Por Carlos Gonçalves
De forma sutil, novas tecnologias surgem como algo ingênuo. Criadas como um atalho, as novas tecnologias sempre nos parecem convidativas. Além de acelerarem o fator tempo, possuem baixa margem de erro e alta efetividade em resolução de problemas. Seja na coleta de dados ou no monitoramento de informações, absorvemos em nossa rotina como algo comum, não percebendo a potencialidade por trás desta estrutura.
A Internet das coisas (IoT - Internet of Things) é o novo tentáculo criado pelo mercado das tecnologias. Quase como um estágio evolutivo, essa nova prática cria um elo com a comunicação digital autônoma; formando uma ponte de diálogo entre máquinas que até então não sabiam da existência uma da outra (papel que antes era exercido pelo homem, que intermediava a coleta de dados e a conclusão de como agir). Agora, com as transferências de dados via rede, a informação será emitida por um sensor e recebida por outra máquina que faz o monitoramento em tempo real; interpretando os dados e tomando a iniciativa de como agir. Essa “rede inteligente” terá a capacidade e autonomia para operar, prever falhas no processo e adaptar a produção à demanda automaticamente. Com essa nova autonomia, mais um elo homem-máquina é rompido.
Um exemplo de interação entre máquinas pode ser visto na agricultura. Com a instalação de sensores no solo de uma plantação, é possível saber a hora exata em que é necessário fazer a irrigação de cada área. O sensor emitirá sinais periódicos para uma antena, que emitirá os dados para um servidor, chegando a uma central que monitora os dados coletados, e a partir deles irá tomar a ação se é necessário irrigar a plantação ou não. Todo este processo é feito de forma autônoma, sem intervenção humana.
A relação máquina-máquina é algo que já estava ocorrendo, porém com a implementação do 5G, este processo está sendo acelerado. Graças ao tempo de resposta mais efetivo (latência) entre emissor-receptor e uma maior largura de banda nas redes de comunicação, vamos alcançar uma nova fase na revolução industrial 4.0. A estabilidade de transmissão e a velocidade do recebimento dos dados, facilitará que sistemas autônomos se tornem mais presentes no dia-a-dia. A tendência é que essa tecnologia domine as grandes cidades com carros autônomos, mercados sem atendentes, cirurgias por acesso remoto, além de sensores de monitoramento em postes, lixeiras, esgotos e rios. Tudo em tempo real.

Para Henrique Gomes, engenheiro em telecomunicações, o IoT será uma ferramenta definitiva, sendo mais uma transformação no comportamento social assim como ocorreu com a criação dos smartphones somado ao 4G. A rotina profissional e pessoal mudará. Novas profissões focadas em tecnologia de informação surgirão e novas formas de interação no trabalho. Porém nem tudo é positivo, aumentará a vigilância do Estado na sociedade e o possível crescimento do desemprego a médio-longo prazo; especialmente em países subdesenvolvidos como no caso do Brasil, onde mais de 60% do setor do mercado de trabalho é formado por profissões de baixa complexidade ou repetitiva. Setor que o IoT pretende abocanhar.
Com o enxugamento do mercado de trabalho que tende a ser substituída por máquinas, a interação humana se tornará fragilizada e mecanicista. O efeito a longo prazo, de uma relação mais intima com dispositivos IoT, substituirá cada vez mais a interação humana em ambientes de trabalho; ocorrendo efeitos colaterais. Solidão, crise de ansiedade e depressão são alguns sintomas que o excesso de tecnologia estrutural já está causando em cidades que teimam em “isolar-se”. Somado ao aumento do desemprego, o efeito da violência em grandes cidades se tornará comum.
“É inevitável, o mercado de automação está crescendo e existe uma alta demanda no setor, é atrativo para o empresário modernizar toda sua logística visando o longo prazo. Um dos principais interesses para eles é diminuição do quadro de empregados, onde uma grande fatia dos funcionários da base serão desligados.” Diz Henrique. Essa realidade já é presente em países como Holanda e Japão. Esse nível de automação industrial deu origem às chamadas “fábricas escuras”, plantas industriais que operam no escuro, com robôs e alguns poucos profissionais humanos para comandar as máquinas. Nela, a convergência entre as formas de operação e a tecnologia da informação resultará em um novo modo de produção, que deve transformar a produção de bens de consumo e o uso dos recursos naturais nos próximos anos.
Por Dayres Vitoria
O app de origem chinesa lançado em 2016 que possibilita gravar vídeos curtos rodeados de dinamismo, é atualmente uma das plataformas mais desejadas pela criançada. Com temáticas que vão desde danças, imitações de falas até conteúdos explicativos, hoje dificilmente não há uma criança, ao menos no Brasil, que não conheça ou não tenha acesso a essa ferramenta divertida.
Criado para ser um produto de consumo rápido, inclusive o seu próprio nome “TikTok” é inspirado no tique-taque feito pelos ponteiros de um relógio como sinônimo de pressa e rapidez, alcançou recentemente a marca de 1 bilhão de usuários ativos por mês ao redor do mundo. Uma parte significativa desses novos usuários são as crianças que encontraram no aplicativo uma espécie de aventura digital já que podem ao menos brincarem e se entreterem de suas residências visto que com a pandemia boa parte delas também ficaram isoladas dentro de casa, em alguns casos, sem contato ao menos com outras crianças.
Além desse fator, boa parte dessa garotada enxerga no aplicativo, além da diversão, uma oportunidade para quem sabe ficar famoso. Por isso, muitos deles se dedicam a aprenderem coreografias e imitações buscando ganhar cada vez mais seguidores. Embora seja contagiante ver a alegria deles ao conseguirem gravar um clipe e o desempenho que colocam nisso, existem fatores que devem ser levados em conta para que a segurança das crianças seja prioridade em todos os aspectos.
TIKTOK PARA CRIANÇAS
De acordo com os termos e condições de uso do TikTok, 13 anos é a idade mínima para se ter uma conta como usuário no aplicativo. Porém, crianças menores que essa faixa etária possuem acesso a plataforma. De acordo com a pesquisa “Crianças Digitais”, 49% das crianças brasileiras usaram um dispositivo eletrônico pela primeira vez antes dos seis anos de idade e 72% delas ganharam o próprio smartphone ou tablet antes de completar 10 anos, logo é comum elas estarem conectadas às redes como o Tiktok desde cedo.
São os pais que geralmente criam uma conta em seus nomes e autorizam os filhos a terem acesso ao app. Com a precocidade da juventude, o interesse da criança por essas tecnologias digitais pode parecer surgir antes do tempo, contudo, proibi-la de ter contato com essas ferramentas não é a melhor escolha a ser tomada. Acompanhá-los em suas atividades online e acima de tudo explicar com clareza os perigos a que estão expostas certamente surtirá mais efeitos positivos na criança do que a proibição. Se não acessam em casa, provavelmente acessarão no celular do amiguinho da escola e isso poderá ocasionar em resultados mais embaraçosos caso não haja a supervisão de um adulto. Por isso, impossibilitar que se conectem na expectativa de estar os protegendo, já não é mais uma alternativa tão válida.
Sabendo disto e querendo acompanhar sempre a filha durante os minutos conectada, Elaine Cristina Pereira de Carvalho, 29, criou uma conta em seu nome na plataforma para que sua primogênita possa se divertir desde que seja supervisionado tudo o que é gravado e assistido. A mãe conta que no início Maria Eduarda Pereira de Carvalho de apenas 7 anos era muito viciada no aplicativo chegando a passar o dia inteiro assistindo os vídeos. Quando Cristina Pereira percebeu o excesso começou a limitar o tempo de uso e a impor condições:
“Os dias que ela não tem escola eu falo a ela que é meio como sua folga da semana, porém, ela deve acordar cedo e fazer suas obrigações como secar a louça, cuidar de sua cachorrinha e arrumar a cama dela, isso tudo durante o dia. Quando é de noite ela assiste, mas só depois que ela faz todas as obrigações. (...) Aqui em casa tem dia e hora para tudo”, conta.
Duda, como carinhosamente é chamada por familiares e amigos, é simplesmente apaixonada pelo aplicativo. A brasileirinha é tão fã da plataforma que como tema de aniversário de 7 anos escolheu justamente o TikTok.

Ela conta que o que mais gosta é de gravar vídeos dançando pois adora dançar. Além disto, ela afirma que também gosta muito de vídeos explicativos que frequentemente assiste e em que aprende desde a fazer “continhas” de matemática até a produzir roupas de bonecas. No entanto, sabe que só pode brincar no aplicativo após ter cumprido suas obrigações e sabendo que há um determinado período de tempo para mergulhar no TikTok conforme sua mãe Elaine Cristina impõe.
SUPERVISÃO DOS PAIS
Para a psicóloga e pesquisadora Andrea Jotta, do Laboratório de Estudos de Psicologia e Tecnologias da Informação e Comunicação, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), é importante auxiliar a criança no uso e procurar saber o que ela faz na rede e com quem interage. Comunicação com estranhos, conteúdos inapropriados e desafios perigosos que alguns usuários propõem aos demais, são alguns dos fatores nos quais os responsáveis devem ficar em alerta. Por serem crianças e não terem conhecimento dos perigos que os cercam, elas facilmente podem se deixar levar pelo momento e a supervisão dos pais acompanhando cada passo que dão - durante o tempo que passam no aplicativo - é um fator determinante para que a meninada não caia nas armadilhas que as redes oferecem.
Para tanto, a plataforma TikTok oferece aos pais a ferramenta de “Controle Parental” que permite que os responsáveis tenham acesso aos tipos de conteúdo que a criança consome enquanto utiliza o aplicativo. Além disso, também há a opção da “Sincronização Familiar” que oferece a possibilidade de sincronizarem a conta dos filhos com a sua e assim também acompanhar o que é assistido por eles. Com esses recursos, os pais podem desde gerenciar o tempo de tela que os pequenos gastam expostos na plataforma, até utilizarem o “Modo restrito” para censurar conteúdos que considerem inadequados para a faixa etária da criança.
A mãe da Maria Eduarda sabe usufruir bem dessas ferramentas que o aplicativo disponibiliza aos pais e especialmente entende a importância que tem a sua supervisão como responsável: “Eu vejo tudo, não é toda música que eu a deixo dançar, quando eu vejo uma música que tem muito palavrão eu denuncio e tem muita coisa que ela segue então no outro dia, antes de trabalhar, eu reviso tudo. (...) Às vezes aparecem vídeos de crianças malcriadas ensinando a fazer birras, ensinando o que não deve... eu corto, eu denuncio, eu bloqueio”, afirma a mãe.
CUIDADO NUNCA É DEMAIS
O TikTok, não diferente das outras redes sociais, também pode mexer com a auto-estima de qualquer usuário, inclusive com o da criança. Uma das principais expectativas que a plataforma induz é de ganhar constantemente mais seguidores. Quando isso não acontece, a criança pode imaginar que não consegue atingir tal meta por acreditar não ser tão bonita ou desinibida quanto outra criança. Devido a isso, é de extrema importância que os pais acompanhem as atividades dos filhos nesses espaços virtuais e reforcem que a intenção de gravar vídeos e interagir é apenas para se divertirem e que comparações não precisam ser feitas.
Em razão do que foi visto, é provado, e novamente reforçado, que a proibição não é o caminho mais indicado. Acompanhar os filhos durante o tempo logado na web, orientá-los buscando proteger (e ao mesmo tempo ensinar) e principalmente saber impor limites a eles, são bons recursos para serem colocados em prática de início. Saber criar um verdadeiro laço de confiança com a criança através de uma boa comunicação, fará com que ela, além de crescer ciente dos perigos que a rodeia, saiba como lidar com situações incômodas e principalmente a quem deve recorrer em casos assim. Compreender desde cedo que pode contar com seus pais e principalmente confiar neles, para uma criança que ainda está em desenvolvimento, já é um progresso e tanto.
Por Laura Mariano
Com a “desmaterialização” da escola, decorrente do isolamento social devido à pandemia, alunos e professores passaram a conviver num novo espaço de aprendizagem, mediado por telas. Para eles, o novo repertório passou a ser as lives, Zoom, Teams, Google Meet, Moodle, aulas remotas, síncronas e assíncronas, estudo em casa e portais na Internet. A Covid-19 levou escolas públicas e privadas a tentarem solucionar, hoje, questões que estavam sendo debatidas há anos, como a utilização de tecnologias da informação poderia auxiliar no aprendizado.

(Foto: Divulgação)
As tecnologias digitais tornaram-se imprescindíveis, tanto na gestão escolar, quanto no processo de aprendizagem e de avaliação. Para Édison Trombeta de Oliveira, doutor em Educação pela USP, a tecnologia certamente tem potencial para democratização da educação. “Com o uso da tecnologia, uma pessoa de um local afastado consegue ter acesso aos mesmos conhecimentos - e eventualmente à mesma formação, mesmo diploma - de uma pessoa que está localizada nos grandes centros. [...] As videoaulas produzidas por uma rede estadual de ensino básico podem ser acessadas por pessoas de outros estados etc. Mas, como eu disse, a tecnologia tem potencial para democratizar a educação, e não a democratiza automaticamente. A principal questão é: a tecnologia está democratizada?”, questiona.
No Rio de Janeiro (RJ), por exemplo, embora 80% dos estudantes tenham acesso fácil à rede, o governo estadual doou “chips” de celulares a todos os alunos e professores visando ampliar a possibilidade de acesso à Internet. Além disso, firmou parceria com uma TV aberta para a transmissão de duas horas diárias de aulas.
Assim como no RJ, o Governo de São Paulo lançou o Centro de Mídias da Educação de SP, uma plataforma que permite que os estudantes da rede estadual tenham acesso gratuitamente a aulas ao vivo, videoaulas e outros conteúdos pedagógicos durante o período do isolamento social. A plataforma tem capacidade para atender os 3,5 milhões de alunos da rede pública. Além da ferramenta, a TV Cultura transmite as aulas por meio do Canal digital 2.3.
Outra iniciativa da Secretaria da Educação de SP foi distribuir kits com materiais impressos contendo fascículos de Matemática e Língua Portuguesa, quadrinhos da Turma da Mônica, livros paradidáticos e manual de orientações às famílias com informações sobre como estudar em casa no período de suspensão das aulas presenciais.
Na Paraíba, em que apenas 27% dos alunos possuem computadores em casa e 63% têm acesso ao celular, foi preciso criar mais soluções para garantir o ensino: plataforma educacional, templates, aulas via TV aberta e até o tradicional uso de material impresso e roteiros de estudo para estudantes e professores.
Apesar das iniciativas públicas, ainda existe uma grande dificuldade acerca do assunto: o isolamento dos docentes e estudantes. As ações mais evidentes seriam as que envolvem o uso de vídeo e atividades síncronas. Sempre que possível, fazer reuniões ou aulas com câmera aberta aproxima mais do que deixar apenas a foto estática.
"Agora, como fazer com que essa aproximação ocorra onde não há essa conexão com a internet de qualidade? Mais uma vez, a desigualdade bate à porta... Me lembro de ter visto, nas redes sociais, uma tarefa de uma aluno dizendo que não havia feito direito porque nenhum familiar pôde fazer com ela; e a professora respondeu, com todo carinho, que elas fariam juntas quando voltassem presencialmente. Essa professora, com certeza, fez seu melhor nas condições dadas para diminuir o isolamento dessa aluna. Mas a questão estrutural não ajuda”, afirma Édison.
Regina Nunes é professora da rede municipal de educação infantil na cidade de Votorantim, interior de São Paulo, e segue as normas da Base Nacional Comum Curricular que prioriza o “brincar e interagir” na fase preambular da educação, sendo assim, ensinar por meio de telas não foi tão benéfico quanto a vivência presencial e foi preciso adaptar-se ao “novo normal”.
"Nós oferecíamos contato indireto, através do Google Meet. Eu tive que aprender a mexer na plataforma para dar as minhas aulas, e assim eles passaram a me conhecer, ver como eu sou, como eu falo, mas não houve a interação direta, por isso não houve tanto benefícios para educação infantil, porque o eixo norteador da educação infantil é o ‘brincar e o interagir’”, conta a professora.
A estruturação da rotina dentro da sala de aula é muito importante nos anos iniciais da escola. A falta dessa interação social abre uma lacuna na alfabetização das crianças que, por conta da crise sanitária, foram impossibilitadas de frequentar esse ambiente. “A gente propunha nas aulas atividades de brincadeiras, de jogos, mas o contato na sala de aula, onde eles se vêem, riem, trocam ideias, não foi possível, isso foi muito negativo [...], queimou uma fase, as crianças ficaram com um ‘buraco’, porque eles não tiveram acesso ao parque, à Educação Física, momento do lanche e de ouvir a história”, argumenta Regina.
A desigualdade social existente no ensino presencial permaneceu no ensino remoto, por isso até mesmo o conceito de meritocracia precisa ser revisitado. Os estudantes com condições financeiras melhores, continuaram a ter mais oportunidades, inclusive melhor Internet para estudar, enquanto os demais seguem sendo prejudicados, principalmente pela falta de infraestrutura. “Não é uma questão de ter ou não ter tecnologia no ensino, é uma questão de desigualdade educacional”, afirma Trombeta.
Todos os modelos de ensino possuem desafios, o que não seria diferente com a utilização do Ensino à Distância. Apesar de haver um crescimento exponencial de alunos que procuram cursos de graduação do EaD, segundo dados do INEP 2018, nos anos de 2008 e 2018, tiveram um aumento de 182,5%, enquanto os cursos de graduação presencial obtiveram apenas um aumento de 25,9% nesse mesmo período. O que determina um crescimento na participação em torno de 24,3% do total de matrículas.
Ainda assim, aula remoao não é algo tão eficiente nos anos escolares. Para Regina, o ensino dessa forma deixou muito a desejar. Era preciso se reinventar a todo momento, para poder atender ao mínimo que os docentes conseguiam oferecer aos alunos. Educar via telas é uma iniciativa muito difícil, especialmente no início do ciclo escolar.
"Acredito que um grande legado seja ‘quebrar a resistência’ daqueles que, mesmo desconhecendo o assunto, eram contrários [ao ensino à distância]. Mais do que isso: mais importante de tudo é perceber a importância do docente, da escola, da comunidade. Não existe uma tecnologia que resolva um problema da educação. Há tecnologias que podem ser adotadas pelos docentes ou pela comunidade escolar para, com determinada intencionalidade educacional, apoiar a ação didática. Mas o centro disso tudo é a relação professor - aluno, e jamais a tecnologia em si”, finaliza Édison Trombeta.
Com usinas hidrelétricas sendo possivelmente desativadas por conta da seca, o Brasil passa atualmente por uma das maiores crises hídricas dos últimos tempos, podendo acarretar apagões de energia no País. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), as duas maiores usinas das regiões Sudeste e Centro-Oeste, a Ilha Solteira, a maior do estado de São Paulo, e a Três Irmãos, têm apenas 1,45% e 5% de água respectivamente. O que preocupa, uma vez que a ONS diz que é preciso ter atenção a uma operação funcionando abaixo dos 10%.
Um dos principais fatores para isso são os largos períodos de seca recentes que deixam os registros de chuvas para a geração de energia no País como o pior em 91 anos. E de acordo com a relação divulgada pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a previsão de chuvas para a primavera não é animadora.
Conforme ilustra o Prognóstico Climático da Primavera 2021, a região Sul irá provavelmente continuar com chuvas abaixo da média histórica no período, quando deveria começar a estação chuvosa para recuperar os reservatórios. Com tudo isso as contas a pagar do brasileiro tendem a aumentar, principalmente por conta da dependência do Brasil em relação às hidroelétricas, uma vez que o País tem 63% de sua matriz elétrica originada dessa fonte de energia. Sendo assim, com a falta de uso das bacias e seus rios é preciso usar mais da energia proveniente das usinas termelétricas que são muito mais caras e poluentes.

Clarice Ferraz professora de economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisadora associada do grupo de Economia da Energia do Instituto de Economia da UFRJ não acha que o problema é ter um grande percentual de hidrelétricas, mas sim não prestar atenção no que está acontecendo com os rios, padrões de chuvas e continuar colocando fontes que sejam mais poluentes e que não colaborem com a transição energética.
“Dado que se há muitas hidroelétricas com reservatórios, para remediar essa crise deveriam [o governo] pensar em como reduzir o consumo promovendo programas de eficiência energética, com estímulos verdadeiros à indústria, com trocas de equipamentos e sabendo consumir o recurso com o máximo de aproveitamento", avalia.
O governo, por exemplo, estabeleceu no início de setembro o valor da bandeira tarifária de conta de luz vermelha, patamar 2, em mais de 50% com a criação de uma nova bandeira chamada de bandeira de escassez hídrica - O sistema de bandeiras indica quanto será cobrado pela luz (na bandeira verde, em cenários favoráveis, não há acréscimo). Se houver dificuldades, o País entra nas modalidades amarela e vermelha. Portanto, na bandeira vermelha, patamar 2, o valor que era de R$ 9,49 por 100 kilowatt-hora (KWh) agora passa a ser de R$ 14,20 para cada 100 KWh.
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, garantiu durante coletiva de anúncio das novas medidas que elas são suficientes para garantir a oferta. "Nós trabalhamos para ter a oferta suficiente para a demanda de todas as unidades consumidoras no País. Estamos presenciando a maior seca que o país, o Brasil, já passou. E isso com reflexos na capacidade dos nossos reservatórios das usinas hidroelétricas", argumentou.
Por Tomás Furtado dos Santos
A indústria da alimentação no Brasil sempre seguiu um padrão preocupante, similar ao de outros países desenvolvidos e em desenvolvimento, com empresas de "fast food" se tornando um dos principais focos de nutrição para a população, tanto pela questão de preço como acessibilidade. No entanto, mesmo com o seu consumo em larga escala, muitos desses alimentos podem ser prejudiciais à saúde, seja a curto ou longo prazo.
Desde 2020, os gastos em aplicativos aumentaram em 149%, chegando a 187% quando comparado com março, no começo da pandemia. As tendências da indústria devem crescer, com um percentual maior da clientela acostumados ao novo estilo de vida.
A obesidade no Brasil esteve acima da média mundial faz mais de uma década e a pandemia contribuiu para o processo, agravando os riscos dessas pessoas para doenças cardiovasculares, diabetes, tumores cancerígenos e o próprio coronavírus junto com as sequelas sofridas por seus pacientes. Também não cria polêmica lembrar que os aditivos, químicos gordura trans geralmente presentes nessas embalagens tendem a ser muito maiores do que se você produzir o mesmo alimento com os ingredientes comprados em supermercado.
Muitas pessoas não sabem, mas é mais comum do que parece ter diferentes franquias de restaurantes ter os seus alimentos preparados no mesmo lugar. As "Dark kitchens" são uma nova tendencia no serviço de entregas no Brasil, onde grandes cozinhas são construídas e alugadas por diferentes donos de restaurantes. O objetivo é ter células espalhadas ao redor da cidade ao qual motoristas podem entregar o pedido mais rapidamente. Embora o mercado tenha crescido mais de 53% apenas no Brasil, ela apresenta algumas inconveniências indesejadas, como o risco de contágio entre diferentes equipes ou do manuseio incorreto de alimentos quando lidando com alergias de clientes.
Em uma pesquisa realizada em mídias sociais revelou que a maioria dos entrevistados que pede "take out" geralmente leva em consideração três principais informações quando pedindo uma refeição, o custo, o tempo de entrega e os tamanhos das porções, com menos de 10% levando em considerando tópicos como carga calórica .Em respostas mais aprofundadas, era comum encontrar variantes de "A gente só quer chegar em casa e ter um prato pronto para comer."
Geralmente a maioria das preferências pelos pedidos são massas e salgados, comidas de bar, esfirras, coxinhas, pratos de pizza, conteúdos altamente carregados de sódio e de calorias, geralmente acompanhados por refrigerantes e energéticos. "É muito difícil conseguir se livrar desses vícios, especialmente durante os períodos formativos da infância e adolescência."
Serviços alternativos mais saudáveis como "Hellofresh" que entregam porções de ingredientes frescos junto com a receita para produzir o prato e são considerados produtos mais saudáveis e de maior qualidade estão em operação mas vem com uma série de desvantagens para florescerem no mercado brasileiro. Os principais problemas sendo a inacessibilidade desses produtos, com lojas presentes apenas em algumas cidade no país, os custos desses pedidos e o tempo necessário para o preparo, que para muitos remove a parte de "rapidez" e "praticidade" do serviço delivery.
Com esses dados obtidos, surge a preocupação de uma tendência que vem se tornando cada vez mais recente, do tratamento da saúde, nesse caso a saúde alimentícia, como uma comodidade ao invés de um direito. Apresentando um potencial risco para a saúde de jovens e adultos que podem ter um aumento de sequelas e doenças cardíaca até mesmo após o término da pandemia.