Entre ocupações e assembleias, universitários fazem da moda um instrumento de protesto
por
Maria Julia Malagutti.
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26/06/2025 - 12h

Nas ruas e universidades, a moda afirma-se como linguagem política: um código visual capaz de expressar ideologias, indignações e identidades coletivas. Em um Brasil marcado por tensões sociais, reações conservadoras e a articulação de movimentos progressistas, o corpo torna-se campo de disputa simbólica.

Esse uso da estética como resistência não é novo. Nos anos 1960 e 1970, movimentos como o feminismo, o black power e o punk já faziam do vestuário uma ferramenta de contestação. Hoje, esse gesto se atualiza: a camiseta da seleção brasileira, antes símbolo nacional, virou objeto de disputa ideológica, enquanto outras peças se consolidam como marcas visuais de protesto, como os keffiyehs em atos pró-Palestina ou camisetas com frases como “Estado laico já”.

Em entrevista à AGEMT, a estilista Isadora Barbozza afirma que “o vestuário é essencial para transmitir mensagens sociais, culturais, ideológicas e políticas”. Para ela, é possível reconhecer, à primeira vista, a filiação a uma causa, crença ou identidade coletiva. “Você consegue, num olhar, identificar uma roupa de matriz africana. É muito expressivo”, destaca. Ela lembra que religiões, culturas e instituições sempre usaram a roupa como marcador simbólico — mostrando que o corpo vestido participa da construção de sentidos sociais.

Na universidade, esse fenômeno se intensifica. Na PUC-SP, onde o movimento estudantil voltou a se articular em 2025, com assembleias e protestos pela democratização interna e contra retrocessos nos direitos humanos, o vestir passou a compor o ato político. Camisetas com símbolos de partidos e movimentos sociais — como o PT, o MST e coletivos feministas — tomaram os corredores, transformando o corpo dos estudantes em suporte de convicções. A escolha da roupa deixa de ser neutra e se torna apoio ao debate.

A relação entre vestuário e engajamento também aparece na fala de Martim Tarifa, estudante de Jornalismo da PUC-SP. Em entrevista à AGEMT, ele conta que escolheu sua roupa com intenção ao participar da assembleia da ocupação estudantil. “Não fazia sentido ir com qualquer roupa. Vesti minha camiseta antifascista porque, da minha casa até lá, queria deixar claro meu apoio à mobilização”, explica. Para ele, mesmo quando não há uma intenção explícita, o modo de se vestir carrega significados. “Só de olhar para o estilo de uma pessoa, já dá pra perceber uma possível posição política. É uma forma de se posicionar e também de se identificar”, acrescenta.

 

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Confira como foram os desfiles do último dia da semana de moda paulistana
por
Pedro da Silva Menezes
Helena Haddad
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23/04/2025 - 12h

Na sexta-feira (11), o último dia da 59ª edição da São Paulo Fashion Week foi marcado por três desfiles de estilos distintos. A capital paulista recebeu as novas coleções da Handred, Patricia Vieira e PIET que encerraram o evento.

Handred

Abrindo o  dia, Handred apresentou uma coleção cheia de referências artísticas brasileiras e inspiradas na tapeçaria. Ponto Brasileiro – nome da coleção assinada pelo estilista André Namitala- traduziu a homenagem desejada pelo artista: “Uma ode ao legado dos grandes mestres tapeceiros”

O desfile ocorreu na galeria Passado Composto, no bairro do Jardins. Enquanto os modelos passavam apresentando a coleção, André narrava o desfile comentando os looks, suas técnicas e seus pensamentos, uma ambientação única e intimista. A  Handred trouxe excelência na necessidade atual de experiências imersivas para a passarela.

A coleção acentua os trabalhos manuais do ateliê e comemora brasilidade – as cores vibrantes, peças inspiradas em obras de Jacques Douchez e na ilustração “Jardim Brasileiro” do artista Filipe Jardim. As técnicas refinadas com ajuda do Apara Studio relembram Genaro de Carvalho, tapeceiro brasileiro que incorporava cores e a cultura brasileira em suas obras.

Uma coleção com bordados, organza, lã, veludo e seda, tudo conversa com as obras. Outro ponto alto foi a beleza assinada por Carla Biriba, a maquiagem dos modelos conversava diretamente com as peças e passavam do corpo para o rosto. A linha transcende a moda e mostra como caminhar junto da arte brasileira.

Modelo no desfile da Handred
Desfile Handred. Fonte: Reprodução/Agfotosite

 

Patricia Viera 

Marca consolidada na SPFW e conhecida pelo trabalho com couro, Patricia Viera apresentou sua nova coleção na Casa Higienópolis, em parceria com o artista Jardel Moura, responsável pelo desenvolvimento do corte tipo richelieu - caracterizado por desenhos vazados, muitas vezes com flores, folhagens ou padrões geométricos . 

Sempre buscando inovação com sustentabilidade, Viera traz uma coleção que reforça seus atributos ao usar tecnologia a laser na construção do couro. Inspirada no Art Déco, a estilista aposta em tons sóbrios, como bordô, marinho e até metálicos, aliados à geometria. Os mosaicos, criados por meio do programa Zero Waste, reutilizam sobras de couro do ateliê, promovendo uma produção mais consciente.

Com uma ambientação clássica, a coleção revisita o passado sem deixar de valorizar o presente, trazendo elementos como um vestido de noiva e o uso de animal print. O trabalho artesanal das peças é único e reafirma o luxo característico da marca. Pela primeira vez, a marca apresentou uma coleção própria de sapatos, expandindo seu portfólio de produtos.

Modelo com vestido de noiva no desfile da Patricia Viera
Vestido de noiva em couro. Fonte: Agfotosite/Zé Takahashi

 

PIET

Com trilha sonora de Marcelo D2 e Nave Beats, Pedro Andrade criou um cenário único no estádio do Pacaembu para apresentar o desfile da PIET. O futebol foi o protagonista da coleção. O estilista explicou à CAPRICHO que a apresentação funciona como uma linha do tempo que começa nas memórias de infância, que ajudam a formar o imaginário coletivo da população sobre o esporte. “O futebol está no nosso DNA”, declarou.

Ele explora diversos personagens nas roupas: do torcedor ao técnico, passando pelo jogador e até mesmo pelo soldado na reserva, que passa a maior parte do tempo jogando bola. Por meio de uma combinação de modelagens justas e oversized, meiões, releituras de camisas de time e estampas camufladas, o estilista traduz essas personas em suas peças.

Modelos no desfile da Piet no campo do estádio do Pacaembu
Desfile da PIET na SPFW N59. Fonte: Agfotosite/Marcelo Soubiha

 

A maquiagem também teve destaque na passarela. Helder Rodrigues foi o responsável pela beleza dos modelos, que apareceram desde apenas com blush, até rostos completamente pintados, que evocaram a paixão dos fanáticos pelo esporte.

Desde 2022, a São Paulo Fashion Week passou a vender ingressos, mas o evento da marca de streetwear foi em contrapartida ao disponibilizar 4 mil entradas gratuitas para o público e reuniu uma comunidade fiel à marca. A escolha foi certeira, já que os torcedores formam parte essencial desse “jogo da moda”.

Estreante na SPFW em 2018, a PIET conquistou reconhecimento internacional ao firmar parcerias com marcas como Oakley, Puma e Levi’s. Com o encerramento da semana de moda, ela trouxe uma atmosfera de final de Copa do Mundo e reafirmou a democratização dos espaços da moda com a coleção “Farmers League”.

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Grandes marcas enfrentam críticas sobre métodos de produção e as reais práticas do mercado de luxo
por
Isabelli Albuquerque
Vitória Nascimento
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22/04/2025 - 12h

No começo do mês de abril, o jornal americano Women's Wear Daily (WWD) divulgou em suas redes sociais um vídeo que mostrava os bastidores da fabricação da bolsa 11.12, um dos modelos mais populares da histórica francesa Chanel. Intitulado “Inside the Factory That Makes $10,000 CHANEL Handbags” (“Dentro da Fábrica que Produz Bolsas Chanel de US$10.000”), o material buscava justificar o alto valor do acessório, mas acabou provocando controvérsia ao exibir etapas mecanizadas do processo, incluindo a costura.

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Imagem do vídeo postado pelo WWD que foi deletado em seguida. Foto: Reprodução/Tiktok/@hotsy.magazine

Embora o vídeo também destacasse momentos artesanais, como o trabalho manual de artesãs, a revelação de uma linha de produção mais automatizada do que o esperado causou estranhamento entre o público nas redes sociais. A repercussão negativa levou à exclusão do conteúdo poucas horas após a publicação, mas o vídeo continua circulando por meio de republicações. 

Além do material audiovisual, a WWD publicou uma reportagem detalhada sobre o processo de confecção das bolsas. Foi a primeira vez que a maison fundada por Coco Chanel, em 1910, abriu as portas de uma de suas fábricas de artigos em couro. A iniciativa está alinhada ao Regulamento de Ecodesign para Produtos Sustentáveis, que visa ampliar a transparência ao oferecer informações claras sobre a origem dos produtos, os materiais utilizados, seus impactos ambientais e orientações de descarte através de um passaporte digital dos produtos.

Em entrevista à publicação, Bruno Pavlovsky, presidente de moda da Chanel, afirmou: “Se não mostrarmos por que é caro, as pessoas não saberão”. Ao contrário do vídeo, as imagens incluídas na matéria priorizam o trabalho manual dos artesãos, reforçando a narrativa de exclusividade e cuidado artesanal.

Para a jornalista de moda Giulia Azanha, a polêmica evidencia um atrito entre a imagem construída pela marca e a realidade do processo produtivo. “Acaba criando um rompimento entre a qualidade percebida pelo cliente e o que de fato é entregue”, afirma. Segundo ela, a reação negativa afeta principalmente os consumidores em potencial, ainda seduzidos pelo imaginário construído pela grife, enquanto os compradores habituais já estão acostumados com o funcionamento e polêmicas do mercado de luxo.

Atualmente, a Chanel administra uma série de ateliês especializados em ofícios artesanais por meio de sua subsidiária Paraffection S.A., reunidos no projeto Métiers d’Art, voltado à preservação de técnicas manuais tradicionais. A marca divulga sua produção feita à mão como um de seus pilares. No entanto, ao longo dos anos, parte da fabricação tornou-se mais automatizada — sem que isso tenha sido refletido nos preços finais.

Em 2019, a bolsa 11.12 no tamanho médio custava US$ 5.800. Hoje, o mesmo modelo é vendido por US$ 10.800 — um aumento de 86%. Para Giulia, não é o produto em si que mantém o caráter exclusivo, mas sim a história da marca, a curadoria estética e seu acesso extremamente restrito: “No final, essas marcas não vendem bolsas, roupas, sapatos, mas sim a sensação de pertencimento, de sofisticação e inacessibilidade, mesmo que seja simbólico”.

A jornalista de moda acredita que grande parte das outras grifes também adota um modelo híbrido de produção, que combina processos artesanais e mecanizados. Isso se justifica pela alta demanda de modelos como as bolsas 11.12 e 2.55, os mais vendidos da Chanel, o que exige uma produção em escala. No entanto, Giulia ressalta que a narrativa em torno do produto é tão relevante quanto sua fabricação: “O conceito de artesanal e industrial no setor da moda é uma linha muito mais simbólica do que técnica”, afirma.

Na mesma reportagem da WWD, Pavlovsky afirmou que a Chanel pretende ampliar a divulgação de informações sobre o processo de fabricação de seus produtos. A iniciativa acompanha a futura implementação do passaporte digital, que será exigido em produtos comercializados na União Europeia. A proposta é detalhar como os itens são produzidos, incluindo dados voltados ao marketing e à valorização dos diferenciais que tornam as peças da marca únicas. A matéria da WWD foi uma primeira tentativa nesse sentido, mas acabou não gerando a repercussão esperada.

“O não saber causa um efeito psicológico e atiça o desejo por consumo, muito mais rápido do que a transparência”, observa Giulia, destacando o papel do mistério no universo do luxo. Para ela, as marcas enfrentam o dilema de até que ponto devem revelar seus processos sem comprometer a aura de exclusividade. Embora iniciativas como a da Chanel pareçam valorizar aspectos como a responsabilidade ambiental e o trabalho manual — atributos bem recebidos na era das redes sociais, a jornalista acredita que a intenção vai além da educação do consumidor: “A ideia é parecer engajado e preocupado com a produção e seus clientes, mas a intenção por trás está muito mais ligada a humanizar a grife do que, de fato, educar o público”.

 

Até onde as práticas de fabricação importam?

 

Também no início de abril, diversos perfis chineses foram criados no aplicativo TikTok. Inicialmente, vídeos aparentemente inocentes mostrando a fabricação de bolsas e outros acessórios de luxo foram postados. Porém, com o aumento das taxas de importação causada pelo presidente americano, Donald Trump, estes mesmos perfis começaram a postar vídeos comprovando que produtos de diversas grifes de luxo são fabricados na China.

Estes vídeos se tornaram virais, arrecadando mais de 1 milhão de visualizações em poucos dias no ar. Um dos perfis que ganharam mais atenção foi @sen.bags_ - agora banido da plataforma -, usado para expor a fabricação de bolsas de luxo. Em um dos vídeos postados no perfil, um homem mostra diversas “Birkin Bags” - bolsas de luxo fabricadas pela grife francesa Hermés, um dos itens mais exclusivos do mercado, chegando a custar entre US$200 mil e US$450 mil - que foram produzidas em sua fábrica.

As bolsas Birkin foram criadas em 1981 em homenagem à atriz Jane Birkin por Jean-Louis Dumas, chefe executivo da Hermés na época. O design da bolsa oferece conforto, elegância e praticidade, ganhando rapidamente destaque no mundo da moda.

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Jane Birkin usando a bolsa em sua homenagem. A atriz era conhecida por carregar diversos itens em sua Birkin, personalizando a bolsa com penduricalhos e chaveiros. Foto:Jun Sato/Wireimage.

A Hermés se orgulha em dizer que as Birkin são produtos exclusivos, principalmente devido ao lento processo de produção. De acordo com a marca, todo o processo de criação de uma Birkin é artesanal e o produto é fabricado com couros e outros materiais de difícil acesso. Porém, com a revelação do perfil @sen.bags_, o público começou a perceber que talvez a bolsa não seja tão exclusiva assim.

No mesmo vídeo mencionado anteriormente, o homem diz que tudo é fabricado na China, com os mesmos materiais e técnica, mas as bolsas são enviadas à Europa para adicionarem o selo de autenticidade da marca. Essa fala abriu um debate on-line, durante todo esse tempo, as pessoas só vêm pagando por uma etiqueta e não pelo produto em si?

Para Giulia, polêmicas desse nível não afetam de forma realmente impactante as grandes grifes de luxo, já que “A elite não para de consumir esses produtos, porque como já possuem um vínculo grande [com as marcas] não se trata de uma polêmica que afete sua visão de produto, afinal além de venderem um simples produto, as grifes vendem um estilo de vida compatível com seu público.

A veracidade destes vídeos não foi comprovada, mas a imagem das grifes está manchada no imaginário geral. Mesmo que a elite, público alvo destas marcas, não deixe de consumi-las, o resto dos consumidores com certeza se deixou afetar pelo burburinho.

Nas redes sociais, diversos internautas brincam dizendo que agora irão perder o medo de comprar itens nos famosos camelôs, alguns até pedem o nome dos fornecedores, buscando os prometidos preços baixos.

Financeiramente, a Chanel e outras marcas expostas, podem ter um pequeno baque, mas por conta de suas décadas acumulando capital, conseguiram se reequilibrar rapidamente. “Elas podem sentir um impacto imediato, mas que em poucos anos são contidos e substituídos por novos temas, como a troca repentina de um diretor criativo ou um lançamento de uma nova coleção icônica.”, acrescentou Giulia.

Outras grandes grifes já enfrentaram escandâlos, até muito maiores do que esse como menciona Giulia “A Chanel, inclusive passou por polêmicas diretamente ligadas a sua fundadora, até muito mais graves do que seu processo produtivo”, se referindo ao envolvimento de Coco Chanel com membros do partido nazista durante a Segunda Guerra. Porém, como apontado anteriormente, essas marcas conseguiram se reerguer divergindo a atenção do público a outro assunto impactante.

Esse caso foi apenas um de muitos similares na história da indústria da moda, mas, como apontado por Giulia: “A maior parte das grifes em questão tem ao menos 100 anos de história e já se reinventaram diversas vezes em meio a crises, logo a transformação será necessária.”

 

Tendências para próxima estação marcam presença na passarela em meio a referências inusitadas
por
Bruna Quirino Alves
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14/04/2025 - 12h


Weider Silveiro  

Weider Silveiro iniciou a sequência de desfiles da  quarta-feira (9) no Shopping JK Iguatemi. A inspiração de sua coleção de inverno foi a deusa do amor e da beleza, Vênus.

Além de trazer um estudo de várias versões da figura mitológica, previamente retratadas na história, o estilista também se aprofundou nas representações humanas da divindade, ao aclamar artistas femininas conhecidas por, tanto por seus talentos, como suas belezas físicas, como Madonna, Cher e Joelma.

As peças da coleção trazem uma nova versão dos caimentos clássicos de busto, quadril e cintura, incorporando novos formatos e silhuetas para os cortes. Com paletas em tons pastéis, elementos que estão em alta no mundo da moda também foram incluídos nos looks, como a saia balonê e a modelagem assimétrica.

Modelo com vestido vinho desfilando na passarela
Weider Silverio SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite
Modelo de vestido rosa vdesfilando na passarela
Weider Silverio SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite

 

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Reptilia

O segundo desfile do dia foi da marca Reptilia. A coleção “Tectônica” se inspira em falhas e deslocamentos geológicos, apresentando peças com tons terrosos e estampas que remetem ao solo. 

As peças foram pensadas a partir de uma proposta agênero e tal pluralidade ficou evidente  passarela. A cartela de cores predominante no desfile ficou estacionada nos  tons marrons, com leves toques de azuis, verdes e cinzas, remetendo  a pedras minerais.

A estamparia chamou atenção por um  detalhe particular da diretora criativa, Heloisa Strobel. As estampas foram feitas a partir de fotos tiradas pela própria designer com uma câmera analógica de 35mm durante uma viagem ao Oriente Médio.

A composição de looks conta com sobreposições, peças modulares, tecidos fluídos e alfaiataria que é característica da marca. Além disso, o processo de produção inova ao combinar corte a laser com bordado manual e uso de retalhos. O reaproveitamento de tecidos reafirma o compromisso da marca com a moda sustentável.

Modelo desfilando com vestido estampado
Reptilia SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite
Modelo desfilando na passarela com roupa preta e branca
Reptilia SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Led

O desfile da marca Led foi o terceiro do dia, com a irreverência de ser inspirado em novelas brasileiras.

LED apresenta a sua coleção “BR SHOW”, ambientada como um programa de televisão. A trilha sonora contava com um remix de bordões icônicos da teledramaturgia brasileira, falas de apresentadores e aberturas de programas famosos.

O estilista, Celio Dias, disse em entrevista à Globo que aproveitou a estreia da nova versão de “Vale Tudo” para embarcar na atmosfera das novelas brasileiras, sob a perspectiva de alguém que acompanhou o surgimento de tendências que vieram dessas produções.

As peças da coleção são maximalistas e contam com mistura de estampas: animal print, listras e bolinhas, além de ornamentos como franjas e pelúcia, também incorporando pontos de tricô e crochê em alguns modelos.

O streetwear teve grande destaque no desfile, com a presença de calças cargo, casacos esportivos, moletons, camisetas gráficas com trocadilhos e tênis de corrida.
 

Modelo desfilando com macacão listrado
LED SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite
Modelo desfilando com vestido listrado preto e branco
LED SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

À La Garçonne

O último desfile da noite foi da marca À La Garçonne, com sua coleção mesclada entre streetwear e alfaiataria.

O estilista Fábio Souza não pensou em nenhum tema específico para basear a sua coleção, seu foco era criar peças usáveis prezando o conforto acima da estética.

O vestuário apresentado chamou atenção pela mistura de estampas, com destaque para o xadrez, que é a tendência da estação. Silhuetas bem estruturadas, uso de pregas, caimento oversized e tênis esportivos compuseram os looks.

A paleta de cores é sóbria em tons de verde militar, marrom e grafite, com o contraste de alguns relances em tons de vermelho e roxo.

O processo de produção da coleção foi realizado a partir do upcycling de tecidos vintage da própria marca e garimpado de outras. O estilista reforça o conceito de moda consciente e reuso de materiais têxteis, criando novas peças customizadas e sustentáveis.

Modelo desfilando com terno xadrez
À La Garçonne SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite
Modelo desfilando vestido e calça de terno
À La Garçonne SPFW N59. Foto: Zé Takahashi/ @agfotosite


 

 

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Com grandes nomes da moda brasileira, evento chega ao seu penúltimo dia
por
Gustavo Oliveira de Souza
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14/04/2025 - 12h
Foto de desfile
Modelo durante desfile da Dendezeiro. Foto: Mauricio Santana, Getty Images
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Na quinta-feira (10), o quinto dia de desfiles na São Paulo Fashion Week  trouxe aos holofotes marcas fundamentais ao cenário nacional, pilares do reconhecimento da moda brasileira país a fora.

João Pimenta 

O primeiro desfile do dia foi do estilista João Pimenta. O já consagrado artista, que por alguns anos misturou elementos da moda voltada aos dois gêneros decidiu apostar em um conceito quase todo concentrado  no vestuário masculino. O desfile aconteceu na estação Júlio Prestes do metrô, com o nome “Em Construção”. Sua obra buscou questionar os rumos da tecnologia na moda e valorizar o trabalho manual.

Dendezeiro

No JK Iguatemi, a Dendezeiro foi a segunda grife do dia a desfilar. A marca baiana da dupla Hisan Silva e Pedro Batalha trouxe um conceito que homenageava a região Norte do Brasil, com muito destaque à Amazônia. Chamada de “Brasiliano 2: A Puxada para o Norte”, o desfile destacou a fauna, com estampas de peixe e bolsas em formato de capivara, além de camisetas com frases exaltando a cultura local.

MNMAL

O penúltimo desfile do dia foi da estreante MNMAL. Fundada em 2022, a marca tem seu conceito baseado no minimalismo, e na passarela não foi diferente. Assinada pelo estilista Flávio Gamaum, as peças têm como principal destaque o conforto, pensada para o cotidiano no lar e home-office. Mesmo com todo o conforto, a elegância não é deixada de lado.

Walério Araújo 

Fechando o dia 10, o importante estilista Walério Araújo trouxe seu conceito usualmente impactante. Já tendo sido considerado um dos maiores estilistas do mundo, o pernambucano traz, novamente, a ousadia. Com diversas homenagens às mulheres trans, a bandeira de arco-íris apareceu em vestidos e peças mais casuais. Como novidade, a alfaiataria esteve presente, com peças que mostram a diferença na manifestação de gênero em locais públicos e privados.

Todos os desfiles marcaram, novamente, uma nova trajetória na moda brasileira. Sendo dos mais novos aos mais veteranos, quem esteve presente pôde acompanhar mais um capítulo da história do fashion no Brasil. 

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Para além de Fernanda Torres e Ariana Grande, o tapete vermelho da noite de gala do cinema foi protagonizado por nomes da alta-costura, como Chanel e Schiaparelli
por
João Luiz Freitas Souza
Beatriz Manocchio
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11/03/2025 - 12h

No primeiro domingo de março (02), aconteceu em Los Angeles a edição de número 97 do Oscar. Enquanto o restante do mundo aguardava ansiosamente pelas premiações, a indústria midiática da moda efervescia com os looks desfilados pelo tapete vermelho no início da noite. 

De Loewe a Armani Privè, separamos os visuais mais relevantes que estiveram presentes nesta, que além de sua grande magnitude para o cenário cinematográfico internacional, também apresenta uma grande relevância para o mundo da moda.

Bruna Marquezine

Bruna Marquezine na premiação Oscar 2025
Bruna Marquezine na premiação Oscar 2025 - Foto: Getty Images

A atriz brasileira Bruna Marquezine esteve presente na premiação por intermédio de um convite pessoal realizado pela própria Academia do Oscar. Para o evento, ela optou por um vestido sob medida do Atelier Versace, inspirado na coleção de alta-costura Primavera/Verão 2001 da grife. A peça, de cor branca, era longa e bem modelada ao seu corpo. Para acompanhar o visual, um scarpin da marca Giuseppe Zanotti. O penteado estilo Old Hollywood foi a opção pensada para a ocasião, executado pela hairstylist Danielle Priano, responsável pelos cabelos de estrelas como Hailey Bieber e Demi Lovato.

Bruna Marquezine na premiação Oscar 2025
Bruna Marquezine na premiação Oscar 2025 - Foto: Getty Images

Para a beleza, a beauty artist Diane Buzzetta quis trazer um ar mais natural, com cílios mais alongados, bochechas levemente rosadas e um batom de tom nude. 

Lily-Rose Depp

Lily-Rose Depp na premiação Oscar 2025
Lily-Rose Depp na premiação Oscar 2025 - Foto: Getty Images

A estrela de “Nosferatu”, Lily-Rose Depp, trouxe a história da moda para o tapete do Oscar: aos olhos menos treinados, o vestido aparenta ser apenas um look inspirado em uma peça da coleção de Primavera de 1995 da Chanel. Mas, especialistas de plantão captaram a maior referência por trás do modelo: a renda trabalhada por toda a extensão do vestido é a mesma que Marilyn Monroe usou em 1953 para a premiére do filme “Como casar com um milionário”. 

O peso de estar cheio de história, foi cobrado nas 515 horas de trabalho que o vestido de Lily precisou para ser finalizado, além de ter sido usado aproximadamente 191,000 elementos para o decorar.

Marilyn Monroe para a premiere de “How to Marry a Millionaire”
Marilyn Monroe para a premiere de “How to Marry a Millionaire” - Foto: Darlene Hammond por Getty Images

Para complementar o look, a beauty artist Nina Park quis recriar um estilo recorrente para a atriz: uma pele leve, com um aspecto bem contornado, corada nas bochechas, olhos com uma sombra neutra esfumada e um delineado sutil. E no cabelo, o hairstylist Bryce Scarlett optou por um penteado que também remete a uma aparência de Old Hollywood.


Na acessorização, Lily desfilou alta joalheria da Chanel, incluindo o colar Motif Russe e um bracelete feito com ouro branco 18 quilates e diamantes.

Lily-Rose Depp na premiação Oscar 2025
Lily-Rose Depp na premiação Oscar 2025 - Foto: Equipe de editorial do The Fashionography

Margaret Qualley

Margaret Qualley na premiação Oscar 2025
Margaret Qualley na premiação Oscar 2025 - Foto: Getty Images

O vestido escolhido por Margaret Qualley para a noite especial também refere aos mesmos conceitos dos dois looks descritos previamente, combinando clássico de Hollywood e a marca Chanel. Inspirado em em uma coleção de Primavera/Verão de 2005 da marca, o vestido preto de veludo apresenta um formato de gola que valoriza os ombros e em casamento com seu toque moderadamente acentuado, deixa o drama do vestido evidenciado quando se olha a parte de trás, onde um corte profundo em formato V evidencia sensualidade. 


As costas nuas da atriz, foram adornadas por um colar alta joalheria da Chanel, o Motif Russe. Além do colar, a atriz usou outros acessórios da marca, todas essas joias produzidas em ouro branco 18 quilates e com diamantes.

Detalhes da roupa de Margaret Qualley para o Oscar 2025
Detalhes da roupa de Margaret Qualley para o Oscar 2025 - Foto: Tony Wilson

O maquiador oficial da Chanel US, Tyron Machhausen, optou por usar na atriz um batom vermelho brilhante - mais um clássico hollywoodiano. E para penteado, a hairstylist Anna Cofone, desenvolveu um coque diferente com uma inspiração na cultura parisiense e na atriz Audrey Hepburn.

Margaret Qualley na premiação Oscar 2025
Margaret Qualley na premiação Oscar 2025 - Foto: Getty Images

Timothée Chalamet

Timothée Chalamet na premiação Oscar 2025
Timothée Chalamet na premiação Oscar 2025 - Foto: Getty Images

Saindo um pouco do convencional, o ator Timothée Chalamet escolheu um terno amarelo manteiga. Para completar, um par de mocassins pretos da Chrome Hearts. O look completo da estrela de Duna foi orquestrado pela stylist Taylor McNeil. A relação dos dois tem sido duradoura e produtiva tendo em vista que Taylor o acompanhou durante toda a temporada de premiações e durante a turnê promocional de seu próximo lançamento, o filme biográfico de Bob Dylan, “A Complete Unknown”.

Timothée Chalamet na premiação Oscar 2025
Timothée Chalamet na premiação Oscar 2025 - Foto: Getty Images

Ariana Grande

Ariana Grande na premiação Oscar 2025, vestindo Schiaparelli
Ariana Grande na premiação Oscar 2025, vestindo Schiaparelli - Foto: Getty Images

Com a sua primeira indicação para receber a estatueta, a também estrela do pop e agora protagonista de "Wicked", Ariana Grande, fez sua estreia no tapete vermelho do Prêmio da Academia, vestindo um modelo Schiaparelli da coleção de Primavera de 2025. Em um tom rosa claro, o visual escolhido por Mimi Cuttrell, é composto por um corpete estruturado em cetim e salientado por uma saia feita em tule. Daniel Roseberry, designer da peça, se inspirou em uma luminária desenhada pelo escultor Alberto Giacometti.

Maquiagem de Ariana Grande na premiação OScar 2025
Maquiagem de Ariana Grande na premiação Oscar 2025 - Foto: Getty Images

Para cabelo e maquiagem, Grande apostou no simples: um coque alto e uma maquiagem suave, com lábios brilhantes e olhos rosados no mesmo tom do vestido.

Ariana Grande no vestido Schiaparelli que usou para realizar a apresentação de abertura do Oscar 2025
Ariana Grande no vestido Schiaparelli que usou para realizar a apresentação de abertura do Oscar 2025 - Foto: Katia Temkin no Instagram

E se como só um look incrível não fosse o suficiente, a cantora também chamou a atenção pela peça escolhida para realizar a apresentação de abertura da premiação: mais um Schiaparelli, dessa vez tomara-que-caia, bordado com mais de 150 mil lantejoulas, contas e cristais Swarovski vermelhos. 

O vestido fazia referência aos icônicos sapatinhos de rubi de Dorothy, personagem de O Mágico de Oz. Isso fica claro quando Ariana vira de lado e é possível ver, nas suas costas, o desenho de um saltinho de sapato.

Cynthia Erivo

Cynthia Erivo na premiação Oscar 2025, vestindo Louis Vuitton
Cynthia Erivo na premiação Oscar 2025, vestindo Louis Vuitton - Foto: Getty Images

Indicada para a categoria de Melhor Atriz, Cynthia Erivo, parceira de Ariana Grande no protagonismo de “Wicked", desfilou no tapete vermelho com um vestido Louis Vuitton feito sob medida. A peça em veludo, transluz entre o verde e o preto, de forma a criar conexão  com sua personagem na produção, Elphaba. 

Detalhes de maquiagem, acessórios e unhas de Cynthia Erivo na premiação Oscar 2025
Detalhes de maquiagem, acessórios e unhas de Cynthia Erivo na premiação Oscar 2025 - Fotos: Getty Images

Para combinar, Cynthia não economizou nos acessórios, a maioria em prata, e, como sempre, deu um show com suas unhas grandes e mega trabalhadas.

Demi Moore

Demi Moore na premiação Oscar 2025, vestindo Armani Privé
Demi Moore na premiação Oscar 2025, vestindo Armani Privé - Foto: Getty Images

Em sua primeira vez como indicada para os prêmios da Academia, Demi Moore entra no tapete vermelho em um vestido sereia Armani Privé. A peça conta com um decote acentuado e um plissado no quadril, além de ser completamente bordada com cristais e lantejoulas.

Fernada Torres

Fernanda Torres na premiação OScar 2025, vestindo Chanel
Fernanda Torres na premiação Oscar 2025, vestindo Chanel - Foto: Getty Images

Finalmente chegamos nela, quem tinha nossa torcida! Em sua estreia na premiação, Fernanda Torres usou um vestido alta-costura Chanel, confirmando a relação de amor que a atriz e a grife vinham criando nessa temporada de premiações. 

O modelo escolhido foi um vestido longo apresentado no desfile da marca na última Semana de Alta-Costura de Paris - onde a atriz estava presente na plateia. A peça traz a elegância a qual Fernanda habitou os olhos do público durante toda a campanha de “Ainda Estou Aqui”.

Maquiagem de Fernanda Torres na premiação Oscar 2025
Maquiagem de Fernanda Torres na premiação Oscar 2025 - Foto: Getty Images

Para a maquiagem, foram escolhidos olhos esfumados, mas delicados, e uma pele suave. O cabelo foi escovado, reforçando a sofisticação do look e remetendo ao visual clássico de Eunice Paiva, representada pela atriz, e protagonista da história que deu ao filme brasileiro o primeiro Oscar da história do país. 

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Chemena Kamali, diretora criativa da marca, expande sua visão para além da estética dos anos 70
por
João Luiz Freitas Souza
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11/03/2025 - 12h

Embora o estilo boho continue sendo uma forte referência na nova coleção da Chloé, Chemena Kamali buscou se desprender, ainda que sutilmente, da estética dos anos 70, para explorar novos conceitos. Nesta quinta-feira (06), a marca divulgou um comunicado à imprensa ressaltando a importância da história, da identidade e da construção de estilo de uma mulher — um princípio que guiou sua coleção de Inverno 2025/26.


A mulher Chloé nem sempre é a mesma. Sua história tem muitas camadas, dimensões e humores diferentes. Ela incorpora complexidade e não é definida por uma única identidade. Ela sente opostos como todos nós”, escreveu a estilista aos convidados. Essa introdução despertou a expectativa de um desfile marcado pela mistura de referências, o que, de fato, foi entregue.

Desfile da Chloé de Inverno, 2025/26
Desfile da Chloé de Inverno, 2025/26 - Foto: Launchmetrics Spotlight

Para a execução da coleção, Kamali, se inspirou no contraste entre o simples e o grandioso, e essa oposição foi perceptível assim que os visuais começaram a serem expostos na passarela. Por um lado, casacos bem encorpados, tecidos pesados, texturas distintas e bordados bem trabalhados, por outro lado, vestidos do estilo camisola mais largo,  longos e com rendas nos bustos e nos ombros, além da presença de babados em muitas blusas — algo característico da marca.

Os ombros tiveram um grande destaque, em várias peças do desfile, tanto em vestidos, como em peças de couro — já condizente com uma outra época da moda, os anos 80. 

Uma outra característica presente de uma diferente época é a construção das peças de alfaiataria, tanto pelos recortes e as silhuetas que buscam uma referência à era elisabetana e vitoriana.

Desfile da Chloé de Inverno, 2025/26
Desfile da Chloé de Inverno, 2025/26 - Foto: Launchmetrics Spotlight

Uma mudança muito grande nesse desfile, em vista dos posteriores, são as calças, agora com o corte reto, não protagonizaram nenhum grande destaque, diferente do que foi visto em coleções prévias.

Desfile da Chloé de Inverno, 2025/26
Desfile da Chloé de Inverno, 2025/26 - Foto: Launchmetrics Spotlight

Não se prendendo apenas às modelagens, a identidade da coleção foi apresentada com um toque mais maduro, ousado e até mesmo sensual, deixando levemente para trás a estética jovem, boêmia e romântica da marca. O moodboard, usado por Chemena Kamali para inspiração na hora de criar esta coleção, estava repleto de fotografias de Guy Bourdin, fotógrafo renomado do final dos anos 70 e inícios dos anos 80. Essa nova abordagem da marca, mostra a evolução pela qual a Chloé vem passando, ainda que mesmo assim mantendo uma certa semelhança a seu DNA, não só nessa coleção, como em toda sua cadeia criativa. 

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Em ambientação punk com sonoridade de festa, Donatella Versace apresenta nova coleção com o DNA da casa
por
Helena Costa Haddad
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06/03/2025 - 12h

Em uma ode à tradição ousada da família Versace, a mais nova coleção de Inverno 2025 da casa adentra a semana de moda italiana de forma teatral: a passarela é estrelada  por peças acolchoadas e detalhes agressivamente  “punks".  Acessórios pesados e saltos de spikes chamam a atenção, ao mesmo tempo em que contrastam com  indumentárias mais coladas ao corpo e estampadas. 

vestido acolchoado
Foto/Reprodução: WWD

Partindo  da clássica alfaiataria sexy e elegante, a diretora criativa Donatella Versace, brinca com cores fortes, geometria ousadas e estampas divertidas, trazendo o animal print em peças e acessórios. Fica evidente, em sincronia com a marcha sensual na passarela - característica das modelos escolhidas pessoalmente pela herdeira do império italiano - que a diversão e provocação andam lado a lado no universo da moda, e estão cada vez mais perto de seu aguardado comeback.  

Mais uma vez, o uso de dourado e azul nas roupas relembra os anos 2010. Peças estilo bandage e vestidos curtos também aparecem no desfile, seguindo o conceito balada. 

alfaiataria com detalhes geometricos e azuis
Foto/Reprodução: WWD

O ponto alto da noite foi o metalizado, aparecendo em corsets, saias e vestidos. 

Donatella novamente  faz referência ao arquivo da marca e homenageia os anos 90 e a era de consagração como estilista de seu irmão, Gianni Versace. Vestidos longos de metais dourados e pratas, dignos de tapete vermelho, foram os mais comentados pelo público. 

vestido prata referenciando peça de arquivo
Foto/Reprodução: WWD

Finalizando a apresentação ao som do mais novo hit de Lady Gaga “Abracadabra”, incríveis vestidos minis de formatos orgânicos completaram o formato, quase caricato, de nostalgia da década passada. Em verdadeira homenagem ao lifestyle de noites a fio em festas, as modelos aparecem com uma beleza carregada: maquiagem escura nos olhos e cabelos propositalmente despenteados.  Apesar da estética trash,  looks de veludo preto, de caráter historicamente elegante , também fizeram parte da coleção. 

Donatella, como de costume , honrou  seu nome - e a história que ele carrega -  e entregou ao seu público muito glamour, poder e sensualidade. Seria essa coleção, super nostálgica, um possível adeus da direção criativa? O questionamento surge após boatos percorrerem a indústria de uma possível venda dos negócios para o grupo Prada, outro magnata no ramo italiano Marcando um ponto final na direção de Donatella, e da família Versace. O que fica de concreto do espetáculo em Milão é a clara força que o DNA estético proposto por Gianni ainda exerce no contexto atual, o que deixará, em uma possível compra, sapatos muitos difíceis de serem calçados por qualquer forasteiro que se aventurar.   

vestido de veludo preto
Foto/Reprodução: WWD

 

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Na nova coleção, Miuccia Prada e Raf Simons invocam o glamour cru como uma forma de representar a mulher moderna
por
Bruna Quirino Alves
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28/02/2025 - 12h

A Prada apresentou sua nova coleção de outono-inverno na Semana de Moda de Milão nesta quinta-feira (27/02). O conceito do desfile “Raw Glamour”, vem para provocar uma discussão acerca do que é o ideal feminino e, mais do que isso, afrontar uma versão de feminilidade já considerada antiquada. 

Modelo desfilando com suéter vermelho
Prada FW25. Fonte: Courtesy of Prada 

 

Miuccia Prada, diretora criativa da casa, entende que a moda deve acompanhar a vivência da mulher contemporânea e o desfile incorporou esse conceito. A coleção reflete a mulher moderna trazendo um estilo mais sóbrio e corporativo, que prioriza o conforto e a funcionalidade acima da estética. 

As peças apresentam uma paleta de cores mais neutra, com destaque para tons terrosos que remetem à cor oficial do ano segundo a Pantone: a Mocha Mousse, um marrom quente que lembra o chocolate. 

A atmosfera do desfile é definida por contradição de conceitos. A estrutura com andaimes de metal apresenta uma ambientação quase industrial, de maneira a ser contraposta com a sofisticação do carpete floral no estilo Art Noveau, feito pela designer Catherin Martin. 

Esse visual dicotômico traça um paralelo com as peças e evidencia como a feminilidade é uma percepção complexa e plural. 

 

Modelo
Prada FW25. Fonte: Courtesy of Prada

 

O desfile traz de volta os “statement necklaces”- colares maximalistas que viraram tendência em 2015. Além disso, os óculos de “bibliotecária" também marcam presença, garantindo a continuação da febre que ressurgiu com a popularização de uma armação redonda, da também italiana Miu Miu, registrando em fontes garrafais  o retorno do acessório clássico dos anos 90 e 2000.

A modelagem das peças brinca com diferentes tamanhos, proporções, cortes e materiais, com o intuito de trazer um sentimento de  estranhamento e redefinir a funcionalidade da própria roupa. Vestidos, planejados com a essência da feminilidade desde sua criação, apresentam silhuetas diversas, costuras à mostra, não acentuam as curvas e são usados de formas diferentes do que se é esperado. 

A caracterização das modelos com cabelos despenteados e por dentro dos colares, de uma maneira que teatralmente transmitia pressa, desafiam as normas e trazem o ar mais autêntico de uma mulher que saiu de casa atrasada para o trabalho. 

 

Modelo desfilando usando um vestido preto
Prada FW25. Fonte: Courtesy of Prada


Nota-se que a Prada, assim como todas as mulheres, está em constante evolução - e não há limites para o que ela pode fazer.  

 

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Atual diretor criativo, Daniel Lee, convidou o público a vivenciar a aristocracia boemia do final do século passado
por
João Luiz Freitas Souza
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27/02/2025 - 12h

“Fugitivos do Final de Semana” é uma expressão que se refere a um grupo de pessoas da alta sociedade de Londres que, tradicionalmente, deixa a cidade nos finais de semana para buscar refúgio no campo e tentar de alguma forma se “reconectar” com a natureza. Foi baseado nessa utopia que Daniel Lee, diretor criativo da Burberry, criou a última coleção Inverno 2025 apresentada nesta edição da Semana de Moda de Londres.

E para complementar a estética  da alta sociedade londrina, o casting do desfile contou com uma lista de personalidades britânicas, como o ator Richard E. Grant, as modelos Naomi Campbell e Karen Elson, entre outras.

Naomi Campbell desfilando para Burberry vestindo um vestido roxo
Desfile da Burberry de inverno, 2025 - Foto: Launchmetrics Spotlight

Lee criou uma conexão entre o estilo clássico, sem deixar de lado aspectos modernos e, de certa forma, extravagantes.

A moda surpreendeu ao transformar os desenhos clássicos de papéis de parede de mansões antigas em estampas para peças de alfaiataria, traduzidos em veludo brocado. Os famosos casacos da marca, agora em couro, foram combinados com pijamas de seda, criando um visual moderno e confortável. O desfile atraiu muitos famosos para a primeira fila da plateia, como Geri Halliwell e Kim Cattral, mas a verdadeira estrela da noite foi o inusitado cavaleiro com armadura, que se tornou a sensação do evento.

Cavaleiro de armadura que estava presente no desfile
Cavaleiro de armadura que estava presente no desfile, 2025 - Foto: Drew Vickers

Daniel Lee usou cores terrosas, como marrons, laranjas e tons de bege, para remeter à natureza e ao campo, ao mesmo tempo que manteve a presença do azul elétrico, destaque da marca. Além do veludo brocado, a coleção também contou com outros tecidos luxuosos, como a seda, o couro e a lã, que evidenciam a qualidade e o requinte das peças.

As capas usadas como acessórios, agora, ganharam a textura do tricô em casamento espontâneo com estrutura do trench coat, resultando em peças que evocam tanto o conforto do lar quanto a elegância urbana. A proposta estética reside na fusão de referências tradicionais e familiares com elementos de funcionalidade e inovação. Os acessórios, em particular o calçado, destacam-se como síntese dessa narrativa, onde a herança cultural se encontra com a contemporaneidade.

Modelo desfilando para Burberry com um vestido branco com glitter e com um cachecol
Desfile da Burberry de inverno, 2025 - Foto: Launchmetrics Spotlight

 

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