Movimento apresenta mais de 1 milhão de assinaturas para a União Europeia
por
Thomas Fernandez
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22/09/2025 - 12h

 

O movimento “Stop Killing Game” criado por Ross Scott, do canal Accursed Farms, apresentou em 2025 mais de 1 milhão de assinaturas à União Europeia para exigir medidas que impeçam a remoção e desligamento de jogos digitais. A preservação é definida como um conjunto de ações voltado a manter a integridade de bens, documentos ou pessoas, tendo museus e centros históricos como instituições dedicadas a essa tarefa. 

No campo do entretenimento, os videogames se destacam como a indústria que mais cresce desde a década de 1950. Apesar do seu impacto econômico e cultural, eles recebem atenção limitada em políticas e práticas de preservação, diferente de outras formas de arte, como cinema, televisão e literatura. 

Devido a inacessibilidade de jogos comprados por consumidores, a proposta do movimento é simples, mas poderosa: proteger os consumidores e preservar os videogames, trazendo as práticas recorrentes de empresas que fecham os servidores ou retiram os jogos do mercado digital, apagando não apenas produtos, mas também capítulos de história cultural dos videogames.

Foto do criador do movimento, Stop Killing Games, Ross Scott
Ross Scott, criador do movimento Stop Killing Games.  Foto: REPRODUÇÃO/YOUTUBE Accursed Farms
 

A iniciativa se transformou em “Stop Destroying Videogames”, utilizando a Iniciativa de Cidadania Europeia, uma ferramenta disponível para cidadãos da União Europeia para levarem questões diretamente ao parlamento europeu. A petição foi registrada em junho do ano passado e começou a coletar assinaturas no dia 31 de julho de 2024. No mesmo dia, Scott, soltou um vídeo com o título "Europeans can save gaming!", que compartilha sobre como o movimento pode levar a criação de lei com um número alto de assinaturas e apoiadores. 

Ele destaca que a criação da lei não era uma certeza, entretanto, apontava que existem fatores, como: o alinhamento com outras políticas para consumidores e indefinições jurídicas nas práticas no meio dos games. Esses pontos reforçam que o sucesso está no futuro do movimento. Depois de alcançar 1 milhão de assinantes e realizar uma vistoria -  para desconsiderar menores de idade, duplicidades e pessoas fora da UE - a petição apresentou 97% de validação das assinaturas.

A preocupação é  quando um jogo é removido das lojas digitais ou tem os serviços online desligados, pois deixa de ser acessível para futuras gerações de gamers. Um dos casos mais conhecidos foi do “Project CARS 3”, lançado em 2020. O produto foi retirado de circulação para venda e fecharam os servidores, tornando-se praticamente inacessível. 

O mesmo ocorre com títulos de grandes estúdios como Ubisoft e EA, sendo uma tendência que preocupa colecionadores, consumidores e fãs. Diferente de filmes, livros e músicas, que possuem mais facilidade para sua preservação, os games dependem de vários fatores: chaves digitais, servidores e licenciamento contínuo para existir. Para isso, a preservação não exige somente de vontade cultural, mas também mudanças legais e regulatórias.

No Brasil, esse debate começou a ganhar relevância em 2024, com a aprovação do Marco Legal da Indústria de Jogos Eletrônicos (Lei nº 14.852/2024). Embora a lei tenha o intuito de incentivar o crescimento do setor no país e atrair investidores, ela também abre espaço para a reflexão sobre o ciclo de vida dos jogos e sua preservação como patrimônio cultural. A luta pela proteção e cuidados dos videogames não é apenas dos jogadores nostálgicos, mas também uma questão cultural e de direito de acesso.

O “Stop Killing Games” mostra que, diante da lógica do mercado, há fãs dispostos a lutar para que os jogos não desapareçam.Se no passado os museus se dedicaram a guardar fósseis, manuscritos e obras de arte, o futuro terá que olhar também para os consoles, cartuchos e CDs. Porque, como lembra o movimento, “ao desligar um jogo, não se mata apenas um software, se apaga uma parte da história”.

 

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Profissionais da área relatam dificuldade de valorização, ausência de políticas públicas e dependência do mercado internacional para manter a carreira
por
Fernanda Dias
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18/09/2025 - 12h

A escultura no Brasil ainda é um campo pouco explorado e com inúmeros desafios, como a falta de políticas públicas, a ausência de incentivo cultural e um universo ainda limitado de pessoas dispostas a investir em arte no país. Para manter a profissão viva, muitos artistas recorrem ao mercado internacional e às redes sociais como alternativa de divulgação.

No cenário brasileiro, a escultura não ocupa o mesmo espaço que outras linguagens artísticas, como a música ou as artes visuais mais populares. O escultor Rick Fernandes, que atua na área desde a década de 1990, observa que a profissão ainda carece de reconhecimento cultural. “O brasileiro não tem a mesma tradição que americanos e europeus em colecionar arte. Muitas vezes, as prioridades econômicas acabam afastando o público”, afirma.

Esse distanciamento é agravado pela falta de políticas voltadas à categoria. Projetos de incentivo que poderiam estimular a prática da escultura em escolas ou em comunidades raramente são aprovados. Fernandes relembra tentativas frustradas em 2015 e 2023 de levar oficinas para jovens da periferia e para pessoas com deficiência. “Os incentivos, em sua maioria, estão voltados para música e grandes eventos. Nichos como a escultura ficam esquecidos”, critica.

   Rick Fernandes produzindo sua peça - foto: https://www.rfstudiofx.com/


                    Rick Fernandes produzindo sua peça - foto: https://www.rfstudiofx.com/

No mercado, outro obstáculo é a dificuldade de concorrer com produtos industrializados ou importados. Segundo Fernandes isso faz que muitos escultores direcionem suas obras ao exterior, onde encontram colecionadores e compradores mais fiéis. O artista calcula que cerca de 80% de suas encomendas vêm de fora do Brasil. Mesmo com a popularização de novas tecnologias, como impressoras 3D, ele destaca que há demanda para trabalhos exclusivos, o que mantém a escultura tradicional relevante.

As redes sociais têm sido fundamentais para reduzir a distância entre artistas e público. Plataformas como o Instagram permitem que escultores apresentem seus portfólios, encontrem clientes e troquem experiências em comunidades digitais. “Muitos dos meus contatos surgiram através da rede. É uma vitrine essencial para quem vive da arte”, ressalta o escultor.

Além do mercado e do incentivo, a valorização da escultura ainda depende de uma mudança de percepção social sobre o trabalho manual e artístico. Para Fernandes, investir na formação desde cedo é o caminho. “Campanhas nas escolas de ensino fundamental poderiam fazer a diferença. As crianças têm fome de aprender coisas novas e a escultura poderia ser mais explorada nesse ambiente”, defende.

Apesar das dificuldades, Fernandes garante que nunca pensou em desistir, movido por “amor e diversão”. Além de manter o estúdio, ele atua como professor. Nem todos tiveram a mesma sorte. A artista Júlia Dias, por exemplo, faz esculturas desde 2006, mas até hoje não tem uma base fixa de clientes, vivendo em meio à instabilidade de demandas que atinge grande parte dos escultores.

O campo da escultura se divide em diferentes níveis de atuação. Enquanto alguns artistas trabalham com peças decorativas ou personalizadas para ocasiões como aniversários e eventos, outros produzem obras direcionadas a colecionadores e galerias. Essa variedade mostra como a atividade é ampla, mas também deixa claro que nem tudo recebe o mesmo valor: trabalhos voltados ao mercado de luxo encontram maior reconhecimento e retorno financeiro, enquanto produções mais populares ainda lutam por espaço e estabilidade.

Outro desafio está ligado ao custo e ao acesso a materiais de qualidade. Fernandes explica que utiliza plastilina para modelagem, moldes de silicone para a finalização e resina de poliestone para as peças finais, com acabamento em aerógrafo e pincel. Segundo ele, os materiais nacionais apresentam bom custo-benefício e já não ficam atrás dos importados. Ainda assim, os gastos para manter a produção podem ser elevados, principalmente para quem não conta com retorno constante do mercado.

Apesar de não existirem editais exclusivos para escultores no Brasil, a categoria pode concorrer em programas de incentivo mais amplos voltados às artes visuais e à cultura. Iniciativas como os editais da Funarte (Fundação Nacional de Artes, do governo federal), o ProAC (Programa de Ação Cultural, mantido pelo governo de São Paulo)  e leis de incentivo fiscal possibilitam que projetos de escultura recebam apoio. No entanto, a concorrência é acirrada e a escultura segue como um nicho pouco contemplado, o que reforça a sensação de invisibilidade entre os artistas da área.

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Último final de semana do evento ficou marcado por performances que misturaram passado, presente e futuro
por
Jessica Castro
Vítor Nhoatto
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16/09/2025 - 12h

A segunda edição do festival The Town se despediu de São Paulo com um resultado positivo e bastante barulho. Durante os dias 12, 13 e 14 de setembro, pisaram nos palcos do Autódromo de Interlagos nomes como Backstreet Boys, Mariah Carey, Ivete Sangalo e Katy Perry.

Realizado a cada dois anos em alternância ao irmão consolidado Rock In Rio, é organizado também pela Rock World, da família do empresário Gabriel Medina. Sua primeira realização foi em 2023, em uma aposta de tornar a cidade da música paulista, e preencher o intervalo de um ano do concorrente Lollapalooza.

Mais uma vez em setembro, grandes nomes do cenário nacional e internacional atraíram 420 mil pessoas durante cinco dias divididos em dois finais de semana. O número é menor que o da estreia, com 500 mil espectadores, mas ainda de acordo com a organizadora do evento, o impacto na cidade aumentou. Foram movimentados R$2,2 bilhões, aumento de 21% segundo estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Após um primeiro final de semana marcado por uma apresentação imponente do rapper Travis Scott no sábado (6), único dia com ingressos esgotados, e um domingo (7) energético com o rock do Green Day, foi a vez do pop invadir a zona sul da capital. 

Os portões seguiram abrindo ao meio dia, tal qual o serviço de transporte expresso do festival. Além disso, as opções variadas de alimentação, com opções vegetarianas e veganas, banheiros bem sinalizados e muitas ativações dos patrocinadores foram pontos positivos. No entanto, a distância entre o palco secundário (The One) e o principal (Skyline), além da inclinação do terreno no último, continuaram provocando críticas.

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Segundo estudo da FGV, 177 mil litros de chope e 106 mil hambúrgueres foram consumidos nos 5 dias de evento - Foto: Live Marketing News / Reprodução

Sexta-feira (12)

Jason Derulo animou o público na noite de sexta com um espetáculo cheio de energia e coreografias impactantes. Em meio a hits como “Talk Dirty”, “Wiggle” e “Want to Want Me”, o cantor mesclou pop e R&B destacando sua potência vocal, além de entregar muito carisma e sensualidade durante a apresentação.

A noite, aquecida por Derulo, ganhou clima nostálgico com os Backstreet Boys, que transformaram o palco em uma viagem ao auge dos anos 90. Ao som de clássicos como “I Want It That Way” e “As Long As You Love Me”, a plateia virou um grande coral emocionado, enquanto as coreografias reforçavam a identidade da boyband. Três décadas depois, o grupo mostrou que ainda sabe comandar multidões com carisma e sintonia.

Com novo visual, Luísa Sonza enfrentou o frio paulista com um figurino ousado e um show cheio de atitude no Palco The One. Além dos próprios sucessos que a consagraram no pop, a cantora surpreendeu ao incluir releituras de clássicos da música brasileira, indo de “Louras Geladas”, do RPM, a uma homenagem emocionante a Rita Lee com “Amor e Sexo”. A mistura de hits atuais, performances coreografadas e referências à MPB agitou a platéia.

E completando a presença de potências nacionais, Pedro Sampaio fez uma apresentação histórica para o público e para si, alegando que gastou milhões para tudo acontecer. A banda Jota Quest acalentou corações nostálgicos, e nomes em ascensão no cenário do funk e rap como Duquesa e Keyblack agitaram a platéia. 

Sábado (13)

No sábado (13), o festival reuniu diferentes gerações da música, com encontros que alternaram festa, emoção e mais nostalgia. Ivete Sangalo levou a energia de um carnaval baiano para o The Town. Colorida, divertida e sempre próxima da multidão, fez do show uma festa ao ar livre, com direito a roda de samba e participação surpresa de ritmistas que incendiaram ainda mais a apresentação. O repertório, que atravessa gerações, transformou a noite em um daqueles encontros em que ninguém consegue ficar parado.

Mais íntimo e afetivo, Lionel Richie trouxe outro clima para a noite fria da cidade da música. Quando sentou ao piano para entoar “Hello”, parecia que o festival inteiro tinha parado para ouvi-lo. A emoção foi tanta que, dois dias depois, o cantor usou as redes sociais para agradecer pelo carinho recebido em São Paulo, declarando que ainda sentia o amor do público brasileiro.

A diva Mariah Carey apostou no glamour e em seu repertório de baladas imortais. A performance, embora marcada por certa distância, encontrou momentos de brilho quando dedicou uma música ao público brasileiro, gesto que foi recebido com emoção. Hits como “Hero” e “We Belong Together” reafirmaram o status da cantora como uma das maiores vozes do pop mundial.

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Vestindo as cores do Brasil, Mariah manteve seu estilo pleno, o que não foi positivo dessa vez - Foto: Ellen Artie

O festival também abriu espaço para outras vozes marcantes. Jessie J emocionou em um show acústico intimista, feito apesar de estar em tratamento contra um câncer de mama — e que acabou sendo o único da cantora na América do Sul após o cancelamento das demais datas na América do Norte e Europa. 

Glória Groove incendiou o público com sua potência performática e visual, enquanto Criolo trouxe poesia afiada e versos de impacto, lembrando a força política do rap. MC Livinho levou o funk a outro patamar e anunciou seu novo projeto de carreira em R&B. Péricles encerrou sua participação em clima caloroso de roda de samba, onde cada espectador parecia parte de um grande encontro entre amigos.

Domingo (14)

Com Joelma, o The Town se transformou em um baile popular de cores, brilhos e danças frenéticas. A cantora revisitou sucessos da época da banda Calypso e apresentou a força de sua carreira solo, mas também abriu espaço para artistas nortistas como Dona Onete, Gaby Amarantos e Zaynara. 

O gesto deu visibilidade a uma cena muitas vezes esquecida nos grandes festivais e reforçou sua identidade como representante da cultura amazônica. Com plateia recheada, a artista mostrou que a demanda é alta.

No início da noite, em um horário um pouco melhor que sua última apresentação no Rock In Rio, Ludmilla mobilizou milhares de pessoas no palco secundário. Atravessando hits de sua carreira como “Favela Chegou”, “É Hoje” e sucessos do Numanice, entregou presença de palco e coreografias sensuais. A carioca também surpreendeu a todos com a aparição da cantora estadunidense Victória Monet para a parceria “Cam Girl”.

Sem atrasos, às 20:30, foi a vez então de Camila Cabello levar ao palco o último show da C,XOXO tour. A performance da cubana foi marcada pelo seu carisma e declarações em português como “eu te amo Brasil” e “tenho uma relação muito especial com o Brasil [...] me sinto meio brasileira”. Hits do início de sua carreira solo animaram, como “Bad Kind Of Butterflies” e “Never Be The Same”, além de quase todas as faixas do seu último álbum de 2024, que dá nome à turnê, como “HE KNOWS” e “I LUV IT”. 

A performance potente e animada, que mesclou reggaeton e eletrônica, ainda contou com o funk “Tubarão Te Amo” e uma versão acapella de “Ai Se Eu Te Pego” de Michel Teló. Seguindo, logo após “Señorita”, parceria com o seu ex-namorado, Shawn Mendes, ela cantou “Bam Bam”, brincando com a plateia que aquela canção era para se livrar das pessoas negativas. Vestindo uma camiseta do Brasil e com uma bandeira, encerrou o show de uma hora e meia com “Havana”.

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Com coreografia, grande estrutura metálica e vocais potentes, Camila entregou um show de diva pop - Foto: Taba Querino / Estadão

Para encerrar o festival, Katy Perry trouxe espetáculo em grande escala, mas não deixou faltar momentos de intimidade. A apresentação iniciada pontualmente às 23h15 teve direito a pirotecnias, muitos efeitos especiais e um discurso emocionante da cantora sobre a importância de trazer sua turnê para a América do Sul. 

Em meio a cenários lúdicos, trocas de figurino e um repertório recheado de hits, Katy Perry chamou o fã André Bitencourt ao palco para cantarem juntos “The One That Got Away”, o que levou o público ao delírio. O show integrou a turnê The Lifetimes World Tour, e deixou a impressão de que a artista fez questão de entregar em São Paulo um dos capítulos mais completos dessa jornada.

No último dia, outros públicos foram contemplados também, com o colombiano J Balvin, dono de hits como “Mi Gente”, e uma atmosfera poderosa com IZA de cleópatra ocupando o palco principal no início da tarde. Dennis DJ agitou com funk no palco The One e, completando a proposta do festival de dar espaço a todos os ritmos e artistas, Belo e a Orquestra Sinfônica Heliópolis marcaram presença no palco Quebrada. 

A cidade da música em solo paulista entregou o que prometia, grandes estruturas e um line up potente, mas ainda segue construindo sua identidade e se aperfeiçoando. A terceira edição já foi inclusive confirmada para 2027 pelo prefeito Ricardo Nunes e a vice-presidente da Rock World, Roberta Medina em coletiva na segunda-feira (15).

Festival reúne multidões, entrega shows históricos e consagra marco na cena musical brasileira
por
Khadijah Calil
Lais Romagnoli
Yasmin Solon
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10/09/2025 - 12h

Com mais de 100 mil pessoas por dia, o The Town estreou no último fim de semana, 6 e 7 de setembro, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo.

Travis Scott encerrou o sábado (6) no palco Skyline com um show eletrizante, enquanto Lauryn Hill emocionava fãs no palco The One ao lado dos filhos YG e Zion Marley. No domingo (7), os destaques ficaram por conta de Green Day e Iggy Pop, além de apresentações de Bad Religion, Capital Inicial e CPM 22.

O festival retoma a programação nos dias 12, 13 e 14 de setembro, com shows de Backstreet Boys, Mariah Carey, Lionel Richie e Katy Perry.

“The Flight”: o balé aéreo que surpreendeu no The Town. Foto: Khadijah Calil
“The Flight”: o balé aéreo que surpreendeu no The Town. Foto: Khadijah Calil 
Fãs aguardam o início dos shows no gramado do Autódromo de Interlagos. Foto: Khadijah Calil
Fãs aguardam o início dos shows no gramado do Autódromo de Interlagos. Foto: Khadijah Calil 
Espalhados pelo Autódromo de Interlagos, brinquedos e atrações visuais oferecem ao público momentos de lazer entre os shows. Foto: Khadijah Calil
Espalhados pelo Autódromo de Interlagos, brinquedos e atrações visuais oferecem ao público momentos de lazer entre os shows. Foto: Khadijah Calil 
Capital Inicial leva o rock nacional ao palco Factory, na abertura do segundo dia. Foto: Khadijah Calil
Palco Factory, que recebeu o Capital Inicial na abertura do segundo dia. Foto: Khadijah Calil 
Palco Skyline iluminado durante o show de encerramento do sábado (6). Foto: Lais Romagnoli
Palco Skyline iluminado durante o show de encerramento do sábado (6). Foto: Lais Romagnoli
Iluminação e cenografia transformam Interlagos durante a primeira edição do festival. Foto: Lais Romagnoli
Iluminação e cenografia transformam Interlagos durante a primeira edição do festival. Foto: Lais Romagnoli
Matuê leva o trap nacional ao palco The One no primeiro dia de festival. Foto: Yasmin Solon
Matuê leva o trap nacional ao palco The One no primeiro dia de festival. Foto: Yasmin Solon
Público lota a Cidade da Música durante o primeiro fim de semana do The Town. Foto: Yasmin Solon
Público lota a Cidade da Música durante o primeiro fim de semana do The Town. Foto: Yasmin Solon

 

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Colombiana ficou conhecida por misturar crítica social, poesia e arte
por
Khadijah Calil
Lais Romagnoli
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09/09/2025 - 12h

 

Da Colômbia para o Edifício Pina Luz, Beatriz González ganha uma homenagem em celebração aos seus mais de 60 anos de carreira. Na Pinacoteca de São Paulo, a exposição Beatriz González: a imagem em trânsito reúne mais de 100 trabalhos da artista, produzidos desde a década de 1960.

Beatriz González
Beatriz González trabalha em sua obra 'Telón de la móvil y cambiante naturaleza', de 1978. Foto: Reprodução.

Reconhecida como uma das maiores personalidades da arte latino-americana, a colombiana se destacou ao transformar peças de mobiliário em pinturas. Com a política e cultura de seu país como inspiração, Beatriz combina crítica social e poesia em suas telas, como em Yolanda nos Altares, onde representa agricultores que lutavam pela devolução de suas terras, roubadas por um grupo paramilitar. 

A artista tem sua primeira mostra individual no Brasil espalhada por sete salas da Pinacoteca. A última vez que suas obras foram expostas no Brasil foi em 1971, na 11ª Bienal de São Paulo.

Logo no início da mostra, o público se depara com um espaço dedicado à reprodução e circulação artística na mídia. Um dos trabalhos mais icônicos da artista, Decoración de interiores, marca presença na sala. Uma cortina estampada com o retrato do então presidente da época (1978-1982), Julio César Turbay, questiona o peso da hierarquia presidencial.

Obra
'A Última Mesa'. Foto: Reprodução

 

Do conflito armado colombiano até suas vivências em comunidades indígenas, González extrai registros da imprensa para suas pinceladas. Entre as obras expostas, Los Suicidas del Sisga toma forma a partir de um caso real sobre um duplo suicídio cometido por um casal, refletindo sobre os códigos que vinculam a imagem à crônica policial e sua reprodução nos meios de comunicação de massa. Mais tarde, Beatriz passa a focar na iconografia política colombiana, como a tomada do Palácio da Justiça.

No catálogo, também estão releituras de clássicos contemporâneos. Entre elas, González dá uma nova cara a Mulheres no jardim, de Claude Monet, em Sea culto, siembre árboles regale más libros.

A série Pictogramas particulares encerra a exposição. Nela, a colombiana lança luz sobre a migração forçada, desastres ambientais e a violência nos territórios rurais. A partir de placas de trânsito, a artista representa hipóteses de crise social.

Em cartaz até 1º de fevereiro de 2026, a mostra conta com curadoria de Pollyana Quintella e Natalia Gutiérrez.

Serviço:

  • Local: edifício Pina Luz
  • Data: de 30 de agosto até 1 de fevereiro de 2026
  • Endereço: Praça da Luz, 2, Bom Retiro, São Paulo — SP
  • Valor: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia-entrada). Gratuito aos sábados
  • Horário de funcionamento: de quarta a segunda, das 10h às 18h
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Com a proximidade de dezembro, os filmes natalinos ganham cor em formatos variados, de animação até ação
por
Gisele Cardoso dos Santos
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28/11/2024 - 12h

A aproximação do fim do ano trouxe os lançamentos natalinos para os cinemas e para o canal de streaming Netflix. Entre os gêneros é possível encontrar comédia romântica, ação e fantasia. O elenco também é variado nas produções de fim de ano, com: Lindsay Lohan, Ian Harding, Dwayne Jonhson e Chris Evans.

Um amor feito de neve

O filme conta a história de uma jovem viúva que enfrenta o luto pela morte de seu marido. Com a ajuda da magia do Natal, Kathy reencontra a felicidade quando seu boneco de neve cria vida e se torna um grande companheiro. Porém, com o passar do inverno, seu amor pode desaparecer junto com a neve. O filme está disponível na Netflix, tendo sido lançado em 13 de novembro.

Um amor feito de neve foi lançado em 13 de novembro. Foto: Divulgação/Netflix
Um amor feito de neve foi lançado em 13 de novembro. Foto: Divulgação/Netflix

 

Aquele Natal

“Aquele Natal” é um filme de animação para a família. A história narra o natal mais complicado do Papai Noel, quando uma nevasca quase arruinou as comemorações de fim de ano das famílias de Wellington. Porém, em busca de um milagre de Natal, os cidadãos se lembram do que é mais precioso na data. Pode ser assistido pela Netflix a partir de 04 de dezembro.

Aquele Natal será lançado em 04 de dezembro. Foto: Divulgação/Netflix
Aquele Natal será lançado em 04 de dezembro. Foto: Divulgação/Netflix

Sintonia de Natal

Lançado em 07 de novembro pela Netflix, “Sintonia de Natal” traz um triângulo amoroso entre Leyla, James e Teddy.

Ela conhece James no ano anterior em um aeroporto, em um encontro proporcionado por voos atrasados na noite de Natal. Apaixonados, eles combinam de se encontrar no especial de Natal de um grupo musical no ano seguinte, mas os ingressos acabaram  esgotando. Em busca de encontrar seu amado, ela consegue ajuda de Teddy, um assistente pessoal que vai abalar a sua certeza sobre quem é o par perfeito.

Sintonia do Natal foi lançado em 07 de novembro. Foto: Divulgação/Netflix
Sintonia do Natal foi lançado em 07 de novembro. Foto: Divulgação/Netflix

Nosso segredinho

Ao conhecer a família do novo namorado na noite de Natal, Avery, interpretada por Lindsay Lohan, descobre que seu ex, é o atual namorado de sua cunhada Katie. Juntos, eles concordam em não contar sobre essa saia justa e lutam para guardar esse segredo. O filme foi lançado em 27 de novembro, na Netflix.

Nosso segredinho será lançado em 27 de novembro. Foto: Divulgação/Netflix
Nosso segredinho será lançado em 27 de novembro. Foto: Divulgação/Netflix

No Ritmo do Natal

A comédia romântica conta sobre uma ex-bailarina que retorna para a cidade da sua família ao descobrir que o estabelecimento de seus pais está prestes a fechar as portas. Para impedir que isso aconteça, ela monta uma apresentação com garçons bailarinos e aposta todas as suas fichas na noite de natal. Está disponível desde 20 de novembro também na Netflix.

No Ritmo do Natal foi lançado em 20 de novembro. Foto: Divulgação/Netflix
No Ritmo do Natal foi lançado em 20 de novembro. Foto: Divulgação/Netflix

Operação Natal

Saindo da sala de estar e entrando nas salas de cinema, a produção “Operação Natal” foge do tradicional e apresenta uma história natalina de aventura. Nessa história, o papai noel é “Das Neves”, um senhor forte e descolado. Porém, ele é raptado e cabe ao caçador de elite, Jack O’Malley (Chris Evans) e Callum Drift (Dwayne Johnson) trazê-lo de volta.

Operação Natal foi lançado em 7 de novembro. Foto: Divulgação/Warner Bros Pictures
Operação Natal foi lançado em 7 de novembro. Foto: Divulgação/Warner Bros Pictures
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Aos 18 anos, mineira fecha contrato vitalício com uma das mais importantes casas de ópera do mundo
por
Gisele Cardoso dos Santos
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28/11/2024 - 12h

A jovem Luciana se tornou a primeira brasileira da história a entrar na Ópera de Paris. Seu contrato garante o vínculo até os seus 42 anos, considerada a idade média de aposentadoria para bailarinas na França.

 

Com sua trajetória no ballet iniciada aos 3 anos, a jovem passou pela Petite Danse no Rio de Janeiro, onde se destacou e chamou a atenção tanto das professoras quanto dos internautas. Depois de muitos prêmios e festivais nacionais, Luciana se apresentou em Nova York para a YAPG 2018 e ficou entre as 12 melhores do mundo. Já em 2021, foi uma das 70 bailarinas que representaram o Brasil no Prixx de Lausanne, uma das maiores competições mundiais do ballet clássico, presidida na Suíça.

Luciana se mudou para o Rio de Janeiro aos 9 anos. Foto: Reprodução/Instagram Luciana Sagioro
Luciana se mudou para o Rio de Janeiro aos 9 anos. Foto: Reprodução/Instagram Luciana Sagioro

Com sua participação, a bailarina conseguiu o terceiro lugar no geral e o primeiro lugar como melhor performance artística, categoria que era decidida por voto público. A mineira, com apenas 15 anos, já saiu da competição com sua bolsa garantida na Escola de Dança da Ópera de Paris, na qual agora foi contratada.

 

A Ópera Nacional de Paris, foi fundada em 1669 e realiza suas apresentações de ballet no teatro Palais Garnier. A ópera é reconhecida mundialmente por seus espetáculos como: Paquita, Swan Lake, Don Quixote, La Bayadère, La Source e Giselle.

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Talitha Barros, chef do Conceição Discos, não apenas cozinha; ela transforma a comida em uma declaração resistência
por
Laura Paro
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27/11/2024 - 12h

 

Tudo é político quando você é uma mulher. Essa é a frase em um dos quadros expostos na parede roxa do restaurante Conceição Discos, localizado no bairro de Santa Cecília da capital paulista. Um fogão poderoso cercado por um balcão chama a atenção, por exalar o cheiro de comida brasileira vindo dali; a cozinheira, que usa um turbante, cozinha enquanto conversa com as pessoas que sentam à sua frente. Entre uma prosa e outra com os seus clientes, que são recebidos sempre com cumprimentos calorosos, ela prepara o prato do dia a ser servido no restaurante. E o cheiro… O cheiro exala a sua paixão por cozinhar, que pode ser sentida já ao entrar no local. É um lugar de cozinha afetuosa.

Talitha Barros é a dona e chef do restaurante Conceição Discos, localizado em Santa Cecília. Foto: Laura Paro/Arquivo pessoal.
Talitha Barros é a dona e chef do restaurante Conceição Discos, localizado em Santa Cecília.
Foto: Laura Paro/Arquivo pessoal.

Talitha Barros é nascida na periferia da zona sul de São Paulo, neta de indígena e a chef que usa turbante por trás das quatro bocas do fogão, utilizado para preparar a comida do restaurante paulistano. A especialidade da casa é servir arroz em diferentes pratos: um ingrediente que parece simples, mas que se torna único a cada combinação – abóbora, costelinha, camarão, baião de dois… E por aí vai. Tudo isso, com a opção de complementar com um ovo frito, que também parece simples, mas é o que há de especial no restaurante.

O cheiro de comida boa e caseira ecoa pelo ambiente e antes mesmo de entrar no restaurante, já é possível ouvir os belos vocais de Nina Simone – uma das artistas escolhidas para compor a trilha sonora do Conceição Discos que, como o nome entrega, também vem da paixão pela música. O local dispõe, além da culinária brasileira, de uma bancada de discos de vinil à venda e de uma vitrola que toca durante o dia. A escolha da trilha sonora que traz resistência cultural, o ambiente caloroso e o cheiro de comida brasileira já dizem muito sobre o restaurante, e também sobre a chef.

Com o sonho de ser antropóloga para cuidar das heranças culturais dos povos nativos, Talitha Barros se encontrou na gastronomia – seguindo com o mesmo sonho, mas dessa vez, envolvendo a arte de cozinhar. Ela diz que sua paixão pela comida brasileira vem nos pequenos detalhes e na valorização de ingredientes que parecem básicos demais, mas que são versáteis: no Conceição Discos, por exemplo, um simples ovo frito é capaz de transformar a finalização de qualquer prato do cardápio.

Foi essa vontade de expressar sua própria identidade que a levou a criar um espaço onde a comida não é apenas uma receita, mas uma forma de contar um pouco de sua história. Ela começou como ajudante de sushiman e depois passou por restaurantes italianos e franceses, mas a vontade de ter algo com a sua própria identidade era maior. Decidiu abrir um restaurante que também contasse um pouco da sua história e de onde veio, e por isso a escolha da comida brasileira: rica em sabores, mesmo com poucos ingredientes; música boa e feita por artistas importantes da indústria musical, a maioria com um histórico de luta e resistência (como Nina Simone, que foi ativista pelos direitos de pessoas pretas nos Estados Unidos); e, ainda, um local formado totalmente por mulheres, desde a cozinha até as atendentes.

Ao sentar no balcão, é possível observar o modo de preparo da chef e todos os utensílios de cozinha que ela utiliza. Foto: Laura Paro/Arquivo pessoal.
Ao sentar no balcão, é possível observar o modo de preparo da chef e todos os utensílios de cozinha que ela utiliza.
Foto: Laura Paro/Arquivo pessoal.

Ao sentar no balcão de frente para ela, os frequentadores assíduos costumam pedir um refrescante de hibisco para começar a jornada gastronômica no restaurante. O prato do dia? Arroz de carne assada. A chef, enquanto prepara a comida a ser servida, de frente para o fogão, ela compartilha um sorriso com um cliente; com outros que já conhece, compartilha histórias, ou até mesmo conta sobre a sua última viagem.

Após alguns minutos, a comida chega na mesa e todo o cheiro aconchegante espalhado pelo ambiente alcança o paladar. A reação dos clientes é sempre única e grande parte, até comem de olhos fechados. É como se estivessem se alimentando de uma história, como se a boa prosa com a cozinheira se transformasse em uma comida afetuosa, que acolhe. O arroz, que parece tão simples, ganha outra dimensão quando, enquanto é preparado, é acompanhado de boas conversas, regadas de histórias. Os pratos não são apenas comida; são uma continuidade de algo maior, que começa nas mãos de Talitha, que, ao colocar a comida na mesa, também coloca um pouco de si mesma.

Aqui, não se trata apenas de alimentar corpos, mas de nutrir a alma. E a alma, para Talitha, tem um gosto muito particular, um gosto que é, ao mesmo tempo, doce e amargo, forte e delicado. Esse é o gosto da resistência, também presente na história da chef: uma mulher periférica, que carrega um legado especial por parte dos seus avós e que ama a culinária de onde veio – a brasileira.

Porque tudo é político quando você é mulher. E, nesse espaço, o político está também em cada ingrediente escolhido por Talitha para colocar no prato e em cada história que ela traz para o balcão. O simples ato de cozinhar, para ela, não se limita a um gesto de sustento. Cozinhar, para ela, é a representação de um espaço de afirmação e empoderamento.

O quadro "Tudo é político quando você é uma mulher" é exposto em uma prateleira na parede do restaurante.
O quadro "Tudo é político quando você é uma mulher" é exposto em uma prateleira na parede do restaurante.
Foto: Laura Paro/Arquivo pessoal.

Como mulher, Talitha sabe que cada prato que sai da sua cozinha é também um manifesto. É uma resposta às desigualdades, um posicionamento sobre o valor da comida simples, mas sofisticada na sua raiz. A valorização do arroz e do ovo, ingredientes essenciais que muitas vezes são vistos como “básicos”, é a celebração de uma gastronomia que carrega uma identidade própria; para ela, cada grão de arroz é como um pedaço da história do Brasil, um pedaço de um país que está sempre tentando ser redefinido, mas que, através da comida, encontra uma maneira de se afirmar.

E quando ela coloca esse arroz no prato, acompanhado de uma costelinha de porco suculenta, ou de um bacalhau, ela nos ensina que a comida pode ser muito mais do que um simples ato de sustento. A comida é história, é luta e também é poesia. E isso é trazido por ela no dia a dia dentro da cozinha, na interação com os clientes e na visível paixão que tem por cozinhar.

Cada prato que sai do fogão de quatro bocas do Conceição Discos é uma maneira de afirmar sua identidade, de afirmar sua luta enquanto chef e principalmente, como mulher. Porque no fundo, o que Talitha oferece não é apenas o sabor inconfundível de um arroz bem feito, mas uma história de resistência e de afirmação. Uma história que é, antes de tudo, política, pois enquanto mulher, sua presença ali, seu espaço conquistado na culinária paulistana, não é só uma escolha de carreira. Mas um verdadeiro ato político.

Ao entrar no Conceição Discos, entra-se não apenas em um restaurante. Mas sim em um espaço onde a comida é política, onde o gosto é resistência, onde a música é história, e onde, acima de tudo, o acolhimento é feito de afeto – o tipo de afeto que transforma, que cura e que, em cada prato, conta a história de uma mulher que escolheu fazer da sua cozinha um lugar de potência.

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“Se não tiver diversão, a gente nem toca”, diz o vocalista da banda de Classic Rock, Outshine
por
Vitória Nunes de Jesus
|
25/11/2024 - 12h

A vida noturna de São Paulo é conhecida por sua variedade, abrangendo desde baladas sofisticadas até bares de rock, com opções para todos os gostos e estilos. A Rua Augusta é considerada um dos polos mais ecléticos da cidade, oferece bares, casas noturnas, botecos e locais para música ao vivo. São tantas opções que muitas vezes os paulistas não sabem nem aonde ir.

Para os rockeiros, um bairro interessante é Pinheiros, existem desde bares grandes com bandas e suas performances, vestimentas que imitam artistas até pubs menores que também contam com shows de bandas covers.

As bandas são o que “anima o rolê” e fazem você e seu grupo de amigos perceberem se fizeram a escolha certa do lugar. Quanto mais música, melhor.

Para saber mais sobre o universo das bandas cover, André, o vocalista da banda Outshine, conta um pouco sobre algumas histórias que ele e seus parceiros de palco já passaram. “Somos quatro amigos: André Rima (vocalista), Alex Resende (guitarrista), Fábio Lourenço (contrabaixo) e Cristopher Ribeiro (baterista). Estamos juntos desde 2016. Na adolescência, cada um tinha sua banda, a gente se reuniu para essa banda no final de 2016 com o final da banda de cada um e coincidiu de cada integrante tocar um instrumento e formar a Outshine.”

André diz que a banda procura se manter atualizada nas músicas atuais para montar os repertórios dos shows, mas também não os seguem à risca, vão observando o que o público vai gostando mais. “A gente fica ligado na atualidade, o que tem agradado ao pessoal e também na temperatura do show. Se um ritmo vai agradando, a gente vai puxando para aquele lado. Tudo depende muito do público que está naquele dia, no show, a idade, se gostam mais de um rock pesado, mais leve, pop, a gente vai soltando as músicas e vai vendo a receptividade e às vezes, na hora mesmo, a gente muda a ordem das músicas para se adequar ao que está rolando naquele dia”.

O vocalista da Outshine diz que não tem idade quando o assunto é música boa. “Linkin Park e System of a Down, essas duas bandas a gente pode estar tocando em uma festa de debutante ou de aposentados que vão querer escutar. É impressionante a força que essas duas bandas têm”.

Apesar de algumas vezes o público ter a impressão de algumas bandas cover quererem seguir à risca a imagem dos cantores imitados, André diz que sua banda é diferente, ainda mais por cantarem diversas músicas de várias bandas. “Sempre adicionamos coisas nossas, timbres nossos, a minha voz também é diferente, nunca vai ser igual a do cantor, então sempre faço alguma graça”.

Imagem: arquivo pessoal
Imagem: arquivo pessoal

André relembra que o principal para manter a banda é sentimento pela música. “Se não tiver diversão a gente nem toca. No caso dessa banda, os integrantes não vivem de música, a gente já viveu uma época, mas no período da pandemia não deu para tocar, então cada um seguiu uma carreira. Depois da pandemia a gente continuou tocando por diversão e amor à música”.

Pesquisas mostram a desvalorização e os estigmas sociais da profissão. Uma pesquisa realizada em 2021 pela Record Union apontou que 73% dos músicos independentes relataram problemas de saúde mental devido ao estresse financeiro e à desvalorização da carreira. Outra pesquisa feita em 2020 da Casa de Música do Porto revelou que 42% das pessoas acreditam que a música não é uma “profissão séria”.

Questionado por sofrer preconceito como músico, André diz não ser discriminado em seu meio. “Existe preconceito fora do lugar do show. Músico geralmente é chamado de vagabundo se não ganha muito dinheiro ou não faz muito sucesso, não é um bom músico. A gente não pensa assim, existem faixas e faixas de sucesso que você pode ter na música e formas de se ganhar dinheiro também com música que dá para viver em qualquer lugar do mundo. Desde que você se dedique para música, o mesmo tempo que você se dedica para um trabalho qualquer, você ganha um bom dinheiro”.

O vocalista da banda diz que a Outshine não pretende lançar músicas próprias nos repertórios de seus shows ou seguir outros caminhos musicais. “Cada um de nós tem seus trabalhos próprios. Já tive meus CDs gravados, mas nessa banda é exclusivamente comercial”.

Por fim, André relembra uma história engraçada que a banda viveu em um show. “Foi uma situação muito embaraçosa que aconteceu em Campos do Jordão, num bar, que uma gringa, da Holanda subiu no palco e abaixou as calças e virou para o público enquanto a gente estava tocando. Foi o momento mais engraçado da banda”.

Cumprindo o propósito de alegrar a vida do público e mantendo o seu, que é o amor pela música, bandas cover continuam dando um show por São Paulo e colecionando histórias para contar.

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O evento de música eletrônica promete agitar a capital paulista reunindo grandes nomes brasileiros e globais na primeira quinzena de dezembro
por
Majoi Costa
Nicole Conchon
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22/11/2024 - 12h

 

 

 

Edições antigas da Boiler Room em colagem. Foto: Boiler Room ArchivesV
Edições antigas da Boiler Room em colagem. Foto: Boiler Room Archives

 

 

 

 

 

O Boiler Room, evento de música eletrônica reconhecido por suas festas secretas e transmissões ao vivo, desembarca em São Paulo no dia 13 de dezembro. O local ainda não foi compartilhado, mas nomes como DJ Magal, AKAI, Danny Daze, Suelen Mesmo e DJ Caio Prince são alguns já confirmados pelo programa. 

 

A festa promete ser um marco para os fãs do gênero,  reunindo DJs internacionais e nacionais em um local surpresa, criando uma experiência imersiva e exclusiva para o público. Com sua tradição de apresentações intensas e energéticas, o evento reflete a constante evolução da cena eletrônica global, proporcionando aos paulistanos uma oportunidade rara de vivenciar o conceito único do Boiler Room ao vivo.

Foto: Ryan Buchanan
Foto: Ryan Buchanan

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Surgimento do Boiler Room 

O Boiler Room foi fundado em 2010 por um grupo de britânicos com a ideia de criar uma plataforma que unisse música eletrônica e a cultura de clubbing, que se refere ao conjunt de práticas, comportamentos e valores associados à cena de clubes noturnos e festas eletrônicas, se tornando um estilo de vida que geralmente é associada a gêneros musicais como techno, house, trance e outros estilos eletrônicos. 

 

O conceito era simples, mas inovador: reunir DJs em performances ao vivo e transmiti-las para o mundo, com foco na energia visceral dos clubes underground. Com uma estética minimalista e sem grandes ostentações, o Boiler Room capta a essência da música eletrônica em sua forma mais crua, colocando o público no centro da experiência

 

Inicialmente, o Boiler Room se destacou por sua abordagem alternativa à forma como a música eletrônica era consumida. Ao contrário dos grandes shows de DJ transmitidos de maneira convencional, as festas do Boiler Room eram mais descontraídas, sem palco elevado, com o público ao lado dos artistas, criando uma atmosfera de proximidade e troca de energia única. A transmissão ao vivo das performances pelo YouTube rapidamente atraiu fãs de todo o mundo, fazendo com que o Boiler Room se tornasse uma das maiores plataformas de música eletrônica do planeta. 

 

O Boiler Room chegou ao Brasil pela primeira vez em 2013 e contou com grandes nomes consagrados na cena como o DJ Zegon, Gui Boratto, Ney Faustini e Nomumbah. Nos anos seguintes, como 2017 e 2019, foi a vez de Djonga, Rincon Sapiência, Linn da Quebrada e a Mamba Negra (coletivo underground paulista), Cashu e Badsista levarem suas músicas e sets em São Paulo e no Rio de Janeiro pela plataforma. 

 

A importância do Boiler Room 

O Boiler Room desempenha um papel crucial na democratização da música eletrônica, por meio das transmissões ao vivo. Além disso, oferece um palco para artistas emergentes e consagrados, de diferentes vertentes do gênero. Ao longo dos anos, o evento tem sido um catalisador de novas formas de produzir e criar shows, dando visibilidade a sons alternativos e experimentais, ao mesmo tempo em que se celebra os ícones do underground.

Além de promover o talento musical, o Boiler Room também é uma vitrine para a cultura clubbing e das festas de dança, celebrando não apenas a música, mas o ambiente e a comunidade que ela cria. Cada evento tem um caráter único, sendo das plataformas de vídeo online, com a produção visual cuidadosamente projetada para refletir a vibração e o espírito do evento. 

 

 

DJ Larinhx na Boiler Room do Rio de Janeiro em 2023. Foto: Boiler Room Archives

 

 

 

 

O Boiler Room em São Paulo

 

São Paulo tem uma forte ligação com a cultura da música eletrônica, devido à sua diversidade cultural, infraestrutura de vida noturna e influência global. A cidade atrai pessoas do mundo todo, criando um ambiente ideal para a música eletrônica  florescer e se expandir. E, embora o Boiler Room tenha se tornado uma plataforma de renome mundial, sua presença na cidade ainda era um sonho distante para muitos fãs. 

 

Para os artistas locais, o evento representou uma oportunidade única de visibilidade, tanto para aqueles que puderam se apresentar ao lado de grandes nomes internacionais quanto para os que participaram das transmissões ao vivo.

O preço e os locais onde acontecem os boilers variam muito. Pela alta demanda, a organização do evento não divulgou tudo no momento em que o local é anunciado, mas vão aos poucos compartilhando as atrações e os valores. Em 2023, o ingresso variou entre 50 a 100 reais. E os locais, em festas fechadas como DGTL, The Edge ou até em locais que ocorrem as festas da Mamba Negra, no caso de São Paulo. 

 

O impacto cultural da Boiler Room vai além da música. Ela traz à tona discussões sobre a cena underground, a autenticidade das festas e o crescimento da cena eletrônica em um mundo cada vez mais digital e globalizado. Em um momento em que as festas de grande porte dominam o mercado, a Boiler Room se destaca por manter viva a essência das raves e das festas clandestinas que marcaram a história da música eletrônica.

 

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