Em São Paulo, a rotina de um motorista de aplicativo revela como o trabalho passou a ser guiado por notificações, cansaço digital e um cotidiano moldado pelo brilho constante do celular
por
Carolina Hernandez
|
24/11/2025 - 12h

 

Por Carolina Hernandez 

O celular vibra antes que qualquer clarão toque os prédios da Mooca, e essa vibração curta, metálica e insistente desperta Jonas de um sono leve, como se fosse uma convocação, um chamado que não permite adiamentos. Ele estende a mão ainda no escuro, alcança o aparelho, observa a luz que se espalha pelo quarto e lê a notificação do aplicativo que já anuncia alta demanda, fluxo intenso, oportunidade. Nos últimos anos, aprendeu a acordar assim, preso ao brilho do celular antes mesmo de sentir o chão frio sob os pés. O trabalho começa na tela, e não na rua.

No carro, um sedan prata que carrega o desgaste dos dias longos, Jonas encaixa o celular no suporte. O gesto é tão automático que parece parte do ritual de ligar o motor, como se o carro só funcionasse plenamente depois que o aplicativo estivesse ativo. A tela mostra a cidade em azul e amarelo, um mapa vivo onde cada área fervilha com informações que determinam para onde ele deve ir, quanto irá ganhar, quanto tempo deve esperar. O aplicativo calcula rotas, horários, riscos e recompensas, e Jonas respira fundo antes de seguir, como quem aceita que o destino do dia será guiado por aquele retângulo luminoso.

A primeira corrida aparece em menos de quinze segundos. Ele aceita. O carro avança devagar pelas ruas que ainda não despertaram, e Jonas observa o céu sem forma, as luzes dos postes refletidas no capô, o reflexo da tela pressionando seus olhos desde a madrugada. Logo, o trânsito cresce, e a cidade parece surgir inteira de dentro dos celulares dos próprios motoristas, porque ninguém conduz apenas pelas ruas, todos conduzem pelos mapas, pelas notificações, pelas coordenadas enviadas de longe.

A dependência da tela dita o ritmo. Jonas percebe isso a cada minuto. Ignorar uma notificação pode significar perder corridas, perder pontos, perder visibilidade diante do algoritmo. Ele sabe que o sistema registra cada movimento, cada segundo parado, cada mudança de rota, cada hesitação. Uma espécie de patrão silencioso observa sua velocidade, suas notas, seus cancelamentos, suas escolhas. Não há voz, não há rosto, mas há controle. Ele comenta que antes achava que dirigia para pessoas, e hoje sente que dirige para um conjunto de cálculos invisíveis.

O cansaço começa sempre pelos olhos. A luz azulada se infiltra pelas pálpebras como um grão de areia persistente. Mesmo nos poucos minutos de pausa, ele sente o celular vibrar no bolso, chamando de volta, lembrando que há demandas próximas. A Pesquisa TIC Domicílios mostra que o celular tornou-se o principal dispositivo de acesso à internet para a maioria dos brasileiros, mas, para motoristas de aplicativo, é mais que isso, é ferramenta, ponte, segurança, salário e vigilância. Jonas passa mais tempo olhando para a tela do que para qualquer rosto durante o dia.

Os passageiros entram no carro sempre com pressa, sempre conectados a outra conversa que não está ali. Há estudantes que assistem aulas no banco traseiro, executivos que participam de reuniões por vídeo, mães que equilibram sacolas e chamadas, jovens que respondem mensagens durante trajetos de poucas quadras. O carro se transforma em cápsula de passagens breves, onde cada um leva sua própria tela, e Jonas conduz tantas luzes simultâneas que, às vezes, o interior do carro parece mais iluminado durante a noite do que durante o dia.

Ele já ouviu histórias que não estavam destinadas a ele, conversas que vazavam das telas para o espaço do carro, lágrimas silenciosas de quem lia mensagens difíceis, risadas altas de grupos que relembravam memórias por vídeos compartilhados. Jonas sempre percebe que as pessoas falam menos com ele e mais com seus celulares, que olham menos pela janela e mais para notificações. Nos raros momentos de silêncio, apenas as telas respiram, emitindo luzes diferentes em intervalos variados.

No fim da tarde, quando o corpo já pesa, o aplicativo avisa aumento de demanda. Jonas pensa em parar, mas o aviso insiste, promete ganhos extras, sinaliza movimento crescente. Ele encosta em um posto para comprar um café, tenta alongar as costas, tenta piscar devagar para aliviar a ardência nos olhos. O celular vibra antes da primeira golada. Ele volta para o volante. Recusar seria uma escolha, mas uma escolha com consequências. Descanso e trabalho, na lógica do aplicativo, nunca estão em equilíbrio.

A madrugada avança e a cidade se torna uma paisagem de luzes espaçadas, com corredores vazios e poucos ruídos. Jonas leva um jovem que saiu do trabalho no shopping, e o rapaz passa o trajeto inteiro olhando para o celular enquanto mensagens surgem em sequência. Jonas também observa o seu próprio aparelho, que marca a rota até o destino. O carro segue pelas avenidas escuras com apenas as duas telas iluminando o interior, criando um silêncio que parece suspenso no ar.

Quando chega em casa, Jonas desliga o carro, depois o aplicativo, e por fim o celular, que insiste em vibrar com atualizações e resumos do dia. A sala escura o acolhe em um silêncio que chega a parecer estranho, como se o mundo tivesse diminuído de volume. Ele se recosta no sofá e sente o peso acumulado do dia, não apenas o peso físico, mas o peso da luz constante, da atenção exigida, da vigilância permanente que o acompanha desde o amanhecer. O corpo quer descanso, mas a mente ainda repassa rotas, mensagens, barulhos de notificação que permanecem mesmo após a tela apagar.

Amanhã, muito antes de a luz do sol tocar a janela, o celular irá vibrar novamente, e Jonas atenderá, não por escolha, mas por necessidade. Ainda assim, enquanto respira profundamente, sente uma dúvida surgir devagar, como quem desperta de um sonho longo. Ele se pergunta se ainda guia o carro, se ainda conduz o trajeto, ou se apenas segue o ritmo imposto pela tela que nunca dorme. E essa pergunta, ele sabe, continuará voltando. Porque, na madrugada das grandes cidades, o trabalho e a vida estão cada vez mais presos ao mesmo brilho.

Com o avanço do sistema de pedágio eletrônico nas rodovias paulistas, motoristas vivem a combinação entre fluidez no trânsito e incertezas sobre tarifas, prazos e adaptação ao novo modelo.
por
Inaiá Misnerovicz
|
25/11/2025 - 12h

Por Inaiá Misnerovicz

 

Dirigir pelas rodovias da Grande São Paulo já não é mais como antes. Com a chegada do sistema free-flow - o pedágio eletrônico sem cancelas -, muitos motoristas sentem que atravessam uma fronteira invisível: não há mais a cancela para frear o carro, mas também não há a certeza imediata de quanto vão pagar. Para Jerônimo, motorista de carro, morador da zona leste de São Paulo que faz quase todos os dias o trajeto até Guararema a trabalho, essa sensação de fluxo e incerteza convive em cada viagem.

Antes da implantação do free-flow, Jerônimo parava em praças de pedágio, esperava, conferia o valor, calculava se valia a pena seguir por um trecho ou desviar. Hoje, ao cruzar os pórticos da Via Dutra ou de outras rodovias, ele simplesmente segue adiante. Só depois, no no aplicativo, descobre quanto foi cobrado, isso quando ele lembra de conferir a fatura. Para quem tem TAG, o débito cai automaticamente, mas para quem não tem, o sistema registra a placa e envia a cobrança que deve ser paga em até 30 dias, sob pena de multa, como prevê a regulamentação da CCR RioSP.

Esse modelo evita paradas e acelera o tráfego, especialmente nas pistas expressas. Segundo a concessionária Motiva/RioSP, quem trafega pelas marginais da Via Dutra (sem acessar a via expressa) não é tarifado. Mas Jerônimo ressalta que essa economia de tempo nem sempre vem acompanhada de previsibilidade de custo: “só sabendo depois quanto foi cobrado, ainda dependo de consultar o site para ver se registrou todas as passagens”, ele diz. A tarifa depende do horário e do dia da semana, pode variar, e para quem usa TAG há desconto de 5%. 

Para tornar essa transição mais suave, a RioSP intensificou ações de orientação nas margens da rodovia e em pontos públicos de Guarulhos. Na capital, promotores usam realidade virtual para explicar como os pórticos funcionam, há vídeos e atendimentos nos postos de serviço. Mais de 500 pessoas já participaram de eventos para esclarecer dúvidas sobre o funcionamento, formas de pagamento e salto entre pistas expressas e marginais.

As novas tarifas também entraram em vigor recentemente: desde 1º de setembro de 2025, os valores para veículos leves nas praças da Via Dutra foram reajustados pela ANTT, e nos pórticos do free-flow os preços também foram atualizados. No caso das rodovias geridas pela Concessionária Novo Litoral - especificamente a SP-088 (Mogi-Dutra), SP-098 (Mogi-Bertioga) e SP-055 (Padre Manoel da Nóbrega) - os valores por pórtico variam de R$ 0,57 a R$ 6,95 para veículos de passeio, dependendo do trecho.

Essa lógica de cobrança por trecho, sem a presença física de praças, exige do motorista algo além de atenção na pista: exige educação para se entender onde entrou, onde passou e quanto isso custou. Para Jerônimo, isso é mais difícil do que simplesmente parar e pagar. Ele admite que, apesar da melhoria no fluxo, teme que algum pórtico não tenha sido registrado, ou que haja diferença entre o que ele acredita ter passado e o que vai aparecer na fatura.

Além disso, há risco real para quem não paga no prazo. A CCR RioSP adverte que a não quitação da tarifa em até 30 dias configura evasão de pedágio, o que pode gerar infração de trânsito, multa fixada e até pontos na carteira. Para muitos, essa penalidade ainda parece pesada diante da novidade e da complexidade do sistema.

Por outro lado, o free-flow traz ganhos concretos para a mobilidade: ao eliminar paradas bruscas nas praças, reduz o risco de acidentes por frenagem repentina e melhora o desempenho das rodovias. A tecnologia permite modernizar a gestão do tráfego, e os pórticos com sensores garantem identificação precisa por TAG ou leitura de placa. Ainda assim, a transformação não se resume à pista. Ela repercute no cotidiano de quem vive dessa estrada, como Jerônimo, e também na forma como a concessionária se relaciona com os motoristas. A campanha de orientação mostra que há consciência de que nem todos se adaptarão imediatamente. As ações de atendimento por WhatsApp, aplicativo, site, totens e até no posto de serviço reforçam a aposta na transparência. 

Há também a perspectiva de que esse modelo se torne cada vez mais comum. Segundo planejamento de concessões futuras, mais pórticos free-flow poderão ser instalados nas rodovias paulistas até 2030, o que tornaria esse tipo de cobrança mais frequente para usuários regulares da malha estadual. Mas para que ele seja efetivamente equitativo, será preciso manter a educação viária, oferecer canais de pagamento amplos e garantir que os motoristas não sejam penalizados por simples falhas de entendimento.

Para Jerônimo, a estrada continua sendo um espaço de tensão e de liberdade. Ele ganha tempo, mas precisa vigiar sua fatura. Ele cruza Guararema, volta para São Paulo, e vive uma experiência nova: a de rodar e pagar depois, sem parar, mas sempre com a incerteza de que quanto passou pode não ser exatamente quanto será cobrado. A cancela desapareceu, mas o pedágio segue presente, só que disfarçado em números, e não em uma barreira física. 

Colunista Marcelo Leite revela que a área perde cada vez mais influência no país
por
Giovanna Britto
|
24/11/2025 - 12h

 

Durante a pandemia de Covid-19, o Brasil se reinventou em assuntos a respeito de hábitos higiênicos, debates sobre saúde mental e destacou a importância do jornalismo científico, área  responsável por comunicar à população a respeito das vacinas, o avanço ao combate do vírus e outros assuntos de saúde pública. Entretanto, três anos após o fim do estado emergencial causado pela pandemia, a falta de adesão do público à ciência tem ameaçado o trabalho dos jornalistas desse segmento.

Entre 2020 e 2022, os profissionais da mídia foram expostos ao desafio de comunicar a incerteza científica, traduzir termos e conscientizar a sociedade sobre a pandemia. Muitos jornalistas já eram especializados na área, outros aprenderam a falar sobre ciência devido a alta demanda de notícias para divulgar. A pandemia serviu como ponto de virada para o jornalismo científico - que já existia no Brasil, mas ganhou repercussão graças à necessidade de dar foco ao assunto que ditou o estilo de vida de um mundo inteiro.

Nomes como Atila Iamarino, Natália Pasternak e Álvaro Pereira Júnior se destacaram como grandes vozes da divulgação do jornalismo de ciência. Em entrevista à AGEMT, Marcelo Leite, jornalista e colunista da Folha de São Paulo especializado na área de ciência e ambiente, comenta sobre esse período: “Nunca se valorizou tanto do ponto de vista de espaço, de tempo, de audiência, a divulgação de informações científicas de base para entender o que estava acontecendo.” Hoje, o espaço de fala e a repercussão em temas científicos são menores, uma vez que as pessoas estão cada vez menos interessadas em saber de que forma isso implica em suas vidas pessoais.

Jornalista Marcelo Leite posando para câmera
Formado em jornalismo pela USP, Marcelo também atuou na Revista Piauí e é autor do livro “Psiconautas: Viagens com a Ciência Psicodélica Brasileira”. Foto: Divulgação/Unicamp.

 

Marcelo relembra que o jornalismo científico já sofria com ameaças à sua credibilidade, com falsos especialistas, médicos sem conduta ética e  com o presidente da época, Jair Bolsonaro, reproduzindo falas que levantavam mais dúvidas e ondas de ódio. “Foi um período terrível, e talvez a parte principal, que me deixa mais frustrado, é que o público se dividiu em dois. Uma parte passou  a desconsiderar as informações que a gente, do jornalismo científico, se esforçava por apresentar como informações objetivas, fundadas em dados, com a qualidade que se espera da ciência ", completa.

Na fase posterior à pandemia, após o declarado fim do período emergencial do coronavírus em 5 de maio de 2023, foi possível observar as consequências e heranças que a abundância de informações equivocadas, negacionistas e falsas deixaram na rede de informação, seja online ou offline. Os movimentos anti vacinas, impulsionados durante o Covid, emitiram um alerta para a Organização Mundial de Saúde. Dados divulgados pelo jornal Humanista da UFRGS evidenciam que a cobertura de vacinas contra poliomielite, HPV e sarampo estão em constante queda e sequer atingem a meta em lugares como Norte e Nordeste. 

No anuário de Vacinas de 2025 da Unicef, os dados indicam que até 14 de julho de 2025, a cobertura vacinal dos grupos prioritários permanecia abaixo da meta de 90%: crianças de seis meses a seis anos com 39,5%, idosos com 53,2% e gestantes com 29,8%, correspondendo a menos da metade do público-alvo.

A questão ambiental também é desconsiderada por muitas pessoas. Marcelo afirma que há muitos temas pelos quais o jornalismo científico lutou pelo progresso e que atualmente são banalizados. “se houve alguma dúvida no passado, há 20, 30 anos atrás, hoje não há mais nenhuma dúvida sobre os impactos que estão vindo e virão da mudança climática, cada vez mais sérios. Mas ainda tem gente que questiona.”

Recentemente, casos de metanol que alertaram a população em outubro deste ano, trouxeram uma onda de informações falsas que prejudicaram profissionais da área jornalística e médica, motivando o pronunciamento deles a respeito. Vídeos tentando realizar testes caseiros para identificar a presença da substância nas bebidas, sem comprovação científica, viralizaram nas redes sociais.

Essa situação se assemelha com as polêmicas envolvendo o uso da cloroquina na pandemia. Um levantamento realizado por pesquisadores do Centro de Estudos e Pesquisas de Direito Sanitário da USP (Cepedisa) em colaboração com a Conectas Direitos Humanos, mostra que, entre março de 2020 e janeiro de 2021 houve pelo menos quatro medidas federais promovendo diretamente ou facilitando a prescrição do medicamento. Jair Bolsonaro foi um dos maiores promotores da cloroquina na época e quem motivou o uso para a população. Apesar de ter sido associada no combate ao Covid, a cloroquina é um medicamento que atua contra doenças inflamatórias crônicas e no combate a parasitas e cuja eficácia de uso para o coronavírus não é comprovada.

O estudo que deu início a essa ideia foi inicialmente publicado na revista científica International Journal of Antimicrobial Agents e assinado por mais de 10 profissionais. Hoje, a editora da revista, Elsevier, anunciou a retratação deste artigo após uma pesquisa aprofundada, com o apoio de um “especialista imparcial que atua como consultor independente em ética editorial”.

Os profissionais continuam exercendo seu trabalho com excelência, alguns optando pela mídia tradicional, outros inovando nas redes através de vídeos curtos. Mas é inegável a forma com que o jornalismo científico perdeu a influência e como falta apoio em todas as áreas. “É muito triste, porque eu dediquei minha vida inteira ao jornalismo científico, para ver isso acontecer no fim da minha carreira” conclui o jornalista.

Após sete anos, evento volta ao calendário impulsionado pelo avanço dos carros eletrificados
por
Fábio Pinheiro
Vítor Nhoatto
|
22/11/2025 - 12h

O Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, um dos eventos mais tradicionais do setor automotivo brasileiro, está de volta após um hiato de sete anos. A edição de 2025 acontece entre os dias 22 e 30 de novembro, em um contexto de profundas transformações na indústria e impulsionada pela expansão de veículos eletrificados, entrada de novas marcas no país e a necessidade das montadoras de reconectar consumidores às experiências presenciais.

De acordo com a RX Eventos, organizadora da mostra bienal, a volta acontece em razão da reestruturação e aquecimento do mercado. A última edição havia sido realizada em 2018 e contou com cerca de 740 mil visitantes, mas devido a pandemia de COVID-19 o Salão de 2020 foi cancelado. Nos anos seguintes, a volta do evento ficou só na especulação. Segundo a Associação Nacional de Fabricantes Automotores (Anfavea), a pausa também pode ser atribuída à crise de matéria-prima, à retração econômica deste então e ao formato caro para as montadoras que estavam distantes do público.

Embora as duas últimas edições tenham sido no São Paulo Expo, esta acontece no Complexo do Anhembi, casa oficial do evento desde 1970. A mudança foi celebrada por expositores e pelo público, já que o Anhembi permite maior fluxo de visitantes, oferece áreas amplas para test-drive e atividades externas, recuperando a identidade histórica do salão. O retorno também faz parte da estratégia de reposicionar o evento como uma grande vitrine de experiências automotivas, com pistas, ativações e zonas imersivas distribuídas pelo pavilhão.

1
Renault anuncia o seu novo carro “Niagara” - Foto: Fábio Pinheiro

Entre as montadoras que vão expor, estão nomes de peso que apostam na ocasião para apresentar novidades ao consumidor brasileiro. A BYD leva ao Salão uma linha reforçada de elétricos e híbridos, aproveitando o crescimento expressivo da marca no Brasil, além de lançar no evento a marca de luxo do grupo, Denza. A rival chinesa GWM também estará presente, com o facelift do SUV H6, o jipe Tank 700 e a minivam Wey 09.

Em relação às marcas tradicionais, a Stellantis vai em peso para o Anhembi. A Fiat, apesar de não ter apresentado nenhum modelo novo, trará o Abarth 600, um SUV elétrico esportivo. A Peugeot terá os 208 e 2008 eletrificados e, principalmente, o lançamento da nova geração do 3008 para o mercado nacional, equipado com o tradicional motor THP. 

Enquanto isso, a Toyota investe na divulgação de novidades híbridas flex, com a chegada do Yaris Cross para brigar com o recém-lançado HR-V, e os líderes Hyundai Creta e Chevrolet Tracker. Juntas, as marcas representam parte do movimento de transformação do mercado brasileiro, que tem apostado cada vez mais na eletrificação e em tecnologias avançadas para rivalizar com a expansão chinesa.

O Salão 2025 também será palco de novas marcas como a Leapmotor, parte do grupo Stellantis. O SUV C10 será o primeiro modelo a chegar às ruas, ainda neste ano, e conta com a versão elétrica (R$189.990) e com extensor de autonomia (R$199.990). O segundo modelo será e o C-SUV elétrico B10, por R$172.990, 60 mil a menos que o rival BYD Yuan Plus, e mais recheado de tecnologia, como teto panorâmico, nível 2 de condução semi autônoma, câmera de monitoramento do motorista e airbag central.

2
Presidente da Stellantis para a América do Sul, Herlander Zola, anunciou os planos para o grupo - Foto: Stellantis / Divulgação

Já a britânica MG Motor, propriedade da chinesa SAIC, investirá em esportividade elétrica, além de custo-benefício. O modelo de maior volume de vendas deve ser o SUV S5, rival de Yaun Plus, e igualmente equipado ao B10. Em seguida, o MG 4 chega para rivalizar com Golf GTI e Corolla GR, com mais de 400 cavalos, tração integral, pacote de ADAS completo, e pela metade do preço dos rivais. Por fim, o Roadster será o chamariz de atenção no estande, com portas de lamborghini e em homenagem à tradição da marca. 

O grupo CAOA também fará a estreia da nova marca que trará ao Brasil a Changan, com a chegada prevista para 2026 com os modelos de super-luxo elétricos Avatr 11 e 12, além do SUV UNI-T, rival do Compass e Corolla Cross. 

O pavilhão do Anhembi contará com pistas de test-drive, áreas dedicadas a modelos clássicos como o McLaren de Senna, e até mesmo uma área do CARDE Museu. No Dream Lounge estarão presentes super carros como Ferrari e Lamborghini, além da Racing Game Zone para os amantes de videogame e simuladores de corrida. 

3
Área externa do Anhembi terá pista de slalom, frenagem e test-drive de dezenas de modelos - Foto: Salão do Automóvel / Divulgação

Apesar da ausência de marcas como Chevrolet, Ford, Mercedes, Volvo e Volkswagen, 2520 montadoras estarão presentes, incluindo Chery, Hyundai, Mitsubishi e Renault. O Salão espera receber cerca de 700 mil visitantes e a edição 2027 já está confirmada. Os ingressos custam a partir de R$63 (meia-entrada) nos dias de semana.

Projeto aprovado pelo Congresso libera R$ 22 milhões do Fundo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT)
por
Helena Barra
|
17/11/2025 - 12h

Por Helena Barra

 

No dia 4 de agosto de 2025, o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou o Projeto de Lei 847/2025. O plano, aprovado pelo Congresso brasileiro, regulamenta o uso dos recursos do Fundo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), liberando o valor de R$ 22 bilhões para investimentos nas áreas da ciência e tecnologia.  O FNDCT é o principal instrumento de financiamento público da ciência, tecnologia e inovação no Brasil. Ele apoia pesquisas científicas, a formação de recursos humanos qualificados, a inovação tecnológica nas empresas, a infraestrutura de pesquisa e o desenvolvimento de projetos estratégicos nacionais.

A professora de economia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Norma Cristina Brasil Casseb, explica que fundos como o FNDCT possuem legislação própria. No caso do FNDCT, segundo dados da FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), os recursos são provenientes de diversas fontes. A composição deles evidencia o importante papel do Estado tanto no direcionamento de incentivos diretos do orçamento público e do tesouro, quanto na garantia de que parte dos lucros obtidos pelas empresas do setor detentor e gerador de tecnologia retorne para a sociedade e permita que ela se desenvolva de forma mais igualitária.

Nas redes sociais, o presidente Lula, afirmou que a medida visa fortalecer a base industrial brasileira. “Com essa medida, vamos fortalecer a inovação nas seis missões da Nova Indústria Brasil e nas Instituições Científicas e Tecnológicas, levando infraestrutura, redes de pesquisa e oportunidades para todos os territórios do país. Investir em pesquisa e inovação é investir no futuro do Brasil”, comentou na divulgação.  Além disso, o projeto também tem como objetivo estimular o emprego qualificado em pesquisa e desenvolvimento, de maneira a ampliar o número de doutores em empresas, startups, parques tecnológicos e instituições de ensino. 

Para Norma Casseb, em um país como o Brasil, com alta desigualdade social e elevada concentração de renda, a liberação deste recurso é importante, não só para a sociedade, mas como para a economia nacional. “Neste contexto, o investimento em tecnologia e inovação, combinado a uma estratégia voltada para a industrialização do país, tem uma alta capacidade de geração de empregos de qualidade especialmente no setor produtivo, permitindo elevação na renda da população e, por consequência, maior expansão econômica”, informa a doutoranda. 

Segundo a Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), representante das instituições financeiras de fomento habilitadas a operar os recursos do fundo, a nova lei marca uma mudança de postura em relação ao uso dos fundos públicos voltados à inovação. Ao garantir previsibilidade e autonomia na aplicação dos recursos, o Brasil se alinha a boas práticas internacionais de apoio à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico. 

Em entrevista à Agência Brasil, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, destacou que, apesar de o FNDCT ter sido criado em 1969, o fundo ganhou maior relevância nos governos do presidente Lula, inclusive no atual mandato. De acordo com o governo, nos últimos dois anos, os investimentos em ciência, tecnologia e inovação por meio do FNDCT aumentaram seis vezes. Saíram de R$ 2 bilhões, em 2021, para R$ 12 bilhões, em 2024. A previsão para 2025 é de cerca de R$ 14 bilhões.

A professora também reforça que o investimento em ciência e tecnologia é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento econômico e social de uma nação. Eles permitem adicionar valor agregado aos produtos brasileiros, além de elevar a produtividade e a competitividade da economia nacional, permitindo que sejam cada vez mais competitivos no comércio internacional.  Além disso, investimentos como o FNDCT podem tornar o País mais que um exportador de produtos de maior valor agregado, mas também um exportador de tecnologia para outros países, que muitas das vezes não possuem capacidade financeira ou de infraestrutura para desenvolverem suas próprias tecnologias.


 

 





 

A tecnologia virou uma aliada para as pessoas no período de isolamento social, no entanto, esta realidade não foi para todos
por
Ana Luiza Bessa
|
29/11/2021 - 12h

Por Ana Luiza Bessa

Há quase dois anos, a população lida com o medo da infecção pela Covid-19 e o impacto do distanciamento social na saúde mental. De acordo com o Mapa Brasileiro da Covid do portal Inloco, o Brasil chegou a ter 60% da população em isolamento social até abril do ano passado, sendo um dos maiores números registrados no País.

A distância e a necessária limitação social, principalmente no período pré-vacina, foram amenizadas por ferramentas tecnológicas disponíveis na Internet. Apesar de não serem exclusividades dos tempos atuais, recursos como as chamadas de vídeo se tornaram os principais meios de comunicação durante a pandemia, abrangendo desde os mais idosos até os mais jovens.

“Eu acho que nós estamos vivendo um momento muito difícil. Mas não só nós que estamos aqui. A saudade é grande, mas precisamos entender que tudo tem limites”. É o que diz Maria Inês*, paciente da casa de repouso Jardins de Hérmom, na Zona Sul de São Paulo. De acordo com o portal de assistência social do governo federal, mais de 88 idosos vivem em casas de repouso. Devido à saudade dos familiares, proibidos de realizarem visitas por conta da quarentena, a saúde mental desses pacientes - que já vivem isolados - começou a ser uma preocupação entre os especialistas.

“Hoje em dia, para suprir a falta dos familiares e fazer com que não haja uma brusca alteração na saúde mental dos pacientes, começamos a fazer mais festas para haver distração. Com músicas e com videochamadas, os familiares participam junto com a gente”, afirmou a enfermeira geriátrica Erika Machado em entrevista concedida para esta reportagem. Além das sessões com psicólogos e fisioterapeutas, a tecnologia foi essencial para reduzir a distância e a saudade entre familiares e pacientes e cuidar da saúde mental dos idosos.

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

O Projeto Doa Tempo, criado pela psicóloga Arielle Sagrillo, é outra iniciativa que usa a tecnologia para auxiliar no tratamento da saúde mental dos idosos. A plataforma permite que voluntários de todo o país possam doar seu tempo conversando com pacientes de casas de repouso através de videochamadas. Além do bate-papo, através do projeto é possível recitar poesia, contar histórias, tocar músicas e até dançar.

Mas não é só nas casas de repouso que as chamadas em vídeo são utilizadas pelos idosos. De acordo com um levantamento feito pela Integrar Gerações com 459 pessoas com mais de 50 anos, a participação de idosos em aulas on-line subiu de 22% para 53% na crise. Pós-pandemia, 45% dos entrevistados disseram que seguirão realizando as atividades de forma virtual.

No mundo universitário, jovens e adultos também têm utilizado os aplicativos de reuniões online para terem aulas à distância e apresentar seus trabalhos de conclusão de curso (TCC).

“Apesar de não ser o formato ideal para a apresentação de um trabalho tão importante e não ser acessível para toda a população, as videochamadas estão supriram as necessidades de garantir que os estudantes possam se formar mesmo em um momento tão complicado”, afirma o estudante de jornalismo da PUC-SP, Ulisses Lopresti.

A empresa Microsoft, dona da plataforma Microsoft Teams, registrou em um mês um aumento de 70% de usuários. Em março de 2020, no início da pandemia, as ações do aplicativo de videoconferência Zoom Video Communications passaram de US$ 120 para US$ 150 dólares, e a empresa chegou a atingir 200 milhões de usuários diários.

Segundo Eric Yuan, presidente do Zoom, o serviço foi usado por 90 mil escolas em 20 países diferentes. Porém, nem todos os alunos tiveram acesso às aulas online no Brasil, que foram impostas antes do país atingir um patamar de vacinação necessário para que as atividades presenciais voltassem com segurança.

De acordo com a pesquisa TIC Educação de 2019, apenas 16% dos alunos de escolas públicas e privadas declararam já ter participado de cursos online e somente 24% já haviam realizado simulados ou provas, o que pode indicar dificuldades no ambiente virtual de aprendizagem.

“No ensino à distância, o que eu mais senti de diferente foi que os professores, mesmo nos finais de semana, continuaram passando lição de casa. Se fosse na escola (presencial) não seria assim, pois eles têm outras formas de avaliar os alunos”, afirmou Sophia Pasternack, aluna do ensino médio na rede pública de São Paulo.

A estudante também indicou outras dificuldades na adaptação no ambiente virtual: “Não acompanhei as aulas online. Meus irmãos mais novos também estavam em casa. Na minha casa não tem condições de acompanhar todas as aulas”.

Mais um problema do Ensino à Distância pelas chamadas em vídeo é a desigualdade no acesso, situação notável entre escolas públicas e particulares. Ainda de acordo com a pesquisa da TIC Educação, 39% dos estudantes de escolas públicas urbanas não possuem computador ou tablets em casa. Já entre estudantes de particulares, o índice chega a somente 9%. 

Professores também sofreram com a falta de preparo prévio para a inserção no mundo digital: 53% dos entrevistados pela pesquisa disseram que a ausência de curso específico para o uso do computador e da Internet nas aulas dificulta muito o trabalho e para 26%, dificulta um pouco. A soma entre os docentes que indicaram alguma dificuldade chega a 79% dos entrevistados.

Alice de Oliveira, diretora da escola estadual Isaltino de Mello, afirmou que o maior desafio foi incluir toda a comunidade escolar:

“A gente percebe que é muito desigual o acesso dos professores e o nível de conhecimento na área de informática. Nunca tivemos uma informação sistematizada para acesso às ferramentas digitais. Temos problemas de falta de equipamentos, Internet... conseguimos incluir todos (professores) mas foi longe do ideal”, explica a docente.

A diretora também detalhou a situação dos alunos da escola durante o período de aulas online: “Sobre os alunos, estamos nessa luta pelo acesso e inclusão digital desde que as aulas retornaram. Não conseguimos incluir todos os alunos. Temos alunos que não tem celular, Internet, que perderam a possibilidade de pagar um plano de Internet por conta da crise. É muito desigual também”, finaliza.

Em 2020 satélites constataram mais de dois mil hectares desmatados ilegalmente
por
Ana Luiza Bessa
|
26/11/2021 - 12h

Por Ana Luiza Bessa

O Brasil está nos holofotes por conta do desmatamento de regiões florestais e de reservas ambientais há décadas. Nos últimos anos, o País tem batido recordes no número de queimadas ilegais e destruição do meio ambiente, principalmente no que diz respeito à Amazônia e ao Pantanal.

De acordo com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisa e Espaciais), por exemplo, até o ano passado foram desmatados 24.915 km² do Pantanal, correspondente a 16,5% do bioma. O número é equivalente a pouco mais de quatro vezes a área total de Brasília. Os índices de poluição nunca estiveram tão altos, na margem de 3.300%, o que prejudica não só a vida do bioma, mas também a dos moradores que vivem ao redor.  

Esses dados foram resultado de um dos eventos mais alarmantes causados por queimadas ilegais. Em outubro de 2020 o pantanal ficou por mais de 14 dias em chamas e há muitos motivos que ocasionaram a tragédia. Em 2020 houve uma enorme redução na umidade do ar e do solo da região, por isso o fogo se alastrou de forma muito intensa. Para acrescentar, o Pantanal é alvo de uma agropecuária extensiva, o que prejudica muito e deixa-o excessivamente seco.

Gráfico - Queimadas Pantanal

O Ministério Público do Mato Grosso do Sul realizou um levantamento indicando que 40% do desmatamento no Pantanal brasileiro aconteceu de forma ilegal. De acordo com a legislação brasileira, há algumas áreas especificas que há permissão para desmatar. A lei é exercida a partir do Decreto 14.273, que estabelece um regramento florestal para que haja a preservação do ecossistema pantaneiro na região.

 

 O decreto em questão determina que 50% da área das propriedades com vegetação arbórea e 40% de campo nativo sejam preservados, facultando aos proprietários rurais a venda ou permuta de áreas para suprir reservas legais inexistentes em propriedades de outras regiões, desde que sejam do mesmo bioma. Por mais que exista a regulamentação, o desmatamento ilegal ainda é muito frequente.

 

Com mestrado especializado em Geografia da Natureza, Maria Alice Oliva, explica o preocupante cenário das queimadas excessivas: “As queimadas resultam em uma perda de solo muito grande, muitos não fazem um manejo adequado do solo, e a parte perdida é a mais fértil, a superficial. O desmatamento provoca uma catástrofe ambiental, pois o solo exposto fica à mercê da chuva intensa e do calor intenso, então além da perda do solo se tem uma degradação do solo grande e rápida.”.

 

Com o intuito de conter o desmatamento ilegal, existe a fiscalização desses locais, que por sua vez não são eficientes. A fiscalização ambiental é um poder e dever do Estado, que tem como objetivo cumprir sua missão institucional de controle da poluição, dos recursos hídricos, florestais e detectar crimes ambientais.  

Os avanços tecnológicos podem ser os principais aliados para o combate do desmatamento ilegal e na fiscalização dessas regiões. Com a ajuda dos mapas de satélite, por exemplo, é possível detectar imagens com nitidez que aproxima o ambiente a uma distância de meio metro e permite que se compare a cobertura vegetal de uma área com registros anteriores. Só em 2020 constatou-se 2.214,31 hectares de desmatamento ilegal por imagens de satélite.

 

Imagem: NASA

Outro investimento tecnológico são os detectores de fumaça, que têm como objetivo criar sistemas que antecipem a detecção do fogo que estão em estágios iniciais. Há sensores capazes de identificar focos de fumaça, temperatura ambiente e umidade do solo. Eles realizarão a prevenção e o controle emitindo um alerta por mensagens aos órgãos competentes. O intuito é monitorar em tempo real as áreas de proteção ambiental contra queimadas.

Gerson Noberto é responsável pela inteligência de negócios da plataforma ARGOS, que trabalha com sensores que monitoram temperaturas, umidade, vibração, ruídos, para que seja feito uma análise comportamental de animais. Ele diz que esse formato antigo de gerenciar a natureza já mudou e que não é preciso ficar à mercê de um único satélite, pois estão investidos em recursos de drones (que transmitem imagens ao vivo) e recursos de inteligência artificial (que processam análises).  

Embora haja uma série de opções tecnológicas de monitoramento ambiental é preciso que os órgãos de estudo estejam abertos a esta tecnologia. Caso contrário, a persistência em um formato mais caro e menos eficiente continuará e os problemas ambientais não serão solucionados com sucesso.  

Em 2020 a tecnologia chegou no Brasil devido a série de problemas ambientais, com a intenção de baratear o custo das operações e para viabilizar uma variedade muito grande de análises que podem ser feitas de forma objetiva. Há muitos pesquisadores espalhados pelo país para compartilhar dados e buscar por melhorias no setor ecológico.   

No que diz respeito a recuperação da natureza, os avanços tecnológicos podem ser muito efetivos. Com base nesses sistemas é possível verificar se para a regeneração do bioma é necessário que levem alguns animais de volta, os quais muitas vezes foram resgatados em condições trágicas. Para que essa adaptação seja feita é preciso que os órgãos estejam antenados nas inovações dos equipamentos.  

Para Gerson, é preciso entrar em um estado de equidade com a natureza em que ambos consigam consumir o necessário para viver e não usar mais do que necessário, para tentar reerguer o equilíbrio ecológico. 

Um exemplo deste formato de equilíbrio é o Japão. Há alguns anos a quantidade de jovens do país vem diminuindo, a partir desta realidade o governo conseguiu fazer uma reforma e estimulou a reprodução da população de forma responsável. Os japoneses consomem menos do que a natureza produz, desta forma eles vão se sustentar por muito mais tempo. 

Investimentos em tecnologias para conter o desmatamento e a preservar biomas sãos de extrema importância e urgência, pois os equipamentos já se mostraram úteis, fazem parte de uma série de investigações sobre crimes ambientais e são mais eficientes do que apenas a fiscalização humana.   

Conheça o aplicativo de simulações utilizado em terapias de exposição
por
Isabela Lago Miranda
|
26/11/2021 - 12h

Por Isabela Lago Miranda

Caracterizada pelo medo extremo de interações sociais como falar em público ou sair com pessoas novas, a fobia "sócia" faz com que a pessoa sinta medo extremo de se colocar em evidência.  Uma das formas de suas formas de tratamento é a terapia de exposição, que é parte da terapia cognitiva comportamental. Dificultada pelo fato de que a ansiedade de fóbicos sociais pode dificultar a exposição ao vivo de situações como as descritas. Como alternativa, o uso da tecnologia de realidade virtual (ou RV) possibilita a exposição do paciente ao cenário de uma forma controlada.

“Se expor com a imaginação do paciente não tem a mesma fixação e exposição ao vivo é dificultada pois o fóbico social foge dessas situações, então a realidade virtual vem como um método muito efetivo”, afirma Cristiane Gerbara, psicóloga clínica com abordagem cognitivo-comportamental e idealizadora do aplicativo SocialUP3D. O app é utilizado junto de um óculos de RV com o objetivo de garantir a imersão e interação de seu usuário com a simulação exibida junto de acompanhamento profissional. Possui seis cenas no total, situações como ser observado na rua e entrar numa festa, todas com personagens reais e não animações, uma inovação do trabalho de Gerbara.

“A gente pega essas situações em que o paciente tem fobia social e gradualmente ele vai se expondo por um tempo prolongado. Repete, repete, repete, vai diminuindo a ansiedade e aí depois vai para uma próxima e assim vai”. O site que abriga a tecnologia apresenta o dado de que a média de redução de ansiedade após o tratamento é de 72,5%. Sobre a popularização do uso da tecnologia para esse tratamento Cristiane afirma: “os efeitos são os mesmos do da terapia de exposição tradicionais, mas se por ser RV aumentar a adesão por ser algo diferente, seria interessante”.

                De acordo com o Congresso Brasileiro de Psiquiatria, 26 milhões de brasileiros sofrem de fobia social- que dificulta seu sucesso acadêmico e interações sociais. Por esse motivo a profissional frisa a importância de que se ensine sobre psicologia para que a fobia social possa ser notada e tratada mais cedo.

 

 

O governador de São Paulo, João Doria, determinou que no início de novembro, a volta às aulas nas redes públicas e particulares do Estado deixaram de ser facultativas. Mas será que isso é mesmo seguro?
por
Giulia Palumbo
|
23/11/2021 - 12h

Por Giulia Palumbo

As escolas de São Paulo voltaram a sua rotina depois de 2 anos e meio fechadas devido a quarentena do coronavírus. No entanto, isso pode causar outros inúmeros problemas à população.

Estamos enfrentando uma pandemia causada pela Covid-19, contudo, neste momento, não há grandes surtos da doença,  então pode ser que seja seguro a volta ao ensino presencial. Um estudo publicado em agosto na revista Pediatrics, da American Academy of Pediatrics (Academia Americana de Pediatria) aponta que o retorno das aulas não será prejudicial, pois as crianças não são transmissoras significativas do vírus. Apesar disso, alerta que é necessário continuarmos mantendo as medidas de proteção, como por exemplo: o uso de máscara, distanciamento social e também o uso do álcool em gel.   

Do outro lado da moeda, a história é diferente. Professores e funcionários estão em maior risco quando falamos em contrair a Covid, uma vez que os mesmos estão expostos ao vírus por meio dos transportes públicos e até no contato com os pais.   Com isso, é perceptível que a flexibilização das regras de isolamento, junto com a reabertura das escolas, tem contribuído para a recirculação de outros vírus respiratórios comuns, como o parainfluenza, que causa de resfriados comuns a pneumonias. 

Este cenário traz grandes preocupações à ciência, visto que as crianças ficaram mais de 1 ano sem contrair anticorpos que são adquiridos ao longo da inserção à sociedade, algo que não aconteceu com elas. Para o infectologista pediátrico Luiz Augusto do Val, o aumento dos casos de outras doenças virais já é sentido: “Normalmente, o vírus sincicial respiratório contagia crianças pequenas, abaixo de um ano, que ainda não vão à escola, mas é claro que os irmãos deles e outros familiares podem ir à escola. Então é tudo um efeito, mas o vírus circula todos os anos” - afirma. 

De acordo com o infectologista, quadros graves de doenças respiratórias ou até mesmo da Covid-19 em crianças são raros, sendo somente 1% ou 2% dos infectados. “O número, no geral, acaba sendo muito porque é uma população muito grande afetada. Mas a circulação desses vírus não é nada de anormal. As crianças pegam vírus respiratórios e isso serve para estabelecer a sua imunidade para uma série de outros vírus”, explica.

Dessa forma, nossa grande preocupação é pelas crianças que são possíveis vetores que levam o vírus da covid ou de outras doenças para os pais ou avós, com ou sem comorbidades. Por isso, todo cuidado é pouco e os responsáveis precisam estar monitorando qualquer tipo de sintoma em suas crianças.

Segundo a pneumologista Ana Maria Rodrigues, em tempos normais uma criança com um pouco de resfriado e tosse não seria afastada, diferente do que ocorre agora por medo vírus causador da pandemia. “Sempre houve nas escolas crianças tossindo e com o nariz escorrendo. Tem as que ficam eternamente com o nariz escorrendo, isso é muito da infância”, disse.

Hoje, no Brasil, a vacinação contra a Covid-19 ainda não é obrigatória para os pequenos e medidas a favor da prevenção são alvos constantes de Fake News. Apesar disso, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulgou um documento ressaltando a importância da imunização para os menores de 18 anos com o intuito de prevenir doenças e proteger a comunidade, já que espaços frequentados por este grupo têm maiores chances de transmissões e surtos.

Em agosto deste ano, o Instituto Butantan fez o primeiro pedido para a liberação da vacina para o público juvenil, mas não foi liberado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a mesma justificou que  havia  limitação de resultados apresentados. Mas em outros países, a realidade está sendo outra, ao menos 10 já estão vacinando menores de 12 anos contra a Covid, sendo alguns deles: Estados Unidos, Chile, China, Argentina e Emirados Árabes Unidos. 

Além da imunização contra o vírus causador da pandemia, há outras vacinas que não estão sendo mais aplicadas com a mesma frequência como antigamente, na maioria das vezes, por escolha dos pais ou responsáveis legais pelas crianças. Esse comportamento traz a possibilidade de doenças já erradicadas voltarem a circular na sociedade. 

Ana ressalta que os casos de meningites também desapareceram durante a pandemia. “As meningites pneumocócica e meningocócica são doenças imunopreveníveis que têm vacina. Durante a pandemia, caiu o nível de vacinação. O grande risco que nós temos é ter novamente essas doenças. Mesmo com uma vacina, não havia uma prevenção de 100%, porque você tem tipos diferentes da doença. Mas com a falta da vacina pode ter um recrudescimento”. 

Com este cenário, é notável a importância da imunização de todos os grupos, pois somente com a vacinação completa é possível acabar com a pandemia. Desse modo, evita-se a proliferação do vírus e a volta à vida presencial e “normal” de uma maneira segura, pela proteção das crianças e de todos da sociedade.  

A busca incansável pelo corpo perfeito faz com que jovens e adultos adotem dietas restritivas disponíveis em aplicativos para emagrecer
por
Giulia Palumbo
|
29/11/2021 - 12h

Por Giulia Palumbo

A corrida pelo corpo perfeito começou. E o prêmio? Muitos elogios nas festas de fim de ano e o “corpo do verão” em dia. Aliás, vale tudo para conseguir a tão sonhada barriga chapada: academia, medicamentos irregulares e aplicativos com dietas prontas. 

A magreza virou sinônimo de saúde e a sociedade adotou como padrão o corpo magro, com as devidas curvas e com porte atlético. No desespero da aceitação, o google passa a ser um grande aliado. Além dele, há inúmeros aplicativos com dietas prontas e milagrosas para a perda de peso. Mas ninguém imagina as consequências que essa ferramenta pode causar, uma maratona que pode gerar vários transtornos, dentre eles: vigorexia, bulimia e anorexia. 

Segundo a nutricionista Nathalie Gimenez, esses aplicativos podem trazer consequências gravíssimas à saúde. “Os aplicativos de emagrecimento levam as pessoas a crerem que é dispensável ser assistido e acompanhado por um profissional. Eles são padronizados para atender o público de modo geral. Mas o processo de emagrecimento é único e deve ser tratado com individualidade. Um dos maiores malefícios é induzir um emagrecimento não saudável, como por exemplo, a sugestão da prática de jejum. Uma conduta muito séria, que só deve ser praticada quando bem indicada e orientada por um profissional de nutrição ou medicina”, afirma. 

Só no Brasil, 10% da população sofre com anorexia, anualmente, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A doença é caracterizada pela perda de apetite, mas também pode surgir em forma de anorexia nervosa, em que a pessoa recusa a se alimentar mesmo estando com fome. Vale enaltecer que o uso excessivo de dietas restritivas e programadas apresentadas nos aplicativos, podem causar o estagne do peso e o famoso efeito platô. Ou seja, a pessoa acabará com a saúde e não terá o objetivo alcançado. 

Além dos danos prejudiciais à saúde, esses aplicativos afetam a saúde mental. A psicóloga Elizabeth Monteiro afirma que essa tendência causa inúmeros transtornos. “Relações disfuncionais com a comida e auto imagem são bastante comuns mas, infelizmente, acabam sendo banalizadas. Se uma pessoa passa a maior parte do seu dia pensando sobre alimentação e fica angustiada sobre isso, ela precisa buscar ajuda profissional”, enfatiza Elizabeth.

A OMS também ressalta que cerca de 70 milhões de pessoas sofrem com distúrbios alimentares no mundo e a incidência é muito maior entre mulheres; elas representam entre 85% e 90% das vítimas de tais doenças, o que reforça o problema social e sexista da idealização da beleza. 

Para a psicóloga, a relação da comida com a autoimagem é bastante comum na sociedade atual.”Essa relação não pode se tornar banal. Os marcadores de saúde física podem demorar um pouco mais para se fazerem presentes, mas os mais imediatos são fraqueza, desânimo ou falta de energia para desempenhar as tarefas cotidianas", alerta a médica.  Além disso, nos aplicativos há a exposição de inúmeras imagens de corpos sarados que levam ao Transtorno Dismórfico Corporal, que atinge cerca de 2% da população mundial. 

Existem 7 bilhões de pessoas com corpos fora dos padrões de beleza no mundo. É preciso normalizar o corpo livre e real. Hoje em dia, intervenções como filtros no instagram, photoshop e cirurgias plásticas estão se tornando mais importantes do que nossa saúde em si. Dessa forma, o acompanhamento de saúde mental e a autoconfiança, são de extrema importância para uma construção de autoimagem saudável e não dependente do que a sociedade estipulou como certo e bonito. 

De fato, o acompanhamento profissional especializado na área é indispensável. Mas não significa que o uso dos aplicativos para emagrecer precisa ser extinto. “O que precisamos é que haja uma conscientização sobre os riscos que o mau uso desses aplicativos pode trazer e nas doenças que eles podem acabar despertando em nosso corpo”, conclui Nathalie.