Influenciadora é chamada de "homem" por espectadora; confusão gerou vaias, atraso no espetáculo e intervenção policial
por
Carolina Zaterka
Manoella Marinho
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15/04/2025 - 12h

 

Malévola Alves, influenciadora digital e mulher trans, denunciou ter sido vítima de transfobia no Teatro Renault, em São Paulo, no dia 26 de março de 2025, ao ser tratada pelo pronome masculino e chamada de “homem” por uma espectadora. O incidente ocorreu antes do início do musical “Wicked”. Malévola, com mais de 840 mil seguidores, publicou trechos do episódio em suas redes, que rapidamente viralizaram.

Segundo relatos de testemunhas e da própria vítima, a confusão começou quando Malévola esperava uma nota fiscal e a mulher atrás dela mostrou impaciência. As duas trocaram palavras e, ao se afastar, a mulher teria gritado "isso é homem ou mulher?" em sua direção. A vítima então se sentiu ofendida e levou a denúncia à plateia, apontando a espectadora como autora do ataque transfóbico, causando um tumulto que paralisou a plateia.

A reação do público foi de imediato apoio a Malévola, com vaias à agressora e pedidos para que ela fosse retirada do teatro. “A gente não vai começar a assistir a um espetáculo que é extremamente representativo para a diversidade com uma mulher dessa aqui. Não faz o menor sentido”, afirmou um dos espectadores durante o protesto.

Diante da pressão da plateia, a apresentação atrasou cerca de 30 minutos. A mulher acusada acabou saindo do teatro sob escolta policial, levada à  delegacia para realizar um boletim de ocorrência, recebendo aplausos e vaias dos demais presentes. Miguel Filpi, presente no evento, celebrou nas redes sociais: “Justiça foi feita!! Obrigado a todo mundo nessa plateia que fez a união para que isso acontecesse.”

Carlos Cavalcanti, presidente do Instituto Artium (Produtor do musical), pediu desculpas pelo ocorrido antes de dar início ao espetáculo: “Peço desculpas por esse acontecimento e por esse atraso. Tudo o que a gente pode admitir, é bom que a gente admita na vida, mas transfobia em Wicked, não dá”. A atriz Fabi Bang, também se manifestou durante e após o espetáculo: “Transfobia jamais” - uma improvisação durante a música “Popular”.

 

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Fabi Bang, atriz que interpreta Glinda, em apresentação do musical. Foto: Blog Arcanjo/Reprodução

Viviane Milano, identificada como a espectadora acusada, negou as acusações em um pronunciamento, alegando que a confusão na fila da bombonière não foi sobre identidade de gênero, mas sobre uma tentativa de furar fila. Ela afirmou: “Perguntei em voz alta: ‘Era o homem ou a mulher que estava na fila?’”, dizendo que sua pergunta foi mal interpretada.

A produção de Wicked e membros do elenco reiteraram seu compromisso com a diversidade e repudiaram o incidente. A nota oficial da produção destacou: “Nosso espetáculo é e continuará sendo um espaço seguro para todas as pessoas, independentemente de identidade de gênero ou orientação sexual.”

As últimas apresentações do cantor baiano reunem seus maiores sucessos e participações de grandes artistas brasileiros
por
Davi Rezende
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14/04/2025 - 12h

Tiveram início na última sexta-feira (11) os shows em São Paulo da turnê “Tempo Rei”, de Gilberto Gil, a última da carreira do lendário artista. O evento, que teve início em março, na cidade de Salvador (BA), chegou neste mês à capital paulista com quatro datas, duas neste final de semana e mais duas ao fim do mês.

Gilberto Gil em show no Allianz Parque cantando Aquele Abraço
Gilberto Gil em show da turnê "Tempo Rei" no Allianz Parque, em São Paulo/ Foto: Davi Rezende
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Reunindo participações especiais, cenários característicos e grandes sucessos da carreira do cantor, a turnê é uma grande celebração da história de Gil, enquanto seus últimos shows ao vivo. Desde os visuais até a performance do artista, tudo é composto de forma detalhada para transmitir a energia da obra de Gilberto, que se renova em apresentações vívidas e convidados de diversos gêneros musicais brasileiros.

Ao longo de mais de 60 anos de carreira, Gil conquistou uma das trajetórias mais consolidadas e respeitadas da música brasileira. Com mais de 50 álbuns gravados, sendo 30 de estúdio, ele se tornou uma lenda da bossa nova e do samba, com produções que se provam atemporais, além de participações em movimentos políticos e artísticos que marcaram o Brasil.

Gilberto Gil agasalhado em exílio nas ruas de Londres
Gilberto Gil no exílio em Londres/ Foto: Reprodução/FFLCH - USP

 

Na década de 60, após se popularizar em meio a festivais, Gil fez grande parte da luta contra as opressões da Ditadura Militar no Brasil, tornando-se peça importante no movimento da Tropicália. Ao lado de artistas como Caetano Veloso e Gal Costa, Gilberto foi protagonista na revolução da arte brasileira, além de compor grandes canções de resistência.

Em 1969, após o lançamento de um de seus maiores clássicos, “Aquele Abraço”, Gil se exilou fora do Brasil para fugir da Ditadura, em Londres. Na Inglaterra, ele seguiu produzindo e performando, ao lado de outros grandes gênios tropicalistas, até retornar em 1971, lançando no ano seguinte o álbum “Expresso 2222” (1972). Três anos após o grande sucesso, Gil lança o álbum “Refazenda” (1975), primeiro disco de uma trilogia composta por “Refavela” (1977) e “Realce” (1979).

Todos os grandes momentos da vida do cantor são representados na turnê, tanto com sua performance, dirigida por Rafael Dragaud, quanto na cenografia, montada pela cineasta Daniela Thomas. Na setlist, Gil ainda presta homenagens a grandes figuras da música, como Chico Buarque (que faz participação em vídeo tocado ao fundo de Gilberto, durante a apresentação) quando interpreta “Cálice”, canção de sua autoria ao lado do compositor carioca, e até Bob Marley, no momento que toca “Não Chore Mais” (versão da música “No Woman, No Cry” do cantor jamaicano) com imagens da bandeira da Jamaica ao fundo.

Gilberto Gil em show no Allianz Parque cantando Não Chore Mais
Gilberto Gil em show da turnê "Tempo Rei" no Allianz Parque, em São Paulo/ Foto: Davi Rezende

 

Nas apresentações no Rio de Janeiro, o artista convidou Caetano e Anitta para comporem a performance, enquanto em São Paulo, na sexta-feira (11) MC Hariel e Flor Gil, a neta do cantor, deram as caras, além de Arnaldo Antunes e Sandy terem participado do show de sábado (12).

A turnê “Tempo Rei” aproxima Gilberto Gil do fim de sua carreira, celebrando sua história nos shows que rodam o Brasil inteiro. A reunião de artistas já consolidados na indústria para condecorar o cantor em suas apresentações prova a grandeza de Gil e como sua obra é imortal, movimentando a música de todo o país ao seu redor. Sua performance é energética e vívida, como toda a carreira do compositor, fazendo dos brasileiros os súditos do Tempo Rei.

Gilberto Gil em show no Allianz Parque cantando Expresso 2222
Gilberto Gil em show da turnê "Tempo Rei" no Allianz Parque, em São Paulo/ Foto: Davi Rezende

As apresentações de Gil seguem ao longo do ano, encerrando em novembro, na cidade de Recife (PE). Em São Paulo, o cantor ainda se apresenta em mais duas datas, nos dias 25 e 26 de abril, no Allianz Parque.

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Filme brasileiro conta a história de uma senhora que através de uma câmera expôs uma rede de tráfico no Rio de Janeiro
por
Kaleo Ferreira
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14/04/2025 - 12h

O filme “Vitória” lançado no dia 13 de março de 2025, dirigido por Andrucha Waddington e roteirizado por Paula Fiuza, tem como tema a história de Dona Nina (Fernanda Montenegro), uma senhora de 80 anos que sozinha, desmantelou um esquema de tráfico de drogas em Copacabana, filmando com uma câmera a rotina do mercado criminoso da janela de seu apartamento.

 

Cena do filme ”Vitória” (Foto: CNN Brasil)
Cena do filme ”Vitória”. Foto: CNN Brasil

 

O longa é inspirado no livro “Dona Vitória Joana da Paz”, escrito pelo jornalista Fábio Gusmão e baseado na história verídica de Joana Zeferino da Paz. Grande força do filme vem da atuação de Fernanda, que consegue transmitir a solidão, indignação, determinação e a garra que a personagem teve para confrontar o crime na Ladeira dos Tabajaras.

O filme começa construindo uma atmosfera de grande tensão, claustrofobia e solidão dentro do pequeno apartamento com o reflexo da violência diante dos olhos, assim mergulhando na realidade crua do cotidiano carioca, expondo a fragilidade da segurança pública e o poder que o crime organizado possui. 

Em certos momentos, o ritmo da narrativa se torna um pouco lento e cansativo e a ação do longa começa com a introdução do jornalista Fábio, interpretado por Alan Rocha, que desenvolve uma relação de parceria com Dona Nina. Ele assiste às fitas gravadas por ela, provas de criminosos desfilando com armas à luz do dia, vendendo e utilizando drogas entre crianças e adolescentes, além de ter ajuda dos policiais para o tráfico. E diante de tudo, decide ajudar a senhora, assim escrevendo uma grande reportagem que colocaria os holofotes sobre todo o esquema de tráfico. 

 

Cartaz do filme (Foto: IMDb)
Cartaz do filme. Foto: IMDb

 

O filme tem a participação de outras atrizes, como Linn da Quebrada e Laila Garin, que mesmo em papeis secundários, também merecem destaque por agregar camadas à narrativa e mostrar diferentes facetas de como a comunidade é afetada pela violência.

Em resumo, “Vitória” é um filme emocionante e que faz refletir. Apesar dos problemas no ritmo do filme, a força de uma história real e a grande atuação de Fernanda Montenegro, com seus 95 anos, o consolidam como um filme digno de ser assistido e relevante para o cinema brasileiro. 

É um retrato da realidade brasileira que ao dar voz a uma história de resistência contra o crime, levanta questões importantes sobre segurança, justiça e o papel dos cidadãos contra a violência, dando esperança em resistir a toda criminalidade que a sociedade enfrenta com tanta frequência, além de dar voz a uma mulher que decide não se calar.

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O grupo sul-coreano encerra sua passagem pelo Brasil com o título de maior show de K-pop no país
por
Beatriz Lima
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09/04/2025 - 12h

 

Na primeira semana de abril, São Paulo e Rio de Janeiro foram palco dos shows da DominATE Tour, do grupo de K-pop Stray Kids. Em novembro de 2024, o grupo anunciou sua primeira passagem pela América Latina após sete anos de carreira, com shows no Chile, Brasil, Peru e México, causando êxtase aos fãs do continente.

Stray Kids é um grupo de K-pop composto por oito integrantes, Bang Chan, Lee Know, Changbin, Hyunjin, Han, Felix, Seungmin e I.N. O grupo estreou em 2018, após um programa eliminatório com diversos trainees da JYP Entertainment - empresa que gere o grupo. No dia 8 de julho de 2024, o grupo anunciou sua terceira turnê mundial chamada ‘DominATE Tour’, com shows iniciais pelo Leste e Sudeste Asiático e Austrália. 

A DominATE Tour foi anunciada para a divulgação de seu mais recente álbum, ATE, lançado dia 19 de julho de 2024. Com o sucesso mundial do grupo e da música “Chk chk boom”, com a participação dos atores Ryan Reynolds e Hugh Jackman no clipe, o grupo divulgou datas para a turnê na América Latina, América do Norte e Europa no início de 2025.

Foto de divulgação da turnê DominATE
Imagem de divulgação da turnê DominATE. Foto: Divulgação/JYP Entertainment

No Brasil, o octeto iniciou sua passagem pela cidade do Rio de Janeiro com seu show de estreia dia 1 de abril no Estádio Nilton Santos, com mais de 55 mil pessoas presentes no local. Em sua primeira data na cidade de São Paulo, sábado (5), o grupo sul-coreano teve os ingressos esgotados e, mesmo com chuva e baixas temperaturas, bateu o recorde de maior show de K-pop no Brasil, com um total de 65 mil pessoas no Estádio MorumBIS. No dia seguinte, o grupo teve seu último dia de passagem pelo país e somou no total - nos dois dias de show na capital paulista - 120 mil pessoas.

Show do Stray Kids no Estádio MorumBIS
Primeiro dia de show do Stray Kids em São Paulo. Foto: JYP Entertainment / Iris Alves

 

Os shows contaram com estruturas complexas e atraentes - com direito a fogos de artifícios e explosões de luz a cada performance -, tradução simultânea nos momentos de interação com o público, banda e equipe de dança do próprio grupo, além de estações de água e paramédicos à disposição do evento. Foram três noites marcantes tanto para os fãs brasileiros quanto para os próprios membros do grupo. “Eu sinto que tudo que nós passamos durante esses sete anos foi para encontrar vocês.” diz Hyunjin em seu primeiro dia de show no Brasil. 

Com o recorde de público nos shows e reações positivas na mídia e público brasileiro, o grupo promete voltar ao país em uma nova oportunidade, deixando claro seu amor pelo país e pelos fãs brasileiros. “Bom, é a sensação de que ganhamos uma segunda casa… todos nós [os oito membros]” declara o líder Bang Chan no primeiro show de São Paulo.

Membros do grupo após o show do Rio de Janeiro.
Foto divulgada após o show do Stray Kids no Rio de Janeiro. Foto: Reprodução/JYP Entertainment

 

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Último dia do festival em São Paulo também reuniu shows de Justin Timberlake, Foster The People e bandas nacionais
por
Maria Eduarda Cepeda
Jessica Castro
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09/04/2025 - 12h

 

Neste domingo (30), o Autódromo de Interlagos, na zona sul de São Paulo, recebeu o último dia da edição 2025 do Lollapalooza Brasil. O festival, que reuniu uma diversidade de estilos, contou com apresentações de bandas indies nacionais, como Terno Rei, e gigantes do pop, como Justin Timberlake. Como destaque, tivemos a histórica estreia da banda Tool em solo brasileiro, a volta de Foster The People ao festival e o show emocionante de encerramento do Sepultura, que consagrou sua importância como uma das maiores referências do metal, tanto no Brasil quanto no mundo.

Diferente do primeiro dia, o domingo foi marcado por tempo firme e céu aberto, sem a interferência da chuva. Com condições climáticas favoráveis, o público pôde aproveitar muito seus artistas favoritos ao longo do dia.

As primeiras atrações do dia já davam o tom da despedida do festival: uma mistura de muito indie, rock n’ roll e nostalgia no ar. No palco Budweiser, a cantora pernambucana Sofia Freire abriu os trabalhos com uma estreia marcante, conquistando o público com talento e carisma. E no palco Mike´s Ice, a banda "Charlotte Matou um Cara" chamou atenção por ter a vocalista, Andrea Dip, vestida em uma camisa de força. 

Além de cantora, Andrea é jornalista e faz parte da Agência Pública de Jornalismo Investigativo. Em 2013, recebeu o Prêmio Tim Lopes de Jornalismo Investigativo pelo seu trabalho na história em quadrinhos “Meninas em Jogo” e foi premiada pelo Troféu Mulher Imprensa na categoria site de notícias em 2016.

Vocalista da banda "Charlotte Matou um Cara", Andrea Dip, usando uma camisa de força rosa
A banda já dividiu palco com a cantora e atriz Linn da Quebrada. Foto: Adriana Vieira / Rock On Board

Com músicas que tratam temas como machismo, ditadura militar e a luta contra a violação do corpo feminino, o grupo trouxe para o festival a agressividade e a energia para o "dia do rock". 

Na sequência, o grupo Terno Rei assumiu o palco e transformou a plateia ainda tímida em um coro envolvido por seu setlist, que mesclou sucessos da carreira e novas apostas sonoras. A banda ainda aproveitou o momento para anunciar seu próximo álbum, “Nenhuma Estrela”, com lançamento marcado para 15 de abril.

Depois de 8 anos longe do Brasil, Mark Foster e Isom Innis voltaram pela terceira vez ao Lollapalooza Brasil. As músicas foram de seus sucessos mais recentes às músicas mais queridas pelos fãs, como "Houdini" e "Call It What You Want". Com um público morno, mesmo com a presença dos fãs fiéis, eles não desanimaram e se mostraram contentes por estarem de volta. A música mais famosa, "Pumped Up Kicks", finalizou a apresentação do grupo.

A banda Tool se apresentou pela primeira vez no Brasil após 35 anos de carreira, mas quem compareceu esperando ver o grupo e uma apresentação tradicional teve uma surpresa. Tool fez um show cru, sem pausas e sem momentos emocionados. O visual sombrio e imersão feita pelos visuais espirituais do telão comandaram os espectadores a uma experiência única no festival, sendo o show mais enigmático da noite. A setlist foi variada, com alguns de seus sucessos e músicas de seu álbum mais recente "Fear Inoculum". Apesar da proposta diferenciada, o público pareceu embarcar na viagem sensorial proposta pelo grupo. 

Vocalisa da banda Tool na frente do telão, mas não somos capazes de ver seu rosto, apenas sua silhueta
A presença enigmática do vocalista causou muita curiosidade entre os espectadores. Foto: Sidnei Lopes/ @observadordaimagem

Sepultura está dando adeus aos palcos ao mesmo tempo que celebra seus 40 anos de carreira, assim como o nome de sua turnê, "Celebrating Life Through Death". Fechando a edição de 2025 do festival, a banda teve convidados curiosos para a setlist. Para acompanhar a música "Kaiowas", o cantor Júnior e o criador do Lollapalooza, Perry Farrell, subiram no palco para integrar o ritmo agressivo dessa despedida. Com uma setlist semelhante a do show feito em setembro do ano passado, também dessa turnê de adeus, o grupo não deixou o clima cair mesmo com os problemas técnicos que enfrentaram. O som estava abafado e baixo comparado ao de outros palcos, a banda Bush enfrentou o mesmo problema em sua apresentação. 

A banda encerrou seu legado no festival com um de seus maiores sucessos internacionais, "Roots Bloody Roots", eternizando seu legado e deixando saudades em seus fãs que se mantiveram devotos até o fim.

No palco ao lado, o grande headliner da noite, Justin Timberlake, mostrou que seu status de popstar segue intacto. A apresentação, que não foi transmitida ao vivo pelos canais oficiais do evento, teve performances energéticas, muita dança e vocais entregues sem base pré-gravada.

Justin Timberlake se apresentando no palco principal do festival
Justin Timberlake encerra a terceira noite do festival Lollapalooza 2025. — Foto: Divulgação/Lollapalooza

Com um show marcado por coros emocionados em “Mirrors” e uma enxurrada de hits como, “Cry Me a River”, “SexyBack” e “What Goes Around... Comes Around”, ele reforçou sua presença como um dos grandes nomes da música pop.

Apesar de definitivamente não estar em sua melhor fase — após polêmicas envolvendo sua ex-namorada Britney Spears, que o acusou de um relacionamento abusivo, e uma prisão em 2024 por dirigir embriagado — Timberlake demonstrou um forte engajamento com o público, que saiu eletrizado do show. 

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Espetáculo dá aula sobre valorização da cultura brasileira
por
Júlia Takahashi
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20/05/2024 - 12h

“Um país sem cultura, é um país sem identidade”. Essas foram as palavras da atriz Cláudia Raia no encerramento da peça “Tarsila, a Brasileira”. Em cartaz desde o começo do ano, 25 de janeiro, no Teatro Santander, a apresentação, em forma de musical, descreve a vida da artista a partir da sua chegada de Paris a São Paulo, no encontro com os modernistas Anita Malfatti (Keila Bueno), Mário de Andrade (Dennis Pinheiro), Menotti del Picchia (Ivan Parente) e Oswald de Andrade (Jarbas Homem de Mello), artistas que formariam o famoso Grupo dos Cinco.

A peça enaltece a Semana de Arte Moderna e sua influência na sociedade, além de destacar a valorização da cultura brasileira. Em paralelo, conta o íntimo de Tarsila, o romance com Oswald, a ida do casal à Paris, no qual a artista volta ao seu renomado atelier, frequentado pela nata artística parisiense da época, como Pablo Picasso (Renato Bellini), Igor Stravinsky (Guilherme Terra), Jean Cocteau (Ivan Parente e Marcos Lanza), entre outros.
 

Claudia Raia é Tarsila do Amaral em 'Tarsila, a Brasileira'
Claudia Raia como Tarsila do Amaral — Foto: Paschoal Rodriguez 

 

Cláudia Raia brilha interpretando Tarsila, com o poder da sua voz e presença no palco. Traz a seriedade da artista, ao mesmo tempo, toda ambição e aspiração por mudanças que a artista buscava. Em entrevista para o Fantástico, Cláudia Raia conta como foi interpretar a artista: “Eu sou expansiva, alegre para fora. E ela é ao contrário. Eu tive que fazer um trabalho corporal, tirar a bailarina de mim e dançar como se eu não fosse uma bailarina”.

Tarsila viveu até 1973, com 86 anos, e ao mesmo tempo que, no segundo ato, Raia nos faz sentir a dor da traição, da falência, da solidão e principalmente da perda pela morte de familiares e amigos, também nos mostra que a artista vive até hoje com toda a sua grandeza e influência nas artes plásticas. Ao final da peça, Cláudia Raia faz um discurso emocionante sobre a valorização da cultura brasileira, explica resumidamente a Lei Rouanet, e exalta a identidade do Brasil, pelo teatro, a música, as artes plásticas e outros braços da arte.

Como comprar?

Dia: até 26 de maio (conferir no site todas as datas disponíveis)

Horários: Quintas-feiras, às 20h; Sextas-feiras, às 20h; Sábados, às 16h e 20h; Domingos, às 16h e 20h

Local: Teatro Santander - Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 2041

INGRESSOS Internet (com taxa de conveniência): https://bileto.sympla.com.br/event/88581/d/229772

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Na atual Itália de extrema direita a exposição “Foreigners Everywhere” promove uma visão contracultural sobre o estrangeiro
por
Beatriz Yamamoto
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16/05/2024 - 12h

Bienal de Veneza 2024
Entrada da Bienal de Veneza de 2024/ Foto: Matteo de Mayda/CASACOR

A 60ª edição da Bienal de Veneza, que ocorre de 20 de abril a 24 de novembro, destaca-se por suas exposições que reúnem imigrantes, artistas queers, outsiders, autodidatas e indígenas, caracterizados por sua condição de estrangeiros, o que inspira o título "Foreigners everywhere" ("Estrangeiros em todos lugares", em português). No atual momento, a relevância do tema se estende não apenas para a história da Bienal de Veneza, mas também para a sociedade e a cultura italiana. Como também traz uma enorme relevância para o Brasil, que além de abordar o fenômeno contemporâneo da imigração compulsória, tem pela primeira vez a curadoria de um brasileiro, Adriano Pedrosa.

 

Curadoria de Adriano Pedrosa

“O diferente, nessa edição, é a presença de um curador brasileiro, um intelectual que já atuou como artista, inclusive, experimentando a dimensão mais pragmática e política de um pensar sobre arte, reinterpretar sua história e as relações de poder nela implicadas, e sublinhar o papel do Brasil nesse contexto” comenta Rafael Vogt, artista, professor de pós-graduação na Faculdade Belas Artes, curador e ministrante de cursos de arte livres no MASP, na Pinacoteca e no Instituto Tomie Ohtake. Em entrevista à AGEMT, ele compartilha sua experiência como crítico de arte e destaca a importância do Brasil nessa Bienal.

A 60ª edição da Bienal conta com 332 artistas, provenientes majoritariamente de países periféricos, e que vivem ou viveram em situações marginais em decorrência de sua origem, identidade de gênero ou de problemas migratórios. 

Vogt destaca grandes nomes, inclusive estrangeiros, que atuaram no Brasil ou a partir dele: Lina Bo Bardi, Maria Bonomi, Claudia Andujar, Waldemar Cordeiro, Cícero Dias, o Movimento dos Artistas Huni Kuin, Rubem Valentim, entre muitos outros de um grupo que forma, provavelmente, a maior “representação brasileira” já apresentada na Europa.

Adriano Pedrosa, diretor artístico do Museu de Arte de São Paulo (MASP), assume o papel de curador para o principal evento de arte sediado no epicentro cultural europeu. Sua curadoria destaca artistas estreantes de diversas origens. 

 

60 edição: “Estrangeiros em todos os lugares”

O título da mostra, Foreigners everywhere (Estrangeiros em todos os lugares), tem inspiração na obra de Claire Fontaine, um coletivo de artistas parisienses que utiliza o pseudônimo feminino para “explorar como objetos pré-existentes podem assumir novas identidades artísticas”, segundo o Aventura Mall.

Claire Fontaine, Bienal de Veneza
Obra de Claire Fontaine, Foreigners Everywhere, 2004/ Foto: Archives Mennour.

 

A obra é um conjunto de esculturas em neon de diversas cores e em diferentes idiomas, majoritariamente os de nações do Sul Global e de etnias indígenas, as palavras “Foreigners Everywhere”. 

O coletivo Claire Fontaine tem como inspiração Marcel Duchamp e explora a essência do movimento dadaísta: um objeto produzido em massa, disponível comercialmente e utilitário passa a designar uma identidade de gênero e a expressar um discurso político. 

A obra inspirou Adriano Pedrosa a utilizar o nome de um coletivo italiano de base anarquista, Stranieri Ovunque (Estrangeiros em todos os lugares), transformando-o em uma obra de arte que é, ao mesmo tempo, discursiva e única, mas também universal.

Além disso, em sua apresentação, Adriano Pedrosa menciona que a palavra estrangeiro em italiano, em português, em espanhol e em francês é etimologicamente ligada ao termo “estranho”. O mesmo vale para a palavra queer (do inglês), cuja origem também remete à ideia de “estranho”. Ele comenta que já foi estrangeiro em diversos momentos de sua vida, morando fora e viajando. Pedrosa se identifica como queer e evidencia a inclusão de artistas queers, trans e não binários na exposição.

 

A exposição

Instalada no Pavilhão Central (Giardini) e no Arsenale, a Exposição Internacional é dividida em duas seções: o Núcleo Contemporâneo e o Núcleo Histórico.

A primeira parte, intitulada “Núcleo contemporâneo”, é composta por artistas queers, outsiders, populares e autodidatas que acabam se relacionando por transitar dentro de diferentes sexualidades e gêneros ou operar em círculos e contextos diferentes ou estarem marginalizados no circuito de arte sendo muitas vezes perseguidos e proibidos.

Além disso, conta com forte presença dos indígenas, que como mencionado pelo curador durante sua apresentação, são considerados estrangeiros em sua própria terra. 

Os Estados Unidos, por exemplo, são pela primeira vez representados individualmente por um artista indígena de origem Choctaw-Cherokee, Jeffrey Gibson. A França é representada por Julien Creuzet, um artista negro nativo da colônia martínica, e traz obras de poesia, folclore e esculturas.

O Brasil marca presença neste núcleo com o coletivo Mahku, que representa os artistas indígenas de forma significativa no pavilhão central. O coletivo de arte indígena amazônica conta a história da “kapewë pukeni” (“a ponte do jacaré”) e retrata visões inspiradas em rituais sagrados baseados no consumo de ayahuasca, bebida de efeitos psicoativos.

A segunda parte, intitulada de “Núcleo histórico”, busca reescrever a história do modernismo no mundo, destacando que este movimento não se limita à Europa, e promove uma reflexão crítica sobre as fronteiras globais do modernismo. Essa seção concentra-se principalmente na apresentação de artistas da América Latina, África, Oriente Médio e Ásia que atuaram ao longo do século XX. Suas obras estão inseridas no contexto do modernismo, porém, em grande parte, permanecem desconhecidas no cenário principal da arte moderna e contemporânea. Nomes como Tarsila do Amaral e Frida Kahlo estarão presentes.

O núcleo é composto por três salas distintas: uma é intitulada Portraits, com pinturas, obras em papel e esculturas que exploram a figura humana sobre a crise de auto representação por grande parte da arte do século XX; outra chamada Abstractions,  com 37 artistas, que expressam novas conexões no campo abstrato a arte; e a terceira é dedicada à diáspora artística italiana mundial no século XX. São exibidas obras de 40 artistas italianos da primeira ou segunda geração, exibidos nos cavaletes de vidro de Lina Bo Bardi, cumprindo o duplo papel de homenagem à arquiteta ítalo-brasileira e de assinatura curatorial.

Cavaletes Lina Bobardi
Núcleo Histórico com as obras expostas nos cavaletes de Lina Bo Bardi/ Foto: Marco Zorzanello

 

Arte e Política

A arte nunca é apartada da política. A produção artística reflete o contexto social e cultural, incorporando preocupações políticas, sociais e econômicas. Os artistas usam sua arte para expressar opiniões políticas, desafiar o status quo e promover mudanças sociais, abordando questões como injustiça, desigualdade e direitos humanos. As obras de arte são interpretadas dentro de um contexto político e ideológico, analisadas pelo público e por críticos que buscam significados políticos subjacentes. 

A 60ª edição propõe que o interlocutor alargue o próprio horizonte e problematize a quem recai, de fato, a identidade do estrangeiro. Além disso, levanta questões contemporâneas que dialogam intimamente com a tradição e o legado histórico da Bienal de Veneza.

O crítico Rafael Vogt observa que, embora essa abordagem pareça ampliar o campo da arte para incluir o ativismo, o engajamento pode ser sustentado, ironicamente, por uma mentalidade mais conservadora, centrada ainda na dicotomia tradicional pintura/escultura e em estruturas randomicamente estabelecidas, mais pelo mercado secundário do que por um reflexão sobre as complexidades da cultura contemporânea. 

“A presença dos cavaletes de vidro de Lina Bo Bardi não deixa dúvidas sobre um recuo que coloca o meio mais tradicional e intrinsecamente eurocêntrico e colonial, a pintura, no centro das discussões mais variadas como questões climáticas, causas como a indígena, os movimentos migratórios, questões de gênero e sexualidade. Não que isso ofusque o teor estético da exposição, mas, precede-o, a ideia de que a arte não tem uma função social específica, mas uma relação autônoma com o desenvolvimento histórico de seus meios”, finaliza o professor.

Entre restaurantes e filmes, saiba o que fazer no dia 12 de maio
por
Helena Maluf
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09/05/2024 - 12h

No próximo domingo, dia 12 de maio, o mundo celebra o Dia das Mães, uma data especial para homenagear e reconhecer o amor e dedicação das mães em todo o mundo. A data não é apenas uma oportunidade de presentear com flores, cartões e presentes, mas também uma ocasião para passar tempo de qualidade com aquelas que desempenham um papel fundamental em nossas vidas. 

Para tornar esse dia ainda mais inesquecível, apresentamos algumas sugestões de filmes emocionantes e restaurantes aconchegantes para compartilhar momentos memoráveis com sua mãe.

O restaurante “Merenda da Cidade" é o ambiente perfeito para um almoço descontraído e acolhedor em família. Localizado na República, em São Paulo, ele é conhecido por sua culinária única que combina ingredientes locais frescos com técnicas de cozinha modernas. O cardápio é inspirado na gastronomia regional, mas com um toque de criatividade e inovação. Além da comida deliciosa, o restaurante se destaca pelo ambiente acolhedor e contemporânea. As paredes são decoradas com obras de artistas locais, criando uma atmosfera artística e cultural.

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Ambiente do restaurante “Merenda Da Cidade”. Foto: Instagram @merendadacidade 

Seguindo as raizes brasileiras, a franquia do filme “Minha mãe é uma peça” garante risadas e descontração para toda a família com a história de Dona Hermínia, uma mãe amorosa e engraçada, que busca representar a maioria das mães brasileiras. O filme estão disponível em plataformas de streaming como Netflix e Globoplay.

Se procura um ambiente mais animado, o restaurante “Petro Greek Taverna” localizado em Pinheiros, São Paulo, é vibrante e charmoso, com elementos decorativos e gastronomia que transportam os clientes diretamente para a Grécia. O cardápio apresenta pratos clássicos e deliciosos como moussaka, souvlaki, gyros, saladas frescas com queijo feta e azeitonas, além de uma variedade de frutos do mar preparados de maneira tradicional grega.

grego
Fachada do restaurante “Petros Greek Taverna”. Foto: Instagram @petrosgreektaverna

Coincidindo com a sugestão de restaurante, o filme "Mamma Mia!" que nos conta sobre relações familiares, especialmente a relação entre mãe e filha, se passa na Grécia. O musical é embalado pelas músicas do grupo ABBA, criando uma atmosfera divertida, leve e cheia de energias positivas - perfeito para o Dia das Mães.

Para celebrar o empoderamento feminino, o restaurante "Camélia Odòdò" é perfeito para esse dia. Localizado na Vila Madalena, São Paulo, o restaurante é o primeiro da chef Bela Gil, que comanda o restaurante sozinha. O cardápio segue a filosofia de alimentação saudável e consciente da mesma, e se destaca por sua abordagem inovadora e sustentável, com pratos elaborados a partir de ingredientes frescos, orgânicos e sazonais. Além disso, possui uma decoração que mescla elementos naturais, como madeira e plantas, proporcionando ao ambiente pequeno, uma atmosfera acolhedora e convidativa.

bela
Salão do restaurante "Camélia Odòdò". Foto: Ligia Skowronski/Veja SP.

Explorando ainda mais o empoderamento feminino que essa data especial celebra, o filme "Lingui" é essencial no seu itinerário. A história de uma mãe que luta para ajudar sua filha após descobrir que ela está grávida, dentro das pressões e expectativas sociais que as mulheres pretas enfrentam em sociedades conservadoras. Envolvente e provocativo, levanta questões importantes sobre a autonomia das mulheres, o papel da religião na sociedade e as complexidades das relações familiares.

Para as famílias que gostam de experiências fora do convencional, o restaurante experimental da Dengo, o Cabruca, localizado em Pinheiros, São Paulo, é um local fascinante. O ambiente é cuidadosamente projetado para envolver os clientes em uma jornada imersiva, combinando a arte da chocolateria com técnicas inovadoras de gastronomia. Além dessa experiência, o restaurante também oferece workshops e degustações, permitindo que os clientes conheçam mais sobre a origem e o processo de produção do chocolate Dengo.

dengo
Restaurante “Cabruca” localizado na fábrica da Dengo. Foto: Instagram @cabrucarestaurante                                                              

Ainda para aqueles excêntricos e que gostam de se emocionar, o filme “Lado a lado” é perfeito para esse dia. O enredo conta a história de uma família em que a mãe estão lutando contra um câncer terminal, enquanto a nova namorada do pai, madrasta dos filhos, tenta se aproximar e encontrar seu lugar na família. É relatada uma jornada emocional que mostra o poder do amor e da união familiar diante das adversidades da vida.

 

Neste dia especial, seja qual for a forma escolhida para celebrar, o fundamental é expressar amor, gratidão e reconhecimento pela presença e dedicação o das mães em nossas vidas.

 

 

 

Mostra “Frankenstein: crônicas de uma criatura atormentada” faz panorama das melhores adaptações da trama. Em cartaz no Centro Cultural SP
por
Beatriz Yamamoto
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09/05/2024 - 12h
Pianista Tony Berchmans na Mostra Frankenstein do Centro Cultural de São Paulo/ Foto: Beatriz Yamamoto
Pianista Tony Berchmans na mostra Frankenstein do Centro Cultural de São Paulo/ Foto: Beatriz Yamamoto

 

Na última quinta-feira, 2, os amantes de cinema puderam acompanhar a mostra “Frankenstein: Crônicas de uma Criatura Atormentada” , que ocorre de 1º a 11 de maio no Centro Cultural de São Paulo (CCSP), com uma sessão musicada ao vivo do filme de James Whale, interpretada pelo pianista e compositor Tony Berchmans. O filme não possui uma trilha sonora própria, o que impulsionou o pianista a utilizar sua experiência e técnicas adquiridas ao longo dos anos para criar uma interpretação única para a obra.

A história de "Frankenstein" é uma das mais reconhecidas e influentes da literatura mundial. Criada por Mary Shelley em 1818, ela conta sobre o cientista que cria vida artificialmente e os dilemas éticos e morais resultantes que cativaram gerações de leitores e inspiraram inúmeras adaptações em diferentes mídias ao longo dos séculos.

“Frankenstein" é uma obra que transcende o tempo e o meio. Através de suas narrativas e temas universais, sua relevância perdura à sua capacidade em se adaptar e ser reinterpretada de diferentes maneiras. As adaptações oferecem uma variedade de interpretações sobre os personagens e temas da história, permitindo que novas gerações encontrem diferentes camadas de significado na obra.

Tony Berchmans é compositor, pianista e professor de pós-graduação em trilha sonora com enfoque em  música para o cinema. Ele é reconhecido por suas performances de  Cinepiano – em que reinterpreta a trilha sonora de obras do cinema mudo ao vivo – como é o caso da sessão com o longa atemporal de Whale, proporcionando uma experiência audiovisual singular. O pianista estabelece andamentos, ambientações dramáticas e pontuações cômicas, com técnicas de sincronização e interpretação narrativa contribuindo para contar a história através da música.

Além do Cinepiano, a mostra faz um panorama das melhores adaptações do clássico tema Frankenstein ao longo das décadas, com sessões de releitura do drama futurista em Robocop (1987), a versão cômica de Frankenhooker (1990), e o mais recente premiado Pobre Criaturas (2024), baseado no livro homônimo de Alasdair Grey, que ficará em cartaz no circuito Spcine na sala Paulo Emílio durante o período da exposição.

Não se limita às adaptações do clássico de Shelley. Filmes como Blade Runner, o Caçador de Andróides (1982), Edward Mãos de Tesoura (1991), Ex Machina (2014) e A Pele que habito (2011) podem ser considerados "histórias Frankenstein” e também serão exibidos no evento. 

No último dia da mostra, 11, haverá uma palestra com a professora e pesquisadora Laura Cánepa, que abordará o impacto cultural do livro nas adaptações para o cinema e explorará a evolução das inúmeras releituras do clássico. 

 

Mostra Frankenstein: Crônicas de uma Criatura Adormecida

Quando: de 1º a 11 de maio

Onde: Centro Cultural de São Paulo - Rua Vergueiro, 1000 - Liberdade, São Paulo

Programação: aqui

Ingressos: Entrada gratuita mediante reservas; ingressos para a mostra e a palestra podem ser retirados uma hora antes de cada sessão presencialmente.

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Novo projeto de Dua Lipa é contagiante, revigorante e espontâneo, mas sem tanto brilho quanto seus precedentes
por
Vitor Nhoatto
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07/05/2024 - 12h

 

Depois de dois anos de espera, na última sexta-feira (3), o terceiro álbum de estúdio da cantora inglesa de descendência albanesa, Dua Lipa, chegou. Com onze faixas, estética bem trabalhada e sonoridade respaldada por Kevin Parker, ex-integrante da banda Tame Impala, "Radical Optimism" é como um mergulho musical refrescante, apesar de truncado.

A nova era da cantora prometia fazer jus ao estrondoso sucesso de "Future Nostalgia", seu último álbum, ao passo que prometia trazer novos ares. O último grande trabalho, de 2020, foi responsável por consolidar Dua no cenário internacional da música, a colocando entre as mega estrelas globais do pop em termos de desempenho comercial, crítico e popular.

Lançado em plena pandemia, com inspiração dos anos 90 e 80 e pensado para as pistas de dança, as expectativas desanimadoras diante do lockdown foram amplamente superadas, e a carreira exitosa da cantora continuou. O álbum conquistou vários certificados de platina mundo afora, além do título de música do ano com Levitating, em  2021, pela Billboard. Future Nostalgia é um dos 15 melhores álbuns do século, ainda segundo a revista estadunidense.

Antes dele, o álbum auto-intitulado de Dua, seu primeiro, lançado em 2017, já havia aberto a estrada do sucesso. Duplo vencedor no Grammys de 2019, com seis faixas certificadas de platina, como o primeiro grande hit da artista, "New Rules", e sendo o álbum de uma artista feminina mais escutado da história do Spotify, o sarrafo para o novo projeto era altíssimo.

Nova perspectiva

Iniciada a largada para a vinda de Radical Optimism oficialmente em 9 de novembro do ano passado com "Houdini", após provocações nas redes sociais alguns meses antes, um novo rumo era indicado. O lead single apresentou um som diferente à cantora até então, com elementos do rock e pop psicodélico, além de um videoclipe que estreava o novo visual da cantora, agora ruiva, e letra provocativa e instigante.

 

Em entrevistas a programas de televisão e rádios, Dua contou que o novo projeto era para si uma nova fase como artista e também como pessoa, na qual se sentia mais confiante, preparada e disposta a ousar. Tais ideias explicam a escolha do nome e da capa, que representam a coragem de enfrentar novos mares, a parte do Radical, fazendo isso com serenidade e sabedoria, por isso do Optimism. No entanto, a sonoridade se perde em algumas músicas e não se traduz tão consistente e convincente quanto a estética.

Os trabalhos no álbum começam com a faixa "End Of An Era", marcada por um frescor convidativo. O instrumental é alegre acompanhado por um baixo, e os vocais remetem a um clima tropical descontraído. Tal atmosfera também está presente em "These Walls", menos carregada que a primeira, ao narrar uma relação sem futuro, na qual nenhuma das partes quer terminar por conveniência e medo de se machucar.

Uma temática recorrente na discografia da artista sempre foi o amor, tido por ela como um dos melhores e mais necessários assuntos no mundo. Porém, diferente de algumas estrelas pop, suas letras não são necessariamente autobiográficas, e Dua prefere manter sua vida pessoal mais reservada. Suas composições na maioria das vezes buscam animar e encorajar pessoas, como em "Training Seasons", segundo single lançado em fevereiro, com uma vibe dançante e empoderada e bem produzida por Kevin Parker.

"Whatcha Doing" mantém o alto astral com seu instrumental bem anos 90, mas peca um pouco ao carregar demais a canção com sintetizadores, sufocando o brilho da voz única de Dua. Em seguida a velocidade diminui em "French Exit", termo em inglês que significa sair de uma festa sem se despedir. A letra é bem humorada, há maior uso de instrumentos analógicos e um som que puxa levemente a um estilo mais acústico. Além disso, no pós refrão, ela canta em francês filer à l'anglaise, expressão equivalente ao nome da canção, que significa sair ao jeito inglês. O trocadilho entre os países historicamente rivais busca destacar que toda relação é de duas vias e depende da perspectiva que é vista.

Mergulhando no House e Disco, "Illusion" convida o ouvinte a dançar enquanto dá uma injeção de autoestima. As referências às pistas de dança dos anos 80 ganham frescor na faixa lançada pouco tempo antes do álbum completo, como terceiro, e até então último single. O videoclipe, propriamente gravado em uma piscina olímpica em referência à molhada capa do projeto, é colorido e de ótima direção, feito por Tanu Muiño. 

 

Ainda trazendo elementos de outras culturas, "Maria" se distancia um pouco do pop ao flertar com o flamenco. Se sobressaem instrumentos como a flauta e o violão enquanto Dua canta sobre aprender com relações passadas. Sendo uma das quatro faixas que Kevin Parker não produziu, junto a "These Walls", "Falling Forever" e "Anything For Love", a sonoridade é curiosa e não tão carregada como as demais.

Já "Falling Forever" é uma balada romântica bem Europop, com um refrão que destaca a potência vocal da cantora, trecho que inclusive abre a faixa. A letra é reflexiva e bem trabalhada, abordando a possibilidade e a vontade de que o fogo de uma relação não se apague. Em entrevista ao canal Zach Sang Show, ela conta que a canção retrata a sua relação atual, com o ator britânico Callum Turner.

Após o baque emocional, o ouvinte se depara com uma espécie de interlúdio, "Anything For Love". Tido como uma música como as demais e não uma pausa propriamente, mantendo a cantora fiel ao não uso de interlúdios, a faixa é como uma quebra desnecessária. Com um ritmo que se anima no segundo verso, poderia funcionar se o álbum fosse mais extenso, mas com apenas duas outras músicas após ela, parece um pouco deslocada.

Encerrando o álbum, "Happy For You" tem um ar revigorante e de finalização. A letra traz uma perspectiva de superação e amadurecimento diante de um relacionamento passado no qual ambos seguiram em frente. Dua conta em entrevista ao a Zane Lowe para a Apple Music que a faixa é uma contemplação de como amadureceu e hoje enxerga as coisas com otimismo. Com ambientação de pássaros ao fundo e sons da natureza, o instrumental dominado pela bateria abraça o ouvinte e não esmaga a voz da artista como em algumas outras faixas produzidas por Kevin Parker, e encerra o projeto adequadamente.

Sensação final

Ao fim da jornada, constata-se mais uma continuidade da sonoridade e da carreira da artista do que uma mudança radical, como sugere o título. Com três singles lançados, o projeto é robusto e alegre. "These Walls" e "Happy For You'' destacam as habilidades vocais. Enquanto isso, "French Exit" e "Maria" frisam a originalidade lírica, mantendo a irreverência de Dua Lipa, responsável por seu sucesso. Porém, o álbum não é tão bem trabalhado como deveria e sem tanto fôlego e coerência como em "Whatcha Doing" e "Anything For Love".

Como seus antecessores, espera-se que o "Radical Optimism" ganhe versões estendidas, por conta da pequena duração e por Dua ter revelado em entrevista ao programa Jimmy Kimmel Live que compôs 97 músicas ao todo. Para comparação, o Dua Lipa (Deluxe) conta com 17 faixas e sua reedição de 2018, 25. O Future Nostalgia, por sua vez, possui 13 faixas, enquanto que o relançamento The Moonlight Edition de 2021 possui 19. 

Bem produzido, o projeto não tem tanto brilho quanto o seu primeiro álbum e principalmente quanto o Future Nostalgia, mas é cativante e refrescante. As letras são interessantes e possuem ganchos excelentes como em "Training Seasons" e "Illusion", e a sonoridade, apesar de algumas vezes ser confusa ao decorrer da jornada de 36 minutos, entrega emoção.

O dia de lançamento contou com 20.5 milhões de streams no Spotify, a quinta maior estreia até então entre as artistas femininas neste ano, revelando a força da artista. Porém, somente "These Walls" entrou no top 50 da plataforma no dia, juntando-se aos três singles "Houdini", "Training Seasons" e "Illusion", entregando as pequenas pontas soltas do álbum.

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