No primeiro domingo de março (02), aconteceu em Los Angeles a edição de número 97 do Oscar. Enquanto o restante do mundo aguardava ansiosamente pelas premiações, a indústria midiática da moda efervescia com os looks desfilados pelo tapete vermelho no início da noite.
De Loewe a Armani Privè, separamos os visuais mais relevantes que estiveram presentes nesta, que além de sua grande magnitude para o cenário cinematográfico internacional, também apresenta uma grande relevância para o mundo da moda.
Bruna Marquezine

A atriz brasileira Bruna Marquezine esteve presente na premiação por intermédio de um convite pessoal realizado pela própria Academia do Oscar. Para o evento, ela optou por um vestido sob medida do Atelier Versace, inspirado na coleção de alta-costura Primavera/Verão 2001 da grife. A peça, de cor branca, era longa e bem modelada ao seu corpo. Para acompanhar o visual, um scarpin da marca Giuseppe Zanotti. O penteado estilo Old Hollywood foi a opção pensada para a ocasião, executado pela hairstylist Danielle Priano, responsável pelos cabelos de estrelas como Hailey Bieber e Demi Lovato.

Para a beleza, a beauty artist Diane Buzzetta quis trazer um ar mais natural, com cílios mais alongados, bochechas levemente rosadas e um batom de tom nude.
Lily-Rose Depp

A estrela de “Nosferatu”, Lily-Rose Depp, trouxe a história da moda para o tapete do Oscar: aos olhos menos treinados, o vestido aparenta ser apenas um look inspirado em uma peça da coleção de Primavera de 1995 da Chanel. Mas, especialistas de plantão captaram a maior referência por trás do modelo: a renda trabalhada por toda a extensão do vestido é a mesma que Marilyn Monroe usou em 1953 para a premiére do filme “Como casar com um milionário”.
O peso de estar cheio de história, foi cobrado nas 515 horas de trabalho que o vestido de Lily precisou para ser finalizado, além de ter sido usado aproximadamente 191,000 elementos para o decorar.

Para complementar o look, a beauty artist Nina Park quis recriar um estilo recorrente para a atriz: uma pele leve, com um aspecto bem contornado, corada nas bochechas, olhos com uma sombra neutra esfumada e um delineado sutil. E no cabelo, o hairstylist Bryce Scarlett optou por um penteado que também remete a uma aparência de Old Hollywood.
Na acessorização, Lily desfilou alta joalheria da Chanel, incluindo o colar Motif Russe e um bracelete feito com ouro branco 18 quilates e diamantes.

Margaret Qualley

O vestido escolhido por Margaret Qualley para a noite especial também refere aos mesmos conceitos dos dois looks descritos previamente, combinando clássico de Hollywood e a marca Chanel. Inspirado em em uma coleção de Primavera/Verão de 2005 da marca, o vestido preto de veludo apresenta um formato de gola que valoriza os ombros e em casamento com seu toque moderadamente acentuado, deixa o drama do vestido evidenciado quando se olha a parte de trás, onde um corte profundo em formato V evidencia sensualidade.
As costas nuas da atriz, foram adornadas por um colar alta joalheria da Chanel, o Motif Russe. Além do colar, a atriz usou outros acessórios da marca, todas essas joias produzidas em ouro branco 18 quilates e com diamantes.

O maquiador oficial da Chanel US, Tyron Machhausen, optou por usar na atriz um batom vermelho brilhante - mais um clássico hollywoodiano. E para penteado, a hairstylist Anna Cofone, desenvolveu um coque diferente com uma inspiração na cultura parisiense e na atriz Audrey Hepburn.

Timothée Chalamet

Saindo um pouco do convencional, o ator Timothée Chalamet escolheu um terno amarelo manteiga. Para completar, um par de mocassins pretos da Chrome Hearts. O look completo da estrela de Duna foi orquestrado pela stylist Taylor McNeil. A relação dos dois tem sido duradoura e produtiva tendo em vista que Taylor o acompanhou durante toda a temporada de premiações e durante a turnê promocional de seu próximo lançamento, o filme biográfico de Bob Dylan, “A Complete Unknown”.

Ariana Grande

Com a sua primeira indicação para receber a estatueta, a também estrela do pop e agora protagonista de "Wicked", Ariana Grande, fez sua estreia no tapete vermelho do Prêmio da Academia, vestindo um modelo Schiaparelli da coleção de Primavera de 2025. Em um tom rosa claro, o visual escolhido por Mimi Cuttrell, é composto por um corpete estruturado em cetim e salientado por uma saia feita em tule. Daniel Roseberry, designer da peça, se inspirou em uma luminária desenhada pelo escultor Alberto Giacometti.

Para cabelo e maquiagem, Grande apostou no simples: um coque alto e uma maquiagem suave, com lábios brilhantes e olhos rosados no mesmo tom do vestido.

E se como só um look incrível não fosse o suficiente, a cantora também chamou a atenção pela peça escolhida para realizar a apresentação de abertura da premiação: mais um Schiaparelli, dessa vez tomara-que-caia, bordado com mais de 150 mil lantejoulas, contas e cristais Swarovski vermelhos.
O vestido fazia referência aos icônicos sapatinhos de rubi de Dorothy, personagem de O Mágico de Oz. Isso fica claro quando Ariana vira de lado e é possível ver, nas suas costas, o desenho de um saltinho de sapato.
Cynthia Erivo

Indicada para a categoria de Melhor Atriz, Cynthia Erivo, parceira de Ariana Grande no protagonismo de “Wicked", desfilou no tapete vermelho com um vestido Louis Vuitton feito sob medida. A peça em veludo, transluz entre o verde e o preto, de forma a criar conexão com sua personagem na produção, Elphaba.

Para combinar, Cynthia não economizou nos acessórios, a maioria em prata, e, como sempre, deu um show com suas unhas grandes e mega trabalhadas.
Demi Moore

Em sua primeira vez como indicada para os prêmios da Academia, Demi Moore entra no tapete vermelho em um vestido sereia Armani Privé. A peça conta com um decote acentuado e um plissado no quadril, além de ser completamente bordada com cristais e lantejoulas.
Fernada Torres

Finalmente chegamos nela, quem tinha nossa torcida! Em sua estreia na premiação, Fernanda Torres usou um vestido alta-costura Chanel, confirmando a relação de amor que a atriz e a grife vinham criando nessa temporada de premiações.
O modelo escolhido foi um vestido longo apresentado no desfile da marca na última Semana de Alta-Costura de Paris - onde a atriz estava presente na plateia. A peça traz a elegância a qual Fernanda habitou os olhos do público durante toda a campanha de “Ainda Estou Aqui”.

Para a maquiagem, foram escolhidos olhos esfumados, mas delicados, e uma pele suave. O cabelo foi escovado, reforçando a sofisticação do look e remetendo ao visual clássico de Eunice Paiva, representada pela atriz, e protagonista da história que deu ao filme brasileiro o primeiro Oscar da história do país.
Embora o estilo boho continue sendo uma forte referência na nova coleção da Chloé, Chemena Kamali buscou se desprender, ainda que sutilmente, da estética dos anos 70, para explorar novos conceitos. Nesta quinta-feira (06), a marca divulgou um comunicado à imprensa ressaltando a importância da história, da identidade e da construção de estilo de uma mulher — um princípio que guiou sua coleção de Inverno 2025/26.
“A mulher Chloé nem sempre é a mesma. Sua história tem muitas camadas, dimensões e humores diferentes. Ela incorpora complexidade e não é definida por uma única identidade. Ela sente opostos como todos nós”, escreveu a estilista aos convidados. Essa introdução despertou a expectativa de um desfile marcado pela mistura de referências, o que, de fato, foi entregue.

Para a execução da coleção, Kamali, se inspirou no contraste entre o simples e o grandioso, e essa oposição foi perceptível assim que os visuais começaram a serem expostos na passarela. Por um lado, casacos bem encorpados, tecidos pesados, texturas distintas e bordados bem trabalhados, por outro lado, vestidos do estilo camisola mais largo, longos e com rendas nos bustos e nos ombros, além da presença de babados em muitas blusas — algo característico da marca.
Os ombros tiveram um grande destaque, em várias peças do desfile, tanto em vestidos, como em peças de couro — já condizente com uma outra época da moda, os anos 80.
Uma outra característica presente de uma diferente época é a construção das peças de alfaiataria, tanto pelos recortes e as silhuetas que buscam uma referência à era elisabetana e vitoriana.

Uma mudança muito grande nesse desfile, em vista dos posteriores, são as calças, agora com o corte reto, não protagonizaram nenhum grande destaque, diferente do que foi visto em coleções prévias.

Não se prendendo apenas às modelagens, a identidade da coleção foi apresentada com um toque mais maduro, ousado e até mesmo sensual, deixando levemente para trás a estética jovem, boêmia e romântica da marca. O moodboard, usado por Chemena Kamali para inspiração na hora de criar esta coleção, estava repleto de fotografias de Guy Bourdin, fotógrafo renomado do final dos anos 70 e inícios dos anos 80. Essa nova abordagem da marca, mostra a evolução pela qual a Chloé vem passando, ainda que mesmo assim mantendo uma certa semelhança a seu DNA, não só nessa coleção, como em toda sua cadeia criativa.
Em uma ode à tradição ousada da família Versace, a mais nova coleção de Inverno 2025 da casa adentra a semana de moda italiana de forma teatral: a passarela é estrelada por peças acolchoadas e detalhes agressivamente “punks". Acessórios pesados e saltos de spikes chamam a atenção, ao mesmo tempo em que contrastam com indumentárias mais coladas ao corpo e estampadas.

Partindo da clássica alfaiataria sexy e elegante, a diretora criativa Donatella Versace, brinca com cores fortes, geometria ousadas e estampas divertidas, trazendo o animal print em peças e acessórios. Fica evidente, em sincronia com a marcha sensual na passarela - característica das modelos escolhidas pessoalmente pela herdeira do império italiano - que a diversão e provocação andam lado a lado no universo da moda, e estão cada vez mais perto de seu aguardado comeback.
Mais uma vez, o uso de dourado e azul nas roupas relembra os anos 2010. Peças estilo bandage e vestidos curtos também aparecem no desfile, seguindo o conceito balada.

O ponto alto da noite foi o metalizado, aparecendo em corsets, saias e vestidos.
Donatella novamente faz referência ao arquivo da marca e homenageia os anos 90 e a era de consagração como estilista de seu irmão, Gianni Versace. Vestidos longos de metais dourados e pratas, dignos de tapete vermelho, foram os mais comentados pelo público.

Finalizando a apresentação ao som do mais novo hit de Lady Gaga “Abracadabra”, incríveis vestidos minis de formatos orgânicos completaram o formato, quase caricato, de nostalgia da década passada. Em verdadeira homenagem ao lifestyle de noites a fio em festas, as modelos aparecem com uma beleza carregada: maquiagem escura nos olhos e cabelos propositalmente despenteados. Apesar da estética trash, looks de veludo preto, de caráter historicamente elegante , também fizeram parte da coleção.
Donatella, como de costume , honrou seu nome - e a história que ele carrega - e entregou ao seu público muito glamour, poder e sensualidade. Seria essa coleção, super nostálgica, um possível adeus da direção criativa? O questionamento surge após boatos percorrerem a indústria de uma possível venda dos negócios para o grupo Prada, outro magnata no ramo italiano Marcando um ponto final na direção de Donatella, e da família Versace. O que fica de concreto do espetáculo em Milão é a clara força que o DNA estético proposto por Gianni ainda exerce no contexto atual, o que deixará, em uma possível compra, sapatos muitos difíceis de serem calçados por qualquer forasteiro que se aventurar.

A Prada apresentou sua nova coleção de outono-inverno na Semana de Moda de Milão nesta quinta-feira (27/02). O conceito do desfile “Raw Glamour”, vem para provocar uma discussão acerca do que é o ideal feminino e, mais do que isso, afrontar uma versão de feminilidade já considerada antiquada.

Miuccia Prada, diretora criativa da casa, entende que a moda deve acompanhar a vivência da mulher contemporânea e o desfile incorporou esse conceito. A coleção reflete a mulher moderna trazendo um estilo mais sóbrio e corporativo, que prioriza o conforto e a funcionalidade acima da estética.
As peças apresentam uma paleta de cores mais neutra, com destaque para tons terrosos que remetem à cor oficial do ano segundo a Pantone: a Mocha Mousse, um marrom quente que lembra o chocolate.
A atmosfera do desfile é definida por contradição de conceitos. A estrutura com andaimes de metal apresenta uma ambientação quase industrial, de maneira a ser contraposta com a sofisticação do carpete floral no estilo Art Noveau, feito pela designer Catherin Martin.
Esse visual dicotômico traça um paralelo com as peças e evidencia como a feminilidade é uma percepção complexa e plural.

O desfile traz de volta os “statement necklaces”- colares maximalistas que viraram tendência em 2015. Além disso, os óculos de “bibliotecária" também marcam presença, garantindo a continuação da febre que ressurgiu com a popularização de uma armação redonda, da também italiana Miu Miu, registrando em fontes garrafais o retorno do acessório clássico dos anos 90 e 2000.
A modelagem das peças brinca com diferentes tamanhos, proporções, cortes e materiais, com o intuito de trazer um sentimento de estranhamento e redefinir a funcionalidade da própria roupa. Vestidos, planejados com a essência da feminilidade desde sua criação, apresentam silhuetas diversas, costuras à mostra, não acentuam as curvas e são usados de formas diferentes do que se é esperado.
A caracterização das modelos com cabelos despenteados e por dentro dos colares, de uma maneira que teatralmente transmitia pressa, desafiam as normas e trazem o ar mais autêntico de uma mulher que saiu de casa atrasada para o trabalho.

Nota-se que a Prada, assim como todas as mulheres, está em constante evolução - e não há limites para o que ela pode fazer.
“Fugitivos do Final de Semana” é uma expressão que se refere a um grupo de pessoas da alta sociedade de Londres que, tradicionalmente, deixa a cidade nos finais de semana para buscar refúgio no campo e tentar de alguma forma se “reconectar” com a natureza. Foi baseado nessa utopia que Daniel Lee, diretor criativo da Burberry, criou a última coleção Inverno 2025 apresentada nesta edição da Semana de Moda de Londres.
E para complementar a estética da alta sociedade londrina, o casting do desfile contou com uma lista de personalidades britânicas, como o ator Richard E. Grant, as modelos Naomi Campbell e Karen Elson, entre outras.

Lee criou uma conexão entre o estilo clássico, sem deixar de lado aspectos modernos e, de certa forma, extravagantes.
A moda surpreendeu ao transformar os desenhos clássicos de papéis de parede de mansões antigas em estampas para peças de alfaiataria, traduzidos em veludo brocado. Os famosos casacos da marca, agora em couro, foram combinados com pijamas de seda, criando um visual moderno e confortável. O desfile atraiu muitos famosos para a primeira fila da plateia, como Geri Halliwell e Kim Cattral, mas a verdadeira estrela da noite foi o inusitado cavaleiro com armadura, que se tornou a sensação do evento.

Daniel Lee usou cores terrosas, como marrons, laranjas e tons de bege, para remeter à natureza e ao campo, ao mesmo tempo que manteve a presença do azul elétrico, destaque da marca. Além do veludo brocado, a coleção também contou com outros tecidos luxuosos, como a seda, o couro e a lã, que evidenciam a qualidade e o requinte das peças.
As capas usadas como acessórios, agora, ganharam a textura do tricô em casamento espontâneo com estrutura do trench coat, resultando em peças que evocam tanto o conforto do lar quanto a elegância urbana. A proposta estética reside na fusão de referências tradicionais e familiares com elementos de funcionalidade e inovação. Os acessórios, em particular o calçado, destacam-se como síntese dessa narrativa, onde a herança cultural se encontra com a contemporaneidade.
