Em São Paulo, a rotina de um motorista de aplicativo revela como o trabalho passou a ser guiado por notificações, cansaço digital e um cotidiano moldado pelo brilho constante do celular
por
Carolina Hernandez
|
24/11/2025 - 12h

 

Por Carolina Hernandez 

O celular vibra antes que qualquer clarão toque os prédios da Mooca, e essa vibração curta, metálica e insistente desperta Jonas de um sono leve, como se fosse uma convocação, um chamado que não permite adiamentos. Ele estende a mão ainda no escuro, alcança o aparelho, observa a luz que se espalha pelo quarto e lê a notificação do aplicativo que já anuncia alta demanda, fluxo intenso, oportunidade. Nos últimos anos, aprendeu a acordar assim, preso ao brilho do celular antes mesmo de sentir o chão frio sob os pés. O trabalho começa na tela, e não na rua.

No carro, um sedan prata que carrega o desgaste dos dias longos, Jonas encaixa o celular no suporte. O gesto é tão automático que parece parte do ritual de ligar o motor, como se o carro só funcionasse plenamente depois que o aplicativo estivesse ativo. A tela mostra a cidade em azul e amarelo, um mapa vivo onde cada área fervilha com informações que determinam para onde ele deve ir, quanto irá ganhar, quanto tempo deve esperar. O aplicativo calcula rotas, horários, riscos e recompensas, e Jonas respira fundo antes de seguir, como quem aceita que o destino do dia será guiado por aquele retângulo luminoso.

A primeira corrida aparece em menos de quinze segundos. Ele aceita. O carro avança devagar pelas ruas que ainda não despertaram, e Jonas observa o céu sem forma, as luzes dos postes refletidas no capô, o reflexo da tela pressionando seus olhos desde a madrugada. Logo, o trânsito cresce, e a cidade parece surgir inteira de dentro dos celulares dos próprios motoristas, porque ninguém conduz apenas pelas ruas, todos conduzem pelos mapas, pelas notificações, pelas coordenadas enviadas de longe.

A dependência da tela dita o ritmo. Jonas percebe isso a cada minuto. Ignorar uma notificação pode significar perder corridas, perder pontos, perder visibilidade diante do algoritmo. Ele sabe que o sistema registra cada movimento, cada segundo parado, cada mudança de rota, cada hesitação. Uma espécie de patrão silencioso observa sua velocidade, suas notas, seus cancelamentos, suas escolhas. Não há voz, não há rosto, mas há controle. Ele comenta que antes achava que dirigia para pessoas, e hoje sente que dirige para um conjunto de cálculos invisíveis.

O cansaço começa sempre pelos olhos. A luz azulada se infiltra pelas pálpebras como um grão de areia persistente. Mesmo nos poucos minutos de pausa, ele sente o celular vibrar no bolso, chamando de volta, lembrando que há demandas próximas. A Pesquisa TIC Domicílios mostra que o celular tornou-se o principal dispositivo de acesso à internet para a maioria dos brasileiros, mas, para motoristas de aplicativo, é mais que isso, é ferramenta, ponte, segurança, salário e vigilância. Jonas passa mais tempo olhando para a tela do que para qualquer rosto durante o dia.

Os passageiros entram no carro sempre com pressa, sempre conectados a outra conversa que não está ali. Há estudantes que assistem aulas no banco traseiro, executivos que participam de reuniões por vídeo, mães que equilibram sacolas e chamadas, jovens que respondem mensagens durante trajetos de poucas quadras. O carro se transforma em cápsula de passagens breves, onde cada um leva sua própria tela, e Jonas conduz tantas luzes simultâneas que, às vezes, o interior do carro parece mais iluminado durante a noite do que durante o dia.

Ele já ouviu histórias que não estavam destinadas a ele, conversas que vazavam das telas para o espaço do carro, lágrimas silenciosas de quem lia mensagens difíceis, risadas altas de grupos que relembravam memórias por vídeos compartilhados. Jonas sempre percebe que as pessoas falam menos com ele e mais com seus celulares, que olham menos pela janela e mais para notificações. Nos raros momentos de silêncio, apenas as telas respiram, emitindo luzes diferentes em intervalos variados.

No fim da tarde, quando o corpo já pesa, o aplicativo avisa aumento de demanda. Jonas pensa em parar, mas o aviso insiste, promete ganhos extras, sinaliza movimento crescente. Ele encosta em um posto para comprar um café, tenta alongar as costas, tenta piscar devagar para aliviar a ardência nos olhos. O celular vibra antes da primeira golada. Ele volta para o volante. Recusar seria uma escolha, mas uma escolha com consequências. Descanso e trabalho, na lógica do aplicativo, nunca estão em equilíbrio.

A madrugada avança e a cidade se torna uma paisagem de luzes espaçadas, com corredores vazios e poucos ruídos. Jonas leva um jovem que saiu do trabalho no shopping, e o rapaz passa o trajeto inteiro olhando para o celular enquanto mensagens surgem em sequência. Jonas também observa o seu próprio aparelho, que marca a rota até o destino. O carro segue pelas avenidas escuras com apenas as duas telas iluminando o interior, criando um silêncio que parece suspenso no ar.

Quando chega em casa, Jonas desliga o carro, depois o aplicativo, e por fim o celular, que insiste em vibrar com atualizações e resumos do dia. A sala escura o acolhe em um silêncio que chega a parecer estranho, como se o mundo tivesse diminuído de volume. Ele se recosta no sofá e sente o peso acumulado do dia, não apenas o peso físico, mas o peso da luz constante, da atenção exigida, da vigilância permanente que o acompanha desde o amanhecer. O corpo quer descanso, mas a mente ainda repassa rotas, mensagens, barulhos de notificação que permanecem mesmo após a tela apagar.

Amanhã, muito antes de a luz do sol tocar a janela, o celular irá vibrar novamente, e Jonas atenderá, não por escolha, mas por necessidade. Ainda assim, enquanto respira profundamente, sente uma dúvida surgir devagar, como quem desperta de um sonho longo. Ele se pergunta se ainda guia o carro, se ainda conduz o trajeto, ou se apenas segue o ritmo imposto pela tela que nunca dorme. E essa pergunta, ele sabe, continuará voltando. Porque, na madrugada das grandes cidades, o trabalho e a vida estão cada vez mais presos ao mesmo brilho.

Com o avanço do sistema de pedágio eletrônico nas rodovias paulistas, motoristas vivem a combinação entre fluidez no trânsito e incertezas sobre tarifas, prazos e adaptação ao novo modelo.
por
Inaiá Misnerovicz
|
25/11/2025 - 12h

Por Inaiá Misnerovicz

 

Dirigir pelas rodovias da Grande São Paulo já não é mais como antes. Com a chegada do sistema free-flow - o pedágio eletrônico sem cancelas -, muitos motoristas sentem que atravessam uma fronteira invisível: não há mais a cancela para frear o carro, mas também não há a certeza imediata de quanto vão pagar. Para Jerônimo, motorista de carro, morador da zona leste de São Paulo que faz quase todos os dias o trajeto até Guararema a trabalho, essa sensação de fluxo e incerteza convive em cada viagem.

Antes da implantação do free-flow, Jerônimo parava em praças de pedágio, esperava, conferia o valor, calculava se valia a pena seguir por um trecho ou desviar. Hoje, ao cruzar os pórticos da Via Dutra ou de outras rodovias, ele simplesmente segue adiante. Só depois, no no aplicativo, descobre quanto foi cobrado, isso quando ele lembra de conferir a fatura. Para quem tem TAG, o débito cai automaticamente, mas para quem não tem, o sistema registra a placa e envia a cobrança que deve ser paga em até 30 dias, sob pena de multa, como prevê a regulamentação da CCR RioSP.

Esse modelo evita paradas e acelera o tráfego, especialmente nas pistas expressas. Segundo a concessionária Motiva/RioSP, quem trafega pelas marginais da Via Dutra (sem acessar a via expressa) não é tarifado. Mas Jerônimo ressalta que essa economia de tempo nem sempre vem acompanhada de previsibilidade de custo: “só sabendo depois quanto foi cobrado, ainda dependo de consultar o site para ver se registrou todas as passagens”, ele diz. A tarifa depende do horário e do dia da semana, pode variar, e para quem usa TAG há desconto de 5%. 

Para tornar essa transição mais suave, a RioSP intensificou ações de orientação nas margens da rodovia e em pontos públicos de Guarulhos. Na capital, promotores usam realidade virtual para explicar como os pórticos funcionam, há vídeos e atendimentos nos postos de serviço. Mais de 500 pessoas já participaram de eventos para esclarecer dúvidas sobre o funcionamento, formas de pagamento e salto entre pistas expressas e marginais.

As novas tarifas também entraram em vigor recentemente: desde 1º de setembro de 2025, os valores para veículos leves nas praças da Via Dutra foram reajustados pela ANTT, e nos pórticos do free-flow os preços também foram atualizados. No caso das rodovias geridas pela Concessionária Novo Litoral - especificamente a SP-088 (Mogi-Dutra), SP-098 (Mogi-Bertioga) e SP-055 (Padre Manoel da Nóbrega) - os valores por pórtico variam de R$ 0,57 a R$ 6,95 para veículos de passeio, dependendo do trecho.

Essa lógica de cobrança por trecho, sem a presença física de praças, exige do motorista algo além de atenção na pista: exige educação para se entender onde entrou, onde passou e quanto isso custou. Para Jerônimo, isso é mais difícil do que simplesmente parar e pagar. Ele admite que, apesar da melhoria no fluxo, teme que algum pórtico não tenha sido registrado, ou que haja diferença entre o que ele acredita ter passado e o que vai aparecer na fatura.

Além disso, há risco real para quem não paga no prazo. A CCR RioSP adverte que a não quitação da tarifa em até 30 dias configura evasão de pedágio, o que pode gerar infração de trânsito, multa fixada e até pontos na carteira. Para muitos, essa penalidade ainda parece pesada diante da novidade e da complexidade do sistema.

Por outro lado, o free-flow traz ganhos concretos para a mobilidade: ao eliminar paradas bruscas nas praças, reduz o risco de acidentes por frenagem repentina e melhora o desempenho das rodovias. A tecnologia permite modernizar a gestão do tráfego, e os pórticos com sensores garantem identificação precisa por TAG ou leitura de placa. Ainda assim, a transformação não se resume à pista. Ela repercute no cotidiano de quem vive dessa estrada, como Jerônimo, e também na forma como a concessionária se relaciona com os motoristas. A campanha de orientação mostra que há consciência de que nem todos se adaptarão imediatamente. As ações de atendimento por WhatsApp, aplicativo, site, totens e até no posto de serviço reforçam a aposta na transparência. 

Há também a perspectiva de que esse modelo se torne cada vez mais comum. Segundo planejamento de concessões futuras, mais pórticos free-flow poderão ser instalados nas rodovias paulistas até 2030, o que tornaria esse tipo de cobrança mais frequente para usuários regulares da malha estadual. Mas para que ele seja efetivamente equitativo, será preciso manter a educação viária, oferecer canais de pagamento amplos e garantir que os motoristas não sejam penalizados por simples falhas de entendimento.

Para Jerônimo, a estrada continua sendo um espaço de tensão e de liberdade. Ele ganha tempo, mas precisa vigiar sua fatura. Ele cruza Guararema, volta para São Paulo, e vive uma experiência nova: a de rodar e pagar depois, sem parar, mas sempre com a incerteza de que quanto passou pode não ser exatamente quanto será cobrado. A cancela desapareceu, mas o pedágio segue presente, só que disfarçado em números, e não em uma barreira física. 

Colunista Marcelo Leite revela que a área perde cada vez mais influência no país
por
Giovanna Britto
|
24/11/2025 - 12h

 

Durante a pandemia de Covid-19, o Brasil se reinventou em assuntos a respeito de hábitos higiênicos, debates sobre saúde mental e destacou a importância do jornalismo científico, área  responsável por comunicar à população a respeito das vacinas, o avanço ao combate do vírus e outros assuntos de saúde pública. Entretanto, três anos após o fim do estado emergencial causado pela pandemia, a falta de adesão do público à ciência tem ameaçado o trabalho dos jornalistas desse segmento.

Entre 2020 e 2022, os profissionais da mídia foram expostos ao desafio de comunicar a incerteza científica, traduzir termos e conscientizar a sociedade sobre a pandemia. Muitos jornalistas já eram especializados na área, outros aprenderam a falar sobre ciência devido a alta demanda de notícias para divulgar. A pandemia serviu como ponto de virada para o jornalismo científico - que já existia no Brasil, mas ganhou repercussão graças à necessidade de dar foco ao assunto que ditou o estilo de vida de um mundo inteiro.

Nomes como Atila Iamarino, Natália Pasternak e Álvaro Pereira Júnior se destacaram como grandes vozes da divulgação do jornalismo de ciência. Em entrevista à AGEMT, Marcelo Leite, jornalista e colunista da Folha de São Paulo especializado na área de ciência e ambiente, comenta sobre esse período: “Nunca se valorizou tanto do ponto de vista de espaço, de tempo, de audiência, a divulgação de informações científicas de base para entender o que estava acontecendo.” Hoje, o espaço de fala e a repercussão em temas científicos são menores, uma vez que as pessoas estão cada vez menos interessadas em saber de que forma isso implica em suas vidas pessoais.

Jornalista Marcelo Leite posando para câmera
Formado em jornalismo pela USP, Marcelo também atuou na Revista Piauí e é autor do livro “Psiconautas: Viagens com a Ciência Psicodélica Brasileira”. Foto: Divulgação/Unicamp.

 

Marcelo relembra que o jornalismo científico já sofria com ameaças à sua credibilidade, com falsos especialistas, médicos sem conduta ética e  com o presidente da época, Jair Bolsonaro, reproduzindo falas que levantavam mais dúvidas e ondas de ódio. “Foi um período terrível, e talvez a parte principal, que me deixa mais frustrado, é que o público se dividiu em dois. Uma parte passou  a desconsiderar as informações que a gente, do jornalismo científico, se esforçava por apresentar como informações objetivas, fundadas em dados, com a qualidade que se espera da ciência ", completa.

Na fase posterior à pandemia, após o declarado fim do período emergencial do coronavírus em 5 de maio de 2023, foi possível observar as consequências e heranças que a abundância de informações equivocadas, negacionistas e falsas deixaram na rede de informação, seja online ou offline. Os movimentos anti vacinas, impulsionados durante o Covid, emitiram um alerta para a Organização Mundial de Saúde. Dados divulgados pelo jornal Humanista da UFRGS evidenciam que a cobertura de vacinas contra poliomielite, HPV e sarampo estão em constante queda e sequer atingem a meta em lugares como Norte e Nordeste. 

No anuário de Vacinas de 2025 da Unicef, os dados indicam que até 14 de julho de 2025, a cobertura vacinal dos grupos prioritários permanecia abaixo da meta de 90%: crianças de seis meses a seis anos com 39,5%, idosos com 53,2% e gestantes com 29,8%, correspondendo a menos da metade do público-alvo.

A questão ambiental também é desconsiderada por muitas pessoas. Marcelo afirma que há muitos temas pelos quais o jornalismo científico lutou pelo progresso e que atualmente são banalizados. “se houve alguma dúvida no passado, há 20, 30 anos atrás, hoje não há mais nenhuma dúvida sobre os impactos que estão vindo e virão da mudança climática, cada vez mais sérios. Mas ainda tem gente que questiona.”

Recentemente, casos de metanol que alertaram a população em outubro deste ano, trouxeram uma onda de informações falsas que prejudicaram profissionais da área jornalística e médica, motivando o pronunciamento deles a respeito. Vídeos tentando realizar testes caseiros para identificar a presença da substância nas bebidas, sem comprovação científica, viralizaram nas redes sociais.

Essa situação se assemelha com as polêmicas envolvendo o uso da cloroquina na pandemia. Um levantamento realizado por pesquisadores do Centro de Estudos e Pesquisas de Direito Sanitário da USP (Cepedisa) em colaboração com a Conectas Direitos Humanos, mostra que, entre março de 2020 e janeiro de 2021 houve pelo menos quatro medidas federais promovendo diretamente ou facilitando a prescrição do medicamento. Jair Bolsonaro foi um dos maiores promotores da cloroquina na época e quem motivou o uso para a população. Apesar de ter sido associada no combate ao Covid, a cloroquina é um medicamento que atua contra doenças inflamatórias crônicas e no combate a parasitas e cuja eficácia de uso para o coronavírus não é comprovada.

O estudo que deu início a essa ideia foi inicialmente publicado na revista científica International Journal of Antimicrobial Agents e assinado por mais de 10 profissionais. Hoje, a editora da revista, Elsevier, anunciou a retratação deste artigo após uma pesquisa aprofundada, com o apoio de um “especialista imparcial que atua como consultor independente em ética editorial”.

Os profissionais continuam exercendo seu trabalho com excelência, alguns optando pela mídia tradicional, outros inovando nas redes através de vídeos curtos. Mas é inegável a forma com que o jornalismo científico perdeu a influência e como falta apoio em todas as áreas. “É muito triste, porque eu dediquei minha vida inteira ao jornalismo científico, para ver isso acontecer no fim da minha carreira” conclui o jornalista.

Após sete anos, evento volta ao calendário impulsionado pelo avanço dos carros eletrificados
por
Fábio Pinheiro
Vítor Nhoatto
|
22/11/2025 - 12h

O Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, um dos eventos mais tradicionais do setor automotivo brasileiro, está de volta após um hiato de sete anos. A edição de 2025 acontece entre os dias 22 e 30 de novembro, em um contexto de profundas transformações na indústria e impulsionada pela expansão de veículos eletrificados, entrada de novas marcas no país e a necessidade das montadoras de reconectar consumidores às experiências presenciais.

De acordo com a RX Eventos, organizadora da mostra bienal, a volta acontece em razão da reestruturação e aquecimento do mercado. A última edição havia sido realizada em 2018 e contou com cerca de 740 mil visitantes, mas devido a pandemia de COVID-19 o Salão de 2020 foi cancelado. Nos anos seguintes, a volta do evento ficou só na especulação. Segundo a Associação Nacional de Fabricantes Automotores (Anfavea), a pausa também pode ser atribuída à crise de matéria-prima, à retração econômica deste então e ao formato caro para as montadoras que estavam distantes do público.

Embora as duas últimas edições tenham sido no São Paulo Expo, esta acontece no Complexo do Anhembi, casa oficial do evento desde 1970. A mudança foi celebrada por expositores e pelo público, já que o Anhembi permite maior fluxo de visitantes, oferece áreas amplas para test-drive e atividades externas, recuperando a identidade histórica do salão. O retorno também faz parte da estratégia de reposicionar o evento como uma grande vitrine de experiências automotivas, com pistas, ativações e zonas imersivas distribuídas pelo pavilhão.

1
Renault anuncia o seu novo carro “Niagara” - Foto: Fábio Pinheiro

Entre as montadoras que vão expor, estão nomes de peso que apostam na ocasião para apresentar novidades ao consumidor brasileiro. A BYD leva ao Salão uma linha reforçada de elétricos e híbridos, aproveitando o crescimento expressivo da marca no Brasil, além de lançar no evento a marca de luxo do grupo, Denza. A rival chinesa GWM também estará presente, com o facelift do SUV H6, o jipe Tank 700 e a minivam Wey 09.

Em relação às marcas tradicionais, a Stellantis vai em peso para o Anhembi. A Fiat, apesar de não ter apresentado nenhum modelo novo, trará o Abarth 600, um SUV elétrico esportivo. A Peugeot terá os 208 e 2008 eletrificados e, principalmente, o lançamento da nova geração do 3008 para o mercado nacional, equipado com o tradicional motor THP. 

Enquanto isso, a Toyota investe na divulgação de novidades híbridas flex, com a chegada do Yaris Cross para brigar com o recém-lançado HR-V, e os líderes Hyundai Creta e Chevrolet Tracker. Juntas, as marcas representam parte do movimento de transformação do mercado brasileiro, que tem apostado cada vez mais na eletrificação e em tecnologias avançadas para rivalizar com a expansão chinesa.

O Salão 2025 também será palco de novas marcas como a Leapmotor, parte do grupo Stellantis. O SUV C10 será o primeiro modelo a chegar às ruas, ainda neste ano, e conta com a versão elétrica (R$189.990) e com extensor de autonomia (R$199.990). O segundo modelo será e o C-SUV elétrico B10, por R$172.990, 60 mil a menos que o rival BYD Yuan Plus, e mais recheado de tecnologia, como teto panorâmico, nível 2 de condução semi autônoma, câmera de monitoramento do motorista e airbag central.

2
Presidente da Stellantis para a América do Sul, Herlander Zola, anunciou os planos para o grupo - Foto: Stellantis / Divulgação

Já a britânica MG Motor, propriedade da chinesa SAIC, investirá em esportividade elétrica, além de custo-benefício. O modelo de maior volume de vendas deve ser o SUV S5, rival de Yaun Plus, e igualmente equipado ao B10. Em seguida, o MG 4 chega para rivalizar com Golf GTI e Corolla GR, com mais de 400 cavalos, tração integral, pacote de ADAS completo, e pela metade do preço dos rivais. Por fim, o Roadster será o chamariz de atenção no estande, com portas de lamborghini e em homenagem à tradição da marca. 

O grupo CAOA também fará a estreia da nova marca que trará ao Brasil a Changan, com a chegada prevista para 2026 com os modelos de super-luxo elétricos Avatr 11 e 12, além do SUV UNI-T, rival do Compass e Corolla Cross. 

O pavilhão do Anhembi contará com pistas de test-drive, áreas dedicadas a modelos clássicos como o McLaren de Senna, e até mesmo uma área do CARDE Museu. No Dream Lounge estarão presentes super carros como Ferrari e Lamborghini, além da Racing Game Zone para os amantes de videogame e simuladores de corrida. 

3
Área externa do Anhembi terá pista de slalom, frenagem e test-drive de dezenas de modelos - Foto: Salão do Automóvel / Divulgação

Apesar da ausência de marcas como Chevrolet, Ford, Mercedes, Volvo e Volkswagen, 2520 montadoras estarão presentes, incluindo Chery, Hyundai, Mitsubishi e Renault. O Salão espera receber cerca de 700 mil visitantes e a edição 2027 já está confirmada. Os ingressos custam a partir de R$63 (meia-entrada) nos dias de semana.

Projeto aprovado pelo Congresso libera R$ 22 milhões do Fundo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT)
por
Helena Barra
|
17/11/2025 - 12h

Por Helena Barra

 

No dia 4 de agosto de 2025, o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou o Projeto de Lei 847/2025. O plano, aprovado pelo Congresso brasileiro, regulamenta o uso dos recursos do Fundo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), liberando o valor de R$ 22 bilhões para investimentos nas áreas da ciência e tecnologia.  O FNDCT é o principal instrumento de financiamento público da ciência, tecnologia e inovação no Brasil. Ele apoia pesquisas científicas, a formação de recursos humanos qualificados, a inovação tecnológica nas empresas, a infraestrutura de pesquisa e o desenvolvimento de projetos estratégicos nacionais.

A professora de economia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Norma Cristina Brasil Casseb, explica que fundos como o FNDCT possuem legislação própria. No caso do FNDCT, segundo dados da FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), os recursos são provenientes de diversas fontes. A composição deles evidencia o importante papel do Estado tanto no direcionamento de incentivos diretos do orçamento público e do tesouro, quanto na garantia de que parte dos lucros obtidos pelas empresas do setor detentor e gerador de tecnologia retorne para a sociedade e permita que ela se desenvolva de forma mais igualitária.

Nas redes sociais, o presidente Lula, afirmou que a medida visa fortalecer a base industrial brasileira. “Com essa medida, vamos fortalecer a inovação nas seis missões da Nova Indústria Brasil e nas Instituições Científicas e Tecnológicas, levando infraestrutura, redes de pesquisa e oportunidades para todos os territórios do país. Investir em pesquisa e inovação é investir no futuro do Brasil”, comentou na divulgação.  Além disso, o projeto também tem como objetivo estimular o emprego qualificado em pesquisa e desenvolvimento, de maneira a ampliar o número de doutores em empresas, startups, parques tecnológicos e instituições de ensino. 

Para Norma Casseb, em um país como o Brasil, com alta desigualdade social e elevada concentração de renda, a liberação deste recurso é importante, não só para a sociedade, mas como para a economia nacional. “Neste contexto, o investimento em tecnologia e inovação, combinado a uma estratégia voltada para a industrialização do país, tem uma alta capacidade de geração de empregos de qualidade especialmente no setor produtivo, permitindo elevação na renda da população e, por consequência, maior expansão econômica”, informa a doutoranda. 

Segundo a Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), representante das instituições financeiras de fomento habilitadas a operar os recursos do fundo, a nova lei marca uma mudança de postura em relação ao uso dos fundos públicos voltados à inovação. Ao garantir previsibilidade e autonomia na aplicação dos recursos, o Brasil se alinha a boas práticas internacionais de apoio à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico. 

Em entrevista à Agência Brasil, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, destacou que, apesar de o FNDCT ter sido criado em 1969, o fundo ganhou maior relevância nos governos do presidente Lula, inclusive no atual mandato. De acordo com o governo, nos últimos dois anos, os investimentos em ciência, tecnologia e inovação por meio do FNDCT aumentaram seis vezes. Saíram de R$ 2 bilhões, em 2021, para R$ 12 bilhões, em 2024. A previsão para 2025 é de cerca de R$ 14 bilhões.

A professora também reforça que o investimento em ciência e tecnologia é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento econômico e social de uma nação. Eles permitem adicionar valor agregado aos produtos brasileiros, além de elevar a produtividade e a competitividade da economia nacional, permitindo que sejam cada vez mais competitivos no comércio internacional.  Além disso, investimentos como o FNDCT podem tornar o País mais que um exportador de produtos de maior valor agregado, mas também um exportador de tecnologia para outros países, que muitas das vezes não possuem capacidade financeira ou de infraestrutura para desenvolverem suas próprias tecnologias.


 

 





 

Maior feira de carros de passeio da Europa acontecerá em setembro, e promete sacudir o mercado internacional
por
Vitor Nhoatto
|
31/08/2023 - 12h

Sendo um dos mais tradicionais eventos da indústria automotiva mundial, responsável por grandes novidades das principais marcas, a IAA Mobility, antigo Salão do Automóvel de Frankfurt, acontece a cada dois anos. Em sua segunda edição, ela abrirá as suas portas no próximo dia 5 de setembro, com um novo formato focado em mobilidade.

O evento contará com 39 marcas de automóveis ao todo, como BMW, Ford, Honda, Mercedes e Renault, mas ausências importantes foram notadas como Fiat, Nissan, Peugeot e Toyota. Apesar disso, o que mais chama atenção é o aumento de marcas chinesas, que duplicou quando comparado a 2021, dando destaque a BYD, que apresentará os seus próximos passos na conquista do mercado europeu e mundial.

Além das fabricantes de veículos, a feira também contará com empresas como LG, Samsung e CATL, importantes fabricantes de baterias, reforçando o foco nos elétricos da exposição. Fornecedoras como Bosch e Continental, e as últimas novidades em relação a condução autônoma e inteligência artificial também estarão presentes.

 

BMW

Carro conceito BMW i Vision Circular a esquerda e carro conceito BMW i Vision Dee a direita
Conceitos BMW i Vision Circular e BMW i Vision Dee - Foto: BMW/Divulgação

A marca alemã, após o i Vision Circular e o i Vision Dee, apresentará o conceito Vision Neue Klasse. O protótipo, que completa a trilogia de conceitos que guiarão o futuro da marca bávara em relação a design e abordagem, será a estrela do stand.

Tal importância se deve pois ele será o responsável por apresentar a nova plataforma modular da marca, muito mais eficiente que a atual, que será usada a partir de 2025 em modelos totalmente elétricos de todos os tamanhos e formatos.

A empresa também usará o evento para lançar novas versões de modelos já vendidos, como o novo Série 5 Sedã com motorizações híbridas plug-in de última geração, o novo iX5 movido a hidrogênio, e uma versão blindada do novo i7, chamada Protection.

Além disso, a MINI, marca pertencente ao grupo BMW, fará o lançamento mundial de dois novos modelos muito aguardados: o novo Cooper em sua versão elétrica e o SUV Countryman, – com uma versão a combustão e uma totalmente elétrica – agora medindo 4.5m sob a mesma base do novo X1 e iX1, para disputar mercado no segmento C de SUVs premium, o mesmo do Volvo XC40 e Audi Q3 por exemplo.

 

BYD

SUV azul modelo BYD Seal U parado
BYD Seal U que será apresentado no salão - Foto: BYD/Divulgação

Como já destacado, a presença chinesa está garantida e a BYD será a principal representante do país asiático em terras germânicas. A gigante já confirmou que apresentará a versão europeia do hatch elétrico Dolphin, que sacudiu o mercado brasileiro recentemente.

Também acontecerá o lançamento do novo sedã do segmento D, Seal, que disputará mercado com o Tesla Model 3, e sua versão SUV chamada Seal U, rival do Tesla Model Y, ambos totalmente elétricos com uma autonomia estimada de 500km.

Além disso, estarão presentes marcas como Avatr, uma colaboração entre as chinesas Changan e Haweii, Hiphi, Hongqui, Seres, Xpeng e Denza, uma submarca premium da própria BYD.

 

Honda

A única marca japonesa que estará no evento se restringirá a trazer apenas os seus modelos já anunciados, começando pelo novo e:ny1, versão elétrica do HR-V. Outros dois modelos recém-lançados no mercado europeu, e que serão também vendidos no brasil segundo a montadora são o ZR-V, o SUV do Civic, e a nova geração do CR-V.

 

Mercedes

Silhueta de carro conceito vermelho carroceria sedã da Mercedes
Teaser do conceito que será apresentado na IAA 2023 - Foto: Mercedes/Divulgação

Outra grande construtora alemã que vai se destacar tanto com carros conceitos e carros de produção será a Mercedes. Seu lançamento mais importante será um sedã conceito 100% elétrico que prevê a próxima geração dos carros de entrada da marca.

Em relação aos modelos de produção, o novo Classe E All-Terrain, uma versão aventureira do novo Classe E em carroceria perua será apresentada. O evento será palco dos SUVs reestilizados EQA e EQB, e da van EQV, os quais contam com melhorias na eficiência, mudanças estéticas sutis, e melhorias nos equipamentos.

Quem também marcará presença será a smart, agora 50% da Mercedes e 50% da Geely, dona da Volvo. A empresa apresentará o #3 para o mercado europeu, que nada mais é que uma versão em estilo cupê do seu SUV #1.

 

Renault

Protótipo camuflado em movimento do novo Renault Scenic E-Tech
Protótipo camuflado do novo Renault Scenic E-Tech - Foto: Renault/Divulgação

Única representante da aliança Renault-Mitsubishi-Nissan na feira, a marca francesa fará a revelação da versão de produção do aguardado Scenic, agora não mais um monovolume, mas um crossover elétrico para o segmento C.

O modelo faz parte do programa de transformação da marca chamado Renaulution, o qual tem como foco a eletrificação da marca nos próximos anos, de forma sustentável. Além do novo Scenic, é esperado que o Renault 5 e o Renault 4L, ainda como concept cars, também estejam presentes, ambos elétricos.

 

Tesla

Uma grande surpresa no evento será a marca americana, que quase nunca participou de salões de automóveis. A empresa de Elon Musk não disse quais modelos estarão presentes, mas especula-se que serão as versões reestilizadas do Model 3 e Model Y, já que dificilmente o novo Model 2 está em um ponto tão avançado de desenvolvimento para ser apresentado e há dúvidas se a Cybertruck será vendida no velho continente, devido a sua estrutura, incompatível com os padrões de segurança do Euro Ncap.

 

Grupo Volkswagen

Protótipo camuflado do novo Audi Q6 e-tron de frente a esquerda e de trás a direita
Protótipo camuflado do novo Audi Q6 e-tron - Foto: Audi/Divulgação

Apesar da grande importância do evento, as marcas do grupo que estarão presentes, não apresentarão grandes novidades. A Audi confirmou sua participação, mas não quais modelos irá levar a feira, no entanto, espera-se que o tão aguardado Q6 e-tron finalmente seja revelado integralmente, assim como as suas especificações finais.

A mais nova marca independente do grupo, separada da Seat em 2021, a Cupra, marcará presença com o Tavascan. O SUV elétrico com autonomia de mais de 500km, estilo cupê e tração integral, é o modelo mais potente já produzido na plataforma MEB, a mesma dos Volkswagen ID.3 e ID.4.

A Porsche também confirmou sua presença, mas não apresentará o novo Macan elétrico, que apesar de usar a nova plataforma do Audi Q6 e-tron teve seu lançamento adiado para novembro, no salão de Las Vegas (EUA). Porém, trará o conceito Mission X para ser apreciado pelo público, modelo que prevê o futuro elétrico da marca.

Por fim, a Volkswagen irá revelar o novo ID.7 GTX, versão esportiva do sedan elétrico que além de adereços estéticos, contará com um aumento de potência. Ainda trará o recém revelado Passat Estate, agora apenas em carroceria perua.

"Eu fiquei com medo porque meus dados foram abertos", conta vítima do cybercrime.
por
Maria Clara Alcântara
Laura Boechat
|
29/06/2023 - 12h

Por Maria Clara Alcântara (texto) e Laura Boechat (audiovisual)

 

Lais Bonfim é uma estudante de jornalismo. Ela  sempre se preocupou com sua segurança, sobretudo quando estava em uma rua lotada ou um bairro que sabia quer era perigoso. Sempre segurou firme o seu celular, um objeto caro e tinha medo de que roubassem o aparelho pelo valor dele, ela só não imaginou que o bem de maior valor não estavam protegidos, os seus dados seriam vazados.

Em dezembro do ano passado Laís ganhou duas câmeras digitais idênticas do seu pai, por isso eles resolveram vender  uma delas, em uma plataforma online conhecida, chamada enjoei  “Um dia depois que eu coloquei o anúncio já apareceu uma pessoa interessada, eu fiquei feliz porque ela já concordou com o preço e já fechou o negócio”

 

A câmera que Laís tentou vender na plataforma enjoei, ainda em suas mãos. "Eu fiquei com medo (...) Sempre achava que era mentira, que eu não estava comprando ou estavam me vendo na internet", conta a vítima. 

Porém, Laís nem imaginava que ali começava um pesadelo que envolveria até a polícia “Eu vendi, então me mandaram e-mail com o logo do site, fingindo que eram o site, e falavam as etapas que eu tinha que fazer pra receber o meu dinheiro, pra terminar de ser concluído. Então na verdade a pessoa que comprou fazia parte do esquema.  Aí eles ficavam falando que eu tinha que pagar taxa de vendas, de garantia do dinheiro” 

 

 

Ela transferiu em torno de mil reais, porém como no email dizia que era uma garantia do dinheiro, não pensou muito sobre isso porque acreditava que esse dinheiro voltaria e ainda receberia o valor da venda. Mas nem tudo foi bem. Ela começou a perceber uma demora para efetuar a venda, não recebeu mais nenhum email, o comprador deixou de responder “essa enrolação pra terminar o processo que fez eu pensar que eu fui vítima de roubo de dados.”

De acordo com Samuel Tovo, engenheiro de dados, essa ação é cada vez mais comum, porém a legislação brasileira já a considera um crime. “No Brasil, temos a LGPD, que é a lei de proteção geral de dados. A partir desse momento você passa a ter punições para pessoas que vazam informações pessoais. No momento que você tem um CPF ali, você tem uma informação pessoal, você acaba tendo definições do que é um dado sensível, não só pessoal mas também sensível…”Você tem esse grande avanço que acaba protegendo a população e acaba garantindo que, caso alguém use de forma ruim esse dado, ele será punido por isso”, conta .

 

 

Como se proteger

O engenheiro relata formas de cuidar desses dados para evitar que situações como essa aconteçam “A primeira melhor prática é você indicar no seu banco de dados que aquela é uma informação pessoal”, isso ajuda com que as empresas que vão usar seus dados saibam que aquela informação é confidencial e não pode ser compartilhada.

 O contrário ocorreu com a Lais, todas as informações pessoais dela e de sua família estão nas mãos de criminosos “Meu email, CPF, endereço, RG, o nome dos meus pais… Basicamente tudo o que a pessoa precisa pra abrir uma conta, por exemplo. Se não tivesse reconhecimento facial ou aquele negócio de tirar foto com seu documento, porque eles não pediram foto do meu documento, eles conseguiriam facilmente abrir uma conta no meu nome, ou fingir que sou eu em uma outra plataforma. “

 

 

Na hora Laís ficou desesperada e decidiu tomar medidas legais que a ajudassem nessa hora “Eu fiz um B.O. Fiz um boletim de ocorrência, que é feito no site da polícia militar, e aí eles enviam falando que vão analisar o caso e pediram pra eu ir na delegacia descrever o crime lá. Quando você faz o B.O. você põe por escrito. Só que eu não quis ir, desisti de fazer o B.O. e não fiz ele. Mas assim que eu percebi que fui roubada, fiz pela Internet.”

 O roubo de dados de pessoas físicas vem sendo cada vez mais comum, essa prática já era comum no meio empresarial “Você teve por exemplo, atualmente, um grande roubo de dados da Rockstar, que é uma grande produtora de jogos. A pessoa roubou e vazou horas de desenvolvimento do jogo e quis buscar ali um retorno financeiro” .

 Por isso, diversas empresas alertam seus funcionários sobre possíveis fraudes, os aconselha a não salvar senhas pessoais ou da empresa no computador, mudar a senha do computador pelo menos uma vez a cada 100 dias. A troca constante de senhas também é uma prática importante para pessoa física “Nunca ter a mesma senha repetida para tudo o que tem. Até porque se a pessoa consegue uma senha ali, vai testar pra tudo que você tem. O que normalmente as pessoas fazem é ter a mesma senha para todos os sistemas que elas usam.”


 

 

 A questão emocional também é afetada em situações como essa, nossos dados são algo que é só nosso e quando estes são invadidos nós também nos sentimentos invadidos “. Eu fiquei com medo. Muito medo de tudo. Eu sempre achava que tinha alguém no meu celular, sempre achava que tipo, era mentira, que eu não estava comprando ou me vendo na Internet, eu realmente fiquei com muito medo.”

 A confiança cibernética da estudante também foi afetada. "Eu fiquei com medo porque meus dados foram abertos para esse tipo de gente, que até hoje eu não sei se é homem ou mulher, se é mais de uma pessoa, enfim. Eu mudei meu email, resetei meu celular, tive que resetar meu celular, mudei todas as minhas senhas. Mas é claro, ainda assim eu fiquei com medo, porque você nunca sabe quem tá por trás”, revela.

 Para evitar o crescimento desse tipo de crime, a vítima de roubo de dados deixa também um conselho para que esse fato não ocorra mais: “Sempre olhem o site oficial. Sempre vai ter uma dica de como não cair em golpes. Então: identificação de email, identificação de processos… A OLX nunca manda e-mail, por exemplo. Então, se a OLX te mandar um email, desconfie. Também os bancos estão muito falando sobre isso, porque as pessoas pegam números aleatórios e mandam falando que você tem cartão, que tem uma dívida. O Banco nunca manda SMS. Sempre entra em contato direto”. 

 

O material inovador utilizado pela marca francesa Coperni na Paris Fashion Week está em desenvolvimento desde o início dos anos 2000
por
Rafaela G. Dionello
|
01/12/2022 - 12h

Por Rafaela Guazzelli Dionello

O desfile da marca francesa Corpeni gerou o momento mais falado da temporada primavera-verão 2023, a modelo Bella Hadid fechou o desfile com um vestido que foi feito ao vivo na frente da plateia através de um spray. Por 10 minutos Manel Torres, junto de dois cientistas aplicaram um líquido nebuloso que se transformou, quase instantaneamente, em um material usável, esse líquido foi patenteado por Manel que criou essa tecnologia patenteada spray-on Fabrican, um tecido aerossol, que pode ser borrifado na pele, criando roupas sem costuras e no formato do corpo da pessoa que vai usá-las, o tecido pode ser lavado em máquinas sem problema algum. Para finalizar o vestido, a chefe de design da grife, Charlotte Raymond, subiu ao palco e deu os toques finais.

Modelo Bella Hadid e se vestido sendo construído ao vivo. Créditos: Coperni
Modelo Bella Hadid e se vestido sendo construído ao vivo. Créditos: Coperni

 

“Você pode usar este vestido, guardá-lo como um vestido e colocá-lo em um cabide. Mas se você não quiser mais, você pode colocar o vestido de volta no líquido e pode borrifar-lo imediatamente novamente”, disse o diretor criativo da Coperni e cofundador, Sébastien Meyer ao ser entrevistado pela CNN. Embora o vestido não esteja à venda, Meyer disse que é importante ultrapassar os limites da tecnologia e do design e criar um momento que possa entrar na história da moda.

 

“Além de um momento que vai ficar marcado na história da moda, isso também marca uma nova era aonde a possibilidade de criar moda de uma maneira sustentável é muito grande…a estreia Fabrican está sendo apontada como o auge do integração da moda com a tecnologia, que vem florescendo há tempos” diz a estudante de moda Lívia Lira 

 

O spray geralmente é utilizado para uso médico, pode ser utilizado, por exemplo, como bandagem médica ou no mundo da construção, justamente por sua capacidade de se solidificar imediatamente na forma desejada. Pensando no mundo da moda, onde 30% das roupas produzidas acabam nunca sendo vendidas e a alta produção causada pelas fast fashions e o descarte de peças de roupas pela velocidade que as tendências saem de moda graças a Internet, a sustentabilidade que essa tecnologia oferece é um mar cheio de possibilidades para o mundo da moda. 

O material foi desenvolvido em parceria com Paul Luckan, especialista em tecnologia de partículas, com o Fabrican Spray-on é possível mudar a textura das roupas, basta escolher outro tipo de fibra para ser aplicado. As opções são lã, linho e acrílico, a forma de aplicação também pode resultar em tecidos diferentes ao toque. "No século 21 devemos fazer com que seja a primeira vez que a ciência e o design realmente caminhem juntos, ilustrando assim sua interdependência", diz o CEO da marca.

 

As novas alternativas sustentáveis que vêm surgindo para minimizar os impactos
por |
30/11/2022 - 12h

Por Laura Scandelai Raposo Naito

 

Estima-se que as mulheres usem entre 10 a 15 mil absorventes descartáveis durante suas vidas. Pouco se fala no impacto ambiental que esses absorventes têm para o planeta, desde sua produção até ser descartado após o uso, geralmente acabando em lixões e aterros sanitários. Por isso, alternativas mais sustentáveis, como as calcinhas absorventes, coletores e discos menstruais, vêm ganhando a confiança e preferências de muitas mulheres.  O principal impacto ambiental desses produtos está na extração e no processamento das matérias-primas, que se baseiam na produção dos plásticos (petróleo) e da celulose  (árvores). Isso porque a produção de plástico requer muita energia e cria resíduos de longa duração.

 

O absorvente externo é composto basicamente por celulose, polietileno, propileno, adesivos termoplásticos, papel siliconado, polímero superabsorvente e agente controlador de odor. O corpo do absorvente é formado por um filme de polietileno e nele são adicionados adesivos termoplásticos e papéis siliconados. Enquanto os tampões, são constituídos principalmente por algodão, seda artificial, poliéster, polietileno, polipropileno e fibras. Após usados, esses produtos se tornam resíduos compostos por materiais sintéticos, que demoram em média 100 anos para se decomporem em lixões e aterros sanitários e ainda correm risco de contaminar o ambiente por conterem aditivos químicos, que foram utilizados na sua fabricação​​, inclusive podem produzir dioxinas que persistem no meio ambiente.

 

Pensando em minimizar esse impacto, a empresa canadense Knowaste é dona da patente para reciclar a fibra da celulose, pode ser utilizada em uma variedade de produtos, incluindo materiais de absorção, adoçantes de processo, produtos de papel reciclado etc. O plástico pode entrar em qualquer processo de extrusão e moldagem por injeção para fabricar produtos como madeira plástica e telhas plásticas. Os resultados podem ser usados ​​na produção de energia verde se a economia local permitir. Eles trabalham com outros produtos absorventes, como as fraldas de bebês. 

 

No entanto, outro problema ambiental que é causado pelo descarte errado dos absorventes nos vasos sanitários é a chegada desses resíduos nos rios e mares. Aplicadores de OB e absorventes estão frequentemente listados como lixos encontrados nos oceanos. Além de levarem anos para serem decompostos, também, são digeridos por animais marinhos e por aves, prejudicando o ecossistema oceânico.

 

Pensando na sustentabilidade e na saúde da mulher, a marca brasileira Pantys de calcinhas absorventes vêm se destacando. A consumidora da marca, Jennifer Reis, conta que ainda não utiliza as pantys durante todo seu ciclo, mas que é uma de suas metas. Para ela, as calcinhas ainda têm o diferencial de proporcionar conforto e segurança: "Os absorventes descartáveis são desconfortáveis e muitas vezes eu me sentia insegura, com medo de que vazasse e manchasse minhas roupas. É um problema que eu não tenho mais."

@Pantys

 

Todos os produtos da Pantys são feitos com tecidos biodegradáveis, carbono neutro e vêm em embalagens recicláveis. Ainda, a marca proporciona um programa de doações em que levam calcinhas absorventes à mulheres que vivem em estado de vulnerabilidade social e não têm acesso a produtos de higiene íntima. 

 

Além do impacto ambiental, os absorventes descartáveis podem estar relacionados a alergias e infecções, principalmente em mulheres que têm a pele e a mucosa mais sensíveis às fragrâncias, corantes e materiais sintéticos, que estão na composição de alguns desses produtos. Absorventes com camada de plástico, por exemplo, podem prejudicar a ventilação da área e favorecer, assim, o aparecimento de infecções. As alternativas sustentáveis também servem para solucionar esses problemas. As Pantys são clinicamente testadas, sendo respiráveis e anti-bactérias. 

 

Mas, as calcinhas absorventes não são a única alternativa aos descartáveis. Hoje, a Pantys também produz absorventes reutilizáveis que duram até 100 lavagens. Outra opção muito usada é o coletor menstrual e ainda, existe o disco menstrual. O disco é feito 100% de silicone medicinal, com toque macio e aveludado, e é colocado no fundo do canal vaginal. Lá, ele serve como uma barreira que impede o sangue de descer para o canal vaginal. Assim como o coletor menstrual, é possível usá-lo por 12 horas seguidas. 

Disco da marca My Lumma

 

A estudante Ana Bárbara Rolim falou sobre sua opção pelo disco, por ser mais econômico e sustentável: "Quando se coloca na balança o valor do disco menstrual e ter que estar sempre comprando absorvente, não tem nem comparação. O meu custou entre 50,00 e 60,00 reais, e isso eu gastava em uns 3 ou 4 meses comprando absorventes." Ela ainda completou que esse produto lhe proporcionou a liberdade de não se preocupar com o absorvente e citou que o odor da menstruação mudou completamente.

Como o modelo Home-Office alterou todo o mercado de trabalho
por
Clara Maia
|
01/12/2022 - 12h

Por Clara Maia de Castro Ribeiro

 

Com o desenvolvimento da tecnologia nos últimos trinta anos, a vida cotidiana, rotina e trabalho sofreram grandes transformações. Em todos os âmbitos, a informática se faz presente. Durante o período de pandemia, os ambientes "escolar" e "profissional" mudaram para sempre. O ensino à distância, obrigou professores e alunos a se adaptarem a um novo programa, como as vídeo aulas e materiais digitais.

Já no ambiente profissional, o termo “Home-Office” -  usar a própria casa como escritório - ganhou popularidade e adesão no mercado de trabalho. Os gastos com escritórios diminuíram, como aluguel, contas e despesas e se fez presente no lar de cada funcionário. 

Trabalho Home-office

Existem vários pontos positivos nesse sistema como a flexibilidade de horários, - afinal é possível organizar seu tempo e realizar suas tarefas no momento em que se sente mais concentrado - a comodidade, - não é preciso se deslocar até a empresa, utilizar transportes públicos ou gastar horas e mais horas em um engarrafamento - a qualidade de vida, - com todo o tempo economizado no deslocamento e no horário de almoço, o funcionário pode aproveitar para melhorar a própria qualidade de vida, que é um fator essencial para ter uma boa produtividade. Praticar esportes, passear, passar mais tempo com a família, participar da vida de seus filhos, estudar outros idiomas, tudo isso pode ser conciliado de uma melhor forma trabalhando em casa -  e na economia, seja para o empregador, seja para o empregado - é um fator importante nesta modalidade de trabalho. Diversos gastos podem ser drasticamente reduzidos, sendo eles: manutenção do ponto comercial, alimentação em restaurantes, transporte etc.

Trabalho Home-office

Mas existem também desvantagens nesse sistema. Há a possibilidade de excesso na carga horária, indefinição de horários de trabalho e lazer, se não houver planejamento e disciplina, falta de atualização profissional em processos gerenciais, - mais distante da equipe, é preciso cuidar para que as trocas de experiências continuem acontecendo - entre outras. 

Trabalho Home-office

A estudante de relações públicas da Faculdade Cásper Líbero, Júlia Moreira, de 19 anos relata como é sua rotina de trabalho em seu estágio com o modelo híbrido (dois dias em Home-Office e três de forma presencial); “Modelo hibrido é o melhor dos mundo na minha opinião, vejo minhas amigas trabalhando só no em casa e elas acabam não criando tantos laços ou tendo conexões profundas com suas colegas de trabalho, porém elas têm a comodidade de estar em casa, esse é um dos pontos positivos e é inegável que ele funciona dado a funcionalidade que ele teve na pandemia".

Moreira acredita que o modelo 100% presencial têm desvantagens, "querendo ou não, vir presencialmente todos os dias cansa pelo o motivo de deslocação, o tempo gasto no trânsito ou no transporte público é muito cansativo" e acrescenta "na minha rotina ter o dia para trabalhar em casa é essencial para eu continuar a minha semana".

A estudante por mais de defender a ideia de Home-Office, acredita que o modelo presencial é importante para criar um bom ambiente social e preparado para os desafios do mercado de trabalho "Hoje a maioria das minhas reuniões com os clientes são online, independente se eu estou no escritório ou não, e quase todas as minhas demandas eu consigo fazer pelo computador, então o presencial se tornou mais um espaço de troca mais intimo e um lugar que tenho mais liberdade de falar com os meus superiores, coisas que não conseguimos fazer no Home-Office por ser um ambiente mais objetivo", explica.

Ambos os modelos de trabalho são importantes, pois formam o equilíbrio entre tecnologia e relacionamento interpessoal. Pós pandemia muitas empresas entenderam que para funcionários bons e competentes a saúde mental e física devem ser cuidados, portanto o a carga híbrida é tão utilizada.