Morreu na noite de quarta-feira (16), Liam Payne, ex-integrante da banda One Direction. O cantor teria caído da varanda de um hotel em Buenos Aires, na Argentina, segundo o La Nación.
A notícia foi confirmada pela polícia e pelo chefe do Sistema de Atenção Médica de Emergência (SAME), Alberto Crescenti, à imprensa local. O britânico teria sido encontrado no pátio interno do hotel Casa Sur, após cair do terceiro andar do edifício, localizado no bairro de Palermo.
Ainda segundo o veículo, a Polícia Municipal teria sido chamada ao local para a suposta contenção de um homem “agressivo”, que “parecia estar sob a influência de drogas”. Crescenti afirmou que a morte do músico foi “instantânea”, e que ele apresentava ferimentos incompatíveis com a vida, devido à queda.
Alguns minutos antes da divulgação da morte, o cantor fez uma sequência de publicações no seu perfil do aplicativo SnapChat, sendo o último registro uma foto do ano passado (2023) ao lado de sua namorada Kate Cassidy.

Outro ex-integrante da banda, Niall Horan, realizou um show na capital da Argentina, no dia 4 de outubro e Liam esteve presente.
Ele é natural de Wolverhampton, no interior da Inglaterra, e começou a carreira aos 14 anos, em uma edição do “The X Factor”, que mais tarde seria ponto de encontro para a formação da One Direction.
Conhecido por ter integrado a boy band britânica, o cantor seguia carreira solo desde a separação do grupo, em 2016. Ele deixa um filho, Bear, de sete anos, fruto de sua relação com a cantora Cheryl Cole, que terminou em 2018.
A Marvel Studios revelou, no dia 23 de setembro, o aguardado trailer de Thunderbolts*, um dos próximos lançamentos do Universo Cinematográfico Marvel (UCM), previsto para chegar aos cinemas em maio de 2025. O filme, que integra a Fase 5 do UCM, traz um time de anti-heróis já conhecidos pelos fãs das produções da Marvel, com ação, humor e uma abordagem ousada.

No elenco principal, temos Florence Pugh no papel de Yelena Belova (Viúva Negra), David Harbour como o Guardião Vermelho (Alexei Shostakov), Sebastian Stan como o Soldado Invernal (Bucky Barnes), Wyatt Russell como John Walker (Agente Americano), Hannah John-Kamen como Fantasma, Olga Kurylenko como a Treinadora e Julia Louis-Dreyfus reprisando seu papel como Valentina Allegra de Fontaine, a líder da equipe.
Além desses nomes, o filme também contará com a participação de Harrison Ford, que interpreta Thunderbolt Ross, e novos rostos como Geraldine Viswanathan e Lewis Pullman, este último interpretando um misterioso personagem que os fãs especulam ser Bob, possível identidade de Sentinela, o superpoderoso Robert Reynolds dos quadrinhos.
O filme gira em torno de um grupo de anti-heróis reunido pelo governo dos Estados Unidos para missões clandestinas. Ao contrário de grupos tradicionais de super-heróis, os Thunderbolts* são personagens com passados problemáticos e moralidade duvidosa. No UCM, o recrutamento desse time começou a ser explorado em produções anteriores, como “Viúva Negra” e “Falcão e o Soldado Invernal”, quando Allegra de Fontaine entrou em cena para reunir figuras como Yelena Belova e John Walker.
O trailer destaca a dinâmica entre os membros do time, com cenas de confronto e cooperação entre eles. No entanto, muitos detalhes da trama ainda permanecem em segredo, com o vídeo apresentando cenas desconexas e mantendo o suspense sobre o real objetivo da equipe.
Produção e estreia
Thunderbolts* é dirigido por Jake Schreier, conhecido por “Cidades de Papel” (2015), e conta com um roteiro assinado por Eric Pearson, de “Viúva Negra” (2021), com reescritas de Joanna Calo, showrunner da série “O Urso”. As filmagens ocorreram entre fevereiro e junho de 2024, principalmente em Atlanta, Geórgia.
A estreia do filme está marcada para o dia 1º de maio de 2025 no Brasil, um dia antes de seu lançamento nos Estados Unidos. Um pôster promocional também foi divulgado nas redes sociais, destacando a dinâmica caótica do grupo de anti-heróis:

Thunderbolts* nas HQs
Nos quadrinhos, os Thunderbolts fizeram sua primeira aparição em The Incredible Hulk #449, em 1997, criados por Kurt Busiek e Mark Bagley. Originalmente, o grupo surgiu como uma fachada dos Mestres do Terror, liderados pelo Barão Zemo, disfarçados como heróis durante a saga Heróis Renascem. Ao longo dos anos, os Thunderbolts passaram por diversas formações, muitas vezes compostas por vilões ou anti-heróis buscando redenção.

Entre as formações mais icônicas estão nomes como Cidadão V (Barão Zemo), Soprano (Melissa Gold), Meteorita (Karla Sofen), MACH-V (Abner Jenkins), Tecno (Norbert Ebersol) e Atlas (Erik Josten). No entanto, com o tempo, a equipe passou a ser liderada pelo Gavião Arqueiro, refletindo uma tentativa de redenção por parte de alguns de seus membros.
Assista ao trailer:
O rapper e empresário Sean John Combs, 54, foi preso no dia 16 de setembro em Nova York. Ele é acusado de violência física, tráfico e agressão sexual e ainda, transporte para fins de prostituição, crimes que teriam ocorrido desde a década de 1990. Após três pedidos de fiança negados, o caso foi a julgamento na quarta-feira (09), e a justiça decidiu que ele responderá o restante do processo na prisão, marcando seu julgamento definitivo para maio de 2025.
Diddy está atualmente detido no Metropolitan Detention Center no Brooklyn, uma prisão federal conhecida por sua violência e cuidados precários com os presos; fato utilizado pela defesa para a concessão de fiança. O presídio inclui uma seção de segurança extra com alojamentos reservados para detentos especiais, onde o acusado se encontra.
Quem é o réu?
Dono da gravadora Bad Boy Records, Combs tem diversos codinomes, todos citados no processo: Puff Daddy, P. Diddy, Diddy, P.D e Love. Além de ter empreendimentos no ramo da moda e de bebidas alcoólicas, também é conhecido por produzir artistas de peso como Usher, Mary J. Blige e Notorious BIG.
Diddy começou sua carreira musical em 1990, na Uptown Records, onde se destacou e se tornou diretor da empresa. Em 1994, fundou sua própria gravadora, a Bad Boy Records, ganhando o Grammy de melhor álbum de rap em 1997.
No começo dos anos 2000, o acusado era responsável por dar festas (freak-offs), nas quais cometia atos sexuais forçados com as vítimas e profissionais do sexo, além de produzir gravações que eram usadas como chantagem.

Quem são os envolvidos?
A cantora e modelo, Casandra Ventura, ex-namorada de P.Diddy, foi a primeira a acusar o réu de agressão sexual, também alegou no processo que muitos desses crimes foram testemunhados por sua "rede tremendamente leal" que "não estava disposta a fazer nada significativo" para impedir a violência.
A acusação ocorreu formalmente, no final de 2023 e o processo foi resolvido fora do tribunal. Após a repercussão desse caso, outros vieram a público. Em fevereiro deste ano, Rodney “Lil Rod” Jones, antigo produtor e cinegrafista de Combs, entrou com uma ação federal, acusando o rapper de assédio sexual, ameaça e de o ter drogado.
Em abril, Jones acrescentou como agressor o ator Cuba Gooding Jr, que segundo o processo também teria assediado e agredido a vítima; Diddy teria apresentado Jones ao ator em um iate, que foi réu em um caso de estupro em 2023. Também em setembro, Thalia Graves acusou P.Diddy e seu segurança de tê-la drogado e estuprado em 2001, além de gravarem o ato. Essa foi a 11° acusação contra o músico.
De acordo com o jornal “Los Angeles Times”, a lista de cúmplices apontados no caso de Jones, inclui o filho de Combs, Justin Dior Combs, o presidente-executivo do Universal Music Group, Lucian Charles Grainge, UMG, o ex-executivo da Motown Records, Habtemariam e Motown Records, Love Records, Combs Global Enterprises, ABC Corporations, a chefe de gabinete de Diddy, Kristina “KK” Khorram, e outras pessoas que não foram identificadas.
Em uma entrevista ao TMZ na semana passada (7), o advogado Tony Buzbee, que está representando cento e vinte pessoas que alegam terem sido vítimas de Diddy e já manifestaram suas denúncias, declarou que entre elas, vinte e cinco comunicaram ser menores de idade na época do crime. A defesa nega as acusações e declara estar à espera das provas.
Nesta segunda-feira (14), seis novas acusações de abuso sexual foram protocoladas contra o artista, entre as vítimas estão homens, mulheres e até um adolescente que teria 16 anos na época do crime (1998). Os denunciantes estão orientados pelo Buzbee, que assegura que outras celebridades serão processadas por seu escritório de advocacia nas próximas semanas, acusadas de serem cúmplices do rapper.
Cronologia do caso
Ventura também assinou com a gravadora de Combs, e em seu processo disse que o magnata usou sua posição de poder para estabelecer um "relacionamento romântico e sexual manipulador e coercitivo". Também é alegado que Diddy "regularmente batia e chutava Ventura, deixando olhos roxos, hematomas e sangue".
Algumas destas agressões foram testemunhadas por outras pessoas, em maio deste ano, um vídeo dele a agredindo veio a público pelo jornal CNN. Quando um membro da equipe de segurança do hotel interveio, o réu tentou subornar o funcionário para garantir o seu silêncio.

Nos meses de novembro e dezembro, o réu foi acusado mais três vezes por crimes como agressão sexual, estupro coletivo, tráfico sexual e drogar as vítimas. Liza Gardner, afirmou que Combs tornou-se violento dias após o estupro, sufocando-a com tanta força que ela desmaiou.
Os nomes citados no processo de Jane Doe, incluem além de Combs, o ex-presidente da Bad Boy Records, Harve Pierre, e um homem ainda não identificado. Nos documentos do tribunal, ela alega ter recebido "quantidades copiosas de drogas e álcool" antes do ataque e ficou com tanta dor que mal conseguia ficar de pé ou lembrar como chegou em casa.
Todos os processos judiciais ocorreram antes da expiração do New York Adult Survivors Act, permitindo temporariamente que pessoas que teriam sofrido abuso sexual apresentassem queixas, mesmo após o prazo de prescrição ter expirado.
Em dezembro, os acusados se pronunciaram em resposta, o rapper disse que "não fez nenhuma das coisas horríveis que estão sendo alegadas", enquanto Pierre disse que as "alegações repugnantes" eram "falsas e uma tentativa desesperada de ganho financeiro". Combs também fez uma publicação em seu Instagram, repudiando todos os casos: "Nas últimas semanas, fiquei sentado em silêncio e observei pessoas tentando assassinar meu caráter, destruir minha reputação e meu legado."
Após oito meses, surgiram outros processos, dessa vez da Crystal McKinney, Adria English e April Lampros, os crimes são os mesmos e seguem as mesmas características: agressão sexual, tráfico sexual e uso forçado de drogas contra as vítimas.
No mês de sua prisão, Combs não compareceu a uma audiência virtual para um processo movido contra ele por Derrick Lee Cardello-Smith, um detento de Michigan que o acusou de drogá-lo e abusá-lo sexualmente. A ausência levou a um julgamento, no qual Diddy foi condenado a pagar US$100 milhões. A decisão foi posteriormente anulada, após os advogados do músico terem entrado com um recurso. Ainda em setembro, Dawn Richard, ex-cantora do projeto de banda feminina de Combs, entrou com uma ação contra a estrela sobre agressão sexual.
A prisão
O rapper foi preso no dia 16 de setembro, em um quarto de hotel em Manhattan após uma acusação do grande júri. Essa prisão veio depois das várias ações judiciais de agressão sexual contra ele nos últimos meses. Além disso, em março, o Departamento de Segurança Interna já tinha feito buscas nas mansões dele em Los Angeles e Miami.
Seu advogado afirmou que houve cooperação com as autoridades quando seu cliente se mudou voluntariamente para Nova York em antecipação às acusações. "Esses são os atos de um homem inocente sem nada a esconder, e ele está ansioso para limpar seu nome no tribunal", acrescentou.
Além das acusações já anteriormente citadas no processo divulgado pelo jornal Washington Post, (agressão sexual, tráfico sexual, extorsão e transporte de pessoas para a prostituição) Combs também é réu nos casos de sequestro, trabalho forçado, incêndio criminoso, suborno e obstrução da justiça. Os promotores o descreveram como o chefe de uma quadrilha que abusava de mulheres, usando ameaças de violência para forçá-las a participar de orgias movidas a drogas com profissionais do sexo.
O texto também cita que P.Diddy tinha funcionários que foram cúmplices de seus crimes e o ajudaram a cobrir seus rastros. Entre suas ações estavam a reserva de suítes de hotel, recrutamento de profissionais do sexo e distribuição de drogas, para coagir os frequentadores da festa a fazer sexo e mantê-los "obedientes". Sua equipe também teria providenciado viagens para as vítimas e organizado o fornecimento de fluidos intravenosos para ajudá-las a se recuperar das festas, que às vezes duravam dias.
Seus advogados tentaram com que ele respondesse em liberdade, porém ele teve a fiança negada depois que os promotores argumentaram que "já havia tentado obstruir a investigação, contatando repetidamente vítimas e testemunhas e alimentando-as com falsas narrativas dos eventos". Ele ficará detido no Centro de Detenção Metropolitana do Brooklyn até seu julgamento, caso seja condenado, o músico pode pegar uma pena que vai de 15 anos até prisão perpétua.

O que foi encontrado pela polícia na residência de Diddy?
Em março de 2024, durante buscas em suas residências em Miami, Califórnia, Flórida e Los Angeles, a polícia apreendeu armas de fogo e munições, incluindo três AR-15s com números de série desfigurados e mais de mil frascos de óleo de bebê. De acordo com o processo movido contra o músico, os membros e associados da Combs Enterprise, incluindo os profissionais de segurança, por vezes carregavam armas de fogo. Em mais de uma ocasião, o próprio Combs carregou ou brandiu armas de fogo para intimidar e ameaçar outras pessoas, incluindo testemunhas de seus abusos.
Apesar da citação do uso de funcionários para facilitar e encobrir seus crimes, apenas o rapper tem o nome citado em todo o caso. Segundo o jornal The New York Times, ao ser questionado sobre o assunto, o procurador Damien Willians disse que as investigações ainda estão em andamento. Anthony Capozzolo, ex-promotor federal no Brooklyn, falou que era possível que alguns desses trabalhadores não fossem nomeados como réus porque já eram testemunhas cooperantes, ou porque o governo esperava que eles fossem convencidos pela acusação a se juntar a outros para testemunhar contra seu chefe.
O que diz o processo?
É descrito que o réu usou de sua rede de empresas para cometer seus crimes e manter sua reputação. De acordo com o Art.2 seus negócios incluem gravadoras, um estúdio de gravação, uma linha de roupas, um negócio de bebidas alcoólicas, uma agência de marketing, uma rede de televisão e uma empresa de mídia, com sedes em Manhattan e Los Angeles. Também é citado que Combs garantiu a participação das mulheres, controlando suas carreiras, aumentando seu apoio financeiro e/ou ameaçando cortar o mesmo, além de usar de intimidação e violência para garantir o silêncio delas.
Em ocasiões que se estendem desde de 2009, o rapper agrediu mulheres com golpes, socos e chutes. O Grande Júri acusa ainda: que de 2009 até 2024, no Distrito Sul de Nova York e em outros lugares, o réu, conscientemente transportou mulheres em comércio interestadual e estrangeiro com o objetivo de prostituição.
Segundo descrito no processo dos Art 18 a 21, como resultado do réu ter cometido os crimes citados na ação judicial, ele perderá para os Estados Unidos toda e qualquer propriedade, usada para cometer os delitos ou conseguidos através dele, incluindo quantias em dinheiro, títulos e direitos contratuais. Caso algum desses bens não possa ser confiscado, será apreendido outro de mesmo valor.
O documento é assinado pelo procurador dos Estados Unidos, Damian Williams, que também foi o responsável pela acusação contra a Ghislaine Maxwell, condenada a 20 anos de prisão por recrutar e assediar meninas e mulheres para serem abusadas sexualmente pelo empresário Jeffrey Epstein, morto em 2019.
Próximos passos
Na quinta-feira (10), ocorreu em Nova York uma audiência preliminar do processo federal. A acusação mostrou provas contra o réu e o juiz decidiu que P Diddy deve permanecer na prisão até dia 5 de maio de 2025, data em que ocorrerá seu julgamento.
De acordo com os advogados, a busca e apreensão feita na casa do artista teria sido realizada para “maximizar a exposição da mídia”. A defesa também declarou que os vazamentos de informações, como o vídeo em que o réu agride Ventura, têm como objetivo "desestabilizar o tribunal" e "manchar a reputação de Sr. Combs antes do julgamento". Com base nesses argumentos, foi feito um pedido para que as investigações sejam realizadas em sigilo judicial, o que foi aceito.

Han Kang conquistou o Prêmio Nobel de Literatura 2024, e é a primeira sul-coreana a receber a honraria. O anúncio foi feito na quinta-feira, 10 de outubro, pela Academia Sueca de Estocolmo. A academia justificou a escolha, visto que Kang possui uma “intensa prosa poética que confronta traumas históricos e expõe a fragilidade da vida humana".
A escritora nasceu em 1970, em Gwangju, na Coreia do Sul. Filha do renomado romancista e professor universitário Han Seung-won, ela possui uma formação rica em literatura, iniciada em 1993 com uma série de poemas na revista "Literatura e Sociedade". Em 1994, recebeu o prêmio do concurso literário de primavera de Seoul Shinmun com o conto “The Scarlet Anchor" e, em 1995, estreou na prosa com a coleção de contos "Amor de Yeosu".
Seu maior sucesso internacional veio com "A Vegetariana", publicado em 2007 e traduzido para o português em 2018. O livro, composto de três partes, explora as consequências violentas de uma mulher que se recusa a seguir as normas alimentares tradicionais quando para de comer carne.
A obra de Han Kang é conhecida por expor a dor mental e física enquanto cria uma conexão profunda com o pensamento oriental. Além de "A Vegetariana", outros livros dela traduzidos para o português incluem "Atos Humanos" e "O Livro Branco", todos lançados pela editora Todavia.
Segundo a academia, “o trabalho de Han Kang é caracterizado por essa dupla exposição da dor, uma correspondência entre tormento mental e físico com estreitas conexões com o pensamento oriental".
O prêmio Nobel de Literatura é destinado à pessoa que "tenha produzido a obra mais notável no campo da literatura" e Han Kang é a 18º mulher que recebe o prêmio, dentre os 121 contemplados. Cada vencedor ganha também 10 milhões de coroas suecas, equivalentes a aproximadamente R$ 5,3 milhões.
Entre os prédios do bairro de Perdizes e as praias do Guarujá, Jordí Martinez dedica seu tempo à família, sua cachorra Brisa e seu trabalho como desenhista. Espanhol radicado no Brasil, não é muito difícil reconhecer seu sotaque e o amor pela arte, área em que trabalha há mais de 40 anos.
Em entrevista exclusiva à AGEMT, o artista conversou por chamada de vídeo, em sua casa. Ao fundo, desenhos e livros enchiam o ambiente, sempre reforçando a sua presença artística.
Jordí acumula grandes títulos ao longo da carreira: desenhou quadrinhos do Sítio do Pica Pau Amarelo, Os Trapalhões, histórias de Edgar Allan Poe e o famoso Chacal. Hoje, o artista também desenvolve charges e caricaturas para seu perfil no Instagram, no qual usa de humor ácido para se posicionar politicamente.

“Meus desenhos para o Instagram não eram políticos, mas quando o Bolsonaro assumiu o poder, não consegui engolir aquele cara”, diz Jordí, com um senso de obrigação em se posicionar contra o que estava acontecendo na época, principalmente para mostrar o seu ponto de vista aos seus seguidores mais jovens.
O desenhista chegou às terras brasileiras durante o período da Ditadura militar. Votou pela primeira vez por aqui e vivenciou todos os governos desde então. Jordí, que afirma sempre ter um conteúdo novo para produzir, fazia de duas a três charges diárias para sua conta nas redes sociais. Hoje, com os preparativos para a CCXP24 a todo vapor, ele produz apenas uma por dia, mas sempre com doses de humor, recheada de opiniões e posicionamento político.

Jordí estará presente no evento todos os dias: “Esse convite da CCXP foi muito legal. Eu já trabalhei com publicidade, conheci e falei com muitas pessoas, então estou mais pro sossego hoje em dia (risos), não tenho mais a necessidade de estar envolvido nessa multidão”.
Mesmo assim, ele se mostra ansioso e dedicado ao falar sobre os seus preparativos. Martinez já participou uma vez do evento como convidado, mas afirma que dessa vez será diferente. Agora o artista terá sua própria mesa no Artists’ Valley, onde divulgará vários de seus trabalhos. “Vou conseguir vender o que eu quiser: alguns prints, cursos de desenho, talvez eu venda um original.”, afirma o ilustrador.
Além disso, ele também planeja outros lançamentos para o evento: “Já estou fazendo uma história nova. Eu não queria fazer, dá muito trabalho (risos), mas eu gosto.”
Segundo ele, o contato chegou depois da produção da CCXP ter se encantado com um de seus relançamentos mais aguardados, o Chacal. A obra foi muito bem recebida pelo público, mesmo depois de 43 anos de espera. “O desenho e a história já estavam prontos, então foi uma mão na roda! As pessoas adoraram! A capa é muito linda, tudo está muito bem feito”, ele conta.
Chacal, inicialmente publicado pela extinta editora Vecchi, conta a história de um caçador de recompensas implacável, no estilo faroeste. Esse foi um dos trabalhos mais marcantes de Jordí; não é à toa que diversas editoras, como a Ucha Editora, Skript e Tábula, o procuraram para lançar novas histórias do título.
“Foi uma conquista desenhar esse personagem. Na época, a editora Vecchi estava procurando artistas para desenvolver um personagem de faroeste. Eles fizeram um teste com vários desenhistas, foi difícil, mas eu caprichei. Ofereci qualidade e consegui! Gostaram do meu trabalho e ter a oportunidade de desenhar o Chacal foi magnífica! Até hoje tenho os desenhos do primeiro Chacal, feito a mão com bico de pena e pincel”, conta.

Além de Chacal, outro trabalho de Jordí foi republicado há dois anos atrás: “Manuscrito encontrado numa garrafa”, uma história de Edgar Allan Poe. A diversidade de gêneros nos trabalhos de Jordí é evidente, passando pelo infantil e aventura até chegar no macabro e erótico.
Quanto a esta ecleticidade, o desenhista comenta: “Isso [eu faço] pela sobrevivência, mas eu sempre gostei. Ninguém me dizia que eu não poderia desenhar dos dois jeitos. Eu estou habituado com revistas de humor desde garoto. Depois eu comecei a gostar dos desenhos mais sérios, acompanhei algumas revistas francesas de aventura”.
“Depois que cheguei no Brasil, tive a chance de entrar na editora Rio Gráfica (atual Globo). Ali comecei a desenhar personagens infantis, como os do Sítio do Pica-Pau Amarelo”, completa.
Jordí considera o desenho como seu melhor amigo, pois desenhou durante todas as fases da sua vida, desde a infância: “Quando eu não estou desenhando, estou criando; quando não estou criando, estou aprendendo; quando não estou aprendendo, estou dando aula. Tudo está muito ligado ao desenho”.
Ele percebeu que poderia realmente trabalhar com isso após sua mãe vender um de seus desenhos a uma loja de móveis. O artista trabalhou durante um período com agência de publicidade, mas o restante da carreira foi focado no lápis e no papel.
Jordí chegou ao Brasil com 18 anos, sem documentos, dinheiro e companhia. Durante muito tempo enfrentou desafios e lutou pelas suas conquistas. “Eu poderia ter feito qualquer coisa, poderia estar morto, poderia estar em uma cadeia (risos), mas eu sempre fui fiel ao desenho e o desenho fiel a mim. A folha em branco é tudo, ela recebe tudo que você dá para ela. Quanto mais amor você der, mais amor ela vai te dar.”
“Eu sobrevivi a vida inteira desenhando, e quando eu me aposentei, consegui ter tempo de realmente aprender a desenhar. Quando você tem que matar um leão a cada dia para sobreviver você faz de tudo e não tem muito tempo para aprender da forma tradicional. Eu ia aprendendo em cima da correria. Depois de um tempo aqui no Brasil, voltei para a Espanha e tive a oportunidade de visitar mais museus, estudar e conhecer mais da arte. Foi uma experiência muito enriquecedora”, finaliza.