A Gamescom Latam, edição latino-americana da Gamescom, feira de jogos que acontece anualmente na Alemanha, retornou ao Brasil entre os dias 30 de abril e 4 de maio em São Paulo, juntando fãs dos mais variados estilos de games para celebrar esse universo.
O sábado (03/05), terceiro dia do evento, estava bem cheio, mas o espaço do Distrito Anhembi, lugar escolhido para sediar a feira ajudou a dispersar as pessoas, fazendo com que as filas se acumulassem mais nos estandes, deixando os corredores livres para acesso.
Diversos influenciadores apareceram para ver seus fãs e conversar com eles, no meio do evento havia o Creator 's Lounge, espaço com paredes de vidro onde os criadores de conteúdo podiam ficar. Além disso, a Supercell, empresa de jogos para celular, famosa pelos jogos Clash of Clans, Clash Royale e Brawl Stars, trouxe as streamers “Bagi” e “Malena” para um encontro com os fãs. Ambos os encontros tiveram distribuição de pulseiras uma hora antes e filas contornando o estande.

Muitas empresas marcaram presença com seus estandes, como a Nintendo, que trouxe alguns jogos do Switch, como Mario Party Jamboree e Princess Peach: Showtime. Além deles, a Bethesda trouxe o jogo Indiana Jones e o Grande Círculo, além de uma pequena “gincana”, que era frequente nos estandes. As regras eram: Jogar o remake do jogo The Elder Scrolls: Oblivion; jogar os jogos da Xbox Gamepass, serviço de assinatura da Microsoft; e um jogo de discos inspirado no seu futuro título Doom: the dark ages, para colecionar carimbos e retirar prêmios. Também havia estandes de patrocinadores, como a Seara, que permitia jogar o jogo Doom em uma Airfryer, e o Banco do Brasil.

O grande diferencial da Gamescom foi a atenção e carinho que deram para os jogos independentes, com um setor do evento dedicado apenas a jogos brasileiros, onde títulos como “Ritmania”, do estúdio Garoa, e “Hellclock”, do estúdio Rogue Shell, estavam sendo apresentados. Além de várias ilhas onde era possível jogar os jogos finalistas do Best International Games Festival (BIG Festival), competição de jogos também independentes, na qual o jogo “Mechanines tower defense”, desenvolvido por alunos da Pontifícia Universidade Católica (PUC/SP) estava concorrendo a melhor jogo brasileiro e melhor jogo estudantil.

Em entrevista para a AGEMT, Mel Duarte Munhoz, estudante de Animação na Faculdade Meliés, fala sobre a importância desse tipo de atenção para ela: “Achei muito legal que tinha uma área só com os jogos indies e com os desenvolvedores para jogar e conversar. Esse evento me ajudou a conhecer vários jogos indies, principalmente brasileiros, que eu nunca teria visto antes".
Outros dias do evento também tiveram muitas atrações, como a presença da empresa CD Projekt Red, responsável por títulos como Cyberpunk 2077 e The Witcher, em dois paineis do evento, um sobre desenvolvimento externo, no dia 30 de Abril, e um no próprio sábado. Fãs também tiveram a oportunidade de encontrar o streamer Gaulês na sexta (02/05) e os criadores de conteúdo Chef Otto e Mustache no domingo (04/05)

A edição de 2026 do evento já tem data marcada e vai ocorrer entre os dias 30 de abril e 3 de maio, além disso, a edição alemã da Gamescom acontecerá em agosto, nos dias 20 a 24.
Às terças e, mais recentemente, às sextas-feiras após as 18h, o MASP oferece entrada gratuita ao público. A medida, parte de uma política mais ampla de acesso, tem atraído visitantes com perfis variados, desde turistas e estudantes até trabalhadores que aproveitam o fim do expediente para visitar o espaço. A proposta é estimular novos hábitos culturais e tornar a arte acessível em diferentes horários, inclusive fora do circuito tradicional de visitação.
Segundo Julia Bastos, comunicadora do MASP, mais da metade do público anual entra no museu por meio de algum tipo de gratuidade. Além dos dias livres, o museu garante entrada gratuita diária para idosos, pessoas com deficiência e seus acompanhantes, professores e estudantes da rede pública. Ela afirma que essa abertura contribui para tornar a programação mais inclusiva, refletindo um compromisso constante com a diversidade e o acesso. “A gratuidade sempre foi muito importante para atrair diferentes perfis de visitantes e tornar o museu mais acessível para todos”, diz.

Neste ano, a gratuidade nas noites de sexta ganhou o nome de “Sextou no MASP” e, de acordo com Julia, tem atraído pessoas que buscam um momento de pausa e lazer ao final do dia. Ela destaca que o movimento reforça o papel do museu como espaço de convivência e circulação de ideias, conectando arte com o cotidiano.
A expansão do MASP com o edifício Pietro Maria Bardi também tem reforçado essa política de acesso, ao permitir a exibição de mais obras do acervo, antes não acessíveis ao público. A nova ala abriga ainda espaços para restauração, performances e eventos, o que amplia a diversidade de atividades disponíveis e favorece visitas mais segmentadas. Visitantes que costumam frequentar o museu nos dias gratuitos, como a artista e escritora Camila Gregori, têm aproveitado essas possibilidades para retornar ao museu em diferentes ocasiões ao longo do ano, impulsionadas tanto pela programação quanto pela ausência de barreiras de entrada.

Para Camila, a gratuidade interfere diretamente na composição do público. “Nesses dias, dá para perceber uma mistura maior de pessoas, de diferentes contextos sociais. O ingresso de 75 reais não é acessível para todo mundo”, afirma.
Combinando uma política de preços acessíveis, expansão de espaço e curadoria alinhada a temas contemporâneos, o MASP tem investido em estratégias que consolidam seu papel como instituição cultural. As iniciativas de gratuidade são parte essencial dessa proposta, oferecendo caminhos concretos para a democratização do acesso e a ampliação dos públicos nos museus brasileiros.
O Vaticano anunciou ao mundo a eleição de um novo líder da Igreja Católica. O cardeal estadunidense, Robert Francis Prevost de 69 anos, foi o escolhido e adotou o nome de Leão XIV, tornando-se o 267° sucessor de São Pedro.
Em seu primeiro discurso, na sacada da Basílica de São Pedro, o Papa mencionou que enxerga a igreja como aquela que “constrói pontes”.
Natural de Chicago, nos Estados Unidos, Prevost é o primeiro papa norte-americano, além de ser o primeiro a vir de uma nação majoritariamente protestante. Apesar da origem norte-americana, ele construiu grande parte de sua trajetória religiosa na América Latina, especialmente no Peru, onde atuou principalmente como missionário ao longo de sua carreira na Igreja. Ele foi nomeado cardeal apenas em 2023, mantendo-se discreto, concedendo poucas entrevistas e fazendo raras aparições públicas nesse intervalo.
Ele tinha um grande vínculo com o falecido Papa Francisco e é visto como um sucessor adepto das ideias do Santo Padre anterior. Em entrevista ao à Agemt, Márcia, enfermeira de 51 anos, declarou que Prevost irá se reinventar a partir dos pensamentos de Francisco.
Um fato que repercutiu foi o conclave, o mais rápido dos últimos 86 anos, empatando com o de João Paulo I e Bento XVI. Para Maria Clara Palmeira, estudante de jornalismo de 19 anos, a rápida decisão dos cardeais se deu pelo preocupação de substituir o Francisco quanto antes.
Discreto e de voz serena, o novo Papa evita a exposição pública, mas é reconhecido como reformista alinhado a Francisco, com sólida formação em teologia e profundo conhecimento em direito canônico.
“Pecadores”, a nova aposta do diretor, roteirista e co-produtor Ryan Coogler - a mente por trás dos sucessos “Creed” e “Pantera Negra” - estreou em abril de 2025. O longa acompanha uma história de liberdade e conflitos raciais com muito Blues e dança, sem perder o terror e o suspense de sua atmosfera surrealista.

O filme, situado em 1932, acompanha em seu elenco principal os gêmeos Fumaça e Fuligem, ambos interpretados por Michael B. Jordan. Tudo se centraliza no clube de Blues criado pelos gêmeos, o terreno que foi comprado de um senhor envolvido na Ku Klux Klan, com dinheiro roubado em Chicago com a ajuda do gangster norte americano, Al Capone, além do vinho e a cerveja importados que serviram como atrativo para a comunidade cansada da região. Mas claro, nada disso importa para os gêmeos, até o fim da noite todos os envolvidos no clube serão pecadores. Como dito pelo pastor e pai do personagem Sammie, “Se você continuar a dançar com o diabo, um dia ele vai te seguir até em casa".
Durante o desenrolar do longa, surgem outros personagens relacionados ao passado da dupla e o conflito central, como Sammie (Miles Caton), primo e filho do pastor local, Mary (Hailee Steinfeld), irmã de criação e Annie (Wunmi Mosaku), curandeira local. Todos têm seu lugar naquela sociedade, que situa de forma aguçada seu papel historicamente bem pensado.
Destaque especial para Sammie, que demonstra a dualidade entre a religião e o conformismo, na qual, para ele, a música representa liberdade e salvação, o que fica ainda mais evidente após a chegada do personagem Remmick (Jack O'Connell). O roteiro utiliza diversos contextos históricos, que o torna um prato culturalmente cheio.
Por exemplo, o passado de Remmick demonstra ter relação com a opressão irlandesa, durante colonização dos ingleses no século XII, além das implicações a um proselitismo forçado, por conta das citações do personagem sobre ter sido obrigado a aprender hinos e cânticos religiosos no passado pelo homem que roubou as terras de sua família.
A ideia do vampiro, em uma narrativa banhada de elementos religiosos é uma escolha pensada e calculada aos mínimos detalhes, seja no batismo feito em Sammie ou na visão tida por Fumaça no ato final. O movimento do afro-surrealismo tem muita influência nessa decisão, em que os elementos do sobrenatural servem como analogia direta ao período de apagamento histórico e cultural que aconteceu com a população negra, o que torna ainda mais simbólica a representação do Blues na trama.
Outro elemento que vale a pena destacar é a posição da trilha sonora na narrativa. O mérito vem da parceria entre Ludwig Göransson e Coogler que entraram em sintonia em todos os seus projetos. Mesmo não sendo um musical, a trilha sonora e seus números musicais fazem parte do âmago da história, principalmente nas músicas tocadas durante a sequência do clube, como “Lie to You” e “Rocky Road to Dublin”, performadas pelos atores.

A recepção da crítica e público foi representativa, fazendo história além da tela, estando com 84% de aclamação no Metacritic. Além de ter conquistado uma das maiores bilheterias do ano, totalizando 230 milhões arrecadados por todo o mundo.
O diretor Ryan Coogler conseguiu deixar um legado na indústria cinematográfica, com o contrato histórico feito para a produção do filme, no qual em vinte e cinco anos, todos os direitos relacionados a sua obra serão retornados para o diretor.
Veja abaixo o trailer da produção:
Título original: Sinners
Direção: Ryan Coogler
Roteiro: Ryan Coogler
Trilha sonora original: Ludwig Göransson
Produção: Ryan Coogler, Zinzi Coogler, Kevin Feige
Elenco principal: Michael B. Jordan, Miles Caton, Hailee Steinfeld, Wunmi Mosaku e Jack O’Connell.
Em um contexto onde a inteligência artificial (IA) está se desenvolvendo rapidamente em várias áreas criativas, duas grandes referências em animação foram vítimas da falta de pagamento dos direitos autorais pelas big techs. Recentemente, as redes sociais foram inundadas por imagens produzidas por IA que replicaram o estilo inconfundível da Turma da Mônica, resultando em uma reação imediata da Maurício de Sousa Produções, que divulgou uma nota condenando o uso não autorizado de sua propriedade intelectual. Ouvir matéria em áudio.
Paralelamente, o renomado Studio Ghibli também se viu no centro das atenções quando a nova funcionalidade da OpenAI viralizou ao permitir que os usuários transformassem qualquer imagem em ilustrações na estética das animações japonesas. A situação gerou desconforto em artistas e fãs do estúdio que trouxeram à tona uma fala de Hayao Miyazaki (co-fundador do Studio Ghibli) em 2016, que ao ser apresentado a proposta de animação com IA, classificou o uso da tecnologia como “um insulto à própria vida”. Para entender melhor esse embate entre a tradição artística e a inovação tecnológica, conversamos com o cartunista Maurício Pinheiro e com o advogado Danilo Brum, que nos ajudaram a entender as questões éticas e jurídicas deste novo cenário.

As fronteiras entre a criação humana e a geração automatizada vem se tornando cada vez mais tênues e o debate ganha novos contornos quando abordamos a preservação da identidade artística. “A partir do momento que você muda a maneira de como fazer arte, você também muda a maneira como o profissional executa aquele trabalho. Então, corre sim o risco de você extinguir toda uma classe de artistas", afirma o cartunista Maurício Pinheiro em entrevista à AGEMT. E acrescenta: "você faz com que o artista não precise mais aprender aquele ofício, porque vai ser uma situação de digitar dados e você não vai precisar mais de todo aquele conhecimento", diz Pinheiro.
Além do dano causado aos artistas, o uso da inteligência artificial levanta questões legais complexas, como explica o advogado Danilo Brum. "O conceito jurídico de 'obra derivada', previsto no art. 5º, I da Lei de Direitos Autorais (Lei 9.610/98), inclui adaptações, traduções, arranjos e outras formas de transformação de obras originais. No entanto, um grande desafio atual é determinar se conteúdos gerados por inteligência artificial — que muitas vezes não copiam diretamente uma obra, mas se inspiram fortemente em seu estilo, estética ou estrutura narrativa — também podem ser enquadrados como obras derivadas não autorizadas", preocupa-se Brum.
Para o advogado, "essa análise revela uma lacuna legislativa que precisa ser urgentemente abordada, especialmente considerando que a tecnologia avança mais rapidamente do que as leis que deveriam regulá-la". A trend com imagens geradas artificialmente começou no final de março. depois de uma atualização da OpenAI, que permitia a criação de imagens a partir de fotos e instruções do usuário. Desde então, foram milhares de posts nas redes sociais que imitavam o estilo de “Meu amigo, Totoro”.
“O Serviço de entregas de Kiki” e “O menino e a Garça” – obras do estúdio Ghibli. Logo após o ‘boom’ dos desenhos feitos com ferramentas de IA, a série de quadrinhos ‘‘Turma da Mônica’’ virou tendência no X (antigo Twitter) com os traços do estúdio Mauricio de Sousa sendo replicados por modelos generativos em diversas versões que associam os personagens com discursos que vão contra os valores do Estúdio. Maurício Pinheiro explica que a simplicidade de criar arte em poucos minutos desqualifica os anos de estudo que o artista teve e promove o desinteresse monetário no trabalho dele. “O artista vai simplesmente digitar o texto certo e a inteligência artificial vai fazer o trabalho para ele. Sendo assim, ele perde a utilidade e também perde o princípio de tudo aquilo que foi aprendido e conquistado durante anos de trabalho, de talento e de estudo”, afirma.
Nos Estados Unidos, as obras feitas por inteligência artificial já são reconhecidas como artes autorais pela United States Copyright Office (USCO), que concedeu a primeira proteção de direitos autorais para a obra “A Single Piece of American Cheese”, criada por Kent Keirsey, CEO da plataforma Invoke. A imagem foi gerada por IA, mas editada pelo autor, que precisou comprovar sua autoria por meio de vídeos, comandos e outros processos de criação que evidenciassem uma contribuição significativa de sua autoria na produção final da arte.

No Brasil, “a Lei 9.610/98 parte da premissa de que a criação é fruto de um ato intelectual humano (a lei fala em "criações do espírito"), com subjetividade e intencionalidade”. De acordo ainda com Brum, a inteligência artificial no Brasil desafia os “pilares clássicos do Direito Autoral”, indo em contrapartida aos três pilares principais, autoria, originalidade e fixação. Ao produzir conteúdos que já existem e que muitas vezes são protegidos por direitos autorais, analisam padrões estatísticos, como o traço de um estilo de desenho, gerando algo “parecido” com a criação humana. Além disso, existe a questão jurídica acerca do fornecimento de dados biométricos daqueles que usaram a OpenAI para a criação das imagens sem o devido consentimento.
Danilo Brum destaca que “do ponto de vista jurídico, o consentimento válido pressupõe liberdade, informação clara e específica sobre a finalidade do uso dos dados”, conforme determinado pela Lei geral de proteção de Dados (Lei 13.709/2018). Segundo Pinheiro, existe um desafio ligado à revogação do consentimento e controle de dados já utilizados para treinar inteligências artificiais. “Em muitos casos, uma vez incorporados aos datasets, os dados não podem ser facilmente extraídos ou desvinculados, o que compromete o exercício dos direitos dos titulares, como o direito à exclusão ou à limitação do tratamento”, explica.
Diante de um avanço tecnológico que supera o ritmo da legislação, os casos relacionados à IA e a violação de direitos autorais levantam um debate sobre como considerar e regular tanto obras originais, criadas por humanos quanto aquelas geradas por máquinas, com o objetivo de enfrentar os desafios atuais e futuros para uma avaliação que ofereça segurança jurídica e ética para todos os envolvidos.














