Banda se apresenta em fevereiro de 2026; taxas extras geram críticas e frustrações entre os fãs
por
Maria Clara Palmeira
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27/06/2025 - 12h

A espera acabou! Na segunda-feira (23), foi anunciado que, após 17 anos, a banda americana My Chemical Romance retornará ao Brasil em 2026 pela segunda vez. O único show da banda em solo brasileiro será no dia 5 de fevereiro, no Allianz Parque, em São Paulo, como parte de sua turnê pela América Latina. 

A apresentação contará com a abertura da banda sueca The Hives e irá reunir brasileiros que acompanham a trajetória do grupo desde os anos 2000.

Anúncio da turnê na América do Sul. Reprodução: Instragram/@mychemicalromance
Anúncio da turnê na América do Sul. Reprodução: Instragram/@mychemicalromance


Formada em Nova Jersey nos Estados Unidos, em 2001, o My Chemical Romance tornou-se uma das bandas mais representativas do rock alternativo e símbolo do movimento emo. A formação atual é composta por Gerard Way nos vocais, Ray Toro e Frank Iero na guitarra, e Mikey Way no baixo.

O grupo lançou seu álbum de estreia, “I Brought You My Bullets, You Brought Me Your Love”, em 2002, mas o sucesso internacional veio em 2004, com “Three Cheers for Sweet Revenge”. No entanto, foi em 2006 com o disco “The Black Parade” que a banda atingiu o auge. O single “Welcome to the Black Parade” se tornou um hino da geração emo, alcançando o primeiro lugar nas paradas britânicas e consolidando o grupo no cenário global.

Após diversos sucessos, a banda entrou em hiato e anunciou sua separação em março de 2013. O retorno foi anunciado em outubro de 2019, com um show em Los Angeles. Em 2022, após dois anos de adiamentos devido à pandemia, a banda embarcou em uma extensa turnê, passando pelos EUA, Europa, Oceania e Ásia.

Desde a quarta-feira (25), início da pré-venda, fãs relataram insatisfação com o preço dos ingressos, que variam entre R$ 197,50 e R$ 895,00, além das cobranças de taxas adicionais. A revolta se intensificou com a cobrança da taxa de processamento, considerada uma novidade pela bilheteria oficial, a Eventim. A empresa alegou que essa tarifa garante a segurança dos dados dos consumidores, mas a justificativa não convenceu o público. 


Mesmo com a revolta, a expectativa de alta demanda se confirmou: a venda geral, aberta nesta quinta-feira (27) ao meio-dia, resultou em ingressos esgotados em 10 minutos.

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Nova exposição na Pinacoteca Contemporânea revela o papel político da pop arte brasileira no período de ditadura.
por
Maria Luiza Pinheiro Reining
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25/06/2025 - 12h

Por trás da explosão de cores, imagens familiares e estética publicitária da pop art brasileira, havia ruído, ambiguidade e protesto. Essa é a premissa da exposição Pop Brasil: Vanguarda e Nova Figuração, 1960-70, em cartaz na nova sede da Pinacoteca Contemporânea, em São Paulo. Mais do que uma exibição de obras pop, a mostra constrói um retrato crítico de uma década marcada por ditadura, censura e modernização desigual, e de como a arte respondeu a esse cenário.

A exposição celebra os sessenta anos das mostras Opinião 65 e Propostas 65, marcos da virada estética e política na produção brasileira. O percurso curatorial, assinado por Pollyana Quintella e Yuri Quevedo, reúne obras que reagiram diretamente ao avanço da indústria cultural, à opressão do regime militar e à transformação dos modos de vida. Em vez de apenas absorver os códigos da cultura de massa, os artistas incorporaram sua linguagem para tensionar o que ela ocultava: a violência da ditadura, o apagamento de subjetividades e a precarização das relações sociais.

Contra a censura
Tônia Carreiro, Eva Wilma, Odete Lara, Norma Benghel e Cacilda Becker protestam contra censura, em 1968

A ideia de que “a pop arte é o braço avançado do desenvolvimento industrial das grandes economias” é ressignificada no Brasil, onde a modernização industrial coexistia com a informalidade, a desigualdade e a repressão. Em vez do otimismo norte-americano, a arte pop brasileira surge como crítica: reapropria slogans, transforma marginais em heróis, imprime silhuetas de bandeiras como gesto de manifestação coletiva. A visualidade sedutora do consumo encontra a resistência política camuflada nas superfícies gráficas.

A exposição percorre núcleos como Poder e Resistência, Desejo e Trivialidade, Criminosos e Cultura Marginal, entre outros. Em comum, todos os conjuntos partem de imagens produzidas ou apropriadas do cotidiano: televisão, jornal, embalagem; para apontar fissuras entre aparência e estrutura. Hélio Oiticica, Rubens Gerchman, Wanda Pimentel, Antonio Manuel e muitos outros traduzem a tensão entre censura e invenção por meio de performances, happenings e obras gráficas que confundem arte e ação direta.

Helio Oiticica
Hélio Oiticica, 1968

Se nos Estados Unidos a pop art celebrava o consumo, no Brasil ela revelou o que havia por trás dele. A mostra explicita como a arte brasileira dos anos 1960 e 70 operou sob risco, incorporando elementos populares para criticar os próprios instrumentos de controle e espetáculo.

Mais do que rever o passado, Pop Brasil propõe um exercício de leitura do presente. Diante da repetição de discursos autoritários, da estetização da política e da crise na democracia, o gesto pop reaparece como estratégia de sobrevivência, uma forma de dizer muito com imagens que, à primeira vista, parecem dizer pouco.

 

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A incerteza quanto ao fim das salas de cinema e início da diminuição em massa de consumidores
por
Chiara Renata Abreu
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18/06/2025 - 12h

A recente chegada dos streamings pode acabar com os cinemas. Internacionalmente, as plataformas têm se mostrado cada vez mais aptas a abalar seus concorrentes. 

Depois da pandemia, os donos dos cinemas sentiram a diminuição de movimento, que preocupa não só a indústria, mas a sociedade em si. Filmes e curtas fazem parte da formação da cultura de civilizações, e a incerteza de sua existência atormenta. Os streamings ganharam força no período de quarentena, ocupando o espaço que as salas obtinham. O conforto de estar em sua própria casa, poder parar o filme a qualquer momento e a variedade no catálogo são alguns dos principais motivos do aumento da modalidade segundo pesquisas da Cinepop, site especializado em cinema. 

De acordo com pesquisas da revista O Globo, a área do cinema conseguiu em 2023 superar as dificuldades e recuperar alguns de seus fregueses, mas os números seguem abaixo do que estavam antes da pandemia. Segundo o analista de mercado Marcelo J. L. Lima em entrevista para a revista, a crise é mundial, com ressalvas em países como França, Índia, Coreia do Sul e China, que tem menor influência de Hollywood. Ainda, a reportagem aponta que parte da fraqueza hoje encontrada na indústria se fez depois de 1980, a partir do início da migração dos cinemas de rua para os de shopping. Em 2008 apenas 27% deles eram fora dos centros de comércio. 

Em entrevista para O Globo, Marcos Barros, presidente da Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex (Abraplex), apontou que os cinemas estão em apenas 8% dos municípios brasileiros, apenas 451 de um total de 5.565 cidades. A volta dos cinemas de rua poderia diminuir o desequilíbrio das salas, gerando uma maior popularização do cinema. Segundo Raíssa Araújo Ferreira, estudante de cinema na Belas Artes, “os cinemas estão se perdendo. Antigamente existiam vários cinemas de rua, de mais fácil acesso. Hoje está acontecendo uma elitização das salas. Elas estão, por exemplo, muito longe das periferias e concentradas nos shoppings, então existe todo o gasto com a locomoção. O cinema se torna um lugar de privilégio”. 

“O cinema é a sétima arte. Ela é um conjunto de todas as outras artes, e o cinema é vivo. Ele é sempre atual. Ele é sempre de todas as épocas. Então nada que é vivo vai desaparecer sem deixar vestígios. O cinema tem muito o que falar. É como se as salas estivessem adormecidas. Elas não estão mortas, mas sim apagadas”, comenta a aluna. 

A jovem complementa com ideias para a volta do triunfo das salas de cinema. “Acho que precisamos reinventar as salas. Apostar em programações mais diversas, ingressos mais acessíveis, novas salas mais perto da periferia e espalhar o cinema pelas cidades do Brasil. Criar o desejo de ir ao cinema, como um acontecimento, e trazer experiências mais imersivas, como convidar atores para, antes da sala de cinema, falarem sobre o filme. Trazer também eventos para apoiar o cinema de rua, investindo nas produções independentes e criando lugares públicos. Assim, as salas vão se reposicionar e oferecer algo que o sofá de casa ou a cama não oferece”. 

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A história do grupo que ultrapassou as barreiras sonoras pode ser vista no centro de SP até o fim de agosto
por
Por Guilbert Inácio
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26/06/2025 - 12h

A exposição “O Quinto Elemento”, em homenagem aos 35 anos do notório grupo de rap Racionais MC’s, está em cartaz desde o dia 06 de dezembro de 2024, no Museu das Favelas, no Pátio do Colégio, região central da cidade de São Paulo. A mostra era para ter sido encerrada em 31 de maio de 2025, mas, devido ao sucesso, vai agora até 31 de agosto.

A imagem mostra um painel os quatros membros dos Racionais MC's
Em 2024, o museu ganhou o prêmio de Projeto Especial da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) pela exposição. Foto: Guilbert Inácio. 

Museu das Favelas

O Museu das Favelas está localizado no Centro histórico de São Paulo, mas esse nem sempre foi o seu endereço. Inaugurado no dia 25 de novembro de 2022, no Palácio dos Campos Elíseos, o Museu das Favelas ficou 23 meses no local até trocar de lugar com a Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo, no dia 26 de agosto de 2024.  

Fechado por três meses, o museu reabriu no dia 06 de dezembro de 2024, já com a nova exposição dos Racionais MC’s. Em entrevista à AGEMT, Eduardo Matos, um dos educadores do museu, explicou que a proposta da exposição chegou neles por meio de Eliane Dias, curadora da exposição, CEO da Boogie Naipe, produtora dos Racionais e esposa do Mano Brown. Eduardo complementou que o museu trocou de lugar para ter mais espaço para a mostra, já que no Campos Elísios não teria espaço suficiente para implantar a ideia. 

Tarso Oliveira, jornalista e historiador com pós-graduação em Africanidades e Cultura Afro-Brasileira, comentou que a gratuidade do museu é um convite para periferia conhecer a sua própria história e que, quando falamos de Racionais MC's, falamos de uma história dentro da história da cultura hip-hop, que salvou várias gerações fadadas a serem esquecidas e massacradas pelo racismo estrutural no Brasil. “Nós temos oportunidades de escrever a nossa narrativa pelas nossas mãos e voltada para o nosso povo. Isso é a quebra fundamental do epistemicídio que a filósofa Sueli Carneiro cita como uma das primeiras violências que a periferia sofre.”, afirma o historiador. 

O Quinto Elemento

Basta subir as escadas para o segundo andar do museu, para iniciar a imersão ao mundo dos Racionais. Na entrada, à sua direita, é possível ouvir áudios do metrô, com o anúncio das estações. Uma delas, a estação São Bento da linha 1-Azul, foi o berço do hip-hop em São Paulo, na década de 1980. À esquerda está um som com músicas dos Racionais, uma trilha que você irá ouvir em todos os espaços da exposição.

A imagem apresenta três placas, em sequência, com os dizeres "X", "Racionais MC's" e "Vida Loka".
Placas semelhantes às placas com nomes de rua trazem as letras do grupo. Foto: Guilbert Inácio.

No primeiro espaço, podemos ver o figurino do Lorde Joker, além de uma breve explicação da presença recorrente na obra do grupo da figura do palhaço em apresentações e músicas como “Jesus Chorou”, em que Mano Brown canta: “Não entende o que eu sou. Não entende o que eu faço. Não entende a dor e as lágrimas do palhaço.”

A imagem mostra uma fantasia laranja de um palhaço. Ao lado, há uma televisão.
O figurino é usado em shows pelo dançarino de break Jorge Paixão. Foto: Guilbert Inácio. 

Ao adentrar o segundo espaço, você mergulha na ancestralidade do grupo. Primeiro vemos imagens e um pouco da história das mães dos quatro membros, Dona Benedita, mãe e avó de Ice Blue; Dona Ana, mãe do Mano Brown; Dona Maria José, mãe de KL Jay e Dona Natalícia, mãe de Edi Rock. Todas elas são muito importantes para o grupo e ganharam, inclusive, referências em músicas como “Negro Drama” em que Brown canta: “Aí Dona Ana, sem palavra. A senhora é uma rainha, rainha”. 

É nessa área que descobrimos o significado do nome da exposição. Há um painel no local com um exame de DNA dos quatro integrantes que revela o ponto de encontro entre eles ou o quinto elemento – a África.

A imagem mostra um painel com o exame de DNA dos quatro membros dos Racionais MC's
Na “Selva de Pedra”, antes de todos se conhecerem, todos já estavam conectados por meio da ancestralidade. Foto: Guilbert Inácio.

O título se torna ainda mais significativo quando lembramos que a cultura hip-hop é composta por quatro elementos: rap, beat, break dance e grafite. O quinto elemento seria o conhecimento e a filosofia transmitida pelos Racionais, grupo já imortalizado na cultura brasileira, sobretudo na cultura periférica. 

Na terceira área, podemos conhecer um pouco de Pedro Paulo Soares Pereira, o Mano Brown; Paulo Eduardo Salvador, mais conhecido como Ice Blue; Edivaldo Pereira Alves, o Edi Rock e, por fim, Kleber Geraldo Lelis Simões, o KL Jay. Entre os inúmeros objetos, temos o quimono de karatê de Blue e o trombone de seu pai, a CDC do KL Jay, rascunhos de letras de Brown e Edi Rock.

A imagem mostra um bicicleta BMX azul
Primeira BMX de Edi Rock. Foto: Guilbert Inácio. 

O próximo espaço é o “Becos do som e do Tempo”, que está dividido em vários pequenos slots que mostram a trajetória musical do grupo. Podemos ver rascunhos de letras, registros de shows e a história de algumas músicas, além de alguns prêmios conquistados durante a carreira do grupo. 

Algumas produções expostas são “Holocausto Urbano” (1990); “Escolha seu Caminho” (1992); “Raio X do Brasil” (1993); “Sobrevivendo no Inferno” (1997); “Nada Como um Dia Após o outro Dia” (2002).

A imagem mostra um painel com os dizeres "Minha palavra vale um tiro, eu tenho muita munição" e uma foto dos quatro membros dos Racionais MC's. Ao lado, há fotos individuais dos membros.
O grupo confirmou um novo álbum para este ano, mas ainda não divulgou o título da obra nem a data de lançamento. Foto: Guilbert Inácio.

Nos próximos espaços, tem uma área sobre o impacto cultural, um cinema que exibe shows e o local “Trutas que se Foram” em homenagem a várias personalidades da cultura hip-hop que já morreram. A exposição se encerra no camarim, onde estão disponíveis alguns papéis e canetas para quem quiser deixar um registro particular na exposição.

A imagem mostra uma pequena placa com a foto da Dina Di e os dizeres: "Dina Di. Cria da área 019, como as quebradas conhecem a região de Campinas, no interior de São Paulo, Viviane Lopes Matias, a Dina Di, foi uma das mulheres mais importantes do rap no Brasil. Dina era a voz do grupo Visão de Rua. Dona de uma voz forte, assim como sua personalidade, a rapper nasceu em 19 de fevereiro de 1976 e morreu em 19 de março de 2010. Foi uma das primeiras mulheres a conquistar espaço no rap nacional. Dina nos deixou por causa de uma infecção hospitalar, que a atingiu 17 dias após o parto de sua segunda filha, Aline."
Nomes como Sabotage, Chorão, WGI, entre outros são homenageados na exposição. Foto: Guilbert Inácio. 

Segundo Eduardo, a exposição está movimentando bastante o museu, com uma média de 500 a 800 pessoas por dia. Ele conta que o ápice da visitação foi um dia em que 1500 pessoas apareceram no local. O educador complementa que, quando a exibição chegou perto da sua primeira data de encerramento, em maio, as filas para visitar o espaço aumentaram consideravelmente. O que ajudou a administração a decidir pela prorrogação.  

Eduardo também destaca que muitas pessoas vão ao museu achando que ele é elitizado, mas a partir do momento em que eles veem que o Museu das Favelas é acolhedor, com funcionários dispostos a tirar suas dúvidas e com temas que narram o cotidiano da população brasileira, tudo muda. 

 “Dá para sentir que o pessoal se sente acolhido, e tendo um movimento desse com um grupo que é das favelas, das quebradas, que o pessoal se identifica, é muito melhor. Chama atenção e o pessoal consegue ver que o museu também é lugar da periferia”, conclui. 

Impacto Cultural

Os Racionais surgiram em 1988 e, durante todo o trajeto da exposição, podemos ver o quão importante eles são até hoje para a cultura brasileira, seja por meio de suas músicas que denunciaram e denunciam o racismo, a violência do Estado e a miséria na periferia – marcada pela pobreza e pela criminalidade –, seja ocupando outros espaços como as provas nacionais e vestibulares.

A imagem mostra duas provas do Exame do Ensino Médio de 2023 com os trechos "Até no lixão nasce Flor" e É só questão de tempo, o fim do sofrimento".".
Trechos de Vida Loka, parte I e II nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio de 2023 (ENEM). Foto: Guilbert Inácio. 

Em 2021, foi ao ar a primeira temporada do podcast Mano a Mano, conduzido por Brown e a jornalista Semayat Oliveira, que chegou a sua terceira temporada em 2025.

Inclusive, o podcast, que já teve inúmeros convidados da cultura e da política vai virar  um livro, homônimo. A publicação sairá pela Companhia das Letras, que já publicou o livro “Sobrevivendo no Inferno”, em 2017. 

Segundo Tarso, o grupo representa a maior bandeira que a cultura negra e periférica já levantou nesse país, visto por muitos como super-heróis do gueto contra um sistema racista e neoliberal; além de produtores de uma música capaz de mudar a atitude e a perspectiva das pessoas, trazendo autoestima, além de muito conhecimento. 

“Um dos principais motivos do grupo se manter presente no cenário cultural é não se acomodar com a "força da camisa", como cita o Blue.  E sempre buscar ir além artisticamente, fazendo com que seus fãs tendam a ir para o mesmo caminho e continuem admirando sua arte e missão.”, finaliza Tarso. 

 

Serviço

O Museu das Favelas é gratuito e está aberto de terça a domingo, das 10h às 17h, com permanência permitida até às 18h. A retirada dos ingressos pode ser online ou na recepção do museu. Além da exposição “O Quinto Elemento”, também é possível visitar as exibições “Sobre Vivências” e “Favela é Giro”, nos mesmos horários.

Temáticas são abordadas desde os anos 60 no Japão e continuam exploradas até hoje
por
LUCCA CANTARIM DOS SANTOS
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16/06/2025 - 12h

“O sonífero”, projeto criado por Lucca Cantarim, estudante de jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) , tem por objetivo combater a visão reacionária a respeito de temas de gênero no entretenimento.

Trazendo a história da presença de personagens de diversas sexualidades e gêneros nos mangás e animes dentro da mídia japonesa, o autor trás uma reflexão leve, descontraída, porém importante a respeito de uma representatividade tão importante.

Os sete artigos que compõem o projeto estão disponíveis para serem lidos no site “Medium”, no perfil autoral de Lucca. Os textos contém entrevistas com pesquisadores, fãs e até mesmo leitores de dentro da comunidade LGBT que se identificam e se abrem sobre a importância da representatividade para eles.

Disponível em: https://medium.com/@luccacantarim/list/o-sonifero-d19af775653e

 

A banda teve sua última passagem pelo Brasil em 2009 e agora retorna para celebrar sua volta aos palcos
por
Beatriz Vasconcelos
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06/11/2024 - 12h

Após semanas de suspense e expectativa entre os fãs, o Oasis anunciou nesta terça-feira (5) que retornará ao Brasil como parte de sua turnê de reunião em 2025. A banda britânica se apresentará em São Paulo nos dias 22 e 23 de novembro de 2025, no estádio MorumBIS. Os ingressos estarão disponíveis a partir de 13 de novembro deste ano, às 10h, pelo site da Ticketmaster.

Espera-se uma alta demanda, considerando que esta será a primeira passagem do Oasis pelo Brasil depois de 16 anos. O retorno da banda, após um longo período de separação, tem movimentado fãs do rock britânico em todo o mundo, que aguardam ansiosos pela oportunidade única de reviver ao vivo clássicos como “Wonderwall” e “Don’t Look Back in Anger” .

Antes do anúncio oficial, o Oasis já havia deixado pistas estratégicas sobre sua passagem pelo Brasil e outras cidades da América Latina. Na segunda-feira (4), a movimentada Estação da Sé, localizada no centro de São Paulo, foi palco de uma ação promocional que deixou os fãs em alerta. A estação exibiu imagens e frases enigmáticas ligadas à banda, insinuando a possibilidade de shows no país.

A mesma ação foi replicada em Buenos Aires, na Argentina, e em Santiago, no Chile, confirmando que essas cidades também farão parte da aguardada turnê sul-americana. Além disso, nas redes sociais oficiais da banda foram postados vídeos que mostravam os inúmeros pedidos dos fãs para a banda vir ao Brasil, insinuando que novas datas da turnê seriam anunciadas.

 

 

Após 15 anos Oasis retorna aos palcos

O retorno do Oasis aos palcos marca um dos reencontros mais esperados da história do rock moderno. Em agosto deste ano, a banda, formada pelos irmãos Liam e Noel Gallagher, anunciou que faria uma turnê especial para celebrar os 30 anos do álbum “What’s the Story (Morning Glory)”, lançado em 1995 e considerado uma das maiores influências do britpop. O anúncio veio através das redes sociais, com a frase “É isso, está acontecendo!”, que rapidamente se espalhou pela internet, gerando uma onda de euforia e nostalgia entre fãs de diferentes gerações.

A turnê, intitulada “Oasis Live ’25”, terá início em 4 de julho em Cardiff, no País de Gales, e incluirá uma série de quatro shows em Manchester, cidade natal dos Gallagher. O grupo também fará quatro apresentações no icônico estádio de Wembley, em Londres, além de shows em Edimburgo e Dublin.A turnê inclui, ainda, apresentações em outros continentes, como América do Norte e Oceania, antes de chegar à América Latina.

Esse retorno aos palcos ocorre em um momento simbólico, 15 anos após a separação da banda, que em 2009 se desfez em meio a conflitos entre os irmãos Gallagher. Na época, Noel afirmou publicamente que não conseguia mais trabalhar ao lado de Liam, um rompimento que parecia definitivo e que foi marcado por troca de farpas em entrevistas e nas mídias sociais. Essa reconciliação para a turnê de 2025 trouxe surpresa para  muitos fãs, especialmente considerando declarações anteriores de Noel, que havia descartado a possibilidade de uma reunião.

A última passagem do Oasis pelo Brasil e o fim de uma era

A última passagem da banda no Brasil aconteceu  durante a turnê do álbum “Dig Out Your Soul”. Na ocasião, os irmãos Liam e Noel estavam acompanhados pelo baixista Andy Bell e o guitarrista Gem Archer, que também faziam parte da formação final da banda.

A turnê incluiu quatro apresentações no país: a primeira no Rio de Janeiro, que foi transmitida ao vivo pelo canal pago Multishow, seguida de shows em São Paulo, Curitiba e Porto Alegre. Os fãs brasileiros compareceram em peso e puderam assistir à performance ao vivo de grandes canções da banda, que já acumulava hits e uma sólida base de seguidores no país.

O rompimento definitivo do grupo ocorreu em Paris, durante o festival “Rock en Seine”, quando uma discussão nos bastidores levou Noel a decidir abandonar o grupo. Com isso, o show foi cancelado de última hora, deixando fãs decepcionados e encerrando uma era do britpop.

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Relançado em 2024, o filme-concerto ofereceu aos fãs a oportunidade de reviver o auge da banda Talking Heads
por
Rafaela Eid
Nicole Conchon
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04/11/2024 - 12h

“Stop Making Sense”, o filme-concerto da banda Talking Heads, de 1984, é considerado um dos maiores registros musicais da história. Neste ano, quatro décadas após seu lançamento original, o longa voltou às salas de cinema. Foi restaurado em 4K pela produtora A24 e relançado no Brasil pela O2 Play, oferecendo aos fãs a oportunidade de reviver o auge da banda com qualidade cinematográfica aprimorada.

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Pôster do filme original de 1984. Reprodução: Arquivos Adelle Lutz.

Dirigido por Jonathan Demme, que mais tarde assinaria clássicos como “O Silêncio dos Inocentes” e “Filadélfia”, Stop Making Sense foi filmado em dezembro de 1983, no Pantages Theater, em Hollywood, e lançado em 1984. 

A obra captura a energia da banda nova-iorquina, em turnê de divulgação do álbum “Speaking in Tongues”. O filme apresenta o quarteto formado pelo vocalista David Byrne, Tina Weymouth, Chris Frantz e Jerry Harrison, além de artistas convidados como Bernie Worrell e Edna Holt, performando sucessos que definiram os anos 1980, como “Psycho Killer,” “Take Me to the River” e “Once in a Lifetime”.

O que faz Stop Making Sense ser do cinema? 

Existem diversos fatores que contribuem para a obra ser considerada cinematográfica, e isso se dá principalmente aos jogos e ângulos de câmera e a edição das imagens, passando pela preocupação de focar apenas no palco, construindo uma perspectiva única. 

O maior diferencial se dá pela ideia do diretor, que já era cineasta na época, de situar o espectador para o palco, revelando o que acontecerá gradativamente. Ele introduz os outros membros em uma sequência pensada, como se fosse parte da narrativa. A cada música, um novo integrante aparece e, assim, se desenvolve um cenário diferente a cada cena. 

Em entrevista para a Time Magazine, quando a obra fez 30 anos, Demme revelou que sua decisão de filmar os Talking Heads nasceu após assistir a uma apresentação deles no Hollywood Bowl. “O show foi como ver um filme que estava esperando para ser filmado”, declarou. 

Segundo Byrne, Demme enxergava no palco elementos que os próprios membros da banda ainda não haviam notado. “Ele observou a interação das pessoas no palco, que funcionava como se todos tivessem a mesma importância em cena, se víssemos como um roteiro de cinema. Ele também percebeu que, para trazer o espectador para essa percepção, o filme não teria entrevistas ou imagens do público até quase o final”, explicou Byrne para a Time.

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Talking Heads durante performance da música "This Must Be the Place (Naive Melody)". Reprodução: NPR Pins.

40 anos depois, ainda é impactante

Em 2021, “Stop Making Sense” foi adicionado ao Registro Nacional de Filmes da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, em reconhecimento à sua importância cultural e histórica. Um marco importante, anterior a esse, aconteceu em 1985, quando, um ano após seu lançamento, a obra levou o prêmio de Melhor Documentário da National Society of Film Critics.

Em 2024, em seu relançamento, a A24 tem a mesma intenção de trazer a vibração sentida por quem assistiu os shows em 1984, tendo a experiência completa através  de uma produção cinematográfica de qualidade, que transporta os telespectadores diretamente ao Hollywood Pantages Theatre, ação que somente o cinema é capaz de fazer e ser, de fato, a máquina do tempo possível para a humanidade. 

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Com cancelamentos, falta de público e confusão envolvendo o nome da cidade, evento dividiu opiniões
por
Nathalia Teixeira
Barbara Ferreira
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04/11/2024 - 12h

A edição de 2024 do Rock in Rio foi um verdadeiro marco no festival, que completou 40 anos e trouxe grandes nomes nacionais e internacionais. Apesar dos momentos grandiosos, o evento, que ocorreu em setembro, foi marcado por algumas polêmicas pontuadas por críticos e jornais. Relembre os acontecimentos mais marcantes:

Imagem do letreiro do festival
Rock in Rio 2024 — Foto: Roberto Filho/Brazil News

 

Dia “Delas” - 20 de setembro
O “Dia Delas”, em que o festival trouxe apenas artistas femininas para o palco, não foi apenas uma resposta a críticas que o festival havia enfrentado nos últimos anos, mas um verdadeiro manifesto de empoderamento feminino, com artistas como Luedji Luna, Ivete Sangalo e Katy Perry recebendo o destaque.
A abertura de Luedji, acompanhada por Tássia Reis e Xênia França, criou uma atmosfera mágica, enquanto Ivete transformou a Cidade do Rock em um autêntico carnaval, “voando” por cima do público.

Ivete Sangalo durante apresentação do rock in rio, presa em uma tirolesa
Ivete Sangalo 'sobrevoa' show no Rock in Rio 2024 — Foto: Stephanie Rodrigues/g1

Ivete Sangalo 'sobrevoa' show no Rock in Rio 2024 — Foto: Stephanie Rodrigues/g1
Katy Perry abriu sua turnê do novo álbum "143" no Brasil, o que foi um marco para a história da música pop. Ela não só apresentou os novos hits, mas também revisitou clássicos que a tornaram um ícone, unindo gerações de fãs em um espetáculo de cores, figurinos e energia contagiante. Sua presença foi marcante e ela foi um dos shows mais requisitados e esperados no ano.

Katy Perry em seu cenário de borboleta durante show do Rock In Rio
Katy Perry em seu show no Rock in Rio. Foto: Reprodução/Wagner Meier/Getty Images


Dia Brasil – 21 de setembro
O dia 21, mais conhecido como Dia Brasil trouxe uma programação inédita, com um line up exclusivamente brasileiro e com nomes da música sertaneja, que até então nunca estiveram presentes no evento. 
Foram 90 atrações ao todo que compuseram o Dia Brasil, com nomes de diferentes estilos, como trap, MPB, sertanejo, rock e rap. Um fato curioso é que os shows envolviam diversos artistas do mesmo ritmo, como foi o caso do “Para Sempre Funk”, com o MC Livinho, MC Don Juan, MC Dricka, MC Hariel, MC Ig e MC PH no palco. 

Banner com artistas que se apresentaram na performance "Para Sempre Trap"
Banner “Para Sempre Trap” – Foto: Reprodução/ Colagem de Eduardo Pignata /Billboard Brasil
Entrada do festival
Entrada do Rock in Rio 2024 – Foto: Rita Seixas 


O que fez o evento receber críticas foram os cancelamentos de última hora. Os cantores Luan Santana, Ludmilla e Ryan SP, muito comentados e esperados pelo público, não fizeram suas apresentações, gerando revolta e frustração no público. Dos três, vale destacar que a cantora Ludmilla teve divergências com a organização do Rock in Rio na data por conta da sua estrutura, que não foi aceita. Os outros dois cancelaram por motivos externos.

Dia “Nostalgia” – 22 de setembro
O dia 22 trouxe uma onda de nostalgia, com a apresentação de grandes estrelas dos anos 2000: Ne-Yo, Akon e Mariah Carey. O grande headliner da noite foi o cantor de música pop Shawn Mendes, mas, além dele, os brasileiros Ney Matogrosso, Alcione e Belo brilharam em suas apresentações.

A equipe da AGEMT esteve presente no dia em que  Mariah Carey roubou os holofotes e recebeu um público fiel, trajado com camisetas, copos e headbands com o nome da artista. Com dois looks deslumbrantes e uma sequência de sucessos, ela emocionou a plateia.


Já o cantor Ne-Yo entregou uma performance com danças no “estilo Michael Jackson”, um figurino digno de cantor pop. Ele convidou 3 fãs para um “concurso de dança” no palco. O cantor encerrou o show com “Give Me Everything Tonight”, que foi confirmada pela produção do evento como a música mais cantada pelo público.

Foto do cantor Ne-Yo vestido de vermelho em apresentação no Palco Mundo
Apresentação do Ne-Yo no Palco Mundo – Foto: Nathalia Teixeira


O que causou frustração na plateia foi o show de Akon. O cantor, que iniciou o show bem “morno”, não agradou nada nas primeiras canções, que não eram conhecidas pela maior parte da plateia. Além disso, ele soltou algumas vezes a saudação para “São Paulo”, enquanto o evento estava ocorrendo na cidade do Rio de Janeiro.


Além disso, Akon usou e abusou do playback, o que gerou uma série de críticas em veículos como o G1, pois ficou nítido que o cantor não estava exercendo sua função ali no palco. Teve também um momento embaraçoso, no qual o cantor entrou em uma bolha inflável para subir no público e o objeto furou. Para finalizar com “chave de ouro”, ele atrasou o show da cantora Mariah Carey que estava prestes a entrar no palco Sunset – enquanto ele cantava no palco Mundo – e teve seu microfone cortado por extrapolar o limite do horário.


A grande estrela da noite foi o cantor Shawn Mendes, headliner do dia 22. Depois de 5 anos desde a última passagem pelo Brasil e com um cancelamento duvidoso no dia de sua segunda apresentação, o artista se reencontrou com seus fãs brasileiros e apresentou uma nova fase, mais madura e focada na força das canções. Com um setlist que misturou grandes sucessos e novas músicas, Mendes conquistou o público, que cantou junto em momentos emocionantes e já tem data para voltar ao Brasil, no Lollapalooza 2025, que ocorrerá em março.

Cantores de samba e pagode reunidos no Palco Mundo
Show de Alcione com participação de Diogo Nogueira, Majur, Péricles, Mart’nália e Maria Rita – Foto: Nathalia Teixeira/AGEMT

 

Outros destaques do festival
No dia 14 de setembro, a banda NX Zero apresentou o último show da turnê “Cedo ou Tarde”, e trouxe seus maiores sucessos. A partir de agora, os cantores estão trabalhando em um novo projeto e não têm previsão de agenda para futuras apresentações do grupo. A banda não apenas se despediu, mas anunciou o novo momento da carreira.


Outra surpresa foi a participação de Will Smith, que surpreendeu o público e gerou um alvoroço na Cidade do Rock. O icônico ator e rapper subiu ao palco para apresentar uma performance especial, misturando música e carisma em um estilo único que deixou os fãs em êxtase. Will interagiu com a plateia, compartilhou histórias sobre sua carreira e até se juntou a alguns artistas brasileiros em uma “jam session” improvisada. Sua presença trouxe uma energia contagiante e um toque de Hollywood ao festival, o que tornou o momento um dos mais memoráveis da edição. 


Com performances marcantes e uma diversidade de estilos, o Rock in Rio 2024 reafirmou seu papel como um dos maiores festivais de música do mundo. O próprio criador do evento, Roberto Medina, afirmou em coletiva que o Rock in Rio é mais do que um festival de música, é um evento que une a melodia com toda a experiência na “Cidade do Rock”, que envolve gastronomia, diversão e uma queima de fogos que tornam a noite extraordinária. A edição de 40 anos foi um grande momento do ano de 2024 e provou mais uma vez que o evento é o maior ponto de encontro para amantes da música. 

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Exposição acontece até o dia 28 de fevereiro de 2025
por
Bárbara More
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30/10/2024 - 12h
Jun Eun Hye
Legenda: Caricaturista Jung Eun Hye. Crédito: Reprodução/Instagram @amazing.grace_mag

A exposição “Maravilhosa Graça em Todo o Globo”, com as obras da artista sul-coreana Jung Eun Hye, chegou ao Centro Cultural Coreano no Brasil (CCCB), localizado em São Paulo, no dia 13 de outubro de 2024 e permanecerá até o dia 28 de fevereiro de 2025 com entrada gratuita e classificação livre. 

A mostra é uma boa opção de passeio para fazer com a família e conhecer os delicados e únicos desenhos da artista que, segundo o CCCB, explora o “visível e além do visível” em um trabalho que se afasta da arte tradicional e reflete um amor profundo pelas linhas, objetos únicos e abstratos. 

A caricaturista e atriz com Síndrome de Down é conhecida não apenas por seus desenhos, mas também por ter interpretado a personagem Lee Young-hui na série “Amor e Outros Dramas”, lançada pela tvN em 2022 e disponível na Netflix para ser assistida. 
Com um total de 70 obras - incluindo caricaturas de pessoas, animais e reinterpretação de quadros famosos - a exposição é inédita no Brasil e já está ganhando o carinho dos visitantes. O nome é uma referência ao fato de que “Eun Hye”, nome da artista, significa "graça" em português. 

As caricaturas estão dispostas no salão de exposições do Centro Cultural Coreano, com a presença de textos explicativos contando a história da artista e a ideia por trás de suas criações. Há também telões passando vídeos com imagens de Eun Hye. Além das artes dispostas, há um espaço em que os visitantes podem invocar seus dotes artísticos e deixar seus próprios desenhos. 

Maravilhosa Graça em Todo o Globo
Quando:  13 de outubro de 2024 a 28 de fevereiro de 2025
Onde: Centro Cultural Coreano no Brasil (Av. Paulista, 460 - Bela Vista - São Paulo)
Ingressos: Entrada gratuita
 

 

 

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A novidade foi apresentada na Bienal Internacional do Livro e deve ser lançada ainda este ano
por
Nathalia Teixeira
Barbara Ferreira
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30/10/2024 - 12h
Capa do lançamento "De Volta Pra Mim", de Bruna Vieira
Capa do lançamento "De Volta Pra Mim", de Bruna Vieira. Foto: @brunavieira/Instagram/Reprodução

Em setembro, na Bienal Internacional do Livro, a escritora Bruna Vieira participou de uma mesa sobre a adaptação do seu livro “De Volta aos Quinze” para a série homônima da Netflix. Ao lado da atriz Nila, dos roteiristas Vitor Brandt e Gautier Lee, da produtora Carolina Alckmin e de sua agente literária Alessandra Ruiz, Bruna compartilhou a experiência de ter sua obra adaptada e contou como foi ajudar no processo criativo da série.


O livro “De Volta aos Quinze” foi lançado em 2014, coincidentemente durante uma Bienal do Livro, no Rio de Janeiro. Na época, a obra fez sucesso e surgiu com a proposta de ser uma trilogia, que logo ganhou a continuação “De Volta Aos Sonhos”. A premissa é a mesma da série: a protagonista Anita descobre uma forma de voltar no tempo e começa a mudar alguns detalhes do passado, que afetam diretamente sua vida adulta. Apesar do enredo semelhante, a série acaba seguindo um caminho diferente do livro e Bruna disse estar confortável com isso.


“Algumas coisas, na tela, a gente sentiu que fluiu melhor de outra maneira”, contou Vitor Brandt, um dos roteiristas da série. Até mesmo a escolha dos casais foi afetada pela aceitação do público, fator decisivo para decidir quem seria o casal endgame nas telinhas.


Dez anos se passaram e o fim da história nos livros nunca aconteceu. O terceiro livro não saiu e Bruna contou que não estava preparada para fechar o ciclo, ainda mais considerando que, na época que publicou os dois primeiros, ela tinha apenas 18 anos e não possuía vivências o suficiente para colocar as experiências da Anita de 30 anos, como contou. Na série, a primeira temporada estreou em 2022.


A produtora Carolina Alckmin contou que escolheu o livro para a adaptação na TV por sua autenticidade, mas principalmente por causa da personagem principal, Anita, que consegue se conectar ao público por se abrir com o leitor/telespectador. Com diferenças na construção de personagens e no final da narrativa, a série “De Volta Aos Quinze” conseguiu unir as antigas leitoras da Bruna Vieira com a nova geração. 


Em entrevista ao UOL, a escritora falou sobre a produção da sequência que fechará a trilogia no universo literário e o que espera com o trabalho. “O foco da história é a nostalgia, é conversar com o nosso eu adolescente, entender o que precisa de atenção e mais cuidado", afirmou a autora. Ela também contou que vai abordar temas que possuem mais discussão e relevância nos dias atuais, como diversidade e saúde mental, assuntos mais explorados na série. 

Representatividade

Mesa "De Volta Aos Quinze"
Mesa "De Volta Aos Quinze", na Bienal do Livro - Foto: Nathalia Teixeira/AGEMT


Durante a Bienal, em que a AGEMT esteve presente, a diversidade foi um dos focos que chamou a atenção na adaptação para a Netflix. No evento, Gautier Lee, roteirista da série, falou sobre a adaptação para as telas e abordou a representatividade LGBTQIAP+: “É muito gostoso [fazer parte desse trabalho], porque eu estou na série desde a segunda temporada. Quando eu chego no set de filmagem, tenho como diretora assistente e contato pessoal/profissional com a Nila (atriz que interpreta a Camila na série) e a Alice, nós somos 3 pessoas trans pensando numa personagem trans juntas e com pontos de vista muito diferentes […] essas tramas não afetam somente a personagem da minoria, mas todos os personagens”.


César é um adolescente que se descobre Camila, uma garota e, posteriormente, mulher trans. Nila interpreta o início da transição da personagem e Alice Marcone vive a Camila na fase adulta. As duas contaram as dores e as delícias do crescimento de um adolescente trans que se torna uma escritora de sucesso na vida adulta.


A atriz Nila iniciou sua transição em paralelo com as filmagens da série. Disse: “Meu material de trabalho é quem eu sou. Todas as experiências que eu tenho de vida, tudo o que é atravessado pelo meu emocional e pelo meu corpo, serve, mais tarde, como meu arsenal de trabalho”.


“2020 foi o ano em que eu passei a ter mais contato com pessoas trans e a série desaguou justamente no momento em que eu estava decidida a cruzar certas linhas de todo o processo. Então, desde a primeira temporada em que a gente começou a debater e construir essa personagem, pra mim era muito importante criar uma personagem que não fosse resumida a narrativa de ser uma pessoa trans”, completou.


Ela disse também sobre o público estar interessado por novas narrativas, e que considera a série um projeto pioneiro: “Temos muitos filmes que exemplificam esse conflito de gênero, mas, em sua maioria, em lugar de tragédia, autodepreciação e rejeição. Nesse projeto, não deixamos de falar sobre as coisas ruins do processo, mas vemos esse personagem se fortalecendo em meio às dificuldades”.


Para Gautier, o projeto é uma série que conforta e se torna importante para a adolescência de pessoas queer, que terão personagens como estes como meio de representação. Segundo a roteirista, quando existem pessoas queer em posição de decisão, fica mais palpável levar a representatividade para o projeto.
Bruna Vieira complementou, também durante o evento, que ao trazerem esse temas para dentro de casa através da série, é possível abordar assuntos sérios de uma forma muito mais leve. 


“Eu ouvia da direção que a ideia inicial é que o César fosse um personagem muito bem resolvido, e essa é uma má concepção de todo personagem LGBT. Na verdade, essa personagem está completamente deslocada e cria toda uma atmosfera para caber dentro, porque está tentando ficar confortável consigo mesma”, disse.


“Ouço muitas pessoas dizendo que em 2006 (período em que se passa a fase inicial da trama), as coisas não eram assim. De fato! As coisas eram piores. Precisamos criar novos imaginários para isso. Temos a chance de remodelar o que vivemos para criar uma perspectiva de futuro mais interessante. Voltamos no passado para recriar uma nova narrativa de futuro. Essa é a ideia da criação de projeto na atualidade: a série está sendo exibida em qual ano, para quais pessoas e com quais perspectivas?” finaliza Nila, à AGEMT. 


“De volta pra Mim” ainda não tem data de lançamento, mas fará o fechamento da história, com a maturidade dos 30 anos que a autora possui agora. A previsão é que as vendas se iniciem em dezembro. “Agora que eu tenho 30 anos, eu estou pronta para criar a “Anita 30” ou, pelo menos, amadurecer algumas questões que, na época, eram pura projeção da minha cabeça.[...] Nesse livro tem uma Anitta mais madura, mas que precisa se curar. O livro é dedicado a meninas que cresceram comigo e agora estão chegando nos 30 junto comigo!”, revelou, por fim, a autora.
 

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