Por Mário Gandini
Quem um dia iria imaginar que teríamos todos os aparelhos da sua casa conectados em uma rede integrada, onde você pode ter controle de tudo na palma da mão, como por exemplo, o seu relógio de cabeceira, torradeira, cafeteira, lâmpada...etc. A ideia principal por trás da Internet das Coisas é a de facilitar a vida dos usuários, tornando o uso de certos elementos mais simples e até permitindo a automação de tarefas. Nos dias de hoje já podemos aplicar esse conceito em escalas muitos maiores como por exemplo no meio rural.
O pofessor Thiago Ceretti, bacharel em Ciências e Tecnologias pela UFABC, integrou um grupo de pesquisa na FAPESP sobre robótica submarina e é grande fã de Internet das Coisas. “É como se você criasse uma rede onde objetos tecnológicos estão conectados e interligados e você pode ter controle sobre essas ações de uma maneira integrada, como, por exemplo, a ideia da casa inteligente e a Alexa, você pode integrar ações relacionadas ao dia a dia, como, a cafeteira liga na hora que o seu alarme toma, a luz acender com a sua presença, e até mesmo o uso da sua voz para fazer pergunta sobre o clima e o horário para ela te ajudar”. Thiago explica como ele enxerga essas inovações no mundo. “Da mesma forma que temos muita coisa para ser desenvolvida, já temos muitas inovações prontas esperando para serem usadas. No meu ver a Internet das Coisas me agrada mais quando está sujeita ao DIY(Do It. Yourself, faça você mesmo em Inglês) para incentivar o desenvolvimento da sua própria tecnologia. Por exemplo, você pode começar a aprender a programar, de forma básica, para automatizar o sistema de irrigação da sua horta, com uma mangueira e um relógio eletrônico”.
Em uma escala muito maior, a agricultura inteligente baseada nas tecnologias de IoT, já está se tornando realidade e está permitindo que agricultores reduzam o desperdício e aumentem a produtividade, tudo é monitorado, desde a quantidade de fertilizante utilizada até o número de viagens que os veículos agrícolas precisam executar. A Internet das coisas está modificando consideravelmente o modo que vivemos; indústria avançada, casas inteligentes, carros autônomos são apenas alguns avanços que essa tecnologia nos proporcionou.
Não é novidade que o Brasil é uma potência agro-ambiental no cenário mundial faz tempo como grandes produtores de soja. No início, as lavouras costumavam se concentrar no Sul do Brasil, mas desde o final da década de 1970 se espalharam para o Centro-Oeste, especialmente no Cerrado. A agricultura viveu avanços significativos nos últimos 50 anos. A modernização dos maquinários permitiu um ganho de escala e de produtividade. No mundo em que vivemos, onde tudo está conectado, o setor mais antigo do mundo precisa abraçar essa transformação digital impulsionada pela conectividade para dar um passo adiante.
No entanto, aplicar a IoT (abreviação Internet of Things) na agricultura é mais que uma tendência: é uma necessidade. Com esse uso, os sistemas são construídos para gerenciar de forma eficaz o campo de cultivo. Com o auxílio de sensores, é possível monitorar luz, umidade do ar, temperatura, umidade do solo etc. e automatizar o sistema de irrigação, por exemplo.
Por enquanto, o setor agrícola ainda é o menos digitalizado que outros. A tecnologia já existe e está disponível, mas há dois empecilhos. Em algumas regiões, falta infraestrutura de conectividade, e, onde ela já existe, os fazendeiros estão adotando lentamente essas novas tecnologias porque o impacto positivo delas ainda não foi suficientemente provado. Assim, os agricultores podem monitorar as condições de campo de qualquer lugar, além de ter um melhor gerenciamento dos recursos naturais. A agricultura inteligente baseada em IoT é altamente eficiente quando comparada com a abordagem convencional.
Uma das inovações que já foram implementadas em solo brasileiro além de maquinário autônomo, é a manutenção da umidade do solo, do quanto de água qual quadrante da plantação necessita de água, além da manutenção de nutrientes e quantidade de fertilizante.
Não podemos negar que tudo está caminhando para ser “smart”. Como citado antes do texto, essa mudança não é mais tendência, é uma necessidade de se reinventar, pois, devido ao aumento da dinâmica do mercado mundial se o setor da agricultura não se reinventar, não dará conta de abastecer o mercado. Com a chegada do 5G no Brasil, teremos uma impulsão para cada vez mais nos tornarmos uma sociedade conectada. Não podemos deixar de lado que o mundo não é um mar de rosas, por mais que essa modernização seja inevitável, ela não necessariamente vai seguir os planos de abastecimento de alimentos para a população. Os pequenos produtores podem acabar sendo os mais prejudicados nessa história, visto que terão que “ceder” terreno para as grandes fazendas produtoras de alimentos transgênicos.
Por Rodrigo Mendonça
Nos dias 5 e 6 de novembro foi realizado o leilão do 5G no qual empresas de Internet e telefonia móveis puderam comprar concessões do governo federal por meio da ANATEL, Agência Nacional de Telecomunicações, para uso dos lotes da nova frequência 5G. O leilão funcionou dividido por faixas e frequências em blocos regionais e estaduais, ou seja, as empresas puderam comprar tanto para explorar o 5G em âmbito tanto somente estadual, um ou alguns estados, tanto quanto nacional, todo o território brasileiro.
Para a categoria da frequência de 2,3 GHz, as empresas interessadas no 5G disputaram um bloco regional de 50 MHz e outro de 40 MHz, com concessões válidas por 20 anos com possibilidades de renovação,na faixa de 26 GHz, houve duas rodadas. Na primeira, foram faixas de 400 MHz divididas entre três blocos regionais e cinco nacionais. O que não está certo ainda é como será a implantação dessa nova tecnologia na prática visto que o Brasil não terá um cenário muito favorável.
O que é o 5G?
5G é o padrão de tecnologia de quinta geração para redes móveis e de banda larga que já existe desde 2018 mas está começando a ser implantado no Brasil somente em 2021. O 5G vai substituir o padrão anterior, o 4G.
Como é feita a implantação do 5G?
Frequências de Internet como o 5G funcionam por meio de antenas que emitem ondas de rádio, a nova frequência dessas ondas que está na quinta geração vai ser emitida por antenas que serão acopladas a antenas que já emitem ondas na frequência de quarta geração, o 4G, fazendo uma mesma antena emir 4G e 5G simultaneamente, porém tudo na teoria.
Quais as dificuldades para implantar o 5G no Brasil?
Para analisar como o 5G será implantado de fato no Brasil vários fatores devem ser considerados, como por exemplo como está o uso de internet pelas famílias brasileiras atualmente.
No Art. 4º da lei Nº 12.965, de 23 de ABRIL de 2014 e sancionado pela então presidente Dilma Rousseff e dito que “A disciplina do uso da Internet no Brasil tem por objetivo a promoção:
I - do direito de acesso à Internet a todos” Porém na prática isso ainda está longe de acontecer.
Segundo uma pesquisa de 2020 promovida pelo Comitê Gestor da Internet do Brasil, o CGI, percebeu-se que naquele ano o Brasil chegou a 152 milhões de usuários da rede, o que significa que houve um aumento de 7% em relação a 2019 e por esse motivo, 81% da população com mais de 10 anos têm Internet em casa atualmente segundo a pesquisa.
O crescimento do total de domicílios com acesso à Internet ocorreu em todos os segmentos analisados nessa pesquisa. As residências da classe C com acesso à web passaram de 80% para 91% em um ano e na casas das classes D e E saltaram de 50% para 64% na pandemia. Porém, esse acesso ainda é desigual, visto que 90% das casas das classes D e E se conectam à rede exclusivamente pelo celular.
De acordo com o censo escolar de 2020, apenas 32% das escolas públicas do ensino fundamental e no caso de escolas públicas do Ensino Médio, essa porcentagem chega a 65%, porém o governo federal espera que isso se reverta com a chegada do 5G, prevendo que até 2029 todas as escolas em localidades com mais de 600 mil habitantes tenham acesso à internet de alta velocidade.
Outro entrave para que o 5G seja utilizado de fato no Brasil é a dificuldade imposta por leis municipais e estaduais que incluem a cobrança de altas taxas e, em certos casos, até criam restrições que proíbem as instalações de estações de rádio base (ERBs) onde ficam as antenas de Internet e redução do aparelho (small-cells) que permite ampliação da cobertura do sinal de dados em locais com maior demanda de sinal de Internet como as grandes cidades e as capitais.
Por Rafaela Correia de Freitas
A tecnologia de fato vem se tornando um meio para todos os fins de grande parte da população, desde o despertador até mesmo a rotina de sono de uma pessoa podem depender de um dispositivo como um celular ou tablet. A função “Bed Time” do Iphone te mostra o quanto você tem dormido ultimamente, quanto tempo de sono você teria dormindo no horário atual e até mesmo controla suas notificações 1 hora antes de se deitar e 1 hora depois que acorda. Entre hábitos e equilíbrio, a tecnologia é considerada uma aliada à nossa rotina, mas que pode virar um problema bem mais rápido do que se tornou uma solução, especialmente com a existência das redes sociais.
De acordo com dados divulgados pela HootSuite e WeAreSocials, mundialmente existiam 4,55 Bilhões de usuários ativos em Redes Sociais em Outubro de 2021, a mesma pesquisa revela que dentre a população brasileira, são cerca de 164 Milhões, 77%. Os problemas nessas plataformas começaram cedo, logo com a criação dos primeiros nomes como MSN, Orkut, Yahoo e muito mais, sendo iniciado no Cyberbullying, algo que preocupa orgãos como a Unicef até hoje. Também lidamos com outros problemas modernos que surgiram com a inserção cada vez mais prematura de crianças na internet e até mesmo com a chegada da pandemia. Com todos dentro de casa, as redes se tornaram um escape da realidade, uma forma de se conectar com outras pessoas e até de se informar. Muitos jornais e canais de notícias, que já estavam em migração para plataformas como Instagram, Facebook e Twitter, tiveram que se esforçar para tornar o conteúdo nas Social Medias uma de suas principais formas de divulgação e tráfego para seus canais principais depois da pandemia de Covid-19.
Tendo em vista a necessidade das notícias rápidas e curtas, muitos jornalistas e comunicólogos passaram a desistir das hospedagens em sites e canais e passaram a informar seu público no local onde ele dispunha a maior parte do seu tempo: as redes sociais. Uma solução para os problemas dos espectadores e leitores, logo se tornou um imenso problema para o jornalismo no geral. As Fake News, já conhecidas antes da pandemia, aumentaram consideravelmente em 2020 e 2021, especialmente aquelas se tratando do vírus. Vistas por todas as partes, até mesmo em propagandas de governo, as notícias falsas eram disseminadas principalmente através das redes sociais, em destaque para os jovens, o Twitter.
Uma rede de compartilhamento de pequenos textos e troca de informações rápidas se tornou um dos maiores meios de informação e desinformação. Em 2017 o Twitter liberou uma pesquisa que dizia que 74% dos seus usuários utilizavam a plataforma para saberem das notícias, visto que há o facilitador da aba “Trending Topics”, Tópicos do Momento, e a possibilidade de receber as notícias em tempo real. Contudo, em 2020, isso começou a ser um problema. Os usuários compartilhavam links de notícias dentro de tweets tendenciosos, algo que poderia ser desmentido ou amenizado se apenas quem recebesse clicasse nos links que acompanhavam o conteúdo, contudo, a necessidade da rapidez impedia que isso acontecesse e, hoje, a plataforma conta com uma inteligência que alerta o usuário prestes a retweetar (compartilhar) um link sem tê-lo aberto primeiro.
Infelizmente, a medida não impediu que Fake News continuassem a ser disseminadas no aplicativo. No dia 04 de outubro deste ano, as redes sociais da atual empresa Meta incluindo Whatsapp, Facebook e Instagram sofreram instabilidade, ficando fora do ar. Os usuários, em pânico, buscaram o Twitter para se informarem sobre o ocorrido e as notícias falsas sobre o que havia acontecido geraram pânico nos internautas e não demoraram a se espalhar.
Um exemplo veio de um “portal de notícias” com mais de 620 mil seguidores que dizia estar apurando e acompanhando de perto a situação com fontes confiáveis, mas que levou inverdades no intuito de ganhar seguidores, conhecido na plataforma como “Bait”.
Apesar de óbvio para alguns levando o tom sensacionalista e absurdidades, muitos foram pegos pela “brincadeira”, incluindo a influencer @alexandrimos que divulgou prints em seu TikTok.
“Segundo essa página do Twitter [...] Como que vai ser isso? Parece um ataque à internet, a tudo o que a gente vive.”
O jornalista Igor Tarcísio, 22, analista de comunicação e redator do PSB (Partido Socialista Brasileiro) e criador de um dossiê explicativo e informativo sobre as fake news criadas acerca da pandemia de Covid-19, reflete sobre as consequências disso e o porquê das Fake News serem tão apetitosas e fáceis de acreditar “Quando a gente tem um período de tensionamento político a gente tende a acreditar em algumas coisas que estão alinhadas àquele político que queremos votar” comenta ao discutirmos sobre como as pessoas se sentem atraídas por mentiras apenas por quererem que seja verdade. “Às vezes é sobre eu confiar em algo que eu quero muito acreditar [...] A Fake News elas se tornam apetitosas pra gente, elas se tornam palpáveis, à partir do momento em que ela toca nas nossas crenças.”
Em contrapartida, comumente pensa-se que para facilmente combater uma notícia falsa, isto é, a desinformação, deve-se usar a verdade (a informação), mas na prática, jornalistas enfrentam um grande problema, que é atingir não só as telas dos smartphones e computadores de quem lê e repassa esse conteúdo, mas também, de alcançar o reconhecimento dessa parcela de pessoas. Afinal, o consumo da desinformação não vem somente de usuários com anseio de acreditar naquilo que querem, mas também da ingenuidade de se receber algo de alguém considerado confiável e não checar antes de compartilhar ou, até mesmo, de uma informação repassada tantas vezes acompanhada de uma opinião que perde a sua essência. A abordagem para se impactar essas pessoas é diferente e, por mais que correta, nem sempre é eficaz.
“Eu acho que já tem uma estratégia muito forte”, comenta Igor sobre as agências de checagem como Lupa, “talvez ter uma presença maior nas redes sociais (de jornalistas), onde é um ambiente que mais acontece o compartilhamento e a produção das Fake News [...] colocar pessoas especializadas naquilo pra de certa forma ter uma comunicação mais orgânica [...] mas eu acredito que as Fake News elas não têm uma solução em sua completude, é um problema que tá relacionado muito à cultura de uma sociedade, acreditar em informações de acordo com vivências e duvidar de informações que são atestadas cientificamente. Tem que exigir um trabalho não só nas redes sociais mas também uma campanha de conscientização em escolas e em ambientes que são responsáveis pela educação…”
Somado a isso, o jornalismo bem como quem o acompanha também virou refém do imediatismo e dos algoritmos, grandes estopins para as notícias falsas. Apesar de ainda existirem, os jornais impressos e telejornais estão cedendo cada vez mais seu espaço, a preocupação com a venda de cópias e telespectadores se transforma em uma publicação onde seu público precisa engajar e seguir certas regras para que a informação alcance mais pessoas. Muitos perderam seus lugares para quem tem o título mais chamativo ou maior polêmica envolvida, fazendo com que grandes veículos jornalísticos cedessem ao sensacionalismo e títulos tendenciosos.
Além de matérias que disputam a atenção dos usuários, outro método utilizado para obter views e que pode causar problemas é a concorrência de quem posta a informação antes. O imediatismo que as redes sociais trazem àqueles que buscam se informar é um dos problemas que resulta em notícias falsas provindas do mal apuramento (no caso de jornalistas) ou compartilhamento de uma informação já digerida por outra pessoa (no caso do público geral). Como quando alguém opina sobre uma informação e esta é compartilhada no lugar da íntegra, o receptor toma o lugar do emissor nesse ciclo e permite que suas crenças e interpretação façam parte da informação original, deixando de lado o compromisso com a objetividade e recortando seus interesses do todo, criando assim, um novo braço para o tema que pode ter escassez de informações ou interpretação.
Igor comenta sobre o fenômeno do imediatismo que não está somente em quem recebe a notícia, mas também, no veículo ou jornalista que a transmite. A necessidade de repassar informações no formato rápido buscado pelo receptor interfere na boa apuração e revisão de um texto. “Eu vou chegar em uma rede social e vou ver mil informações, como eu vou conseguir filtrar aquilo? Como vou conseguir ler todas aquelas matérias e decidir qual é mais importante, ou qual é mais verdadeira? A gente tem um fluxo muito grande de informações o tempo todo! [...] É exatamente aí que a Fake News ela entra, porque é muito mais fácil eu conseguir acreditar em algum veículo que entre de acordo com o que eu penso do que eu ir atrás e pesquisar em mil veículos aquela mesma informação. A gente (jornalista) precisa encontrar o equilíbrio entre dar uma notícia importante na hora mas também não ter um fluxo gigantesco de informações onde as pessoas não vão conseguir acompanhar [...] O Hard News ele precisa dar uma freada, tem que ter o imediatismo de certa forma, mas também precisa ter informação apurada. Não adianta querer correr atrás de um furo e soltar uma informação que não é completamente apurada e no fim ter que soltar uma nota de correção. Uma informação mal verificada é uma fake news.”
E ainda comenta sobre personalidades que compartilham informações e são mais bem recebidas do que a fonte jornalística: “O Twitter tem muito disso, devido as pessoas terem muitos seguidores, terem o verificado, geram essa sensação de confiança. Isso cria uma reação em cadeia gigantesca. O problema não tá só no veículo, mas também naqueles influencers que se acham detentores de algum conhecimento.” Coisa que ele chama de “Monstros de Opinião”, pessoas que compartilham seus pensamentos pessoais transvestidos de verdades e informação jornalística. Esse fenômeno criado pelas redes sociais, onde pessoas relevantes se sentem no direito de informar as pessoas e exercer o papel do jornalista é algo que preocupa profissionais de comunicação e representa grande perigo para a verdade, afinal, não se faz mais necessário a presença de um diploma para desempenhar a função de um jornalista, logo, erros que descredibilizam a profissão serão cada vez mais comuns.
Um exemplo disso foi quando as apresentadoras do podcast “PodCats” Camila Loures e Virginia Fonseca em uma “gafe” perguntam ao humorista Whindersson Nunes se ele pretendia ter filhos logo depois do falecimento de seu bebê nascido prematuro, a fala de Camila gerou certo desconforto no entrevistado que respondeu que ele sim, tinha um filho. A parceira Virginia decide replicar Whindersson com “Old” uma expressão nascida no Twitter que se refere a algo óbvio.
o desconforto do whindersson com isso, pelo amor de Deus pic.twitter.com/4knXdbYRTm
— carol (@carolcomentaa) November 4, 2021
“As pessoas gostam de deter o poder da informação. As pessoas por trás desses perfis, por exemplo, elas acreditam muito em deter o poder da informação onde, ‘Olha, eu tenho um perfil com mais de 40 mil seguidores e sou verificado, logo a informação que eu der aqui tem um valor muito grande’ Um caso que eu critiquei foi, por exemplo, o Felipe Neto virar colunista. Eu entendo que as opiniões dele são importantes nesse período, mas quem é o Felipe Neto para eu dar uma coluna pra ele? Quem é o Felipe Neto para propagar informações com propriedade? Qual a formação dele? [...] Mas e as pessoas que são estudadas, que são especialistas? Que tiveram todo um processo de começar uma graduação, de terminar, de se especializar? Essas pessoas deveriam ser ouvidas?” Igor completa.
Muitos outros fatores colaboram para a criação de Fake News e destes braços antiéticos do jornalismo, porém, a importância dessa profissão é vista quando esse ambiente já está criado: quando notícias falsas já estão sendo propagadas ou quando internautas se deparam com o problema que uma entrevista mal encaminhada por leigos resultou.
É papel do jornalista desmentir essas desinformações e repassar a verdade no fim, bem como de explicar a problemática por trás de influenciadores e outros detentores de engajamento exercendo a profissão erroneamente. Porém, é necessário, antes, reconhecer a raíz do problema e deixar que profissionais façam seu trabalho, mas que também saibam reconhecer e exercer seu compromisso com a verdade e democracia acima do engajamento.
Por Rafaela Correa de Freitas
Desde a invenção dos Ebooks, o mercado de livros voltou a estagnar e não viu mais seus dias de glória como quando os leitores bombaram com a ideia dos livros digitais. A chegada da pandemia intensificou a crise que já estava ocorrendo no setor, com a sua quase monopolização pela empresa Amazon vendendo livros físicos por menos da metade do preço e tornando seu E-reader o mais procurado do mercado, junto com a crise das MegaStores que fez com que grandes nomes falissem e fechassem suas livrarias no Brasil inteiro, culminou em mais um período turbulento para o setor.
Contudo, 2021 chegou, e apesar do vírus ainda estar circulando, o mercado por fim conseguiu respirar. O que houve foi que com as pessoas em casa, todos passaram a procurar na Internet o que poderiam fazer, e a resposta estava não só nos serviços de streaming ou jogos, mas também nas redes sociais que se tornaram verdadeiras aliadas quando, por exemplo, pessoas comuns passaram a divulgar sua rotina de leituras junto com os seus títulos favoritos e até mesmo memes. O TikTok foi uma delas, o próprio aplicativo bombou durante a pandemia mas os leitores criaram uma # dentro do app, formando uma comunidade efetivamente deles e criando verdadeiros influenciadores que levaram livros viralizados na plataforma ao topo de vendas e listas do The New York Times Best Sellers.
Um exemplo disso foi o livro “Mentirosos” da autora E. Lockhart que viralizou na plataforma e hoje não sai da lista de mais vendidos ou da seção de destaques de livrarias no mundo inteiro. A página em inglês do livro na Amazon até mesmo ganhou um novo título: “We Were Liars: The award-winning YA book TikTok can’t stop talking about!” (Mentirosos: O premiado livro jovem-adulto que o TikTok não consegue parar de falar!)
Afinal, quem são essas pessoas que estão por trás do sucesso de tantos livros e a alta de 48,5% da venda de livros no primeiro semestre de 2021? A resposta é que eles sempre estiveram ali, começaram nos blogs e se tornaram mais famosos no Youtube, conhecidos como Booktubers, mas também estiveram no Instagram (sim, os bookstagramers) e agora, com o Booktok e a Twitch (aplicativo e site para fazer vídeos ao-vivo) eles finalmente começaram a conquistar mais reconhecimento, trazendo benefícios não só para o mercado mas também para os leitores. Sejam as lives de “sprint” onde o influenciador lê algo ao vivo com seus seguidores incentivando um “clube do livro à distância” ou com as já conhecidas “resenhas” onde as pessoas dão uma nota junto com sua opinião sobre o livro, eles conquistaram espaço e criaram uma comunidade que se incentiva e apoia, trazendo temas importantes à tona como os gatilhos emocionais, classificação indicativa, problemáticas e representatividade nos livros.
Gabriela Rangel, dona do perfil artt.books no Instagram conta que teve a ideia no intuito de encontrar mais pessoas que compartilhassem do gosto pela leitura, mas encontrou muito mais: “Foi um espaço pensado para me dar liberdade de conversar com pessoas que gostavam das mesmas coisas. Acredito que quem me inspirou e me deu todo apoio do mundo foi meu pai, fico muito grata por ter ele ao meu lado!”, o perfil cresceu rápido, nasceu depois de um mês da criação de seu blog que conta com o mesmo nome, e hoje Gabriela se encontra na Twitch, onde faz lives, Youtube e Instagram.
As comunidades de leitores formaram laços e conquistaram a atenção para um mercado há muito esquecido, mas como todas as outras, também trouxe discussões acaloradas sobre o que consideram melhor ou pior, criando até mesmo tribos dentro das redes com os que preferem gênero x acima do y e que entram em conflito constantemente. Com sua influência, tornou-se papel desses creators também servir como mediadores em discussões e até mesmo fazerem parte da construção de um coletivo mais saudável: “Acredito que o influenciador é importante para suprir a falta de investimento do Brasil no meio literário. Podemos observar o grande crescimento das páginas literárias no tiktok e sua grande influência no aumento da compra de livros. Além disso, acho importante o espaço deles nas redes sociais mostrando que existem outros gêneros literários e que precisamos respeitar a diferença de gostos em relação aos livros, opiniões e gostos sempre podem divergir e está tudo bem!” conta Gabriela.
Ela nos mostra um lado incomum disso tudo: não como o influenciador mudou a vida dos leitores, mas como a comunidade e seus perfis mudaram a dele: “Acredito que minha página abriu portas que eu nunca poderia ter imaginado. Comecei a me envolver bastante com redes sociais (algo que nunca gostei muito), criei laços maravilhosos com pessoas incríveis e, além disso, consegui me inserir bastante no meio editorial, hoje tenho parceria com 6 editoras fixas. Em mais de dois anos de trabalho, percebi muitas mudanças como: o profissionalismo, a melhora no conteúdo, a forma de demonstrar minhas opiniões e minha relação com o público. Acabei amadurecendo ao vivenciar as dificuldades de trabalhar nas mídias.” E com isso, a creator também cita o lado ruim de trabalhar com as redes sociais.
“Saber lidar com o público é um dos maiores desafios sempre, temos que ter muito cuidado com o que falamos na internet, principalmente nas bookredes. Acredito que a internet traz uma confiança que não temos na vida real, então é muito fácil ser machucado por comentários maldosos. Além disso, ter uma constância de conteúdo é bem difícil, sempre podemos enfrentar um bloqueio criativo”
Apesar de seus altos e baixos, essas comunidades foram em grande parte responsáveis pelos mais de 28 milhões de livros vendidos no início de 2021, onde a cultura se provou resistir mesmo em seus tempos mais tenebrosos.
Por Guilherme Lima Alavase
Para os jovens que gostam de futebol, assistir um jogo dos anos 70 ou 80 do século passado se torna um exercício de paciência. Eles acham lentos os jogadores do passado, tão idolatrado por seus pais e avós. Quando se estuda os treinamentos realizados naquela época, percebe que o máximo que os jogadores faziam nos treinamentos eram alguns exercícios bem simples, como corridas, polichinelos e flexões. Nos jogos era a famosa frase “jogar e deixar jogar”. Não havia a aceleração de hoje com a ocupação dos espaços por muitos jogadores, onde quase todos estão na faixa do campo em que a bola está sendo disputada. No passado o requisito básico para ter sucesso no futebol era ser driblador, ter domínio da bola e visão de jogo.
O futebol, chamado arte, foi se adaptando à modernidade, ganhando velocidade e força, com a utilização de padrões táticos rigorosos. O treinador passou a ser tão importante quanto o craque do time.
A mudança de atitude dos times não aconteceu ao acaso. Foi fruto da observação dos melhores times do mundo com os resultados alcançados em campo. O primeiro grande time que começou a utilizar a ciência no futebol, conforme entrevista concedida à revista Galileu, pelo médico e jogador de futebol Tostão, onde diz que a seleção brasileira de 1970 soube colocar em prática o conhecimento da ciência a favor do desempenho dos atletas. Aliou ao futebol arte de jogadores geniais como Pelé, Gerson, Rivelino, Carlos Alberto, Jairzinho, entre tantos outros, com métodos científicos de preparação física. Com o grande sucesso dos brasileiros, muitos times mundo afora, começaram a investir fortemente na preparação física, criando estruturas tecnológicas para preparar os jogadores fisicamente. Muitos fracassaram, pois uma estrutura científica utilizada em jogadores medianos não garantia o sucesso em campo. Descobriram que o futebol não é um esporte em que o ensaio e o treinamento exaustivo de jogadas garantiam a vitória, pois um jogo de futebol é uma sequência de fatores exatos intercalados aos acasos e momentos de pura sorte. Observaram que os resultados positivos eram fortemente influenciados por jogadores criativos e talentosos que não tinham medo de tentar lances improváveis. O talento e a criatividade estão na base do futebol. Com a certeza de que não bastava apenas o estudo, a ciência e a disciplina, começaram a buscar os jovens talentos, sobretudo da América do Sul. Foi assim que contrataram Lionel Messi, com apenas treze anos de idade, para as categorias de base do Barcelona. Confiavam na ciência para transformar o jovem franzino, mas extremamente talentoso, em um grande jogador. Deu muito certo. O Barcelona ganhou muitos títulos e fãs no mundo todo e proporcionalmente aumentou as suas receitas.
O esporte mais popular do mundo, com grande exposição na mídia, paga aos melhores jogadores do mundo altos valores e em contrapartida cobra desempenho em todas as partidas e resistência para suportar a maratona de competições e jogos. Para transformar os jogadores em máquinas de jogar futebol, os maiores clubes do mundo investiram milhões de dólares na criação de centros de excelência para garantir que seus atletas atinjam o seu desempenho máximo. Os departamentos de análise de dados observam a forma de respirar, de andar, de correr, os movimentos realizados nos treinamentos e nos jogos. Utilizam de recursos tecnológicos como um sensor colado ao corpo dos jogadores. O sensor faz todas as medições necessárias que são imediatamente passadas para o computador que analisa os dados e, sob a forma de gráficos, mapas de calor e diagramas mostra ao treinador os acertos e as falhas de cada movimento, para que ele tome as decisões necessárias para aumentar a eficiência do atleta. Outro fator importante para melhorar o desempenho dos times é a utilização de equipamentos e testes médicos que ajudam a melhorar a recuperação dos jogadores, chegando até a prever possíveis lesões devido ao esforço realizado.
O grande desafio dos clubes estruturados é manter os atletas em atividade, sem interrupções. Para os atletas não “estourar” a equipe médica coleta amostras de sangue dos jogadores medindo os índices bioquímicos e metabólicos. Através dos exames é possível verificar se os atletas estão se recuperando adequadamente, se há processos inflamatórios, se o desgaste muscular está prestes a entrar em colapso etc. A partir dos dados coletados, o treinador tem condições de tomar a decisão que ele julgar mais acertada em função dos próximos jogos.
Como numa espiral ascendente, times competitivos ganham muitos jogos, conquistam campeonatos e passam a ser admirados por milhões de torcedores, que se tornam consumidores, comprando as camisas originais e diversos produtos licenciados, ampliando ainda mais as receitas dos principais clubes do mundo. Hoje, Barcelona, Liverpool, Real Madrid etc. têm uma legião de fãs espalhados pelos cinco continentes e para cada produto vendido em qualquer país, uma parcela do valor é revertida ao clube. Não é à toa que as pré-temporadas dos principais times são realizadas em países distantes, buscando novos torcedores e consumidores.
Resumindo, o futebol é arte, raça, emoção, habilidade e técnica. Agora, se ele vier acompanhado da ciência, do comprometimento tático, do preparo físico e mental, aí sim, o time poderá sonhar alto, brigar por títulos e ser um negócio altamente rentável.