Banda se apresenta em fevereiro de 2026; taxas extras geram críticas e frustrações entre os fãs
por
Maria Clara Palmeira
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27/06/2025 - 12h

A espera acabou! Na segunda-feira (23), foi anunciado que, após 17 anos, a banda americana My Chemical Romance retornará ao Brasil em 2026 pela segunda vez. O único show da banda em solo brasileiro será no dia 5 de fevereiro, no Allianz Parque, em São Paulo, como parte de sua turnê pela América Latina. 

A apresentação contará com a abertura da banda sueca The Hives e irá reunir brasileiros que acompanham a trajetória do grupo desde os anos 2000.

Anúncio da turnê na América do Sul. Reprodução: Instragram/@mychemicalromance
Anúncio da turnê na América do Sul. Reprodução: Instragram/@mychemicalromance


Formada em Nova Jersey nos Estados Unidos, em 2001, o My Chemical Romance tornou-se uma das bandas mais representativas do rock alternativo e símbolo do movimento emo. A formação atual é composta por Gerard Way nos vocais, Ray Toro e Frank Iero na guitarra, e Mikey Way no baixo.

O grupo lançou seu álbum de estreia, “I Brought You My Bullets, You Brought Me Your Love”, em 2002, mas o sucesso internacional veio em 2004, com “Three Cheers for Sweet Revenge”. No entanto, foi em 2006 com o disco “The Black Parade” que a banda atingiu o auge. O single “Welcome to the Black Parade” se tornou um hino da geração emo, alcançando o primeiro lugar nas paradas britânicas e consolidando o grupo no cenário global.

Após diversos sucessos, a banda entrou em hiato e anunciou sua separação em março de 2013. O retorno foi anunciado em outubro de 2019, com um show em Los Angeles. Em 2022, após dois anos de adiamentos devido à pandemia, a banda embarcou em uma extensa turnê, passando pelos EUA, Europa, Oceania e Ásia.

Desde a quarta-feira (25), início da pré-venda, fãs relataram insatisfação com o preço dos ingressos, que variam entre R$ 197,50 e R$ 895,00, além das cobranças de taxas adicionais. A revolta se intensificou com a cobrança da taxa de processamento, considerada uma novidade pela bilheteria oficial, a Eventim. A empresa alegou que essa tarifa garante a segurança dos dados dos consumidores, mas a justificativa não convenceu o público. 


Mesmo com a revolta, a expectativa de alta demanda se confirmou: a venda geral, aberta nesta quinta-feira (27) ao meio-dia, resultou em ingressos esgotados em 10 minutos.

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Nova exposição na Pinacoteca Contemporânea revela o papel político da pop arte brasileira no período de ditadura.
por
Maria Luiza Pinheiro Reining
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25/06/2025 - 12h

Por trás da explosão de cores, imagens familiares e estética publicitária da pop art brasileira, havia ruído, ambiguidade e protesto. Essa é a premissa da exposição Pop Brasil: Vanguarda e Nova Figuração, 1960-70, em cartaz na nova sede da Pinacoteca Contemporânea, em São Paulo. Mais do que uma exibição de obras pop, a mostra constrói um retrato crítico de uma década marcada por ditadura, censura e modernização desigual, e de como a arte respondeu a esse cenário.

A exposição celebra os sessenta anos das mostras Opinião 65 e Propostas 65, marcos da virada estética e política na produção brasileira. O percurso curatorial, assinado por Pollyana Quintella e Yuri Quevedo, reúne obras que reagiram diretamente ao avanço da indústria cultural, à opressão do regime militar e à transformação dos modos de vida. Em vez de apenas absorver os códigos da cultura de massa, os artistas incorporaram sua linguagem para tensionar o que ela ocultava: a violência da ditadura, o apagamento de subjetividades e a precarização das relações sociais.

Contra a censura
Tônia Carreiro, Eva Wilma, Odete Lara, Norma Benghel e Cacilda Becker protestam contra censura, em 1968

A ideia de que “a pop arte é o braço avançado do desenvolvimento industrial das grandes economias” é ressignificada no Brasil, onde a modernização industrial coexistia com a informalidade, a desigualdade e a repressão. Em vez do otimismo norte-americano, a arte pop brasileira surge como crítica: reapropria slogans, transforma marginais em heróis, imprime silhuetas de bandeiras como gesto de manifestação coletiva. A visualidade sedutora do consumo encontra a resistência política camuflada nas superfícies gráficas.

A exposição percorre núcleos como Poder e Resistência, Desejo e Trivialidade, Criminosos e Cultura Marginal, entre outros. Em comum, todos os conjuntos partem de imagens produzidas ou apropriadas do cotidiano: televisão, jornal, embalagem; para apontar fissuras entre aparência e estrutura. Hélio Oiticica, Rubens Gerchman, Wanda Pimentel, Antonio Manuel e muitos outros traduzem a tensão entre censura e invenção por meio de performances, happenings e obras gráficas que confundem arte e ação direta.

Helio Oiticica
Hélio Oiticica, 1968

Se nos Estados Unidos a pop art celebrava o consumo, no Brasil ela revelou o que havia por trás dele. A mostra explicita como a arte brasileira dos anos 1960 e 70 operou sob risco, incorporando elementos populares para criticar os próprios instrumentos de controle e espetáculo.

Mais do que rever o passado, Pop Brasil propõe um exercício de leitura do presente. Diante da repetição de discursos autoritários, da estetização da política e da crise na democracia, o gesto pop reaparece como estratégia de sobrevivência, uma forma de dizer muito com imagens que, à primeira vista, parecem dizer pouco.

 

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A incerteza quanto ao fim das salas de cinema e início da diminuição em massa de consumidores
por
Chiara Renata Abreu
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18/06/2025 - 12h

A recente chegada dos streamings pode acabar com os cinemas. Internacionalmente, as plataformas têm se mostrado cada vez mais aptas a abalar seus concorrentes. 

Depois da pandemia, os donos dos cinemas sentiram a diminuição de movimento, que preocupa não só a indústria, mas a sociedade em si. Filmes e curtas fazem parte da formação da cultura de civilizações, e a incerteza de sua existência atormenta. Os streamings ganharam força no período de quarentena, ocupando o espaço que as salas obtinham. O conforto de estar em sua própria casa, poder parar o filme a qualquer momento e a variedade no catálogo são alguns dos principais motivos do aumento da modalidade segundo pesquisas da Cinepop, site especializado em cinema. 

De acordo com pesquisas da revista O Globo, a área do cinema conseguiu em 2023 superar as dificuldades e recuperar alguns de seus fregueses, mas os números seguem abaixo do que estavam antes da pandemia. Segundo o analista de mercado Marcelo J. L. Lima em entrevista para a revista, a crise é mundial, com ressalvas em países como França, Índia, Coreia do Sul e China, que tem menor influência de Hollywood. Ainda, a reportagem aponta que parte da fraqueza hoje encontrada na indústria se fez depois de 1980, a partir do início da migração dos cinemas de rua para os de shopping. Em 2008 apenas 27% deles eram fora dos centros de comércio. 

Em entrevista para O Globo, Marcos Barros, presidente da Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex (Abraplex), apontou que os cinemas estão em apenas 8% dos municípios brasileiros, apenas 451 de um total de 5.565 cidades. A volta dos cinemas de rua poderia diminuir o desequilíbrio das salas, gerando uma maior popularização do cinema. Segundo Raíssa Araújo Ferreira, estudante de cinema na Belas Artes, “os cinemas estão se perdendo. Antigamente existiam vários cinemas de rua, de mais fácil acesso. Hoje está acontecendo uma elitização das salas. Elas estão, por exemplo, muito longe das periferias e concentradas nos shoppings, então existe todo o gasto com a locomoção. O cinema se torna um lugar de privilégio”. 

“O cinema é a sétima arte. Ela é um conjunto de todas as outras artes, e o cinema é vivo. Ele é sempre atual. Ele é sempre de todas as épocas. Então nada que é vivo vai desaparecer sem deixar vestígios. O cinema tem muito o que falar. É como se as salas estivessem adormecidas. Elas não estão mortas, mas sim apagadas”, comenta a aluna. 

A jovem complementa com ideias para a volta do triunfo das salas de cinema. “Acho que precisamos reinventar as salas. Apostar em programações mais diversas, ingressos mais acessíveis, novas salas mais perto da periferia e espalhar o cinema pelas cidades do Brasil. Criar o desejo de ir ao cinema, como um acontecimento, e trazer experiências mais imersivas, como convidar atores para, antes da sala de cinema, falarem sobre o filme. Trazer também eventos para apoiar o cinema de rua, investindo nas produções independentes e criando lugares públicos. Assim, as salas vão se reposicionar e oferecer algo que o sofá de casa ou a cama não oferece”. 

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A história do grupo que ultrapassou as barreiras sonoras pode ser vista no centro de SP até o fim de agosto
por
Por Guilbert Inácio
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26/06/2025 - 12h

A exposição “O Quinto Elemento”, em homenagem aos 35 anos do notório grupo de rap Racionais MC’s, está em cartaz desde o dia 06 de dezembro de 2024, no Museu das Favelas, no Pátio do Colégio, região central da cidade de São Paulo. A mostra era para ter sido encerrada em 31 de maio de 2025, mas, devido ao sucesso, vai agora até 31 de agosto.

A imagem mostra um painel os quatros membros dos Racionais MC's
Em 2024, o museu ganhou o prêmio de Projeto Especial da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) pela exposição. Foto: Guilbert Inácio. 

Museu das Favelas

O Museu das Favelas está localizado no Centro histórico de São Paulo, mas esse nem sempre foi o seu endereço. Inaugurado no dia 25 de novembro de 2022, no Palácio dos Campos Elíseos, o Museu das Favelas ficou 23 meses no local até trocar de lugar com a Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo, no dia 26 de agosto de 2024.  

Fechado por três meses, o museu reabriu no dia 06 de dezembro de 2024, já com a nova exposição dos Racionais MC’s. Em entrevista à AGEMT, Eduardo Matos, um dos educadores do museu, explicou que a proposta da exposição chegou neles por meio de Eliane Dias, curadora da exposição, CEO da Boogie Naipe, produtora dos Racionais e esposa do Mano Brown. Eduardo complementou que o museu trocou de lugar para ter mais espaço para a mostra, já que no Campos Elísios não teria espaço suficiente para implantar a ideia. 

Tarso Oliveira, jornalista e historiador com pós-graduação em Africanidades e Cultura Afro-Brasileira, comentou que a gratuidade do museu é um convite para periferia conhecer a sua própria história e que, quando falamos de Racionais MC's, falamos de uma história dentro da história da cultura hip-hop, que salvou várias gerações fadadas a serem esquecidas e massacradas pelo racismo estrutural no Brasil. “Nós temos oportunidades de escrever a nossa narrativa pelas nossas mãos e voltada para o nosso povo. Isso é a quebra fundamental do epistemicídio que a filósofa Sueli Carneiro cita como uma das primeiras violências que a periferia sofre.”, afirma o historiador. 

O Quinto Elemento

Basta subir as escadas para o segundo andar do museu, para iniciar a imersão ao mundo dos Racionais. Na entrada, à sua direita, é possível ouvir áudios do metrô, com o anúncio das estações. Uma delas, a estação São Bento da linha 1-Azul, foi o berço do hip-hop em São Paulo, na década de 1980. À esquerda está um som com músicas dos Racionais, uma trilha que você irá ouvir em todos os espaços da exposição.

A imagem apresenta três placas, em sequência, com os dizeres "X", "Racionais MC's" e "Vida Loka".
Placas semelhantes às placas com nomes de rua trazem as letras do grupo. Foto: Guilbert Inácio.

No primeiro espaço, podemos ver o figurino do Lorde Joker, além de uma breve explicação da presença recorrente na obra do grupo da figura do palhaço em apresentações e músicas como “Jesus Chorou”, em que Mano Brown canta: “Não entende o que eu sou. Não entende o que eu faço. Não entende a dor e as lágrimas do palhaço.”

A imagem mostra uma fantasia laranja de um palhaço. Ao lado, há uma televisão.
O figurino é usado em shows pelo dançarino de break Jorge Paixão. Foto: Guilbert Inácio. 

Ao adentrar o segundo espaço, você mergulha na ancestralidade do grupo. Primeiro vemos imagens e um pouco da história das mães dos quatro membros, Dona Benedita, mãe e avó de Ice Blue; Dona Ana, mãe do Mano Brown; Dona Maria José, mãe de KL Jay e Dona Natalícia, mãe de Edi Rock. Todas elas são muito importantes para o grupo e ganharam, inclusive, referências em músicas como “Negro Drama” em que Brown canta: “Aí Dona Ana, sem palavra. A senhora é uma rainha, rainha”. 

É nessa área que descobrimos o significado do nome da exposição. Há um painel no local com um exame de DNA dos quatro integrantes que revela o ponto de encontro entre eles ou o quinto elemento – a África.

A imagem mostra um painel com o exame de DNA dos quatro membros dos Racionais MC's
Na “Selva de Pedra”, antes de todos se conhecerem, todos já estavam conectados por meio da ancestralidade. Foto: Guilbert Inácio.

O título se torna ainda mais significativo quando lembramos que a cultura hip-hop é composta por quatro elementos: rap, beat, break dance e grafite. O quinto elemento seria o conhecimento e a filosofia transmitida pelos Racionais, grupo já imortalizado na cultura brasileira, sobretudo na cultura periférica. 

Na terceira área, podemos conhecer um pouco de Pedro Paulo Soares Pereira, o Mano Brown; Paulo Eduardo Salvador, mais conhecido como Ice Blue; Edivaldo Pereira Alves, o Edi Rock e, por fim, Kleber Geraldo Lelis Simões, o KL Jay. Entre os inúmeros objetos, temos o quimono de karatê de Blue e o trombone de seu pai, a CDC do KL Jay, rascunhos de letras de Brown e Edi Rock.

A imagem mostra um bicicleta BMX azul
Primeira BMX de Edi Rock. Foto: Guilbert Inácio. 

O próximo espaço é o “Becos do som e do Tempo”, que está dividido em vários pequenos slots que mostram a trajetória musical do grupo. Podemos ver rascunhos de letras, registros de shows e a história de algumas músicas, além de alguns prêmios conquistados durante a carreira do grupo. 

Algumas produções expostas são “Holocausto Urbano” (1990); “Escolha seu Caminho” (1992); “Raio X do Brasil” (1993); “Sobrevivendo no Inferno” (1997); “Nada Como um Dia Após o outro Dia” (2002).

A imagem mostra um painel com os dizeres "Minha palavra vale um tiro, eu tenho muita munição" e uma foto dos quatro membros dos Racionais MC's. Ao lado, há fotos individuais dos membros.
O grupo confirmou um novo álbum para este ano, mas ainda não divulgou o título da obra nem a data de lançamento. Foto: Guilbert Inácio.

Nos próximos espaços, tem uma área sobre o impacto cultural, um cinema que exibe shows e o local “Trutas que se Foram” em homenagem a várias personalidades da cultura hip-hop que já morreram. A exposição se encerra no camarim, onde estão disponíveis alguns papéis e canetas para quem quiser deixar um registro particular na exposição.

A imagem mostra uma pequena placa com a foto da Dina Di e os dizeres: "Dina Di. Cria da área 019, como as quebradas conhecem a região de Campinas, no interior de São Paulo, Viviane Lopes Matias, a Dina Di, foi uma das mulheres mais importantes do rap no Brasil. Dina era a voz do grupo Visão de Rua. Dona de uma voz forte, assim como sua personalidade, a rapper nasceu em 19 de fevereiro de 1976 e morreu em 19 de março de 2010. Foi uma das primeiras mulheres a conquistar espaço no rap nacional. Dina nos deixou por causa de uma infecção hospitalar, que a atingiu 17 dias após o parto de sua segunda filha, Aline."
Nomes como Sabotage, Chorão, WGI, entre outros são homenageados na exposição. Foto: Guilbert Inácio. 

Segundo Eduardo, a exposição está movimentando bastante o museu, com uma média de 500 a 800 pessoas por dia. Ele conta que o ápice da visitação foi um dia em que 1500 pessoas apareceram no local. O educador complementa que, quando a exibição chegou perto da sua primeira data de encerramento, em maio, as filas para visitar o espaço aumentaram consideravelmente. O que ajudou a administração a decidir pela prorrogação.  

Eduardo também destaca que muitas pessoas vão ao museu achando que ele é elitizado, mas a partir do momento em que eles veem que o Museu das Favelas é acolhedor, com funcionários dispostos a tirar suas dúvidas e com temas que narram o cotidiano da população brasileira, tudo muda. 

 “Dá para sentir que o pessoal se sente acolhido, e tendo um movimento desse com um grupo que é das favelas, das quebradas, que o pessoal se identifica, é muito melhor. Chama atenção e o pessoal consegue ver que o museu também é lugar da periferia”, conclui. 

Impacto Cultural

Os Racionais surgiram em 1988 e, durante todo o trajeto da exposição, podemos ver o quão importante eles são até hoje para a cultura brasileira, seja por meio de suas músicas que denunciaram e denunciam o racismo, a violência do Estado e a miséria na periferia – marcada pela pobreza e pela criminalidade –, seja ocupando outros espaços como as provas nacionais e vestibulares.

A imagem mostra duas provas do Exame do Ensino Médio de 2023 com os trechos "Até no lixão nasce Flor" e É só questão de tempo, o fim do sofrimento".".
Trechos de Vida Loka, parte I e II nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio de 2023 (ENEM). Foto: Guilbert Inácio. 

Em 2021, foi ao ar a primeira temporada do podcast Mano a Mano, conduzido por Brown e a jornalista Semayat Oliveira, que chegou a sua terceira temporada em 2025.

Inclusive, o podcast, que já teve inúmeros convidados da cultura e da política vai virar  um livro, homônimo. A publicação sairá pela Companhia das Letras, que já publicou o livro “Sobrevivendo no Inferno”, em 2017. 

Segundo Tarso, o grupo representa a maior bandeira que a cultura negra e periférica já levantou nesse país, visto por muitos como super-heróis do gueto contra um sistema racista e neoliberal; além de produtores de uma música capaz de mudar a atitude e a perspectiva das pessoas, trazendo autoestima, além de muito conhecimento. 

“Um dos principais motivos do grupo se manter presente no cenário cultural é não se acomodar com a "força da camisa", como cita o Blue.  E sempre buscar ir além artisticamente, fazendo com que seus fãs tendam a ir para o mesmo caminho e continuem admirando sua arte e missão.”, finaliza Tarso. 

 

Serviço

O Museu das Favelas é gratuito e está aberto de terça a domingo, das 10h às 17h, com permanência permitida até às 18h. A retirada dos ingressos pode ser online ou na recepção do museu. Além da exposição “O Quinto Elemento”, também é possível visitar as exibições “Sobre Vivências” e “Favela é Giro”, nos mesmos horários.

Temáticas são abordadas desde os anos 60 no Japão e continuam exploradas até hoje
por
LUCCA CANTARIM DOS SANTOS
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16/06/2025 - 12h

“O sonífero”, projeto criado por Lucca Cantarim, estudante de jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) , tem por objetivo combater a visão reacionária a respeito de temas de gênero no entretenimento.

Trazendo a história da presença de personagens de diversas sexualidades e gêneros nos mangás e animes dentro da mídia japonesa, o autor trás uma reflexão leve, descontraída, porém importante a respeito de uma representatividade tão importante.

Os sete artigos que compõem o projeto estão disponíveis para serem lidos no site “Medium”, no perfil autoral de Lucca. Os textos contém entrevistas com pesquisadores, fãs e até mesmo leitores de dentro da comunidade LGBT que se identificam e se abrem sobre a importância da representatividade para eles.

Disponível em: https://medium.com/@luccacantarim/list/o-sonifero-d19af775653e

 

Em um gênero musical dominado por homens, a goiana inovou ao inserir o ponto de vista feminino em suas letras
por
Esther Ursulino e Gabrielly Mendes
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06/12/2021 - 12h

Conhecida por sucessos como “Infiel”, “Ciumeira” e “Todo mundo vai sofrer”, Marília Mendonça se destacou entre as vozes do sertanejo. Em 2019 e 2020, a goiana foi a cantora brasileira mais ouvida nas plataformas de streaming musical. Segundo a Rolling Stone, sua live feita durante a pandemia foi a mais assistida da história do YouTube, somando 3,3 milhões de visualizações simultâneas. Esses recordes se devem, dentre outros fatores, às suas composições, que inseriram o ponto de vista das mulheres em um gênero musical predominantemente masculino.   

Em suas letras, Marília deu voz à ex, à atual, à traída, à que trai e à amante. Esta última personagem, geralmente censurada, esquecida ou vista como um troféu em outras composições sertanejas, foi humanizada pela cantora. Em "Amante Não Tem Lar", a artista descreve as desvantagens de ser "a outra". 

Além disso, ela  criou uma nova forma de se comunicar com o público ao incluir ensinamentos às suas canções. Isso se expressa em músicas como “A Culpa é Dele”, que conta com a participação da dupla Maiara e Maraisa. A faixa critica a forma como algumas mulheres responsabilizam outras pela traição cometida por um homem. Na letra elas dizem: “se quem tava comigo era ele a culpa é dele”, desestimulando, assim, a rivalidade feminina.   

Adriana de Barros, que atualmente é apresentadora do programa Mistura Cultural, da TV Cultura, acompanhou a ascensão da cantora. Presente na gravação de Realidade - Ao vivo em Manaus, DVD de estreia da rainha da sofrência, Adriana conta que se impressionou com o talento e a proposta de Marília. Segundo ela, muitos ativistas buscam impor suas concepções, e a sertaneja vai na contramão disso. “Ela vai entreter e a cada música vai lançar uma frase importante que muitas pessoas vão assimilar.”. 

Para além do sertanejo, Mendonça conquistou a simpatia e a admiração de artistas ligados a outros gêneros musicais. Sua parceria com Gal Costa resultou em “Cuidando de Longe”, faixa presente no álbum A Pele do Futuro (2018), da cantora baiana. Recentemente, fez parceria com Luísa Sonza no remix de "Melhor Sozinha :-)-:”, música do álbum Doce 22 (2021). A goiana também foi citada em “Sem Samba Não Dá", de Caetano Veloso, presente no disco Meu Coco, lançado em outubro deste ano. Na canção, a artista é chamada de “Mar(av)ília Mendonça”, e foi a única citada duas vezes ao longo das estrofes.

A jornalista musical Adriana de Barros diz que até quem não gostava do ritmo se rendia à sertaneja, que para ela era uma artista universal. “Eu acho que ela sabia descrever o que a gente sente (...). Esses sentimentos que ela colocava nas letras dela são os mais simples. As pessoas se identificam porque na verdade todos têm os mesmos medos, as mesmas angústias, as mesmas vontades. Por isso é uma música que ultrapassa gênero.” 

Quando a identificação não vinha através das canções, o carisma e a humildade da goiana conquistavam até os mais resistentes. Em 2018, Marília deu início ao projeto “Te Vejo em Todos os Cantos'', passando por todas as capitais do Brasil. O intuito da cantora era organizar shows gratuitos em patrimônios históricos e grandes praças. Como uma maneira de surpreender os fãs, as informações do evento eram divulgadas apenas horas antes do início de sua performance. 

Em entrevista para o jornal Extra em 2019, a rainha da "sofrência" disse que a iniciativa nasceu da vontade de cantar para o povo. Sem luxos, ela ia às ruas distribuir panfletos de divulgação, convocando o público para os shows. As gravações dos eventos foram compiladas em um DVD e três álbuns homônimos. Segundo o site Terra, o álbum Todos Os Cantos, Vol. 1 (ao Vivo) alcançou a marca de 1 bilhão de streamings no Spotify em novembro deste ano.  

Mesmo batendo recordes, acumulando milhares de fãs e sendo reconhecida por artistas prestigiados, as obras e a trajetória de Marília só repercutiram na grande imprensa após a tragédia ocorrida no dia 5 deste mês, que tirou sua vida e de outras quatro pessoas em Caratinga (MG). Entretanto, a goiana será lembrada para além do acidente, pois atrás de cada visualização em seus trabalhos há uma pessoa que foi atingida positivamente por suas canções. 

Tainá é uma mulher branca de olhos claros, tem o cabelo preso e sorri.
Tainá (25) - Foto por Esther Ursulino 

"As músicas dela (Marília) parecem conselhos. Quando escuto ela parece que estou conversando com uma amiga íntima."

Marlene é uma idosa de cabelos grisalhos. Está de máscara laranja, camiseta verde e tem os braços cruzados.
Marlene Alves (62) - Foto por Esther Ursulino 

"Marília transformava a tristeza em alegria. As outras sofrências deixam quem escuta mais triste ainda. As dela levantam o astral." 

Vando é um homem negro sentado em uma mesa de bar. Ele usa uma regata azul e um boné preto.
Vando (33) - Foto por Esther Ursulino 

"Ela (Marília) tinha letra, não era só refrão"

Rosa é uma idosa negra. Ela usa máscara e uma blusa azul. Nilsa é uma idosa branca de cabelos castanhos. Ela usa máscara e está com uma blusa estampada. Ambas estão sentadas em uma mesa de bar.
Rosa (66) e Nilsa (66) - Foto por Esther Ursulino 

"Marília tinha um timbre diferente. Aquela voz dela vai ser infinita.", concordam Rosa e Nilsa 

Em um meio dominado por homens, Marília Mendonça mostrou que a mulher também sente, pensa e é capaz de falar por si mesma. Ela trouxe as conversas dos banheiros femininos para a mesa de bar, sem medo de ser censurada, como disse Adriana de Barros: “Eu acho que ela deixa o legado de mostrar que a mulher pode ser o que ela quiser, onde ela quiser, e conquistar o espaço que ela quiser (...). Uma mulher cantando sobre isso liberta outras”.

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As dificuldades enfrentadas pelos profissionais da dança no Brasil
por
Beatriz Camargo Vasconcelos
Maria Luiza Costa
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17/11/2021 - 12h

De acordo com relatos jesuítas, a dança no Brasil teve início com os povos indígenas, que tinham propósitos religiosos e ritualísticos, como o toré no Nordeste e o kuarup no Mato Grosso. Já as danças eruditas, foram introduzidas de forma tardia pelos europeus, mais especificamente por Luis Lacombe que produziu o primeiro espetáculo de ballet no ano de 1813, na cidade do Rio de Janeiro. 

            As escolas de dança só chegaram no território brasileiro um século depois do primeiro espetáculo, até então para a elite carioca, assim estabelecendo a desigualdade que vemos na arte até os dias atuais. Porém pouco se sabe sobre a história da dança brasileira "Outro dia uma professora minha falou assim: 'Bartira traz os materiais aí sobre as danças regionais do Brasil’, a gente não acha, não existe, não tem a valorização nesse sentido", contou a professora de dança Bartira Mercês, 43 anos, formada pela escola nacional de ballet do Canadá, que hoje permanece no país por uma melhor oportunidade no ramo.

"Registro de um processo intenso e cheio de emoção e aprendizado” (@quadrelacia)
"Registro de um processo intenso e cheio de emoção e aprendizado” (@quadrelacia)

 “A diferença do investimento feito na arte no Brasil e no Canadá é gritante. Aqui as crianças no Canadá, desde novas, nas escolas, têm acesso a arte. A arte como disciplina, o conhecimento da arte, música é vivo na vida das crianças.” disse Bartira. Essa falta de investimento faz com que poucas pessoas tenham acesso a modalidade no Brasil, visto que é preciso ir atrás de companhias, normalmente privadas, para conseguir ter um futuro na área, mais uma vez elitizando a dança no país, assim afastando cada vez mais pessoas que vivem em comunidades desfavorecidas. 

Tentar uma carreira no exterior nem sempre é uma opção, por isso muitos acabam ficando no Brasil e enfrentam diversas dificuldades pela falta de investimento e pela desvalorização da dança como profissão. Roberto dos Santos, 59 anos, trabalha no ramo desde seus 16 anos e atualmente tem sua própria companhia diz que "o currículo não é muito valorizado e as condições de trabalho, muitas vezes também não são muito favoráveis", o mesmo também destaca que para se tornar um profissional credenciado são necessários 8 anos de estudos, o que normalmente não ocorre assim banalizando e desprestigiando a profissão.  

Coreografia: "Meus gestos clamam" (@quadrelacia)
Coreografia: "Meus gestos clamam" (@quadrelacia)

A pandemia do coronavírus prejudicou o setor da cultura, que apresentou uma perda de cerca de 240 mil postos de trabalho, de acordo com o Painel de Dados Observatório Itaú Cultural. Com isso, a falta de investimento de forma adequada nesse campo, faz com que viver da arte se torne algo mais difícil do que antes, levando diversos profissionais a buscarem outras alternativas para sobreviverem. Essa situação ocorreu de forma diferente para Bartira, que mesmo tendo que parar de trabalhar para cuidar de seus filhos não passou por muitas dificuldades dado que recebeu auxílio do governo canadense, assim como outros artistas, desde professores até músicos, bailarinos e profissionais da arte de forma geral. 

 

 

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Artistas e estudantes contam sobre as dificuldades coletivas e individuais que a pandemia trouxe para o desenvolvimento de peças teatrais.
por
Julia Silva Tavares e Vitória Nunes de Jesus
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17/11/2021 - 12h

É de conhecimento da população que setores da saúde e comércios sofreram com a chegada da pandemia, porém há outro setor com grande importância para a sociedade, que foi bastante afetado, o Teatro.

Espetáculos foram cancelados e muitos que trabalham na área ficaram desempregados. A atriz e cantora Elisabete Almeida relata a realidade de um colega e menciona o descaso dos governos com os artistas: “Recentemente, fiquei sabendo que um grande amigo e colega que conheci na época em que eu morava na Alemanha, estava trabalhando de carregador de mudança. Apesar de ser um trabalho digno, o que revolta é saber que situações como essas são frutos da desvalorização da arte pelos governos, pois as pessoas acham que o artista tem de trabalhar de graça. Muitas pessoas que eu conheço que trabalharam em musicais grandes como O Fantasma da Ópera, no qual também fiz parte, estão vendendo doces na rua ou sendo motoristas de aplicativo. A atriz ainda lembra que muitos de seus colegas, além de sofrerem com o desemprego, lidam com a falta de um plano de saúde, que durante a pandemia, se torna algo essencial: “o artista brasileiro vive em uma situação vulnerável. Muitos dos meus colegas não têm plano de saúde, e isso dificulta ainda mais a situação”.

Elisabete Almeida. Foto: arquivo pessoal.
Elisabete Almeida. Foto: arquivo pessoal.

            Além dos artistas, o teatro envolve outros profissionais que ficam nos bastidores e que são de igual importância e também enfrentam dificuldades causadas pela pandemia. O cantor e ator Thiago Arancam lembra: “na pandemia, as dificuldades foram enormes. A principal foi a parte econômica, porque não é só o artista que depende da carreira, é uma equipe inteira”.

As formas de obter conhecimento são diversas. Elisabete menciona que ao assistir uma peça, se aprende sem perceber: “É necessário ressignificar o papel que a cultura possui de mudar o pensamento das pessoas. A Arte tem a capacidade de educar sem a pessoa perceber”.

Elenco O Fantasma da Ópera no Brasil, 2019. Elisabete Almeida (mulher ruiva com coroa, ao fundo da foto). Thiago Arancam (primeiro homem à esquerda). https://images.app.goo.gl/Jr45Tqau8i5Lh8tm9
Elenco O Fantasma da Ópera no Brasil, 2019. Elisabete Almeida (mulher ruiva com coroa, ao fundo da foto). Thiago Arancam (primeiro homem à esquerda). https://images.app.goo.gl/Jr45Tqau8i5Lh8tm9

Além de ajudar no aprendizado, o teatro amplia as percepções de oportunidades profissionais, ajuda a se expressar e se relacionar, fazendo pessoas vencerem a timidez. O artista musical Roberto Srgentelli Filho, mais conhecido como Beto Sargentelli, é um exemplo de como vencer a timidez: “cresci em uma família de músicos e atores, porém eu era muito tímido. Fiz meu primeiro trabalho aos 12 anos, em uma propaganda, mas eu negava o acontecimento para os meus colegas na escola porque eu era tímido. Minha mãe insistiu muito para eu começar a fazer aulas de teatro para diminuir a timidez. Depois que iniciei as aulas, me apaixonei perdidamente pelo Teatro, nunca mais saí ou me imaginei fazendo outra coisa”.

O principal para um artista em uma apresentação, é o público e o ambiente. Beto Sargentelli lembra: “as apresentações presenciais são especiais pela troca entre a plateia e o palco. O ator consegue sentir o ritmo do espetáculo de acordo com a energia e as reações da plateia”. Bete Almeida frisa no espaço teatral: “Depois do público, o mais importante é o ambiente do teatro, que é lindo e vivo. Um palco teatral tem um tipo de luz e atmosfera que um estúdio ou uma sala não tem”.

Beto Sargentelli em The Last 5 Years Brazil. Foto: arquivo pessoal.
Beto Sargentelli em The Last 5 Years Brazil. Foto: arquivo pessoal.

É necessário mencionar os estudantes que teriam suas primeiras oportunidades de pisar em um palco e se apresentarem, mas esta experiência precisou ser adiada por conta do isolamento social. O estudante de Artes Cênicas, Gustavo Brait chama a atenção para este ponto de vista: “Eu sabia que as apresentações iam ser canceladas e isso deixou uma tristeza muito grande, em relação às minhas apresentações, fiquei muito triste também, principalmente porque seria a primeira vez que eu ia pisar no palco depois de dois anos”.

Muitos artistas migraram para o online e logo de cara já enfrentaram a primeira dificuldade, como conta Brait: “No espetáculo online o ator faz não só o trabalho dele, mas também o de diretor, cenógrafo, figurinista, maquiador, técnico de luz e microfone. O ator tem que assumir todas essas funções e ficar muito mais atento, coisa que no espetáculo presencial não acontece”.

As apresentações virtuais requerem exigências, como boa internet, câmeras de qualidade, microfones que possam captar todo o som, requer também aprofundamento nos conhecimentos das áreas da tecnologia, como aponta a estudante de dança, Letícia Almeida: “começar a entender e se aprofundar nos aspectos da tecnologia foi fundamental para entender as ferramentas que seriam usadas nos espetáculos dali para frente” e mostra que o online tem particularidades “o palco é tridimensional, a tela é bidimensional, essa diferença foi uma das mais difíceis de se adaptar. Tem que tomar cuidado com o que as pessoas estão vendo, o recorte da câmera. Antes do olho que vê o espetáculo tem o olho da câmera, é possível usar isso como ferramenta, colocar fitas que mudam o vídeo de cor, ou que fecham a amplitude da câmera.”

Peça Chicago: O Musical, exclusivamente online, personagem Billy Flynn, por Gustavo Brait. Foto: arquivo pessoal.
Peça Chicago: O Musical, exclusivamente online, personagem Billy Flynn, por Gustavo Brait. Foto: arquivo pessoal.

          Diante desses apontamentos, é possível concluir que assim como outros setores, o teatro enfrentou dificuldades durante a pandemia. Mas como a maioria das áreas, é possível se recuperar. Vale ressaltar a importância desta arte para a formação da personalidade. Não é só o ator que se prejudicou nos tempos do coronavírus, a equipe por trás dos palcos também. Assim como grande parte da população, os artistas se adaptaram as telas, mas este recurso não traz toda a beleza de uma peça teatral.

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As contradições na busca por inclusão
por
Catharina Morais, Juliana Sousa, Letícia Alcântara, Sophia Razel
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22/10/2021 - 12h

Neste episódio do podcast Estação Cultural, as alunas Catharina Morais, Juliana Souza, Letícia Alcântara e Sophia Razel retratam o tema da  diversidade e representatividade nas exposições artísticas e os desafios e contradições ainda presentes nesse ambiente.

Ouça em: https://anchor.fm/leticia-andrade41/episodes/Diversidade-e-representatividade-no-circuito-das-exposies-de-arte-e1960d9 

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As denúncias e implicações da Covid-19 na carreira dos músicos brasileiros
por
Catharina Morais, Juliana Sousa, Letícia Alcântara, Sophia Razel
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24/09/2021 - 12h

Na estreia do Podcast Estação Cultural, as apresentadoras Catharina Morais, Juliana Souza, Leticia Alcântara e Sophia Razel conversam com os músicos André Mota e Louise Woolley, que contam os inúmeros desafios enfrentados pela classe artística, durante o delicado período de crise e caos sanitário durante a pandemia de Covid-19. Abordam ainda o fechamento e a  reabertura gradual  das casas de shows em São Paulo,  além dos efeitos causados na carreira dos artistas dependentes desses espaços. Pontua-se também, como o governo em curso é conivente com a perpetuação de ideais preconceituosos, que atingem diretamente todas as formas de cultura, não valorizando e deixando à margem todos aqueles que dependem e tiram da arte sua subsistência. 

Ouça em: https://open.spotify.com/show/6WTEW9Sd47ewFa7qHDfGD3 

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