Com usinas hidrelétricas sendo possivelmente desativadas por conta da seca, o Brasil passa atualmente por uma das maiores crises hídricas dos últimos tempos, podendo acarretar apagões de energia no País. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), as duas maiores usinas das regiões Sudeste e Centro-Oeste, a Ilha Solteira, a maior do estado de São Paulo, e a Três Irmãos, têm apenas 1,45% e 5% de água respectivamente. O que preocupa, uma vez que a ONS diz que é preciso ter atenção a uma operação funcionando abaixo dos 10%.
Um dos principais fatores para isso são os largos períodos de seca recentes que deixam os registros de chuvas para a geração de energia no País como o pior em 91 anos. E de acordo com a relação divulgada pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a previsão de chuvas para a primavera não é animadora.
Conforme ilustra o Prognóstico Climático da Primavera 2021, a região Sul irá provavelmente continuar com chuvas abaixo da média histórica no período, quando deveria começar a estação chuvosa para recuperar os reservatórios. Com tudo isso as contas a pagar do brasileiro tendem a aumentar, principalmente por conta da dependência do Brasil em relação às hidroelétricas, uma vez que o País tem 63% de sua matriz elétrica originada dessa fonte de energia. Sendo assim, com a falta de uso das bacias e seus rios é preciso usar mais da energia proveniente das usinas termelétricas que são muito mais caras e poluentes.
Clarice Ferraz professora de economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisadora associada do grupo de Economia da Energia do Instituto de Economia da UFRJ não acha que o problema é ter um grande percentual de hidrelétricas, mas sim não prestar atenção no que está acontecendo com os rios, padrões de chuvas e continuar colocando fontes que sejam mais poluentes e que não colaborem com a transição energética.
“Dado que se há muitas hidroelétricas com reservatórios, para remediar essa crise deveriam [o governo] pensar em como reduzir o consumo promovendo programas de eficiência energética, com estímulos verdadeiros à indústria, com trocas de equipamentos e sabendo consumir o recurso com o máximo de aproveitamento", avalia.
O governo, por exemplo, estabeleceu no início de setembro o valor da bandeira tarifária de conta de luz vermelha, patamar 2, em mais de 50% com a criação de uma nova bandeira chamada de bandeira de escassez hídrica - O sistema de bandeiras indica quanto será cobrado pela luz (na bandeira verde, em cenários favoráveis, não há acréscimo). Se houver dificuldades, o País entra nas modalidades amarela e vermelha. Portanto, na bandeira vermelha, patamar 2, o valor que era de R$ 9,49 por 100 kilowatt-hora (KWh) agora passa a ser de R$ 14,20 para cada 100 KWh.
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, garantiu durante coletiva de anúncio das novas medidas que elas são suficientes para garantir a oferta. "Nós trabalhamos para ter a oferta suficiente para a demanda de todas as unidades consumidoras no País. Estamos presenciando a maior seca que o país, o Brasil, já passou. E isso com reflexos na capacidade dos nossos reservatórios das usinas hidroelétricas", argumentou.
Por Tomás Furtado dos Santos
A indústria da alimentação no Brasil sempre seguiu um padrão preocupante, similar ao de outros países desenvolvidos e em desenvolvimento, com empresas de "fast food" se tornando um dos principais focos de nutrição para a população, tanto pela questão de preço como acessibilidade. No entanto, mesmo com o seu consumo em larga escala, muitos desses alimentos podem ser prejudiciais à saúde, seja a curto ou longo prazo.
Desde 2020, os gastos em aplicativos aumentaram em 149%, chegando a 187% quando comparado com março, no começo da pandemia. As tendências da indústria devem crescer, com um percentual maior da clientela acostumados ao novo estilo de vida.
A obesidade no Brasil esteve acima da média mundial faz mais de uma década e a pandemia contribuiu para o processo, agravando os riscos dessas pessoas para doenças cardiovasculares, diabetes, tumores cancerígenos e o próprio coronavírus junto com as sequelas sofridas por seus pacientes. Também não cria polêmica lembrar que os aditivos, químicos gordura trans geralmente presentes nessas embalagens tendem a ser muito maiores do que se você produzir o mesmo alimento com os ingredientes comprados em supermercado.
Muitas pessoas não sabem, mas é mais comum do que parece ter diferentes franquias de restaurantes ter os seus alimentos preparados no mesmo lugar. As "Dark kitchens" são uma nova tendencia no serviço de entregas no Brasil, onde grandes cozinhas são construídas e alugadas por diferentes donos de restaurantes. O objetivo é ter células espalhadas ao redor da cidade ao qual motoristas podem entregar o pedido mais rapidamente. Embora o mercado tenha crescido mais de 53% apenas no Brasil, ela apresenta algumas inconveniências indesejadas, como o risco de contágio entre diferentes equipes ou do manuseio incorreto de alimentos quando lidando com alergias de clientes.
Em uma pesquisa realizada em mídias sociais revelou que a maioria dos entrevistados que pede "take out" geralmente leva em consideração três principais informações quando pedindo uma refeição, o custo, o tempo de entrega e os tamanhos das porções, com menos de 10% levando em considerando tópicos como carga calórica .Em respostas mais aprofundadas, era comum encontrar variantes de "A gente só quer chegar em casa e ter um prato pronto para comer."
Geralmente a maioria das preferências pelos pedidos são massas e salgados, comidas de bar, esfirras, coxinhas, pratos de pizza, conteúdos altamente carregados de sódio e de calorias, geralmente acompanhados por refrigerantes e energéticos. "É muito difícil conseguir se livrar desses vícios, especialmente durante os períodos formativos da infância e adolescência."
Serviços alternativos mais saudáveis como "Hellofresh" que entregam porções de ingredientes frescos junto com a receita para produzir o prato e são considerados produtos mais saudáveis e de maior qualidade estão em operação mas vem com uma série de desvantagens para florescerem no mercado brasileiro. Os principais problemas sendo a inacessibilidade desses produtos, com lojas presentes apenas em algumas cidade no país, os custos desses pedidos e o tempo necessário para o preparo, que para muitos remove a parte de "rapidez" e "praticidade" do serviço delivery.
Com esses dados obtidos, surge a preocupação de uma tendência que vem se tornando cada vez mais recente, do tratamento da saúde, nesse caso a saúde alimentícia, como uma comodidade ao invés de um direito. Apresentando um potencial risco para a saúde de jovens e adultos que podem ter um aumento de sequelas e doenças cardíaca até mesmo após o término da pandemia.
Por Julia Takahashi
A pandemia da Covid-19 fez com que 2020 fosse considerado o ano em que o mundo parou. A sociedade teve que se isolar para não se contaminar com o vírus atualmente, estão contabilizados mais de 21 milhões de casos no Brasil, segundo os dados da Secretaria Estaduais de Saúde e, consequentemente, os espaços públicos foram interditados. Crianças, jovens e professores tiveram que aprender a lidar com aulas online enquanto outros tipos de trabalhos ficavam em home office. Todos foram afetados de alguma maneira, porém uma grande quantidade de pessoas não puderam trabalhar de casa e foram obrigados a se reinventarem para ganhar dinheiro. Muitos até perderam seus empregos devido ao corte de gastos das empresas.
Entre eles estão os artistas, por dependerem muito do público. A cantora Isadora Morais comenta que antes de iniciar a quarentena tinha muitos planos para a carreira, “antes da pandemia eu estava montando meu primeiro show autoral, eu tinha até um teste de luz no dia 16 ou 18 de março, a gente ia para um teatro e tínhamos algumas data fechadas para abrir com a banda. Aí foi uma pena, porque nosso ensaio foi cancelado, achamos que pudesse retomar na semana seguinte, mas está durando um ano e meio”, conta.
Essa pausa abrupta obrigou artistas a encontrarem outras maneiras de sobreviverem. Uma dessas saídas para continuar divulgando suas artes foi por meio de lives nas redes sociais, principalmente no Instagram e no Youtube. Cleber Akio, músico e produtor, explica sobre essa mudança: "os shows presenciais pararam, então passei a fazer algumas lives, alguns incentivos da prefeitura". "A Lei Aldir Blanc ajudou muito", diz. Quem tem um trabalho mais “sério” conseguiu pegar incentivo, fazer shows virtuais, fazer vídeo aula. Pelo estúdio eu produzi algumas lives, mas fui chamado também para fazer algumas lives”, diz.
Ambos os músicos comentam que as lives os ajudaram, principalmente na expansão do público, algo que era muito restrito a apenas a cidade pode ser acessada em todo Brasil e em qualquer lugar do mundo. Porém o maior ponto negativo é a falta de público. “É bem diferente tocar para as pessoas que estão lá com você, com o público interagindo, é bem diferente tocar para uma câmera, tocando para ninguém e falando sozinho”, afirma Cleber.
Contudo, uma outra profissão muito afetada são os técnicos do audiovisual. Segundo um levantamento feito pelo Glassdoor, o Workplace Trends 2021, as profissões mais afetadas, que mais tiveram sua atuação paralisada durante a pandemia são técnico e coordenador de eventos. O produtor de audiovisual, Luiz da X3m Luz & Som, comenta “Vi muitos amigos, parceiros, tendo se desfazer de muitos equipamentos de trabalho, para manter o sustento de sua família, mas acredito que o pessoal de montagem foram mais afetados, são a maioria dentro de um evento, e com a parada, não tinham onde se encaixar, a maioria desses profissionais, trabalham por conta (freelance), então dependem diretamente do dia de trabalho e não tendo aonde recorrer, e ainda tiveram auxílios negados, pois nem a categoria existia nos cadastros, ficaram à margem da sociedade”, explica.
Aos poucos, os espaços públicos, eventos, shows começam a voltar e as lives passam para um segundo plano, já que os gastos com elas são maiores que os cachês. Os artistas consagrados foram os que mais se beneficiaram com os patrocínios. Muitos acreditam que as "lives" não vão acabar por completo, até porque elas ajudam na divulgação do trabalho e podem dar mais visibilidade para conseguir chegar em uma platéia mais amplificada.
Por Carlos E. Kelm
Os efeitos da crise hídrica já reverberam em diversos setores da economia. Diante da falta de água nos reservatórios o governo acionou usinas termelétricas para suprir a demanda de energia, o que acabou encarecendo a conta de luz. A professora e pesquisadora, Clarice Ferraz, do Grupo de Economia da Energia da UFRJ, questiona as medidas do Governo e avisa que o problema pode piorar.
“Há mais de dez anos a gente observa que as hidrologias não são as mesmas; os reservatórios não estão ficando com o nível de armazenamento elevado”, explica Clarice. Para a professora, a causa do problema é estrutural e medidas como a nova bandeira tarifaria de “Escassez hídrica” indicam que a crise vai continuar: “se o Governo não agir sobre o problema e ficar só remediando, podemos esperar que essa bandeira seja disparada com uma certa frequência”.
A principal fonte de energia no Brasil vem dos rios. O nosso grande potencial hídrico garante uma energia limpa e renovável, no entanto, existem fatores que podem interferir no ciclo das águas. Podemos dividir estes fatores em dois grupos: os de ordem natural e os administrativos. Para Clarice, a atual crise hídrica foi agravada por questões administrativas, “O problema é você ter um grande percentual de hidrelétricas e não prestar atenção no que está acontecendo com os seus rios, com o seu padrão de chuva, e continuar colocando fontes que sejam mais poluentes, que não colaborem com a transição energética”. A fonte em questão é a termoelétrica: gerada a partir da combustão, libera grandes quantidades de gás carbônico, por isso, vem sendo substituída em diversos países por fontes mais baratas e limpas.
Para Clarice, a crise deveria ser contornada com um programa de eficiência energética: “Dado que você tem muitas hidrelétricas com reservatórios, para remediar essa crise você deveria pensar como reduzir o consumo promovendo programas de eficiência energética, com estímulos verdadeiros a indústria, com trocas de equipamento, com auditorias que a gente faz nos prédios pra ver se tem alguma fuga. Então, saber consumir o recuso com o máximo de aproveitamento”, explica.
A professora considera que a seca está diretamente relacionada a fatores ambientais, como a deflorestação e as queimadas na Amazônia: “Desmatando a floresta lá na Amazônia a gente diminui os fenômenos dos rios voadores, que são trazidos aqui pra região sudeste. Afetando esse ciclo, teremos cada vez menos água. Falta planejamento e isso é responsabilidade do governo, sobretudo do poder executivo”
Clarice reafirma que continuar recorrendo a energias poluentes como a termelétrica pode agravar ainda mais um problema que é crônico. Mas então, por que optamos pelas termoelétricas? “O argumento normalmente usado, mas que já foi superado é o de que precisamos de uma geração que não oscile, e a eólica e solar têm uma variabilidade. Mas o padrão do Nordeste é espetacular, as eólicas geram muito bem, é uma coisa de recorde mundial mesmo. Então, a alegação é esta, mas isso não se comprova”, diz.
Outra explicação para a utilização da energia suja, seria o interesse econômico por detrás dessas usinas. Clarice revela que há pessoas se beneficiando da situação, “Todos os bancos. As pessoas que vão ganhar dinheiro enquanto o sistema não entrar em colapso, como foi o caso do Texas. Comercializadores; os seguradores dos comercializadores, as pessoas que estão por trás dessas térmicas novas” mas a professora prevê grandes prejuízos econômicos e diz que já existem empresas falindo por não perceber a escala do problema. “A gente tá nessa situação gravíssima hoje e a gente já sabe que ano que vem vai ser pior, por que todas as medidas que estão sendo tomadas contribuem para o agravamento do problema, e isso que a privatização ainda não entrou em vigor”, prevê.
Diante deste quadro, ela sugere fontes renováveis que contribuam para uma transição energética: “Somos um dos raros países, se não o País melhor habilitado a promover a transição energética, porque temos enormes estoques de água que podem ser usados como reservatórios de hidro-eletricidade. Sendo assim, a gente podia avançar no uso das renováveis, e como a energia que mais rapidamente entra em operação é a hidroelétrica de reservatório, qualquer oscilação das renováveis, a gente compensa com a água dos reservatórios”, conclui.
Por Luiza Fernandes
O primeiro assistente virtual surgiu em 2011- quando a Apple lançou a "Siri". A tecnologia foi considerada revolucionária à época. Um software que reconhece sua voz, obedece seus comandos e permite a ativação de diversos recursos em seu aparelho celular. Desde então, esse tipo de tecnologia evoluiu muito, passando para aparelhos exclusivos: Agora não mais em celular, os assistentes virtuais migraram para as caixinhas de som, que também reconhecem a sua voz e funcionam exclusivamente por esse comando. O sucesso do modelo fez com que todas as grandes empresas de tecnologia lançassem um tipo, os mais conhecidos são: "Alexa" da Amazon, "Google Assistente" e "Microsoft Cortana".
A Amazon vem sendo pioneira em expandir os comandos que a Alexa pode realizar e hoje é possível conectá-la com: cortinas, geladeiras, ar-condicionado, lâmpadas e TV´s. Foi promovendo a facilidade de poder controlar sua casa por voz, que a empresa vendeu 50 milhões de unidades desses smart speakers no ano de 2019, um crescimento de 70%, segundo dados da Strategy Analytics. Porém, o funcionamento desses produtos é considerado contraditório por inúmeros pesquisadores da área de tecnologia. Muito se questiona sobre como é o seu funcionamento e principalmente, como eles armazenam os dados que coletam.
Em meio a febre do conceito de “Casa Inteligente”, quando uma assistente virtual pode controlar seus aparelhos domésticos, vale o questionamento de como essas tecnologias de fato funcionam. Do ponto de vista técnico, os assistentes virtuais são um conjunto de microfones, ligados a um alto-falante, que são controlados por um processador que pode enviar e receber informações da nuvem, onde esses dados são processados. Com a ajuda de algoritmos de inteligência artificial, implementados na nuvem e sempre atualizados no processador, o aparelho traz respostas rápidas.
O Google define em seu site, o serviço prestado pelo seu aparelho "Google Assistente", da seguinte forma: “É uma assistente pessoal virtual desenvolvida pela Google que pode realizar tarefas do dia a dia, como ligar para pessoas, mandar mensagens, pesquisar, e ainda conversar com o usuário”
Já a Apple, pioneira no cenário dos assistentes por voz, define a "Siri", que ainda é presente em todos os seus aparelhos, com o seguinte slogan: “A "Siri" faz mais. Mesmo antes de você pedir.” De acordo com a empresa, a "Siri" consegue fazer tudo mais rápido, define alarmes, timers, lembretes das atividades do dia e tudo isso sem que seja preciso tocar no aparelho.
A visão destas assistentes virtuais como facilitadoras do dia a dia, como são atualmente vendidas pela publicidade, é contraposta pelo que dizem muitos pesquisadores de tecnologia. De acordo com Luã Fergus Cruz, pesquisador da área de telecomunicações e direitos digitais do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC) e integrante da Coalizão Direitos na Rede, é preciso ficar atento ao que os aparelhos coletam durante seu funcionamento. “Eles te vendem falsas facilidades, afinal, sempre foi possível apagar a luz com o interruptor, quando na verdade o pano de fundo por trás do produto é extrair informações do usuário, eles querem obter dados que é o que dá dinheiro a longo prazo”
Dados são todos os “rastros” que deixamos quando utilizamos algum serviço de Internet, desde fazer um cadastro pessoal com RG, CPF e cartão, ou até mesmo quando utilizamos o Google. A recente Lei Geral De Proteção de Dados (LGPD), define da seguinte forma: “É considerado dado pessoal qualquer informação que permita identificar, direta ou indiretamente, uma pessoa que esteja viva”.
Se popularizou a expressão de que os “dados são o novo petróleo", como forma de dimensionar seu valor econômico. Para Luã, a expressão tem um limite de dimensão, uma vez que “As empresas de tecnologia valem muito mais do que as de petróleo, por que uma riqueza vem da extração de algo não renovável, já os dados estão sempre se atualizando e se aperfeiçoando”, explica. Uma investigação do jornal Washington Post, de 2019, descobriu que a Amazon mantinha uma cópia de tudo o que a Alexa registrava depois de escutar o seu comando de ativação, o seu nome. Porém, à época, os usuários não eram avisados disso nas privacidades e não havia informações sobre como esses dados eram armazenados.
Recentemente no Brasil foi aprovada a Lei Geral de Proteção de Dados, lei n° 13.709, agosto de 2018, sua vigência iniciou-se em agosto de 2020. A partir dela, passa a existir um novo cenário sobre segurança jurídica na Internet quando falamos da captação de dados, existem agora normas e práticas que devem ser seguidas.
Luã comenta a importância da atuação do Estado, para que os dados possam ser protegidos: “A LGPD é um grande marco porque ela passa a abranger todo o tipo de atividade que envolva o tratamento de dados pessoais, toda e qualquer atividade precisa seguir uma lei e isso é muito importante para regular e para instigar o debate, em sociedade”, avalia.
Outro ponto controverso sobre o uso das assistentes pessoais é a possibilidade dessas informações serem obtidas ilegalmente. É preciso se preocupar com a forma como as empresas coletam e armazenam esses dados, mas também, é preciso pensar sobre o perigo de um microfone conectado à sua casa cair nas mãos erradas. “Não é difícil de se imaginar que um dispositivo como esse pode ser facilmente hackeado, é um tipo de tecnologia muito frágil e perigosa, frente às facilidades que eles vendem” argumenta Luã.
As políticas de privacidade encontradas nos sites das empresas Amazon, Google e Apple informam que os áudios só são registrados e gravados pelo aparelho quando o comando de voz é ativado e que essas gravações podem ser revistas e apagadas pelo usuário. Além disso, as três empresas oferecem alteração das opções de privacidade. Mesmo assim, o juiz Jeffrey White, do Tribunal de Oakland, na Califórnia decidiu dar prosseguimento a uma ação coletivo contra a Apple. A acusação é de que a empresa grava conversas captadas pela "Siri" sem o comando de voz ser ativado e repassa essas informações para outras empresas. Google e Amazon também têm processos abertos por gravarem áudios quando os assistentes não foram chamados. A abertura desses processos coloca em xeque a proteção que as empresas afirmam ter, além de dar eco para os questionamentos feitos por especialistas em tecnologia.