Evento continua sua evolução com mais atrações e marcas patrocinadoras, mesmo com menos montadoras
por
Vítor Nhoatto
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18/06/2025 - 12h

 

Em sua quarta edição, ocorrida entre os dias 12 e 15 de junho, o Festival Interlagos Edição Carros se consolidou no setor. Realizada no autódromo de mesmo nome, na zona sul de São Paulo, contou com lançamentos de Ford, Honda e GWM. Além disso, nomes como IZA e Ferrugem animaram os amantes das quatro rodas.

Ao todo, estiveram presentes 18 marcas de automóveis, contando Omoda e Jaecoo como marcas separadas. A quantia diminuiu em relação à edição de 2024, que teve 19. Este ano, marcas como Chevrolet e Renault não compareceram. Mas ao andar pelos boxes da pista e no gramado que recebe os festivais Lollapalooza e The Town, a diferença é imperceptível. 

Se por um lado havia uma fabricante a menos, o número de stands de marcas patrocinadoras aumentou e chamava bastante a atenção. Desde casas de apostas até plataformas de venda de produtos online, com direito a uma estátua de leão que atraia as câmeras dos celulares. Completava o cenário a roda gigante popular nos eventos musicais que ali ocorrem, mas que não estava disponível para passeio.

No quesito alimentação, havia um número grande de opções, com uma dezena de food trucks e quiosques para petiscos e um restaurante com buffet também. Ponto importante é a falta de bebedouros pelo complexo, obrigando a todos a comprarem água, mesmo com os shows musicais que pedem por estações de hidratação.

Já em relação à organização do evento, mesmo com as obras aparentemente incessantes em Interlagos, com tapumes e entulhos em alguns locais, estavam menos intrusivas no campo de visão do espectador que as edições passadas. A sinalização continuou precária, com muitas pessoas perguntando para seguranças como descer para a área dos boxes e para o meio da pista, onde as grandes marcas ficavam.

Baseado no conceito de experiência automotor, o formato das edições anteriores foi mantido. Diferente de um Salão do Automóvel tradicional, os interessados poderiam andar na pista por R$593 com o ingresso Drive Pass, e também negociar com representantes de concessionárias a compra dos carros expostos e testados.

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Era possível ainda se sujar na lama, e nem precisava pagar mais pelo Drive Pass, com o Street Pass de R$107 já era suficiente. Foto: Vítor Nhoatto

Tudo isso faz do festival um exemplo atraente financeiramente para as marcas e emocionalmente para o público. Em Portugal, isso acontece de forma parecida com o ECAR Show e, na Espanha, com o Automobile Barcelona, por exemplo. Mas é só no Brasil que uma pista de corridas todo pode ser explorada. Além disso, para diminuir os custos, a edição Carros aconteceu apenas duas semanas depois da edição Motos, reaproveitando a estrutura e agilizando o processo para as montadoras, segundo a organização do evento. 

Palco de lançamentos 

Mesmo sem Volkswagen e o novo Tera, e a Chevrolet tendo optado por lançar os facelift de Onix e Tracker em julho em evento fechado, grandes revelações tomaram Interlagos. No quesito modelo inédito não houve nenhum caso por parte das montadoras tradicionais, limitadas a reestilizações e apresentações ao público de carros já mostrados em solo brasileiro.

Dessa vez presente somente com a Abarth, o conglomerado Stellantis aproveitou o ambiente de corrida que a marca do escorpião evoca e mostrou o renovado Pulse. Seguindo as atualizações da versão não envenenada da Fiat, ganhou nova grade frontal e teto panorâmico, além de banco do motorista com ajuste elétrico para o esportivo. Ficaram de fora, no entanto, novos assistentes de condução como leitor de placas de trânsito e piloto automático adaptativo, disponíveis em veículos mais baratos que os R$157.990 anunciados.

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Por trás do Pulse de hoje, o Abarth 600 dos anos 1960, exposto também pela marca em Interlagos. Foto: Vítor Nhoatto

Ainda em relação às europeias, a Volvo esteve presente novamente, inclusive reaproveitando muitos dos EX30 amarelos da edição passada. Falando nele, que não oferece mais a cor citada, ganhou uma nova versão em território brasileiro, a Cross Country. Apresentada em fevereiro na Europa, chega aqui como topo da gama por R$314.950. Se diferencia das demais pelas caixas de roda e proteções na frente e atrás em plástico preto, além de estrear um novo sistema de propulsão, com  tração integral e 428 cavalos, e indo de 0 a 100km/h em apenas 3,7 segundos.

Também foram mostrados ao público o XC90 atualizado, lançado em 2015, que ganhou sobrevida após a decisão da sueca de prolongar o ciclo dos seus modelos a combustão até uma maior maturação do mercado de elétricos. E ao lado dele estava também o recém lançado no Brasil, o novo EX90, antes tido como sucessor do irmão e agora como complemento e modelo topo de gama da marca. 

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De alguma forma a eletrificação chega para o cliente Volvo, seja com o elétrico EX30 ao fundo ou com o híbrido plug-in XC90 dourado à direita. Foto: Vítor Nhoatto

Mudando de continente, a Honda aproveitou a ocasião para apresentar o facelift do Civic e do HR-V. Ambos receberam mudanças sutis na grade dianteira e parachoques, além de novas lanternas traseiras e desenho de rodas para o segundo. No interior, o sistema multimídia do sedã ganhou novas funcionalidades e o console central do SUV foi alterado levemente para facilitar o acesso ao carregador por indução. Os preços não foram divulgados, no entanto. 

A conterrânea Mitsubishi estava presente novamente, mas diferente da edição 2024 trouxe modelos realmente novos em sua linha, apesar de nenhuma revelação no evento. Lançado no país há poucos meses, a nova geração da picape Triton estava presente e o destaque do stand foi o novo Outlander, anunciado no mês passado. Agora híbrido plug-in, se coloca como modelo mais tecnológico da marca no Brasil, mas custa quase R$400 mil. 

Novidade este ano no festival, a Hyundai também não trouxe novidades, mas aproveitou para mostrar para os consumidores o recém-lançado Kona, o SUV de oito lugares Palisade e o eletrônico Ioniq 5. Os modelos marcam uma nova fase da divisão de importados da coreana no país, administrada pela CAOA e separada da HMB que fabrica os modelos HB20 e Creta. 

Por fim, a estadunidense Ford levou a Interlagos a linha Tremor de suas picapes Maverick, Ranger e F-150, reforçando o apelo off-road da marca com direito a um segundo stand só para elas próxima à pista off-road. Já dentro dos boxes, a reestilização do seu segundo modelo mais importante no país hoje, o Territory, foi revelada.

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Além da mudança estética que tenta alinhar o Territory a linguagem visual da marca, também conta com novo design para as rodas.Foto: Vítor Nhoatto

Atrás apenas da Ranger em vendas e popularidade, é rival de modelos best-sellers como os Jeep Compass e Toyota Corolla Cross, SUVs médios. Com uma frente toda remodelada, mais arredondada e passível de julgamentos, mudou a cor dos estofados internos mas manteve o seu preço de R$215 mil. Importado da China, pretende crescer na categoria com a estratégia, custando menos que os dois concorrentes citados em versões equivalentes.

Ascensão chinesa continua 

Falando mais sobre a potência asiática, se nenhuma surpresa veio por parte das montadoras já estabelecidas, mais uma vez as chinesas ocuparam em todos os sentidos Interlagos, e tiveram destaque. Com revelações importantes e presentes na pista e no barro, elas focaram em mostrar qualidade e potencial tecnológico irreverente.  

Veteranas do Festival, BYD e GWM foram desta vez por caminhos distintos, com a primeira sem lançamentos no mercado de fato, mas trabalhando fortemente o imaginário da marca no Brasil. No stand o ato principal foi o supercarro elétrico YangWang U9, chamando todas as atenções com o seu vermelho vivo e asa traseira enorme. Além disso, era impossível não reparar o carro “dançando”, demonstrando a suspensão independente sofisticada do modelo que consegue saltar e andar somente com três rodas.

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Ao lado de Dolphin Mini e King, U9 roubava os olhares com seus 1.300 cavalos elétricos. Foto: Vítor Nhoatto

Do lado de fora quem brilhava era o também elétrico YangWang U8, agora sob o formato SUV. Capaz de girar no próprio eixo e flutuar, corria pela pista e chamava atenção pelo porte de cerca de cinco metros de comprimento e design singular. Nada foi falado sobre a possível comercialização de ambos no Brasil, o que não era esperado, mas sim as onomatopeias e expressões de surpresa que eles provocam.

Já em relação ao rival GWM, a estratégia foi repetir o que fez em 2024: apresentar novos modelos. A picape híbrida Poer e o SUV Tank 9 foram as estrelas da vez, com a primeira já tendo aparecido em evento com o vice-presidente Geraldo Alckmin na futura fábrica da empresa no Brasil. No caso do segundo, promete complementar a linha Tank após a chegada do Tank 300, na edição passada revelado, e agora ocupando a pista off-road e as ruas também. 

Cenário similar ocorreu no stand da Omoda & Jaecoo, marcas do grupo Chery que em 2024 debutaram em Interlagos e agora já contam com cerca de 50 lojas pelo país. Foram apresentados a versão híbrida do Omoda 5, vendido aqui até então somente como elétrico sob o nome E5, e o inédito Omoda 7, um híbrido plug-in para rivalizar com BYD Song Plus e o GWM Haval H6. Ambos tem previsão de lançamento até final do ano.

Porém, o destaque da mostra foi a novata GAC, que chegou ao mercado brasileiro oficialmente no mês passado já com 33 lojas e cinco modelos. Estilizada sob o slogan Go and Change, vá e mude em português, é o acrônimo para Guangzhou Automobile Group, e se pronuncia “gê á cê”. 

Com um dos maiores estandes da edição, o mesmo que a também estreante chinesa Neta usou no ano passado, era um dos mais movimentados também. O centro das atenções era o elétrico Hyptec  HT com suas portas traseiras “asa de gaivota”, ao estilo do rival Tesla Model X. Custando a partir de R$299.990, é o modelo topo de gama da marca à venda aqui, e promete agitar o mercado dos SUVs elétricos grandes, com uma cabine extremamente luxuosa.

Mais ao fundo estava o também elétrico e SUV, Aion V, com uma pegada mais quadrada e prática. Com porte de GWM Haval H6, tela para o ajuste do ar condicionado no banco de trás, massagem nos dianteiros e até 602 km de autonomia segundo o ciclo chinês NDEC, custa a partir de R$214.990, mesmo preço que o rival híbrido. A MPV (Multi Purpose Vehicle) Aion Y e o sedã Aion ES completavam a linha elétrica.

E apostando também nos híbridos, o SUV GS4 marcou presença, rival direto do supracitado H6 e do recém atualizado BYD Song Plus. A partir de R$189.990 é tido pela marca como o modelo com maior potencial de vendas, e aposta em um design ousado cheio de vincos e quinas, além de qualidade, conforto e tecnologia por um preço mais acessível que modelos menores como o Toyota Corolla Cross inclusive.

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Espaço da GAC remetia a conforto, natureza e um estilo de vida novo, como proposto pela marca. Foto: Vítor Nhoatto

Vale notar, no entanto, que apesar de todo o apelo high tech, nenhum dos modelos conta com leitor de placas de trânsito e detector de fadiga, presentes nos rivais da GWM e BYD. Além disso, o sedã Aion ES, com a mira para o BYD King, não possui nenhum assistente de condução e acabamento digno de Fiat Mobi por R$170 mil. Só o tempo dirá se a estratégia será efetiva ou desaparecerá em um ano como a Neta.

Museu a céu aberto

Ao lado da imersão chinesa a nostalgia tomava conta no segundo espaço da Honda no evento. Entrando era possível admirar o Civic Type-R, o mais potente já feito e vendido por quase meio milhão no Brasil. De frente a ele estava o primeiro Civic fabricado no Brasil, parecendo que havia saído da loja em 1997.  

E como um espaço de memória da japonesa pedia, um tributo a parceria de Ayrton Senna e a marca levou ao festival itens exclusivos do ídolo brasileiro. Acompanhado do capacete usado por ele estava exposto um exemplar 1992 do Honda NSX, esportivo que contou com a participação do piloto no desenvolvimento e que é lembrado pelos fãs por isso. Os entusiastas das pistas ainda puderam ver de perto o primeiro Honda que ganhou na Fórmula Indy.

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História não se compra e contra isso as chinesas não podem lutar. Foto: Vítor Nhoatto

Não necessariamente só de antiguidades que se faz um museu, mas também obras de arte, como abrigava um pavilhão mais adiante. Nele os interessados podiam fazer tatuagens no estúdio presente enquanto admiravam os dois carros mais caros do Brasil. 

No seu tom azul vibrante de lançamento, o superesportivo Bugatti Chiron estava sempre rodeado de câmeras, queixos caídos e pessoas de todas as idades. Com 1.500 cavalos, estima-se que custe cerca de R$40 milhões e é o único exemplar em solo brasileiro. E acompanhando o francês estava o Pagani Utopia, feito artesanalmente e em apenas 99 unidades. O único exemplar no país é branco e possui faixas azuis e vermelhas, importado por cerca de R$60 milhões.  

Estavam mais ao fundo ainda uma Porsche Taycan e uma Mercedes G-Class, que torcem pelos pescoços pelas ruas, mas se contentavam em ser apenas os figurantes do espaço desta vez. Falando na alemã, pela primeira vez esteve no evento, com um stand discreto no gramado e apenas quatro modelos, mas que estavam quase sempre rodeados de interessados. Ao lado também estavam as novatas no evento, BMW e Mini, com seus últimos modelos, mas sem novidades.

De volta ao prédio, Lexus e Toyota repetiam a estratégia das alemãs, sem alardes, e para completar o mundo das exclusividades, um cercado contava com um Rolls Royce Ghost, um McLaren GT, alguns Mitsubishi Lancer Evolution e até mesmo uma Tesla Cybertruck. Se não fosse o suficiente, no andar de cima empresas de acessórios e produtos automotivos em geral trouxeram Nissan GT-R, Ford Mustang e mesmo Ferrari. Lembrando que se fosse de desejo, por  R$1.970 à R$3.950 era possível pilotar máquinas como essas com o ingresso Sport Pass.

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Seja criança ou não, entusiasta ou leigo, muitos modelos chamavam atenção de todo mundo que passava por Interlagos. Foto: Vítor Nhoatto

Para completar a experiência no fim da noite, ainda aconteceram shows de cantores a lá Lollapalooza em pleno mês de junho. No dia 13 se apresentaram Seu Jorge e IZA, seguidos da dupla Maiara e Maraisa no dia seguinte, e Diogo Nogueira e Ferrugem no domingo (15). 

A Prefeitura de São Paulo anunciou em abril deste ano que renovou o contrato com a organização do evento para edições anuais até 2028, comprovando o sucesso do formato. Mesmo que o Salão do Automóvel de São Paulo volte depois de sete anos em novembro, como foi anunciado, o espaço do Festival Interlagos é só dele, e parece mais que nunca robusto e consolidado pelas marcas, governo e também pelo público. 

Caso de racismo gerou revolta no Interior da Bahia.
por
Victória Ignez
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29/05/2025 - 12h

No vilarejo paradisíaco de Caraíva, no sul da Bahia, a alegria e a tranquilidade foram rompidas por uma tragédia que abalou moradores e visitantes: a morte de Victor Cerqueira, o Vitinho, de 22 anos, durante uma operação da Polícia Militar no dia 10 de maio de 2025. 

Luiza Bonfim, entrevistada

Caraíva, conhecida por suas paisagens naturais, ruas de areia e forte presença de cultura tradicional, também abriga uma população local que enfrenta desafios históricos como a falta de infraestrutura, serviços públicos básicos e segurança. Nesse cenário, a morte de um jovem querido pela comunidade acendeu um debate mais amplo sobre violência policial e desigualdade social. Descrito por amigos e conhecidos como um “menino de luz”, Vitinho era figura presente no cotidiano da vila. Sempre sorridente, prestativo e trabalhador, atuava em pousadas da região e também prestava serviços à vila, como a coleta de lixo. No momento da operação, ele exercia sua função: aguardava hóspedes de uma pousada à beira do rio, ponto tradicional de travessia no povoado. 

Segundo testemunhas, a Polícia Militar realizava uma operação na área quando rendeu Vitinho, algemou-o e o levou sob custódia. No dia seguinte, seu corpo foi encontrado no Instituto Médico Legal (IML). A informação de sua morte causou choque e revolta entre moradores, empresários locais e turistas frequentes. “A gente sempre via o Vitinho por aqui. Eu não o conhecia pessoalmente, mas meus amigos eram muito próximos dele. Todos dizem a mesma coisa: ele era um menino trabalhador, responsável, que espalhava alegria por onde passava”, relata Luiza Bomfim, jovem que frequenta a vila e acompanhou de perto os desdobramentos do caso. 

A versão oficial da polícia afirma que Vitinho teria envolvimento com o tráfico de drogas, mas moradores contestam essa narrativa. Há indícios de que ele tenha sido confundido com outro homem chamado Vitor, ligado a um grupo criminoso da região e também morto na mesma operação. Esse possível erro de identificação levanta questionamentos sobre a condução da ação policial e o uso excessivo da força por parte dos agentes envolvidos. 

Até o momento, o caso está em investigação, e não há informações sobre a responsabilização dos policiais. A ausência de transparência gera temor e frustração. Familiares, amigos e moradores pedem justiça e exigem esclarecimentos. Em protestos silenciosos e publicações nas redes sociais, o nome de Vitinho passou a representar mais do que um jovem injustiçado: tornou-se símbolo de uma comunidade que clama por respeito, verdade e responsabilidade. 

 

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Moradores e trabalhadores reclamam da falta de sossego quando chove
por
Maria Mielli
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15/05/2025 - 12h

 

Em dias de chuva, seja ela intensa ou não, os moradores da grande São Paulo já se preparam para o pior: alagamentos e/ou falta de luz. Na Rua Arnaldo Cintra, no bairro Vila Moreira — próximo ao Parque São Jorge— as coisas não são diferentes. Não se sabe exatamente quando isso começou, mas faz muitos anos que os moradores dos condomínios Vivace Park e Vivace Club, são vítimas de alagamentos constantes que impedem a entrada e saída dos moradores da região. Na área em que hoje estão estes condomínios, antigamente passava o córrego popularmente conhecido como do Maranhão.

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Rua Arnaldo Cintra alagada após um dia de chuva em São Paulo. Foto: Arquivo pessoal de moradores do condomínio.
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“Quem chega não entra e quem tá aqui dentro não sai” exclama dona Valderes, moradora do Park há 7 anos. Quando questionada sobre o início dessa dor de cabeça, ela responde que sempre foi assim e que todos os moradores reclamam desse empecilho. Ela também diz que os próprios moradores, juntamente com a síndica do prédio, reuniram-se para tentar resolver esse problema. O projeto idealizado visaria fazer a manutenção correta do córrego e diminuir, por meio da macrodrenagem, os riscos de alagamento. A Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras de São Paulo, SIURB, informou que não consta nos seus arquivos a retificação do córrego. Segundo eles, por conta da falta de propostas apresentadas pelas empresas, a licitação foi considerada “deserta”. 

O problema da região não afeta somente os moradores, mas toda a área próxima à Marginal Tietê. Alan Richard, frentista no posto em frente aos condomínios, conta que durante um ano e 5 meses de trabalho, já enfrentou as enchentes mais de 20 vezes. Destaca também que essa situação prejudica toda a logística do dia-a-dia. “Atrapalha porque as pessoas que moram nos apartamentos não conseguem entrar, aí eles ficam tudo (sic) aqui, ocupando espaço…aí para de abastecer e para tudo aqui”. E finaliza: “Algo não tá certo”.

 

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Acidentes em 2024 e 2025 com carros de luxo levantam alerta sobre imprudência nas pistas e ineficiência de autoridades
por
Daniella Ramos
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26/04/2025 - 12h

O atropelamento das jovens Isabelli Helena de Lima Costa e Isabela Priel Regis, ambas de 18 anos, em São Caetano do Sul, no ABC Paulista, é o caso mais recente de acidente de trânsito envolvendo carros de luxo, em 10 de abril. As duas mulheres foram arremessadas a 50 metros de distância com o impacto da batida causada pelo estudante de direito Brendo dos Santos Sampaio, de 26 anos. Testemunhas apontaram que a rapidez do Honda Civic era devido um possível “racha”. 

O infrator tem sete multas de trânsito por excesso de velocidade, o que dificulta sua defesa, que tenta se utilizar do fato de que o farol estava aberto para ele para diminuir a culpa do acusado. 

 

“É importante que o culpado indenize a família, as autoridades apreendam a carteira e preste serviço social para suavizar e reparar o dano, conforme o código penal. Não se sabe quanto vale uma vida, mas é importante indenizar como uma forma de desculpa e se recuperar dessa violação e evidentemente não repetir mais isso”, afirma o advogado e doutor em Processo Civil Coletivo, Francisco da Silva Caseiro Neto, sobre casos de atropelamentos fatais. 

 

Em Julho de 2024 houve o caso de Igor Sauceda, que responde por homicídio triplamente qualificado ao agir com a intenção de matar, por motivo fútil, utilizando meio cruel e sem dar chance de defesa à vítima. Sauceda perseguiu e atropelou, com seu carro da marca Porsche, avaliado em R$483 mil, o motociclista Pedro Kaique Ventura Figueiredo após uma discussão no trânsito, na qual o atingiu por trás a 102 km/h, quando o permitido na via era de 50 km/h. O motorista permanece preso desde o dia do acidente, aguardando a audiência para saber se irá a júri popular. O Ministério Público pede indenização a ser paga aos familiares da vítima, principalmente porque sua esposa estava grávida na data do crime. 


 

Porsche de Igor Sauceda após acidente. Foto: Reprodução/TV Globo.
Porsche de Igor Sauceda após acidente. Foto: Reprodução/TV Globo.

 

“É inadmissível que casos como esses aconteçam, além do desrespeito no trânsito cometido por pessoas que têm um capital financeiro e se acham melhores que os outros, violando o direito de ir e vir das pessoas no espaço público ao agredir e matar”, comenta a doutora em Sociologia Urbana, Dulce Maria Tourinho Baptista. 


 

Em março do mesmo ano, um dos acidentes de maior proporção midiática foi o caso de Fernando Sastre, que bateu com seu automóvel, também da marca Porsche, a 156 km/h na traseira de um carro de aplicativo, que era dirigido por Ornaldo da Silva Viana, quando o máximo permitido na via era 50 km/h. Ele morreu no hospital por traumatismos múltiplos. 

 

Carros de Sastre e Ornaldo após colisão. Foto: Reprodução/CBN.
Carros de Sastre e Ornaldo após colisão. Foto: Reprodução/CBN.


 

O empresário saiu do local acompanhado de sua mãe dizendo que iria ao hospital, mas os policiais não o encontraram lá, deixando de fazer o teste de bafômetro, que seria essencial para a investigação. Após 40 horas do ocorrido, o condutor do carro de luxo se apresentou no 30º Distrito Policial do Tatuapé, sendo preso preventivamente. Até o momento, o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal de Justiça de São Paulo já negaram, ao total, sete vezes seu pedido de responder em liberdade a indiciação por homicídio por dolo eventual, lesão corporal e fuga do local. A data do júri popular ainda não foi marcada, pois a defesa ainda pode recorrer às instâncias superiores contra esta decisão, visto que seus advogados tentam mudar o crime para culposo (sem intenção de matar), para que seja julgado por um juiz. 


 

“É dever das autoridades se aprimorarem para não deixar a pessoa ir embora, agindo com eficiência”, diz Francisco Caseiro. 

 

Outro caso é o de Vitor Belarmino, que tinha cinco pessoas dentro de seu carro da marca BMW e atropelou Fabio Toshiro Kikuta. O fisioterapeuta de 42 anos estava saindo de um hotel após guardar no local objetos de seu casamento, que acabara de acontecer. Vitor está foragido até hoje e se tornou réu por homicídio, já as pessoas no carro respondem por omissão de socorro. 

 

Vitor Belarmino com seu carro antes do acidente. Foto: Reprodução/Rede social de Vitor Belarmino.
Vitor Belarmino com seu carro antes do acidente. Foto: Reprodução/Rede social de Vitor Belarmino.

 

A última atualização do caso ocorreu no dia 11 de abril, em que o réu, ainda foragido, participou da audiência por vídeo sendo negado o pedido de defesa e mantida a prisão pela juíza Alessandra da Rocha Lima Roidis, que argumentou que nada enfraquece a informação dos autos de que possivelmente o acusado estaria conduzindo o veículo acima da velocidade permitida. Mesmo Vitor dizendo em entrevista à Record, no dia 06 de Abril ao programa Domingo Espetacular, que está “preso em casa”, a corporação informou ao veículo que agentes seguem em diligências para localizá-lo e capturá-lo, indicando que as buscas para prendê-lo não são eficazes. 

 

 

“É uma pena que os representantes da ordem [policiais, juízes, guardas de trânsito] pagos por nós, pelo público, resolvam privilegiar determinados grupos, como é o caso dos proprietários de carros potentes”, afirma Dulce Maria.


 

Todos esses casos têm em comum a imprudência dos motoristas, a falta de educação de trânsito e a falha das autoridades em não autuar de maneira eficiente aqueles que cometem infrações colocando a vida da população em risco. 

A ineficiência das autoridades fica nítida nos casos de Vitor Belarmino, já que era possível rastrear o endereço de IP (Internet Protocol) do computador que Belarmino fez a videoconferência para definir sua localização, mediante ordem judicial, e de Fernando Sastre, que os policiais o trataram com menos rigidez, permitindo que ele não fizesse o teste de bafômetro e que fosse ao hospital sem o acompanhamento de oficiais.

Já os casos de Brendo dos Santos Sampaio e Igor Sauceda ficam evidenciados pela demora da Justiça em julgá-los mesmo com provas contundentes e mortes brutais, além de uma defesa fraca que se utiliza de argumentos facilmente contestáveis pela legislação de trânsito. 

Segundo o InfoSiga, site que registra fatalidades no trânsito do estado de São Paulo, ao menos 900 óbitos por acidentes ocorreram em 2025, sendo 186 deles de pedestres como Isabelli, Isabela e Fabio, 386 de motociclistas como Pedro e 186 por automóveis como Ornaldo. Segundo um levantamento do UOL de agosto de 2024, ao menos 50 pessoas foram mortas por acidentes envolvendo carros de luxo no ano, tendo em média um óbito a cada quatro dias.

 

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Comércio de rua gera renda aos colaboradores e mantém viva uma tradição paulistana
por
Nathalia de Moura
Victória da Silva
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27/03/2025 - 12h

As feiras livres paulistanas já ocupam seus espaços pela cidade há anos. Gerando rendimento para muitos feirantes e possuindo uma variedade de produtos para a população, elas são essenciais para a geração de empregos. Com um público diverso, elas também são tradicionais no estado de São Paulo e dão a oportunidade de conhecer diferentes culturas e pessoas. Segundo a Prefeitura de São Paulo, por meio das secretarias de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), a primeira feira livre oficial aconteceu em 1914, através de um ato do então prefeito Washington Luiz Pereira de Souza. A ação surgiu para legitimar uma prática que já acontecia na cidade, mas de forma informal. Na ocasião, cerca de 26 feirantes estiveram no Largo General Osório, na região da Santa Ifigênia. Mais tarde, em 1915, outra feira se instalou, dessa vez no Largo do Arouche, e teve a presença de 116 feirantes.

As feiras não possuem um público-alvo e esse é seu diferencial. É possível ver crianças, jovens, idosos, famílias, moradores locais e até turistas usufruindo a multiplicidade de mercadorias que existem. Em sua grande maioria, pessoas da classe média e da classe trabalhadora são as que mais frequentam as feiras. Muitos também aproveitam para comprar legumes, verduras e frutas frescas, além de conhecer a cultura local.

São Paulo tem registrado cerca de 968 feiras livres e com a expansão desse comércio tão tradicional, a movimentação financeira gira em torno de R$ 2 bilhões por ano, incluindo a venda de até mesmo peças artesanais. Além disso, mais de 70 mil empregos, diretos e indiretos, são gerados.

Em Guarulhos, por exemplo, Quitéria Maria Luize, de 62 anos, vende condimentos e temperos em quatro feiras de bairros diferentes (Jardim Cumbica, Jardim Maria Dirce, Parque Alvorada e Parque Jurema), sendo essa sua única fonte de renda. “Ela é toda a minha renda, de onde eu tiro o sustento. Criei toda a minha família trabalhando com esses temperos. E começando lá de baixo, não comecei lá em cima”, diz Quitéria em entrevista à AGEMT. 

A feirante afirma que antes de estabelecer seu comércio nas feiras, ela iniciou vendendo temperos pelas ruas com um carrinho de pedreiro: “peguei esses temperinhos emprestados que a minha tia já vendia, saí nas portas, batendo palma e contando minha história”.

 

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Diversos condimentos são comercializados na barraca de Dona Quitéria. Foto: Victória da Silva

Vendedor das mais diversas frutas, Queiroz - como é conhecido e gosta de ser chamado - é feirante por tradição. Seu pai e seu avô participaram de feiras livres e passaram o negócio para ele, que vive disso até hoje, aos seus 60 anos. “O meu avô começou na feira em 1945, ele tinha uma chácara, colhia e vendia. Aqui em Guarulhos não tinha nada, mas já tinha a feira”, informa.

“A feira é patrimônio do Estado de São Paulo” afirma o vendedor, defendendo a existência dela como crucial para a vida dos paulistas e paulistanos. Queiroz diz que as feiras são tão importantes quanto os mercados, já que foi por meio desse comércio que eles passaram a existir: “Até o leite era vendido na feira. A feira era uma festa!", relembra QQueiroz. 

 

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Barraca de frutas do seu Queiroz. Foto: Victória da Silva.

Quem trabalha ou frequenta as feiras falam delas com muito carinho e cuidado. Além disso, os feirantes e moradores também podem ajudar na fiscalização das feiras. Caso identifiquem alguma irregularidade, eles podem acionar as subprefeituras para checarem, pois elas são responsáveis pelo monitoramento. Já a organização e a supervisão são feitas pela Prefeitura por meio da SMDHC e da Executiva de Segurança Alimentar e Nutricional e de Abastecimento (SESANA).

Marcos Antonio da Silva é vendedor de ovos na feira do Jardim Cumbica há 10 anos, mas, diferente de Quitéria, durante os dias úteis trabalha em outra profissão: motorista de caminhão. O caminhoneiro de 52 anos diz que o comércio feirante é uma ótima forma de conseguir renda extra aos finais de semana. Contudo, as mudanças econômicas do país em 2025 fizeram as vendas caírem. “A feira me distrai muito. Aqui tem muita gente boa, atendo bem os clientes, tenho muitos, eles gostam do meu trabalho, eu gosto deles, mas a venda deu uma caída, subiu o preço do ovo, subiu o café, subiu o alho, subiram muitas coisas”, finaliza.

Ir à feira é um evento. Vemos diversas cores e sentimos vários cheiros e sabores. Mas as feiras livres possuem mais do que frutas, temperos e artesanatos. Elas apresentam histórias de vida e ali, amizades e novas experiências podem ser compartilhadas. 

Diante do desinteresse do Estado, a ONG Equilíbrio Universal é capaz de amparar a comunidade do Cocaia, no extremo sul de São Paulo
por
Yasmin Solon
Laura Paro
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24/10/2023 - 12h

 

 

 

 

Por Yasmin Solon (texto) e Laura Paro (audiovisual)

 

Sinir à esquerda e Maristela à direita em frente ao espaço destinado às atividades da ONG Equilíbrio Universal no Parque Residencial Cocaia, no Grajaú/Foto: Laura Paro
Maristela à esquerda e Sinir à direita/Foto: Laura Paro

Sinir saiu do norte de Minas Gerais em busca de uma vida melhor com oportunidades. Deixou seus pais e seus 13 irmãos aos 16 anos e depois de morar na região metropolitana de SP, foi às periferias da grande capital. Ela conta que quando chegou ao bairro conhecido hoje como Cocaia, tudo estava desabitado, que a população não tinha nada; na época, não haviam lixeiros e nem água. Era apenas matagal. Sinir tem sete filhos e é formada por duas faculdades, Assistência Social e Enfermagem, e pós graduanda em Educação e Saúde. Fundou a Organização Não Governamental Equilíbrio Universal em 1994 na tentativa de melhorar a comunidade, que já tinha um número de moradores relevante e que sofria, desde o surgimento do bairro, uma negligência governamental. Hoje, aos 67 anos de idade, ela é Presidente da Equilíbrio Universal. 

Ao redor da Represa Billings, em uma área de mananciais no extremo da região Sul de São Paulo, durante o burburinho e a ansiedade da rotina paulistana, surgia um distrito que hoje é considerado o maior da cidade, o Grajaú. Em 1981 a Imobiliária Federal de São Paulo vendeu os primeiros lotes irregulares na área que hoje é conhecida como Parque Residencial Cocaia. Em ruas de terra batidas, sem água ou esgoto encanados, luz, transporte, educação ou saúde básica, ou ao menos uma coleta de lixo aos moradores locais, já moravam Sinir Bento de Nazaret e Maristela Ribeiro da Silva que até hoje atuam na ONG Equilíbrio Universal, um símbolo que concretizou a democratização dos direitos do cidadão na região.

A instituição independente, apartidária e sem fins lucrativos surgiu a partir das necessidades da comunidade. Nas manhãs em que as mães e os pais precisavam ir ao trabalho, porém não podiam deixar seus filhos nas creches da região porque elas não existiam, foi na instituição que eles encontraram o abrigo necessário. Em meio às ruas sem asfaltos e lixos não coletados, as crianças encontravam na instituição um local de lazer e interação social. Enquanto não existia nenhum ensino na região, a Equilíbrio Universal oferecia cursos profissionalizantes aos moradores. É nesse sentido que Maristela comenta que eles representam a política do local, pois onde o governo não chega, são eles que governam. A comunidade depende das ações da instituição. 

Maristela tem 61 anos e também atua diretamente na Equilíbrio Universal. Mãe de quatro filhos adotivos, ela conta como é essencial acolher todos, independente de qualquer coisa: não existe distinção na comunidade de Cocaia pois todos merecem ser acolhidos, e é isso que o governo não enxerga. A entidade se compromete em dar a mesma chance e o mesmo tratamento, para que todos tenham as mesmas oportunidades. Quase dez anos antes da criação da Equilíbrio Universal, em 1983, foi feita a primeira reunião com autoridades da Prefeitura para reivindicar água, luz, transportes, coleta de lixo e incentivo ao comércio. Porém, ao que pareceu, não existia uma falta de diálogo e sim de interesse em transformar aquela área estruturada para as famílias morarem. Isso se tornou ainda mais evidente quando Sinir afirmou que a área do Grajaú é, até hoje, considerada um ‘cinturão verde’, e por isso o governo diz não poder dar uma infraestrutura digna aos moradores. 

Parque Residencial Cocaia, área de mananciais e à beira da represa Billings/Foto: Laura Paro
Parque Residencial Cocaia, área de mananciais e à beira da represa Billings/Foto: Laura Paro

Enquanto escorriam os esgotos das casas no mesmo chão em que as crianças brincavam descalças, Sinir, Maristela e outros integrantes procuravam solucionar os problemas e as demandas que a região sofria. A água não era tratada  e o esgoto sequer encanado, e elas contam que para atender todos da comunidade, a água era roubada, e o esgoto à céu aberto. Hoje, a água é tratada e distribuída, mas o esgoto é centralizado para uma caixa da Sabesp, como uma fossa, e despejado na represa. Durante essa problemática sanitária, diversas crianças e pessoas se infectaram e faleceram devido à Hepatite. Atualmente, a caixa mencionada, de fato, acumula os dejetos domésticos e deságua na Billings à beira das casas. Isso reflete no número assombroso em que cerca de 1,5 milhão de pessoas vivem sem saneamento básico na capital, a maioria das casas sem saneamento estão na Zona Sul. Há poucos quilômetros, é possível imaginar como é fácil para as famílias assistidas pelo governo apenas darem descarga e não terem contato com esse esgoto diretamente, mas devido à negligência, os moradores do Cocaia são acostumados à paisagem poluente e o odor fétido. Sinir conta que, ali, não é possível ver o esgoto saindo das casas porque é encanado, mas não é tratado. Então às vezes ao visitar alguém, a casa e a rua estão limpinhas, mas o cheiro ruim de esgoto está presente porque está tudo centralizado e não tratado.

A desculpa de que o local é de preservação ambiental e assim não pode ser atendido pelas demandas, só funciona nas periferias. A 10 quilômetros de distância mas em mundos paralelos completamente diferentes, no bairro Jardim dos Estados, um bairro classe média-alta, a Associação do bairro precisou lutar há uns anos atrás para que o Jardim Alfomares, grande área verde local, não fosse desmatado para construção de condomínios residenciais. Por outro lado, o Grajaú já é habitado por muita gente - mais de 1 milhão - e tem suas necessidades não atendidas por ser uma área de mananciais. Se a área já foi desmatada, habitada, vendida por lotes irregulares, não há motivos para negligenciar direitos básicos aos moradores locais. Não faz sentido dizer que é feita uma proteção ambiental se o esgoto é desaguado em um dos maiores e mais importantes reservatórios de água da Região Metropolitana de São Paulo.

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Esgoto a céu aberto no bairro do Cocaia./Foto: Laura Paro

Maristela e Sinir contaram como foi conquistar a água tratada na região. Apesar das inúmeras tentativas e diversas vezes ignoradas, a ONG se organizou em conjunto com a comunidade e a Associação do bairro para ir até Brasília reivindicar pelo direito básico assegurado pela Constituição. Elas contam que juntaram 50 pessoas em um ônibus para ir a Brasília, com panelas e cartazes, e foram ouvidas com deboche vindo dos políticos. Nesse dia, Maristela conta que começou a chover, e foi quando ouviram ‘Está aí a água que vocês queriam’, seguidas de risadas. 

No surgimento do bairro, como os loteadores apenas tratavam de vender os terrenos irregulares da região e desapareciam logo em seguida, os moradores locais ficavam responsáveis por correr atrás de melhorias e necessidades básicas do bairro. O asfalto chegou ao Parque Residencial Cocaia em 1998, após muita luta dos moradores e atuação direta da instituição, que iam à prefeitura, e ouviam que a rua já havia sido asfaltada. Possivelmente, resultado de obras fantasmas que tiveram desvio de verba.
Quando o poder público argumentou “não existir número significativo de crianças” para construir creches e escolas, a instituição se organizou juntamente à comunidade para estender um varal na porta da Secretaria da Educação com as certidões de nascimento daquelas que moravam no Cocaia. Depois dessa atitude, a Equilíbrio Universal e a Associação em Defesa da Moradia do Parque Recanto Cocaia, fundada por Ilda Vieira Vilela, irmã de Maristela que hoje é homenageada pela Escola Estadual Ilda Vieira Vilela, ou seja, os próprios moradores, ocuparam um espaço abandonado e se revezaram por dois anos para dar aulas e cuidarem das crianças, já que 1600 delas não estudavam. Hoje, esse local é a Escola Estadual Aniz Badra.

Em relação à coleta de lixo, não foi diferente. Em meio aos ratos e o cheiro azedo que persistia nas ruas do bairro, era impossível lidar e seguir a rotina de forma normal. Mais uma vez, a entidade tomou uma atitude para serem atendidos após diversas respostas negativas. Um dia, o grupo se organizou e juntou diversos sacos de lixos para despejar na mesa do então subprefeito, logo o pedido foi atendido e os lixos domésticos começaram a ser recolhidos.  

 

Apostila que conta a história da Equilíbrio Universal mencionando os acontecimentos/Foto: Acervo pessoal
Apostila que conta a história da Equilíbrio Universal mencionando os acontecimentos/Foto: Acervo pessoal

Atualmente, a ONG Equilíbrio Universal ainda atua com os cursos profissionalizantes para áreas de beleza, costura, reforma, entre outras. Distribui cestas básicas na região e busca o empoderamento femino às moradoras. Maristela comenta que elas acreditam que o ser humano deve ser curado fisicamente, emocionalmente, mentalmente, socialmente, espiritualmente e ser inserido na sociedade como alguém capaz. Porém, infelizmente a comunidade não tem nenhum incentivo governamental, seus recursos são frutos de doações e são independentes em todos os sentidos. As pessoas da instituição tem muita força de vontade, muita garra e muita coragem, o que lhes falta é a verba. Maristela finaliza dizendo que o povo é visto apenas como curral eleitoral, números estratégicos, e depois são esquecidos. A comunidade coloca os políticos no governo e depois é abandonada, desrespeitada e debochada. A Equilíbrio Universal e outras entidades que asseguram os direitos políticos e sociais prometidos pela Constituição brasileira. Graças às iniciativas como à de Sinir existem políticas resistentes à negligência governamental.

 

Para contribuir a instituição, doe qualquer valor possível ao Equilíbrio Universal: 
CHAVE PIX - CNPJ: 01.741.913/0001-21 
Banco do Brasil
Agência: 6996-5 C/corrente: 15.518-7

E-mail: ong.equilibrio.universal.1997@gmail.com

 

 

 

 

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A Rádio Cidadã, no Butantã, transmite diariamente um pedaço de São Paulo
por
Artur dos Santos
Kawan Novais
|
14/11/2023 - 12h

Por Artur dos Santos (texto) e Kawan Novais (audiovisual

 

A antena de 30 metros com uma fundação de toneladas de cimento da Rádio Cidadã não há motivo para (e nem intenção de) cair. O que já foi uma antena leve de 20 metros com um dos pés amarrados em uma parede - arrancada com facilidade por uma chuva que Deus mandava enquanto os radialistas se abrigavam em um bar próximo - hoje seguraria até um avião.

 

Antena da Rádio Cidadã
Antena que distribui o sinal da Rádio Cidadã. Foto: Artur Santos.

 

O sinal varia, é circular, depende da topografia, no Butantã tem muito morro, e pode alcançar o estádio do Morumbi, mas não na avenida a menos de 2 quilômetros. 500 mil ouvintes são contemplados pela amplitude das ondas todo dia, bairros com mais densidade demográfica têm rádios com maior alcance de pessoas, consequentemente. A sintonia é FM 87.5, dial das rádios comunitárias (RC) legalizado pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) na cidade de São Paulo. “Entrando na Sola” e “Na Onda do Forró”, dois dos programas mais badalados da rádio, atingem ouvintes dos arredores de sua localidade, assim como suecos e tailandeses, via digital, mesmo que sem entender o idioma.

 

Cachorros guardando a entrada do estúdio.
Descida para o estúdio da Rádio Cidadã. Foto: Artur Santos.

 

Cachorros guardando a entrada do estúdio.
Ródio e Baguan na entrada do estúdio. Foto: Artur Santos.
Estúdio
Metade áudio, metade vídeo. Foto: Artur Santos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Assim como a antena sobe, por rampas ou escadas, a entrada para o estúdio desce, guardada por dois cachorros, um magro com focinho molhado e um velho, que ameaçam fugir do QG de Julio César, responsável pela Rádio Cidadã. “Não repare a bagunça” - diz qualquer dono de estúdio em qualquer lugar. As habilidades de Julio e seus anos de experiência como programador cortam os custos e a dor de cabeça de se manter uma rádio comunitária em pé. Os segredos nas tomadas e o raciocínio lógico de quem trabalha com a área de programação automatizam o funcionamento, e a rádio está no ar mesmo se ninguém estiver em casa.

“Bem tranquilo, apesar de parecer bagunçado. Tem uma parte aqui que você programa tudo que vai acontecer, toda a parte obrigatória, como prefixo, publicidades, tem que passar tem que falar a hora certa de hora… regras que você precisa seguir. Ele programa todas as playlists com parâmetros. Eu coloco a música que o menos tocou, então ele vai pegando sempre essa e separa por estilo também. Samba toca no meio-dia uma, de manhã um reggae, MPB… madrugada putaria toca.”

O estúdio da Cidadã mescla áudio e vídeo, tendência não muito escapável atualmente. Os programas transmitidos via FM 87.5 são, simultaneamente, veiculados no canal do YouTube e no site da rádio, possibilitando mais adesão do público aos programas no ar. Julio não sabe explicar o sucesso de um de seus programas, o Na Onda do Forró, apresentado por “Neguinho da Bahia”, que conversa com o público, faz piadas e realiza seus anúncios. As “tiradas” divertidas de Neguinho ser o motivo do encanto que faz a transmissão ao vivo atingirem 400 ouvintes, algo fora do comum na vida diária da rádio. Mesmo assim, foi impossível explicar como resulta em tanta audiência. Rádios comunitárias como a Rádio Cidadã estão sob as mesmas burocracias de rádios comerciais, com alguns adendos. Os radialistas de uma RC não podem anunciar os preços, a forma de pagamento de anunciantes, ou ao menos anunciar marcas que não tenham representação dentro do bairro. Mas, Neguinho da Bahia tem anunciantes de sobra.

Julio Cesar, responsável pela rádio Cidadã.
Julio trabalhou na Rádio Tupi e na Atual. Foto: Artur Santos

A lei n° 4133, de 2012, impedia as rádios comunitárias de se adequarem a qualquer tipo de financiamento público ou privado visando custear seus serviços ou melhorar as atividades a serem prestadas. Como apoio cultural, era permitido patrocínio, mas restrito apenas aos estabelecimentos situados na mesma área que o rádio estaria estabelecido. Neste ano, 2023, ao fim de agosto, a Câmara Municipal de São Paulo sediou o terceiro Congresso das Rádios Comunitárias de São Paulo, reunindo radialistas da cidade paulista e de outros estados, como do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Bahia. Autoridades federais que também participaram dos debates, expuseram os auxílios existentes para os radialistas e apresentaram as “novidades” que visam suprir as necessidades dos comunicadores.

O principal tema da reunião foi a criação de políticas públicas e a regulação de leis vigentes direcionada às rádios comunitárias. Para se tornar um radialista desta modalidade, o processo se inicia por meio do requerimento para a abertura de uma rádio comunitária através do Plano Nacional de Outorgas (PNO), que é a identificação e seleção de municípios que ainda não têm esta modalidade comunicadora, mas que manifestaram o interesse de tê-la. Após uma série de etapas, o processo resulta no funcionamento legal do veículo de transmissão por 10 anos, podendo ser renovado por outro processo no fim da década.

Julio apresentou seu documento, uma espécie de RG (Registro Geral), mas que não o identifica enquanto um cidadão, e sim enquanto um radialista comunitário legal perante a lei. Mas, no início da vida da Cidadã, quando ainda era caracterizada como uma rádio clandestina, o atual responsável por ela chegou a entrevistar dois ministros, a qual ele não tem mais acesso atualmente. Criada em 1994, era assim que tinha que ser. Clandestina ou regularizada, as Rádios Comunitárias servem uma função social nos bairros em que atuam.

Em 1970, as da Zona Leste eram caixas de som hasteadas em um pau nas esquinas, disseminando informação que se recusava a chegar nas periferias pelos meios tradicionais. A criatividade é a saída. As favelas oferecem um público muito mais engajado, mais do que qualquer outro. Até a transmissão da queima de fogos realizada aos finais de anos, apenas por áudio acontecia, e mesmo que sem a imagem, atraía público a rádio. Pessoas de outras regiões, inclusive mais nobres, paravam para observar em um local que já ocupava o triplo de pessoas de sua capacidade. Mesmo com todo o engajamento, não é suficiente para tornar a Cidadã autofinanciável. De acordo com a lei já citada, as rádios comunitárias, assim como as educativas, conseguem financiamento por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Trata-se de empréstimo realizado por este órgão com a finalidade de modernização, aquisição de equipamentos e instalação de sistemas radiantes.

A feira contou com várias atrações culturais e gastronômicas, propondo uma viagem para alem da Índia
por
Vitor Nhoatto
|
22/09/2023 - 12h

Na Avenida Paulista neste sábado (16), em um imponente prédio com o letreiro Club Homs, uma aglomeração sugeria algo especial.  Ao entrar e subir as escadas, um forte odor de especiarias atiçava o olfato dos visitantes, e um mundo de cores e sons animavam a todos. Ali acontecia um festival indiano totalmente vegano. A feira anual de entrada gratuita trouxe um pedaço do país asiatico ao centro de São Paulo. Por meio da sua culinária intensa; música tradicional "kirtana"; rituais religiosos e muitas bancas de diversos produtos artesanais.

Tendo seu início às 11h e término às 22h , o evento possibilitou uma imersão na cultura indiana, tão rica e diferente aos olhos ocidentais. No entanto, vários idiomas se misturavam no ar, e à medida que se avançava pelo grande salão do tradicional clube paulista, bandeiras e símbolos de vários países, levavam os presentes a uma viagem pelo mundo.

Prato preto redondo sob uma mesa com espetos veganos de calabresa, frango e camarão junto a um pouco de farofa com uma pimenta vermelha em cima, maionese vegana e um pouco de folhas de faces crespas picadas
Churrasco sem crueldade é a proposta do restaurante Nega Fulô, idealizado por mulheres negras - Foto: Vitor Nhoatto

Servindo como deliciosos aperitivos para abrir o apetite, em meio a uma mesa de doces árabes e uma de mini pizzas, estava o quiosque do Nega Fulô. O restaurante, localizado na zona leste da capital paulista, levou até o evento um churrasco sem crueldade animal, com opções de espetinhos de calabresa, frango, camarão, kafta e cogumelos. Com a maioria dos sabores tendo como base proteína de soja, fécula de mandioca e condimentos diversos, os preços variavam entre R$14 e R$17 cada, com direito a três acompanhamentos: uma deliciosa veganese, uma farofa com ou sem pimenta e um pouco de salada de repolho com acelga.

Para beber, uma ótima opção era a Kombucha da barraca Amigos da vida, empresa do interior de São Paulo que desde 2014 produz artesanalmente as bebidas, as quais são orgânicas, veganas e sem aditivos artificiais. Custando R$14 a garrafa de 300ml, a bebida levemente gaseificada e com propriedades medicinais, é obtida a partir da fermentação dos seus ingredientes. Os sabores disponíveis eram: uva, hibisco e gengibre, e romã.

Varias pessoas de roupas coloridas sentadas no chão de um palco com cortinas vermelhas ao fundo, tocando instrumentos musicais orientais e cantando música tradicional indiana Kirtana
Apresentação de música tradicional indiana "kirtana"durante o ritual de bençãos no festival - Foto: Vitor Nhoatto

A maioria das opções de comida enfrentavam filas. Depois do pedido feito, o tempo de espera era de até 50 minutos, mas muitas outras atrações encantavam o público e faziam o tempo voar. Na feira estavam presentes camisetas indianas e hijabs; cosméticos naturais brasileiros; semijoias peruanas; e perfumes e livros árabes, todos esses artesanais, veganos e com uma história diferente para contar.

Além dos vários produtos à venda, atrações gratuitas ocorreram, aulas de yoga, rodas de meditação, sessões de pintura facial e um enorme ritual hindu de bênçãos com o guru indiano Paramahamsa Vishwananda. A trilha sonora ficou com as apresentações ao vivo de "kirtana", uma música tradicional do país asiatico.

Prato de papel alumínio com arroz temperado amarelo, samosas de legumes e uma salada de alface crespa e tomates em cubo, sob uma mesa bege de madeira junto a um garfo de plástico transparente, copo de papel com sopa de lentilhas, e um copo de plástico transparente com o suco Nimbu Pani indiano de aparência verde
Carro-chefe do festival, refeição indiana completa, e o suco Nimbu Pani, típicos da Índia - Foto: Vitor Nhoatto

A estrela do festival foi a refeição indiana completa, oferecida pelo restaurante Estação Vegana, com unidade fixa na Liberdade. O prato de R$40 era composto pelo Jeera Rice (arroz com açafrão e cominho), Dahl de lentilhas com especiarias, samosas de legumes, um salgado típico indiano e uma porção de salada para equilibrar a picância. Para beber, havia o Nimbu Pani, suco de limão, hortelã e cominho; e o Chai, bebida quente de leite vegetal com especiarias, ambos por R$12. No quesito sobremesa, o quiosque de temática anime, Xoxurros, oferecia churros ou açaí entre R$14 e R$20, dependendo do tamanho e adicionais. Havia também em outras bancas, brownies artesanais por R$10, ou brigadeiros por R$5.

Em um mar de pessoas tão diferentes, e ecobags com “somos parte do futuro” escrito, a valorização da diversidade e a mistura cultural prevaleciam, além do respeito pelas etnias e animais. O festival indiano organizado pela Vegnice acontece anualmente, mas outras feiras ocorrem ao longo do ano, demonstrando a versatilidade e sabor da comida vegana.

Para ter um gostinho do que rolou, confira o vídeo  no Instagram da AGEMT.

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O restaurante com culinária tailandesa autêntica possui unidades na Liberdade e em Pinheiros
por
Camila Stockler
Fernanda Querne
João Curi
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08/09/2023 - 12h

                                Legenda: O carro-chefe Pad Thai / Por: Camila Stockler

Subindo a rua Galvão Bueno e virando à esquerda na rua Barão de Iguape, no bairro da Liberdade, em São Paulo, já é possível notar algumas bandeiras tailandesas. E apesar delas, a porta é simples e durante a semana é preciso tocar a campainha. Ao entrar, tudo acontece ao mesmo tempo: o cheiro agridoce invade as narinas, as atendentes tailandesas perguntam “quantas pessoas?”, e em todo o salão há  decorações budistas, souvenires tailandeses e até retratos da monarquia desse país do Sudeste Asiático. Depois de um primeiro choque, é possível notar que este lugar além de um restaurante é um local de divulgação da cultura tailandesa. E é assim que se entra  no restaurante Thai E-San, da chef tailandesa Tookta Chomnuk.

Assim, a recomendação da AGEMT para quem nunca experimentou comida tailandesa, é o pad thai. Esse prato é o carro chefe de qualquer restaurante tailandês que se preze, e é o prato mais famoso da Tailândia. Sendo uma combinação agridoce de macarrão de arroz, legumes, tofu, ovo e a carne da sua escolha (frango, bovino, camarão ou tofu), tem o preço variando de 45 a 52 reais dependendo da carne. 

Além disso, tradicionalmente a culinária tailandesa é caracterizada pela presença do camarão, pimenta e arroz, mas o restaurante demonstra que a culinária tailandesa é muito mais que isso. E além de poder escolher o tipo da carne, é possível tornar a maioria dos pratos vegetarianos ou inclusive, veganos. Para quem não lida bem com a pimenta: fique tranquilo que a maioria dos pratos é possível regular o nível dela. 

                   Legenda: O Khaw Ung sticky rice na vasilha de bambu/ Por: Camila Stockler

Com currys e sopas distintas é possível experimentar desde um prato executivo como o Pad Kra Paw, que custa entre R$35,00 e R$40,00, para quem gosta de pimenta. Ou até o Khao Pad Sapparod, entre R$62,00 e R$72,00, que é apresentado em um abacaxi. Há o   Khaw Ung (sticky rice - R$12). Esse acompanhamento vem em uma vasilha de bambu feito no vapor, e por ser feito com arroz do tipo moti, é bem grudento (e muito saboroso) e é ótimo com currys

                             Legenda: O Pad Kra Paw e o Thai Tea com leite / Por: Camila Stockler 

Mas não é só de pratos que sobrevive a culinária tailandesa. Outro carro-chefe é o thai tea (R$13), um chá gelado de coloração laranja e especiarias que faz qualquer um se apaixonar, trazendo até um gosto de infância. Aliás, há duas opções: com leite e sem, ambas igualmente boas e ótimas para o calor. Além disso, a sobremesa mais tradicional é a Khaoeni Mamuang (R$23), um arroz moti adocicado e com extrato natural de folha de pandan, coberto com leite de coco e manga.

E neste ano, o Thai e San abriu outra casa em Pinheiros na Rua Cunha Gago, 399. Ambos os endereços fazem entregas pelo Ifood, Rappi e Vou de Nekô. Além disso, recentemente, o Thai tea entrou para o cardápio do delivery. Para saber mais, confira o vídeo no instagram da AGEMT. 

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Apesar da mudança abrupta do clima de São Paulo, não abalou os cidadãos de visitarem o bairro.
por
Octávio Alves
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11/09/2023 - 12h

No ultimo sábado, dia 26, apesar de todas as condições do clima para deixar a população em casa, com a grande queda de temperatura, não foi o suficiente para atrapalhar o final de semana dos cidadãos da grande São Paulo, um dos locais que não foram afetados foi na Liberdade. Atualmente este bairro é um dos pontos mais marcantes da capital São Paulo que não tiveram o movimento diminuído. Liberdade é um bairro de cultura oriental que não importa o dia da semana ou seu tempo, está sempre movimentada pelos diversos motivos; passeio, culinário, conhecimento cultural e procura de produtos.

 

Movimento na ponte
Movimento na "Ponte da Amizade", frequentemente utilizada pelos camelôs. Liberdade- SP.
(Foto- Octávio Silva)
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Pessoas andando perto de uma banca e um restaurante
Duas pessoas andado juntas entre o mercadinho e a banca de revista. (Foto- Octávio Silva)
Descendo a rua
Descendo uma das ruas comerciais do bairro, Liberdade. (Foto- Octávio Silva)
Homem compras
Homem fazendo compras na Liberdade.( Foto- Octávio Alves)
Pessoas andando em uma rua
Movimento na "saída" da "Ponte da Amizade". (Foto- Octávio Augusto)
Casal andando
Casal passeando na principal área comercial da Liberdade. (Foto- Octávio Silva)
Grande movimento, apesar do frio
Grande movimentação apesar do frio que fazia. (Foto- Octávio Silva)
Cosplays
Cosplayers do jogo chinês, Genshin Impact , posando para a foto. (Foto- Octávio Silva)