Do pastelzinho com caldo de cana à hora da xepa, as feiras livres fazem parte do cotidiano paulista de domingo a domingo.
por
Manuela Dias
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29/11/2025 - 12h

Por décadas, São Paulo acorda cedo ao som de barracas sendo montadas, caminhões descarregando frutas e vendedores afinando o gogó para anunciar promoções. De norte a sul, as feiras livres desenham um dos cenários mais afetivos da vida paulistana. Não é apenas o lugar onde se compra comida fresca: é onde se conversa, se briga pelo preço, se prova um pedacinho de melancia e se encontra o vizinho que você só vê ali, entre uma dúzia de banana e um pé de alface.

Juca Alves, de 40 anos, conta que vende frutas há 28 anos na zona norte de São Paulo e brinca que o relógio dele funciona diferente. “Minha rotina é a mesma todos os dias. Meu dia começa quando a cidade ainda está dormindo. Se eu bobear, o morango acorda antes de mim”.

Nas bancas de comida, o pastel é rei. “Se não tiver barulho de óleo estalando e alguém gritando não tem graça”, afirma dona Sônia, pasteleira há 19 anos junto com o marido e filhos. “Minha família cresceu ao redor de panelas de óleo e montes de pastéis. E eu fico muito realizada com isso.  

Quando o relógio se aproxima do meio dia, começa o momento mais esperado por parte do público: a famosa xepa. É quando o preço cai e a disputa aumenta. Em uma cidade acelerada como São Paulo, a feira livre funciona como uma pausa afetiva, um lembrete de que existe vida fora do concreto. E enquanto houver paulistanos dispostos a acordar cedo por um pastel quentinho e uma conversa boa, as feiras continuarão firmes, coloridas, barulhentas e deliciosamente caóticas.

Os cartazes com preços vão mudando conforme o dia.
Os cartazes com preços vão mudando conforme o dia. Foto: Manuela Dias/AGEMT
Vermelha, doce e gigante: a melancia é o coração das bancas nas feiras paulistanas.
Vermelha, doce e gigante: a melancia é o coração das bancas nas feiras paulistanas. Foto: Manuela Dias/AGEMT
A dupla que move a feira da Zona Norte de São Paulo.
A dupla que move a feira da Zona Norte de São Paulo. Foto: Manuela Dias/AGEMT
Entre frutas e verduras um respiro delicado: o corredor das flores.
Entre frutas e verduras um respiro delicado: o corredor das flores. Foto: Manuela Dias/AGEMT

 

Apresentação exclusiva acontece no dia 7 de setembro, no Palco Mundo
por
Jalile Elias
Lais Romagnoli
Marcela Rocha
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26/11/2025 - 12h

Elton John está de volta ao Brasil em uma única apresentação que promete marcar a edição de 2026 do Rock in Rio. O festival confirmou o britânico como atração principal do dia 7 de setembro, abrindo a divulgação do line-up com um dos nomes mais celebrados da música mundial.

A presença de Elton carrega um peso especial. Em 2023, o artista anunciou que deixaria as grandes turnês para ficar mais perto da família. Por isso, sua performance no Rock in Rio será a única na América Latina, transformando o show em um momento raro para os fãs de todo o continente.

Em um vídeo publicado na terça-feira (25) nas redes sociais, Elton John revelou o motivo para ter aceitado o convite de realizar o show em solo brasileiro. “A razão é que eu não vim ao Rio na turnê ‘Farewell Yellow Brick Road’, e eu senti que decepcionei muitos dos meus fãs brasileiros. Então, eu quero compensar isso”, explicou o britânico.

No mesmo dia de festival, outro grande nome da música sobe ao Palco Mundo: Gilberto Gil. Em clima de despedida com a turnê Tempo-Rei, que termina em março de 2026, o encontro dos dois artistas lendários torna a programação do festival ainda mais especial. 

Gilberto Gil se apresentará no Palco Mundo do Rock in Rio 2026 (Foto: Reprodução / Facebook Gilberto Gil)
Gilberto Gil se apresentará no Palco Mundo do Rock in Rio 2026 (Foto: Divulgação)

Além das atrações, o Rock in Rio prepara mudanças importantes na Cidade do Rock. O Palco Mundo, símbolo do festival, será completamente revestido de painéis de LED, somando 2.400 metros quadrados de tecnologia. A ideia é ampliar a imersão visual e criar novas possibilidades para os artistas.

A próxima edição também terá uma homenagem especial à Bossa Nova e um benefício pensado diretamente para o público, em que cada visitante poderá receber até 100% do valor do ingresso de volta em bônus, podendo ser usado em hotéis, gastronomia e experiências turísticas durante a estadia na cidade.

O Rock in Rio 2026 acontece nos dias 4, 5, 6, 7 e 11, 12 e 13 de setembro, no Parque Olímpico, no Rio de Janeiro. A venda geral dos ingressos começa em 9 de dezembro, às 19h, enquanto membros do Rock in Rio Club terão acesso à pré-venda a partir do dia 4, no mesmo horário.

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A socialite continuou tendo sua moral julgada no tribunal, mesmo após ter sido assassinada pelo companheiro
por
Lais Romagnoli
Marcela Rocha
Jalile Elias
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26/11/2025 - 12h
Marjorie Estiano interpreta Ângela Diniz. Foto: Divulgação
Marjorie Estiano interpreta Ângela Diniz em nova série. Foto: Reprodução/Divulgação HBO Max

Figurinha carimbada nas colunas sociais da época, Ângela Diniz virou capa das manchetes policiais após ser morta a tiros pelo então namorado, Doca Street. O feminicídio que marcou o país na década de 1970 ganha agora um novo olhar na série da HBO Ângela Diniz: Assassinada e Condenada.

Na produção, Marjorie Estiano interpreta a protagonista, enquanto Emilio Dantas assume o papel de Doca. O elenco ainda conta com Thelmo Fernandes, Maria Volpe, Renata Gaspar, Yara de Novaes e Tóia Ferraz.

Sob direção de Andrucha Waddington, a série se inspira no podcast A Praia dos Ossos, de Branca Viana. A obra, que leva o nome da praia onde o crime ocorreu, reconstrói não apenas o caso, mas também o apagamento em torno da própria vítima. Depoimentos de amigas de Ângela, silenciadas à época, servem como ponto de partida para revelar quem ela realmente era.

Seja pela beleza ou pela independência, a mineira chamava atenção por onde passava. Já os relatos sobre Doca eram marcados pelo ciúme obsessivo do empresário. O casal passava a véspera da virada de 1977 em Búzios quando, ao tentar pôr fim à relação, Ângela foi assassinada pelo companheiro.

Por dias, o criminoso permaneceu foragido, até que sua primeira aparição foi numa entrevista à televisão; logo depois, ele se entregou à polícia. Foram necessários mais de dois anos desde o assassinato para que Doca se sentasse no banco dos réus, num julgamento que se tornaria símbolo da luta contra a violência de gênero.

Marjorie Estiano interpreta Ângela Diniz, , enquanto Emilio Dantas assume o papel de Doca. Foto: Divulgação
Marjorie Estiano interpreta Ângela Diniz, enquanto Emilio Dantas assume o papel de Doca. Foto: Reprodução/Divulgação HBO Max

As atitudes, roupas e relações de Ângela foram usadas pela defesa como supostas “provocações” que teriam motivado o crime. Foi nesse episódio que Carlos Drummond de Andrade escreveu: “Aquela moça continua sendo assassinada todos os dias e de diferentes maneiras”.

Os advogados do réu recorreram à tese da “legítima defesa da honra” — proibida somente em 2023 pelo STF — numa tentativa de inocentá-lo. O argumento foi aceito pelo júri, e Doca recebeu pena de apenas dois anos de prisão, sentença que gerou revolta e fortaleceu movimentos feministas da época.

Sob forte pressão popular, um segundo julgamento foi realizado. Nele, Doca foi condenado a 15 anos, dos quais cumpriu cerca de três em regime fechado e dois em semiaberto. Em 2020, ele morreu aos 86 anos, em decorrência de um ataque cardíaco.

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Exposição reúne obras que exploram o inconsciente e a natureza como caminhos simbólicos de cura
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KHADIJAH CALIL
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25/11/2025 - 12h

A Pinacoteca Benedicto Calixto, em Santos, apresenta de 14 de novembro a 14 de dezembro de 2025 a exposição “Bosque Mítico: Katia Canton e a Cura pela Arte”, que reúne um conjunto expressivo de pinturas, desenhos, cerâmicas, tapeçarias e azulejos da artista, sob curadoria de Carlos Zibel e Antonio Carlos Cavalcanti Filho. A Fundação que sedia a mostra está localizada no imóvel conhecido como Casarão Branco do Boqueirão em Santos, um exemplar da época áurea do café no Brasil. 

Ao revisitar o bosque dos contos de fadas como metáfora de transformação interior, Katia Canton revela o processo criativo como gesto de cura, reconstrução e transcendência.
 

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       “Casinha amarela com laranja” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.

 

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                 “Chapeuzinho triste” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.
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                 “O estrangeiro” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.         
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                                                            “Menina e pássaro” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.
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                                                     “Duas casinhas numa ilha” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.
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                                                             “Os sete gatinhos” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.
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                                                                         “Floresta” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.

 

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Festival celebra os três anos de existência com homenagem ao pensamento de Frantz Fanon e a imaginação radical da cultura periférica
por
Marcela Rocha
Jalile Elias
Isabelle Maieru
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25/11/2025 - 12h

Reconhecido como um dos principais espaços da cultura periférica em São Paulo, o Museu das Favelas completa três anos de atividades no mês de novembro. Para comemorar, a instituição elaborou uma programação especial gratuita que combina memória, arte periférica e reflexão crítica.

Segundo o governo do Estado, o Museu das Favelas já recebeu mais de 100 mil visitantes desde sua fundação em 2022. Localizado no Pátio do Colégio, a abertura da agenda de aniversário ocorre nesta terça-feira (25) com a mostra “ImaginaÇÃO Radical: 100 anos de Frantz Fanon”, dedicada ao médico e filósofo político martinicano.

Fachada do Museu das Favelas. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Fachada do Museu das Favelas. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Autor de “Os condenados da terra” e “Pele negra, máscaras brancas”, Fanon contribuiu para a análise dos efeitos psicológicos do colonialismo, considerando algumas abordagens da psiquiatria e psicologia ineficazes para o tratamento de pessoas racializadas. A exposição em sua homenagem ficará em cartaz até 24 de maio de 2026.

Ainda nos dias 25 e 26 deste mês, o festival oferecerá o ciclo “Papo Reto” com debates entre intelectuais francófonos e brasileiros, em parceria com o Instituto Francês e a Festa Literária das Periferias (Flup). A programação continua no dia 27 com a visita "Abrindo Fluxos da Imaginação Radical”. 

Em 28 de novembro, o projeto “Baile tá On!” promove uma conversa com o artista JXNV$. Já no dia 29, será inaugurada a sala expositiva “Esperançar”, que apresenta arte e tecnologia como forma de mapear territórios periféricos.

O encerramento do festival será no dia 30 de novembro com a programação “Favela é Giro”, que ocupa o Largo Pátio do Colégio com DJs e performances culturais.

 

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No início de maio, o evento em São Paulo contou com diversos influencers e atividades durante 5 dias
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Lucca Cantarim dos Santos
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20/05/2025 - 12h

 

A Gamescom Latam, edição latino-americana da Gamescom, feira de jogos que acontece anualmente na Alemanha, retornou ao Brasil entre os dias 30 de abril e 4 de maio em São Paulo, juntando fãs dos mais variados estilos de games para celebrar esse universo.

O sábado (03/05), terceiro dia do evento, estava bem cheio, mas o espaço do Distrito Anhembi, lugar escolhido para sediar a feira ajudou a dispersar as pessoas, fazendo com que as filas se acumulassem mais nos estandes, deixando os corredores livres para acesso.

Diversos influenciadores apareceram para ver seus fãs e conversar com eles, no meio do evento havia o Creator 's Lounge, espaço com paredes de vidro onde os criadores de conteúdo podiam ficar.   Além disso, a Supercell, empresa de jogos para celular, famosa pelos jogos Clash of Clans, Clash Royale e Brawl Stars, trouxe as streamers “Bagi” e “Malena” para um encontro com os fãs. Ambos os encontros tiveram distribuição de pulseiras uma hora antes e filas contornando o estande. 

 

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Palestra dos Streamers "Bagi" e "Felps" na quinta (01/05) no estande da Warner     Foto: Juliana Bertini de Paula

 

Muitas empresas marcaram presença com seus estandes, como a Nintendo, que trouxe alguns jogos do Switch, como Mario Party Jamboree e Princess Peach: Showtime. Além deles, a Bethesda trouxe o jogo Indiana Jones e o Grande Círculo, além de uma pequena “gincana”, que era frequente nos estandes. As regras eram: Jogar o remake do jogo The Elder Scrolls: Oblivion; jogar os jogos da Xbox Gamepass, serviço de assinatura da Microsoft; e um jogo de discos inspirado no seu futuro título Doom: the dark ages, para colecionar carimbos e retirar prêmios. Também havia estandes de patrocinadores, como a Seara, que permitia jogar o jogo Doom em uma Airfryer, e o Banco do Brasil.

 

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Estande da Nintendo, que oferecia o jogo Just Dance para testar      Foto: Juliana Bertini de Paula

 

O grande diferencial da Gamescom foi a atenção e carinho que deram para os jogos independentes, com um setor do evento dedicado apenas a jogos brasileiros, onde títulos como “Ritmania”, do estúdio Garoa, e “Hellclock”, do estúdio Rogue Shell, estavam sendo apresentados. Além de várias ilhas onde era possível jogar os jogos finalistas do Best International Games Festival (BIG Festival), competição de jogos também independentes, na qual o jogo “Mechanines tower defense”, desenvolvido por alunos da Pontifícia Universidade Católica (PUC/SP) estava concorrendo a melhor jogo brasileiro e melhor jogo estudantil.

 

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"Panorama Brasil", área do Banco do Brasil dedicada à Indies brasileiros  Foto: Lucca Cantarim dos Santos

 

Em entrevista para a AGEMT, Mel Duarte Munhoz, estudante de Animação na Faculdade Meliés, fala sobre a importância desse tipo de atenção para ela: “Achei muito legal que tinha uma área só com os jogos indies e com os desenvolvedores para jogar e conversar. Esse evento me ajudou a conhecer vários jogos indies, principalmente brasileiros, que eu nunca teria visto antes".

Outros dias do evento também tiveram muitas atrações, como a presença da empresa CD Projekt Red, responsável por títulos como Cyberpunk 2077 e The Witcher, em dois paineis do evento, um sobre desenvolvimento externo, no dia 30 de Abril, e um no próprio sábado. Fãs também tiveram a oportunidade de encontrar o streamer Gaulês na sexta (02/05) e os criadores de conteúdo Chef Otto e Mustache no domingo (04/05)

 

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Estande dedicado ao jogo Fortnite                                                                             Foto: Juliana Bertini de Paula

 

A edição de 2026 do evento já tem data marcada e vai ocorrer entre os dias 30 de abril e 3 de maio, além disso, a edição alemã da Gamescom acontecerá em agosto, nos dias 20 a 24.

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Ingressos grátis e nova expansão do museu aproximam público dos espaços culturais da cidade.
por
Maria Luiza Pinheiro Reining
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15/05/2025 - 12h

 

Às terças e, mais recentemente, às sextas-feiras após as 18h, o MASP oferece entrada gratuita ao público. A medida, parte de uma política mais ampla de acesso, tem atraído visitantes com perfis variados, desde turistas e estudantes até trabalhadores que aproveitam o fim do expediente para visitar o espaço. A proposta é estimular novos hábitos culturais e tornar a arte acessível em diferentes horários, inclusive fora do circuito tradicional de visitação.

Segundo Julia Bastos, comunicadora do MASP, mais da metade do público anual entra no museu por meio de algum tipo de gratuidade. Além dos dias livres, o museu garante entrada gratuita diária para idosos, pessoas com deficiência e seus acompanhantes, professores e estudantes da rede pública. Ela afirma que essa abertura contribui para tornar a programação mais inclusiva, refletindo um compromisso constante com a diversidade e o acesso. “A gratuidade sempre foi muito importante para atrair diferentes perfis de visitantes e tornar o museu mais acessível para todos”, diz.

 

Julia Bastos, comunicadora do MASP, diante a reabertura do espaço comum no vão livre do museu
Julia Bastos, comunicadora do MASP, diante a reabertura do espaço comum no vão livre do museu

Neste ano, a gratuidade nas noites de sexta ganhou o nome de “Sextou no MASP” e, de acordo com Julia, tem atraído pessoas que buscam um momento de pausa e lazer ao final do dia. Ela destaca que o movimento reforça o papel do museu como espaço de convivência e circulação de ideias, conectando arte com o cotidiano.

A expansão do MASP com o edifício Pietro Maria Bardi também tem reforçado essa política de acesso, ao permitir a exibição de mais obras do acervo, antes não acessíveis ao público. A nova ala abriga ainda espaços para restauração, performances e eventos, o que amplia a diversidade de atividades disponíveis e favorece visitas mais segmentadas. Visitantes que costumam frequentar o museu nos dias gratuitos, como a artista e escritora Camila Gregori, têm aproveitado essas possibilidades para retornar ao museu em diferentes ocasiões ao longo do ano, impulsionadas tanto pela programação quanto pela ausência de barreiras de entrada.

 

Camila Gregori, artista e escritora, visita o anexo Pietro Maria Bardi

Para Camila, a gratuidade interfere diretamente na composição do público. “Nesses dias, dá para perceber uma mistura maior de pessoas, de diferentes contextos sociais. O ingresso de 75 reais não é acessível para todo mundo”, afirma.

Combinando uma política de preços acessíveis, expansão de espaço e curadoria alinhada a temas contemporâneos, o MASP tem investido em estratégias que consolidam seu papel como instituição cultural. As iniciativas de gratuidade são parte essencial dessa proposta, oferecendo caminhos concretos para a democratização do acesso e a ampliação dos públicos nos museus brasileiros.

 

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A fumaça branca foi vista na tarde desta quinta-feira (8), Robert Francis é nomeado Papa Leão XIV
por
Caio Moreira
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09/05/2025 - 12h

 

 

O Vaticano anunciou ao mundo a eleição de um novo líder da Igreja Católica. O cardeal estadunidense, Robert Francis Prevost de 69 anos, foi o escolhido e adotou o nome de Leão XIV, tornando-se o 267° sucessor de São Pedro. 

Em seu primeiro discurso, na sacada da Basílica de São Pedro, o Papa mencionou que enxerga a igreja como aquela que “constrói pontes”. 

 Natural de Chicago, nos Estados Unidos, Prevost é o primeiro papa norte-americano, além de ser o primeiro a vir de uma nação majoritariamente protestante. Apesar da origem norte-americana, ele construiu grande parte de sua trajetória religiosa na América Latina, especialmente no Peru, onde atuou principalmente como missionário ao longo de sua carreira na Igreja. Ele foi nomeado cardeal apenas em 2023, mantendo-se discreto, concedendo poucas entrevistas e fazendo raras aparições públicas nesse intervalo.

 Ele tinha um grande vínculo com o falecido Papa Francisco e é visto como um sucessor adepto das ideias do Santo Padre anterior. Em entrevista ao à Agemt, Márcia, enfermeira de 51 anos, declarou que Prevost irá se reinventar a partir dos pensamentos de Francisco. 

 Um fato que repercutiu foi o conclave, o mais rápido dos últimos 86 anos, empatando com o de João Paulo I e Bento XVI. Para Maria Clara Palmeira, estudante de jornalismo de 19 anos, a rápida decisão dos cardeais se deu pelo preocupação de substituir o Francisco quanto antes.

Discreto e de voz serena, o novo Papa evita a exposição pública, mas é reconhecido como reformista alinhado a Francisco, com sólida formação em teologia e profundo conhecimento em direito canônico.

 

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Filme quebra paradigmas sobre originalidade e ancestralidade no cinema
por
Isabelle Rodrigues
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07/05/2025 - 12h

“Pecadores”, a nova aposta do diretor, roteirista e co-produtor Ryan Coogler - a mente por trás dos sucessos “Creed” e “Pantera Negra” - estreou em abril de 2025. O longa acompanha uma história de liberdade e conflitos raciais com muito Blues e dança, sem perder o terror e o suspense de sua atmosfera surrealista.

Os gêmeos Stack e Smoke utilizam cores distintas durante o longa, como forma de demonstrar suas posições ao longo da narrativa. Foto / Reprodução IMDB
Os gêmeos Stack e Smoke utilizam cores distintas durante o longa, como forma de demonstrar suas posições ao longo da narrativa. Foto / Reprodução IMDB

O filme, situado em 1932, acompanha em seu elenco principal os gêmeos Fumaça e Fuligem, ambos interpretados por Michael B. Jordan. Tudo se centraliza no clube de Blues criado pelos gêmeos, o terreno que foi comprado de um senhor envolvido na Ku Klux Klan, com dinheiro roubado em Chicago com a ajuda do gangster norte americano, Al Capone, além do vinho e a cerveja importados que serviram como atrativo para a comunidade cansada da região. Mas claro, nada disso importa para os gêmeos, até o fim da noite todos os envolvidos no clube serão pecadores. Como dito pelo pastor e pai do personagem Sammie, “Se você continuar a dançar com o diabo, um dia ele vai te seguir até em casa".

Durante o desenrolar do longa, surgem outros personagens relacionados ao passado da dupla e o conflito central, como Sammie (Miles Caton), primo e filho do pastor local, Mary (Hailee Steinfeld), irmã de criação e Annie (Wunmi Mosaku), curandeira local. Todos têm seu lugar naquela sociedade, que situa de forma aguçada seu papel historicamente bem pensado. 

Destaque especial para Sammie, que demonstra a dualidade entre a religião e o conformismo, na qual, para ele, a música representa liberdade e salvação, o que fica ainda mais evidente após a chegada do personagem Remmick (Jack O'Connell). O roteiro utiliza diversos contextos históricos, que o torna um prato culturalmente cheio.

Por exemplo, o passado de Remmick demonstra ter relação com a opressão irlandesa, durante colonização dos ingleses no século XII, além das implicações a um proselitismo forçado, por conta das citações do personagem sobre ter sido obrigado a aprender hinos e cânticos religiosos no passado pelo homem que roubou as terras de sua família.

A ideia do vampiro, em uma narrativa banhada de elementos religiosos é uma escolha pensada e calculada aos mínimos detalhes, seja no batismo feito em Sammie ou na visão tida por Fumaça no ato final. O movimento do afro-surrealismo tem muita influência nessa decisão, em que os elementos do sobrenatural servem como analogia direta ao período de apagamento histórico e cultural que aconteceu com a população negra, o que torna ainda mais simbólica a representação do Blues na trama.

Outro elemento que vale a pena destacar é a posição da trilha sonora na narrativa.  O mérito vem da parceria entre Ludwig Göransson e Coogler que entraram em sintonia em todos os seus projetos. Mesmo não sendo um musical, a trilha sonora e seus números musicais fazem parte do âmago da história, principalmente nas músicas tocadas durante a sequência do clube, como “Lie to You” e “Rocky Road to Dublin”, performadas pelos atores.

Pecadores se torna uma das maiores apostas para o oscar de 2025, segundo a critica especializada Foto / Reprodução IMDB
Pecadores se torna uma das maiores apostas para o Oscar de 2025, segundo a critica especializada Foto / Reprodução IMDB

A recepção da crítica e público foi representativa, fazendo história além da tela, estando com 84% de aclamação no Metacritic. Além de ter conquistado uma das maiores bilheterias do ano, totalizando 230 milhões arrecadados por todo o mundo. 

O diretor Ryan Coogler conseguiu deixar um legado na indústria cinematográfica, com o contrato histórico feito para a produção do filme, no qual em vinte e cinco anos, todos os direitos relacionados a sua obra serão retornados para o diretor. 

Veja abaixo o trailer da produção: 

Título original: Sinners
Direção: Ryan Coogler
Roteiro: Ryan Coogler
Trilha sonora original: Ludwig Göransson
Produção: Ryan Coogler, Zinzi Coogler, Kevin Feige

Elenco principal: Michael B. Jordan, Miles Caton, Hailee Steinfeld, Wunmi Mosaku e Jack O’Connell.

Do Japão ao Brasil, estúdios tem artes roubadas e viram trend nas Redes Sociais
por
Eduarda Amaral
Emily de Matos
Luis Henrique Oliveira
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06/05/2025 - 12h

Em um contexto onde a inteligência artificial (IA) está se desenvolvendo rapidamente em várias áreas criativas, duas grandes referências em animação foram vítimas da falta de pagamento dos direitos autorais pelas big techs. Recentemente, as redes sociais foram inundadas por imagens produzidas por IA que replicaram o estilo inconfundível da Turma da Mônica, resultando em uma reação imediata da Maurício de Sousa Produções, que divulgou uma nota condenando o uso não autorizado de sua propriedade intelectual. Ouvir matéria em áudio. 

Paralelamente, o renomado Studio Ghibli também se viu no centro das atenções quando a nova funcionalidade da OpenAI viralizou ao permitir que os usuários transformassem qualquer imagem em ilustrações na estética das animações japonesas. A situação gerou desconforto em artistas e fãs do estúdio que trouxeram à tona uma fala de Hayao Miyazaki (co-fundador do Studio Ghibli)  em 2016, que ao ser apresentado a proposta de animação com IA, classificou o uso da tecnologia como “um insulto à própria vida”. Para entender melhor esse embate entre a tradição artística e a inovação tecnológica, conversamos com o cartunista Maurício Pinheiro e com o advogado Danilo Brum, que nos ajudaram a entender as questões éticas e jurídicas deste novo cenário. 

Imagem feita artificialmente de Ana Maria Braga no estilo Ghibli
Foto: Reprodução/Meio & Mensagem

As fronteiras entre a criação humana e a geração automatizada vem se tornando cada vez mais tênues e o debate ganha novos contornos quando abordamos a preservação da identidade artística. “A partir do momento que você muda a maneira de como fazer arte, você também muda a maneira como o profissional executa aquele trabalho. Então, corre sim o risco de você extinguir toda uma classe de artistas", afirma o cartunista Maurício Pinheiro em entrevista à AGEMT. E acrescenta: "você faz com que o artista não precise mais aprender aquele ofício, porque vai ser uma situação de digitar dados e você não vai precisar mais de todo aquele conhecimento", diz Pinheiro. 

Além do dano causado aos artistas, o uso da inteligência artificial levanta questões legais complexas, como explica o advogado Danilo Brum. "O conceito jurídico de 'obra derivada', previsto no art. 5º, I da Lei de Direitos Autorais (Lei 9.610/98), inclui adaptações, traduções, arranjos e outras formas de transformação de obras originais. No entanto, um grande desafio atual é determinar se conteúdos gerados por inteligência artificial — que muitas vezes não copiam diretamente uma obra, mas se inspiram fortemente em seu estilo, estética ou estrutura narrativa — também podem ser enquadrados como obras derivadas não autorizadas", preocupa-se Brum. 

Para o advogado, "essa análise revela uma lacuna legislativa que precisa ser urgentemente abordada, especialmente considerando que a tecnologia avança mais rapidamente do que as leis que deveriam regulá-la". A trend com imagens geradas artificialmente começou no final de março. depois de uma atualização da OpenAI, que permitia a criação de imagens a partir de fotos e instruções do usuário. Desde então, foram milhares de posts nas redes sociais que imitavam o estilo de “Meu amigo, Totoro”.

O Serviço de entregas de Kiki” e “O menino e a Garça” – obras do estúdio Ghibli. Logo após o ‘boom’ dos desenhos feitos com ferramentas de IA,  a série de quadrinhos ‘‘Turma da Mônica’’ virou tendência no X (antigo Twitter) com os traços do estúdio Mauricio de Sousa sendo replicados por modelos generativos em diversas versões que associam os personagens com discursos que vão contra os valores do Estúdio. Maurício Pinheiro explica que a simplicidade de criar arte em poucos minutos desqualifica os anos de estudo que o artista teve e promove o desinteresse monetário no trabalho dele. “O artista vai simplesmente digitar o texto certo e a inteligência artificial vai fazer o trabalho para ele. Sendo assim, ele perde a utilidade e também perde o princípio de tudo aquilo que foi aprendido e conquistado durante anos de trabalho, de talento e de estudo”, afirma. 

Nos Estados Unidos,  as obras feitas por inteligência artificial já são reconhecidas como artes autorais pela United States Copyright Office (USCO), que concedeu a primeira proteção de direitos autorais para a obra “A Single Piece of American Cheese”, criada por Kent Keirsey, CEO da plataforma Invoke. A imagem foi gerada por IA, mas editada pelo autor, que precisou comprovar sua autoria por meio de vídeos, comandos e outros processos de criação que evidenciassem uma contribuição significativa de sua autoria na produção final da arte. 

De um lado a imagem inicial gerada por IA e do outro a obra finalizada e aprimorada pelo Keirsey
Foto: Reprodução/ The IPKat

No Brasil, “a Lei 9.610/98 parte da premissa de que a criação é fruto de um ato intelectual humano (a lei fala em "criações do espírito"), com subjetividade e intencionalidade”. De acordo ainda com Brum, a inteligência artificial no Brasil desafia os “pilares clássicos do Direito Autoral”, indo em contrapartida aos três pilares principais, autoria, originalidade e fixação. Ao produzir conteúdos que já existem e que muitas vezes são protegidos por direitos autorais, analisam padrões estatísticos, como o traço de um estilo de desenho, gerando algo “parecido” com a criação humana. Além disso, existe a questão jurídica acerca do fornecimento de dados biométricos daqueles que usaram a OpenAI para a criação das imagens sem o devido consentimento.

Danilo Brum destaca que “do ponto de vista jurídico, o consentimento válido pressupõe liberdade, informação clara e específica sobre a finalidade do uso dos dados”, conforme determinado pela Lei geral de proteção de Dados (Lei 13.709/2018). Segundo Pinheiro, existe um desafio ligado à revogação do consentimento e controle de dados já utilizados para treinar inteligências artificiais. “Em muitos casos, uma vez incorporados aos datasets, os dados não podem ser facilmente extraídos ou desvinculados, o que compromete o exercício dos direitos dos titulares, como o direito à exclusão ou à limitação do tratamento”, explica.

Diante de um avanço tecnológico que supera o ritmo da legislação, os casos relacionados à IA e a violação de direitos autorais levantam um debate sobre como considerar e regular tanto obras originais, criadas por humanos quanto aquelas geradas por máquinas, com o objetivo de enfrentar os desafios atuais e futuros para uma avaliação que ofereça segurança jurídica e ética para todos os envolvidos.

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