A Prada apresentou sua nova coleção de outono-inverno na Semana de Moda de Milão nesta quinta-feira (27/02). O conceito do desfile “Raw Glamour”, vem para provocar uma discussão acerca do que é o ideal feminino e, mais do que isso, afrontar uma versão de feminilidade já considerada antiquada.

Miuccia Prada, diretora criativa da casa, entende que a moda deve acompanhar a vivência da mulher contemporânea e o desfile incorporou esse conceito. A coleção reflete a mulher moderna trazendo um estilo mais sóbrio e corporativo, que prioriza o conforto e a funcionalidade acima da estética.
As peças apresentam uma paleta de cores mais neutra, com destaque para tons terrosos que remetem à cor oficial do ano segundo a Pantone: a Mocha Mousse, um marrom quente que lembra o chocolate.
A atmosfera do desfile é definida por contradição de conceitos. A estrutura com andaimes de metal apresenta uma ambientação quase industrial, de maneira a ser contraposta com a sofisticação do carpete floral no estilo Art Noveau, feito pela designer Catherin Martin.
Esse visual dicotômico traça um paralelo com as peças e evidencia como a feminilidade é uma percepção complexa e plural.

O desfile traz de volta os “statement necklaces”- colares maximalistas que viraram tendência em 2015. Além disso, os óculos de “bibliotecária" também marcam presença, garantindo a continuação da febre que ressurgiu com a popularização de uma armação redonda, da também italiana Miu Miu, registrando em fontes garrafais o retorno do acessório clássico dos anos 90 e 2000.
A modelagem das peças brinca com diferentes tamanhos, proporções, cortes e materiais, com o intuito de trazer um sentimento de estranhamento e redefinir a funcionalidade da própria roupa. Vestidos, planejados com a essência da feminilidade desde sua criação, apresentam silhuetas diversas, costuras à mostra, não acentuam as curvas e são usados de formas diferentes do que se é esperado.
A caracterização das modelos com cabelos despenteados e por dentro dos colares, de uma maneira que teatralmente transmitia pressa, desafiam as normas e trazem o ar mais autêntico de uma mulher que saiu de casa atrasada para o trabalho.

Nota-se que a Prada, assim como todas as mulheres, está em constante evolução - e não há limites para o que ela pode fazer.
“Fugitivos do Final de Semana” é uma expressão que se refere a um grupo de pessoas da alta sociedade de Londres que, tradicionalmente, deixa a cidade nos finais de semana para buscar refúgio no campo e tentar de alguma forma se “reconectar” com a natureza. Foi baseado nessa utopia que Daniel Lee, diretor criativo da Burberry, criou a última coleção Inverno 2025 apresentada nesta edição da Semana de Moda de Londres.
E para complementar a estética da alta sociedade londrina, o casting do desfile contou com uma lista de personalidades britânicas, como o ator Richard E. Grant, as modelos Naomi Campbell e Karen Elson, entre outras.

Lee criou uma conexão entre o estilo clássico, sem deixar de lado aspectos modernos e, de certa forma, extravagantes.
A moda surpreendeu ao transformar os desenhos clássicos de papéis de parede de mansões antigas em estampas para peças de alfaiataria, traduzidos em veludo brocado. Os famosos casacos da marca, agora em couro, foram combinados com pijamas de seda, criando um visual moderno e confortável. O desfile atraiu muitos famosos para a primeira fila da plateia, como Geri Halliwell e Kim Cattral, mas a verdadeira estrela da noite foi o inusitado cavaleiro com armadura, que se tornou a sensação do evento.

Daniel Lee usou cores terrosas, como marrons, laranjas e tons de bege, para remeter à natureza e ao campo, ao mesmo tempo que manteve a presença do azul elétrico, destaque da marca. Além do veludo brocado, a coleção também contou com outros tecidos luxuosos, como a seda, o couro e a lã, que evidenciam a qualidade e o requinte das peças.
As capas usadas como acessórios, agora, ganharam a textura do tricô em casamento espontâneo com estrutura do trench coat, resultando em peças que evocam tanto o conforto do lar quanto a elegância urbana. A proposta estética reside na fusão de referências tradicionais e familiares com elementos de funcionalidade e inovação. Os acessórios, em particular o calçado, destacam-se como síntese dessa narrativa, onde a herança cultural se encontra com a contemporaneidade.

Dos dias 20 a 24 de fevereiro aconteceu a tradicional Semana de Moda de Londres, que apresentou as coleções outono/inverno para 2025. O evento se destacou por uma fusão de inovação e criatividade, abordando desde temas tradicionais britânicos até críticas sociais contemporâneas.
Nas passarelas, essa mistura de contrapontos foi traduzida para tendências marcantes, com designers apostando em silhuetas estruturadas, texturas inesperadas e uma paleta de cores que variou entre tons sóbrios e vibrantes. Além disso, rendas românticas, luvas e recortes estratégicos apareceram em diversas coleções, mostrando diversas facetas que iam desde o delicado até algo mais moderno e sensual.
Os principais destaques foram:
Burberry
Sob a direção criativa de Daniel Lee, a marca apresentou uma coleção inspirada em elementos ingleses clássicos, como tapeçarias e outerwear em tons ricos (peças de vestuário externas). Para reforçar ainda mais a conexão com a cultura britânica, o desfile foi realizado no Tate Britain.
Homenagem as ruas londrinas Foto: Burberry
A coleção de Daniel Lee para a Burberry conseguiu equilibrar com maestria o urbano e o campestre, refletindo a alma da marca e sua forte herança britânica. Ao misturar referências tradicionais com um olhar moderno, Lee criou peças que exaltam a dualidade entre o clássico e o contemporâneo, reafirmando o lugar único da Burberry no panorama da moda global.
O xadrez ficou em evidência, sendo amplamente explorado através de peças que combinavam elementos tradicionais britânicos com toques contemporâneos.
Simone Rocha
Conhecida por sua estética que mescla a beleza romântica e o enfastiado sentimento punk, a grife apresentou peças que exploravam a dualidade entre graciosidade e rebeldia, com looks que combinavam rendas e silhuetas estruturadas.
Inspirada na fábula A Tartaruga e a Lebre, Simone Rocha resgatou memórias da infância e as traduziu em peças lúdicas e sofisticadas, apresentando bolsas em formato de coelho e cintos adornados com cadeados de bicicleta, detalhes que reforçaram a fusão entre nostalgia e rebeldia em sua coleção.
Resgatando elementos de suas coleções anteriores, Simone Rocha os reinterpretou sob uma nova ótica, criando um diálogo entre passado e presente. A dualidade, característica marcante de sua estética, ganhou forma na justaposição de materiais contrastantes, como o tule etéreo e o couro estruturado, resultando em uma harmonia entre delicadeza e força.
Mistura entre romantismo e punk Foto: Kat Granger
Harris Reed
A marca abriu a semana de moda, desfilando uma coleção glamurosa, ao mesmo tempo que reforçava temas de expressão pessoal e liberdade individual. Seu desfile destacou-se pela fusão de drama e elegância, apresentando silhuetas ousadas e detalhes intrincados.
As criações combinaram referências góticas e românticas, destacando tecidos transparentes, corsets estruturados e acessórios dourados, elementos que reafirmam a identidade singular da marca.
Florence Pugh abriu o desfile no Tate Britain em um vestido escultural preto transparente, com capuz e detalhes curvilíneos. Ao som de Nothing Else Matters, recitou um monólogo intenso, amplificando a aura dramática da apresentação.
Foto: Courtesy of Harris Reed
Já na beleza, a ousadia e a experimentação dominaram as passarelas. As sobrancelhas decoradas com pedrarias trouxeram um toque de brilho inesperado, transformando o olhar em um verdadeiro acessório. No desfile de Dilara Findikoglu, a estética gótica ganhou força com peles pálidas, sobrancelhas apagadas e tatuagens faciais, criando um visual misterioso e dramático. Nos cabelos, o volume e a textura foram protagonistas, trazendo um ar despojado e poderoso às produções. Para equilibrar, os lábios surgiram em tons neutros, reforçando a tendência de uma maquiagem mais natural e sofisticada.
Sobrancelha com pedraria Foto: Vogue
Além de reafirmar o papel da Semana de Moda de Londres como um espaço de inovação e experimentação, as tendências apresentadas apontam para um futuro onde a moda se torna cada vez mais um reflexo da identidade e das narrativas culturais. Seja resgatando referências tradicionais britânicas ou ousando em novas abordagens estéticas, os designers mostraram que a moda outono/inverno 2025 será marcada por contrastes sofisticados, liberdade criativa e um olhar atento para a individualidade. Com essas apostas, Londres mais uma vez se consolida como um dos epicentros da moda global, inspirando não apenas as passarelas, mas também o street style e a indústria como um todo.
A um fim de semana de distância do aguardado dia do Oscar, a temporada de premiações, igualmente relevantes, como o Golden Globe Awards, o Critics Choice Movie Awards, o BAFTA e o SAG Awards, servem como termômetro, tanto para nomeações, quanto para os visuais escolhidos pelas estrelas.
Na noite de domingo (25/01), além de reconhecer as melhores produções e atuações do cinema, o Screen Actors Guild Awards (SAG) exemplificou como essas premiações também têm um papel significativo no mundo da moda. Os artistas que desfilam pelo tapete vermelho aproveitam a ocasião para se expressar por meio de seus looks, que podem seguir um conceito clássico, contemporâneo, maximalista ou minimalista, sempre alinhados à sua imagem pessoal.
Nesta edição de 2025, um detalhe chamou a atenção: além do fato de os vencedores das cinco categorias principais pertencerem a filmes distintos, algumas escolhas de figurino se destacaram pelo conceito por trás do estético. Entre os inúmeros visuais memoráveis da noite, cinco looks fizeram mais sucesso com o público.
Ariana Grande

Ariana Grande escolheu um vestido da Loewe, inspirado na coleção Primavera/Verão 2025, que explorou o uso de estampas florais e penas. Para complementar o look, a cantora apostou em um colar de diamantes no estilo choker, acompanhado por um par de brincos e um anel, todos harmoniosamente combinados. As joias, assinadas pelo Jared Atelier, acrescentaram um toque de sofisticação à produção.
Para finalizar a composição, a cantora e atriz trouxe de volta seu icônico rabo de cavalo, um penteado que marcou sua trajetória na indústria da música, mas desta vez em uma versão mais refinada e elegante.
Além disso, o rosa mais uma vez se destacou em seu visual, em uma clara referência ao papel de Glinda no filme Wicked — personagem que, na maior parte do tempo, é vista vestindo essa tonalidade.
Anna Sawai

Anna apostou em um deslumbrante vestido da Armani Privé, cuja proposta trouxe um detalhe surpreendente: de frente, a peça parecia um elegante vestido vermelho coberto de glitter, mas, à medida que a atriz caminhava pelo tapete vermelho, uma fenda na altura da panturrilha se revelava, destacando ainda mais a sofisticada sandália plataforma da Christian Louboutin. Assim como sua personagem na série Shōgun, o vestido apresentava um verdadeiro plot twist. Para finalizar o look, joias da Cartier foram adicionadas, elevando ainda mais a elegância da produção.
Em entrevista à Entertainment Tonight, Anna revelou que sua escolha foi totalmente inspirada em sua personagem, Lady Mariko. “É uma cor poderosa e significativa para o papel que interpretei”, afirmou a atriz.
Cynthia Erivo

Cynthia Erivo, destaque em Wicked, desfilou pelo tapete vermelho em um vestido da Givenchy. O modelo possui afeto dos amantes de moda por ser uma peça rara pertencente à coleção de outono de 1997, assinada por Alexander McQueen.
Essa coleção é amplamente reconhecida por sua abordagem instigante e pela forte influência de diferentes culturas, como a espanhola, a japonesa e a escocesa. Em uma entrevista à revista Numéro, em 2002, McQueen descreveu a coleção como “um cientista maluco que cortou todas essas mulheres e as misturou novamente”. O vestido usado por Cynthia é feito de ráfia tecida folheada à prata, um elemento que reforça o caráter experimental e inovador da peça.

A maquiagem e as joias da atriz foram cuidadosamente escolhidas para complementar o vestido, mantendo a prata como tom predominante. No entanto, pequenos detalhes foram adicionados para homenagear sua personagem em Wicked, Elphaba. Toques sutis de verde apareceram em suas unhas, assim como em anéis verdes e amarelos, criando uma conexão delicada, porém significativa, com o papel que interpreta no filme.
Keke Palmer

Keke Palmer, a talentosa atriz conhecida por seus papéis em diversos filmes, brilhou no tapete vermelho ao usar um vestido de veludo preto do acervo da Chanel, datado de 1985. A peça, que já havia sido usada por Jamie Lee Curtis há 40 anos, exala um charme atemporal.
O vestido, aparentemente simples, carrega um valor histórico significativo por ter sido resgatado após décadas. Para complementar o visual, a stylist Molly Dickson optou por brincos discretos, permitindo que o detalhe dourado do vestido se destacasse. A maquiagem de Keke Palmer, inspirada no glamour da antiga Hollywood, completou o look com um batom vermelho matte e um delineado gatinho clássico. A combinação perfeita de elementos vintage e contemporâneos rendeu elogios à atriz.
Mikey Madison

A estrela em ascensão Mikey Madison desfilou no tapete vermelho com um vestido Louis Vuitton metálico e estruturado, que realçava sua cintura. A peça, sem mangas, chamou a atenção pela sofisticação e design moderno. Para complementar o look, Mikey usou um colar e um anel do acervo da Tiffany & Co., adicionando um toque de elegância clássica.
A maquiagem escolhida foi leve, com pele natural e olhos discretos. O destaque ficou por conta do batom vermelho vibrante, que harmonizou perfeitamente com o vestido e as joias.
Com a recente saída de seu então diretor criativo, Sabato De Sarno, dispensado após a queda brusca nas vendas sob seu curto comando, a Gucci apresentou nesta terça-feira (24/02), em Milão, sua nova coleção, assinada pela própria equipe de estilo da grife. O desfile marca um período de transição, enquanto o público especula quem assumirá a cadeira, que já foi ocupada por grandes nomes como Tom Ford, Frida Giannini e Alessandro Michele.
Rumores indicavam que a Gucci poderia aproveitar a ocasião para apresentar seu novo líder, mas, ao fim do desfile, quem subiu ao palco para saudar o público foram dezenas de membros do time de design, vestindo moletons verdes estampados com a frase “Âncora Verde”.
A coleção trouxe uma coletânea de designs inspirados em peças icônicas que moldaram a identidade da maison, desfiladas sobre uma passarela em formato do icônico “Interlocking G”, uma homenagem ao fundador Guccio Gucci. Outros diretores criativos também foram referenciados ao longo da apresentação: a sensualidade da era Tom Ford apareceu em vestidos de cetim com fendas e casacos de pele, evocando o início dos anos 2000; já Alessandro Michele foi lembrado em looks de influência setentista, cores vibrantes e nos óculos de estética geek que compuseram o styling.

Fotos: Cortesia da Gucci

Gucci FW25
Fotos: Cortesia da Gucci
Nos anos 50, Guccio Gucci, por ter trabalhado em hoteis de luxo e ter observado a alta sociedade e seu gosto pelas montarias, introduziu o adorno nomeado de Horsebit. Nessa coleção, o adorno apareceu diversas vezes, em forma de joias, acessórios e nas bolsas que levam o mesmo nome.

Foto: Cortesia da Gucci
Durante a metade da apresentação, a orquestra responsável pela trilha sonora, mudou o ritmo da sinfonia e se deu início a parte masculina da coleção. Vimos uma grande quantidade de ternos com paletós transpassados, calças de alfaiataria e o mesmo trench coat, feito de materiais diferentes, apareceu algumas vezes, mas o mais interessante foram os cardigans feitos em mohair. O Horsebit apareceu também como fivelas nos mocassins masculinos.

Foto: Cortesia da Gucci
A empresa ainda não se pronunciou sobre o sucessor de De Sarno, é esperado que o anúncio seja feito em breve.