entre o cristianismo e as crenças japonesas, oferecendo um retrato dramático e épico desse período histórico.

            Essa grande mistura do Ocidente com o Oriente é um dos motivos  do sucesso da série, pois, para o espectador que não fala japonês e não conhece a cultura japonesa, é difícil criar um senso de identificação enquanto assiste. Os recordes ganham maior atenção, porém um fator importante é como as premiações e o público estão mais abertos a produções vindas de fora dos Estados Unidos. 

Neste caso, Shōgun se torna a primeira série oriental  a ganhar na categoria de “melhor drama”, evidenciando a recente tendência de crescimento do mercado audiovisual asiático. Um exemplo claro dessa mudança foi a conquista de Parasita no Oscar de 2020.

            A vitória de Shogun e os recordes batidos são mais que apenas troféus, são um marco para todas as obras internacionais que um dia sonharam em representar sua arte no palco do mundo. A tendência é que cada vez mais obras de países diferentes recebam atenção no palco de grandes premiações.

 

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Haridade lançou seu terceiro álbum intitulado “Funk Superação” em agosto
por
Julia Cesar Rangel
Laila Cristina Lima dos Santos
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23/09/2024 - 12h

MC Hariel, conhecido também como Haridade, lançou, em 29 de agosto, seu álbum “Funk Superação”. O projeto conta com parcerias como Gilberto Gil, Péricles, Iza e IceBlue, e é uma “virada de página” do subgênero musical “funk ostentação”.

Na visão do funkeiro, o álbum fala sobre o gênero como um “instrumento de superação”: “O título é uma crítica ao funk que é chamado, pejorativamente, de ‘ostentação’”, diz, em entrevista ao podcast “G1 Ouviu”.

Uma parte do dinheiro arrecadado no álbum será destinado a ajudar estudantes que enfrentam dificuldades em pagar o transporte ou até mesmo a mensalidade de seu curso. Como compartilhado em suas redes sociais, o MC não se preocupa com os números para considerar esse trabalho o mais importante de sua trajetória até hoje: “[...] Pode ser que esse projeto não atinja tantos milhões na internet, como alguns outros, porém com certeza esse é o maior projeto que eu já fiz…[...]”

Danilo dos Santos, jovem que cursa sociologia e política na FESP-SP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo), foi o primeiro a receber a ajuda. Para o G1, Hariel disse também que irá pagar a mensalidade de alunos que já estão fazendo a faculdade, para não “correr o risco de ajudar pessoas que não valorizem a oportunidade”. 

O álbum conta com vários subgêneros do funk, entre eles o ostentação. Hariel explica que muitas pessoas comentam sobre esse estilo de forma pejorativa, que “existe uma diferença entre conquistar e ganhar”, e que quando um funkeiro conquista algo, todos costumam achar que foi “fruto de coisa errada”, completa, para a entrevista. Ele é reconhecido por abordar temas importantes em suas composições, e gravou seu show em um palco totalmente construído a partir de materiais recicláveis.

Segundo ele, o logo do álbum, que apresenta um colar dourado com uma fênix, significa algo que renasce, independente do que aconteça, e traz o funk como uma eternidade. 

 Capa do álbum “Funk Superação” - Foto: Instagram @mchariel
Capa do álbum “Funk Superação” - Foto: Instagram @mchariel 

Encontro de Gerações

Uma das participações mais especiais e esperadas do álbum de Hariel foi Gilberto Gil, compositor, cantor, produtor e instrumentista, é considerado uma lenda da Música Popular Brasileira (MPB). Gil é fonte de inspiração e referência para o funkeiro, mas está próximo de se aposentar dos palcos. A parceria dos dois com a música “A Dança”  foi marcante para “o funk romper barreiras”, como escreveu o MC em um post com Gilberto. 

Gilberto Gil e MC Hariel para a GQ BRASIL de setembro – Foto: GQ BRASIL/ Reprodução
Gilberto Gil e MC Hariel para a GQ BRASIL de setembro – Foto: GQ BRASIL/ Reprodução 

Quem é o MC Hariel?

Hariel Denaro Ribeiro, conhecido como MC Hariel, é um cantor e compositor de funk. Natural da Vila Aurora, na zona norte da capital paulista, ele tem um relacionamento próximo com a música desde criança, influenciado por seu pai, que era músico amador.  

Começou a gravar suas músicas com 11 anos, mas estourou somente aos 17 com a música ‘Passei Sorrindo’.

Ele trabalhou como entregador de pizza, de panfletos e vendedor de cartões, entre outras profissões. A música ‘Pirâmide Social’ gravada em 2022, relata sobre o dia de sua demissão como atendente de telemarketing. Foi “descoberto” pelo produtor Neco Coelho , que apresentou o funkeiro para um dos DJs mais influentes no funk paulista na época, o DJ Pereira. Ambos entraram para a gravadora de funk GR6. 

Dos subgêneros do funk, Hariel começou com o ousadia, tendo passado para o funk ostentação e pelo funk consciente, em que é mais conhecido atualmente. Um dos diferenciais do músico é o jogo entre os diferentes estilos de funk.  

Com uma carreira que soma mais de 10 anos, é considerado um dos principais nomes do funk, tanto no cenário paulista quanto no nacional, motivo pelo qual é apelidado de: ‘Haridade’.

 

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76ª edição do Emmy Awards contou com surpresas nas premiações e quebra de recordes
por
João Victor Tiusso
Lucca Fresqui
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23/09/2024 - 12h
Foto: Jamie Lee Curtis premiada no Emmy 2024 / Reuters
Jamie Lee Curtis premiada no Emmy 2024 @ Reuters

O Emmy 2024 foi um marco de representatividade e inclusão na televisão, destacando a diversidade de histórias e talentos em todas as categorias. O evento, que ocorreu no dia 15 de setembro, é a principal premiação da televisão e levou em conta apenas os títulos que estrearam entre 1ª de junho de 2023 e 31 de maio de 2024. 

"Xógum”, a grande vencedora da noite, se tornou a primeira série não falada em inglês, na história da televisão, a levar o principal prêmio da noite: Melhor Série Dramática. 

O épico japonês, protagonizado por Hiroyuki Sanada e Anna Sawai, levou 18 estatuetas no total, batendo o recorde de premiações em uma mesma temporada. Esse reconhecimento reforça a importância de narrativas que abrangem diferentes perspectivas culturais. 

"Hacks” surpreendeu ao superar "The Bear" e levar o prêmio de Melhor Série de Comédia. Apesar de não ficar com o prêmio principal da categoria, “The Bear” foi a segunda maior vencedora da edição, com 11 prêmios, incluindo a vitória de Jeremy Allen White como Melhor Ator em Série de Comédia, e de Jamie Lee Curtis como Melhor Atriz Convidada em Série de Comédia. 

A representatividade feminina também esteve em evidência no Emmy 2024. Além de Anna Sawai, Jean Smart, de "Hacks", foi premiada pela terceira vez como Melhor Atriz em Comédia, consolidando seu papel de destaque no cenário televisivo. 

Nas categorias de minissérie, a grande vencedora foi "Bebê Rena", que levou a estatueta de melhor minissérie ou filme para a TV. Além disso, seu criador Richard Gadd foi premiado nas categorias de Melhor Roteiro e Melhor Ator além de Jessica Gunning (Martha) como Melhor Atriz Coadjuvante.

Confira todos os vencedores:

Melhor Série de Drama: "Xógum" (Disney+) 

Melhor Atriz em Série de Drama: Anna Sawai - "Xógum" (Disney+)

Melhor Ator em Série de Drama: Hiroyuki Sanada - "Xógum" (Disney+)

Melhor Ator Coadjuvante em Série de Drama: Billy Crudup - "The Morning Show" (Apple TV+) 

Melhor Atriz Coadjuvante em Série de Drama: Elizabeth Debicki - "The Crown" (Netflix) 

Melhor Ator Convidado em Série de Drama: Néstor Carbonell - "Xógum" (Disney+) 

Melhor Atriz Convidada em Série de Drama: Michaela Coel - "Sr. & Srª. Smith" (Amazon Prime Video) 

Melhor Série de Comédia: "Hacks" (Max) 

Melhor Ator em Série de Comédia: Jeremy Allen White - "The Bear" (Disney+) 

Melhor Atriz em Série de Comédia: Jean Smart - "Hacks" (Max) 

Melhor Ator Coadjuvante em Série de Comédia: Ebon Moss-Bachrach - "The Bear" (Disney+) 

Melhor Atriz Coadjuvante em Série de Comédia: Liza Colón-Zayas - "The Bear" (Disney+) 

Melhor Ator Convidado em Série de Comédia: Jon Bernthal - "The Bear" (Disney+) 

Melhor Atriz Convidada em Série de Comédia: Jamie Lee Curtis - "The Bear" (Disney+)

Melhor Série Limitada ou Antologia: "Bebê Rena" (Netflix) 

Melhor Ator em Série Limitada, Antologia ou Filme para TV: Richard Gadd - "Bebê Rena" (Netflix) 

Melhor Atriz em Série Limitada, Antologia ou Filme para TV: Jodie Foster - "True Detective: Night Country" (Max) 

Melhor Ator Coadjuvante em Série Limitada, Antologia ou Filme para TV: Lamorne Morris - "Fargo" (Amazon Prime Video) 

Melhor Atriz Coadjuvante em Série Limitada, Antologia ou Filme para TV: Jessica Gunning - "Bebê Rena" (Netflix) 

Melhor Direção em Série de Drama: Frederick E.O. Toye - "Xógum" (Disney+) 

Melhor Direção em Série Limitada, Antologia ou Filme para TV: Steven Zaillian - “Ripley” (Netflix)

Melhor Direção em Série de Comédia: Christopher Storer - "The Bear" (Disney+) 

Melhor Roteiro em Série de Drama: Will Smith - "Slow Horses" (Apple TV+) 

Melhor Roteiro em Série Limitada, Antologia ou Filme para TV: Richard Gadd - "Bebê Rena" (Netflix) 

Melhor Roteiro em Série de Comédia: Lucia Aniello, Paul W. Downs, Jen Statsky - "Hacks" (Max) 

Melhor Talk Show de Variedades: "The Daily Show" (Comedy Central) 

Melhor Programa de Competição: "The Traitors" 

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Saiba mais sobre a história do teatro e confira as peças em cartaz na capital paulista
por
Ricardo Dias de Oliveira Filho
|
19/09/2024 - 12h

No dia 19 de setembro de 2024, o Brasil comemora o Dia Nacional do Teatro, uma data que celebra uma das manifestações artísticas mais antigas e ricas da humanidade. O teatro, com suas origens no Oriente, evoluiu ao longo dos séculos, tornando-se uma poderosa ferramenta de expressão cultural, social e política. No Brasil, essa arte remonta ao século XVI, quando foi utilizada pelos jesuítas para a catequização dos povos indígenas.

Casa da Ópera, teatro mais antigo do Brasil, localizado em Ouro Preto. Foto: Daniel Polcaro
Casa da Ópera, teatro mais antigo do Brasil, localizado em Ouro Preto. Foto: Daniel Polcaro / Correio de Minas / Reprodução

Desde a chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil em 1808, o teatro foi ganhando espaço como forma de entretenimento, especialmente para a elite da época, que apreciava as companhias teatrais estrangeiras. Com o tempo, grupos teatrais nacionais, predominantemente de comédia, começaram a surgir, marcando o início da valorização da arte no país.

No entanto, o teatro brasileiro enfrentou grandes desafios, especialmente durante o período da ditadura militar. Durante esses anos de repressão, o teatro tornou-se um meio de resistência, sendo utilizado para criticar as políticas autoritárias e lutar pela liberdade de expressão. A censura imposta pela ditadura causou retrocessos significativos, mas o fim desse regime trouxe um novo fôlego para os artistas e para a cena teatral.

Em 19 de setembro, também é celebrado o Dia Nacional do Teatro Acessível, de acordo com o Projeto de Lei nº 6.139/13. A data busca promover a inclusão e o acesso de todos, especialmente das Pessoas Com Deficiência (PCDs), às atividades teatrais. O teatro acessível segue o princípio fundamental da Constituição Federal de 1988, que garante a todos o direito ao exercício pleno da cultura.

Além do Dia Nacional do Teatro, o Brasil também celebra em 20 de março o Dia Nacional do Teatro para a Infância e Juventude, e no cenário internacional, o Dia Mundial do Teatro, comemorado em 27 de março e instituído pela Unesco em 1961.

Alexandra Martins, Antônio Fagundes, Cristiane Torloni e Thiago Fragoso na estreia vip da peça “Dois de Nós” — Foto: Lucas Ramos / Brazil News
Alexandra Martins, Antônio Fagundes, Cristiane Torloni e Thiago Fragoso na estreia vip da peça “Dois de Nós” — Foto: Lucas Ramos / Brazil News

Essas datas reforçam a importância do teatro não apenas como forma de entretenimento, mas como uma poderosa ferramenta de transformação social, reflexão e resistência. Em 2024, o Dia Nacional do Teatro nos convida a refletir sobre o papel dessa arte na construção de uma sociedade mais justa, inclusiva e culturalmente rica.


Em São Paulo, uma programação diversificada marca a celebração da data em 2024. A comédia "Dois de Nós" estreia no TUCA (Teatro da PUC-SP) no dia 5 de setembro, com apresentações até 8 de dezembro de 2024. Com direção de José Possi Neto, o espetáculo reúne Antonio Fagundes e Christiane Torloni no elenco principal, ao lado de Thiago Fragoso e Alexandra Martins. A peça, indicada para maiores de 12 anos, aborda as complexidades dos relacionamentos de forma leve e bem-humorada. 
As apresentações acontecem às sextas (21h), sábados (20h) e domingos (17h), com ingressos à venda no Sympla e na bilheteria do teatro.


Além disso, outras peças estão em cartaz na cidade de São Paulo. Confira:

AO VIVO – Dentro da cabeça de alguém
Inspirada em "A Gaivota" de Anton Tchekhov, a peça explora memórias e reflexões sobre a arte, destacando temas como machismo e etarismo.
Local: Teatro Sesi (Centro Cultural Fiesp)
Ingressos: Grátis
Em cartaz até: 01/12

A Última Entrevista de Marília Gabriela
Marília Gabriela retorna aos palcos, simulando um programa de entrevistas ao vivo com seu filho, Theodoro Cochrane.
Local: Teatro Unimed
Ingressos: A partir de R$ 60
Em cartaz até: 27/10

Legalmente Loira – O Musical
A comédia musical aborda temas como empoderamento feminino e misoginia, protagonizada por Myra Ruiz como Elle Woods.
Local: Teatro Claro Mais SP
Ingressos: A partir de R$ 19,80
Em cartaz até: 06/10

Elvis – A Musical Revolution
Biografia musical de Elvis Presley, interpretada por Leandro Lima.
Local: Teatro Santander
Ingressos: A partir de R$ 19,50
Em cartaz até: 01/12

Forever Young
Comédia musical ambientada em um retiro para artistas idosos, celebrando a juventude como estado de espírito.
Local: Teatro Fernando Torres
Ingressos: A partir de R$ 45
Em cartaz até: 11/11

Rei Lear
Adaptação de "Rei Lear" com drag queens como protagonistas.
Local: Teatro Alfredo Mesquita
Ingressos: Grátis
Em cartaz até: 29/09

Querido Evan Hansen
Musical sobre um adolescente ansioso que se envolve em um boato escolar, abordando temas como bullying e saúde mental.
Local: Teatro Liberdade
Ingressos: A partir de R$ 60
Em cartaz até: 22/09

Por um Fio
Peça sobre a vida de duas meninas, uma influenciadora digital e outra diagnosticada com TEA, abordando temas como redes sociais e o transtorno do espectro autista.
Local: Teatro Jardim Sul
Ingressos: A partir de R$ 80
Em cartaz até: 26/10
 

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Primeiro final de semana do Rock in Rio 2024 comoveu o público em meio a velhas e novas memórias
por
Victória da Silva
Vítor Nhoatto
|
18/09/2024 - 12h

Um dos maiores eventos da música mundial retornou à zona oeste da capital carioca na última sexta-feira (13). A edição comemorativa de 40 anos do festival contou com nomes como Travis Scott, Paralamas do Sucesso, Imagine Dragons, Evanescence e Lulu Santos. 

Realizado tradicionalmente na Barra da Tijuca, sua última aparição havia sido em 2022, e as expectativas para este ano eram altas. Não bastasse o sarrafo da edição passada, com Iron Maiden, Justin Bieber e Dua Lipa, por exemplo, o peso de esta ser uma espécie de aniversário do mais longevo e exitoso festival do Brasil agitavam as redes e o público. 

São ao todo 24 realizações com a edição deste ano. Dessas, 10 no Rio de Janeiro, 10 em Lisboa, 3 em Madrid e 1 em Las Vegas. No caso do Brasil, fez com que o rock se popularizasse e recebesse mais atenção das gravadoras e imprensa. Em 1985 tocaram, por exemplo, Iron Maiden, AC/DC e Queen. Foi assim que o RiR, como é abreviado, fez do Brasil um destino relevante para artistas internacionais, abrindo as portas para tantos outros festivais que surgiram. 

Gabriel Medina foi o criador do evento, hoje administrado pela filha do publicitário, Roberta Medina. A marca é responsável ainda pelo novato The Town, que realizou sua primeira edição em 2023, e é tido como a versão paulista do quarentão rockeiro. A ideia inclusive é de que os festivais ocorram de maneira intercalada agora. 

De volta ao Rock in Rio, ao longo de sua história, mudanças e percalços também sempre estiveram presentes. O local da Cidade do Rock já mudou quatro vezes e artistas boicotaram o evento em 2001 pela diferença de tratamento entre as atrações nacionais e internacionais. A alocação dos artistas também foi tema polêmico em 2022, com palcos secundários recebendo grandes artistas brasileiros como Ludmilla, ao passo que o Palco Mundo recebia gringos sem uma base tão ampla de fãs no país, como Rita Ora.   

Para 2024, a família Medina prometia melhorias nessas questões. Houve uma reconfiguração espacial para facilitar o fluxo de pessoas e expandir a capacidade do Palco Sunset, atrás apenas do Mundo em relevância. Além disso, pela primeira vez haverá o Dia Brasil, o penúltimo dia do RiR (21), no qual apenas artistas nacionais se apresentarão. 

Destaques do primeiro dia

Os portões da Cidade do Rock foram abertos às 14h, com uma fila considerável já formada. O trânsito na região ficou intenso aos arredores por volta das 16h segundo a Prefeitura do Rio de Janeiro, mas não foram registrados incidentes. A distribuição gratuita de água também ocorreu normalmente e de forma acessível. A primeira apresentação foi logo às 15h com Mc Maneirinho no Palco Supernova. 

Após alguns minutos de atraso devido a problemas técnicos e quase um cancelamento, Ludmilla foi a primeira a performar no Palco Mundo. Agora no palco adequado, após tumultos em 2022 no Palco Sunset, ela apresentou as faixas “Rainha da Favela", “Onda Diferente” e muitos outros de seus sucessos.

A artista surpreendeu na setlist com o cover de “snooze” da estadunidense SZA, na qual ao lado de dois guitarristas mostrou a potência de sua voz. O show foi encerrado com "Favela Chegou" em um clima ainda meio tenso pelos problemas iniciais. A cantora se apresentaria novamente no RiR 2024, no Dia Brasil, mas cancelou um mês atrás por problemas logísticos.

Ludmilla no meio do palco
Ludmilla agitou o público com corpo de baile e voz impecável.-  Foto: Ariel Martini / Divulgação

Às 21h foi a vez de 21 Savage trazer o rap internacional à Barra da Tijuca, em um show com menos de uma hora e pouca interação com a plateia. Essa já ansiosa pelo principal nome do dia, o estadunidense Travis Scott.

Depois de um show solo no dia 11 de setembro em São Paulo, o rapper se apresentou na cidade do rock, no Rio de Janeiro, com muitos gritos e pulos. Conhecido pelas rodas punks que se criam durante a apresentação e pela animação provocada pelo artista, o show caloroso que também aconteceu no Palco Mundo superou as expectativas dos fãs. 

Além das cinco vezes que cantou o sucesso "FE!N", agitou a plateia principalmente com hits do seu último álbum "UTOPIA" de 2023. Apesar de reclamações no palco sobre os telões, Travis honrou sua posição no RiR 2024.

Plateia com sinalizadores
Vista de cima do show de Travis com uma multidão de pessoas. Foto: Sebastien Nagy / Reprodução Instagram

Não só o trap internacional foi o ponto alto do evento, já que Veigh e Kayblack causaram euforia no público do Palco Sunset. Os artistas fizeram do show um ringue de luta, e a batalha conteve hits dos dois que se apresentaram em um ritmo frenético, Veigh com um roupão azul e KayBlack com um vermelho (imitando lutadores de boxe). 

A rapper Slipmami, que acumula mais de 5 milhões de visualizações em seus clipes no YouTube, fez sua apresentação com seus versos irônicos e afiados. A cantora abriu o Espaço Favela nesta edição e cantou sucessos como “Malvatrem”, “8x5” e “Rap Cerva e Swapeeka”.

O rap foi um gênero muito presente no primeiro dia de Rock in Rio, em vários palcos diferentes, até mesmo artistas não muito conhecidos na indústria musical tiveram a oportunidade de se apresentar em um dos maiores festivais do Brasil. Fizeram seus shows no palco Global Village, a rapper Katú Mirim, que além de compositora é ativista indígena, e Victor Xamã, que trata em suas canções a cultura da Amazônia.

Destaques do segundo dia

O início dos trabalhos do segundo dia do Rock in Rio 2024 ficou ao cargo mais uma vez do Palco Supernova, desta vez com a dupla de rappers nerds 7 Minutoz. Já às 16:40, de volta ao evento pela quarta vez, Lulu Santos abriu o Palco Mundo e emocionou o público mesmo apesar do horário, um tanto cedo para os padrões dos festivais.   

Ele, que se apresentou na primeira edição do festival em 1985, fez história novamente em  sucessos como "Toda Forma de Amor", "Tempos Modernos", "A Cura" e "Um Certo Alguém". Atualmente na turnê “Barítono”, nome em referência a uma interpretação em tom mais grave de suas canções, Lulu levantou a plateia com amor e propriedade. O cantor ainda retorna ao evento no Dia Brasil.

A dona dos sucessos "Lush Life" e "Never Forget You", além da voz da recentemente viralizada "Symphony", Zara Larsson levou muito pop à cidade do rock. Além de seus hits que animaram o público no começo da noite, incluindo o meme do golfinho nos telões, a participação especial de DENNIS marcou a segunda vinda da cantora ao país.  

O brasileiro que na última quinta lançou um remix da faixa "Ammunition" de Zara, levou funk a performance dançante e carismática da sueca. No palco, ela recebeu ainda uma camiseta personalizada do Flamengo e agradeceu o calor do público brasileiro e a parceria com o DJ.

Zara dançando no palco do RiR 2024
Com shorts verde e amarelo e muita disposição, Zara se entregou no Palco Mundo. Foto: Wesley Allen 

Embora uma pessoa na tirolesa tenha se enroscado no material cenográfico, o show da banda OneRepublic impressionou. Por volta das 21h20 eles iniciaram a apresentação que foi repleta de hits de outros artistas (aqueles que o vocalista, Ryan Tedder, ajudou a produzir), com direito a violino e pandeiro no palco.

Com o público imerso na simpatia e carisma de Tedder, um coral harmônico foi ecoado na cidade do rock quando tocada a canção “Counting Stars”. Além disso, o cantor vestiu uma camisa do Brasil, tocou piano e toda a banda demonstrou uma grande presença no palco.

Em seguida, a banda que lota estádios e já produziu músicas que estouraram nas plataformas digitais, Imagine Dragons, conquistou mais uma vez a plateia do RiR. Os headliners da noite apresentaram os sucessos “Thunder”, “Believer”, “Radioactive” e “Demons”, além de promoverem um discurso sobre saúde mental em um momento tão importante como o setembro amarelo.

Vocalista do Imagine Dragons cantando
Dan Reynolds cantando no segundo dia de Rock in Rio - Foto: Samuel Pereira / Portal dos Famosos

O dia ainda contou com NX Zero fechando o Palco Sunset em uma atmosfera de nostalgia e emoção. A banda de rock criada em 2001 está em sua turnê de reencontro "Cedo Ou Tarde", iniciada em 2023 após 6 anos de hiato. "Pela Última Vez", "Bem ou Mal" e "Razões e Emoções" foram apenas alguns dos sucessos que embalaram as paradas nos anos 2000 e 2010. 

Di Ferrero levantou mais ainda a plateia na hora de "Cedo ou Tarde", parceria com o rapper Chorão, morto em 2013. Algumas partes dos versos, não cantadas de propósito pelo vocalista, emanaram das bocas dos telespectadores, como se esses fossem o hit do momento. A banda encerrou com o anúncio do fim da turnê e o lançamento em 4 de outubro de um DVD com imagens exclusivas das apresentações realizadas.

NX Zero se apresentando no Palco Sunset
NX Zero fez uma performance emocionante de despedida. Foto: Francisco Izquierdo / Tracklist

No Espaço Favela, além da apresentação solo de DENNIS após a aparição mais cedo com Zara, o carioca Thiago Pantaleão levou uma mistura de pop e funk mais cedo. E em plena madrugada, DJ Snake encerrou o segundo dia remontando a uma balada com seus hits "Let Me Love You" e "Lean On". 

Destaques do terceiro dia

Único dos três primeiros dias que ainda contava com ingressos disponíveis, foi o dia do puro rock, nacional e internacional. O Palco Mundo teve seus trabalhos iniciados pela banda Paralamas do Sucesso, de volta ao festival para recriar a apresentação icônica de 1985.

Às 19h, foi a vez da banda estadunidense Journey representar o rock dos anos 70 e 80. De início o som estava muito baixo, o vocalista Arnel Pineda, na banda desde 2007, chegou a interromper a apresentação. Sem muitos elementos tecnológicos, a segunda performance no Brasil da banda foi moderada, com os pontos altos no final. Os hits inesquecíveis "Don't Stop Believin" e "Anyway You Want It" fizeram a plateia cantar junto.

Em seguida, Evanescence fez um show memorável. Nas mídias sociais, muitos falavam sobre “os emos dos anos 2000 estarem sendo representados”, além de vários comentários elogiando a poderosa apresentação. “Bring Me To Life”, “Going Under” e “My Immortal” foram canções que levaram o público à loucura.

 No dia mais rockeiro do RiR 2024, nada como uma banda de rock raiz, Avenged Sevenfold. Em sua sexta vinda ao país, segunda na Cidade do Rock após 10 anos, encerrou o Palco Mundo com hits, muita guitarra e gritos do público. A performance começou no passado recente com "Game Over", do álbum de 2023 "Life Is But a Dream…"

Vieram então faixas dos outros 6 discos do grupo, com destaque para "Hail to the King", um dos seus maiores sucessos, e muita emoção do vocalista M. Shadows em "Nightmare". Esse inclusive recebeu do público uma bandeira do Corinthians, e após o equívoco inocente, abriu uma bandeira verde e amarela. A volta no tempo com os riffs de guitarras e vocais afiados acabou com "A Little Piece of Heaven" de 2007, além da satisfação dos metaleiros. 

Vocalista da banda Avenged Sevenfold emocionado no palco
Vocalista do Avenged Sevenfold durante performance no RiR 2024. Foto: Padilha / Rock in Rio

No entanto, nem só de rock foi o dia 15 de setembro. Ironizando o fato de o funk ser subjugado e estar dividindo a atenção entre os palcos do evento - em um dia com atrações majoritariamente de punk e metal - Mc Hariel se apresentou antes do headliner do Espaço Favela e cantou faixas como “Até o Sol Raiar”, “Vida Louca Bela e Curta” e “Ilusão (Cracolândia)”. Logo após, Mc Poze do Rodo também agitou o lugar com várias de suas músicas, além de surpreender a audiência ao pedir sua namorada em casamento em cima do palco. 

Barão Vermelho também tocou na 1° edição em 1985, e no ano de 2024 foi destaque do Palco Sunset, com faixas históricas que marcam a trajetória da banda. Os fãs foram acalentados com  “Por Você”, “Pro dia Nascer Feliz”, “Puro Êxtase” e muitas outras que a banda brasileira produziu, deixando uma herança para o rock nacional.

Às 17h50 Planet Hemp transformou o Palco Sunset em uma manifestação pelo verde, com direito a Pitty como convidada. A banda de rap rock que revelou Marcelo D2 e BNegão sempre foi defensora da legalização da maconha no Brasil, tanto que um baseado inflável flutuava pela plateia empolgada pela reparação histórica do Rock in Rio. Na edição de 2001, o grupo carioca fez parte do boicote em resposta à diferença de tratamento entre artistas nacionais e internacionais, e até então, não havia retornado na Cidade do Rock.

Tocaram faixas dos anos 90 e 2000 como "Teto de Vidro" e "Fazendo a Cabeça", além de canções do último trabalho "Jardineiros", de 2022. As rimas, marcadas por questões sociais, como desigualdade, racismo e a vida na periferia, foram ainda acompanhadas por críticas em relação às queimadas pelo Brasil e aos discursos da extrema direita. 

O headliner do palco, Incubus, trouxe nostalgia para os apreciadores de suas canções alternativas. Depois de sete anos sem participar do festival, a banda norte-americana deixou um “gostinho de quero mais”, já que terá show solo no Brasil em abril de 2025, prometendo entregar ainda mais do que aconteceu no RiR ao cantar as faixas “Circus”, “Anna Molly” e “Wish You Were Here”.

Banda Incubus performando no RiR 2024
Banda californiana, Incubus, no Palco Sunset. Foto: Francisco Izquierdo / Tracklist

Próximo final de semana

A Cidade do Rock volta com seus trabalhos na próxima quinta (19), se encerrando no domingo seguinte. Dentre as principais atrações para o segundo final de semana estão Katy Perry, Ed Sheeran e Mariah Carey. Lembrando que sábado será o Dia Brasil, com nomes como IZA, Chitãozinho & Xororó, Luiza Sonza, Ney Matogrosso e Alcione.

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