Após semanas de suspense e expectativa entre os fãs, o Oasis anunciou nesta terça-feira (5) que retornará ao Brasil como parte de sua turnê de reunião em 2025. A banda britânica se apresentará em São Paulo nos dias 22 e 23 de novembro de 2025, no estádio MorumBIS. Os ingressos estarão disponíveis a partir de 13 de novembro deste ano, às 10h, pelo site da Ticketmaster.
Espera-se uma alta demanda, considerando que esta será a primeira passagem do Oasis pelo Brasil depois de 16 anos. O retorno da banda, após um longo período de separação, tem movimentado fãs do rock britânico em todo o mundo, que aguardam ansiosos pela oportunidade única de reviver ao vivo clássicos como “Wonderwall” e “Don’t Look Back in Anger” .
Antes do anúncio oficial, o Oasis já havia deixado pistas estratégicas sobre sua passagem pelo Brasil e outras cidades da América Latina. Na segunda-feira (4), a movimentada Estação da Sé, localizada no centro de São Paulo, foi palco de uma ação promocional que deixou os fãs em alerta. A estação exibiu imagens e frases enigmáticas ligadas à banda, insinuando a possibilidade de shows no país.
A mesma ação foi replicada em Buenos Aires, na Argentina, e em Santiago, no Chile, confirmando que essas cidades também farão parte da aguardada turnê sul-americana. Além disso, nas redes sociais oficiais da banda foram postados vídeos que mostravam os inúmeros pedidos dos fãs para a banda vir ao Brasil, insinuando que novas datas da turnê seriam anunciadas.
Após 15 anos Oasis retorna aos palcos
O retorno do Oasis aos palcos marca um dos reencontros mais esperados da história do rock moderno. Em agosto deste ano, a banda, formada pelos irmãos Liam e Noel Gallagher, anunciou que faria uma turnê especial para celebrar os 30 anos do álbum “What’s the Story (Morning Glory)”, lançado em 1995 e considerado uma das maiores influências do britpop. O anúncio veio através das redes sociais, com a frase “É isso, está acontecendo!”, que rapidamente se espalhou pela internet, gerando uma onda de euforia e nostalgia entre fãs de diferentes gerações.
A turnê, intitulada “Oasis Live ’25”, terá início em 4 de julho em Cardiff, no País de Gales, e incluirá uma série de quatro shows em Manchester, cidade natal dos Gallagher. O grupo também fará quatro apresentações no icônico estádio de Wembley, em Londres, além de shows em Edimburgo e Dublin.A turnê inclui, ainda, apresentações em outros continentes, como América do Norte e Oceania, antes de chegar à América Latina.
Esse retorno aos palcos ocorre em um momento simbólico, 15 anos após a separação da banda, que em 2009 se desfez em meio a conflitos entre os irmãos Gallagher. Na época, Noel afirmou publicamente que não conseguia mais trabalhar ao lado de Liam, um rompimento que parecia definitivo e que foi marcado por troca de farpas em entrevistas e nas mídias sociais. Essa reconciliação para a turnê de 2025 trouxe surpresa para muitos fãs, especialmente considerando declarações anteriores de Noel, que havia descartado a possibilidade de uma reunião.
A última passagem do Oasis pelo Brasil e o fim de uma era
A última passagem da banda no Brasil aconteceu durante a turnê do álbum “Dig Out Your Soul”. Na ocasião, os irmãos Liam e Noel estavam acompanhados pelo baixista Andy Bell e o guitarrista Gem Archer, que também faziam parte da formação final da banda.
A turnê incluiu quatro apresentações no país: a primeira no Rio de Janeiro, que foi transmitida ao vivo pelo canal pago Multishow, seguida de shows em São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. Os fãs brasileiros compareceram em peso e puderam assistir à performance ao vivo de grandes canções da banda, que já acumulava hits e uma sólida base de seguidores no país.
O rompimento definitivo do grupo ocorreu em Paris, durante o festival “Rock en Seine”, quando uma discussão nos bastidores levou Noel a decidir abandonar o grupo. Com isso, o show foi cancelado de última hora, deixando fãs decepcionados e encerrando uma era do britpop.
“Stop Making Sense”, o filme-concerto da banda Talking Heads, de 1984, é considerado um dos maiores registros musicais da história. Neste ano, quatro décadas após seu lançamento original, o longa voltou às salas de cinema. Foi restaurado em 4K pela produtora A24 e relançado no Brasil pela O2 Play, oferecendo aos fãs a oportunidade de reviver o auge da banda com qualidade cinematográfica aprimorada.

Dirigido por Jonathan Demme, que mais tarde assinaria clássicos como “O Silêncio dos Inocentes” e “Filadélfia”, Stop Making Sense foi filmado em dezembro de 1983, no Pantages Theater, em Hollywood, e lançado em 1984.
A obra captura a energia da banda nova-iorquina, em turnê de divulgação do álbum “Speaking in Tongues”. O filme apresenta o quarteto formado pelo vocalista David Byrne, Tina Weymouth, Chris Frantz e Jerry Harrison, além de artistas convidados como Bernie Worrell e Edna Holt, performando sucessos que definiram os anos 1980, como “Psycho Killer,” “Take Me to the River” e “Once in a Lifetime”.
O que faz Stop Making Sense ser do cinema?
Existem diversos fatores que contribuem para a obra ser considerada cinematográfica, e isso se dá principalmente aos jogos e ângulos de câmera e a edição das imagens, passando pela preocupação de focar apenas no palco, construindo uma perspectiva única.
O maior diferencial se dá pela ideia do diretor, que já era cineasta na época, de situar o espectador para o palco, revelando o que acontecerá gradativamente. Ele introduz os outros membros em uma sequência pensada, como se fosse parte da narrativa. A cada música, um novo integrante aparece e, assim, se desenvolve um cenário diferente a cada cena.
Em entrevista para a Time Magazine, quando a obra fez 30 anos, Demme revelou que sua decisão de filmar os Talking Heads nasceu após assistir a uma apresentação deles no Hollywood Bowl. “O show foi como ver um filme que estava esperando para ser filmado”, declarou.
Segundo Byrne, Demme enxergava no palco elementos que os próprios membros da banda ainda não haviam notado. “Ele observou a interação das pessoas no palco, que funcionava como se todos tivessem a mesma importância em cena, se víssemos como um roteiro de cinema. Ele também percebeu que, para trazer o espectador para essa percepção, o filme não teria entrevistas ou imagens do público até quase o final”, explicou Byrne para a Time.

40 anos depois, ainda é impactante
Em 2021, “Stop Making Sense” foi adicionado ao Registro Nacional de Filmes da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, em reconhecimento à sua importância cultural e histórica. Um marco importante, anterior a esse, aconteceu em 1985, quando, um ano após seu lançamento, a obra levou o prêmio de Melhor Documentário da National Society of Film Critics.
Em 2024, em seu relançamento, a A24 tem a mesma intenção de trazer a vibração sentida por quem assistiu os shows em 1984, tendo a experiência completa através de uma produção cinematográfica de qualidade, que transporta os telespectadores diretamente ao Hollywood Pantages Theatre, ação que somente o cinema é capaz de fazer e ser, de fato, a máquina do tempo possível para a humanidade.
A edição de 2024 do Rock in Rio foi um verdadeiro marco no festival, que completou 40 anos e trouxe grandes nomes nacionais e internacionais. Apesar dos momentos grandiosos, o evento, que ocorreu em setembro, foi marcado por algumas polêmicas pontuadas por críticos e jornais. Relembre os acontecimentos mais marcantes:

Dia “Delas” - 20 de setembro
O “Dia Delas”, em que o festival trouxe apenas artistas femininas para o palco, não foi apenas uma resposta a críticas que o festival havia enfrentado nos últimos anos, mas um verdadeiro manifesto de empoderamento feminino, com artistas como Luedji Luna, Ivete Sangalo e Katy Perry recebendo o destaque.
A abertura de Luedji, acompanhada por Tássia Reis e Xênia França, criou uma atmosfera mágica, enquanto Ivete transformou a Cidade do Rock em um autêntico carnaval, “voando” por cima do público.

Ivete Sangalo 'sobrevoa' show no Rock in Rio 2024 — Foto: Stephanie Rodrigues/g1
Katy Perry abriu sua turnê do novo álbum "143" no Brasil, o que foi um marco para a história da música pop. Ela não só apresentou os novos hits, mas também revisitou clássicos que a tornaram um ícone, unindo gerações de fãs em um espetáculo de cores, figurinos e energia contagiante. Sua presença foi marcante e ela foi um dos shows mais requisitados e esperados no ano.

Dia Brasil – 21 de setembro
O dia 21, mais conhecido como Dia Brasil trouxe uma programação inédita, com um line up exclusivamente brasileiro e com nomes da música sertaneja, que até então nunca estiveram presentes no evento.
Foram 90 atrações ao todo que compuseram o Dia Brasil, com nomes de diferentes estilos, como trap, MPB, sertanejo, rock e rap. Um fato curioso é que os shows envolviam diversos artistas do mesmo ritmo, como foi o caso do “Para Sempre Funk”, com o MC Livinho, MC Don Juan, MC Dricka, MC Hariel, MC Ig e MC PH no palco.


O que fez o evento receber críticas foram os cancelamentos de última hora. Os cantores Luan Santana, Ludmilla e Ryan SP, muito comentados e esperados pelo público, não fizeram suas apresentações, gerando revolta e frustração no público. Dos três, vale destacar que a cantora Ludmilla teve divergências com a organização do Rock in Rio na data por conta da sua estrutura, que não foi aceita. Os outros dois cancelaram por motivos externos.
Dia “Nostalgia” – 22 de setembro
O dia 22 trouxe uma onda de nostalgia, com a apresentação de grandes estrelas dos anos 2000: Ne-Yo, Akon e Mariah Carey. O grande headliner da noite foi o cantor de música pop Shawn Mendes, mas, além dele, os brasileiros Ney Matogrosso, Alcione e Belo brilharam em suas apresentações.
A equipe da AGEMT esteve presente no dia em que Mariah Carey roubou os holofotes e recebeu um público fiel, trajado com camisetas, copos e headbands com o nome da artista. Com dois looks deslumbrantes e uma sequência de sucessos, ela emocionou a plateia.
Já o cantor Ne-Yo entregou uma performance com danças no “estilo Michael Jackson”, um figurino digno de cantor pop. Ele convidou 3 fãs para um “concurso de dança” no palco. O cantor encerrou o show com “Give Me Everything Tonight”, que foi confirmada pela produção do evento como a música mais cantada pelo público.

O que causou frustração na plateia foi o show de Akon. O cantor, que iniciou o show bem “morno”, não agradou nada nas primeiras canções, que não eram conhecidas pela maior parte da plateia. Além disso, ele soltou algumas vezes a saudação para “São Paulo”, enquanto o evento estava ocorrendo na cidade do Rio de Janeiro.
Além disso, Akon usou e abusou do playback, o que gerou uma série de críticas em veículos como o G1, pois ficou nítido que o cantor não estava exercendo sua função ali no palco. Teve também um momento embaraçoso, no qual o cantor entrou em uma bolha inflável para subir no público e o objeto furou. Para finalizar com “chave de ouro”, ele atrasou o show da cantora Mariah Carey que estava prestes a entrar no palco Sunset – enquanto ele cantava no palco Mundo – e teve seu microfone cortado por extrapolar o limite do horário.
A grande estrela da noite foi o cantor Shawn Mendes, headliner do dia 22. Depois de 5 anos desde a última passagem pelo Brasil e com um cancelamento duvidoso no dia de sua segunda apresentação, o artista se reencontrou com seus fãs brasileiros e apresentou uma nova fase, mais madura e focada na força das canções. Com um setlist que misturou grandes sucessos e novas músicas, Mendes conquistou o público, que cantou junto em momentos emocionantes e já tem data para voltar ao Brasil, no Lollapalooza 2025, que ocorrerá em março.

Outros destaques do festival
No dia 14 de setembro, a banda NX Zero apresentou o último show da turnê “Cedo ou Tarde”, e trouxe seus maiores sucessos. A partir de agora, os cantores estão trabalhando em um novo projeto e não têm previsão de agenda para futuras apresentações do grupo. A banda não apenas se despediu, mas anunciou o novo momento da carreira.
Outra surpresa foi a participação de Will Smith, que surpreendeu o público e gerou um alvoroço na Cidade do Rock. O icônico ator e rapper subiu ao palco para apresentar uma performance especial, misturando música e carisma em um estilo único que deixou os fãs em êxtase. Will interagiu com a plateia, compartilhou histórias sobre sua carreira e até se juntou a alguns artistas brasileiros em uma “jam session” improvisada. Sua presença trouxe uma energia contagiante e um toque de Hollywood ao festival, o que tornou o momento um dos mais memoráveis da edição.
Com performances marcantes e uma diversidade de estilos, o Rock in Rio 2024 reafirmou seu papel como um dos maiores festivais de música do mundo. O próprio criador do evento, Roberto Medina, afirmou em coletiva que o Rock in Rio é mais do que um festival de música, é um evento que une a melodia com toda a experiência na “Cidade do Rock”, que envolve gastronomia, diversão e uma queima de fogos que tornam a noite extraordinária. A edição de 40 anos foi um grande momento do ano de 2024 e provou mais uma vez que o evento é o maior ponto de encontro para amantes da música.

A exposição “Maravilhosa Graça em Todo o Globo”, com as obras da artista sul-coreana Jung Eun Hye, chegou ao Centro Cultural Coreano no Brasil (CCCB), localizado em São Paulo, no dia 13 de outubro de 2024 e permanecerá até o dia 28 de fevereiro de 2025 com entrada gratuita e classificação livre.
A mostra é uma boa opção de passeio para fazer com a família e conhecer os delicados e únicos desenhos da artista que, segundo o CCCB, explora o “visível e além do visível” em um trabalho que se afasta da arte tradicional e reflete um amor profundo pelas linhas, objetos únicos e abstratos.
A caricaturista e atriz com Síndrome de Down é conhecida não apenas por seus desenhos, mas também por ter interpretado a personagem Lee Young-hui na série “Amor e Outros Dramas”, lançada pela tvN em 2022 e disponível na Netflix para ser assistida.
Com um total de 70 obras - incluindo caricaturas de pessoas, animais e reinterpretação de quadros famosos - a exposição é inédita no Brasil e já está ganhando o carinho dos visitantes. O nome é uma referência ao fato de que “Eun Hye”, nome da artista, significa "graça" em português.
As caricaturas estão dispostas no salão de exposições do Centro Cultural Coreano, com a presença de textos explicativos contando a história da artista e a ideia por trás de suas criações. Há também telões passando vídeos com imagens de Eun Hye. Além das artes dispostas, há um espaço em que os visitantes podem invocar seus dotes artísticos e deixar seus próprios desenhos.
Maravilhosa Graça em Todo o Globo
Quando: 13 de outubro de 2024 a 28 de fevereiro de 2025
Onde: Centro Cultural Coreano no Brasil (Av. Paulista, 460 - Bela Vista - São Paulo)
Ingressos: Entrada gratuita

Em setembro, na Bienal Internacional do Livro, a escritora Bruna Vieira participou de uma mesa sobre a adaptação do seu livro “De Volta aos Quinze” para a série homônima da Netflix. Ao lado da atriz Nila, dos roteiristas Vitor Brandt e Gautier Lee, da produtora Carolina Alckmin e de sua agente literária Alessandra Ruiz, Bruna compartilhou a experiência de ter sua obra adaptada e contou como foi ajudar no processo criativo da série.
O livro “De Volta aos Quinze” foi lançado em 2014, coincidentemente durante uma Bienal do Livro, no Rio de Janeiro. Na época, a obra fez sucesso e surgiu com a proposta de ser uma trilogia, que logo ganhou a continuação “De Volta Aos Sonhos”. A premissa é a mesma da série: a protagonista Anita descobre uma forma de voltar no tempo e começa a mudar alguns detalhes do passado, que afetam diretamente sua vida adulta. Apesar do enredo semelhante, a série acaba seguindo um caminho diferente do livro e Bruna disse estar confortável com isso.
“Algumas coisas, na tela, a gente sentiu que fluiu melhor de outra maneira”, contou Vitor Brandt, um dos roteiristas da série. Até mesmo a escolha dos casais foi afetada pela aceitação do público, fator decisivo para decidir quem seria o casal endgame nas telinhas.
Dez anos se passaram e o fim da história nos livros nunca aconteceu. O terceiro livro não saiu e Bruna contou que não estava preparada para fechar o ciclo, ainda mais considerando que, na época que publicou os dois primeiros, ela tinha apenas 18 anos e não possuía vivências o suficiente para colocar as experiências da Anita de 30 anos, como contou. Na série, a primeira temporada estreou em 2022.
A produtora Carolina Alckmin contou que escolheu o livro para a adaptação na TV por sua autenticidade, mas principalmente por causa da personagem principal, Anita, que consegue se conectar ao público por se abrir com o leitor/telespectador. Com diferenças na construção de personagens e no final da narrativa, a série “De Volta Aos Quinze” conseguiu unir as antigas leitoras da Bruna Vieira com a nova geração.
Em entrevista ao UOL, a escritora falou sobre a produção da sequência que fechará a trilogia no universo literário e o que espera com o trabalho. “O foco da história é a nostalgia, é conversar com o nosso eu adolescente, entender o que precisa de atenção e mais cuidado", afirmou a autora. Ela também contou que vai abordar temas que possuem mais discussão e relevância nos dias atuais, como diversidade e saúde mental, assuntos mais explorados na série.
Representatividade

Durante a Bienal, em que a AGEMT esteve presente, a diversidade foi um dos focos que chamou a atenção na adaptação para a Netflix. No evento, Gautier Lee, roteirista da série, falou sobre a adaptação para as telas e abordou a representatividade LGBTQIAP+: “É muito gostoso [fazer parte desse trabalho], porque eu estou na série desde a segunda temporada. Quando eu chego no set de filmagem, tenho como diretora assistente e contato pessoal/profissional com a Nila (atriz que interpreta a Camila na série) e a Alice, nós somos 3 pessoas trans pensando numa personagem trans juntas e com pontos de vista muito diferentes […] essas tramas não afetam somente a personagem da minoria, mas todos os personagens”.
César é um adolescente que se descobre Camila, uma garota e, posteriormente, mulher trans. Nila interpreta o início da transição da personagem e Alice Marcone vive a Camila na fase adulta. As duas contaram as dores e as delícias do crescimento de um adolescente trans que se torna uma escritora de sucesso na vida adulta.
A atriz Nila iniciou sua transição em paralelo com as filmagens da série. Disse: “Meu material de trabalho é quem eu sou. Todas as experiências que eu tenho de vida, tudo o que é atravessado pelo meu emocional e pelo meu corpo, serve, mais tarde, como meu arsenal de trabalho”.
“2020 foi o ano em que eu passei a ter mais contato com pessoas trans e a série desaguou justamente no momento em que eu estava decidida a cruzar certas linhas de todo o processo. Então, desde a primeira temporada em que a gente começou a debater e construir essa personagem, pra mim era muito importante criar uma personagem que não fosse resumida a narrativa de ser uma pessoa trans”, completou.
Ela disse também sobre o público estar interessado por novas narrativas, e que considera a série um projeto pioneiro: “Temos muitos filmes que exemplificam esse conflito de gênero, mas, em sua maioria, em lugar de tragédia, autodepreciação e rejeição. Nesse projeto, não deixamos de falar sobre as coisas ruins do processo, mas vemos esse personagem se fortalecendo em meio às dificuldades”.
Para Gautier, o projeto é uma série que conforta e se torna importante para a adolescência de pessoas queer, que terão personagens como estes como meio de representação. Segundo a roteirista, quando existem pessoas queer em posição de decisão, fica mais palpável levar a representatividade para o projeto.
Bruna Vieira complementou, também durante o evento, que ao trazerem esse temas para dentro de casa através da série, é possível abordar assuntos sérios de uma forma muito mais leve.
“Eu ouvia da direção que a ideia inicial é que o César fosse um personagem muito bem resolvido, e essa é uma má concepção de todo personagem LGBT. Na verdade, essa personagem está completamente deslocada e cria toda uma atmosfera para caber dentro, porque está tentando ficar confortável consigo mesma”, disse.
“Ouço muitas pessoas dizendo que em 2006 (período em que se passa a fase inicial da trama), as coisas não eram assim. De fato! As coisas eram piores. Precisamos criar novos imaginários para isso. Temos a chance de remodelar o que vivemos para criar uma perspectiva de futuro mais interessante. Voltamos no passado para recriar uma nova narrativa de futuro. Essa é a ideia da criação de projeto na atualidade: a série está sendo exibida em qual ano, para quais pessoas e com quais perspectivas?” finaliza Nila, à AGEMT.
“De volta pra Mim” ainda não tem data de lançamento, mas fará o fechamento da história, com a maturidade dos 30 anos que a autora possui agora. A previsão é que as vendas se iniciem em dezembro. “Agora que eu tenho 30 anos, eu estou pronta para criar a “Anita 30” ou, pelo menos, amadurecer algumas questões que, na época, eram pura projeção da minha cabeça.[...] Nesse livro tem uma Anitta mais madura, mas que precisa se curar. O livro é dedicado a meninas que cresceram comigo e agora estão chegando nos 30 junto comigo!”, revelou, por fim, a autora.