Banda se apresenta em fevereiro de 2026; taxas extras geram críticas e frustrações entre os fãs
por
Maria Clara Palmeira
|
27/06/2025 - 12h

A espera acabou! Na segunda-feira (23), foi anunciado que, após 17 anos, a banda americana My Chemical Romance retornará ao Brasil em 2026 pela segunda vez. O único show da banda em solo brasileiro será no dia 5 de fevereiro, no Allianz Parque, em São Paulo, como parte de sua turnê pela América Latina. 

A apresentação contará com a abertura da banda sueca The Hives e irá reunir brasileiros que acompanham a trajetória do grupo desde os anos 2000.

Anúncio da turnê na América do Sul. Reprodução: Instragram/@mychemicalromance
Anúncio da turnê na América do Sul. Reprodução: Instragram/@mychemicalromance


Formada em Nova Jersey nos Estados Unidos, em 2001, o My Chemical Romance tornou-se uma das bandas mais representativas do rock alternativo e símbolo do movimento emo. A formação atual é composta por Gerard Way nos vocais, Ray Toro e Frank Iero na guitarra, e Mikey Way no baixo.

O grupo lançou seu álbum de estreia, “I Brought You My Bullets, You Brought Me Your Love”, em 2002, mas o sucesso internacional veio em 2004, com “Three Cheers for Sweet Revenge”. No entanto, foi em 2006 com o disco “The Black Parade” que a banda atingiu o auge. O single “Welcome to the Black Parade” se tornou um hino da geração emo, alcançando o primeiro lugar nas paradas britânicas e consolidando o grupo no cenário global.

Após diversos sucessos, a banda entrou em hiato e anunciou sua separação em março de 2013. O retorno foi anunciado em outubro de 2019, com um show em Los Angeles. Em 2022, após dois anos de adiamentos devido à pandemia, a banda embarcou em uma extensa turnê, passando pelos EUA, Europa, Oceania e Ásia.

Desde a quarta-feira (25), início da pré-venda, fãs relataram insatisfação com o preço dos ingressos, que variam entre R$ 197,50 e R$ 895,00, além das cobranças de taxas adicionais. A revolta se intensificou com a cobrança da taxa de processamento, considerada uma novidade pela bilheteria oficial, a Eventim. A empresa alegou que essa tarifa garante a segurança dos dados dos consumidores, mas a justificativa não convenceu o público. 


Mesmo com a revolta, a expectativa de alta demanda se confirmou: a venda geral, aberta nesta quinta-feira (27) ao meio-dia, resultou em ingressos esgotados em 10 minutos.

Tags:
Nova exposição na Pinacoteca Contemporânea revela o papel político da pop arte brasileira no período de ditadura.
por
Maria Luiza Pinheiro Reining
|
25/06/2025 - 12h

Por trás da explosão de cores, imagens familiares e estética publicitária da pop art brasileira, havia ruído, ambiguidade e protesto. Essa é a premissa da exposição Pop Brasil: Vanguarda e Nova Figuração, 1960-70, em cartaz na nova sede da Pinacoteca Contemporânea, em São Paulo. Mais do que uma exibição de obras pop, a mostra constrói um retrato crítico de uma década marcada por ditadura, censura e modernização desigual, e de como a arte respondeu a esse cenário.

A exposição celebra os sessenta anos das mostras Opinião 65 e Propostas 65, marcos da virada estética e política na produção brasileira. O percurso curatorial, assinado por Pollyana Quintella e Yuri Quevedo, reúne obras que reagiram diretamente ao avanço da indústria cultural, à opressão do regime militar e à transformação dos modos de vida. Em vez de apenas absorver os códigos da cultura de massa, os artistas incorporaram sua linguagem para tensionar o que ela ocultava: a violência da ditadura, o apagamento de subjetividades e a precarização das relações sociais.

Contra a censura
Tônia Carreiro, Eva Wilma, Odete Lara, Norma Benghel e Cacilda Becker protestam contra censura, em 1968

A ideia de que “a pop arte é o braço avançado do desenvolvimento industrial das grandes economias” é ressignificada no Brasil, onde a modernização industrial coexistia com a informalidade, a desigualdade e a repressão. Em vez do otimismo norte-americano, a arte pop brasileira surge como crítica: reapropria slogans, transforma marginais em heróis, imprime silhuetas de bandeiras como gesto de manifestação coletiva. A visualidade sedutora do consumo encontra a resistência política camuflada nas superfícies gráficas.

A exposição percorre núcleos como Poder e Resistência, Desejo e Trivialidade, Criminosos e Cultura Marginal, entre outros. Em comum, todos os conjuntos partem de imagens produzidas ou apropriadas do cotidiano: televisão, jornal, embalagem; para apontar fissuras entre aparência e estrutura. Hélio Oiticica, Rubens Gerchman, Wanda Pimentel, Antonio Manuel e muitos outros traduzem a tensão entre censura e invenção por meio de performances, happenings e obras gráficas que confundem arte e ação direta.

Helio Oiticica
Hélio Oiticica, 1968

Se nos Estados Unidos a pop art celebrava o consumo, no Brasil ela revelou o que havia por trás dele. A mostra explicita como a arte brasileira dos anos 1960 e 70 operou sob risco, incorporando elementos populares para criticar os próprios instrumentos de controle e espetáculo.

Mais do que rever o passado, Pop Brasil propõe um exercício de leitura do presente. Diante da repetição de discursos autoritários, da estetização da política e da crise na democracia, o gesto pop reaparece como estratégia de sobrevivência, uma forma de dizer muito com imagens que, à primeira vista, parecem dizer pouco.

 

Tags:
A incerteza quanto ao fim das salas de cinema e início da diminuição em massa de consumidores
por
Chiara Renata Abreu
|
18/06/2025 - 12h

A recente chegada dos streamings pode acabar com os cinemas. Internacionalmente, as plataformas têm se mostrado cada vez mais aptas a abalar seus concorrentes. 

Depois da pandemia, os donos dos cinemas sentiram a diminuição de movimento, que preocupa não só a indústria, mas a sociedade em si. Filmes e curtas fazem parte da formação da cultura de civilizações, e a incerteza de sua existência atormenta. Os streamings ganharam força no período de quarentena, ocupando o espaço que as salas obtinham. O conforto de estar em sua própria casa, poder parar o filme a qualquer momento e a variedade no catálogo são alguns dos principais motivos do aumento da modalidade segundo pesquisas da Cinepop, site especializado em cinema. 

De acordo com pesquisas da revista O Globo, a área do cinema conseguiu em 2023 superar as dificuldades e recuperar alguns de seus fregueses, mas os números seguem abaixo do que estavam antes da pandemia. Segundo o analista de mercado Marcelo J. L. Lima em entrevista para a revista, a crise é mundial, com ressalvas em países como França, Índia, Coreia do Sul e China, que tem menor influência de Hollywood. Ainda, a reportagem aponta que parte da fraqueza hoje encontrada na indústria se fez depois de 1980, a partir do início da migração dos cinemas de rua para os de shopping. Em 2008 apenas 27% deles eram fora dos centros de comércio. 

Em entrevista para O Globo, Marcos Barros, presidente da Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex (Abraplex), apontou que os cinemas estão em apenas 8% dos municípios brasileiros, apenas 451 de um total de 5.565 cidades. A volta dos cinemas de rua poderia diminuir o desequilíbrio das salas, gerando uma maior popularização do cinema. Segundo Raíssa Araújo Ferreira, estudante de cinema na Belas Artes, “os cinemas estão se perdendo. Antigamente existiam vários cinemas de rua, de mais fácil acesso. Hoje está acontecendo uma elitização das salas. Elas estão, por exemplo, muito longe das periferias e concentradas nos shoppings, então existe todo o gasto com a locomoção. O cinema se torna um lugar de privilégio”. 

“O cinema é a sétima arte. Ela é um conjunto de todas as outras artes, e o cinema é vivo. Ele é sempre atual. Ele é sempre de todas as épocas. Então nada que é vivo vai desaparecer sem deixar vestígios. O cinema tem muito o que falar. É como se as salas estivessem adormecidas. Elas não estão mortas, mas sim apagadas”, comenta a aluna. 

A jovem complementa com ideias para a volta do triunfo das salas de cinema. “Acho que precisamos reinventar as salas. Apostar em programações mais diversas, ingressos mais acessíveis, novas salas mais perto da periferia e espalhar o cinema pelas cidades do Brasil. Criar o desejo de ir ao cinema, como um acontecimento, e trazer experiências mais imersivas, como convidar atores para, antes da sala de cinema, falarem sobre o filme. Trazer também eventos para apoiar o cinema de rua, investindo nas produções independentes e criando lugares públicos. Assim, as salas vão se reposicionar e oferecer algo que o sofá de casa ou a cama não oferece”. 

Tags:
A história do grupo que ultrapassou as barreiras sonoras pode ser vista no centro de SP até o fim de agosto
por
Por Guilbert Inácio
|
26/06/2025 - 12h

A exposição “O Quinto Elemento”, em homenagem aos 35 anos do notório grupo de rap Racionais MC’s, está em cartaz desde o dia 06 de dezembro de 2024, no Museu das Favelas, no Pátio do Colégio, região central da cidade de São Paulo. A mostra era para ter sido encerrada em 31 de maio de 2025, mas, devido ao sucesso, vai agora até 31 de agosto.

A imagem mostra um painel os quatros membros dos Racionais MC's
Em 2024, o museu ganhou o prêmio de Projeto Especial da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) pela exposição. Foto: Guilbert Inácio. 

Museu das Favelas

O Museu das Favelas está localizado no Centro histórico de São Paulo, mas esse nem sempre foi o seu endereço. Inaugurado no dia 25 de novembro de 2022, no Palácio dos Campos Elíseos, o Museu das Favelas ficou 23 meses no local até trocar de lugar com a Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo, no dia 26 de agosto de 2024.  

Fechado por três meses, o museu reabriu no dia 06 de dezembro de 2024, já com a nova exposição dos Racionais MC’s. Em entrevista à AGEMT, Eduardo Matos, um dos educadores do museu, explicou que a proposta da exposição chegou neles por meio de Eliane Dias, curadora da exposição, CEO da Boogie Naipe, produtora dos Racionais e esposa do Mano Brown. Eduardo complementou que o museu trocou de lugar para ter mais espaço para a mostra, já que no Campos Elísios não teria espaço suficiente para implantar a ideia. 

Tarso Oliveira, jornalista e historiador com pós-graduação em Africanidades e Cultura Afro-Brasileira, comentou que a gratuidade do museu é um convite para periferia conhecer a sua própria história e que, quando falamos de Racionais MC's, falamos de uma história dentro da história da cultura hip-hop, que salvou várias gerações fadadas a serem esquecidas e massacradas pelo racismo estrutural no Brasil. “Nós temos oportunidades de escrever a nossa narrativa pelas nossas mãos e voltada para o nosso povo. Isso é a quebra fundamental do epistemicídio que a filósofa Sueli Carneiro cita como uma das primeiras violências que a periferia sofre.”, afirma o historiador. 

O Quinto Elemento

Basta subir as escadas para o segundo andar do museu, para iniciar a imersão ao mundo dos Racionais. Na entrada, à sua direita, é possível ouvir áudios do metrô, com o anúncio das estações. Uma delas, a estação São Bento da linha 1-Azul, foi o berço do hip-hop em São Paulo, na década de 1980. À esquerda está um som com músicas dos Racionais, uma trilha que você irá ouvir em todos os espaços da exposição.

A imagem apresenta três placas, em sequência, com os dizeres "X", "Racionais MC's" e "Vida Loka".
Placas semelhantes às placas com nomes de rua trazem as letras do grupo. Foto: Guilbert Inácio.

No primeiro espaço, podemos ver o figurino do Lorde Joker, além de uma breve explicação da presença recorrente na obra do grupo da figura do palhaço em apresentações e músicas como “Jesus Chorou”, em que Mano Brown canta: “Não entende o que eu sou. Não entende o que eu faço. Não entende a dor e as lágrimas do palhaço.”

A imagem mostra uma fantasia laranja de um palhaço. Ao lado, há uma televisão.
O figurino é usado em shows pelo dançarino de break Jorge Paixão. Foto: Guilbert Inácio. 

Ao adentrar o segundo espaço, você mergulha na ancestralidade do grupo. Primeiro vemos imagens e um pouco da história das mães dos quatro membros, Dona Benedita, mãe e avó de Ice Blue; Dona Ana, mãe do Mano Brown; Dona Maria José, mãe de KL Jay e Dona Natalícia, mãe de Edi Rock. Todas elas são muito importantes para o grupo e ganharam, inclusive, referências em músicas como “Negro Drama” em que Brown canta: “Aí Dona Ana, sem palavra. A senhora é uma rainha, rainha”. 

É nessa área que descobrimos o significado do nome da exposição. Há um painel no local com um exame de DNA dos quatro integrantes que revela o ponto de encontro entre eles ou o quinto elemento – a África.

A imagem mostra um painel com o exame de DNA dos quatro membros dos Racionais MC's
Na “Selva de Pedra”, antes de todos se conhecerem, todos já estavam conectados por meio da ancestralidade. Foto: Guilbert Inácio.

O título se torna ainda mais significativo quando lembramos que a cultura hip-hop é composta por quatro elementos: rap, beat, break dance e grafite. O quinto elemento seria o conhecimento e a filosofia transmitida pelos Racionais, grupo já imortalizado na cultura brasileira, sobretudo na cultura periférica. 

Na terceira área, podemos conhecer um pouco de Pedro Paulo Soares Pereira, o Mano Brown; Paulo Eduardo Salvador, mais conhecido como Ice Blue; Edivaldo Pereira Alves, o Edi Rock e, por fim, Kleber Geraldo Lelis Simões, o KL Jay. Entre os inúmeros objetos, temos o quimono de karatê de Blue e o trombone de seu pai, a CDC do KL Jay, rascunhos de letras de Brown e Edi Rock.

A imagem mostra um bicicleta BMX azul
Primeira BMX de Edi Rock. Foto: Guilbert Inácio. 

O próximo espaço é o “Becos do som e do Tempo”, que está dividido em vários pequenos slots que mostram a trajetória musical do grupo. Podemos ver rascunhos de letras, registros de shows e a história de algumas músicas, além de alguns prêmios conquistados durante a carreira do grupo. 

Algumas produções expostas são “Holocausto Urbano” (1990); “Escolha seu Caminho” (1992); “Raio X do Brasil” (1993); “Sobrevivendo no Inferno” (1997); “Nada Como um Dia Após o outro Dia” (2002).

A imagem mostra um painel com os dizeres "Minha palavra vale um tiro, eu tenho muita munição" e uma foto dos quatro membros dos Racionais MC's. Ao lado, há fotos individuais dos membros.
O grupo confirmou um novo álbum para este ano, mas ainda não divulgou o título da obra nem a data de lançamento. Foto: Guilbert Inácio.

Nos próximos espaços, tem uma área sobre o impacto cultural, um cinema que exibe shows e o local “Trutas que se Foram” em homenagem a várias personalidades da cultura hip-hop que já morreram. A exposição se encerra no camarim, onde estão disponíveis alguns papéis e canetas para quem quiser deixar um registro particular na exposição.

A imagem mostra uma pequena placa com a foto da Dina Di e os dizeres: "Dina Di. Cria da área 019, como as quebradas conhecem a região de Campinas, no interior de São Paulo, Viviane Lopes Matias, a Dina Di, foi uma das mulheres mais importantes do rap no Brasil. Dina era a voz do grupo Visão de Rua. Dona de uma voz forte, assim como sua personalidade, a rapper nasceu em 19 de fevereiro de 1976 e morreu em 19 de março de 2010. Foi uma das primeiras mulheres a conquistar espaço no rap nacional. Dina nos deixou por causa de uma infecção hospitalar, que a atingiu 17 dias após o parto de sua segunda filha, Aline."
Nomes como Sabotage, Chorão, WGI, entre outros são homenageados na exposição. Foto: Guilbert Inácio. 

Segundo Eduardo, a exposição está movimentando bastante o museu, com uma média de 500 a 800 pessoas por dia. Ele conta que o ápice da visitação foi um dia em que 1500 pessoas apareceram no local. O educador complementa que, quando a exibição chegou perto da sua primeira data de encerramento, em maio, as filas para visitar o espaço aumentaram consideravelmente. O que ajudou a administração a decidir pela prorrogação.  

Eduardo também destaca que muitas pessoas vão ao museu achando que ele é elitizado, mas a partir do momento em que eles veem que o Museu das Favelas é acolhedor, com funcionários dispostos a tirar suas dúvidas e com temas que narram o cotidiano da população brasileira, tudo muda. 

 “Dá para sentir que o pessoal se sente acolhido, e tendo um movimento desse com um grupo que é das favelas, das quebradas, que o pessoal se identifica, é muito melhor. Chama atenção e o pessoal consegue ver que o museu também é lugar da periferia”, conclui. 

Impacto Cultural

Os Racionais surgiram em 1988 e, durante todo o trajeto da exposição, podemos ver o quão importante eles são até hoje para a cultura brasileira, seja por meio de suas músicas que denunciaram e denunciam o racismo, a violência do Estado e a miséria na periferia – marcada pela pobreza e pela criminalidade –, seja ocupando outros espaços como as provas nacionais e vestibulares.

A imagem mostra duas provas do Exame do Ensino Médio de 2023 com os trechos "Até no lixão nasce Flor" e É só questão de tempo, o fim do sofrimento".".
Trechos de Vida Loka, parte I e II nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio de 2023 (ENEM). Foto: Guilbert Inácio. 

Em 2021, foi ao ar a primeira temporada do podcast Mano a Mano, conduzido por Brown e a jornalista Semayat Oliveira, que chegou a sua terceira temporada em 2025.

Inclusive, o podcast, que já teve inúmeros convidados da cultura e da política vai virar  um livro, homônimo. A publicação sairá pela Companhia das Letras, que já publicou o livro “Sobrevivendo no Inferno”, em 2017. 

Segundo Tarso, o grupo representa a maior bandeira que a cultura negra e periférica já levantou nesse país, visto por muitos como super-heróis do gueto contra um sistema racista e neoliberal; além de produtores de uma música capaz de mudar a atitude e a perspectiva das pessoas, trazendo autoestima, além de muito conhecimento. 

“Um dos principais motivos do grupo se manter presente no cenário cultural é não se acomodar com a "força da camisa", como cita o Blue.  E sempre buscar ir além artisticamente, fazendo com que seus fãs tendam a ir para o mesmo caminho e continuem admirando sua arte e missão.”, finaliza Tarso. 

 

Serviço

O Museu das Favelas é gratuito e está aberto de terça a domingo, das 10h às 17h, com permanência permitida até às 18h. A retirada dos ingressos pode ser online ou na recepção do museu. Além da exposição “O Quinto Elemento”, também é possível visitar as exibições “Sobre Vivências” e “Favela é Giro”, nos mesmos horários.

Temáticas são abordadas desde os anos 60 no Japão e continuam exploradas até hoje
por
LUCCA CANTARIM DOS SANTOS
|
16/06/2025 - 12h

“O sonífero”, projeto criado por Lucca Cantarim, estudante de jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) , tem por objetivo combater a visão reacionária a respeito de temas de gênero no entretenimento.

Trazendo a história da presença de personagens de diversas sexualidades e gêneros nos mangás e animes dentro da mídia japonesa, o autor trás uma reflexão leve, descontraída, porém importante a respeito de uma representatividade tão importante.

Os sete artigos que compõem o projeto estão disponíveis para serem lidos no site “Medium”, no perfil autoral de Lucca. Os textos contém entrevistas com pesquisadores, fãs e até mesmo leitores de dentro da comunidade LGBT que se identificam e se abrem sobre a importância da representatividade para eles.

Disponível em: https://medium.com/@luccacantarim/list/o-sonifero-d19af775653e

 

Artista gráfico consagrado por ilustrar mais de 450 capas de álbuns, morreu aos 76 anos após complicações por conta de um infarto.
por
Ana Kézia Andrade
|
29/03/2022 - 12h

 

Elifas Vicente Andreato, nasceu em 22 de Janeiro de 1946 na cidade de Rolândia no Paraná. Era reconhecido pelo traço marcante e original. O artista paranaense trabalhou na capa de diversos álbuns para Martinho da Vila, Chico Buarque, Caetano Veloso e nomes importantes que compõem o cenário da Música Popular Brasileira. Além de artista gráfico, ilustrador e diretor de arte, Andreato trabalhou como escultor; cenógrafo, roteirista e diretor de shows de MPB e programas de TV; cenógrafo teatral; jornalista e editor.

 

Dono de uma linguagem visual pautada em cores vivas e formas que retratam a imagem do povo brasileiro, Elifas deixa para a cultura brasileira um legado iniciado no começo dos anos 70, acompanhou a evolução digital e tecnológica da música e da arte até o fim da vida. 

 

Em 2012, produziu a obra “A verdade ainda que tardia”, a pedido da Comissão Nacional da Verdade para retratar a realidade das torturas ocorridas na ditadura militar. Denunciou, através de sua arte, o assassinato do Jornalista Vladimir Herzog. Em 2015, a arte que estava exposta nos corredores da Câmara dos Deputados foi arquivada sob o pretexto de falta de espaço na exposição permanente do local.

 

Um de seus últimos trabalhos foi feito para a PUC-SP, Elifas foi responsável pela arte exclusiva para a celebração pela volta das atividades presenciais dos campi da faculdade, inspirada na Semana de 22. A obra intitulada Arte do reencontro é caracterizada por cores fortes, calor humano e traços de conjunção. 

 

A confirmação da morte foi divulgada pelo irmão do artista, Elias Andreato, através de perfil no Instagram. Elifas estava internado desde a semana passada, em decorrência de um infarto. O corpo será cremado às 16h desta quarta-feira (29) no Crematório Vila Alpina, na Zona Leste da capital paulista.

Começando em 22 de abril, os desfiles voltam exprimindo ansiedade tanto no público, quanto nas escolas.
por
BEATRIZ PRETO GABRIELE, GUILHERME DEPTULA ROCHA, RAFAEL DUARTE CASEMIRO 
|
29/03/2022 - 12h

Logo depois do carnaval de 2020, a pandemia de Covid-19 nos privou da festa mais popular do Brasil. Mesmo que a Covid continue presente, 2022 é um ano marcado por recomeços: público nos estádios, liberação do uso de máscaras e o retorno dos desfiles das escolas de samba. 

No estado de São Paulo, cada município teve a liberdade de cancelar ou adiar as apresentações das escolas de samba. A capital optou pelo adiamento, iniciando os desfiles no feriado de Tiradentes (21). A decisão da prefeitura dividiu opiniões dentro do mundo carnavalesco. 

“Ficou estranho o carnaval fora do mês habitual” afirma Samantha Prado, uma das participantes da tradicional Vai-Vai, mas ressalta “Concordo com o adiamento pelas questões de estabilização da pandemia. A meu ver, favoreceu as escolas ‘para’ se organizarem melhor para o desfile, mesmo porque em meados de 2021 estava tudo ainda muito incerto”. 

Aqueles que concordam com o adiamento do carnaval na capital, como Samantha, acreditam que o momento ainda não era de comemoração. Mas, desfilando desde 2015, ela sentiu a ausência da festa “Um ano sem Carnaval deixou a sensação de estar faltando algo para o ano começar de fato”.  

Em entrevista, o presidente da escola de samba União da Vila Rio Branco, de Jundiaí, Edison Luiz Pereira, conhecido como ‘Zé Prego’, afirma que a cidade do interior de São Paulo não realizará os desfiles devido a pandemia, “Já estamos pensando no ano que vem”. E acrescenta, “a prefeitura está mudando o sistema de rapasse de subvenção, as escolas não recebem da mesma forma que recebiam (...) e com a crítica da opinião pública, as pessoas não entendem o porquê que se repassa dinheiro para as  escolas de samba.”  

oi
União da Vila Rio Branco, umas das maiores escola de samba de Jundiaí, desfilando.  

E, além do desincentivo da prefeitura, Zé Prego comenta sobre a falta de patrocinadores. “Assim... patrocínio em Jundiaí é difícil porque o carnaval daqui é pouco explorado pelas empresas (...) pode ser que a partir de agora a gente passe a se preocupar um pouquinho mais com isso.”  

Na cidade de São Paulo o desfile começa no dia 22, às 23h15, no sambódromo do Anhembi, com a Acadêmicos do Tucuruvi. E termina na madrugada de sábado para domingo, com o Império da Casa Verde, às 5h da madrugada. Os ingressos estão à venda no site Clube do Ingresso. Confira as informações do desfile abaixo. 

oi
O mestre de sala, Pingo, e a porta-bandeira, x, desfilando pela Vai-Vai em 2010, no Sambódromo do Anhembi. (FOTO: Léo Pinheiro) 

Datas e Horários dos desfiles: 

Sexta-Feira: 22 de abril 

23h15 – Acadêmicos do Tucuruvi: “Carnavais…De lá pra cá o que mudou? Daqui pra lá o que será?” 

00h20 – Colorado do Brás: “Carolina – A Cinderela Negra do Canindé” 

01h25 – Mancha Verde: “Planeta Água” 

02h30 – Tom Maior: “O Pequeno Príncipe no Sertão” 

03h35 – Unidos de Vila Maria: “O mundo precisa de cada um de nós” 

04h40 – Acadêmicos do Tatuapé: “Preto Velho. Conta a saga do café num canto de fé” 

05h45 – Dragões da Real: “Adoniram” 

Sábado: 23 de abril 

22h30 – Vai-Vai: “Sankofa” 

23h35 – Gaviões da Fiel: “Basta!” 

00h40 – Mocidade Alegre: “Quelémentina cadê você?” 

01h45 – Águia de Ouro: “Afoxé de Oxalá – No ‘Cortejo de Babá’, Um Canto de Luz em Tempo de Trevas” 

02h50 – Barroca Zona Sul: “A evolução está na sua fé… Saravá Seu Zé!” 

03h55 – Rosas de Ouro: “Sanitatem” 

05h – Império de Casa Verde: “O poder da comunicação: Império, o mensageiro das emoções” 

Tags:
Após dois anos, o evento marcou a volta dos festivais em São Paulo após a flexibilização das medidas contra a Covid-19
por
Juliana Mello
|
29/03/2022 - 12h

 

Lollapalooza Brasil 2022 é marcado por grandes shows e atos políticos

                                         Após dois anos, o evento marcou a volta dos festivais em São Paulo após a flexibilização das medidas contra a Covid-19

 

Por: Cecília Mayrink O’Kuinghttons, Diogo Moreno Pereira, Giuliana Nardi e Juliana Mello

 

O Lollapalooza Brasil é um dos maiores e mais esperados festivais de São Paulo. Suspenso desde 2020, em decorrência da pandemia da Covid-19, no ano passado foi remarcado e ocorreu neste final de semana, nos dias 25, 26 e 27 de março, no Autódromo de Interlagos, inaugurando assim, a volta dos grandes eventos na cidade. Segundo a organização do festival, ao longo das três datas, 302.235 pessoas estiveram presentes no local, sendo o sábado o dia que mais concentrou o público.

 

https://lh5.googleusercontent.com/vZHfNMRWPBwJ0SzEnKDMOZMOrxf2DrhR8bVC8WWRbxk5U5qzC5A7fDyWWbXLWrYWw9rFoTvJU5Lpqx-sEa6KFiq5TWOnGp4HPU_CWbaB3ohvknIH3QY3xXVV_uTPcBXD59NxOnkC

Primeiro dia do Lollapalooza - Reprodução: Arquivo Pessoal

 

O festival contou com diversas atrações, tanto nacionais, quanto internacionais. Na sexta-feira (25) o headliner da noite foi a banda norte-americana The Strokes, donos dos hits Reptilia e Last Nite. No mesmo dia, ocorreram shows de Pabllo Vittar, após a pausa no cronograma devido às condições meteorológicas e a forte chuva que caiu em Interlagos e a consequente paralisação das apresentações por mais de duas horas. Pabllo fez um show cheio de atos políticos e presença de palco. O dia também teve apresentações dos artistas Machine Gun Kelly, Doja Cat e o DJ Alan Walker.

 

https://lh6.googleusercontent.com/6LKBPYuqkw9ghfTcgiC7f4oURaCyJLNBNqVZyKFLTYmz4yig2N_DHXskGIDypI96AjtsBxUAdIofN-pbyLe5AJvEkGuaW0j8927gWf7fx5RHFrgNZEx_QCE2vG2v9S44uOyxAxE-

Julian Casablancas, vocalista do The Strokes - Reprodução: Instagram (@aradiorock)

 

No sábado (26), não ocorreu nenhum imprevisto de paralisação dos shows devido ao clima, então não houve cancelamento de apresentações. A headliner da noite era a cantora Miley Cyrus, ídola da geração 2000 a 2010, performando suas músicas acompanhada por um público apaixonado. Seu show contou com a presença da brasileira Anitta, cantando seu sucesso “Boys don’t cry” junto com a plateia. O dia contou com shows dos brasileiros Jão, Emicida e Alok e também, da canadense Alessia Cara e do norte-americado ASAP Rocky. 

 

https://lh5.googleusercontent.com/rcll5p_SMvxYXGpHtjQshG3bwQR7vuw73ly6BigVMLHtMBQ5WmwD7yRz3Y_bQ1yud3bZXWe5Q_dvX3ueVaJq9OHz_pAe77bcg-eBJ6wRq3cs3avfWBxwtSlEK37JLsNZCTRR6xPQ

Miley Cyrus - Reprodução: Instagram (@mileycyrus)

 

Chegando no domingo (27), último dia de festival, o clima não foi favorável com Interlagos, pois as ameaças de tempestade fizeram com que a organização paralisasse as apresentações novamente por quase duas horas. Por conta dessa interrupção, o show da banda Planta e Raiz e do cantor Rashid foram cancelados. A programação foi retomada com a banda Fresno, um grupo de rock muito presente nos anos 2000. O headliner da noite seria a banda Foo Fighters. Entretanto, com a morte do baterista Taylor Hawkins, na Colômbia, dois dias antes de tocarem no Brasil, a banda teve que cancelar o restante da turnê. Para substituí-los, a organização conseguiu artistas como Emicida, Mano Brown, a banda de rock Ego Kill Talent e outros para fazer um show em homenagem ao artista falecido. Lagum, Cat Dealers, Martin Garrix e Gloria Groove também fizeram apresentações incríveis durante o dia.

 

https://lh4.googleusercontent.com/dSJ6IdVjathS8V_D9xWWef4msQO8xE-ALCfA6LR57SE0VUnwlloArqSbK3muCfbWYRRT_E9RHKfuODEwcJUKg3stg7miQJTHaFEUA9C5OtfBbL1X91kT5gMLQaInq0AiJFjUyGkP

Show de Homenagem ao Taylor Hawkins - Reprodução - Instagram (@aradiorock)

 

Além dos brasileiros citados acima, o Palco Adidas, recebeu a participação de Djonga, um rapper super engajado em causas sociais, tais como o racismo e a violência policial nas favelas. O show foi um espetáculo de muita indignação com a atual situação política do Brasil. 

 

O evento acompanhou os decretos estabelecidos pelo Estado de São Paulo em relação aos protocolos de segurança contra a Covid-19 e decidiu que não seria obrigatório o uso de máscara durante o festival, apesar de o recomendarem. Entretanto, foi exigido na entrada do autódromo o comprovante de vacinação contra a doença com ao menos duas doses e um documento com foto. 

 

Isabella de Marco compareceram sábado no festival para assistir a Miley Cyrus e conta que na entrada do evento lhe solicitaram a carteira de vacinação, o que ela considerou prudente e importante, levando em conta o atual momento da pandemia no país: "Esperamos dois anos pelo dia de hoje e estou muito feliz de finalmente estar aqui. Achei a fiscalização das doses da vacina muito bem feita e checaram com cuidado os documentos de forma efetiva”. Já em relação ao uso das máscaras, de Marco observou que poucas pessoas as estavam usando: “Pelo que vi, a maioria dos que adotaram seu uso foram os funcionários dos estabelecimentos de comida, os vendedores ambulantes e algumas pessoas dos guichês da bilheteria”. Apesar de ser uma aglomeração de tal dimensão, a entrevistada diz se sentir mais segura para ir agora aos shows por já estar imunizada e que valeu a pena comparecer ao festival. 

Um dos marcos dessa edição do festival foram as infundadas tentativas de censura impostas pelo partido de Jair Bolsonaro (PL), que após ser criticado pela grande maioria dos artistas que se apresentaram entre sexta e sábado, resolveu acionar o TSE com o intuito de barrar quaisquer manifestações contrárias à atual administração do governo. O que desencadeou essa ação foi a declaração aberta da cantora Pabllo Vittar de preferência de voto ao ex-presidente Lula, nas já não tão distantes eleições presidenciais de 2022. A artista desfilou com uma bandeira estampada com o rosto do político no final de sua apresentação e gritou “Fora Bolsonaro”, que ecoou em toda a multidão de seu público.

 https://lh3.googleusercontent.com/Zq9wDKhwTvqXZdj3ccGISFwVye1-2ClPJDGt0559A-gbppuDFun0-iZM1HtVUKMpy-aUzH66yKCDNrn-inyCTzqiBXwKj2qHbcxDDqHsKKDbsMV0DgkEjBAw8gAYii2VXu6OFWUp

Pabllo Vittar levantando a bandeira com o rosto do ex-presidente Lula - Reprodução: Instagram @ptsaopaulo

 

No domingo de manhã já circulava a notícia da ameaça aberta ao direito de expressão dos artistas, que, por sua parte, fizeram questão de rebater o ato, mesmo sob a recente ameaça de multas e problemas legais. Lulu Santos, Fresno e Djonga iniciaram o último dia do festival utilizando seu espaço, voz e influência para protestarem contra o governo, puxando coros e palavras de ordem contundentes. Tais atitudes culminaram em uma impressionante e organizada resposta dos artistas no especial e emocionante show de fechamento da noite. A mensagem passada era simples e foi ouvida por todo o país na noite de domingo: votar e incentivar uma mudança a um país possível e melhor.

 

 

Tags:
Marcelo Forlani do “Omelete” e Márcio Sallem do “Cinema com Crítica” deram suas opiniões sobre quem eles acham que leva o prêmio nas principais categorias
por
Arthur Pessoa e Bruna Damin.
|
25/03/2022 - 12h

Oscar 2022: saiba mais sobre os possíveis ganhadores das estatuetas. 

Marcelo Forlani, do “Omelete”, e Márcio Sallem, do “Cinema com Crítica”,  deram suas opiniões sobre quem eles acham que levam os prêmios nas principais categorias.

Por: Arthur Pessoa e Bruna Damin.

O Oscar 2022 acontecerá neste domingo (27) a partir das 20 horas na TNT, TNT Series e no streaming da Globoplay, com acesso aberto para não assinantes. Para os cinéfilos de plantão, este é um dos momentos mais esperados no ano, e por causa disso a Agência Maurício Tragtenberg trouxe aos apaixonados das telonas um guia sobre a 94° edição, para isso, contamos com a ajuda dos entrevistados: Marcelo Forlani, co-fundador do Omelete.com.br, site sobre cultura pop, e da “CCXP”, a Comic Con Experience, juntamente com Márcio Sallem, do “Cinema com Crítica”. 

 

Marcelo Forlani (imagem Instagram: @forlani) e Márcio Sallem (imagem Twitter: @marciosallem).

MELHOR FILME

Indicados categoria Oscar (imagem: Twitter @TheAcademy). 

    De acordo com Sallem: “o favoritismo é com larga vantagem ‘Ataque dos Cães’, que tem uma reputação muito forte”. Sendo importante ressaltar que, nesta categoria, o “Ataque dos Cães'' lidera o ranking de indicações, somando 12, além de ter ganhado prêmios como o BAFTA, de melhor filme, e o Globo de Ouro.Forlani também compartilha da mesma opinião: "não é o meu favorito, mas é o favorito para ganhar”.

-Palpite Agência Maurício Tragtenberg: Ataque dos Cães.

MELHOR DIREÇÃO

Indicados categoria Oscar (imagem: Twitter @TheAcademy).

      Nesta categoria, Jane Campion já fez história somente por ser indicada, ela é a primeira mulher na história a ter 2 indicações para a categoria de melhor direção, “infelizmente a gente acaba sendo privado de um monte de histórias diferentes, por ser uma indústria tão machista” completa Forlani, citando Campion como favorita na categoria, também por já ser reconhecida por seu trabalho com “O Piano”, Sallem acredita que ela deverá fazer história novamente por ser a terceira mulher a vencer na categoria.

-Palpite Agência Maurício Tragtenberg: Jane Campion (Ataque dos Cães).

MELHOR ATRIZ

Indicados categoria Oscar (imagem: Twitter @TheAcademy).

    Sallem fala que essa categoria é imprevisível, devido ao fato de que nenhuma das atrizes, consideradas favoritas, foram indicadas ao prêmio do sindicato dos atores. Ele acrescenta que “antes do começo da temporada de premiações, a Kristen Stewart era dada como vencedora certa”, mas quem está um pouco à frente das demais é a Jessica Chastain, de “Os Olhos de Tammy Faye”.

    Forlani, do Omelete, pensa na Kristen e na Penélope Cruz como dois azarões. “Quem eu vejo como favorita é a Olivia Colman, Jessica Chastain vem em segundo e Nicole Kidman em terceiro", diz ele.

-Palpite Agência Maurício Tragtenberg: Olivia Colman (A Filha Perdida). 

MELHOR ATOR

Indicados categoria Oscar (imagem: Twitter @TheAcademy).

Em entrevista, Marcelo Forlani disse que o principal candidato a levar uma das estatuetas mais prestigiadas da noite é Will Smith, por seu trabalho em “King Richard”. Palavras do cofundador do Omelete: “ele (Will Smith) é o favorito para ganhar. (..) Ele soma o carisma dele, que é gigantesco. Se for considerar o carisma dele de hoje em dia, fica ao lado do Tom Cruise, ele está neste patamar. (...) Tenho alguns problemas com a história (do filme ‘King Richard’), pois acho que as filhas deveriam ser as protagonistas, não ele. Mas de tudo isso, a atuação é maravilhosa”. 

-Palpite Agência Maurício Tragtenberg: Will Smith (King Richard).

MELHOR ANIMAÇÃO

Indicados categoria Oscar (imagem: Twitter @TheAcademy).

    A categoria em questão abrange todos os públicos dentro do Oscar, e a Disney vem monopolizando os prêmios desde o início, dentre 20 estatuetas distribuídas, 14 foram para a Disney e a Pixar (adquirida pela Disney). Porém, Sallem comenta que a mesma vem se envolvendo em polêmicas: “a Pixar acusou a Disney de estar sendo hipócrita… Ela estaria apoiando uma lei homofóbica no Estado da Flórida e também teria podado a construção de reações de afeto possivelmente LGBTQIA +", portanto, o entrevistado acredita que isso abre uma porta para que “Família Mitchell e a Revolta das Máquinas” possa ganhar, porém, ainda pensa em Encanto como favorito.

    Já Forlani, pensa na animação da família Michell como favorita da categoria, por trazer uma linguagem diferente e por ter sido lançada pela Netflix, “é meu favorito e eu espero que seja o vencedor", diz ele.

-Palpite Agência Maurício Tragtenberg: Encanto.

MELHOR FILME INTERNACIONAL

Indicados categoria Oscar (imagem: Twitter @TheAcademy).

    Drive My Car é o principal favorito, de longe, para ganhar a estatueta de melhor filme internacional. A obra japonesa conta com 4 indicações ao Oscar, mais do que qualquer outro concorrente nesta categoria, sendo mais um filme do leste asiático com grande destaque na principal premiação cinematográfica do mundo.

-Palpite Agência Maurício Tragtenberg: Drive My Car (Japão).

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

Indicados categoria Oscar (imagem: Twitter @TheAcademy).

    Nesta categoria, Adriana DeBose é a grande queridinha da vez, cantando, dançando e atuando muito bem em “West Side Story” (Amor, Sublime Amor). DeBose compete fielmente com Aunjanue Ellis, de “King Richard”, que também rouba muito a cena no longa.

-Palpite Agência Maurício Tragtenberg: Adriana DeBose (Amor, Sublime Amor).

MELHOR ATOR COADJUVANTE

Indicados categoria Oscar (imagem: Twitter @TheAcademy).

    Como melhor ator coadjuvante, temos indicados que fizeram um trabalho incrível e conseguiram transmitir seus papéis de maneira comovente. Acredita-se que os principais nomes são: Kodi Smit-McPhee (Ataque dos Cães), Troy Kotsur (No Ritmo do Coração) e Ciarán Hinds (Belfast).

-Palpite Agência Maurício Tragtenberg: Troy Kotsur (No Ritmo do Coração).

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

Indicados categoria Oscar (imagem: Twitter @TheAcademy).

    “Ataque dos Cães”, “No Ritmo do Coração” e “Drive My Car” concretizam-se como os principais longas concorrendo à estatueta dourada.

-Palpite Agência Maurício Tragtenberg: No Ritmo do Coração (CODA).

 

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL

Indicados categoria Oscar (imagem: Twitter @TheAcademy).

    A categoria de melhor roteiro original conta com excelentes trabalhos de Kenneth Branagh, Adam McKay e Paul Thomas Anderson, sendo então uma das categorias de mais alto nível desta edição.

-Palpite Agência Maurício Tragtenberg: Não Olhe Para Cima (Don’t Look Up).


 

MELHORES EFEITOS VISUAIS

Indicados categoria Oscar (imagem: Twitter @TheAcademy).

Esta certamente é uma das principais categorias do Oscar, pois todo o público adora esses efeitos mirabolantes que vemos nas telas, e neste ano há diversos candidatos com boas chances de levar a estatueta, deixando a disputa ainda mais acirrada. 

Esta é a única categoria que o filme mais visto no ano, “Homem-Aranha: Sem Volta para Casa” concorre na premiação. Para falar sobre isso, Marcelo Forlani “bla bla bla”. Já o Márcio Sallem “bla bla bla”

-Palpite Agência Maurício Tragtenberg: Duna (Dune).

 

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

Indicados categoria Oscar (imagem: Twitter @TheAcademy).

-Palpite Agência Maurício Tragtenberg: “No Time To Die”, 007 - Sem Tempo Para Morrer, por Billie Eilish e Finneas O’Connell.

 

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE

Indicados categoria Oscar (imagem: Twitter @TheAcademy).

-Palpite Agência Maurício Tragtenberg: Duna (Dune).

Tags:
Jeff e Lucas cultivam expressões culturais nacionais para dar forma a uma espiritualidade ainda muito espelhada em padrões eurocêntricos
por
Ligia de Toledo Saicali
|
20/12/2021 - 12h

 A crença em forças ou entidades metafísicas que expliquem a origem e a organização do mundo sempre se mostrou presente no curso da humanidade. Ainda anteriores às grandes religiões monoteístas (cristianismo, judaísmo e islamismo), as mitologias politeístas foram as pioneiras na construção da fé de diversos povos, como gregos, romanos, egípcios, nórdicos, entre outros. Além disso, o hinduísmo, as espiritualidades indígenas, bem como as de matriz africana, são práticas que perduram e resistem ao apagamento cultural, principalmente pela ocidentalização cristã.

 

  Contudo, a bruxaria, paganismo, ou “antiga arte”, é uma das espiritualidades mais duradouras e exploradas no sentido cultural (e, até mesmo, comercial). Com o passar do tempo, as práticas bruxas foram se reinventando e sendo interpretadas de diversas maneiras, fosse de modo ritualístico e sagrado, ou preconceituoso, como uma “ameaça” à ordem social, principalmente durante a Idade Média. Inúmeros “subversores”, em especial, mulheres curandeiras e cientistas, foram acusados de bruxaria; estima-se que 50 mil pessoas foram condenadas à morte até o século XVIII por essa justificativa.

 

  Na contemporaneidade, a bruxaria ganha uma nova roupagem. O escritor, antropólogo amador e bruxo ocultista Gerald Gardner (1884-1964) foi um dos grandes responsáveis pela retomada das práticas bruxas de maneira popular e um dos pioneiros da principal vertente moderna, a Wicca. Em 1986, Raymond Buckland (1934-2017) foi o primeiro bruxo a se considerar como wiccano publicamente, e escreveu “O Livro Completo de Bruxaria de Raymond Buckland” baseado em seus estudos com Gardner, uma das maiores obras do neopaganismo, sendo a líder de vendas na Amazon dentro da categoria “Wicca, Bruxaria, Religião e Espiritualidade”.

 

  No Brasil, um país predominante cristão, com um notável histórico de intolerância religiosa (principalmente com crenças de matriz africana), a discussão acerca da bruxaria cresce, mas ainda com pouco espaço. A banalização dos ensinamentos bruxos também ocorre e se mescla com a construção do “jovem místico”, perdendo seu valor político e social, tão evidente em épocas mais remotas. A positividade tóxica com ausência de recortes sociais e o falso transcendentalismo buscam esvaziar ainda mais os princípios da antiga arte e incorporá-la ao atual mundo capitalista.

 

  Na contramão dessa tendência, Jefferson Paixão e Lucas Souza trabalham para desconstruir (e reconstruir) concepções sociais em torno da bruxaria e informar de modo responsável e acessível através do perfil conjunto no Instagram @_bruxedo. Jeff e Lucas - como são conhecidos na plataforma -, estão juntos há dez anos e trazem ao público um neopaganismo que considera questões sociopolíticas sob a perspectiva de um casal gay, interracial e periférico. Além do perfil, o Bruxedo (como a dupla também é nomeada) oferece consultas de tarot, produzem música com temáticas místicas para as plataformas digitais e recentemente fizeram uma parceria com a editora de livros “DarkSide Books”.

 

AGÊNCIA MAURÍCIO TRAGTENBERG - Vocês podem contar um pouco da trajetória de vocês, sobre os caminhos que os levaram até aqui?

 

JEFF E LUCAS - Nessa nossa jornada, a gente tem muito de arte, ela sempre fez parte da nossa vida. E em uma questão de espiritualidade, a gente se encontrou na bruxaria, que entendemos como uma forma alternativa, porque no passado ela foi conhecida como a “antiga arte”, a grande arte. A bruxaria fala sobre o cuidado com a terra, sobre a manipulação de ervas, sobre muitas coisas que, no passado, foram conhecidas como arte. Nem sempre essa foi a forma de expressarmos nossa espiritualidade. Nós éramos cristãos no começo, missionários da Igreja Protestante, que foi onde a gente se conheceu enquanto melhores amigos, e fazíamos parte de uma companhia de artes que realizava projetos sociais. Desse diálogo, desse aprofundamento da nossa relação, começamos a descobrir a nossa sexualidade e, dentro da religião que a gente tinha, não fomos abraçados. Então, começamos a buscar formas de conhecer e construir nossa própria identidade e isso foi levando a gente para outros caminhos e outras possibilidades de ser, enquanto ser humano, enquanto pessoa e na nossa espiritualidade. Nessa busca, a gente se deparou com a bruxaria, e o que chamou muito a nossa atenção é que existe um texto sagrado chamado “Carta da Deusa”e em um trechinho é dito que “todas as formas de amor e prazer são iguais à Ela”. E aí a gente se sentiu abraçado, acolhidos, realmente representados. Nós somos um casal LGBT, interracial, periférico e dentro de todos esses recortes, a gente encontrou na bruxaria o reflexo de quem somos.

 

AGE - Vocês lançaram um álbum de músicas recentemente, em meio à pandemia. Como foi a produção, desde o financiamento até as composições?

 

J&L - Há processos para criar uma bruxaria brasileira, sem ser o reflexo de uma bruxaria europeia, eurocentrada. Ela é um movimento que acontece em todo mundo. O Brasil  ainda é muito carente nessa questão de músicas, conteúdos literários, bebemos muito de fora para construir aqui dentro. Aí a gente entendeu que havia a possibilidade de contribuir e criar algo para a bruxaria, que nos abraçou. A forma de retribuição foi entregar a nossa arte. Então, eu, enquanto cantor, e o Lucas, enquanto músico e produtor, a gente se uniu, mais uma vez, para construir esse álbum. Tem uma sonoridade bem moderna, a gente traz ritmos e instrumentos que façam com que a gente enxergue essa espiritualidade no dia a dia, não só em um momento ritualístico e litúrgico. Todo processo de criação, composição, melodia, masterização, captação vocal, foi o Lucas quem fez, e eu tive minha contribuição vocal e escrita das letras, tudo isso dentro de casa. Então foi um processo bastante desafiador, a gente não podia usar recursos de estúdio. Tivemos que nos reinventar, se profissionalizar e criar esse álbum do zero, materializar o projeto quase como uma mágica.  

 

AGE - Existem muitas diferenças entre a bruxaria antiga e a sua releitura moderna?

 

J&L - Falando de práticas, a gente tem a bruxaria moderna enquanto uma referências do paganismo antigo, resgatando esses caminhos ancestrais, mas ressignificando para o nosso tempo. Então esses saberes rompem com a ideia de religião e espiritualidade patriarcal, ainda muito fortalecidos hoje em dia, enquanto retomamos a herança ancestral. A gente tem, por exemplo, a ideia de bruxaria como respeito aos ciclos da natureza. O paganismo vem do povo do campo, um povo que vivia longe da sociedade que estava sendo criada e desenvolvida em tempos passados. Eles tinham esses saberes, a conexão com a terra, na questão do plantio, colheita, na observação do Sol, da natureza, desses ciclos que eram a totalidade da vida. Aí temos essa transição de feudalismo para capitalismo, com uma sociedade no avanço científico, com maiores poderes do Estado e o fortalecimento da Igreja enquanto religião dominante. A bruxaria é o rompimento desses padrões e a busca desses saberes para muito antes desses processos, com uma observação de como era a vida daquele povo, sua organização social, o cuidado ambiental, que a gente traz para esse momento. Em relação às práticas, há mudanças, mas a gente mantém a simbologia. Naquele tempo, a rotina de vida era outra. Hoje, temos pautas emergenciais que são diferentes daquela época. Estamos ressignificando tudo isso.

 

AGE - Diante do processo de urbanização e o afastamento humano da natureza, como fica o exercício da bruxaria, em que a conexão com a Terra é prejudicada?

 

J&L - Não temos essa separação entre eu, bruxa e espiritualista, e eu, cidadão e pessoa. A gente vive nesse mundo capitalista que realmente não enxerga a natureza como sagrada, divina, e o ser humano não se enxerga como parte dessa natureza. Existe um Ocidente muito fundamentado numa estrutura religiosa que diz que o homem deve dominar a natureza, que ele é superior a ela. Nesse estado de superioridade, ela é colocada como nossa serva, sendo que é totalmente o contrário. A bruxaria entende o planeta como a “Mãe Terra”, sendo o próprio corpo da Deusa. Então, quanto mais eu vou utilizando esses recursos, explorando, eu estou ferindo o corpo da divindade que eu cultuo, o que acaba sendo contraditório. A gente traz, como criadores de conteúdo, a espiritualidade dentro de recortes sociais, movimentos políticos, e, dentro dessa militância, trazemos pautas como essa. Se a bruxa se conecta com o poder da Terra, tem a conexão com os cristais, com as ervas, incensos, então ela também tem que cuidar, ser uma zeladora, sabendo ser uma extensão dela. Porque é o nosso lar, que nos comporta, nossa referência de sagrado. Ninguém joga lixo dentro da Igreja, por exemplo, porque é um lugar considerado sagrado. Então, se entendemos que o planeta é sagrado, a gente não vai jogar lixo na rua.

 

AGE - Como é a relação da bruxaria com a ciência?

 

J&L - Em um contexto geral de espiritualidade, essa questão científica é bastante problemática. Quando falamos de caça às bruxas, a gente tem um movimento de inquisição em que, como falamos antes, o Estado comanda, o cristianismo é a religião dominante e a ciência, principalmente a medicina, se fortalece. E esses pilares se unem para minar qualquer outra forma de poder, qualquer outra alternativa a esses poderes patriarcais. A gente tem a bruxa que é a curandeira, que faz os remédios, mas que também sabe fazer o veneno, ou  a parteira, que dá a vida, mas que também exerce as práticas abortivas. Então, é óbvio que existe uma ciência patriarcal, baseada no homem e em todos os processos de controle do corpo da mulher. É uma ciência que desacredita nessas práticas porque elas também refletem a sabedoria feminina, sua independência. Hoje, a gente tem uma ciência que é cética, com uma veia eurocentrada, desacreditada nesses saberes. Porém, a bruxaria não é inimiga da ciência, muito pelo contrário. Quem entende os fundamentos da magia sabe que um bebe da essência do outro, como a Alquimia, conhecimentos relacionados à Química, o aproveitamento de inúmeros pensadores e cientistas. Só que também temos problemas relacionados ao ser humano, de caráter, muitas vezes. Há um charlatanismo que usa do esoterismo, da mística, para se beneficiar, então não dá para falar em um contexto geral. Ainda não há um diálogo, infelizmente. Mas, no nosso caso, a gente mergulha muito na ciência para não se perder no meio do fanatismo, no meio da alienação. Por isso temos nossos estudos, a busca pela formação acadêmica, para podermos conciliar tudo isso.   

 

AGE - A bruxaria tem alguma explicação ou palpite para fenômenos como a Covid-19?

 

J&L - Quando a gente olha para a pandemia, precisamos levar isso sob um viés político, científico, realmente de crise sanitária. Houve uma grande problemática no começo, de discursos elitistas e negacionistas baseados numa posição de privilégio, com muitos dizendo que era uma transição planetária, uma limpeza da própria Terra, respondendo ao mal que o ser humano fazia. Só que o problema de tudo isso é que a maior parte das pessoas que foram afetadas pela pandemia são as marginalizadas, em lugares de vulnerabilidade, periféricas. A gente tem aí um problema estrutural que não deve ser respondido com espiritualidade. A espiritualidade pode se responsabilizar em uma questão humanitária, de comprometimento no âmbito social, com suporte, auxílio a quem precisa. Se a espiritualidade quiser responder a isso, que seja em movimentos de oferecer abrigo, alimentação, cuidados que se movam nesse sentido.

 

AGE - Existe atualmente uma banalização das práticas bruxas, uma leitura de modo superficial?

 

J&L - A gente teve com os "millennials" um movimento que começa a romper com a religião, de entender a espiritualidade fora dela. Tem um desligamento da necessidade religiosa, de nascer dentro de uma religião e entender que ela é a resposta para todas as coisas. Dentro da geração Z, principalmente, existe essa emancipação e ocorre a busca por uma espiritualidade mais objetiva, mais individualizada, baseada no autoconhecimento, dentro de recortes sociais. Porém, o que existe de falha nesse processo é não respeitar as bases, os fundamentos. Então, nós utilizamos os pilares das espiritualidades passadas para conseguir um legado que contribua para as próximas gerações de maneira mais consciente, desconstruído daquilo que é tóxico, daquilo que é destrutivo. Existem, sim, algumas problemáticas. Por exemplo, círculos de sagrado feminino que são totalmente elitizados, voltados para mulheres brancas, cis, heterossexuais, que excluem outras mulheres. Há também os eventos ritualísticos que acontecem em regiões de cenários paradisíacos extremamente caros, com uma falta de acesso a pessoas que estão na periferia, que não tem recursos e batalham no seu dia a dia para conseguir um alimento ou pagar um aluguel. Tem o charlatanismo de pessoas que se auto proclamam terapeutas, sacerdotisas, que acabam tirando o cuidado profissional, ficando apenas com a questão do dinheiro e do poder. Quando a gente fala de esotérico e místico, já vem junto essa ideia de charlatanismo. A gente olha com desconfiança. Se você vai passar por uma consulta de tarô, a primeira coisa que pensa é “vamos ver se vai dar certo”, por conta dessa falta de base, profissionais, estrutura e pesquisa. Temos, sim, uma grande problemática de negacionismo, de pessoas dentro dos seus privilégios acharem que, com boas vibrações e positividade, todos os problemas do mundo vão se resolver. E isso tá muito além.

 

AGE - Como alguém que se interessa pela iniciação na bruxaria pode buscar fontes seguras de conhecimento?

 

J&L - Eu acho que, como em qualquer religião, a gente começa olhando para a vida de quem se propõe a estar na frente de tudo isso. Não é só sobre o fato de eu falar da minha espiritualidade, mas de quem eu sou no meu dia a dia, quais são os meus posicionamentos, quais são as minhas ideologias, o que eu defendo e acredito. Precisamos observar de forma humana, e não como super-herói. A gente só conhece o padre naquele momento religioso, olhamos para pastores somente durante o culto. Mas eles não são somente aquilo, é apenas uma fração. Em primeiro lugar, a gente vai olhar para a questão de caráter. Em segundo lugar, precisamos sempre pesquisar, fazer a busca, ter materiais de referência. Quando falamos de internet, precisamos observar os conteúdos, ver quem são esses criadores, os influenciadores que falam sobre isso. Quanto aos livros, a gente vai para as bases, a bibliografia, as fontes, autores e autoras. A bruxaria, assim como nas outras espiritualidades, envolve o processo de sermos eternos aprendizes. Nós temos dez anos de prática e todos os dias descobrimos como não sabemos de nada, que ainda temos muito o que aprender. A gente tem, sim, a internet, somos uma geração muito informatizada, mas é preciso ter esses cuidados com a profundidade. Entender primeiro a história, quem são as bruxas, as questões básicas, para depois se aprofundar em feitiços, rituais e etc.

 

AGE - Como vocês enxergam a percepção da bruxaria no Brasil em relação a outros países?

 

J&L - O Brasil é um país que foi colonizado, então trazemos muitas referências de fora, que são supervalorizadas. Temos um histórico de bruxaria, de caça às bruxas, mas a gente sempre se recorda somente da Inquisição ou do caso em Salém. Temos o olhar voltado para fora. Eu, enquanto pessoa negra, escolhi a bruxaria justamente por uma questão de representatividade. Existe um lugar de marginalização e exclusão da pessoa negra, em que ela obrigatoriamente precisa ser da umbanda ou do candomblé, alguma religião de matriz africana. Mas não, a pessoa negra deveria escolher qualquer espaço que ela deseja ocupar, assim como uma pessoa branca. Você não coloca a pessoa branca dentro de uma religião específica porque ela tem esse direito de transitar por qualquer lugar que ela deseja, inclusive dentro da própria umbanda, do próprio candomblé. Eu escolhi a bruxaria para ampliar essas possibilidades, para que as pessoas olhassem para mim e percebessem que ali elas estão refletidas, representadas e seguras. No Brasil, sendo um lugar fundamentalista cristão, a bruxa é o outro, o desconhecido, tudo aquilo que faz parte do ser humano e que ele tenta reprimir. Ela é lasciva, pecaminosa, tudo que o ser humano tem enquanto instinto e natureza, mas que precisa ser anulado. Então, ela é taxada como inimiga. Ainda temos muita discriminação, uma grande intolerância religiosa, um fundamento de livros religiosos que fomentam esse tipo de violência. Não temos praças com fogueiras em que se queimam pessoas, mas temos adeptos de religiões africanas que são apedrejados em público. Não temos os mesmos direitos. Ainda é um cenário em construção, engatinhando.

 

AGE - Quais realizações vocês ainda querem alcançar? Como casal, criadores de conteúdo, músicos…

 

J&L - A gente não tem muito uma separação entre a nossa vida pessoal, do nosso trabalho ou tudo que a gente faz juntos. Então, criamos o Bruxedo como uma identidade que pudesse abraçar todas as nossas possibilidades de ser e nossas manifestações de identidade. A cada momento a gente tá incumbido dentro de um projeto totalmente distinto um do outro. Em um momento estamos focados na produção de um álbum musical, depois a gente tá criando um evento, uma produção de cursos e workshops, depois a gente se envolve com a arte em um sentido artesanal. Atendemos às necessidades da comunidade mística brasileira e nos dedicamos, dentro das nossas limitações, a contribuir com uma iniciativa de fácil acesso à informação, com bases sérias, sólidas, com referências. O que a gente realmente deseja, de todo coração, é a inclusão, essa representatividade. Que a gente continue sendo útil para trazer esse direcionamento para a comunidade que nos abraçou no momento em que precisávamos. E que possamos retribuir abraçando outras pessoas também. 

 

Foto destaque: Patrícia Montrase 

Tags: