Movimento apresenta mais de 1 milhão de assinaturas para a União Europeia
por
Thomas Fernandez
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22/09/2025 - 12h

 

O movimento “Stop Killing Game” criado por Ross Scott, do canal Accursed Farms, apresentou em 2025 mais de 1 milhão de assinaturas à União Europeia para exigir medidas que impeçam a remoção e desligamento de jogos digitais. A preservação é definida como um conjunto de ações voltado a manter a integridade de bens, documentos ou pessoas, tendo museus e centros históricos como instituições dedicadas a essa tarefa. 

No campo do entretenimento, os videogames se destacam como a indústria que mais cresce desde a década de 1950. Apesar do seu impacto econômico e cultural, eles recebem atenção limitada em políticas e práticas de preservação, diferente de outras formas de arte, como cinema, televisão e literatura. 

Devido a inacessibilidade de jogos comprados por consumidores, a proposta do movimento é simples, mas poderosa: proteger os consumidores e preservar os videogames, trazendo as práticas recorrentes de empresas que fecham os servidores ou retiram os jogos do mercado digital, apagando não apenas produtos, mas também capítulos de história cultural dos videogames.

Foto do criador do movimento, Stop Killing Games, Ross Scott
Ross Scott, criador do movimento Stop Killing Games.  Foto: REPRODUÇÃO/YOUTUBE Accursed Farms
 

A iniciativa se transformou em “Stop Destroying Videogames”, utilizando a Iniciativa de Cidadania Europeia, uma ferramenta disponível para cidadãos da União Europeia para levarem questões diretamente ao parlamento europeu. A petição foi registrada em junho do ano passado e começou a coletar assinaturas no dia 31 de julho de 2024. No mesmo dia, Scott, soltou um vídeo com o título "Europeans can save gaming!", que compartilha sobre como o movimento pode levar a criação de lei com um número alto de assinaturas e apoiadores. 

Ele destaca que a criação da lei não era uma certeza, entretanto, apontava que existem fatores, como: o alinhamento com outras políticas para consumidores e indefinições jurídicas nas práticas no meio dos games. Esses pontos reforçam que o sucesso está no futuro do movimento. Depois de alcançar 1 milhão de assinantes e realizar uma vistoria -  para desconsiderar menores de idade, duplicidades e pessoas fora da UE - a petição apresentou 97% de validação das assinaturas.

A preocupação é  quando um jogo é removido das lojas digitais ou tem os serviços online desligados, pois deixa de ser acessível para futuras gerações de gamers. Um dos casos mais conhecidos foi do “Project CARS 3”, lançado em 2020. O produto foi retirado de circulação para venda e fecharam os servidores, tornando-se praticamente inacessível. 

O mesmo ocorre com títulos de grandes estúdios como Ubisoft e EA, sendo uma tendência que preocupa colecionadores, consumidores e fãs. Diferente de filmes, livros e músicas, que possuem mais facilidade para sua preservação, os games dependem de vários fatores: chaves digitais, servidores e licenciamento contínuo para existir. Para isso, a preservação não exige somente de vontade cultural, mas também mudanças legais e regulatórias.

No Brasil, esse debate começou a ganhar relevância em 2024, com a aprovação do Marco Legal da Indústria de Jogos Eletrônicos (Lei nº 14.852/2024). Embora a lei tenha o intuito de incentivar o crescimento do setor no país e atrair investidores, ela também abre espaço para a reflexão sobre o ciclo de vida dos jogos e sua preservação como patrimônio cultural. A luta pela proteção e cuidados dos videogames não é apenas dos jogadores nostálgicos, mas também uma questão cultural e de direito de acesso.

O “Stop Killing Games” mostra que, diante da lógica do mercado, há fãs dispostos a lutar para que os jogos não desapareçam.Se no passado os museus se dedicaram a guardar fósseis, manuscritos e obras de arte, o futuro terá que olhar também para os consoles, cartuchos e CDs. Porque, como lembra o movimento, “ao desligar um jogo, não se mata apenas um software, se apaga uma parte da história”.

 

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Profissionais da área relatam dificuldade de valorização, ausência de políticas públicas e dependência do mercado internacional para manter a carreira
por
Fernanda Dias
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18/09/2025 - 12h

A escultura no Brasil ainda é um campo pouco explorado e com inúmeros desafios, como a falta de políticas públicas, a ausência de incentivo cultural e um universo ainda limitado de pessoas dispostas a investir em arte no país. Para manter a profissão viva, muitos artistas recorrem ao mercado internacional e às redes sociais como alternativa de divulgação.

No cenário brasileiro, a escultura não ocupa o mesmo espaço que outras linguagens artísticas, como a música ou as artes visuais mais populares. O escultor Rick Fernandes, que atua na área desde a década de 1990, observa que a profissão ainda carece de reconhecimento cultural. “O brasileiro não tem a mesma tradição que americanos e europeus em colecionar arte. Muitas vezes, as prioridades econômicas acabam afastando o público”, afirma.

Esse distanciamento é agravado pela falta de políticas voltadas à categoria. Projetos de incentivo que poderiam estimular a prática da escultura em escolas ou em comunidades raramente são aprovados. Fernandes relembra tentativas frustradas em 2015 e 2023 de levar oficinas para jovens da periferia e para pessoas com deficiência. “Os incentivos, em sua maioria, estão voltados para música e grandes eventos. Nichos como a escultura ficam esquecidos”, critica.

   Rick Fernandes produzindo sua peça - foto: https://www.rfstudiofx.com/


                    Rick Fernandes produzindo sua peça - foto: https://www.rfstudiofx.com/

No mercado, outro obstáculo é a dificuldade de concorrer com produtos industrializados ou importados. Segundo Fernandes isso faz que muitos escultores direcionem suas obras ao exterior, onde encontram colecionadores e compradores mais fiéis. O artista calcula que cerca de 80% de suas encomendas vêm de fora do Brasil. Mesmo com a popularização de novas tecnologias, como impressoras 3D, ele destaca que há demanda para trabalhos exclusivos, o que mantém a escultura tradicional relevante.

As redes sociais têm sido fundamentais para reduzir a distância entre artistas e público. Plataformas como o Instagram permitem que escultores apresentem seus portfólios, encontrem clientes e troquem experiências em comunidades digitais. “Muitos dos meus contatos surgiram através da rede. É uma vitrine essencial para quem vive da arte”, ressalta o escultor.

Além do mercado e do incentivo, a valorização da escultura ainda depende de uma mudança de percepção social sobre o trabalho manual e artístico. Para Fernandes, investir na formação desde cedo é o caminho. “Campanhas nas escolas de ensino fundamental poderiam fazer a diferença. As crianças têm fome de aprender coisas novas e a escultura poderia ser mais explorada nesse ambiente”, defende.

Apesar das dificuldades, Fernandes garante que nunca pensou em desistir, movido por “amor e diversão”. Além de manter o estúdio, ele atua como professor. Nem todos tiveram a mesma sorte. A artista Júlia Dias, por exemplo, faz esculturas desde 2006, mas até hoje não tem uma base fixa de clientes, vivendo em meio à instabilidade de demandas que atinge grande parte dos escultores.

O campo da escultura se divide em diferentes níveis de atuação. Enquanto alguns artistas trabalham com peças decorativas ou personalizadas para ocasiões como aniversários e eventos, outros produzem obras direcionadas a colecionadores e galerias. Essa variedade mostra como a atividade é ampla, mas também deixa claro que nem tudo recebe o mesmo valor: trabalhos voltados ao mercado de luxo encontram maior reconhecimento e retorno financeiro, enquanto produções mais populares ainda lutam por espaço e estabilidade.

Outro desafio está ligado ao custo e ao acesso a materiais de qualidade. Fernandes explica que utiliza plastilina para modelagem, moldes de silicone para a finalização e resina de poliestone para as peças finais, com acabamento em aerógrafo e pincel. Segundo ele, os materiais nacionais apresentam bom custo-benefício e já não ficam atrás dos importados. Ainda assim, os gastos para manter a produção podem ser elevados, principalmente para quem não conta com retorno constante do mercado.

Apesar de não existirem editais exclusivos para escultores no Brasil, a categoria pode concorrer em programas de incentivo mais amplos voltados às artes visuais e à cultura. Iniciativas como os editais da Funarte (Fundação Nacional de Artes, do governo federal), o ProAC (Programa de Ação Cultural, mantido pelo governo de São Paulo)  e leis de incentivo fiscal possibilitam que projetos de escultura recebam apoio. No entanto, a concorrência é acirrada e a escultura segue como um nicho pouco contemplado, o que reforça a sensação de invisibilidade entre os artistas da área.

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Último final de semana do evento ficou marcado por performances que misturaram passado, presente e futuro
por
Jessica Castro
Vítor Nhoatto
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16/09/2025 - 12h

A segunda edição do festival The Town se despediu de São Paulo com um resultado positivo e bastante barulho. Durante os dias 12, 13 e 14 de setembro, pisaram nos palcos do Autódromo de Interlagos nomes como Backstreet Boys, Mariah Carey, Ivete Sangalo e Katy Perry.

Realizado a cada dois anos em alternância ao irmão consolidado Rock In Rio, é organizado também pela Rock World, da família do empresário Gabriel Medina. Sua primeira realização foi em 2023, em uma aposta de tornar a cidade da música paulista, e preencher o intervalo de um ano do concorrente Lollapalooza.

Mais uma vez em setembro, grandes nomes do cenário nacional e internacional atraíram 420 mil pessoas durante cinco dias divididos em dois finais de semana. O número é menor que o da estreia, com 500 mil espectadores, mas ainda de acordo com a organizadora do evento, o impacto na cidade aumentou. Foram movimentados R$2,2 bilhões, aumento de 21% segundo estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Após um primeiro final de semana marcado por uma apresentação imponente do rapper Travis Scott no sábado (6), único dia com ingressos esgotados, e um domingo (7) energético com o rock do Green Day, foi a vez do pop invadir a zona sul da capital. 

Os portões seguiram abrindo ao meio dia, tal qual o serviço de transporte expresso do festival. Além disso, as opções variadas de alimentação, com opções vegetarianas e veganas, banheiros bem sinalizados e muitas ativações dos patrocinadores foram pontos positivos. No entanto, a distância entre o palco secundário (The One) e o principal (Skyline), além da inclinação do terreno no último, continuaram provocando críticas.

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Segundo estudo da FGV, 177 mil litros de chope e 106 mil hambúrgueres foram consumidos nos 5 dias de evento - Foto: Live Marketing News / Reprodução

Sexta-feira (12)

Jason Derulo animou o público na noite de sexta com um espetáculo cheio de energia e coreografias impactantes. Em meio a hits como “Talk Dirty”, “Wiggle” e “Want to Want Me”, o cantor mesclou pop e R&B destacando sua potência vocal, além de entregar muito carisma e sensualidade durante a apresentação.

A noite, aquecida por Derulo, ganhou clima nostálgico com os Backstreet Boys, que transformaram o palco em uma viagem ao auge dos anos 90. Ao som de clássicos como “I Want It That Way” e “As Long As You Love Me”, a plateia virou um grande coral emocionado, enquanto as coreografias reforçavam a identidade da boyband. Três décadas depois, o grupo mostrou que ainda sabe comandar multidões com carisma e sintonia.

Com novo visual, Luísa Sonza enfrentou o frio paulista com um figurino ousado e um show cheio de atitude no Palco The One. Além dos próprios sucessos que a consagraram no pop, a cantora surpreendeu ao incluir releituras de clássicos da música brasileira, indo de “Louras Geladas”, do RPM, a uma homenagem emocionante a Rita Lee com “Amor e Sexo”. A mistura de hits atuais, performances coreografadas e referências à MPB agitou a platéia.

E completando a presença de potências nacionais, Pedro Sampaio fez uma apresentação histórica para o público e para si, alegando que gastou milhões para tudo acontecer. A banda Jota Quest acalentou corações nostálgicos, e nomes em ascensão no cenário do funk e rap como Duquesa e Keyblack agitaram a platéia. 

Sábado (13)

No sábado (13), o festival reuniu diferentes gerações da música, com encontros que alternaram festa, emoção e mais nostalgia. Ivete Sangalo levou a energia de um carnaval baiano para o The Town. Colorida, divertida e sempre próxima da multidão, fez do show uma festa ao ar livre, com direito a roda de samba e participação surpresa de ritmistas que incendiaram ainda mais a apresentação. O repertório, que atravessa gerações, transformou a noite em um daqueles encontros em que ninguém consegue ficar parado.

Mais íntimo e afetivo, Lionel Richie trouxe outro clima para a noite fria da cidade da música. Quando sentou ao piano para entoar “Hello”, parecia que o festival inteiro tinha parado para ouvi-lo. A emoção foi tanta que, dois dias depois, o cantor usou as redes sociais para agradecer pelo carinho recebido em São Paulo, declarando que ainda sentia o amor do público brasileiro.

A diva Mariah Carey apostou no glamour e em seu repertório de baladas imortais. A performance, embora marcada por certa distância, encontrou momentos de brilho quando dedicou uma música ao público brasileiro, gesto que foi recebido com emoção. Hits como “Hero” e “We Belong Together” reafirmaram o status da cantora como uma das maiores vozes do pop mundial.

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Vestindo as cores do Brasil, Mariah manteve seu estilo pleno, o que não foi positivo dessa vez - Foto: Ellen Artie

O festival também abriu espaço para outras vozes marcantes. Jessie J emocionou em um show acústico intimista, feito apesar de estar em tratamento contra um câncer de mama — e que acabou sendo o único da cantora na América do Sul após o cancelamento das demais datas na América do Norte e Europa. 

Glória Groove incendiou o público com sua potência performática e visual, enquanto Criolo trouxe poesia afiada e versos de impacto, lembrando a força política do rap. MC Livinho levou o funk a outro patamar e anunciou seu novo projeto de carreira em R&B. Péricles encerrou sua participação em clima caloroso de roda de samba, onde cada espectador parecia parte de um grande encontro entre amigos.

Domingo (14)

Com Joelma, o The Town se transformou em um baile popular de cores, brilhos e danças frenéticas. A cantora revisitou sucessos da época da banda Calypso e apresentou a força de sua carreira solo, mas também abriu espaço para artistas nortistas como Dona Onete, Gaby Amarantos e Zaynara. 

O gesto deu visibilidade a uma cena muitas vezes esquecida nos grandes festivais e reforçou sua identidade como representante da cultura amazônica. Com plateia recheada, a artista mostrou que a demanda é alta.

No início da noite, em um horário um pouco melhor que sua última apresentação no Rock In Rio, Ludmilla mobilizou milhares de pessoas no palco secundário. Atravessando hits de sua carreira como “Favela Chegou”, “É Hoje” e sucessos do Numanice, entregou presença de palco e coreografias sensuais. A carioca também surpreendeu a todos com a aparição da cantora estadunidense Victória Monet para a parceria “Cam Girl”.

Sem atrasos, às 20:30, foi a vez então de Camila Cabello levar ao palco o último show da C,XOXO tour. A performance da cubana foi marcada pelo seu carisma e declarações em português como “eu te amo Brasil” e “tenho uma relação muito especial com o Brasil [...] me sinto meio brasileira”. Hits do início de sua carreira solo animaram, como “Bad Kind Of Butterflies” e “Never Be The Same”, além de quase todas as faixas do seu último álbum de 2024, que dá nome à turnê, como “HE KNOWS” e “I LUV IT”. 

A performance potente e animada, que mesclou reggaeton e eletrônica, ainda contou com o funk “Tubarão Te Amo” e uma versão acapella de “Ai Se Eu Te Pego” de Michel Teló. Seguindo, logo após “Señorita”, parceria com o seu ex-namorado, Shawn Mendes, ela cantou “Bam Bam”, brincando com a plateia que aquela canção era para se livrar das pessoas negativas. Vestindo uma camiseta do Brasil e com uma bandeira, encerrou o show de uma hora e meia com “Havana”.

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Com coreografia, grande estrutura metálica e vocais potentes, Camila entregou um show de diva pop - Foto: Taba Querino / Estadão

Para encerrar o festival, Katy Perry trouxe espetáculo em grande escala, mas não deixou faltar momentos de intimidade. A apresentação iniciada pontualmente às 23h15 teve direito a pirotecnias, muitos efeitos especiais e um discurso emocionante da cantora sobre a importância de trazer sua turnê para a América do Sul. 

Em meio a cenários lúdicos, trocas de figurino e um repertório recheado de hits, Katy Perry chamou o fã André Bitencourt ao palco para cantarem juntos “The One That Got Away”, o que levou o público ao delírio. O show integrou a turnê The Lifetimes World Tour, e deixou a impressão de que a artista fez questão de entregar em São Paulo um dos capítulos mais completos dessa jornada.

No último dia, outros públicos foram contemplados também, com o colombiano J Balvin, dono de hits como “Mi Gente”, e uma atmosfera poderosa com IZA de cleópatra ocupando o palco principal no início da tarde. Dennis DJ agitou com funk no palco The One e, completando a proposta do festival de dar espaço a todos os ritmos e artistas, Belo e a Orquestra Sinfônica Heliópolis marcaram presença no palco Quebrada. 

A cidade da música em solo paulista entregou o que prometia, grandes estruturas e um line up potente, mas ainda segue construindo sua identidade e se aperfeiçoando. A terceira edição já foi inclusive confirmada para 2027 pelo prefeito Ricardo Nunes e a vice-presidente da Rock World, Roberta Medina em coletiva na segunda-feira (15).

Festival reúne multidões, entrega shows históricos e consagra marco na cena musical brasileira
por
Khadijah Calil
Lais Romagnoli
Yasmin Solon
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10/09/2025 - 12h

Com mais de 100 mil pessoas por dia, o The Town estreou no último fim de semana, 6 e 7 de setembro, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo.

Travis Scott encerrou o sábado (6) no palco Skyline com um show eletrizante, enquanto Lauryn Hill emocionava fãs no palco The One ao lado dos filhos YG e Zion Marley. No domingo (7), os destaques ficaram por conta de Green Day e Iggy Pop, além de apresentações de Bad Religion, Capital Inicial e CPM 22.

O festival retoma a programação nos dias 12, 13 e 14 de setembro, com shows de Backstreet Boys, Mariah Carey, Lionel Richie e Katy Perry.

“The Flight”: o balé aéreo que surpreendeu no The Town. Foto: Khadijah Calil
“The Flight”: o balé aéreo que surpreendeu no The Town. Foto: Khadijah Calil 
Fãs aguardam o início dos shows no gramado do Autódromo de Interlagos. Foto: Khadijah Calil
Fãs aguardam o início dos shows no gramado do Autódromo de Interlagos. Foto: Khadijah Calil 
Espalhados pelo Autódromo de Interlagos, brinquedos e atrações visuais oferecem ao público momentos de lazer entre os shows. Foto: Khadijah Calil
Espalhados pelo Autódromo de Interlagos, brinquedos e atrações visuais oferecem ao público momentos de lazer entre os shows. Foto: Khadijah Calil 
Capital Inicial leva o rock nacional ao palco Factory, na abertura do segundo dia. Foto: Khadijah Calil
Palco Factory, que recebeu o Capital Inicial na abertura do segundo dia. Foto: Khadijah Calil 
Palco Skyline iluminado durante o show de encerramento do sábado (6). Foto: Lais Romagnoli
Palco Skyline iluminado durante o show de encerramento do sábado (6). Foto: Lais Romagnoli
Iluminação e cenografia transformam Interlagos durante a primeira edição do festival. Foto: Lais Romagnoli
Iluminação e cenografia transformam Interlagos durante a primeira edição do festival. Foto: Lais Romagnoli
Matuê leva o trap nacional ao palco The One no primeiro dia de festival. Foto: Yasmin Solon
Matuê leva o trap nacional ao palco The One no primeiro dia de festival. Foto: Yasmin Solon
Público lota a Cidade da Música durante o primeiro fim de semana do The Town. Foto: Yasmin Solon
Público lota a Cidade da Música durante o primeiro fim de semana do The Town. Foto: Yasmin Solon

 

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Colombiana ficou conhecida por misturar crítica social, poesia e arte
por
Khadijah Calil
Lais Romagnoli
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09/09/2025 - 12h

 

Da Colômbia para o Edifício Pina Luz, Beatriz González ganha uma homenagem em celebração aos seus mais de 60 anos de carreira. Na Pinacoteca de São Paulo, a exposição Beatriz González: a imagem em trânsito reúne mais de 100 trabalhos da artista, produzidos desde a década de 1960.

Beatriz González
Beatriz González trabalha em sua obra 'Telón de la móvil y cambiante naturaleza', de 1978. Foto: Reprodução.

Reconhecida como uma das maiores personalidades da arte latino-americana, a colombiana se destacou ao transformar peças de mobiliário em pinturas. Com a política e cultura de seu país como inspiração, Beatriz combina crítica social e poesia em suas telas, como em Yolanda nos Altares, onde representa agricultores que lutavam pela devolução de suas terras, roubadas por um grupo paramilitar. 

A artista tem sua primeira mostra individual no Brasil espalhada por sete salas da Pinacoteca. A última vez que suas obras foram expostas no Brasil foi em 1971, na 11ª Bienal de São Paulo.

Logo no início da mostra, o público se depara com um espaço dedicado à reprodução e circulação artística na mídia. Um dos trabalhos mais icônicos da artista, Decoración de interiores, marca presença na sala. Uma cortina estampada com o retrato do então presidente da época (1978-1982), Julio César Turbay, questiona o peso da hierarquia presidencial.

Obra
'A Última Mesa'. Foto: Reprodução

 

Do conflito armado colombiano até suas vivências em comunidades indígenas, González extrai registros da imprensa para suas pinceladas. Entre as obras expostas, Los Suicidas del Sisga toma forma a partir de um caso real sobre um duplo suicídio cometido por um casal, refletindo sobre os códigos que vinculam a imagem à crônica policial e sua reprodução nos meios de comunicação de massa. Mais tarde, Beatriz passa a focar na iconografia política colombiana, como a tomada do Palácio da Justiça.

No catálogo, também estão releituras de clássicos contemporâneos. Entre elas, González dá uma nova cara a Mulheres no jardim, de Claude Monet, em Sea culto, siembre árboles regale más libros.

A série Pictogramas particulares encerra a exposição. Nela, a colombiana lança luz sobre a migração forçada, desastres ambientais e a violência nos territórios rurais. A partir de placas de trânsito, a artista representa hipóteses de crise social.

Em cartaz até 1º de fevereiro de 2026, a mostra conta com curadoria de Pollyana Quintella e Natalia Gutiérrez.

Serviço:

  • Local: edifício Pina Luz
  • Data: de 30 de agosto até 1 de fevereiro de 2026
  • Endereço: Praça da Luz, 2, Bom Retiro, São Paulo — SP
  • Valor: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia-entrada). Gratuito aos sábados
  • Horário de funcionamento: de quarta a segunda, das 10h às 18h
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Mostra recria espaço onde a garota se refugiou ao longo dos seus últimos anos
por
Victor Trovão
Larissa Isabella Araújo
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04/10/2024 - 12h

Em meio a alguns cômodos, uma fogueira de livros, ursos de pelúcia, canetas e seu fiel diário, a exposição “Anne Frank: Deixem-nos ser” expõe de modo imersivo o contexto em que a garota judia viveu. O projeto relembra a história de Anne, considerada como um símbolo de questionamento à liberdade durante o nazismo.

A garota morreu aos 15 anos junto de sua irmã em um campo de concentração e, ao longo dos anos, se tornou uma grande figura do Holocausto pelas anotações documentadas em seu diário, que após a sua morte, foi publicado por seu pai - Otto Frank, o único sobrevivente da família. 

Com o propósito de salvar sua família, Otto construiu um esconderijo nos fundos de uma fábrica na cidade de Amsterdã. O local onde ela viveu escondida ao longo dos seus dois últimos anos de vida é reproduzido dentro da exposição realizada na Unibes Cultural em São Paulo. 

O projeto traz à memória a vida de Anne e de todas as vidas perdidas devido ao genocídio realizado pelos nazistas. Através de materiais enviados pela Anne Frank House Amsterdã, museu biográfico, a exposição é construída e cria uma imersão em um período da vida de garota judia, o espaço em que sobreviveu e as pessoas que faziam parte de sua vida naquele momento. 

De acordo com Priscilla Parodi, fundadora e diretora da Inspirar-te e responsável pela realização da exibição, o objetivo do projeto foi muito além de reproduzir de forma fiel o Anexo Secreto. “Desenvolvemos o eixo curatorial e a narrativa desta exposição com a intenção de criar um manifesto humanista, incorporando arte, o legado de Anne Frank, os direitos humanos, nossas questões universais e o mundo em que vivemos hoje”, explicou em entrevista.  

Para Parodi, a exposição possui um potencial de impacto socioeducativo ao ser fundamentada em temas curriculares e abordar o período da Segunda Guerra Mundial. “E não há melhor maneira de falar com jovens do que através de uma jovem: Anne Frank. A partir dela, diversas possibilidades se abriram, permitindo o aprofundamento em discussões essenciais para nossa sociedade”, comentou. 

A exposição combina vários formatos de obras de arte, de pinturas e esculturas, até documentos e objetos históricos, como fotografias e itens da época, criando um percurso imersivo que apresenta diferentes camadas da realidade aos visitantes. “As obras não estão ali apenas para ilustrar o passado, mas para auxiliar no aprendizado e na reflexão. Elas geram um impacto visual, proporcionando uma experiência sensível e envolvente, ao mesmo tempo que ajudam a entender o contexto histórico e os conceitos apresentados”, compartilhou Priscila. 

O “Diário de Anne Frank” se tornou uma grande obra literária após a publicação por retratar de modo único o que a garota e sua família passaram até o assassinato no campo de concentração. Pensando nisso, a mostra busca representar o potencial crítico ao reforçar o comprometimento com a liberdade e os direitos humanos. 

“Este projeto promove um movimento gerador de mudanças sociais, orientado pela pluralidade e humanidade. Ele propõe uma reflexão profunda sobre os nossos desafios contemporâneos e reforça a importância da liberdade, da igualdade de direitos, da democracia e do respeito às diferenças. Enquanto membros de uma sociedade, somos todos responsáveis pelo meio em que vivemos, jovens ou adultos, e precisamos despertar essas reflexões”, contou Priscilla Parodi.

A exibição é um espaço que se compromete a conectar o passado com o presente e ao diálogo com o futuro. Por meio do projeto que conta um pedaço da vida de Anne Frank, a perspectiva dos visitantes é transformada por um olhar delicado sobre o existir e a brutalidade da perseguição sobre os povos. Anne gritou pelo direito de ser - um grito que vive até hoje e se une a outras lutas pela liberdade. 

 

Serviço:

Abertura ao público: 03/08/2024  

Horário: das 13h30 às 19h, de quarta a domingo

Local: Unibes Cultural (1º e 2º andar) - R. Oscar Freire, 2500 - Sumaré São Paulo, SP 05409-012

Classificação indicativa: Livre

Preço dos ingressos: R$ 15,00 (inteira) R$ 7,50 (meia-entrada)

*Entrada gratuita às sextas-feiras com reserva de ingresso (ingressos liberados às segundas-feiras)

Contatos para agendamento: annefrank@unibescultural.org.br e Whatsapp: 3065-4333

Exposição com recursos de acessibilidade e áudio guia na Plataforma MuseA.

Encerramento: 22 de dezembro de 2024

 

 

Anne 1
Cartazes do período nazista. Foto: Victor Trovão
Anne 2
Livros e baús da época. Foto: Victor Trovão
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Quarto em que os familiares de Anne se refugiavam. Foto: Victor Trovão

 

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Mesa de estudos de Anne.  Foto: Victor Trovão

 

Anne 5
Cozinha da família de Anne. Foto: Victor Trovão

 

Anne 6
Mesa da cozinha repleta de figurinhas e jogos infantis. Foto: Victor Trovão 

 

Anne 7
Escada para o sótão onde a família se escondia. Foto: Victor Trovão
Anne 8
Pedras e tradição judaica sobre o luto. Foto: Victor Trovão
Anne 9
Painel de entrada da exposição. Foto: Victor Trovão

 

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Espetáculo tem estreia marcada para 04 de novembro no Teatro Estúdio, em São Paulo
por
João Victor Tiusso
Lucca Fresqui
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03/10/2024 - 12h

 

 Musical Dom Casmurro/Divulgação
 Musical Dom Casmurro/Divulgação

Um dos maiores clássicos da literatura brasileira, Dom Casmurro, será adaptado para musical, que estreia em 04 de novembro no Teatro Estúdio. O elenco conta com Rodrigo Mercadante interpretando Bentinho, Luci Salutes como Capitu, e Cleomácio Inácio como Escobar. Na produção, as letras e letras e músicas originais são de Guilherme Gila e a direção é de Zé Henrique de Paula. 

Os ritmos e músicas variam do rock ao MPB. A proposta de Gila e Zé Henrique é oferecer uma nova perspectiva à obra de Machado de Assis, centrada nos personagens Bentinho, Capitu e Escobar.

Para trazer a atmosfera de Bentinho como narrador-personagem, o rock and roll dá vida à raiva e rebeldia do protagonista, enquanto a MPB traz um toque emocional e nacional às letras. 

Considerado título fundamental na formação da literatura nacional, “Dom Casmurro” narra a história de vida de Bentinho, um advogado de uma família rica no Rio de Janeiro, que se apaixona por Capitu, uma jovem com quem passou boa parte da infância e adolescência. A história se desenvolve à medida que Bentinho se vê cego de ciúmes quando seu melhor amigo, Escobar, volta para sua vida e passa a se aproximar de Capitu.

O musical passou três anos sendo planejado e foi viabilizado por meio de um financiamento coletivo. A obra dá segmento ao projeto iniciado por Guilherme Gila em 2023, quando estreou “A Igreja do Diabo”, adaptação do conto de nome homônimo, também de Machado de Assis, publicado em 1884, que lhe rendeu um Prêmio Bibi Ferreira e um Prêmio Destaque Imprensa Digital.

A iniciativa segue a tendência de produções da Broadway de adaptarem obras clássicas e inseri-las no mercado musical e no teatro. Apesar disso, produções como essa ainda são raras no Brasil pela falta de incentivo e interesse público. 

Os ingressos antecipados para o musical de “Dom Casmurro” já estão à venda pelo site do projeto do financiamento. As sessões são de segunda e terça-feira à noite, e a temporada tem a promessa de ser “curta”.

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A segunda edição do KOFF (Korean Film Festival) exibirá mais de 60 produções
por
Bárbara More
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02/10/2024 - 12h

Os amantes de cinema coreano já podem marcar no calendário que entre os dias 03 e 09 de outubro São Paulo receberá a segunda edição do KOFF, ou Korean Film Festival (Festival de Cinema Coreano). O evento contará com a exibição de 22 longas-metragens e 40 curtas-metragens como parte de uma Mostra Competitiva e uma Mostra Não-Competitiva em duas salas de cinema no Reserva Cultural, na Avenida Paulista. 

O KOFF passou por Piracicaba entre os dias 15 e 18 de agosto, e agora se prepara para chegar à capital paulista com a programação recheada de produções de todos os gêneros e para todos os gostos. Os ingressos para as sessões são gratuitos e podem ser reservados através do site oficial em um link disponível nas redes sociais do evento.
 

Greta Lee e Teo Yoo em cena do filme "Vidas Passadas"
Cena do filme “Vidas Passadas”. Crédito: Reprodução

Dentre os longas que mais atraem a atenção está “Soulmate”, dirigido por Min Yon-geun. O drama romântico com Kim Da-Mi, Byeon Woo-seok e Jeon So-nee como os protagonistas. “Exhuma”, de Jang Jae-hyun, é outro grande querido; o terror sobrenatural inclui elementos de mistério e do oculto em uma trama com os astros Choi Min-sik, Kim Go-Eun, Yoo Hae-jin e Lee Do-hyun.

Para os fãs de Park Seo-joon, Park Bo-young e Lee Byunghun, será exibido “Sobreviventes - Depois do Terremoto”; o filme de Um Tae-hwa se passa em uma Seul fictícia destruída por um terremoto.

“Vidas Passadas”, de Celine Song que também estará em cartaz, foi indicado a dois prêmios no Oscar 2024, além de ser vencedor de Melhor Diretor e Melhor Filme no Film Independent Spirit Awards.

Dotados de elencos renomados, diretores reconhecidos e aclamação da crítica, outros longas que também se destacam na programação são “Road to Boston”, de Kang Jae-gyu; “Mimang”, de Kim Tae-yan; “Força-Bruta: Sem saída”, de Lee Sang-yong; e “Spring in Seoul, de Kim Sung-su”.

O curta-metragem “Night Fishing” será exibido em todos os dias de festival e é um dos mais aguardados, pois a produção de Moon Byoung-Gon foi vencedora na categoria Melhor Edição no 28° Fantasia International Film Festival. 

KOFF (Korean Film Festival)
Quando:  03 e 09 de outubro
Onde: Reserva Cultural (Avenida Paulista, 900 - Bela Vista - SP) 
Ingressos: Entrada gratuita mediante reserva da sessão.

Confira os ingressos disponíveis aqui.
 

 

 

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Rock in Rio traz Katy Perry no lançamento de seu álbum, “143”, e performances de Cyndi Lauper e Ed Sheeran
por
Eshlyn Cañete
Pedro da Silva Menezes
|
02/10/2024 - 12h

 

Joss Stone se apresenta no Palco Mundo do Rock in Rio
Joss Stone se apresenta no Palco Mundo do Rock in Rio — Foto: Leo Franco/AgNews

Os dois últimos dias de semana do Rock in Rio, 19 e 20 de setembro, contaram com shows marcantes em comemoração aos 40 anos do festival, com Will Smith, ator vencedor do Oscar, Cindy Lauper, cantora de sucesso dos anos 80 e até o lançamento do álbum “143”, de Katy Perry. Durante a quinta e sexta-feira, os fãs puderam assistir performances de gêneros variados, mas quem reinou foi o pop. 

Os shows do dia 19 alcançaram 4,9 pontos de audiência na TV Globo com o pop de Ed Sheeran e Charlie Puth, o samba de Fundo de Quintal e a renomada Joss Stone. A britânica foi a segunda a se apresentar no principal palco do festival, o Palco Mundo, e manteve a tradição de cantar com os pés descalços "Super Duper Love" e "You Had Me".

Entretanto, quem abriu o principal palco da Cidade do Rock foi Jão, no pop nacional. Ao tentar imitar um programa de auditório, o cantor convidou vários fãs para o show na estética de 1940. As músicas “Vou morrer sozinho” e “Imaturo” estavam presentes no setlist. 

Jão no Rock in Rio 2024
Jão no Rock in Rio 2024 — Foto: Reprodução

De volta à Cidade do Rock desde 2019, quando esteve presente no Palco Sunset do festival carioca, Charlie Puth cantou novos hits. Neste ano, o cantor foi promovido a um dos artistas do Palco Mundo e ainda emocionou com um dos maiores sucessos da carreira: ‘’See you again’’, tema do filme Velozes e Furiosos. Além disso, em homenagem ao Rio de Janeiro, o estadunidense tocou ‘’Garota de Ipanema’’ no piano. 

Também no palco Sunset, Will Smith, vencedor da categoria Melhor Ator do Oscar de 2022, se apresentou no Rock in Rio 2024. No entanto, o show de rap foi curto, com exatos 18 minutos. O rapper cantou algumas de suas músicas mais conhecidas,  “Man in Black” e “Work of Art”. Ele também é conhecido por ter feito a música tema de “Um Maluco no Pedaço”, sitcom que protagonizou nos anos 1990.

Will Smith faz participação especial no Rock in Rio
Will Smith faz participação especial no Rock in Rio — Foto: Stephanie Rodrigues/g1

Sem muita surpresa, o headliner da noite, Ed Sheeran, cantou sozinho durante uma hora e 24 minutos. A voz e o violão foram os únicos aliados do artista, que, embalado pelo coro dos fãs, deixou claro que faz tudo ao vivo. Pela quarta vez no Brasil, o britânico se despediu da plateia com a promessa de uma possível turnê solo em 2025. 

Ed Sheeran canta no Rock in Rio 2024
Ed Sheeran canta no Rock in Rio 2024 — Foto: Gustavo Wanderley/g1

O mundo é das mulheres?

Na sexta-feira (20), aconteceu o “Dia Delas”, que recebeu esse nome por contar apenas com atrações femininas. Essa foi a resposta do festival à enxurrada de críticas que a organizadora Rock World recebeu por não escalar nenhuma atração principal feminina para o festival The Town, que ocorreu em São Paulo, no ano passado. Mesmo com a tentativa de reparação, é decepcionante que, com sete dias de festival, apenas um tenha uma artista feminina como headliner no palco mundo. O dia, recheado de estrelas pop, esgotou rapidamente e registrou a melhor audiência da edição na televisão, com 6,7 pontos.

Luedji Luna abriu o Palco Sunset e, com as convidadas Tássia Reis e Xênia França, entregou uma apresentação etérea, perfeita para as boas-vindas do dia. O show contou com uma energia solar que chegou ao seu pico quando Luedji e Xênia cantaram “Lua Soberana”, que estava na boca do povo, já que a canção era a abertura da novela “Renascer”, remake de Bruno Luperi para a Globo.

Luedji Luna e Xênia França no palco sunset do Rock In Rio
Luedji Luna e Xênia França no palco sunset do Rock In Rio. Fonte: Leo Franco/AgNews

No Palco Mundo, Ivete Sangalo transformou a Cidade do Rock em carnaval. A cantora animou o público sem pausa para descanso, com hits do início ao fim. Com músicas desde a época da Banda Eva até seu sucesso recente “Macetando”, todos dançaram e instintivamente sabiam de cor as letras. A performance vocal ao vivo de Ivete é poderosa, e na produção é possível notar as referências que ela buscou na Renaissance Tour, quando assistiu ao show no ano passado. A baiana é nostálgica sem soar datada e se mostra um verdadeiro titã da cultura musical brasileira. Sites como o G1 citam a cantora como a “maior diva pop do Brasil”.

Ivete Sangalo canta no Rock in Rio 2024
Ivete Sangalo canta no Rock in Rio 2024 — Foto: Stephanie Rodrigues/g1

O ícone dos anos 80, Cyndi Lauper, trouxe um show à moda antiga, sustentando a audiência com sua banda e gogó, sem grandes estruturas e efeitos especiais. Ela parecia a escolha perfeita para o “Dia Delas” por ser grande referência para a maioria das artistas femininas que estavam no lineup. O reflexo disso foi sua volta ao palco junto com Katy Perry, que enalteceu o legado de Cyndi. “Time After Time” e “True Colors” emocionaram e mostraram ao público mais jovem o poder das composições de Lauper para além de “Girls Just Wanna Have Fun”, que fechou com chave de ouro o show.

Há alguns anos, Karol G está tentando conquistar os brasileiros, afinal, o poder da população em números de streamings e consumidores de música é o maior da América Latina. Mas o Brasil não pareceu muito interessado, nem mesmo quando entoou “Tudo OK (Remix)”. Poucos cantaram os versos em espanhol adicionados por Karol e Maluma na música e pareciam até mesmo desconhecê-los. Entretanto, a colombiana segurou o palco na coreografia e nos efeitos especiais, em músicas como “GATÚBELA” e “TQG”, em que ela fez chover no palco. Além disso, a pirotecnia sincronizada com as melodias em “TUSA” foi o auge da apresentação. Karol trouxe as participações de Pabllo Vittar, Yseult e Sevdaliza para cantar “Alibi” juntas pela primeira vez, eletrizando todos os presentes.

Karol G segurando a bandeira do Brasil durante show no Rock In Rio
Karol G segurando a bandeira do Brasil durante show no Rock In Rio. Fonte: Felipe Orvi/Divulgação.

A headliner do dia, Katy Perry, foi o ponto alto do festival. A cantora escolheu o Brasil para receber o primeiro show de sua nova era, com o lançamento do álbum “143” no mesmo dia. Apesar das polêmicas e críticas, Katy é uma potência da música pop e mostrou que muitas das críticas feitas online não se traduzem para a vida real. A abertura com “Woman’s World” surpreendentemente foi um shot de energia nos fãs, que cantaram os versos, amplamente criticados pela superficialidade acerca do empoderamento feminino nas redes sociais. 

Katy Perry içada na abertura do show do palco mundo
Katy Perry içada na abertura do show do palco mundo. Fonte: Mauro Pimentel / AFP

Logo no início, a sequência de hits número #1 ilustrou a fala dela no VMA, de que “Não há acidentes que se perduram por décadas”. A roupagem mais eletrônica na produção tornou tudo mais coeso e alinhado com o som do novo álbum. Katy entregou o que  um show de diva pop precisa: palco e cenografia impactantes, múltiplas trocas de figurino, coreografias com breakdowns, segmentos temáticos e surpresas. Portanto, é possível perceber de onde vêm os elogios e críticas ao trabalho de Perry, que, apesar de ser completo, pode parecer superficial em alguns momentos.

No sábado (21), o Dia Brasil foi completamente dedicado à artistas nacionais, e contou com muito sertanejo. O Rock in Rio se encerrou no domingo (22), com outros headliners como Mariah Carey. Celebrando uma edição histórica, o festival completou sua quadragésima edição com ícones como Ney Matogrosso, mas decepcionou em algumas performances, como a de Luisa Sonza e Akon, julgado em portais de notícia brasileiros como o Estadão e o GShow como “as piores apresentações”. 

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A influência da literatura e do romance no Brasil o bate papo entre leitores e autores nacionais são pauta aberta no universo
por
Eduarda Gonçalves Amaral
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02/10/2024 - 12h

bookinfluencers na mesa do estande da Amazon com mediação do Tiago Valente
Mesa sobre os bookinfluencers com mediação do Tiago Valente - Foto: Eduarda Amaral 

 

A 27ª Bienal Internacional do livro encerrou em setembro sua programação no Distrito Anhembi, Zona Norte de São Paulo. O evento promoveu temas sobre “Bookinfluencers: Estratégias de conteúdo para engajar”, “Romances e o poder do “felizes para sempre”, com discussões entre influenciadores e autoras nacionais.

Uma das mesas de destaque do evento foi a “Bookinfluencers: Estratégias de conteúdo para engajar”, no Estande da Amazon Kindle às 11h, mediada pelo influenciador Tiago Valente, reunindo Paulo Ratz, Patrick Torres, Milena Souza (Enevoada) e Rodrigo de Lorenzi. Com humor e troca de experiências, a conversa falou sobre o impacto da influência na formação de leitores mais jovens e das comunidades criadas nas redes sociais. 

Tendo em vista a dinâmica dos conteúdos que geram engajamento na internet, Tiago questiona qual tipo de postagem consegue ultrapassar as bolhas e atingir um público ainda maior. “Eu só viralizo e meu conteúdo só engaja quando eu falo sobre racismo” diz Enevoada, que tem um público majoritariamente negro e indica livros com foco em representatividade não branca. A influenciadora também relata sobre o senso de comunidade da plataforma digital: “É um refúgio”.

Entretanto, ela contrapõe que muitos buscam seu trabalho apenas por ser negra ou por estar falando sobre raça, mas que não consomem criadores de conteúdo que são pretos em obras que não sejam relacionadas ao racismo.

Patrick Torres, que é um autor brasileiro, comenta: “Qualquer menção a raça no meu perfil funciona muito bem em números”, e explica que para ele “o exotismo engaja”, quanto mais o conteúdo for diferente e “exótico”, maior o engajamento.

A influência dos “bookinfluencers” é evidente nas escolhas literárias dos leitores, que demonstram uma crescente afinidade com a literatura nacional, e impulsionam seu reconhecimento. “A minha comunidade foi impactada com a minha indicação da Carla Madeira” (autora do livro “Tudo é Rio”), comenta Rodrigo de Lorenzi, a mesa finaliza ao discutir questões burocráticas e econômicas sobre a vivência com a literatura na internet.

 

“O romance só é romance se ele tem um final feliz?”

Autoras nacionais na mesa sobre romances com a mediadora Milena Souza (Enevoada)
Mesa sobre romance e finais felizes com as autoras e mediadora do evento - Foto: Eduarda Amaral

 

Outro bate papo com Enevoada, dessa vez no papel de mediadora, contou com a presença das autoras, Carina Rissi, Paola Aleksandra, Aione Simões e Vanessa Airallis, em um debate sobre “Romances e o poder do “‘felizes para sempre’”.

Um ponto chave na discussão foi sobre como o gênero é lido e escrito, e como as autoras encaram as críticas e a importância do romance. “Tudo que é associado ao interesse da mulher, escrito por mulheres e consumido majoritariamente por mulheres acaba parecendo como algo fútil, porque aquilo que é associado a mulheres é menor” comenta a autora Aione Simões, que cresceu como produtora de conteúdo defendendo romances. 

“O que é literatura de homem? isso não existe, mas porque temos uma literatura de mulher?” diz ela também, sobre o “subgênero” chick lit, que trata de questões femininas modernas.

A autora de “Amor às causas perdidas”, Paola Aleksandra, destaca que a principal transformação no cenário literário dos romances está sendo impulsionada pelos consumidores, que consomem cada vez mais histórias de amor, incentivadas pelas mídias sociais.

O último tópico abordado pela mesa de romance foi sobre a obrigatoriedade dos finais felizes: “Eu sinto que o final feliz me faz sentir controle sobre algo” diz Aleksandra, sobre ler romances com finais que aquecem corações, “porque é o que nos motivam a ter esperança para o nosso dia a dia”.

A crítica na leitura de romances que apresentam finais idealizados e excessivamente felizes gira em torno da expectativa de alguns leitores. Sobre isso, a autora Carina Rissi menciona que a discordância de seus fãs com relação ao final de uma de suas obras a levou a questionar sobre “o que é um final feliz?”. Quando ela escreve seus livros, nem sempre o final que ela quer é o final que os leitores vão gostar: “um final feliz é aquele que a minha protagonista merece, é o que ela precisa” finaliza Carina, autora de “Perdida”.


 

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