O Software da Poda quer monitorar as condições das árvores pelos bairros de São Paulo
por
Julia Sena
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03/11/2025 - 12h

Por Julia Sena

 

No bairro da Vila dos Remédios, na zona oeste de São Paulo, seu Francisco, de 68 anos, já se acostumou com o barulho de galhos batendo contra os fios de energia nos dias de vento forte. Diz que na rua, quando chove, já sabe que vai faltar luz. Ele já fez inúmeros pedidos de poda à prefeitura, mas as respostas, quando vêm, demoram meses. A cena se repete em muitos bairros da cidade, árvores plantadas há décadas, sem planejamento e monitoramento. Além de crescidas demais, raízes que invadem calçadas, rompem fios e danificam tubulações. A falta de gestão eficiente da arborização urbana torna-se ao mesmo tempo um problema de segurança e um desafio ambiental. Foi diante desse cenário que um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo desenvolveu o projeto Poda, uma iniciativa que usa inteligência artificial e softwares de modelagem ecológica para apoiar o poder público na tomada de decisões sobre o manejo de árvores nas cidades.

A iniciativa nasceu dentro do Instituto de Biociências da USP, sob coordenação do professor Marcos Buckeridge, especialista em fisiologia vegetal e diretor do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (INCT Bioetanol). A ideia surgiu de uma pergunta simples sobre se seria possível usar dados científicos para prever quais árvores precisam de poda antes que se tornem um risco. Para ele, o manejo das árvores urbanas ainda é muito reativo, a poda acontece depois que o problema aparece. O que se pretende é criar um sistema preventivo, capaz de indicar quando e onde agir, usando informações sobre o crescimento das espécies, o clima e as condições do solo.

O sistema desenvolvido pela equipe combina imagens de satélite, modelos de crescimento vegetal e dados climáticos locais. A partir disso, os pesquisadores conseguem estimar o ritmo de desenvolvimento das árvores e identificar áreas de risco, como regiões onde há alta densidade de copas próximas à rede elétrica.

Um dos diferenciais do projeto é a criação de modelos preditivos que consideram o impacto das mudanças climáticas no comportamento das árvores. Com o aumento das temperaturas e das chuvas intensas, algumas espécies têm crescido mais rápido e de forma desordenada, o que aumenta a chance de quedas e rompimentos. O software já permite prever o comportamento das árvores ao longo do tempo. Isso ajuda o poder público a planejar melhor as podas e reduzir custos com emergências.

A proposta da Poda é tornar a arborização urbana mais sustentável e integrada à rotina das prefeituras. O sistema já foi testado em áreas piloto de São Paulo e pode, futuramente, ser adaptado a outras cidades brasileiras. E o objetivo não é apenas tecnológico, mas também social,. pois o que está em jogo quando se pensa em árvores é preciso considerar sombras, em conforto térmico, em qualidade do ar. Mas se não houver manejo, esses benefícios se perdem.

De volta à Vila dos Remédios, seu Francisco ouve falar do projeto com esperança. Ele considera que se tiver um jeito de a Prefeitura saber antes que a árvore vai cair, já ajuda muito, porque esperar cair em cima do carro ninguém quer.

A equipe da USP também trabalha em uma interface pública, que permitirá aos cidadãos acompanhar o mapeamento das árvores de suas regiões e reportar problemas diretamente pelo sistema. Assim, o ciclo se completa: da denúncia à prevenção, com base em dados e participação popular. “Cuidar das árvores é cuidar das pessoas”, resume Buckeridge. E agora, com a ajuda da ciência é possível fazer isso de maneira mais inteligente.



 

Invenção desenvolvida por cientistas da Universidade Estadual da Paraíba identifica, em segundos, a presença da substância tóxica usada em bebidas adulteradas
por
Inaiá Fernandes Misnerovicz
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27/10/2025 - 12h

Por Inaiá Misnerovicz

 

Pesquisadores da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) desenvolveram um canudo descartável que muda de cor ao detectar metanol em bebidas. O dispositivo  biodegradável é capaz de identificar, em poucos segundos, a presença do álcool tóxico responsável por graves casos de intoxicação no País. A proposta é permitir que qualquer pessoa reconheça o risco antes de consumir uma bebida adulterada, sem precisar de equipamentos ou conhecimentos técnicos.

O projeto é coordenado por David Douglas, professor e pesquisador do Departamento de Química da UEPB. A ideia surgiu a partir da preocupação com o aumento dos casos de envenenamento por bebidas falsificadas, muitas vezes vendidas em festas, bares e eventos. O grupo buscava uma solução acessível, de baixo custo e uso imediato. Assim nasceu o canudo que muda de cor ao entrar em contato com o metanol.

O metanol é um tipo de produto que oferece um risco silencioso. À primeira vista, parece inofensivo: é incolor, tem cheiro fraco e se mistura facilmente ao etanol, o álcool comum das bebidas. Mas é altamente tóxico. Mesmo em pequenas quantidades, pode causar cegueira, coma e morte. Usado na indústria como solvente e combustível, o metanol jamais deveria estar presente em bebidas alcoólicas. Quando ingerido, o corpo o transforma em substâncias que atacam o sistema nervoso e os olhos, provocando danos irreversíveis.

Douglas explica que o canudo foi projetado para ser usado de maneira simples e intuitiva. . Em seu interior, há uma fita com reagentes químicos sensíveis ao metanol que, ao entrar em contato com a bebida, provoca uma reação capaz de alterar a cor do canudo, geralmente do amarelo para o vermelho. O processo é rápido, dura apenas alguns segundos e dispensa o uso de qualquer aparelho complementar. A ideia central é permitir que qualquer pessoa possa testar a bebida antes de consumi-la, sem precisar ter conhecimento técnico.

Segundo o pesquisador, o objetivo principal é oferecer um produto barato e eficaz. A equipe estima que cada unidade custe menos de dois reais, o que permitiria sua distribuição em larga escala. O canudo foi pensado para ser usado em bares, festas e eventos, mas também por órgãos de fiscalização e vigilância sanitária. Os testes vêm sendo realizados com diferentes tipos de bebidas, como cachaças, vodcas e licores artesanais, para garantir que a reação funcione em todas as composições.

O projeto começou em 2023, nos laboratórios da UEPB, em Campina Grande, e desde então tem recebido apoio de estudantes de graduação e pós-graduação. O grupo trabalha agora na padronização dos resultados, no registro de patente e na busca por parceiros que viabilizem a produção em escala comercial. Paralelamente, a universidade pretende promover campanhas de conscientização sobre os riscos do metanol, incentivando o consumo responsável e a compra de produtos de origem confiável.

O consumo de bebidas adulteradas é um problema de saúde pública no Brasil. O metanol, por ser mais barato que o etanol, é usado ilegalmente na fabricação clandestina. Essa prática ainda causa tragédias em várias regiões do país. Em 2025, surtos de intoxicação foram registrados em estados do Nordeste e do Sul, com dezenas de vítimas. A ausência de métodos simples de detecção e a dificuldade de fiscalização contribuem para o aumento dos casos.

Para David, o canudo funciona como uma ferramenta de prevenção e alerta. Ele não substitui a análise laboratorial, mas serve como um primeiro passo para evitar o consumo da bebida contaminada e estimular denúncias às autoridades. O pesquisador destaca que o ideal seria que ninguém precisasse recorrer a esse tipo de recurso, mas que, diante da realidade do mercado informal, oferecer um meio de defesa à população se torna essencial.

Os sintomas de envenenamento por metanol podem aparecer entre meia hora e doze horas após a ingestão. Entre os mais comuns estão visão turva, dor de cabeça, tontura, náuseas, dificuldade para respirar e, em casos graves, convulsões e coma. O tratamento precisa ser feito rapidamente em ambiente hospitalar. 

O desenvolvimento da pesquisa também mostra a força da ciência feita em universidades públicas regionais. Para o pesquisador, o projeto demonstra que é possível criar soluções inovadoras e de impacto social fora dos grandes centros de pesquisa. Ele destaca que o trabalho coletivo, envolvendo alunos e técnicos, é o que torna o resultado possível. O grupo já estuda novas aplicações para a tecnologia, como o desenvolvimento de palitos, adesivos e fitas reagentes capazes de identificar outros tipos de adulterantes, como solventes e corantes ilegais.

Douglas lembra que, em outros países, iniciativas parecidas ainda são raras e muitas vezes caras. O diferencial da equipe paraibana está no foco na simplicidade. O canudo é barato, descartável e usa materiais que não agridem o meio ambiente. É uma tecnologia pensada para o cotidiano, para chegar a quem mais precisa. A pesquisa tem despertado o interesse de instituições de ensino e de agências de fomento científico. O grupo da UEPB já foi convidado a apresentar os resultados preliminares em eventos acadêmicos e feiras de inovação. A expectativa é que, até o final de 2026, o produto esteja disponível comercialmente, após os testes de segurança e a aprovação dos órgãos reguladores.

Além da inovação química, o canudo também levanta um debate sobre educação científica e cidadania. O pesquisador acredita que a disseminação da informação é essencial para reduzir o número de casos de intoxicação e para valorizar o papel da ciência pública no enfrentamento de problemas sociais. A equipe planeja, junto à Pró-Reitoria de Extensão da UEPB, criar oficinas educativas em escolas e comunidades, unindo ciência, saúde e responsabilidade social.

Casos de intoxicação por metanol têm sido recorrentes no mundo todo. Em 2022, um surto na Índia matou mais de 40 pessoas após o consumo de uma bebida clandestina. No México, dezenas foram hospitalizadas em festas locais. No Brasil, os registros se multiplicam, especialmente em períodos de festas populares. Apesar disso, são raros os métodos de detecção acessíveis ao público. O canudo criado na Paraíba surge como uma inovação com potencial global, justamente por unir simplicidade, baixo custo e impacto social.

Enquanto o produto não chega ao mercado, os pesquisadores reforçam a importância de comprar bebidas apenas de fontes confiáveis, com rótulo e registro. Preços muito baixos e embalagens improvisadas são sinais de alerta. O pesquisador também destaca que as autoridades precisam intensificar a fiscalização, especialmente em períodos de festas populares e feriados prolongados.

O Brasil é pioneiro na criação de um medicamento que regenere a medula óssea de pacientes
por
manuela schenk scussiato
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03/11/2025 - 12h

Por Manuela Schenk

 

Não fora uma sexta-feira qualquer para Júlia. A caminho do ponto de ônibus para voltar para sua casa após um dia de aula na faculdade um motorista embriagado atropelou-a e fugiu sem prestar socorro que mudou sua vida para sempre quando tinha apenas 19 anos. Júlia teve lesões nas vértebras T8, T9 e T10 que a deixaram paraplégica depois de cinco dias em coma quando recebeu a notícia de que jamais andaria novamente.

Hoje Júlia tem 22 anos e teve que reaprender a viver. Coisas que jamais imaginou ter dificuldades agora são grandes conquistas, como quando conseguiu tomar banho sozinha pela primeira vez ou quando pode se deitar na própria cama sem auxílio. Escadas se tornaram rampas, seu restaurante favorito virou delivery, já que não possui acessibilidade para que ela consiga entrar na cadeira de rodas. As festas que frequentava semanalmente agora são eventos anuais, pois a locomoção dentro de uma balada é quase impossível para alguém que não consegue usar as próprias pernas.

No início se adaptar parecia impossível, noites mal dormidas quando chorava no travesseiro até seus olhos cederem. Depois de receber alta do hospital ela foi encaminhada para terapia, consultas três vezes por semana que depois de dois anos se tornaram duas. A fisioterapia que antes era uma tortura aos poucos se tornou um momento divertido.

Nos anos que se passaram Júlia conheceu mais pessoas na mesma situação que ela e de pouco a pouco sua nova vida se tornou mais tolerável, mas mesmo depois de quase 4 anos do acidente ela ainda tem dias ruins, sua autoestima nunca mais foi a mesma já que por muito tempo não conseguia se arrumar como antes. Júlia conta que o momento mais difícil da vida dela foi descobrir que seu caso não tinha cura. Sem possibilidade de tratamento ou cirurgia, uma menina que antes era ativa, amava se exercitar, sair com suas amigas, passear com sua cachorrinha, agora se vê forçada a reaprender a viver.   

É possível perceber as dificuldades que marcam a vida das pessoas que são afetadas pela paraplegia. Infelizmente muitos casos não são reversíveis, mas graças a estudos de um grupo da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), o mundo pode estar mais próximo de encontrar uma cura para uma deficiência que interrompe a vida de tantas pessoas.

A pesquisa, desenvolvida no Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, representa um marco para a medicina brasileira. O medicamento experimental chamado Polilaminina foi criado a partir de uma proteína natural da placenta humana, capaz de estimular a regeneração das células nervosas. Em estudos com animais, especialmente cães que haviam perdido os movimentos, o tratamento apresentou resultados impressionantes: alguns conseguiram voltar a andar mesmo após anos de paralisia. Esse avanço chamou a atenção da comunidade científica internacional e fez com que o Ministério da Saúde e a Anvisa classificassem o estudo como de prioridade absoluta no País.

A equipe liderada por Tatiana Sampaio começou o estudo da eficiência polilaminina para promover a regeneração de fibras nervosas/axônios e reconectar áreas lesadas da medula espinhal começou em 2007, embasado em outro estudo da faculdade que iniciou em 1998. São quase três décadas de trabalho árduo que trouxeram a equipe ao sucesso que é exposto para o mundo hoje, com seis dos oito pacientes humanos recuperando, parcial ou completamente, os movimentos que lhes foram tomados. 

Além dos testes clínicos em andamento, o projeto da UFRJ tem recebido apoio de instituições públicas e privadas, como o Laboratório Cristália, que colabora na etapa de desenvolvimento farmacêutico e produção em larga escala da substância. O próximo passo dos pesquisadores é a realização de estudos em uma quantidade maior de voluntários, o que permitirá avaliar com mais precisão a segurança e a eficácia do medicamento. Caso os resultados se confirmem, o Brasil poderá ser o primeiro país a oferecer um tratamento realmente regenerativo para lesões medulares, uma conquista inédita na história da ciência.

Para Júlia e milhares de pessoas que convivem com a paraplegia, essa descoberta reacende uma esperança que parecia perdida. Mesmo que o caminho até a cura ainda seja longo, cada passo da pesquisa representa uma vitória contra a limitação imposta pela lesão medular. A história de Júlia mostra a força de quem se reinventa diante da adversidade. O que a ciência da UFRJ faz agora é provar que o impossível pode estar mais perto do que se imagina. Aquilo que antes era apenas sonho, agora começa a ganhar forma nas mãos de pesquisadores brasileiros dedicados a devolver o movimento e com ele a liberdade a tantas vidas interrompidas.

Consumo consciente e busca por saúde impulsionam a produção nacional
por
Chloé Dana
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30/09/2025 - 12h

Por Chloé Dana

 

Em meados de 2025, pesquisas agronômicas da Embrapa e da Organis, apontam que a produção de orgânicos no País aumentaram em 12%, visando um consumo mais saudável e consciente. O crescimento aponta à prioridade por produtos sem agrotóxicos e ao fortalecimento de políticas públicas voltadas à agricultura ecológica. 

Porém, é preciso entender como esse aumento surge, en que se diferencia de outras nações por suas profundas raízes em movimentos sociais e agroecológicos, em vez de ser impulsionada exclusivamente por lógicas de mercado. Mais do que apenas um método de cultivo, a agricultura orgânica é definida por um sistema de produção agropecuária que utiliza técnicas particulares com a finalidade de aprimorar a utilização dos recursos naturais e socioeconômicos à disposição, preservando a integridade cultural das comunidades do campo. Seus fundamentos incluem a sustentabilidade econômica e ambiental, a maximização de vantagens sociais, a redução da dependência de fontes de energia não-renováveis e a adoção de métodos biológicos e mecânicos em lugar de organismos que foram geneticamente alterados.

O surgimento da agricultura orgânica no Brasil remonta a meados da década de 1970, impulsionado por uma reação ao avanço da Revolução Verde, que propunha uma modernização da agricultura em prol do melhoramento genético, uso de insumos e agrotóxicos. Nessa época, a comercialização de produtos ocorria de maneira direta, baseado em um simples sistema de confiança entre quem produzia e quem comprava. 

O mercado inicial consistia em um "segmento natural" oferecendo entregas semanais de cestas contendo frutas, verduras e legumes na casa dos clientes. A presença de lagartas e bichinhos no alimento, era percebida pelos primeiros clientes como uma sinalização de qualidade, indicando que os alimentos tinham sido cultivados sem o uso de produtos químicos. A valorização dos produtos orgânicos não se baseava em certificações formais, mas sim na confiança entre as partes e na evidência concreta da falta de químicos, o que destaca que as origens do movimento no Brasil são fundamentadas em princípios agroecológicos e filosóficos, e não apenas comerciais. 

O produtor de orgânicos e feirante na Vila Madalena Carlos Nascimento explica alguns motivos de porque optou pelo orgânico ao invés do convencional. Nascimento afirma que sua decisão surgiu de um desejo de produzir de maneira mais consciente pois ao observar a prática convencional, notou os efeitos negativos do uso incessante de pesticidas e fertilizantes químicos. O solo se tornava exaurido, a biodiversidade se perdia e a saúde das pessoas que lidavam frequentemente com esses produtos era comprometida. 

Outro fator que influenciou sua escolha foi a valorização crescente do mercado de produtos orgânicos. O agricultor percebe que esse segmento possui um grande potencial de crescimento, impulsionado por consumidores mais conscientes e prontos para apoiar práticas sustentáveis. Apesar do notável crescimento e das conquistas legislativas, o setor orgânico no Brasil enfrenta desafios estruturais que representam obstáculos significativos ao seu desenvolvimento pleno, e isso implica em tempo e políticas públicas para o setor.

Quando discute o amanhã, o produtor demonstra uma visão otimista, porém fundamentada na realidade. Ele enxerga um grande potencial para o crescimento da agricultura orgânica no Brasil, especialmente devido à mudança na conscientização dos consumidores. Cada vez mais, famílias estão em busca de alimentos que não contenham agrotóxicos, valorizando a origem dos produtos que adquirem e desejando apoiar práticas sustentáveis. Para ele, esse movimento representa não uma moda passageira, mas uma tendência crescente que deve se intensificar nos anos vindouros, alinhando-se à preocupação global com a saúde e o meio ambiente.

Outro aspecto que ele enfatiza é a urgência de aumentar o acesso. Atualmente, os produtos orgânicos ainda alcançam uma fração reduzida da população, frequentemente restrita às grandes áreas urbanas e a consumidores com maior capacidade financeira. Para o futuro, ele aspirar por um cenário em que os orgânicos se tornem mais disponíveis, integrando-se a feiras comunitárias, merendas escolares e até programas de abastecimento público, garantindo que alimentos saudáveis deixem de ser um privilégio e se tornem um direito.

O mercado de orgânicos no Brasil encontra-se em uma fase de crescimento explosivo, impulsionado por uma mudança no perfil do consumidor e políticas de fomento. No entanto, o setor enfrenta desafios estruturais significativos, como o desequilíbrio entre oferta e demanda, a fragmentação dos dados oficiais e as barreiras de entrada para os pequenos produtores. A superação desses gargalos, especialmente a questão da certificação e o fortalecimento da logística e da cadeia de valor, é crucial. Ao abordar essas questões de forma estratégica, o Brasil tem a oportunidade de não apenas manter sua liderança na América Latina, mas de se consolidar como um dos principais players globais, alinhando seu potencial de produção com o vigor de seu mercado consumidor.

Maior evento europeu do setor continua na rota por novidades eletricas e mais concorrência a cada ano
por
Vítor Nhoatto
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22/09/2025 - 12h

Ocorrido entre os dias 9 e 14 de setembro, o IAA Mobility recebeu mais de 500 mil visitantes, superando a sua última edição em 2023. Estiveram presentes as germânicas Audi, BMW, Mercedes, Opel, Porsche e Volkswagen, mas Fiat, Peugeot e nenhuma japonesa compareceu. Com isso, mais uma vez uma grande parte de Munique foi palco para as chinesas se consolidarem e expandirem.

Com o lema “It’s all About Mobility”, em tradução livre, “É Tudo Sobre Mobilidade”, o foco da mostra se manteve em soluções inteligentes e inovadoras. Startups como a Linktour com  seus micro carros elétricos, e marcas de bicicletas e motocicletas elétricas estavam por todos os lados do München Expo Center. E repetindo o formato aplicado desde 2021, com o chamado “Open Space”, uma área de experiências interativas gratuitas ao ar livre, os visitantes podiam experimentar tudo isso.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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 Além disso, a inovação tecnológica foi tema de muitos debates e coletivas de imprensa com representantes da indústria. Fornecedoras como a Bosch, Aisin e Revolt, além de empresas de carregadores como a Charge X e E-Mobilio e a gigante de baterias CATL foram só alguns dos mais de 750 expositores presentes. 

Setor premium atento

Falando em eletricidade, ela estava no centro das atenções de todas as marcas, apesar das vendas de carros elétricos (BEV) terem sido prejudicada na Europa no ano passado. O fim ou diminuição de subsídios governamentais e metas de descarbonização estagnadas na União Europeia foram os principais motivos segundo o Global EV Outlook 2025 da International Energy Agency (IEA). No entanto, as projeções para esse ano e os próximos são de crescimento.

De olho nisso a BMW lançou o novo iX3, modelo mais importante em anos ao inaugurar uma nova era para a alemã. A segunda geração do modelo estreia uma plataforma sob medida e exclusiva para elétricos de nova geração, chamada de Neue Klasse. O destaque fica com a nova bateria de 108.7kWh de capacidade integrada ao chassi, compatível com carregamento ultrarrápido de até 800V - ganha 372km em apenas dez minutos - e autonomia de 805km em uma carga segundo o ciclo WLTP. 

No quesito design a ruptura com o passado é ainda mais evidente, com uma nova linguagem visual, inspirado nos modelos da BMW dos anos 80. No interior foi inaugurado o Panoramic iDrive, com o painel de instrumentos correndo ao longo de todo o para-brisa, um novo volante de quatro raios e um multimídia com inteligência artificial de 17,5 polegadas. “A Neue Klasse é o nosso maior projeto futuro e marca um grande salto em termos de tecnologias, experiência de condução e design”, frisou o presidente do conselho de administração da marca, Oliver Zipse.

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Alemã aproveitou o evento para apresentar o futuro Sedan i3, que seguirá o capítulo iniciado pelo SUV iX3,  irmão de plataforma. Foto: BMW Group / Divulgação 

Do outro lado do pavilhão, a Mercedes-Benz fez um movimento parecido, lançando a segunda geração do GLC elétrico. O modelo foi o primeiro elétrico da marca, ainda em 2018 como EQC. Mas pelas vendas baixas havia sido descontinuado no ano passado, e agora retorna com o nome “GLC With EQ Technology”, para evidenciar as mudanças. Rival direto do iX3, segue a linguagem de design inaugurada no novo CLA no ano passado, aqui com uma grade iluminada e enormemente proeminente.

Construído sob a inédita plataforma elétrica MB.EA Medium, independente do GLC, a combustão portanto, possui carregamento de até 800V e uma bateria de 94kWh, traduzidos em 713 km de autonomia. No interior, o SUV inaugura o “Hyperscreen”, transformando o painel inteiro em uma tela de 39.1 polegadas. O interior pode ser todo vegano e certificado, e a comunicação Car-to-X - que coleta e envia dados para comunicar outros veículos - se destaca no quesito segurança. O preço inicial deve girar em €60 mil quando chegar às lojas ainda esse ano, tal qual o rival.

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Faróis possuem tecnologia Matrix, e sob o capô há um espaço de 128 litros para bagagens. Foto: Mercedes-Benz / Reprodução

Mas nem só de SUVs o mercado premium é formado, e a Polestar compareceu a Munique para o lançamento mundial do seu novo modelo de topo, o sedã 5. A marca do grupo Geely, divisão de performance da Volvo até 2017, aposta em sustentabilidade e alta performance, estreando a nova plataforma PPA do grupo. São 872 cavalos, tração integral, aceleração de 0 a 100 em 3,2 segundos e ausência de janela traseira, tal qual no crossover 4.

Um presente e futuro elétrico

Nas duas últimas edições do Salão de Munique, ambientalistas protestaram em frente ao evento em defesa de uma mudança sistêmica da indústria, o que se repetiu. As ONGs Extinction Rebellion e Attac levaram placas pedindo por mais investimento em transporte público e justiça social, jogando atenção para uma mentalidade individualista e o preço dos elétricos. 

Em relação a essa questão, um estudo da empresa de consultoria, Gartner, mostra que até 2027 os BEVs serão mais baratos de produzir que os carros a combustão (ICEVs), e o Grupo Volkswagen promete preços competitivos para sua nova geração de elétricos. 

Foram revelados no evento quatro modelos para o segmento B baseados na plataforma MEB Entry do conglomerado. O principal deles foi o ID.Polo da Volkswagen, com previsão de início de vendas em maio na casa dos € 25 mil. Como o seu nome sugere, é a versão elétrica do hatch Polo, e contará com baterias de 38 e 56 kWh, com uma autonomia de 350 e 450 km respectivamente. Uma versão GTI do modelo será também comercializada, com 223 cavalos.

Continuando o apelo esportivo que a versão encurtada da plataforma em que os modelos do segmento C, ID.3 e ID.4, são construídos, a espanhola Cupra mostrou a versão de produção do Raval. Com dimensões e motorizações basicamente iguais às do ID.Polo, promete continuar a expansão da nova marca do grupo, antigamente uma divisão de performance da Seat.

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Cupra Raval, ID.Polo e ID.Polo GTI  (direita) serão lançados em março do ano que vem, enquanto os SUVs Epiq e ID.Cross (esquerda) chegarão no segundo semestre. Foto: Volkswagen AG / Divulgação

Como era de se esperar pela relação do Polo com o T-Cross, sua versão SUV, o conceito ID.Cross foi mostrado. Com o mesmo tamanho do modelo que substituirá em 2026, integra o segmento disputado dos B-SUV elétricos, formado por nomes como Peugeot e-2008, Renault 4 e Volvo EX30. Focando em espaço e ergonomia, marca a volta de botões físicos no volante e do ar condicionado, além de um maior uso de materiais reciclados. 

Por fim, a Skoda apresentou a sua versão do SUV, denominada Epiq. Tal qual os irmãos de plataforma, será construído em Pamplona, na Espanha, e contará com a capacidade de carregar dispositivos externos como eletrodomésticos (V2L). A velocidade de carregamento é de até 125 kW, indo de 10% a 80% em 20 minutos, e o modelo estreará uma nova identidade visual para a tcheca no ano que vem.

Ascensão chinesa continua 

Aprofundando essa questão dos preços, são as marcas chinesas que se destacam globalmente, como destaca a IEA. Com grandes reservas dos minérios utilizados nas baterias, as fábricas para construí-las e anos de investimento estatal na tecnologia, seguiram com sua expansão em solo alemão. 

A BYD, maior marca chinesa em números, marcou presença com o recém lançado Dolphin Surf - a versão europeia do Dolphin Mini. Avaliado com cinco estrelas pelo Euro NCAP, é um dos BEVs mais baratos hoje à venda na Europa, custando cerca de € 20 mil. No campo dos híbridos plug-in (PHEV) a Station Wagon do segmento D, Sealion 06, foi lançada, focada em conforto e tecnologia com até 1.092 km de autonomia combinada.

Outra marca com novidades foi a Leapmotor, que já vende o hatch subcompacto T03 e o D-SUV C10 no continente, de lançamento marcado para o Brasil ainda em 2025. Pertencendo 20% à Stellantis, que controla a sua operação internacional, apresentou o inédito hatch B05, rival de Volkswagen ID.3 e BYD Dolphin. Sob a mesma plataforma do C-SUV B10, terá cerca de 400 km de autonomia e início de vendas para o ano que vem por cerca de € 30 mil.

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"O B05 (direita) reflete nosso compromisso com a inovação, acessibilidade e a capacitação da próxima geração de motoristas em toda a Europa e além", declarou o CEO global da marca, Zhu Jiangming. Foto: Leapmotor / Divulgação

Munique foi para além de um lugar de novos modelos, mais uma vez o palco de marcas inteiras debutando em solo europeu. A marca AITO, do grupo Seres, que usa a tecnologia da Huawei, se lançou no mercado internacional com os SUVs 9, 7 e 5. Mirando as marcas premium alemãs nos segmentos E e D, podem ser tanto BEVs ou elétricos com extensor de autonomia (REEV), repetindo a abordagem da Leapmotor com o C10.

O grupo Changan Auto iniciou as operações da sua marca Deepal com os SUVs de apelo jovem e esportivo S05 e S07, ambos com opções de serem elétricos ou PHEVs. No campo de luxo, a marca Avatr da gigante chinesa mostrou seu primeiro concept car, o Xpectra, além dos modelos 06, 07 e 12, já comercializados em alguns países europeus e com planos de chegarem a 50 mercados em breve.

A premium Hongqi esteve presente e revelou o C-SUV elétrico EHS5, além de anunciar planos de expansão com 15 modelos e 200 pontos de venda pela Europa nos próximos anos. E aumentando a sua aposta no evento, a Xpeng teve um stand dentro do pavilhão e apresentou a nova geração do P7, sedã que começou a ser comercializado na Europa no IAA Mobility 2023.

Além disso, a recém chegada ao Brasil, GAC, estreou no velho continente levando cinco modelos para a mostra. Seguindo com o “European Plan Market” anunciado no ano passado, lançou como modelos de topo o novo GS7, um SUV grande híbrido plug-in, e a MPV híbrida (HEV) E9. Mas os destaques da marca foram o hatch AION UT, rival de BYD Dolphin, e o D-SUV rival de Tesla Model Y, o AION V.

O primeiro possui bateria de 60 kW/h com 430 km de autonomia e previsão de início da comercialização em 2026 na casa dos € 30 mil. Já para o segundo, comercializado no Brasil por R$214.990, o preço de € 35.990 foi anunciado, muito competitivo para o segmento. Com 510km de autonomia e cinco estrelas no teste do Euro NCAP - com mais ADAS que o brasileiro - será o primeiro a chegar às lojas, já em setembro em mercados como Portugal, Finlândia e Polônia. O plano é que a marca venda em todos os países europeus até 2028.

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Estava ainda em Munique o carro elétrico voador GOVI AirCab (ao fundo) buscando mostrar os avanços da indústria chinesa, segundo a empresa. Foto: GAC Group / Divulgação

Eletrificação em todos os níveis 

Para além das novatas, ícones do mercado aproveitaram os holofotes da feira para se renovarem completamente. Esse foi o caso da única francesa presente, a Renault, que lançou a sexta geração do hatch Clio, o segundo carro mais vendido no continente em 2024.

Construído sob a mesma plataforma que o seu predecessor, mantém o motor 1.2 TCe e uma opção movida a GPL, mas as semelhanças acabam por aqui. No powertrain, estreia um novo sistema full-hybrid (HEV) formado por um motor 1.8 e dois elétricos, resultando em 160 cavalos e modo de condução elétrico na cidade. Conforme a estratégia da marca, o Clio não terá versão elétrica, papel delegado ao hatch de estilo retrô, o 5.

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Hatch cresceu 6 centímetros em comprimento, evocando uma silhueta mais esportiva e afilada. Foto: Renault Group / Divulgação

No quesito design, o carro rompe por inteiro com a geração anterior, o oposto do que havia acontecido com a quinta geração em relação à quarta. A frente ostenta uma nova assinatura em DRL, que forma o símbolo da Renault, e a traseira possui lanternas duplas, nunca vistas em um Clio. O interior é todo novo também em relação ao antecessor, mas com o mesmo layout e sistema operacional do Google do irmão elétrico 5.

A Volkswagen foi outra que debutou no IAA uma nova geração de um best-seller, o T-Roc. Em sua segunda encarnação, também não terá versões elétricas, sendo o último novo carro a combustão desenvolvido pela marca. Haverão pela primeira vez no SUV opções micro-híbridas (MHEV), já conhecidas dos irmãos de plataforma como o Golf e A3, além de um novo sistema HEV, com 134 e 168 cavalos. Não haverá, pelo menos por ora, versões PHEV, sendo o único modelo sob a MEB Evo sem essa possibilidade, no entanto.

Seu exterior é uma evolução da primeira geração, mantendo linhas semelhantes e o seu apelo descolado, descrito pela marca. As dimensões aumentaram, 12 centímetros em comprimento, chegando a 4.37 metros, o colocando alinhado a rivais como o Toyota CH-R e Mazda CX-30. Por dentro a abordagem continua, com telas maiores e mais itens de conectividade e segurança assistida, mas com uma disposição de elementos clássica, vista nos últimos Golf e Tiguan.

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Modelo construído em Portugal foi o quinto carro mais vendido na Europa no ano passado. Foto: Volkswagen Group / Divulgação

Concorrência de todos os lados

Além das chinesas em franca expansão nos últimos anos no continente, outras concorrentes vêm se destacando na corrida pelos elétricos principalmente. A coreana Kia compareceu ao evento e mostrou ao público os novos integrantes da família EV, o EV4 e o EV5. 

O primeiro é um hatch do segmento C, acompanhado de uma variante sedã. Já o último se trata de um modelo lançado em 2023 - inclusive a venda no Brasil desde o ano passado - mas que chega só agora à União Europeia como a versão elétrica do Sportage. Sua conterrânea e marca irmã também esteve em Munique com o Concept 3, prevendo o futuro Hyundai Ioniq 3, equivalente do EV4.

Mas nem só da Ásia as novidades chegam, com a primeira marca turca de automóveis elétricos, a Togg, debutando em solo alemão a sua ofensiva no continente europeu. Fundada em 2018 e com a primeira fábrica inaugurada em 2022, apresentou o C-SUV T10X e o sedã T10F ao público. A pré-venda dos modelos começará em 29 de setembro na Alemanha, e no ano que vem a empresa pretende iniciar seus trabalhos na França e Itália, com meta de ter até 2030 um milhão de veículos em toda a Europa.

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Preços ainda não foram divulgados, mas devem ficar em torno de € 40 mil tomando como base as cifras no mercado turco. Foto: Togg / Divulgação

Construídos sob uma plataforma elétrica, ambos receberam nota máxima no Euro NCAP recentemente, com mais de 9% de proteção para adultos e 80% nos ADAS. A respeito do desempenho, a bateria possui 88.5 kWh de capacidade, e autonomias de até 500 e 600 km para o SUV e o sedã respectivamente. 

“Nossos modelos proporcionam uma experiência de mobilidade voltada para o usuário e voltada para o futuro”, comentou Gürcan Karakaş, CEO da marca durante o evento. A marca anunciou ainda que trabalha no terceiro de cinco modelos que irá lançar até o fim da década, o B-SUV T8X. Karakaş finalizou destacando que prepara para introduzir baterias de pirofosfato de lítio (LFP), e que a indústria deve estar preparada para as mudanças e maior concorrência.

O uso de robôs pode aprimorar ou até substituir o trabalho como conhecemos
por
Fernando Muro Schwabe
Daniel Santana Delfino
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04/09/2023 - 12h

Desde os primórdios da humanidade, as invenções sempre mudaram o dia a dia da vida humana. Foi assim com a eletricidade, a aviação, a chegada da internet, só para citar três exemplos. Atualmente, o uso da tecnologia facilita, e muito, a convivência humana, seja ela para trabalho, pesquisa ou entretenimento. A recente popularização do uso de inteligência artificial (IA) como ferramenta marca um novo avanço na história. Mas, como essa ferramenta pode afetar o futuro das profissões que conhecemos atualmente?

Apesar de recente, já é possível presenciar diversas ferramentas que utilizam a inteligência artificial para funcionar. Por exemplo, o restaurante  Kentaro Yoshifuji, inaugurado em Tóquio em 2021, utiliza uma maneira diferente e inusitada de atender seus clientes. O estabelecimento contrata apenas pessoas com problemas de saúde, que não podem sair de suas casas. Logo, uma questão vem na sua cabeça: como eles podem atender os clientes se estão em casa? A resposta é simples e inovadora. Os funcionários controlam robôs, que anotam os pedidos e servem as mesas. O local ficou conhecido no Brasil depois da reportagem do programa Globo Repórter

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Atendimento no restaurante Kentaro Yoshifuji (Foto: Reprodução/Rede Globo)

A forma mais conhecida de utilizar a IA são através de plataformas como o Chat GPT. Nele, é possível perguntar sobre diversos assuntos, pedir receitas e até mesmo, um roteiro de novela. Uma das profissões que mais pode sofrer no futuro é a de arquitetura e design. Com a utilização das novas ferramentas de inteligência artificial, é possível criar modelos, paisagens e até mesmo, adicionar ou remover elementos de uma foto em poucos cliques. Por exemplo, o Remodeled.AI é uma plataforma construída com inteligência artificial voltada para o design de interiores. A plataforma, por enquanto, só está disponível na língua inglesa, mas tem um funcionamento simples: basta utilizar uma foto de um cômodo o qual você deseja decorar. Em poucos segundos, o Remodeled.AI irá montar uma nova releitura ao cômodo de acordo com suas preferências, pré-definidas antes da criação da imagem.

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Exemplo de criação do Remodeled.AI. À esquerda, o quarto original (Foto: Reprodução/Remodeled.AI)

Em entrevista, o designer Willian Luz comentou sobre como ele enxerga o futuro das profissões e se ele tem medo de ser substituído por uma inteligência artificial: “Com relação à tecnologia e com o que anda acontecendo (introdução da IA ao dia a dia), isso é um ato natural do próprio desenvolvimento humano. Como exemplo, ninguém imaginaria que os CDs tomariam o lugar dos discos de vinil. Depois, foi lançado o MP3 foi lançado e tomou o lugar do CD. O Uber tomou o lugar do táxi e por aí vai. As coisas são modernizadas. Não tem como isso não acontecer, é um ato natural do ser humano porque as coisas vão avançando.” comentou William, que acrescenta. “Com relação a inteligência artificial, o meu receio é que uma hora as encomendas vão diminuir, porém, eu acredito que as pessoas vão ter que entender que irão existir novos trabalhos, então eu vou ter que me adequar com a necessidade do mercado.” prossegue.

“No meu caso, a inteligência artificial é uma aliada hoje. Eu a utilizo para criar imagens, designs e outras coisas. O meu trabalho é muito mais manual. Pode ser que um dia exista uma máquina que já produza, por exemplo, adesivos que são feitos direto na parede, ou que envelope uma geladeira sem a necessidade de o profissional ir até o local, tirar as medidas e criar o modelo. Acho que trabalhos manuais podem ser substituídos num futuro próximo.” conclui William.

A inteligência artificial tende, nas próximas décadas, a “dominar” e fazer ainda mais parte do dia a dia da população. Este aliado, que em muitas vezes é um grande facilitador, futuramente poderá ser utilizado para mudar o patamar da humanidade em áreas pouco exploradas, como um “mapeamento” do fundo dos oceanos ou a possibilidade de explorar novos planetas. 

Maior feira de carros de passeio da Europa acontecerá em setembro, e promete sacudir o mercado internacional
por
Vitor Nhoatto
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31/08/2023 - 12h

Sendo um dos mais tradicionais eventos da indústria automotiva mundial, responsável por grandes novidades das principais marcas, a IAA Mobility, antigo Salão do Automóvel de Frankfurt, acontece a cada dois anos. Em sua segunda edição, ela abrirá as suas portas no próximo dia 5 de setembro, com um novo formato focado em mobilidade.

O evento contará com 39 marcas de automóveis ao todo, como BMW, Ford, Honda, Mercedes e Renault, mas ausências importantes foram notadas como Fiat, Nissan, Peugeot e Toyota. Apesar disso, o que mais chama atenção é o aumento de marcas chinesas, que duplicou quando comparado a 2021, dando destaque a BYD, que apresentará os seus próximos passos na conquista do mercado europeu e mundial.

Além das fabricantes de veículos, a feira também contará com empresas como LG, Samsung e CATL, importantes fabricantes de baterias, reforçando o foco nos elétricos da exposição. Fornecedoras como Bosch e Continental, e as últimas novidades em relação a condução autônoma e inteligência artificial também estarão presentes.

 

BMW

Carro conceito BMW i Vision Circular a esquerda e carro conceito BMW i Vision Dee a direita
Conceitos BMW i Vision Circular e BMW i Vision Dee - Foto: BMW/Divulgação

A marca alemã, após o i Vision Circular e o i Vision Dee, apresentará o conceito Vision Neue Klasse. O protótipo, que completa a trilogia de conceitos que guiarão o futuro da marca bávara em relação a design e abordagem, será a estrela do stand.

Tal importância se deve pois ele será o responsável por apresentar a nova plataforma modular da marca, muito mais eficiente que a atual, que será usada a partir de 2025 em modelos totalmente elétricos de todos os tamanhos e formatos.

A empresa também usará o evento para lançar novas versões de modelos já vendidos, como o novo Série 5 Sedã com motorizações híbridas plug-in de última geração, o novo iX5 movido a hidrogênio, e uma versão blindada do novo i7, chamada Protection.

Além disso, a MINI, marca pertencente ao grupo BMW, fará o lançamento mundial de dois novos modelos muito aguardados: o novo Cooper em sua versão elétrica e o SUV Countryman, – com uma versão a combustão e uma totalmente elétrica – agora medindo 4.5m sob a mesma base do novo X1 e iX1, para disputar mercado no segmento C de SUVs premium, o mesmo do Volvo XC40 e Audi Q3 por exemplo.

 

BYD

SUV azul modelo BYD Seal U parado
BYD Seal U que será apresentado no salão - Foto: BYD/Divulgação

Como já destacado, a presença chinesa está garantida e a BYD será a principal representante do país asiático em terras germânicas. A gigante já confirmou que apresentará a versão europeia do hatch elétrico Dolphin, que sacudiu o mercado brasileiro recentemente.

Também acontecerá o lançamento do novo sedã do segmento D, Seal, que disputará mercado com o Tesla Model 3, e sua versão SUV chamada Seal U, rival do Tesla Model Y, ambos totalmente elétricos com uma autonomia estimada de 500km.

Além disso, estarão presentes marcas como Avatr, uma colaboração entre as chinesas Changan e Haweii, Hiphi, Hongqui, Seres, Xpeng e Denza, uma submarca premium da própria BYD.

 

Honda

A única marca japonesa que estará no evento se restringirá a trazer apenas os seus modelos já anunciados, começando pelo novo e:ny1, versão elétrica do HR-V. Outros dois modelos recém-lançados no mercado europeu, e que serão também vendidos no brasil segundo a montadora são o ZR-V, o SUV do Civic, e a nova geração do CR-V.

 

Mercedes

Silhueta de carro conceito vermelho carroceria sedã da Mercedes
Teaser do conceito que será apresentado na IAA 2023 - Foto: Mercedes/Divulgação

Outra grande construtora alemã que vai se destacar tanto com carros conceitos e carros de produção será a Mercedes. Seu lançamento mais importante será um sedã conceito 100% elétrico que prevê a próxima geração dos carros de entrada da marca.

Em relação aos modelos de produção, o novo Classe E All-Terrain, uma versão aventureira do novo Classe E em carroceria perua será apresentada. O evento será palco dos SUVs reestilizados EQA e EQB, e da van EQV, os quais contam com melhorias na eficiência, mudanças estéticas sutis, e melhorias nos equipamentos.

Quem também marcará presença será a smart, agora 50% da Mercedes e 50% da Geely, dona da Volvo. A empresa apresentará o #3 para o mercado europeu, que nada mais é que uma versão em estilo cupê do seu SUV #1.

 

Renault

Protótipo camuflado em movimento do novo Renault Scenic E-Tech
Protótipo camuflado do novo Renault Scenic E-Tech - Foto: Renault/Divulgação

Única representante da aliança Renault-Mitsubishi-Nissan na feira, a marca francesa fará a revelação da versão de produção do aguardado Scenic, agora não mais um monovolume, mas um crossover elétrico para o segmento C.

O modelo faz parte do programa de transformação da marca chamado Renaulution, o qual tem como foco a eletrificação da marca nos próximos anos, de forma sustentável. Além do novo Scenic, é esperado que o Renault 5 e o Renault 4L, ainda como concept cars, também estejam presentes, ambos elétricos.

 

Tesla

Uma grande surpresa no evento será a marca americana, que quase nunca participou de salões de automóveis. A empresa de Elon Musk não disse quais modelos estarão presentes, mas especula-se que serão as versões reestilizadas do Model 3 e Model Y, já que dificilmente o novo Model 2 está em um ponto tão avançado de desenvolvimento para ser apresentado e há dúvidas se a Cybertruck será vendida no velho continente, devido a sua estrutura, incompatível com os padrões de segurança do Euro Ncap.

 

Grupo Volkswagen

Protótipo camuflado do novo Audi Q6 e-tron de frente a esquerda e de trás a direita
Protótipo camuflado do novo Audi Q6 e-tron - Foto: Audi/Divulgação

Apesar da grande importância do evento, as marcas do grupo que estarão presentes, não apresentarão grandes novidades. A Audi confirmou sua participação, mas não quais modelos irá levar a feira, no entanto, espera-se que o tão aguardado Q6 e-tron finalmente seja revelado integralmente, assim como as suas especificações finais.

A mais nova marca independente do grupo, separada da Seat em 2021, a Cupra, marcará presença com o Tavascan. O SUV elétrico com autonomia de mais de 500km, estilo cupê e tração integral, é o modelo mais potente já produzido na plataforma MEB, a mesma dos Volkswagen ID.3 e ID.4.

A Porsche também confirmou sua presença, mas não apresentará o novo Macan elétrico, que apesar de usar a nova plataforma do Audi Q6 e-tron teve seu lançamento adiado para novembro, no salão de Las Vegas (EUA). Porém, trará o conceito Mission X para ser apreciado pelo público, modelo que prevê o futuro elétrico da marca.

Por fim, a Volkswagen irá revelar o novo ID.7 GTX, versão esportiva do sedan elétrico que além de adereços estéticos, contará com um aumento de potência. Ainda trará o recém revelado Passat Estate, agora apenas em carroceria perua.

"Eu fiquei com medo porque meus dados foram abertos", conta vítima do cybercrime.
por
Maria Clara Alcântara
Laura Boechat
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29/06/2023 - 12h

Por Maria Clara Alcântara (texto) e Laura Boechat (audiovisual)

 

Lais Bonfim é uma estudante de jornalismo. Ela  sempre se preocupou com sua segurança, sobretudo quando estava em uma rua lotada ou um bairro que sabia quer era perigoso. Sempre segurou firme o seu celular, um objeto caro e tinha medo de que roubassem o aparelho pelo valor dele, ela só não imaginou que o bem de maior valor não estavam protegidos, os seus dados seriam vazados.

Em dezembro do ano passado Laís ganhou duas câmeras digitais idênticas do seu pai, por isso eles resolveram vender  uma delas, em uma plataforma online conhecida, chamada enjoei  “Um dia depois que eu coloquei o anúncio já apareceu uma pessoa interessada, eu fiquei feliz porque ela já concordou com o preço e já fechou o negócio”

 

A câmera que Laís tentou vender na plataforma enjoei, ainda em suas mãos. "Eu fiquei com medo (...) Sempre achava que era mentira, que eu não estava comprando ou estavam me vendo na internet", conta a vítima. 

Porém, Laís nem imaginava que ali começava um pesadelo que envolveria até a polícia “Eu vendi, então me mandaram e-mail com o logo do site, fingindo que eram o site, e falavam as etapas que eu tinha que fazer pra receber o meu dinheiro, pra terminar de ser concluído. Então na verdade a pessoa que comprou fazia parte do esquema.  Aí eles ficavam falando que eu tinha que pagar taxa de vendas, de garantia do dinheiro” 

 

 

Ela transferiu em torno de mil reais, porém como no email dizia que era uma garantia do dinheiro, não pensou muito sobre isso porque acreditava que esse dinheiro voltaria e ainda receberia o valor da venda. Mas nem tudo foi bem. Ela começou a perceber uma demora para efetuar a venda, não recebeu mais nenhum email, o comprador deixou de responder “essa enrolação pra terminar o processo que fez eu pensar que eu fui vítima de roubo de dados.”

De acordo com Samuel Tovo, engenheiro de dados, essa ação é cada vez mais comum, porém a legislação brasileira já a considera um crime. “No Brasil, temos a LGPD, que é a lei de proteção geral de dados. A partir desse momento você passa a ter punições para pessoas que vazam informações pessoais. No momento que você tem um CPF ali, você tem uma informação pessoal, você acaba tendo definições do que é um dado sensível, não só pessoal mas também sensível…”Você tem esse grande avanço que acaba protegendo a população e acaba garantindo que, caso alguém use de forma ruim esse dado, ele será punido por isso”, conta .

 

 

Como se proteger

O engenheiro relata formas de cuidar desses dados para evitar que situações como essa aconteçam “A primeira melhor prática é você indicar no seu banco de dados que aquela é uma informação pessoal”, isso ajuda com que as empresas que vão usar seus dados saibam que aquela informação é confidencial e não pode ser compartilhada.

 O contrário ocorreu com a Lais, todas as informações pessoais dela e de sua família estão nas mãos de criminosos “Meu email, CPF, endereço, RG, o nome dos meus pais… Basicamente tudo o que a pessoa precisa pra abrir uma conta, por exemplo. Se não tivesse reconhecimento facial ou aquele negócio de tirar foto com seu documento, porque eles não pediram foto do meu documento, eles conseguiriam facilmente abrir uma conta no meu nome, ou fingir que sou eu em uma outra plataforma. “

 

 

Na hora Laís ficou desesperada e decidiu tomar medidas legais que a ajudassem nessa hora “Eu fiz um B.O. Fiz um boletim de ocorrência, que é feito no site da polícia militar, e aí eles enviam falando que vão analisar o caso e pediram pra eu ir na delegacia descrever o crime lá. Quando você faz o B.O. você põe por escrito. Só que eu não quis ir, desisti de fazer o B.O. e não fiz ele. Mas assim que eu percebi que fui roubada, fiz pela Internet.”

 O roubo de dados de pessoas físicas vem sendo cada vez mais comum, essa prática já era comum no meio empresarial “Você teve por exemplo, atualmente, um grande roubo de dados da Rockstar, que é uma grande produtora de jogos. A pessoa roubou e vazou horas de desenvolvimento do jogo e quis buscar ali um retorno financeiro” .

 Por isso, diversas empresas alertam seus funcionários sobre possíveis fraudes, os aconselha a não salvar senhas pessoais ou da empresa no computador, mudar a senha do computador pelo menos uma vez a cada 100 dias. A troca constante de senhas também é uma prática importante para pessoa física “Nunca ter a mesma senha repetida para tudo o que tem. Até porque se a pessoa consegue uma senha ali, vai testar pra tudo que você tem. O que normalmente as pessoas fazem é ter a mesma senha para todos os sistemas que elas usam.”


 

 

 A questão emocional também é afetada em situações como essa, nossos dados são algo que é só nosso e quando estes são invadidos nós também nos sentimentos invadidos “. Eu fiquei com medo. Muito medo de tudo. Eu sempre achava que tinha alguém no meu celular, sempre achava que tipo, era mentira, que eu não estava comprando ou me vendo na Internet, eu realmente fiquei com muito medo.”

 A confiança cibernética da estudante também foi afetada. "Eu fiquei com medo porque meus dados foram abertos para esse tipo de gente, que até hoje eu não sei se é homem ou mulher, se é mais de uma pessoa, enfim. Eu mudei meu email, resetei meu celular, tive que resetar meu celular, mudei todas as minhas senhas. Mas é claro, ainda assim eu fiquei com medo, porque você nunca sabe quem tá por trás”, revela.

 Para evitar o crescimento desse tipo de crime, a vítima de roubo de dados deixa também um conselho para que esse fato não ocorra mais: “Sempre olhem o site oficial. Sempre vai ter uma dica de como não cair em golpes. Então: identificação de email, identificação de processos… A OLX nunca manda e-mail, por exemplo. Então, se a OLX te mandar um email, desconfie. Também os bancos estão muito falando sobre isso, porque as pessoas pegam números aleatórios e mandam falando que você tem cartão, que tem uma dívida. O Banco nunca manda SMS. Sempre entra em contato direto”. 

 

O material inovador utilizado pela marca francesa Coperni na Paris Fashion Week está em desenvolvimento desde o início dos anos 2000
por
Rafaela G. Dionello
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01/12/2022 - 12h

Por Rafaela Guazzelli Dionello

O desfile da marca francesa Corpeni gerou o momento mais falado da temporada primavera-verão 2023, a modelo Bella Hadid fechou o desfile com um vestido que foi feito ao vivo na frente da plateia através de um spray. Por 10 minutos Manel Torres, junto de dois cientistas aplicaram um líquido nebuloso que se transformou, quase instantaneamente, em um material usável, esse líquido foi patenteado por Manel que criou essa tecnologia patenteada spray-on Fabrican, um tecido aerossol, que pode ser borrifado na pele, criando roupas sem costuras e no formato do corpo da pessoa que vai usá-las, o tecido pode ser lavado em máquinas sem problema algum. Para finalizar o vestido, a chefe de design da grife, Charlotte Raymond, subiu ao palco e deu os toques finais.

Modelo Bella Hadid e se vestido sendo construído ao vivo. Créditos: Coperni
Modelo Bella Hadid e se vestido sendo construído ao vivo. Créditos: Coperni

 

“Você pode usar este vestido, guardá-lo como um vestido e colocá-lo em um cabide. Mas se você não quiser mais, você pode colocar o vestido de volta no líquido e pode borrifar-lo imediatamente novamente”, disse o diretor criativo da Coperni e cofundador, Sébastien Meyer ao ser entrevistado pela CNN. Embora o vestido não esteja à venda, Meyer disse que é importante ultrapassar os limites da tecnologia e do design e criar um momento que possa entrar na história da moda.

 

“Além de um momento que vai ficar marcado na história da moda, isso também marca uma nova era aonde a possibilidade de criar moda de uma maneira sustentável é muito grande…a estreia Fabrican está sendo apontada como o auge do integração da moda com a tecnologia, que vem florescendo há tempos” diz a estudante de moda Lívia Lira 

 

O spray geralmente é utilizado para uso médico, pode ser utilizado, por exemplo, como bandagem médica ou no mundo da construção, justamente por sua capacidade de se solidificar imediatamente na forma desejada. Pensando no mundo da moda, onde 30% das roupas produzidas acabam nunca sendo vendidas e a alta produção causada pelas fast fashions e o descarte de peças de roupas pela velocidade que as tendências saem de moda graças a Internet, a sustentabilidade que essa tecnologia oferece é um mar cheio de possibilidades para o mundo da moda. 

O material foi desenvolvido em parceria com Paul Luckan, especialista em tecnologia de partículas, com o Fabrican Spray-on é possível mudar a textura das roupas, basta escolher outro tipo de fibra para ser aplicado. As opções são lã, linho e acrílico, a forma de aplicação também pode resultar em tecidos diferentes ao toque. "No século 21 devemos fazer com que seja a primeira vez que a ciência e o design realmente caminhem juntos, ilustrando assim sua interdependência", diz o CEO da marca.

 

As novas alternativas sustentáveis que vêm surgindo para minimizar os impactos
por |
30/11/2022 - 12h

Por Laura Scandelai Raposo Naito

 

Estima-se que as mulheres usem entre 10 a 15 mil absorventes descartáveis durante suas vidas. Pouco se fala no impacto ambiental que esses absorventes têm para o planeta, desde sua produção até ser descartado após o uso, geralmente acabando em lixões e aterros sanitários. Por isso, alternativas mais sustentáveis, como as calcinhas absorventes, coletores e discos menstruais, vêm ganhando a confiança e preferências de muitas mulheres.  O principal impacto ambiental desses produtos está na extração e no processamento das matérias-primas, que se baseiam na produção dos plásticos (petróleo) e da celulose  (árvores). Isso porque a produção de plástico requer muita energia e cria resíduos de longa duração.

 

O absorvente externo é composto basicamente por celulose, polietileno, propileno, adesivos termoplásticos, papel siliconado, polímero superabsorvente e agente controlador de odor. O corpo do absorvente é formado por um filme de polietileno e nele são adicionados adesivos termoplásticos e papéis siliconados. Enquanto os tampões, são constituídos principalmente por algodão, seda artificial, poliéster, polietileno, polipropileno e fibras. Após usados, esses produtos se tornam resíduos compostos por materiais sintéticos, que demoram em média 100 anos para se decomporem em lixões e aterros sanitários e ainda correm risco de contaminar o ambiente por conterem aditivos químicos, que foram utilizados na sua fabricação​​, inclusive podem produzir dioxinas que persistem no meio ambiente.

 

Pensando em minimizar esse impacto, a empresa canadense Knowaste é dona da patente para reciclar a fibra da celulose, pode ser utilizada em uma variedade de produtos, incluindo materiais de absorção, adoçantes de processo, produtos de papel reciclado etc. O plástico pode entrar em qualquer processo de extrusão e moldagem por injeção para fabricar produtos como madeira plástica e telhas plásticas. Os resultados podem ser usados ​​na produção de energia verde se a economia local permitir. Eles trabalham com outros produtos absorventes, como as fraldas de bebês. 

 

No entanto, outro problema ambiental que é causado pelo descarte errado dos absorventes nos vasos sanitários é a chegada desses resíduos nos rios e mares. Aplicadores de OB e absorventes estão frequentemente listados como lixos encontrados nos oceanos. Além de levarem anos para serem decompostos, também, são digeridos por animais marinhos e por aves, prejudicando o ecossistema oceânico.

 

Pensando na sustentabilidade e na saúde da mulher, a marca brasileira Pantys de calcinhas absorventes vêm se destacando. A consumidora da marca, Jennifer Reis, conta que ainda não utiliza as pantys durante todo seu ciclo, mas que é uma de suas metas. Para ela, as calcinhas ainda têm o diferencial de proporcionar conforto e segurança: "Os absorventes descartáveis são desconfortáveis e muitas vezes eu me sentia insegura, com medo de que vazasse e manchasse minhas roupas. É um problema que eu não tenho mais."

@Pantys

 

Todos os produtos da Pantys são feitos com tecidos biodegradáveis, carbono neutro e vêm em embalagens recicláveis. Ainda, a marca proporciona um programa de doações em que levam calcinhas absorventes à mulheres que vivem em estado de vulnerabilidade social e não têm acesso a produtos de higiene íntima. 

 

Além do impacto ambiental, os absorventes descartáveis podem estar relacionados a alergias e infecções, principalmente em mulheres que têm a pele e a mucosa mais sensíveis às fragrâncias, corantes e materiais sintéticos, que estão na composição de alguns desses produtos. Absorventes com camada de plástico, por exemplo, podem prejudicar a ventilação da área e favorecer, assim, o aparecimento de infecções. As alternativas sustentáveis também servem para solucionar esses problemas. As Pantys são clinicamente testadas, sendo respiráveis e anti-bactérias. 

 

Mas, as calcinhas absorventes não são a única alternativa aos descartáveis. Hoje, a Pantys também produz absorventes reutilizáveis que duram até 100 lavagens. Outra opção muito usada é o coletor menstrual e ainda, existe o disco menstrual. O disco é feito 100% de silicone medicinal, com toque macio e aveludado, e é colocado no fundo do canal vaginal. Lá, ele serve como uma barreira que impede o sangue de descer para o canal vaginal. Assim como o coletor menstrual, é possível usá-lo por 12 horas seguidas. 

Disco da marca My Lumma

 

A estudante Ana Bárbara Rolim falou sobre sua opção pelo disco, por ser mais econômico e sustentável: "Quando se coloca na balança o valor do disco menstrual e ter que estar sempre comprando absorvente, não tem nem comparação. O meu custou entre 50,00 e 60,00 reais, e isso eu gastava em uns 3 ou 4 meses comprando absorventes." Ela ainda completou que esse produto lhe proporcionou a liberdade de não se preocupar com o absorvente e citou que o odor da menstruação mudou completamente.