Movimento apresenta mais de 1 milhão de assinaturas para a União Europeia
por
Thomas Fernandez
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22/09/2025 - 12h

 

O movimento “Stop Killing Game” criado por Ross Scott, do canal Accursed Farms, apresentou em 2025 mais de 1 milhão de assinaturas à União Europeia para exigir medidas que impeçam a remoção e desligamento de jogos digitais. A preservação é definida como um conjunto de ações voltado a manter a integridade de bens, documentos ou pessoas, tendo museus e centros históricos como instituições dedicadas a essa tarefa. 

No campo do entretenimento, os videogames se destacam como a indústria que mais cresce desde a década de 1950. Apesar do seu impacto econômico e cultural, eles recebem atenção limitada em políticas e práticas de preservação, diferente de outras formas de arte, como cinema, televisão e literatura. 

Devido a inacessibilidade de jogos comprados por consumidores, a proposta do movimento é simples, mas poderosa: proteger os consumidores e preservar os videogames, trazendo as práticas recorrentes de empresas que fecham os servidores ou retiram os jogos do mercado digital, apagando não apenas produtos, mas também capítulos de história cultural dos videogames.

Foto do criador do movimento, Stop Killing Games, Ross Scott
Ross Scott, criador do movimento Stop Killing Games.  Foto: REPRODUÇÃO/YOUTUBE Accursed Farms
 

A iniciativa se transformou em “Stop Destroying Videogames”, utilizando a Iniciativa de Cidadania Europeia, uma ferramenta disponível para cidadãos da União Europeia para levarem questões diretamente ao parlamento europeu. A petição foi registrada em junho do ano passado e começou a coletar assinaturas no dia 31 de julho de 2024. No mesmo dia, Scott, soltou um vídeo com o título "Europeans can save gaming!", que compartilha sobre como o movimento pode levar a criação de lei com um número alto de assinaturas e apoiadores. 

Ele destaca que a criação da lei não era uma certeza, entretanto, apontava que existem fatores, como: o alinhamento com outras políticas para consumidores e indefinições jurídicas nas práticas no meio dos games. Esses pontos reforçam que o sucesso está no futuro do movimento. Depois de alcançar 1 milhão de assinantes e realizar uma vistoria -  para desconsiderar menores de idade, duplicidades e pessoas fora da UE - a petição apresentou 97% de validação das assinaturas.

A preocupação é  quando um jogo é removido das lojas digitais ou tem os serviços online desligados, pois deixa de ser acessível para futuras gerações de gamers. Um dos casos mais conhecidos foi do “Project CARS 3”, lançado em 2020. O produto foi retirado de circulação para venda e fecharam os servidores, tornando-se praticamente inacessível. 

O mesmo ocorre com títulos de grandes estúdios como Ubisoft e EA, sendo uma tendência que preocupa colecionadores, consumidores e fãs. Diferente de filmes, livros e músicas, que possuem mais facilidade para sua preservação, os games dependem de vários fatores: chaves digitais, servidores e licenciamento contínuo para existir. Para isso, a preservação não exige somente de vontade cultural, mas também mudanças legais e regulatórias.

No Brasil, esse debate começou a ganhar relevância em 2024, com a aprovação do Marco Legal da Indústria de Jogos Eletrônicos (Lei nº 14.852/2024). Embora a lei tenha o intuito de incentivar o crescimento do setor no país e atrair investidores, ela também abre espaço para a reflexão sobre o ciclo de vida dos jogos e sua preservação como patrimônio cultural. A luta pela proteção e cuidados dos videogames não é apenas dos jogadores nostálgicos, mas também uma questão cultural e de direito de acesso.

O “Stop Killing Games” mostra que, diante da lógica do mercado, há fãs dispostos a lutar para que os jogos não desapareçam.Se no passado os museus se dedicaram a guardar fósseis, manuscritos e obras de arte, o futuro terá que olhar também para os consoles, cartuchos e CDs. Porque, como lembra o movimento, “ao desligar um jogo, não se mata apenas um software, se apaga uma parte da história”.

 

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Profissionais da área relatam dificuldade de valorização, ausência de políticas públicas e dependência do mercado internacional para manter a carreira
por
Fernanda Dias
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18/09/2025 - 12h

A escultura no Brasil ainda é um campo pouco explorado e com inúmeros desafios, como a falta de políticas públicas, a ausência de incentivo cultural e um universo ainda limitado de pessoas dispostas a investir em arte no país. Para manter a profissão viva, muitos artistas recorrem ao mercado internacional e às redes sociais como alternativa de divulgação.

No cenário brasileiro, a escultura não ocupa o mesmo espaço que outras linguagens artísticas, como a música ou as artes visuais mais populares. O escultor Rick Fernandes, que atua na área desde a década de 1990, observa que a profissão ainda carece de reconhecimento cultural. “O brasileiro não tem a mesma tradição que americanos e europeus em colecionar arte. Muitas vezes, as prioridades econômicas acabam afastando o público”, afirma.

Esse distanciamento é agravado pela falta de políticas voltadas à categoria. Projetos de incentivo que poderiam estimular a prática da escultura em escolas ou em comunidades raramente são aprovados. Fernandes relembra tentativas frustradas em 2015 e 2023 de levar oficinas para jovens da periferia e para pessoas com deficiência. “Os incentivos, em sua maioria, estão voltados para música e grandes eventos. Nichos como a escultura ficam esquecidos”, critica.

   Rick Fernandes produzindo sua peça - foto: https://www.rfstudiofx.com/


                    Rick Fernandes produzindo sua peça - foto: https://www.rfstudiofx.com/

No mercado, outro obstáculo é a dificuldade de concorrer com produtos industrializados ou importados. Segundo Fernandes isso faz que muitos escultores direcionem suas obras ao exterior, onde encontram colecionadores e compradores mais fiéis. O artista calcula que cerca de 80% de suas encomendas vêm de fora do Brasil. Mesmo com a popularização de novas tecnologias, como impressoras 3D, ele destaca que há demanda para trabalhos exclusivos, o que mantém a escultura tradicional relevante.

As redes sociais têm sido fundamentais para reduzir a distância entre artistas e público. Plataformas como o Instagram permitem que escultores apresentem seus portfólios, encontrem clientes e troquem experiências em comunidades digitais. “Muitos dos meus contatos surgiram através da rede. É uma vitrine essencial para quem vive da arte”, ressalta o escultor.

Além do mercado e do incentivo, a valorização da escultura ainda depende de uma mudança de percepção social sobre o trabalho manual e artístico. Para Fernandes, investir na formação desde cedo é o caminho. “Campanhas nas escolas de ensino fundamental poderiam fazer a diferença. As crianças têm fome de aprender coisas novas e a escultura poderia ser mais explorada nesse ambiente”, defende.

Apesar das dificuldades, Fernandes garante que nunca pensou em desistir, movido por “amor e diversão”. Além de manter o estúdio, ele atua como professor. Nem todos tiveram a mesma sorte. A artista Júlia Dias, por exemplo, faz esculturas desde 2006, mas até hoje não tem uma base fixa de clientes, vivendo em meio à instabilidade de demandas que atinge grande parte dos escultores.

O campo da escultura se divide em diferentes níveis de atuação. Enquanto alguns artistas trabalham com peças decorativas ou personalizadas para ocasiões como aniversários e eventos, outros produzem obras direcionadas a colecionadores e galerias. Essa variedade mostra como a atividade é ampla, mas também deixa claro que nem tudo recebe o mesmo valor: trabalhos voltados ao mercado de luxo encontram maior reconhecimento e retorno financeiro, enquanto produções mais populares ainda lutam por espaço e estabilidade.

Outro desafio está ligado ao custo e ao acesso a materiais de qualidade. Fernandes explica que utiliza plastilina para modelagem, moldes de silicone para a finalização e resina de poliestone para as peças finais, com acabamento em aerógrafo e pincel. Segundo ele, os materiais nacionais apresentam bom custo-benefício e já não ficam atrás dos importados. Ainda assim, os gastos para manter a produção podem ser elevados, principalmente para quem não conta com retorno constante do mercado.

Apesar de não existirem editais exclusivos para escultores no Brasil, a categoria pode concorrer em programas de incentivo mais amplos voltados às artes visuais e à cultura. Iniciativas como os editais da Funarte (Fundação Nacional de Artes, do governo federal), o ProAC (Programa de Ação Cultural, mantido pelo governo de São Paulo)  e leis de incentivo fiscal possibilitam que projetos de escultura recebam apoio. No entanto, a concorrência é acirrada e a escultura segue como um nicho pouco contemplado, o que reforça a sensação de invisibilidade entre os artistas da área.

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Último final de semana do evento ficou marcado por performances que misturaram passado, presente e futuro
por
Jessica Castro
Vítor Nhoatto
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16/09/2025 - 12h

A segunda edição do festival The Town se despediu de São Paulo com um resultado positivo e bastante barulho. Durante os dias 12, 13 e 14 de setembro, pisaram nos palcos do Autódromo de Interlagos nomes como Backstreet Boys, Mariah Carey, Ivete Sangalo e Katy Perry.

Realizado a cada dois anos em alternância ao irmão consolidado Rock In Rio, é organizado também pela Rock World, da família do empresário Gabriel Medina. Sua primeira realização foi em 2023, em uma aposta de tornar a cidade da música paulista, e preencher o intervalo de um ano do concorrente Lollapalooza.

Mais uma vez em setembro, grandes nomes do cenário nacional e internacional atraíram 420 mil pessoas durante cinco dias divididos em dois finais de semana. O número é menor que o da estreia, com 500 mil espectadores, mas ainda de acordo com a organizadora do evento, o impacto na cidade aumentou. Foram movimentados R$2,2 bilhões, aumento de 21% segundo estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Após um primeiro final de semana marcado por uma apresentação imponente do rapper Travis Scott no sábado (6), único dia com ingressos esgotados, e um domingo (7) energético com o rock do Green Day, foi a vez do pop invadir a zona sul da capital. 

Os portões seguiram abrindo ao meio dia, tal qual o serviço de transporte expresso do festival. Além disso, as opções variadas de alimentação, com opções vegetarianas e veganas, banheiros bem sinalizados e muitas ativações dos patrocinadores foram pontos positivos. No entanto, a distância entre o palco secundário (The One) e o principal (Skyline), além da inclinação do terreno no último, continuaram provocando críticas.

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Segundo estudo da FGV, 177 mil litros de chope e 106 mil hambúrgueres foram consumidos nos 5 dias de evento - Foto: Live Marketing News / Reprodução

Sexta-feira (12)

Jason Derulo animou o público na noite de sexta com um espetáculo cheio de energia e coreografias impactantes. Em meio a hits como “Talk Dirty”, “Wiggle” e “Want to Want Me”, o cantor mesclou pop e R&B destacando sua potência vocal, além de entregar muito carisma e sensualidade durante a apresentação.

A noite, aquecida por Derulo, ganhou clima nostálgico com os Backstreet Boys, que transformaram o palco em uma viagem ao auge dos anos 90. Ao som de clássicos como “I Want It That Way” e “As Long As You Love Me”, a plateia virou um grande coral emocionado, enquanto as coreografias reforçavam a identidade da boyband. Três décadas depois, o grupo mostrou que ainda sabe comandar multidões com carisma e sintonia.

Com novo visual, Luísa Sonza enfrentou o frio paulista com um figurino ousado e um show cheio de atitude no Palco The One. Além dos próprios sucessos que a consagraram no pop, a cantora surpreendeu ao incluir releituras de clássicos da música brasileira, indo de “Louras Geladas”, do RPM, a uma homenagem emocionante a Rita Lee com “Amor e Sexo”. A mistura de hits atuais, performances coreografadas e referências à MPB agitou a platéia.

E completando a presença de potências nacionais, Pedro Sampaio fez uma apresentação histórica para o público e para si, alegando que gastou milhões para tudo acontecer. A banda Jota Quest acalentou corações nostálgicos, e nomes em ascensão no cenário do funk e rap como Duquesa e Keyblack agitaram a platéia. 

Sábado (13)

No sábado (13), o festival reuniu diferentes gerações da música, com encontros que alternaram festa, emoção e mais nostalgia. Ivete Sangalo levou a energia de um carnaval baiano para o The Town. Colorida, divertida e sempre próxima da multidão, fez do show uma festa ao ar livre, com direito a roda de samba e participação surpresa de ritmistas que incendiaram ainda mais a apresentação. O repertório, que atravessa gerações, transformou a noite em um daqueles encontros em que ninguém consegue ficar parado.

Mais íntimo e afetivo, Lionel Richie trouxe outro clima para a noite fria da cidade da música. Quando sentou ao piano para entoar “Hello”, parecia que o festival inteiro tinha parado para ouvi-lo. A emoção foi tanta que, dois dias depois, o cantor usou as redes sociais para agradecer pelo carinho recebido em São Paulo, declarando que ainda sentia o amor do público brasileiro.

A diva Mariah Carey apostou no glamour e em seu repertório de baladas imortais. A performance, embora marcada por certa distância, encontrou momentos de brilho quando dedicou uma música ao público brasileiro, gesto que foi recebido com emoção. Hits como “Hero” e “We Belong Together” reafirmaram o status da cantora como uma das maiores vozes do pop mundial.

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Vestindo as cores do Brasil, Mariah manteve seu estilo pleno, o que não foi positivo dessa vez - Foto: Ellen Artie

O festival também abriu espaço para outras vozes marcantes. Jessie J emocionou em um show acústico intimista, feito apesar de estar em tratamento contra um câncer de mama — e que acabou sendo o único da cantora na América do Sul após o cancelamento das demais datas na América do Norte e Europa. 

Glória Groove incendiou o público com sua potência performática e visual, enquanto Criolo trouxe poesia afiada e versos de impacto, lembrando a força política do rap. MC Livinho levou o funk a outro patamar e anunciou seu novo projeto de carreira em R&B. Péricles encerrou sua participação em clima caloroso de roda de samba, onde cada espectador parecia parte de um grande encontro entre amigos.

Domingo (14)

Com Joelma, o The Town se transformou em um baile popular de cores, brilhos e danças frenéticas. A cantora revisitou sucessos da época da banda Calypso e apresentou a força de sua carreira solo, mas também abriu espaço para artistas nortistas como Dona Onete, Gaby Amarantos e Zaynara. 

O gesto deu visibilidade a uma cena muitas vezes esquecida nos grandes festivais e reforçou sua identidade como representante da cultura amazônica. Com plateia recheada, a artista mostrou que a demanda é alta.

No início da noite, em um horário um pouco melhor que sua última apresentação no Rock In Rio, Ludmilla mobilizou milhares de pessoas no palco secundário. Atravessando hits de sua carreira como “Favela Chegou”, “É Hoje” e sucessos do Numanice, entregou presença de palco e coreografias sensuais. A carioca também surpreendeu a todos com a aparição da cantora estadunidense Victória Monet para a parceria “Cam Girl”.

Sem atrasos, às 20:30, foi a vez então de Camila Cabello levar ao palco o último show da C,XOXO tour. A performance da cubana foi marcada pelo seu carisma e declarações em português como “eu te amo Brasil” e “tenho uma relação muito especial com o Brasil [...] me sinto meio brasileira”. Hits do início de sua carreira solo animaram, como “Bad Kind Of Butterflies” e “Never Be The Same”, além de quase todas as faixas do seu último álbum de 2024, que dá nome à turnê, como “HE KNOWS” e “I LUV IT”. 

A performance potente e animada, que mesclou reggaeton e eletrônica, ainda contou com o funk “Tubarão Te Amo” e uma versão acapella de “Ai Se Eu Te Pego” de Michel Teló. Seguindo, logo após “Señorita”, parceria com o seu ex-namorado, Shawn Mendes, ela cantou “Bam Bam”, brincando com a plateia que aquela canção era para se livrar das pessoas negativas. Vestindo uma camiseta do Brasil e com uma bandeira, encerrou o show de uma hora e meia com “Havana”.

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Com coreografia, grande estrutura metálica e vocais potentes, Camila entregou um show de diva pop - Foto: Taba Querino / Estadão

Para encerrar o festival, Katy Perry trouxe espetáculo em grande escala, mas não deixou faltar momentos de intimidade. A apresentação iniciada pontualmente às 23h15 teve direito a pirotecnias, muitos efeitos especiais e um discurso emocionante da cantora sobre a importância de trazer sua turnê para a América do Sul. 

Em meio a cenários lúdicos, trocas de figurino e um repertório recheado de hits, Katy Perry chamou o fã André Bitencourt ao palco para cantarem juntos “The One That Got Away”, o que levou o público ao delírio. O show integrou a turnê The Lifetimes World Tour, e deixou a impressão de que a artista fez questão de entregar em São Paulo um dos capítulos mais completos dessa jornada.

No último dia, outros públicos foram contemplados também, com o colombiano J Balvin, dono de hits como “Mi Gente”, e uma atmosfera poderosa com IZA de cleópatra ocupando o palco principal no início da tarde. Dennis DJ agitou com funk no palco The One e, completando a proposta do festival de dar espaço a todos os ritmos e artistas, Belo e a Orquestra Sinfônica Heliópolis marcaram presença no palco Quebrada. 

A cidade da música em solo paulista entregou o que prometia, grandes estruturas e um line up potente, mas ainda segue construindo sua identidade e se aperfeiçoando. A terceira edição já foi inclusive confirmada para 2027 pelo prefeito Ricardo Nunes e a vice-presidente da Rock World, Roberta Medina em coletiva na segunda-feira (15).

Festival reúne multidões, entrega shows históricos e consagra marco na cena musical brasileira
por
Khadijah Calil
Lais Romagnoli
Yasmin Solon
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10/09/2025 - 12h

Com mais de 100 mil pessoas por dia, o The Town estreou no último fim de semana, 6 e 7 de setembro, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo.

Travis Scott encerrou o sábado (6) no palco Skyline com um show eletrizante, enquanto Lauryn Hill emocionava fãs no palco The One ao lado dos filhos YG e Zion Marley. No domingo (7), os destaques ficaram por conta de Green Day e Iggy Pop, além de apresentações de Bad Religion, Capital Inicial e CPM 22.

O festival retoma a programação nos dias 12, 13 e 14 de setembro, com shows de Backstreet Boys, Mariah Carey, Lionel Richie e Katy Perry.

“The Flight”: o balé aéreo que surpreendeu no The Town. Foto: Khadijah Calil
“The Flight”: o balé aéreo que surpreendeu no The Town. Foto: Khadijah Calil 
Fãs aguardam o início dos shows no gramado do Autódromo de Interlagos. Foto: Khadijah Calil
Fãs aguardam o início dos shows no gramado do Autódromo de Interlagos. Foto: Khadijah Calil 
Espalhados pelo Autódromo de Interlagos, brinquedos e atrações visuais oferecem ao público momentos de lazer entre os shows. Foto: Khadijah Calil
Espalhados pelo Autódromo de Interlagos, brinquedos e atrações visuais oferecem ao público momentos de lazer entre os shows. Foto: Khadijah Calil 
Capital Inicial leva o rock nacional ao palco Factory, na abertura do segundo dia. Foto: Khadijah Calil
Palco Factory, que recebeu o Capital Inicial na abertura do segundo dia. Foto: Khadijah Calil 
Palco Skyline iluminado durante o show de encerramento do sábado (6). Foto: Lais Romagnoli
Palco Skyline iluminado durante o show de encerramento do sábado (6). Foto: Lais Romagnoli
Iluminação e cenografia transformam Interlagos durante a primeira edição do festival. Foto: Lais Romagnoli
Iluminação e cenografia transformam Interlagos durante a primeira edição do festival. Foto: Lais Romagnoli
Matuê leva o trap nacional ao palco The One no primeiro dia de festival. Foto: Yasmin Solon
Matuê leva o trap nacional ao palco The One no primeiro dia de festival. Foto: Yasmin Solon
Público lota a Cidade da Música durante o primeiro fim de semana do The Town. Foto: Yasmin Solon
Público lota a Cidade da Música durante o primeiro fim de semana do The Town. Foto: Yasmin Solon

 

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Colombiana ficou conhecida por misturar crítica social, poesia e arte
por
Khadijah Calil
Lais Romagnoli
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09/09/2025 - 12h

 

Da Colômbia para o Edifício Pina Luz, Beatriz González ganha uma homenagem em celebração aos seus mais de 60 anos de carreira. Na Pinacoteca de São Paulo, a exposição Beatriz González: a imagem em trânsito reúne mais de 100 trabalhos da artista, produzidos desde a década de 1960.

Beatriz González
Beatriz González trabalha em sua obra 'Telón de la móvil y cambiante naturaleza', de 1978. Foto: Reprodução.

Reconhecida como uma das maiores personalidades da arte latino-americana, a colombiana se destacou ao transformar peças de mobiliário em pinturas. Com a política e cultura de seu país como inspiração, Beatriz combina crítica social e poesia em suas telas, como em Yolanda nos Altares, onde representa agricultores que lutavam pela devolução de suas terras, roubadas por um grupo paramilitar. 

A artista tem sua primeira mostra individual no Brasil espalhada por sete salas da Pinacoteca. A última vez que suas obras foram expostas no Brasil foi em 1971, na 11ª Bienal de São Paulo.

Logo no início da mostra, o público se depara com um espaço dedicado à reprodução e circulação artística na mídia. Um dos trabalhos mais icônicos da artista, Decoración de interiores, marca presença na sala. Uma cortina estampada com o retrato do então presidente da época (1978-1982), Julio César Turbay, questiona o peso da hierarquia presidencial.

Obra
'A Última Mesa'. Foto: Reprodução

 

Do conflito armado colombiano até suas vivências em comunidades indígenas, González extrai registros da imprensa para suas pinceladas. Entre as obras expostas, Los Suicidas del Sisga toma forma a partir de um caso real sobre um duplo suicídio cometido por um casal, refletindo sobre os códigos que vinculam a imagem à crônica policial e sua reprodução nos meios de comunicação de massa. Mais tarde, Beatriz passa a focar na iconografia política colombiana, como a tomada do Palácio da Justiça.

No catálogo, também estão releituras de clássicos contemporâneos. Entre elas, González dá uma nova cara a Mulheres no jardim, de Claude Monet, em Sea culto, siembre árboles regale más libros.

A série Pictogramas particulares encerra a exposição. Nela, a colombiana lança luz sobre a migração forçada, desastres ambientais e a violência nos territórios rurais. A partir de placas de trânsito, a artista representa hipóteses de crise social.

Em cartaz até 1º de fevereiro de 2026, a mostra conta com curadoria de Pollyana Quintella e Natalia Gutiérrez.

Serviço:

  • Local: edifício Pina Luz
  • Data: de 30 de agosto até 1 de fevereiro de 2026
  • Endereço: Praça da Luz, 2, Bom Retiro, São Paulo — SP
  • Valor: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia-entrada). Gratuito aos sábados
  • Horário de funcionamento: de quarta a segunda, das 10h às 18h
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França recebeu o prêmio pelo filme, que foi gravado no Brasil
por
Ana Clara Farias
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07/03/2025 - 12h

 

Vencedor do Oscar de melhor filme internacional, “Ainda Estou Aqui”’ é a produção responsável por trazer a primeira estatueta da Academia para o Brasil, mas não é a primeira obra feita por brasileiros a ganhar esta categoria. Em 1960, “Orfeu Negro”, dirigido por Marcel Camus (1912-1980), foi o ganhador, mas apesar de se passar no Brasil e retratar a cultura brasileira, o país que levou o prêmio foi a França.

O motivo era que a produtora brasileira responsável, Tupan Filmes, não foi a única e tampouco a principal responsável pelo longa. Na verdade, se tratava de uma coprodução ítalo-franco-brasileira em colaboração com a produtora italiana Gemma Cinematografica  e a francesa Dispat Films, esta sendo considerada a determinante, conduzida pelo francês Sacha Gordine (1910-1968).

Pôster de divulgação
Pôster de divulgação

 

Apesar do crédito ter sido dos franceses, a história é inteiramente dotada de elementos brasileiros e gravada em língua portuguesa. “Orfeu Negro” se passa em uma favela do Rio de Janeiro durante o período do carnaval e a trama é baseada na peça ‘Orfeu da Conceição’, de Vinicius de Moraes, uma recontagem do mito grego de Orfeu e Eurídice.

Assim como na tragédia grega, o drama gira em torno da união entre a música e a poesia, tendo o romance e a morte como os condutores do enredo. A ideia de uma narrativa clássica que preza a importância e o significado da música foi recontada com as melodias e a cultura brasileira em sua essência.

Vinicius de Moraes também participou da trilha sonora do filme, junto com Tom Jobim (1927-1994) e Luís Bonfá (1922-2001). Antônio Maria (1921-1964) teve músicas incluídas e o cantor Agostinho dos Santos (1932-1973) foi o intérprete da música-tema “Manhã de Carnaval”, mas nenhum desses dois e nem Moraes foram creditados. 

Casal do filme de mãos dadas
Cena do filme de 1959. Foto: divulgação

No elenco, os atores brasileiros Breno Mello (1931-2008) e Marpessa  Dawn (1934-2008) foram os protagonistas e os artistas Tião Macalé (1926-1993) e Cartola (1908-1980) fizeram uma participação especial. 

Além do prêmio da Academia, “Orfeu Negro” também recebeu a Palma de Ouro no festival de Cannes, da França e o Globo de Ouro de melhor filme internacional. Também foi indicado ao BAFTA (British Academy of Film and Television Arts) na categoria de melhor filme, mas perdeu para “Se Meu Apartamento Falasse” do diretor Billy Wilder. 

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Em seu novo trabalho, Abebe se confirma como um dos imortais na cena do rap nacional
por
Laila Santos
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28/02/2025 - 12h

O rapper, escritor e compositor Abebe Bikila Costa Santos, conhecido como BK, lançou seu quinto álbum de estúdio em 28 de janeiro, intitulado “Diamantes, Lágrimas e Rostos para Esquecer” (DLRE). Com 16 faixas e participações de diferentes representantes da música brasileira, o disco conta com Djavan, Pretinho da Serra, Evinha, Fat Family, Borges, Mc Maneirinho, Luedji Luna, Luciana Mello, Maui, Melly, Jenni Rocha e Fye Bwoii. 

24h após a estreia, o álbum estava nos principais charts das plataformas de streaming: Spotify, Apple Music, Deezer e YouTube Music.  

A ideia inicial de sua nova obra foi explorar o uso de samples, utilizando somente modelos brasileiros que, segundo o compositor em uma entrevista para o Spotify Brasil, é algo que foi “se perdendo no nosso ‘rolé’ do rap.” 

O projeto, além da identidade visual diferenciada, tem a proposta de trazer uma visão de jornada pessoal, de se desligar de algumas coisas do passado para seguir em frente e reconhecer que isso é doído, e também sobre como as pessoas estão sempre correndo de algo ou correndo em direção a algo. O cantor explicou para o Hypebeast Brasil: “Fala muito sobre você ir para próxima fase... Continuar. Sobre você seguir, desapegar de algumas coisas, deixar pelo caminho, para poder continuar seguindo o seu caminho. Poder criar, crescer e fazer se entender... Então o disco vai por aí, né?! E com esse conceito em mente vou tentando falar de várias perspectivas, vários pontos de vista sobre esse 'desapego'.” 

É como se o artista compartilhasse seus labirintos com o público e, ao mesmo tempo, transmitisse a sensação de algo no coletivo, íntimo para o ouvinte. 

Em processo de criação desde o final de 2023, o fluminense organizou uma audição exclusiva para o nascimento de DLRE. Com a presença de 800 fãs que foram sorteados, o evento ocorreu nos dias 27 e 28 de janeiro, no Circo Voador, Rio de Janeiro.

 

BK' na audição do álbum DLRE
BK na audição do álbum DLRE / Reprodução: Instagram @bkttlapa 

 

“O BANDO NÃO ESPERA, SE FICAR O MONSTRO TE DEVORA. OU CORRE OU MORRE.” - O FILME DE DLRE 

Com a carga pessoal que o trabalho carrega, BK apresentou um pouco do disco no dia 26 de janeiro, através de  um curta-metragem que tem relações com suas raízes. A produção foi gravada em Harar, na Etiópia, país de origem do atleta Abebe Bikila, um dos maiores maratonistas do mundo e de quem o rapper carrega o nome, homenagem de sua mãe, que é militante do movimento negro desde os anos 1980. 

O compositor revelou, no podcast PODPAH, que o país de onde surgiu a inspiração do seu nome foi, justamente, o local onde encontraram as hienas, a figura da lenda citada no filme, menos perigosas para as gravações. 

 

Hiena do filme “Diamantes, Lágrimas e Rostos para Esquecer”
Hiena do filme “Diamantes, Lágrimas e Rostos para Esquecer” / Reprodução: Instagram @bkttlapa  

 

O filme é dividido entre alguns trechos das músicas e entre uma lenda, muito antiga, que apresenta um monstro misterioso, onipresente e sempre na espreita para atacar: “Uma lenda mais antiga do que a nossa própria existência. Que habita nas sombras. [...] Uma risada que precede o ataque. [...] O bando marcha, o monstro observa. Ele está em todos os lugares. Pronto para dilacerar qualquer um que se entregue à sua própria indolência”.  

Na faixa “Monstro”, o escritor faz a pergunta: “Quem é o monstro? Eu ou o tempo?”, sugerindo que a lenda seria uma metáfora ao tempo, mas BK deixa aberto à imaginação do público.     

   

Código de Conduta de ”Diamantes, Lágrimas e Rostos para Esquecer”
Código de Conduta de ”Diamantes, Lágrimas e Rostos para Esquecer” / Reprodução: Youtube 

   

ARTISTA COM “A” MAIÚSCULO  

O artista começou a fazer rap porque tinha vontade de falar ao mundo o que pensa e sente. Ainda para o PODPAH ele declara que não quer vender coisas irreais em suas músicas, “[...] eu sou um cara que, apesar de todo o meu talento, eu tive sorte. Eu sei o que eu passei na minha vida.”, ressaltando que conseguiu “abrir portas” graças ao hip hop e quer ajudar as pessoas a fazer isso também.

"O hip hop fez isso por mim, eu falo isso em toda entrevista e vou falar isso para o resto da minha vida, o hip hop me inspirou e não é só questão da ‘grana’, é questão de realmente procurar um caminho melhor, procurar uma vida melhor, ter um norte. [...]”, comenta o artista.

 

Capa do álbum "Diamantes, Lágrimas e Rostos para esquecer"
Capa do álbum "Diamantes, Lágrimas e Rostos para esquecer" / foto: Bruna Sussekind 

 

Após o encerramento da era ICARUS, em que o artista desenvolveu um álbum e promoveu uma turnê com diversos shows, incluindo um especial nomeado “ICARUS: A Apoteose”, o rapper alcançou 35 milhões de plays em uma semana de DLRE, se tornando a maior estreia da sua carreira.  

O show de abertura da tour do novo álbum de Abebe será no festival GIGANTES, no dia  26 de abril de 2025, na Praça da Apoteose, Rio de Janeiro, e trará com ele uma nova era do artista. 

 

 

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Em sua 97ª edição, evento anual reunirá cinco grandes diretores que almejam ganhar estatueta
por
Anna Sofia Carsughi
Marcelo Barbosa
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28/02/2025 - 12h

A Academia de Artes Cinematográficas divulgou, na última quinta-feira (23), os diretores que irão concorrer à categoria de “Melhor Direção” do Oscar. Entre os listados, estão desde os mais maduros na indústria até os mais novatos. Os indicados foram anunciados no Samuel Goldwyn Theatre e o anúncio dos vencedores será realizado no próximo domingo, dia 2 de março.

 

Coralie Fargeat - The Substance (A Substância)

 

Destacando-se como a única figura feminina dentre os cinco finalistas na categoria melhor diretor”, Coralie Fargeat - diretora e roteirista francesa - apresenta uma obra ousada que tira o fôlego aos telespectadores. Seu primeiro trabalho de reconhecimento foi em seu curta “Revenge” (2017), responsável pela conquista de diversos prêmios via cinemas independentes. 

Seguido disso, a segunda obra que enalteceu o seu nome foi a lançada recentemente, indicada à premiação. Visto por grande parte do público como controverso, o filme satírico de terror, “The Substance”, lançado em 2024, parte de um princípio que retoma o absurdo como forma de enfatizar aspectos chocantes, mas de extrema importância para a realidade feminina, em um contexto etário pós-moderno. 

A bibliografia de Farjeat, no geral, se concentra em grande parte na força da mulher e no modo em que a figura feminina se reergue em situações nas quais é vista pelo público como fragilizada.

 A francesa, ao concorrer na categoria, busca uma oportunidade de se juntar ao elenco escasso e seleto de mulheres, frente a premiação do Oscar. Em cerca de um século que a academia se reúne para decidir as futuras diretrizes da indústria cinematográfica, apenas nove vezes na história observou-se a participação de mulheres concorrendo a alguma categoria do prêmio, enfatizando a característica fechada e excludente do Oscar. 

Recentemente, nas redes sociais, viralizou um vídeo da atriz Natalie Portman, na premiação de 2020, na qual criticou, de maneira discreta, a falta de representatividade feminina na categoria de “Melhor diretor”. A atriz, inclusive, apareceu na cerimônia usando uma capa bordada com o sobrenome de diversas diretoras que não foram indicadas a categoria, como forma de protesto. 

Há, dessa maneira, um valor simbólico e extremamente forte na participação de Coralie Fargeat, uma figura feminina que, ao ser indicada à premiação, busca espaço dentro da academia em defesa da equidade de gênero e de oportunidades dentro da indústria. 

Imagem da diretora Coralie Fargeat, uma das apostas para ganhar a estatueta.
Diretora Coralie Fargeat segurando estatueta. Reprodução/ Elle Brasil

James Mangold - A Complete Unknown (Um Completo Desconhecido).

O nova-iorquino James Mangold, 61 anos, é um dos outros nomes indicados na categoria. Apesar de ser sua primeira indicação, o estadunidense possui uma vasta e conhecida biografia, desde “Girl Interrupted” (1999), estrelado por Angelina Jolie e Winona Ryder, “Ford vs Ferrari” (2019), “Indiana Jones” (2023) e “A Complete Unknown” (2024), filme responsável pela indicação do diretor na premiação.

Os trabalhos de Mangold combinam diversos gêneros cinematográficos, enaltecendo a versatilidade do diretor em trabalhar com diversos ramos do cinema. Seus personagens retratam uma luta pessoal, seja pelo vício, cobiça, ou até mesmo pela própria identidade.

O produtor de  “Complete Unknown”, autobiografia do cantor Bob Dylan e protagonizado por Timothée Chalamet, relatou à CNN que apesar de estar honrado com a sua indicação, não possui nenhuma expectativa com relação ao Oscar. 

James Mangold ao lado do ator Timotheé Chalamet./ Reprodução: Vanity Fair
James Mangold e o ator Timothée Chalamet após prêmio The Gothams. Reprodução/ Vanity Fair

Sean Baker- Anora

Nascido e criado no Estado de Nova Jersey, o estadunidense Sean Baker é reconhecido notoriamente pelas suas produções independentes, acompanhadas de um baixo orçamento e uma vontade lúdica cinematográfica. Seus personagens, por vezes vistos como “decadentes”, representam a essência do que é manifestado pelo “american dream”, a busca pelo sucesso, prosperidade e, acima de tudo, mobilidade social. O cineasta norte-americano busca desestigmatizar estilos de vida, criando empatia do público pelo protagonista.

A majoritária coletânea do diretor possui enfoque nos outsiders e nos trabalhadores sexuais, como visto em “Red Rocket” (2021), “Tangerine” (2015) e em “Anora” (2024), filme responsável pela indicação do diretor. 

O uso do humor combinado com temáticas sensíveis e humanitárias, são responsáveis por romper com narrativas convencionais, buscando humanizar grupos marginalizados da sociedade e por muitas das vezes incompreendidos. E com “Anora”, produção que venceu a Palma de Ouro de 2024 em Cannes, além do Spirit Awards, a narrativa não se difere.

Brady Corbet- The Brutalist (O Brutalista).

Nascido em agosto de 1988 no Arizona, Estados Unidos, Brady Corbet é ator, cineasta e produtor. Com 22 anos de carreira acumulados, ele concorre ao Oscar de melhor direção pelo filme “O Brutalista”. A obra vem ganhando destaque nas premiações internacionais, chegando a levar o principal prêmio do Festival de Veneza, o “Leão de Prata”, e o de “melhor diretor” no Globo de Ouro.

Corbet iniciou a trajetória no mundo das séries nos anos 2000, quando atuou em um episódio de “The King of Queens”.  Porém, somente em 2003 que o cineasta conseguiu o primeiro papel atuando no cinema. Ele foi escalado para viver um personagem em “Thirteen”, da diretora Catherine Hardwick. Após fazer diversos papeis, Brady arriscou-se na direção de filmes em 2013, quando assinou um contrato para assumir o filme “The Childhood of a Leader”, que viria a estrear no Festival internacional de Veneza, no qual  levou, na seção “Horizontes”, o prêmio de melhor diretor. “The Brutalist” é o terceiro longa-metragem do cineasta, que é estrelado por Adrien Brody e por Felicity Jones.

Diretor Brady Corbet ao lado de sua família em premiação do Golden Globes. Foto: divulgação/Golden Globes
Brady Corbet ao lado de sua família em premiação do Golden Globes 2025. Reprodução/ Golden Globes



 

 

 

 

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Premiação mais importante de cinema acontece em Los Angeles neste fim de semana e reúne cinco concorrentes para a categoria
por
Kaleo Ferreira e Thayná Alves
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28/02/2025 - 12h

 

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (em inglês, Academy of Motion Picture Arts and Sciences ou AMPAS) divulgou, no dia 23 de janeiro deste ano, a tão aguardada lista de indicações ao Oscar. Na categoria Melhor Animação, a disputa está entre cinco grandes produções: "Flow", "Robô Selvagem",  "Memórias de um Caracol", "Wallace & Gromit: Vingança das Aves" e "Divertida Mente 2" . 

O anúncio foi feito oficialmente pelo site e pelas redes sociais da AMPAS, com apresentação dos atores Rachel Sennott e Bowen Yang.

A 97ª cerimônia de entrega dos prêmios acontecerá no próximo domingo, dia 2 de março, e será apresentada pelo comediante Conan O'Brien. 

Conheça os filmes indicados a Melhor Animação no Oscar 2025

1.Flow - À deriva

Cena de “FLow - À deriva’’. Foto: Filmspot/ Reprodução
Cena de “FLow - À deriva’’. Foto: Filmspot/ Reprodução

Dirigido por Gints Zilbalodis, o longa retrata a jornada de um gato preto solitário que, após uma inundação devastadora destruir seu lar, encontra refúgio em um barco habitado por diversas espécies, aprendendo a conviver com elas e as diferentes ameaças encontradas no percurso. 

O cenário sugere um mundo pós apocalíptico, onde há apenas vestígios da presença humana e um grande ecossistema natural. Sem diálogos e com uma animação diferente dos outros concorrentes - realizada no Blender, um software gratuito usado para a criação de conteúdos em 3D - “Flow” venceu o Globo de Ouro de Melhor Animação em fevereiro de 2025 e conta com sons reais de animais e da natureza para contar esta comovente história.

Produzido na Letônia, “Flow” também foi indicado como melhor filme internacional, sendo concorrente do longa brasileiro “Ainda estou aqui”. 

2. Robô Selvagem

Cena de Robô Selvagem’’.Foto: Cabana do leitor/ Reprodução
Cena de Robô Selvagem’’.Foto: Cabana do leitor/ Reprodução

A trama acompanha a robô Roz, que naufraga em uma ilha desabitada e precisa aprender a se adaptar ao ambiente hostil, construindo relacionamentos com os seres locais. A robô foi construída por seres humanos e programada para servir, e quando se encontra em uma floresta selvagem, tenta a todo custo ajudar os animais ali presentes.

Neste processo, Roz acidentalmente destrói um ninho de gansos na ilha, e torna-se responsável por um dos ovos restantes, cuidando do filhote para garantir sua sobrevivência.

Dirigido por Chris Sanders, conhecido por "Lilo & Stitch" e "Como Treinar o Seu Dragão", o filme é baseado no romance homônimo de Peter Brown. “Robô selvagem” traz questões de maternidade e pertencimento, além de mostrar, de forma leve, o que acontece quando a natureza e a tecnologia se encontram no mesmo ambiente. 

3. Wallace & Gromit: Avengança 

Cena de “Wallace & Gromit: Avengança’’.Foto: IMDb/ Reprodução
Cena de “Wallace & Gromit: Avengança’’.Foto: IMDb/ Reprodução

A animação do estúdio Aardman traz de volta a história do inventor Wallace e seu fiel cachorro Gromit em seu incrível mundo de massa de modelar para as telas. Desta vez em "Wallace & Gromit: Avengança", temos o retorno do vilão sem expressão, o pinguim Feathers McGraw, que apareceu pela primeira vez no curta-metragem "Wallace e Gromit: Calças Erradas" de 1993 e que acabou ganhando a categoria no Oscar de Melhor Curta-metragem de Animação no ano seguinte.

O filme conta como Wallace teve a grande ideia de criar um anão de jardim que é capaz de realizar todas as tarefas domésticas no quintal de casa. Porém, da prisão, o vilão McGraw descobre a invenção e elabora o plano de hackear o anão e assumir o controle, com o objetivo de pegar o diamante para ele, e em contrapartida, fazer com que o dono acabe sendo acusado de vários crimes supostamente cometidos por sua criação. Vendo seu amigo em uma situação crítica, Gromit entra em ação para salvá-lo e punir o vilão.

Produzido no Reino Unido, “Wallace & Gromit” mostra o reencontro desses grandes personagens e uma continuação do filme de 1993. O estúdio não desistiu em inovar nessa grande história e promover  a nostalgia entre o público, transformando histórias simples em produções fantásticas e com grandes personagens já conhecidos.

4. Divertida Mente 2

Cena de “Divertida Mente 2”. Foto: Rolling Stone Brasil/ Reprodução
Cena de “Divertida Mente 2”. Foto: Rolling Stone Brasil/ Reprodução

Com um salto temporal na vida de Riley, que agora já é adaptada na cidade de São Francisco com seus 13 anos, a jovem entra na puberdade e na adolescência. Com esse amadurecimento, a sala de controle mental da garota passa por uma reforma para dar espaço a novas emoções: Ansiedade, Tédio, Vergonha e a Inveja, além das que já conhecemos no primeiro filme:  Alegria, Tristeza, Nojinho, Medo e Raiva. 

As antigas emoções ficam perdidas com essa mudança, não sabendo como agir e se sentir nesse novo momento, trazendo algumas preocupações em tentar lidar com tudo, principalmente com a chegada da Ansiedade.

Em mais um ano, a Pixar também está concorrendo a categoria com sua continuação do primeiro filme de 2015, que também competiu na mesma categoria de Melhor Animação, a qual ganhou a estatueta, e de Melhor Roteiro Original em 2016.

Apesar do filme ter a mesma fórmula do primeiro, ele é de grande importância por trazer novos assuntos, como o transtorno de   ansiedade, que é uma das maiores doenças psíquicas da atualidade,  e mostrar como o longa vai amadurecendo, como a Riley.

5. Memórias de um Caracol

Cena de “Memórias de um Caracol”. Foto: CinePOP/ Reprodução
Cena de “Memórias de um Caracol”. Foto: CinePOP/ Reprodução

O australiano, Adam Elliot, escritor, produtor e diretor do filme, volta aos cinemas depois de 15 anos com essa nova animação em stop motion, seguindo a mesma linha de seu último filme “Mary e Max”, trazendo temas como solidão, traumas e o próprio crescimento.

“Memórias de um Caracol” conta a história da jovem Grace Prudel. Se passando na Austrália de 1970, a menina cresce em uma família marcada pela tragédia. Ela e seu irmão gêmeo, Gilbert, são criados pelo pai que é paraplégico e alcoólatra, e sua mãe acaba morrendo. 

Anos passam e os gêmeos são separados, cada um indo para lares adotivos diferentes, enquanto Gilbert sofre em uma família evangélica cruel, Grace se retira e encontra conforto em sua coleção de caracois. 

Após anos de solidão, a jovem conhece Pinky, uma mulher idosa que vira sua amiga e juntas, compartilham histórias, lágrimas, risadas, fazendo com que Grace saia da sua concha e veja uma nova perspectiva da vida, observando a esperança e a beleza da vida.

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Fique por dentro dos filmes que chamaram a atenção da Academia e concorrem ao principal prêmio da noite
por
Amanda Furniel
Maria Clara Palmeira
Davi Rezende
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28/02/2025 - 12h

Uma das noites mais esperadas pelos fãs de cinema está chegando. O Oscar 2025 será celebrado no próximo domingo, dia 2 de março, e está trazendo uma grande disputa na categoria de Melhor Filme, a principal da premiação, com produções aclamadas pelo público geral e pela crítica cinematográfica. A cerimônia será transmitida pela emissora Globo, a partir das 21h55.   

 

Entre os dez concorrentes, há desde grandes épicos históricos até dramas intimistas e inovações no cinema de gênero. Conheça um pouco mais de cada produção que está protagonizando o evento deste ano.

 

A Substância

Estreado no Festival de Cannes de 2024, o filme “A Substância” conta a história de Elisabeth Sparkle (Demi Moore), uma grande apresentadora que foi surpreendida com sua demissão, tendo a justificativa de que sua idade avançada prejudicava a atração do público.. Mais tarde, em um check-up, um enfermeiro lhe oferece um soro que trará a sua melhor versão - mais jovem e perfeita. Fragilizada, Elisabeth utiliza o soro em si, que resulta no surgimento da Sue (Margaret Qualley), sua versão alternativa. A trama se complica quando ambas as versões precisam coexistir, levando a conflitos de identidade e poder.

Desde seu lançamento, o filme acumulou diversos prêmios e indicações. No Festival de Cannes 2024, o diretor Corali Fargeat  recebeu o prêmio de Melhor Roteiro. Demi Moore foi reconhecida com o Globo de Ouro de Melhor Atriz por sua atuação intensa e vulnerável. Além disso, "A Substância" foi eleito o melhor filme de terror de 2024 pela revista Rolling Stone, que o descreveu como "um clássico instantâneo de terror corporal". 

A obra de Coralie Fargeat ganhou popularidade pelas referências do universo do terror e pelo seu audiovisual, que foi produzido majoritariamente com efeitos práticos. Com performances marcantes e uma direção ousada, "A Substância" não apenas provoca reflexões profundas sobre envelhecimento e autoimagem, mas também desafia o público a confrontar as normas culturais que perpetuam a valorização da juventude em detrimento da experiência e maturidade. 

O filme está disponível para ser assistido no streaming da Amazon, Prime Vídeo.

imagem do filme indicado ao oscar
Reprodução do filme A substância 


 

Ainda Estou Aqui 

Após 26 anos longe do Oscar , o filme marca a volta do Brasil a grandes premiações. Dirigido por Walter Salles e inspirado no livro de Marcelo Rubens Paiva, a obra se passa na década de 70, durante a ditadura militar, onde Eunice e Rubens Paiva (Fernanda Torres e Selton Mello) vivem uma vida tranquila com seus cinco filhos no Rio de Janeiro, até serem alvo da opressão do regime político.  

As ferramentas visuais e sonoras tiveram um papel espetacular no longa. Walter prezou por efeitos práticos e utilizou locais importantes do Rio de Janeiro, como Urca, Copacabana e Arpoador, como palco dessa história. O filme foi lançado no Festival de Veneza de 2024 e continua em cartaz nos cinemas brasileiros.

O longa é aclamado pela crítica internacional, acumulando uma lista de prêmios de grande prestígio, sendo um no Festival de Veneza de Melhor Roteiro e um Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme Dramático com a gigante Fernanda Torres. Além da categoria de Melhor Filme, a produção também está concorrendo a Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz, com Fernanda, na premiação deste domingo. 

foto do filme indicado ao oscar 2025
Imagem do filme Ainda Estou Aqui: Sony Pictures, divulgação

Anora

“Anora” vem à temporada de premiações como uma das produções mais originais do ano. O longa conta a história de Ani (Mikey Madison), uma garota de programa do Brooklyn que, em meio à uma noite de trabalho, conhece o jovem filho de um casal de oligarcas russos, com quem se apaixona. Após semanas de uma vida de princesa, os dois decidem, por impulso, se casar e viverem juntos, o que não agrada a família do jovem russo, que decide acabar com o relacionamento.

Apesar de polêmico e excêntrico, o filme de Sean Baker traz uma profunda reflexão diante dos poderes sociais e da realidade do mito do sonho americano, enquanto a montagem frenética brinca com as emoções do espectador, que se espanta, diverte, ri e emociona ao longo das 2 horas e 15 minutos de filme. A obra começou a campanha chamando a atenção ao vencer a Palma de Ouro no festival de Cannes, um dos mais importantes da indústria, além de colecionar indicações e prêmios a seu roteiro e à atriz principal, Mikey Madison.

Dentro do Oscar, o filme ainda concorre às estatuetas de: Melhor Montagem, Melhor Direção, Melhor Roteiro Original, Melhor Ator Coadjuvante pelo papel de Yura Borisov (Igor) e Melhor Atriz pela interpretação de Mikey Madison (Ani). Em outras premiações como Globo de Ouro e o SAG Awards, Anora também marcou presença mas não levou nenhum prêmio, à exceção do Critics Choice Award, onde o filme levou o troféu de Melhor Filme e se consolidou como forte candidato à estatueta do Oscar. Anora pode ser visto nos cinemas.

poster do filme indicado ao oscar
Poster do filme Anora

Conclave 

A obra traz uma história pouco usual para as telonas, dando um mergulho em um dos eventos mais confidenciais e misteriosos da humanidade, a eleição de um novo papa. Na trama, após o falecimento do papa, o cardeal Lawrence (Ralph Fiennes), homem de maior confiança do pontífice, se torna o responsável por reunir sacerdotes do mundo inteiro no Vaticano para que então ocorra a votação. Em meio a cardeais de diferentes ordens, o protagonista se encontra perdido em uma corrente de segredos e escândalos que poderiam arruinar a reputação da igreja católica.

O filme dirigido por Edward Berger tem se destacado em meio à temporada de premiações graças a seu grande investimento técnico e elenco de peso. A produção recria os cenários clássicos do Vaticano com perfeição, além de trazer outros grandes atores, como Stanley Tucci (Cardeal Bellini) e Isabella Rossellini (Irmã Agnes). O roteiro, assinado por Peter Straughan, é dinâmico e apresenta os mistérios e reviravoltas da trama como um suspense que não permite o espectador tirar os olhos da tela.

Além de melhor filme, a Academia também reconheceu a obra em mais 7 categorias. O filme também deu as caras em outras importantes premiações, como no BAFTA, onde levou o prêmio de Melhor Filme, Melhor Filme Britânico e Melhor Roteiro Adaptado, além do Globo de Ouro, onde levou Melhor Roteiro de Cinema, e mais recentemente no SAG Awards, vencendo o prêmio de Melhor Elenco. Conclave está disponível para ser assistido nos cinemas. 

imagem do filme conclave
Reprodução do filme Conclave

 

Duna: Parte 2

Sucesso de bilheterias em 2021, Timothée Chalamet e Zendaya retornaram em 2024 para a segunda parte do filme “Duna”.  A adaptação conta a história do protagonista Paul (Timothée), um jovem que possui poderes que lhe permitem sentir o futuro. Após uma invasão em seu território, Paul se une a Chani (Zendaya) e com os Fremen em sua busca por vingança contra os Harkonnen. Com o desenvolvimento da história, o personagem terá que realizar escolhas difíceis que impactam em um futuro que só o próprio conhece.

Com o orçamento de U$190 milhões, o longa foi gravado em IMAX, uma tecnologia que permite a alta resolução de imagens e vídeos. Foi utilizado o máximo de locações reais possíveis, deixando o uso de CGI (Imagens geradas por computador) apenas em momentos cruciais. No BAFTA 2025, o filme foi reconhecido com o prêmio de Melhores Efeitos Visuais. A trilha sonora, desenvolvida por Hans Zimmer, é aclamada pelo público e destaque em premiações. 

Desde seu lançamento, o filme recebeu aclamação da crítica e do público, alcançando 93% de aprovação no Rotten Tomatoes. Além disso, "Duna: Parte 2" conquistou diversos prêmios, incluindo Melhor Filme no Las Vegas Film Critics Society Awards 2024, onde também levou outras cinco categorias, como Melhor Direção para Denis Villeneuve e Melhor Fotografia. 

O longa também está sendo indicado em outras 4 categorias no Oscar 2025: Melhor Design de Produção, Melhor Som, Melhores Efeitos Visuais, Melhor Fotografia. O filme está disponível na MAX ou no Prime Vídeo.

poster do filme duna
Poster do filme Duna: parte 2

 

Emilia Pérez

“Emília Perez” é um musical que segue a vida de Rita (Zoe Saldaña), uma advogada mexicana que se envolve com o cartel ao ser chamada pessoalmente por Manitas del Monte (Karla Sofía Gascón), o líder do crime na cidade, para representá-lo judicialmente. Dentre seus interesses, o principal desejo do chefe do cartel é, na verdade,  poder realizar a transição de gênero, por ser uma mulher trans, e assim, abandonar a vida no crime e adotar uma nova identidade, Emilia Perez. Apesar das recentes polêmicas que envolveram a obra em relação à sua produção e à atriz principal, Karla Sofía Gascón, Emília Perez faz uma grande campanha na temporada de premiações desde o início de suas sessões em festivais internacionais. Dirigido pelo francês, Jacques Audiard, o filme conquistou espaço na atenção do público, tendo ganho o prêmio de Melhor Atriz em Cannes, e batido o recorde de indicações à estatuetas do Oscar, com um total de 13 indicações.

Apesar de sua forte campanha desde o início da temporada, com premiações nos principais festivais internacionais, a obra do francês Jacques Audiard tem se envolvido em fortes polêmicas ao longo de suas exibições ao público. Umas das principais questões envolvendo o filme é o fato de ser uma produção que trata sobre o povo mexicano de forma estereotipada, com todas as cenas filmadas nos EUA, direção e roteiro franceses, e elenco majoritariamente estadunidense (com exceção da atriz principal, Karla Sofía Gascón, nascida na Espanha). Em adição, o filme também foi pauta negativa entre a comunidade transexual, que avaliou a representação da protagonista, Emília Perez, como preconceituosa e incorreta. A atriz principal da obra também se envolveu recentemente em polêmicas, ao serem descobertos antigas públicas na rede social “X”, onde a espanhola tecia comentários de cunho racista e xenofóbico, resultando na remoção de sua imagem na campanha realizada pela Netflix ao Oscar.

Emília Perez vem em uma temporada de renovação dos indicados às grandes premiações, enquanto um gênero raro de ser visto em tal posição (musical) como em outros anos. A produção vem como uma das grandes favoritas à estatueta de Melhor Filme Internacional, já tendo levado o prêmio em outras ocasiões, como no Globo de Ouro e no BAFTA, além de colecionar prêmios como de Melhor Atriz Coadjuvante pela performance de Zoe Saldaña (Rita), e Melhor Canção Original com a composição “El Mal”, nestas mesmas premiações. No Oscar, o filme ainda concorre à Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Direção, Melhor Fotografia, duas composições em Melhor Canção Original (“El Mal” e “Mi Camino”), entre outras categorias. O filme pode ser visto nos cinemas.

filme indicado ao oscar 2025
Poster do filme Emilia Perez

 

Nickel Boys

Dirigido por RaMell Ross, o longa é uma adaptação cinematográfica do romance vencedor do Prêmio Pulitzer de Colson Whitehead. O filme narra a poderosa amizade entre dois jovens afro-americanos, Elwood Curtis (Ethan Herisse) e Jack Turner (Brandon Wilson), que enfrentam juntos as duras realidades da Nickel Academy, um reformatório na Flórida durante a era Jim Crow. A trama explora as injustiças e abusos sistêmicos sofridos pelos internos, destacando a resiliência e a esperança mantidas diante da adversidade.

Desde sua estreia no 51º Festival de Cinema de Telluride em agosto de 2024, "Nickel Boys" recebeu aclamação da crítica. O filme foi nomeado um dos 10 melhores de 2024 pelo American Film Institute e recebeu indicações ao Globo de Ouro de Melhor Filme – Drama e ao Oscar de Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado.

A obra levanta uma crítica contundente sobre a segregação racial e os abusos cometidos em instituições destinadas à reabilitação de jovens. Ao retratar as experiências traumáticas dos protagonistas, o filme evidencia as falhas sistêmicas e a desumanização presentes nesses estabelecimentos, convidando o público a refletir sobre as cicatrizes deixadas por tais práticas na sociedade americana. Para quem deseja assistir, o filme está disponível no Prime Vídeo.

reprodução do filme
Reprodução do filme Nickle Boys

 

O Brutalista

Em "O Brutalista", dirigido por Brady Corbet, acompanhamos a trajetória de László Tóth (Adrien Brody), um arquiteto judeu húngaro que, após sobreviver ao Holocausto, imigra para os Estados Unidos em 1947 em busca de reconstruir sua vida e carreira. Ao chegar na Pensilvânia, László enfrenta dificuldades para se estabelecer até que conhece Harrison Lee Van Buren (Guy Pearce), um industrial abastado que o contrata para projetos ambiciosos, incluindo a construção de um centro comunitário em homenagem à sua falecida mãe. A narrativa explora os desafios de László ao equilibrar sua visão artística com as demandas de seu patrono e as complexidades do sonho americano.

Desde sua estreia no Festival de Veneza em setembro de 2024, onde Corbet recebeu o Leão de Prata de Melhor Direção, "O Brutalista" tem sido amplamente reconhecido. O filme conquistou três prêmios no Globo de Ouro 2025: Melhor Filme de Drama, Melhor Diretor para Brady Corbet e Melhor Ator em Filme de Drama para Adrien Brody. Além disso, recebeu dez indicações ao Oscar 2025, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator e categorias técnicas como Melhor Fotografia e Melhor Design de Produção.

Com uma duração de 3 horas e 35 minutos, incluindo um intervalo de 15 minutos, "O Brutalista" inova com uma narrativa cinematográfica imersiva que convida o público a refletir sobre os sacrifícios pessoais e profissionais na busca pelo sucesso e realização artística.

poster do filme indicado ao oscar
Poster do filme O Brutalista 

 

Um Completo Desconhecido 

O longa é uma cinebiografia, dirigida por James Mangold, que retrata a ascensão de Bob Dylan (Timothée Chalamet) na cena musical de Nova York no início dos anos 60. O filme acompanha o jovem de 19 anos desde sua chegada à cidade, passando por encontros com ícones como Woody Guthrie (Scoot McNairy) e Pete Seeger (Edward Norton), até sua controversa transição para o rock elétrico no Festival Newport Folk de 1965. Além de Chalamet, que concorre na mesma categoria protagonizando Duna: parte 2, o elenco conta com Elle Fanning como Sylvie Russo, uma representação fictícia de Suze Rotolo, e Monica Barbaro no papel de Joan Baez.

O filme recebeu aclamação da crítica e do público, acumulando oito indicações ao Oscar 2025, incluindo Melhor Diretor para James Mangold e Melhor Ator para Timothée Chalamet. A atuação de Chalamet foi especialmente destacada, com elogios por sua capacidade de capturar a essência enigmática de Dylan, equilibrando carisma e introspecção.

"Um Completo Desconhecido" levanta discussões sobre a tensão entre autenticidade artística e expectativas do público. A decisão de Dylan de eletrificar seu som, vista por muitos como uma traição ao movimento folk, é central na narrativa e serve como metáfora para os desafios enfrentados por artistas que buscam evoluir enquanto lidam com a pressão dos fãs e da indústria. O filme também explora as complexidades das relações pessoais de Dylan, destacando como suas escolhas profissionais impactaram seus vínculos afetivos.

poster do filme indicado ao oscar
Poster do filme Um completo desconhecido 

 

Wicked

O filme trouxe um dos maiores clássicos musicais da Broadway para as telonas. Wicked conta a verdadeira história da Bruxa Má do Oeste, de Mágico de Oz. O longa vai explorar a complexa relação entre Elphaba (Cynthia Erivo), uma jovem de pele verde, e Glinda (Ariana Grande), uma garota popular e ambiciosa. Ambientado na Terra de Oz antes da chegada de Dorothy, a narrativa acompanha as protagonistas desde seus dias na Universidade de Shiz até os eventos que as transformam nas icônicas Bruxa Má e Bruxa Boa do Norte, respectivamente.

poster do filme indicado ao oscar
Foto de divulgação do filme Wicked 

Wicked tem sido aclamado pelo público, principalmente os que já eram fãs do musical original, exaltando a atuação de Ariana e Cynthia, que deram vida à suas personagens com louvor. A principal particularidade do longa é a direção de Jon M. Chu, que priorizou manter a narrativa teatral característica dos palcos, mantendo toda a magia da história e o apego afetivo dos fãs. A maioria dos cenários foi construído para a gravação, diminuindo o uso de CGI, mais de 9 mil tulipas foram plantadas para dar vida a cena do vasto campo de tulipas. “Uma boa parte [do cenário] é real. São cenários físicos, tangíveis”, comenta Ariana Grande, atriz que dá vida a Glinda.

O filme recebeu elogios por sua direção de arte, performances e fidelidade ao material original. No National Board of Review de 2024, "Wicked" foi eleito o Melhor Filme, com Jon M. Chu recebendo o prêmio de Melhor Diretor. A colaboração criativa entre Cynthia Erivo e Ariana Grande também foi destacada com o NBR Spotlight Award.

Uma das principais críticas levantadas por "Wicked" é a desconstrução da vilania e a exploração das nuances entre o bem e o mal. Ao recontar a história da Bruxa Má do Oeste sob uma nova perspectiva, o filme desafia as percepções tradicionais de heroísmo e maldade, convidando o público a refletir sobre preconceitos, discriminação e as complexidades das relações humanas. A narrativa aborda temas como bullying, corrupção e a busca por identidade, tornando-se uma alegoria relevante para questões contemporâneas.

 

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