Cientistas brasileiros deixam o País em busca de melhores oportunidades no mercado científico
por
Brenda Martins
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19/11/2024 - 12h

Por Brenda Costa Martins

 

Enquanto nossos melhores pesquisadores são acolhidos por laboratórios estrangeiros e embarcam em direção aos países que valorizam a academia e a ciência, ficamos à margem das grandes inovações e descobertas científicas, como espectadores de um progresso que poderíamos estar liderando. A formação de cientistas no Brasil enfrenta uma crise profunda, marcada não por apenas dificuldades estruturais como a escassez de equipamentos em Universidades e laboratórios, mas também pela falta de incentivo à estudantes para que sigam na área acadêmica de pesquisas, além das oportunidades limitadas desse marcado no país. Nos últimos anos, temos assistido a uma crescente “fuga de cérebros” — fenômeno em que profissionais qualificados, principalmente cientistas e pesquisadores, optam por desenvolver suas carreiras no exterior, sendo atraídos por melhores condições de trabalho e valorização profissional. Fuga que tem sido alimentada pela escassez de investimentos no campo da ciência e da tecnologia no país.

Desde 2015, cortes orçamentários intensos afetaram diretamente a manutenção de bolsas de estudo, o financiamento de projetos de pesquisa, bem como a continuidade de programas de pós-graduação em diversas áreas. Com menos verbas, muitos laboratórios foram fechados e projetos interrompidos, situação que acabou por criar um ambiente de insegurança e instabilidade para jovens pesquisadores que desejam contribuir com o avanço científico no país.

Nos centros de excelência, como a Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e a Universidade Federal do ABC (UFABC) doutores e mestres formados com alto nível de competência se deparam com um mercado de trabalho retraído. Apesar de contar com instituições de ensino que formam profissionais altamente capacitados, os cortes e as limitações severas no mercado de trabalho continua a fazer com que esses cérebros embarquem para o exterior buscando oportunidades de maior rentabilidade e visibilidade pois para muitos desses cientistas, o ambiente brasileiro se mostra inviável para o desenvolvimento de suas carreiras.  Mesmo entre os profissionais que conseguem uma colocação, as condições de trabalho são frequentemente limitadas, com infraestrutura insuficiente e salários que não condizem com o nível de formação e as exigências da carreira científica.

Esse êxodo de cientistas gera impactos econômicos e sociais observados em longo prazo. Ao investir na formação desses profissionais e, em seguida, vê-los partir para outros países, o Brasil perde o retorno desse investimento, bem como a possibilidade de desenvolver inovações e avanços tecnológicos que poderiam impulsionar setores como saúde, agronegócio e tecnologia. Fato que evidencia outro problema: Não é preciso investir apenas na educação básica e incentivo aos jovens cientista se, no futuro, eles não terão um lugar nas grandes corporações, já que as poucas que existem no país continuam não oferecendo benefícios tão competitivos quantos os de vagas alocadas no exterior, sedes dessas empresas.

Para cientistas como Paula Rezende, doutora em Biomedicina, a decisão de deixar o Brasil é dolorosa, mas necessária. Após anos lidando com infraestrutura insuficiente e atrasos em recursos para pesquisa, ela aceitou uma proposta de trabalho na Alemanha, onde encontrou o ambiente ideal para continuar seu trabalho. Casos como o de Paula são cada vez mais comuns, o que ilustra como o cenário nacional tem se tornado um impeditivo para o progresso da ciência e da carreira dos profissionais brasileiros. A falta de oportunidades no Brasil também gera uma lacuna na academia e nas universidades, onde a quantidade de concursos e oportunidades para docentes e pesquisadores é insuficiente para absorver os doutores formados a cada ano. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que cerca de 25% dos doutores no Brasil ficam fora do mercado de trabalho adequado à sua formação, o que leva muitos a buscar alternativas no exterior, onde há mais estabilidade e reconhecimento.

Elisabeth Balbachevsky, professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e coordenadora científica do Núcleo de Pesquisa de Políticas Públicas (NUPPs) da USP, tem outra visão. A professora tenta analisar um lado positivo desse fenômeno da "fuga de cérebros", as mentes que vão embora do Brasil buscando melhores oportunidades podem "se inserir em redes de pesquisa internacionais, o que poderá ter um impacto extremamente positivo, porque irão se tornar lideranças brasileiras e, uma vez de volta ao Brasil, trarão novas expertises e abordagens para o País", diz a pesquisadora. Uma vez que esses cientistas brasileiros conseguem cada vez mais se estabelecer nas gigantes da tecnologia, por exemplo, o país indiretamente está ganhando reconhecimento, o que pode fazer com que os olhos dessas grandes corporações se voltem ao Brasil. Ainda que a "fuga" desses pesquisadores seja prejudicial no início, com mais profissionais produzindo ciência de qualidade em um ambiente no exterior que comporta suas necessidades, podemos colher frutos no futuro. Afinal, para que grandes corporações se desenvolvam no país, é preciso ver que a população tem capacidade de produzir recursos que possibilite sua expansão.

Outro fator que importante ser destacado é a busca pelo incentivo ao empreendedorismo desses jovens cientistas. Grandes empresas como o Facebook e a Amazon surgiram de um pequeno projeto de seus fundadores enquanto ainda eram estudantes, desenvolvendo uma start-up na garagem de suas casas. É claro que, a qualidade de ensino de ciências nas Universidades americanas possibilitam que seus alunos desenvolvam o pensamento empreendedor, enquanto no Brasil, os alunos são incentivados a bucar emprego fora, em empresas já estabelecidas, fator resultado do cenário de instabilidade não apenas do mercado científico, mas também do empreendedorismo. Algumas escolas de redes particulares no país contam com matérias de empreendedorismo e educação financeira, por outro lado, escolas da rede pública e estaduais se encontram em um cenário totalmente diferente. Ainda há um grande caminho a trilhar para que o acesso à uma educação de qualidade seja uma realidade igualitária entre todos os estudantes do país.

Propostas como a criação de um fundo nacional para Ciência e Tecnologia, que garanta recursos contínuos para a pesquisa, são defendidas por entidades como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Outra alternativa é fortalecer as parcerias entre universidades e empresas, criando oportunidades de inovação e desenvolvimento em conjunto com o setor privado, o que poderia abrir novas frentes de trabalho para cientistas dentro do Brasil.

Enquanto não houver um comprometimento estrutural e financeiro com a ciência, o Brasil permanece vulnerável à saída de seus talentos. A fuga de cérebros se torna um símbolo das dificuldades enfrentadas pela ciência brasileira, limitando o potencial de avanço científico e tecnológico do país. A valorização da ciência e o investimento em condições de trabalho são essenciais para que o Brasil não apenas forme cientistas, mas também consiga retê-los e fortalecer sua base científica para o desenvolvimento nacional e reconhecimento internacional.

Produzir orgânicos é um desafio que envolve altos custos, manejo artesanal e um compromisso com a sustentabilidade.
por
NINA JANUZZI DA GLORIA
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12/11/2024 - 12h

Por Nina J. da Glória

 

No coração de uma pequena fazenda nos arredores de São Paulo, a paisagem exibe fileiras simétricas de verduras, um campo verde que mais parece um quadro pintado com paciência e precisão. Cada folha simboliza uma promessa livre de químicos, cultivada à mão, mas também testemunha de um trabalho árduo, invisível ao consumidor final. Esse é o cotidiano de Mariana Silva, uma agricultora que decidiu, há quase uma década, abandonar a produção convencional para dedicar-se ao orgânico. No início, acreditava que seria um retorno ao básico, uma reconexão com a natureza. Mas a realidade mostrou-se mais densa e complexa do que o imaginado. O solo, como um organismo vivo, exigia constantes cuidados e uma compreensão que ia além dos métodos tradicionais. Cada semente carregava uma incerteza, e cada colheita trazia consigo os riscos de uma produtividade menor, vulnerável a pragas e intempéries. "O solo não aceita pressa", sua frase parece pairar na atmosfera ao redor das hortas, impregnada de paciência e resignação.

Nas redondezas, em outra propriedade de São Roque, Paulo Mendes compartilha a mesma visão, mas com uma trajetória que o levou ao orgânico por caminhos distintos. Ao contrário de Mariana, ele vem de uma família que cultivava com agroquímicos, mas sempre sentiu a necessidade de transformar as práticas de cultivo. Para ele, o orgânico é como um resgate da essência da terra, uma escolha que exige mais do que habilidades tradicionais. É um compromisso com o solo, com o ciclo de nutrientes e com o futuro. Paulo vê o campo como um delicado organismo, onde a compostagem e a rotação de culturas são essenciais, mas também um desafio financeiro. Cada safra se transforma em uma experiência quase artesanal, onde a eficácia do manejo natural precisa competir com a tentação das facilidades químicas. Esse processo, para ele, é como uma dança cuidadosa com a natureza, em que observar e respeitar o ritmo das estações torna-se tão vital quanto qualquer técnica de plantio.

                                                            Comunidade de pessoas que trabalham juntas na agricultura para cultivar alimentos

Para Mariana e Paulo, a colheita orgânica traz consigo um custo invisível ao olhar do consumidor. A vulnerabilidade às pragas, por exemplo, é uma preocupação constante. Sem pesticidas convencionais cada infestação é uma batalha natural que, muitas vezes, se perde. A introdução de insetos benéficos para conter pragas ou o uso de biofertilizantes representa um custo adicional, tornando a logística do manejo um quebra-cabeça financeiro. Além disso, há as certificações rigorosas exigidas para que o produto receba o selo de orgânico, que Mariana descreve como "um segundo trabalho", com visitas e inspeções que, embora necessárias, absorvem ainda mais recursos.

No centro dessa cadeia está Cláudia Ramos, proprietária de uma loja de produtos orgânicos em São Paulo. De seu ponto de vista privilegiado, ela percebe o esforço e as dificuldades de seus fornecedores, mas também o descompasso entre o preço desses produtos e a percepção dos consumidores. Em cada item das prateleiras, Cláudia vê um microcosmo de esforço e idealismo, mas, ao explicar as diferenças entre orgânico e convencional, enfrenta um público que ainda considera o orgânico um luxo. Ela afirma que cada produto é uma história de sacrifício, e explica que o custo mais alto representa a vulnerabilidade da produção orgânica, que exige cuidados permanentes e colheitas menos previsíveis.

                                                                                           Close-up de plantas verdes na estufa

A produção orgânica, então, emerge como uma complexa equação de valores, sacrifícios e riscos. Cada um dos envolvidos—do campo à prateleira—carrega uma parte dessa carga, como se fosse um ciclo contínuo de compromissos, onde o ideal e o real se encontram e se confrontam. A busca pela pureza e pelo cuidado no cultivo se mescla a um cotidiano cheio de dificuldades, e o produto final se transforma numa espécie de narrativa silenciosa sobre perseverança e dedicação ao que se acredita ser o melhor para o futuro do planeta e do ser humano.

A jornada dos entregadores não se limita ao trajeto, mas envolve obstáculos que vão da segurança no trânsito às incertezas de um dia de trabalho autônomo.
por |
12/11/2024 - 12h

Por Thais Oliveira 

 

Se antigamente era comum esperar dias ou semanas para que um pedido chegasse, hoje a demanda por rapidez e eficiência exige uma operação logística reforçada. O dia começa antes do sol nascer, com o medo e a ansiedade tomando conta de Joice Alves, mãe solteira de 50 anos que precisou se reinventar após um divórcio e o enfraquecimento das vendas em seu comércio de plantas. Seus cabelos longos e quase grisalhos carregam histórias de uma mulher forte que devido a gravidez, parou os estudos na quinta série. Tudo que aprendeu é resultado de suas vivências.

A tecnologia dominou o mundo e os seres humanos. Para Joice isso não passava de uma grande perda de tempo, até que tudo mudou em sua vida e a tecnologia virou sinônimo de estabilidade financeira e independência. Conseguir realizar uma entrega parece fácil aos olhos dos que recebem em casa. O suor do trabalho de prestadores de serviço das grandes empresas está presente em cada pacote entregue.

Os desafios começam à frente da seleção. Um aplicativo viabiliza para os entregadores os percursos disponíveis, juntamente ao valor a receber, e cada um seleciona o de sua preferência. Mas o número de prestadores é maior do que os de entregas e, às vezes é necessário passar horas olhando as atualizações no celular. Há dois meses o aparelho eletrônico, que não passava de uma ferramenta de comunicação com a família, amigos e clientes, se tornou o principal equipamento do trabalho de Joice. Foram semanas aprendendo a usar o mapa, abrir e fechar aplicativos, escrever mensagens mais rápidas e, principalmente, a contabilizar os resultados do seu novo emprego. No início de sua trajetória, Lucas, o filho mais velho, acompanhou a mãe em todos os percursos e assim, ela ganhou confiança para trabalhar sozinha. 

Desde a adolescência, Joice foi diagnosticada com TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada) e comenta que essa logística piora os sintomas diariamente. O seu conforto é o chá de camomila colhido diretamente dos vasos sobrepostos na janela do sexto andar e do calmante recomendado pela cardiologista. Ao conseguir uma corrida, agradece a Deus pela oportunidade e pula o café da manhã, colocando tudo que precisa dentro de uma bolsa térmica. De acordo com o aplicativo fornecido pela empresa, cada percurso tem a duração de 4h e 6h e os valores são correspondentes a estes horários. Explica que foi acordado entre a empresa e os prestadores de serviço que todas as entregas contariam com, no máximo, 45 pacotes e 40 paradas. 

Ao chegar no Centro de Distribuição, Joice recebe a rota com 52 paradas, 65 pacotes amarelos e o medo de não conseguir finalizar dentro do prazo estipulado. É necessário entregar todas as mercadorias para receber os valores completos, independente da chuva, dos ventos de 100km/h, dos postes desligados e das ruas escuras. Joice sai de Mauá com o seu destino traçado em um papel com nomes de pessoas desconhecidas diretamente para a cidade de São Paulo. Na travessa da Avenida Vila Ema e nas mãos Joice, o primeiro pacote foi entregue para a Renata, uma mulher simpática que desejou um bom dia para a entregadora.

Dentro do carro, o estômago de Joice espera por um alimento desde às 9h00min, porém os donos dos 50 pacotes pendentes têm prioridade na fila e as refeições ficam em segundo plano, sendo necessário seguir o caminho ingerindo apenas uma banana. A falta de hidratação e de nutrientes causa cansaço excessivo, perda de cabelo e, consequentemente, ausência de vitaminas importantes para o funcionamento do corpo. Relata, que praticava uma rotina saudável, alimentando-se bem e correndo na rua todos os dias de manhã com os seus filhos, porém precisou abrir mão do estilo de vida para arcar com os novos custos, como por exemplo o aluguel. A infraestrutura básica é uma questão: nas cidades grandes, com quilômetros percorridos entre um ponto e outro, muitas vezes não há onde parar para descansar ou usar o banheiro. A cidade se torna um palco de correria constante, onde não há tempo ou lugar para uma pausa, justifica Joice, ao informar que não consegue ingerir ao menos 200ml de água durante a jornada de trabalho. 

O futuro do setor aponta para uma integração cada vez maior entre tecnologia e logística, com inovações que prometem transformar ainda mais a experiência de compra e aproximar o e-commerce dos consumidores. Embora a constante evolução esteja dominando o cenário, não há direitos trabalhistas ou benefícios assegurados, como convênio médico ou seguro de saúde. Se houver algum acidente ou emergência, o entregador precisa arcar com os custos e lidar com as consequências sozinho. 

Dentro do aplicativo de entregas é possível saber que, dependendo do nível, o entregador terá acesso a mais pedidos, melhores comissões e suporte especializado. A grande corporação criou um sistema de níveis que funciona como uma espécie de escada, onde cada degrau alcançado representa mais oportunidades, e consequentemente, mais pressão. Estar em um nível mais alto pode significar, por exemplo, maior acesso a entregas em horários de pico ou de longa distância, que pagam melhor. Joice é prata, mas conta que demorou meses para alcançar a nomenclatura, afinal qualquer queda no desempenho pode significar uma descida de nível. Cancelamentos, avaliações ruins ou atrasos podem rebaixar o entregador, retirando seus, quase que invisíveis, benefícios. 

Joice conseguiu dois percursos no mesmo dia, isso significa que a corrida contra o tempo é primordial para finalizar o primeiro, voltar ao Centro de Distribuição e recolher as próximas encomendas. Ao sair, os clientes recebem notificações de que o produto está a caminho, causando ansiedade e desconfiança dos que aguardam em suas casas. Durante a noite as entregas são realizadas das 18h00 às 22h00 e Matheus, o filho mais novo, auxilia a mãe ligando para os clientes e entregando os pacotes enquanto ela separa os próximos. Em meio à movimentação, Matheus recebe uma mensagem de uma mulher que estava aguardando o produto há 30 minutos e precisava dormir. Era sexta-feira, 19h39min, quando os insultos começaram e mudaram a rota da família. Cada pacote recebe uma numeração de envio, o itinerário e os dados relevantes do consumidor, em consequência das mudanças Matheus e Joice aumentam a duração do percurso e os quilômetros rodados no carro. A quantidade de remessas no período da noite é majoritariamente maior, entretanto os consumidores não sentem confiança em recebê-las e, frequentemente, rejeitam a tão esperada aquisição. 

As embalagens amarelas recusadas devem atravessar a cidade e voltar à corporação até às 23h00min, horário de finalização dos serviços diários. Joice retorna com o peso da consciência de classe descendo em seus cabelos, refletindo sobre o comportamento interpessoal dos consumidores, do egoísmo e da falta de empatia. O mundo não é mais o mesmo e as pessoas estão preocupadas com as futilidades expostas nas prateleiras invisíveis dos comércios online. Não se importam se a voz que clama do lado de fora da residência está enfrentando a maior chuva do ano na cidade ou se está com um prazo apertado, o importante é aconchego e a novela das 21h00min. 

Após 15 horas, Joice finalmente chega em casa, sentindo-se cansada, fraca e estressada. O dia foi longo, repleto de entregas que exigiam rapidez, atenção e resistência. Cada pedido, cada quilômetro percorrido, parecia se arrastar em meio à chuva, ao trânsito caótico e à pressão por cumprir os prazos apertados. Como muitos entregadores, Joice não tem garantia de descanso ou segurança no trabalho, e mesmo ao chegar em casa, a sensação de que poderia ter feito mais, ou o medo de não atingir o número de entregas esperado, a acompanha. Mas para Joice, o trabalho nunca termina realmente. Ela reflete sobre o que poderia ter feito para ser mais rápida, ou se valeu a pena o esforço de correr contra o relógio. Em sua mente, os desafios que ela enfrentou ao longo do dia continuam vivos, a insegurança nas ruas, o risco de acidentes, a exaustão física e emocional. Mas amanhã, o caminho se repete, enfrentando as mesmas dificuldades em nome de um dia melhor, ou, quem sabe, uma coroa de ouro na guerra contra a logística desumana.

Os chamados cibercrimes são considerados um tipo de violência contra o idoso, e a campanha Junho Violeta busca conscientizar à população sobre a violência patrimonial
por
Alice Di Biase
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11/11/2024 - 12h

Por Alice di Biase

 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a população acima de 60 anos no Brasil deve crescer em ritmo acelerado, quase triplicando até 2050. Dados como esse expõem o crescente aumento da população idosa, além de um novo perfil de envelhecimento que requer atenção especial em políticas públicas. Adriana Horvath, diretora voluntária de captação de recursos da Casa Ondina Lobo, relata que a principal queixa dos residentes da Casa é a invisibilidade, a visão estereotipada do “vovozinho” de cabelo branco e ingênuo, e adiciona que os idosos querem ser vistos como seres humanos que ainda tem muito a oferecer.

A Casa de Repouso Ondina Lobo é uma instituição de longa permanência para idosos em situação de vulnerabilidade social, o projeto é sustentado por doações filantrópicas. A missão da organização é promover o bem-estar e a integração do idoso na sociedade, por meio de atividades plurais. Ela relata que muitos dos idosos residentes da Casa já passaram por alguma violência ou situação de preconceito e atribui isso a forma como a sociedade olha os idosos, relacionando-o com a finitude da vida. E adiciona que é preciso entender que a velhice é apenas mais uma fase. Além disso, ela também cita a importância de campanhas de conscientização contra a violência ao idoso, como o Junho Violeta.

Existem vários tipos de violências direcionadas aos idosos, uma delas é a violência patrimonial. Com o avanço tecnológico, os mais velhos se tornaram mais vulneráveis para a violência patrimonial, por meio dos chamados golpes. O Disque 100, do governo federal, registrou, nos cinco primeiros meses de 2023 mais de 15 mil denúncias de violações financeiras ou materiais contra idosos; 73% a mais do que no mesmo período de 2022. Cada vez mais conectada, a terceira idade tem sido um dos principais alvos de quadrilhas especializadas em crimes cibernéticos que comprometem o patrimônio da vítima.

Ondina Lobo e Image Magica

“Mãe, mudei de número, salva esse contato aqui”, assim começa uma das formas mais comuns de fraudes financeiras contra os idosos, a foto de perfil é a mesma que o filho utiliza no seu número próprio e logo em seguida são solicitadas as transferências. Cláudia, aposentada de 66 anos relata como caiu no phishing - tipo de golpe realizado por e-mails, redes sociais e sites que utilizam uma “isca” para fazer a vítima fornecer informações pessoais. Uma loja conhecida com descontos extravagantes, a propaganda era feita por celebridades como Gisele Bündchen e a apresentadora Angélica que recomendavam a promoção. Tudo feito com inteligência artificial. O valor perdido não foi alto, como conta Claúdia, com alívio, no entanto, a sensação de ter sido enganado com facilidade pelos golpistas causa constrangimento.

O constrangimento também é um dos motivos que leva os idosos a se tornarem um alvo fácil dos golpistas. Envergonhados de demonstrar a fragilidade e, de certo modo, alimentar os estereótipos de ingenuidade que a sociedade cria em relação a faixa etária, muitos idosos não contam aos familiares a situação e deixam o ciclo de golpes se estender. Em 2024, a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos já recebeu mais de 21 mil denúncias de violações deste tipo contra idosos, destes 80% dos casos são denunciados por terceiros, e não pela própria vítima.

A psicóloga e psicanalista Moema Sarmento compartilha suas perspectivas sobre a saúde mental na terceira idade, ela argumenta que a falta de respeito e os maus tratos podem levar ao isolamento e depressão, o que faz que muitos idosos que sofrem esses abusos patrimoniais não procurem ajuda, assim os casos só chegam aos familiares e autoridades quando já estão em estágios alarmantes.

Com o intuito de alterar esse cenário, a Casa Ondina Lobo em pareceria com a ONG Image Mágica, levou o Circuito Cultura e Inclusão para as mulheres da Casa. As aulas de inclusão digital e fotografia buscam conscientizar os moradores a respeito dos golpes digitais, resgate da autoestima e criar intimidade com o meio tecnológico.
 

Ondina Lobo e Image MagicaOndina Lobo e Image Magica

Como comenta Horvath, a velhice é só mais uma fase da vida que envolve atenção e deve ser aproveitada com qualidade de vida e isso envolve a liberdade de consumir a Internet com segurança.

Entre ícones do passado, referências do presente e caminhos para o futuro, veja como foi a edição deste ano
por
Vítor Nhoatto
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22/10/2024 - 12h

Ocorrido entre os dias 14 e 20 de outubro na capital francesa, o Mondial de l'Auto contou com mais de 500 mil visitantes, além de recados importantes para a indústria automobilística. As donas da casa — Alpine, Peugeot, Renault e Citroen — estiveram presentes, mas, mesmo assim, a presença chinesa continuou e chamou a atenção do público, das autoridades e das rivais. A DS, da Stellantis, foi a única francesa que não compareceu ao evento. 

Temas como sustentabilidade, acessibilidade e segurança no trânsito foram amplamente abordados nas coletivas de imprensa, e traduzidos em parte nos lançamentos. Ao todo, 41 fabricantes de automóveis participaram do evento, o qual trouxe o brilho de volta à Bienal, tal qual como no Salão de Munique, em 2023.

Eletrificação em diferentes níveis

Antenado às ânsias do público e da indústria, houveram lançamentos de vários modelos eletrificados, em diferentes níveis e formatos. Nos últimos meses, as vendas de elétricos oscilaram negativamente na Europa, por conta de uma série de fatores, como altos custos de aquisição e o fim de incentivos governamentais. 

Com isso, marcas como Volkswagen, Ford e mesmo Volvo, reviram seus planos de eletrificação total — apesar da meta da União Europeia de banir os modelos movidos a combustão, já em 2035. O conglomerado Stellantis, por exemplo, investe em plataformas multi-energéticas, capazes de produzirem tanto híbridos, quanto elétricos, e apresentou seus últimos modelos em Paris. 

Construído sobre a e-CMP, — mesma base dos recém lançados no Brasil, Peugeot 2008 e 208 — o Alfa Romeo Junior Ibrida fez sua estreia ao público. Com a mesma motorização dos irmãos, motor 1.2 PureTech em conjunto a uma bateria de 48V, gerando 136 cavalos, o modelo complementa a linha do SUV urbano, disponível como 100% elétrico desde o começo do ano. 

Na Peugeot, as novidades foram maiores, apesar de nenhum modelo totalmente novo, diferente das compatriotas Alpine, Citroen e Renault. Em Paris, foi lançado o novo E-408, versão 100% elétrica do crossover baseado no 308. Sob a plataforma EMP2, compartilha o conjunto mecânico com o hatch, tanto nas versões a combustão quanto na novidade elétrica, e não muda visualmente. Além disso, foram apresentadas as versões Long Range dos E-3008 e E-5008. As autonomias passam de cerca de 500 km para 700 km, segundo o ciclo WLTP.

Em uma abordagem diferente, focada em modelos elétricos separados dos seus semelhantes a combustão, a Volkswagen apresentou o novo Tayron. Com expectativa de ser vendido no Brasil, é a versão Allspace do novo Tiguan, mas agora com nome próprio. O SUV de sete lugares estará disponível em duas versões diesel, gasolina, e híbridas plug-in, além de uma híbrida leve.

Volkswagen Tyron de frente branco ao lado de um Tayron de trás roxo
O Tayron é o sexto SUV a combustão da Volkswagen na Europa, entre Tiguan e Touareg. Foto: Divulgação/Volkswagen

As motorizações são as mesmas do Tiguan de nova geração, construído sobre a MQB evo. Isso se reflete em uma autonomia combinada de até 850 km nas versões plug-in, além de uma autonomia em modo 100% elétrico de cerca de 100 km, graças a uma bateria de 19.7 kWh.

Em uma abordagem semelhante em alguns aspectos a Volks, a britânica de coração, mas de propriedade alemã, a Mini, apresentou os seus novos JCW elétricos. Os primeiros modelos da divisão de desempenho da marca serão o Cooper, um hatch de três portas, e o crossover Aceman. Ambos são construídos sobre a plataforma desenvolvida em conjunto com a chinesa GWM, e prometem a emoção de um esportivo com seus mais de 250 cavalos, mas sem emissão de CO2.  

Mais uma ofensiva chinesa 

Sobre as construtoras chinesas, o Paris Expo Porte de Versailles foi novamente o palco para a estreia de modelos do país asiático, e até marcas inteiras. A GWM não compareceu desta vez, como era de se esperar após o anúncio de reestruturação europeia e fechamento do escritório na Alemanha em agosto deste ano. 

No entanto, a sua principal rival, a Build Your Dreams, brilhou, repetindo a estratégia de 2022. Seu estande contava, desta vez, com modelos já conhecidos do público, como Dolphin e Seal, mas também com o totalmente novo, Sealion 7, apresentado ao mercado europeu, e com um vislumbre da versão que será vendida no Brasil em breve.

Segundo a vice-presidente da marca, Stella Li, o novo SUV cupê do segmento D, reflete em como a BYD reage e escuta às demandas dos seus consumidores europeus, prometendo design, performance e autonomia de ponta.

E com uma estratégia ousada, que busca rapidamente conquistar o mundo, a Leapmotor debutou em Versailles. Com o amparo da Stellantis, — com quem fechou uma parceria bilionária pela administração global da marca — apresentou quatro elétricos. Carlos Tavares, CEO do conglomerado até 2026, esteve no evento e comentou que as montadoras têm mais a ganhar com a estratégia de se aliar às chinesas, ao invés de brigar com elas. Antes disso, ele visitou o estande da BYD, chamando a atenção da imprensa.  

O primeiro deles é um hatch subcompacto vendido por menos de 20 mil euros, o T03, o segundo é o C10, um SUV médio, por cerca de 36 mil euros. Ambos modelos com condução semi autônoma de nível 2 e confirmados para o Brasil. A versão de sete lugares, C16 também esteve no evento, ao lado do inédito B10, revelado no evento. O SUV do segmento C tem como rivais BYD Atto 3 (Yuan Plus no Brasil) e Volvo EX40, e estará disponível já no próximo ano na Europa.

Estande da Leapmotor rodeado de pessoas
Os modelos C16 (roxo), B10 (azul), C10 (verde) e T03 (turquesa) prometem agitar o mercado. Foto: Divulgação/LeapMotor

Para além das duas marcas, a Seres (com operações paralisadas no Brasil até então), a Xpeng, o grupo GAC e a Hongqi ocuparam o complexo de exposições francês. A última chamou a atenção com a estreia do sedã de luxo Guoya, rival dos alemães Classe S, Série 7 e A8. Enquanto isso, a GAC optou por uma abordagem mais demonstrativa de suas tecnologias, sem pretensões diretas de venda no continente. 

A história não se compra

Frente à concorrência cada vez maior das chinesas, eis o contra-ataque europeu, baseado amplamente no legado das marcas, algo com o qual as novatas não podem competir. No último Salão de Munique, o CEO do Grupo Volkswagen, Oliver Blume, destacou que o histórico estilístico das marcas é algo que não pode ser adquirido nem comprado, e será a principal chave para o público comprar os modelos europeus. 

Dito isso, nomes como BMW e Renault também vêm investindo em uma abordagem retrô futurista. Em relação à alemã premium, os conceitos Neue Klasse sedã e SUV foram apresentados pela primeira vez juntos. Com designs que remetem aos modelos dos anos 80, preveem a nova geração de elétricos da marca, esperados para 2025 e 2026.

Porém, foi no estande da Renault que a vibe passado e futuro, misturado com o charme e a funcionalidade, atraiu mais os olhares. Após o lançamento do aguardado R5, um hatch elétrico inspirado no icônico R5 dos anos 90, foi a vez do novo R4 voltar à vida.

Novo Renault 4 E-Tech azul em um fundo colorido
O novo Renault 4 E-Tech continua investido no passado da marca como diferencial. Foto: Divulgação/Renault

Construído sob a plataforma AmpR Small, é a versão SUV do R5, com quem compartilha a motorização e equipamentos. Com 4.14 metros de comprimento, funcionará como a versão 100% elétrica do Captur, contando com uma autonomia de mais de 400km no ciclo WLTP, carregamento rápido, todos os assistentes à condução modernos e muitas referências ao R4 dos anos 70. 

Construído na França, atraiu até mesmo os olhares do presidente francês, Emmanuel Macron. O político esteve no evento no dia de abertura ao público (15), e causou um leve tumulto ao fechar o estande em que visitava. Ele cumprimentou os executivos da marca e entrou no novo modelo, esse com expectativas de custar na casa dos 30 mil euros. 

Na ideia da ofensiva irreverente e estilosa, bem ao estilo francês, o protótipo do novo Renault Twingo esteve no evento. Agendado para ser lançado em 2026 (possivelmente no próximo Salão de Paris), promete tornar a mobilidade elétrica realmente acessível, com um preço na casa dos 20 mil euros no formato de um subcompacto, uma espécie em extinção.

Uma mobilidade de fato acessível?

Mas, ao se tratar de acessibilidade e democratização da eletricidade, outras marcas têm mais a dizer e entregar. Dentro do Grupo Renault, é a romena Dacia a representante de baixo custo. Se o nome da empresa não é conhecido aos brasileiros, com certeza seus modelos são. A fabricante de Sandero, Logan e Duster, vendidos sob o nome da Renault na América Latina e Turquia, apresentou em Paris o mais novo Bigster.  

O SUV é a aposta da marca para conquistar o segmento C, com 4.57 metros de comprimento e preços menores de 30 mil euros, cifra que hatches do segmento B atualmente custam. Baseado na mesma plataforma de Clio e Duster, a CMF-B, contará com opções a micro-híbridas de 48V, híbridas convencionais com baterias de 1.4 kWh, e versões movidas a GPL, populares em países como Espanha e Itália. 

Do outro lado do muro, a resposta da Stellantis ao sucesso da Dacia, — dona do modelo mais vendido da Europa em Julho deste ano na Europa, o Sandero — é a Citroën. A marca que já passou por muitas fases, desde o luxo e conforto do DS original, até a originalidade do Xsara e C4 Cactus, por exemplo, agora investirá no mercado de acesso. 

Estiveram no evento os novos C3 e C3 Aircross, bem diferentes das versões vendidas no Brasil, mas ainda na casa dos 20 mil euros. A reestilização do quadriciclo Ami foi apresentada, uma opção de locomoção elétrica por menos de 8 mil euros. E fechando os facelifts, os remodelados C4 e C4X (versão sedã do hatch compacto) foram lançados em Paris, agora com a nova identidade visual da marca.

Estande da Citroën rodeado de pessoas
A Citroën se reinventou com novos C3, C3 Aircross, C4, C4X e o protótipo verde do C5 Aircross 2026. Foto: Divulgação/Citroën

Além disso, o protótipo da nova geração do Citroën C5 Aircross foi revelado. Segundo a empresa, o modelo de produção será 95% igual ao conceito. No quesito motorização, será construído sobre a nova plataforma STLA Medium, que estreou com o novo 3008, e servirá de base para o novo Compass também. Suas principais vantagens incluem a possibilidade de versões híbridas e elétricas, com maior eficiência e autonomia de até 700 km, além de menores custos de produção pela sua modularidade.

Atendendo às demandas do mercado

Uma das principais ânsias da indústria é a diminuição dos custos na fabricação de elétricos, principalmente após a chegada das chinesas. No entanto, nem só de  grandes grupos é formado o setor, e parcerias são mais bem vindas que nunca. A Ford, por exemplo, se uniu à Volkswagen para produzir seus elétricos para a Europa, se prevenindo da taxação que Tesla, Volvo e Mini tentam evitar  com a fabricação dos seus modelos na China.

A americana/britânica apresentou ao público pela primeira vez o novo Capri, um SUV coupe construído sobre a plataforma MEB dos Volkswagen ID.3 e ID.4. O modelo continua o resgate de nomenclaturas clássicas da marca, como Puma e Mustang Mach-E, além da transmutação desses em SUVs, o que agrada ao mercado em geral, mas não tem a mesma reação aos mais saudosistas.

Do outro lado do globo, a sul-coreana Kia também busca conquistar o mercado europeu dos elétricos, sem dividir os custos com várias marcas. O mais novo lançamento do grupo Hyundai-Kia é o SUV urbano EV3, rival do Jeep Avenger, Peugeot e-2008 e Renault 4. 

Novo Kia EV3 verde de frente em um fundo branco
O EV3 é a aposta elétrica da Kia para o segmento B, o maior em vendas na Europa. Foto: Reprodução/InsideEVs

Os preços devem começar na casa dos 30 mil euros, o que não é barato para um carro do segmento B, mas é compatível aos rivais citados. O chamariz da marca, para além dos sete anos de garantia, é a tecnologia, refinamento e comodidade do modelo, quase como uma versão menor do SUV grande EV9, indicado ao prêmio Carro do Ano Europeu em 2024.

E em um segmento acima, mas em uma faixa de preço parecida, a checa Skoda, — essa sim de um grande conglomerado, a Volkswagen — apresentou o novo Elroq. Rival de modelos como BMW iX1 e Ford Explorer, começara na casa dos 33 mil euros, com uma autonomia de 560 km no ciclo WLTP.

Tentativas e erros

Paris ainda foi o palco para marcas menores, ou com menor relevância na Europa. No primeiro caso, a francesa Alpine que tomou os holofotes com o concept car A390 Beta, que antecipa o segundo modelo independente da Renault. 

Com um design agressivo, inspirado nos alpes, e com referências aos modelos de competição da empresa, será um crossover 100% elétrico construído sobre a plataforma do Nissan Aryia. Mesmo assim, a dinamicidade e performance única da marca, que hoje vende apenas o cupê A110, será mantida no carro de produção, anunciado para o ano que vem. 

Em meio aos europeus e chineses, ainda houve espaço para as estadunidenses Tesla e Cadillac. A empresa de Elon Musk deixou a desejar, sem um estande propriamente dito, ou sequer um tapete e divisórias entre seus modelos. Já no quesito novidade, nada de concreto. A picape Cybertruck foi apresentada oficialmente em solo europeu, mas nenhuma conformação de sua comercialização, ou lançamento do esperado Model Y remodelado e do táxi autônomo Cybercab, revelado três dias antes.

Já em relação a Cadillac, que tentou engatar nas vendas na União Europeia algumas vezes, as coisas foram diferentes. Desta vez focada na eletrificação, a empresa do Grupo General Motors trouxe o SUV de luxo Lyriq, além de lançar o Optiq, um pouco menor e com design menos extravagante na traseira. 

Novo Cadillac Optiq vermelho de frente no estamde da marca
Cadillac mira o Tesla Model Y com o novo Optiq, um SUV do segmento D com 4.82 metros. Foto: Reprodução/GM Authority

O Paris Motor Show 2024 certamente ficará para a história centenária do evento como um recálculo necessário e exitoso de rota. Marcas voltaram à mostra, lançamentos importantes ocorreram e o público compareceu. Além disso, mais uma vez o rumo que a indústria se encaminha foi destacado, um cenário crítico de reinvenção e reajustes.

Fanático por esportes, Lucas Diaz de 21 anos, estudante de Publicidade e Propaganda, administra páginas de dicas de apostas nas redes Sociais
por
Gabriel Lourenço Schiavoni
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15/11/2022 - 12h

Por Gabriel Schiavoni

Cada vez mais em alta no Brasil, as apostas esportivas virtuais se tornam presentes nas vidas de milhares de brasileiros. Um desses casos é o de Lucas, estudante universitário que usa seu tempo livre para divulgar dicas de apostas pelas redes sociais. Lucas, que diariamente veste roupas de clubes de futebol de times de todo o mundo, conta em vídeo chamada sobre seu envolvimento com apostas: - “Desde pequeno assisto de forma exaustiva todos os jogos de futebol que consigo (..) minhas primeiras lembranças vêm da época do time do Guardiola, no Barcelona, quando era muito pequeno ainda, porém mesmo dessa forma, acompanhava religiosamente todas as partidas do time que passavam na televisão (...), hoje com a facilidade do acesso das partidas de futebol ao redor do mundo, assisto jogos o dia todo, todos os dias (...) por conta dessa minha paixão, um dia em meados de 2020, no auge da pandemia de covid-19, meu pai após ouvir histórias de pessoas que ganhavam a vida com recomendações de apostas esportivas na internet, me sugeriu de abrir uma página para divulgar apostas, visto meu conhecimento na área, e o meu habito prévia de colocar uma fezinha nos jogos que assistia”, conta.

Lucas lembra que semanas após isso criou uma conta no Instagram, da qual ele e seu pai divulgaram para seus amigos. Hoje 2 anos depois, a página conta com 3700 seguidores e um grupo fechado no Telegram.

Lucas diz que consegue obter sucesso nas apostas graças sua paixão pelo esporte: - “O primeiro passo para obter sucesso apostando é acompanhar frequentemente e conhecer os times em que você coloca seu dinheiro (...) além disso, é importante ser moderado em suas apostas, colocar valores baixos em cada aposta e fazer somente as apostas com mais chance de darem certo (...) normalmente recomendo somente duas apostas por dia, com odds próximas de 1,80”.

Entretanto Lucas conta que ao contrário da intenção o pai, as apostas são levados por ele somente como forma de divertimento, uma vez que em meses Lucas disse ter ganho quantias, mas em outros obtendo margens pequenas de retorno.

Elon Musk compra o Twitter por 44 bilhões de dólares
por
Gisele Cardoso
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21/11/2022 - 12h

Por Gisele Cardoso dos Santos     

          O fundador da Tesla e da SpaceX, concretizou a compra do Twitter um dia antes de acabar o período passível de acordo, ele se demostrava interessado na rede social desde abril deste ano, pois segundo ele o Twitter era uma importante arena de discussão pública que precisava ser modificada para que oferecesse mais liberdade de expressão aos usuários. As negociações tiveram altos e baixos marcados por polêmicas, ele chegou a desistir nas fases finais do acordo e seria processado pela empresa caso não tivesse efetivado a compra até 28 de outubro deste ano.

            Em uma de suas declarações antes da compra, ainda sobre sua preocupação com a liberdade individual, Elon declarou que retiraria os banimentos permanentes da rede como o que Donald Trump sofreu por publicar fake news em seu perfil, abrindo a discussão sobre quão saudável seria dar carteira branca para que todos publicassem o que quisessem, independente da veracidade dos conteúdos.

            Mesmo após a concretização da compra, as decisões do novo dono continuam gerando alvoroço, Elon chegou a entrar na sede do Twitter em São Francisco carregando uma pia, ele não se explicou, mas os internautas entenderam como um trocadilho com a frase “kitchen sinking”, “cozinha afundando” em português, pois “sink” significa pia e no mundo dos negócios essa frase é usada quando se toma uma atitude radical dentro de uma empresa. Atualmente, metade dos funcionários foram demitidos, incluindo a equipe de combate à desinformação e todos os executivos da empresa.

Seguindo na linha das polêmicas, uma delas é a nova cobrança de oito dólares mensais para se adquirir o símbolo de perfil verificado na plataforma. Uma das preocupações iniciais foi a banalização do selo, visto que qualquer pessoa poderia usá-lo mesmo que não fosse de fato a conta oficial de alguém ou de alguma marca.

O empresário não se demonstra abalado com as críticas, mas já demonstrou ter tolerância zero, todos os funcionários que ficaram na primeira leva de demissões e se expressaram de forma contaria a nova política foram dispensados em seguida.

 

Como a desinformação e fake news são as principais agentes por trás da queda na cobertura vacinal da população e da volta de grandes ameaças do passado
por
Jessica Midori
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14/11/2022 - 12h

Por Jessica Midori

As eleições brasileiras de 2022 abriram portas para importantes pautas dignas de debate, dentre elas assuntos relacionados à saúde da população geraram grande comoção na mídia por conta do recente trauma que o Coronavírus deixou, e também, do cenário cada vez mais preocupante do País com o crescimento na volta de registros de doenças erradicadas.

Uma recente entrevista no site g1 com Tarcísio de Freitas recebeu destaque após pronunciamentos do recém eleito governador de São Paulo a respeito da “liberdade de escolha” na vacinação, declaração alarmante na visão de diversos grupos sociais. Profissionais da área da saúde se manifestaram de modo contrário à posição tomada pelo, na época candidato, afirmando os riscos da propagação desse discurso negacionista, combatendo-o com argumentos que mostram a crescente volta de doenças que por conta da vacina eram consideradas controladas, como por exemplo a poliomielite, sarampo e outras.

Além de se declarar contrário à obrigatoriedade da imunização ele afirmou que em seu governo não irá impor medidas de retaliação contra pais que não vacinarem os seus filhos, o que contribui para uma nova geração ainda mais suscetível a negação da vacinação, e consequentemente a doenças. Deixar a responsabilidade de imunizar os mais novos nas mãos dos pais é um ato imprudente, já que o poder da vacina está sendo cada vez mais questionado com a falta de informação e a disseminação de fake news.

Neide Almeida atua como auxiliar de enfermagem no Posto de Saúde do bairro Antônio Zanaga em Americana, e é responsável pela identificação dos que vão se vacinar. Ela conta que ficou indignada com a irresponsabilidade do governador do estado, ao arriscar fazer pronunciamentos tão impactantes na saúde do povo ciente de que muitos seriam influenciados por tais afirmações.

Ao ser questionada sobre como ela acredita que a propagação do discurso negacionista afeta as novas gerações, confessa que se preocupa principalmente com os seus filhos, que por serem jovens podem ser levados a questionar a importância da imunização, e com a possível liberdade de escolha, optarem por não vacinarem os seus futuros filhos.

Quando se trata do número de pessoas que vão ao posto se vacinar, Neide relata que a equipe de vacinação do postinho do bairro notou uma queda no fluxo de pacientes, dando como exemplo o caso da quarta dose da vacina contra a Covid-19, que, dessa vez, o número de pessoas que se apresentaram para tomá-la despencou em comparação as doses anteriores.

Ela acha interessante o fato de que na terceira dose notou a falta de alguns conhecidos seus que foram se vacinar quando estavam aplicando a primeira e segunda. Neide ainda ressalta que agora, na quarta dose a situação piorou, relembrando o tanto de morador do bairro que ela conhece e faz tempo que não vê marcando presença no postinho, tanto criança quanto adulto.

Essa situação não se limita apenas a região onde Neide trabalha. A queda no número de pessoas dispostas a se imunizar é real e isso pode ser comprovado ao se analisar o aumento dos casos nos últimos anos, que piorou em 2021, de doenças controladas anos atrás. Em 2016 o Brasil recebeu o certificado de erradicação do sarampo da OPAS/OMS, porém dois anos depois, a doença voltou com força e nos anos seguintes foram registrados mais de 40 mil casos confirmando a volta da circulação do vírus no território nacional, fato que levou o Brasil a perder o certificado em 2019. Este fato é apenas um dos que provam o retrocesso do Brasil quando se dimensiona a diminuição de políticas de saúde.

Neide lamenta ser muito preocupante a defesa do discurso negacionista afirmando ser esse o primeiro passo para que andemos para trás e voltemos a ser aquele Brasil do passado, afundado em tragédia e tomado pelas epidemias e mortes.

A bióloga Leticia Akemi, formada em ciências biológicas pela Unesp Rio Claro, alega que a desinformação é o principal agente que atua na perda da credibilidade da vacina, pois torna as pessoas suscetíveis a caírem nas notícias falsas e informações distorcidas a respeito da imunização.

Ela alega que as fake news são criadas e disseminadas principalmente por grupos ideológicos que se fortalecem com a desconfiança generalizada, se aproveitam da desinformação popular para criar dúvidas, insegurança e medo. Ainda aponta que com as redes sociais, os apoiadores de tais grupos assumem um papel de propagandistas, contribuindo para o fortalecimento dessas notícias falsas.

Pode-se citar que entre as mentiras mais propagadas sobre a imunização, recebem destaque a desconfiança do governo, o medo de serem submetidos ao controle das autoridades de forma inconsciente, através de um chip implantado no organismo humano por meio dos imunizantes. E também à sujeição a riscos maiores à saúde, como mudanças no DNA dos que fossem vacinados, desfiguração, vulnerabilidade do organismo e até mesmo a morte.

A bióloga diz ser absurdo até onde vão as mentiras, garantindo que as vacinas são completamente seguras, fato que pode ser visto nas últimas décadas com todas as vidas salvas após o acesso à imunização. Declara que as reações vacinais são mínimas e na maioria das vezes, leves e transitórias, em contrapartida às possíveis complicações da doença que uma pessoa desprotegida poderá contrair.

Ela ainda deixa a sua admiração pelos profissionais que participaram do desenvolvimento das vacinas contra a Covid-19. Dispensando os que questionam a sua eficácia com base na história de que essas vacinas haviam sido criadas rápido demais, afirma que a tecnologia da vacina vinha sendo desenvolvida há anos, e que apenas foi acelerada em função da pandemia, enfatizando que nunca se pulou nenhuma etapa das pesquisas nem se abriu mão da segurança e da eficácia, esclarecendo que esses são requisitos essenciais para o licenciamento.

Leticia finaliza atestando que a maior prova da segurança e eficácia da vacina no geral encontra-se no estado do mundo atual, quantas epidemias combateu e quantas doenças erradicou.

Vale lembrar que o incentivo à vacinação deve ser constante e não somente em períodos de epidemia. Estar com a carteira de vacinação em dia é essencial para manter a proteção contra as doenças. Não se pode deixar que o próprio sucesso das políticas de vacinação no Brasil do passado, seja fator contribuinte para a redução do estado de alerta das pessoas em relação a algumas doenças.

É imperativo não se descuidar por acreditar que essas enfermidades são inofensivas ou simplesmente não existem mais, apenas porque muitos não viveram os tempos trágicos de epidemias, sequelas e mortes que a maioria delas deixaram a sua marca. Essa sensação falsa de que o Brasil está livre das ameaças do passado, e de que a vacinação é uma perda de tempo, é um agente que contribui para a volta de doenças que já estiveram controladas. Pesquise, fique atento e vacine-se já.

 

 

 

 

 

 

Após enfrentar percalços pessoais o jovem retomou sua atividade como player de jogos digitais
por
Rafael Casemiro
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15/11/2022 - 12h

 

Por Rafael Duarte Casemiro

Os esportes eletrônicos, ou somente E-sports, como é conhecido internacionalmente, vem crescendo constantemente no mundo. O Brasil é o País onde este crescimento se evidencia mais, com novas equipes sendo formadas, eventos internacionais sendo sediados no país, e novos jogadores que surgem. Um exemplo do crescimento dos esportes eletrônicos no Brasil é Felipe “SkuLLz” Medeiros. O jogador da Pain Gaming de apenas 20 anos é tratado nacionalmente e internacionalmente como uma das grandes revelações do Counter Strike.

O jovem jogador começou sua carreira em 2019, com apenas 17 anos, porém o CS, como o jogo é mundialmente conhecido, entrou na sua vida em 2014; “Comecei jogando com amigos do colégio, era só uma brincadeira.” Se destacando desde o começo nas partidas online, SkuLLz, foi convidado a integrar a equipe da WePlayGames, em março de 2019. “Esse primeiro contrato profissional foi um choque de realidade, a coisa está começando a ficar séria. Também não tinha total apoio dos meus pais, isso dificultou bastante.” Ele conta que o começo foi difícil, que não recebia um bom salário, não tinha muita projeção nacional e muito menos internacional. Restava a ele jogar bem para sair daquela situação.

Depois da passagem de sucesso pela WePlayGames, apesar do pouco tempo e não conquistar nenhum título, SkuLLz se transferiu para a W7M no mesmo ano, onde alcançou destaque nacional, conquistando um segundo lugar na Brasil Game Cup, e garantindo o título da CLUTCH season 2, já em 2020.

Depois do sucesso nacional, era hora de fazer sucesso internacional. Por isso, SkuLLz tomou a decisão de se juntar a Team One, equipe brasileira que disputava campeonatos na América do Norte e ao redor do mundo. “Foi um passo muito importante para mim, estava crescendo dentro do cenário.” Entretanto a passagem pela Team One foi curta, apenas 6 meses. SkuLLz foi afastado da equipe por problemas psicológicos. “Foi o momento mais difícil da minha carreira, tomar a decisão de começar do zero, mas acho que acertei na minha escolha”. O jogador teve que retornar ao Brasil e praticamente recomeçar sua carreira, passando por times como Liberty e Oddik.

Felipe esteve vinculado a estes times durante a pandemia da Covid-19, porém, ao contrário do que se espera, o novo Corona Virus ajudou a alavancar a carreira do jogador; “Durante a pandemia, tivemos muitos campeonatos nacionais online, e isso, me ajudou muito, estar perto da minha família e amigos me ajudou a sair daquela situação nada agradável.”

Da Oddik, SkuLLz se transferiu para a Pain Gaming, uma das maiores organizações de esportes eletrônicos de todo o mundo, e lá alcançou seu ápice de desempenho, brigando pela vaga no campeonato mundial de CS, que está sendo realizado no Rio de Janeiro.

Plataformas digitais facilitaram a transição das atividades, de presenciais para virtuais
por
Lucas Munhoz Rossi
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12/11/2022 - 12h

Por Lucas Rossi

Em 2020, o mundo foi afetado pela COVID-19. O que parecia ser uma simples gripe, se tornou uma doença de fácil transmissão e que levou cerca de 700 mil pessoas a óbito, apenas no Brasil. Devido ao coronavírus, a sociedade brasileira teve que mudar seus hábitos e se adaptar ao vírus.

Durante a paralisação, a maioria das escolas e trabalhos foram paralisados, e posteriormente transformados em home-office. No entanto, as instituições de ensino e o mercado de trabalho foram “pegos de surpresa” pelo vírus, portanto não estavam preparados para a mudança, do presencial para o virtual.

Nesse momento, diversas plataformas tecnológicas que eram pouco utilizadas até então, foram peça fundamental em auxiliar e facilitar as atividades on-line. Permitindo fazer reuniões, aulas, entregas de trabalhos e formulários, provas etc., apenas com o uso de um computador. Dessa maneira, é possível dizer que sistemas como Teams, Google Meet, Zoom, Discord, Moodle, entre outras, facilitaram em grandes aspectos a transição para o online.

Mesmo com o fim da quarentena, e a volta da vida cotidiana, diversas escolas e empresas, permanecem utilizando essas plataformas, mesclando o presencial com o home-office.

Na visão de Carolina Nabarro (50), juíza cível, essas plataformas não apenas facilitaram, mas foi o que possibilitou que o trabalho fosse feito à distância. Já que que as audiências não poderiam ser feitas presencialmente. Na opinião de Carolina, o poder Judiciário era muito refratário em relação ao trabalho em casa. Antes da pandemia todos os funcionários deveriam estar no fórum durante o horário do trabalho, mas a necessidade da paralisação permitiu que se percebesse que o trabalho de casa rendia mais do que o presencial. Além dos mais, os gastos com aluguel de espaços para os fóruns puderam ser reduzidos.

Com o retorno às atividades no fórum, ocorreram algumas mudanças, mas os funcionários continuam autorizados a trabalhar parte da semana em casa, com um revezamento entre todos os juízes para que todos os dias tenha algum juiz no fórum. Além disso, as audiências e atendimentos tem permissão para permanecerem virtuais, afirma a juíza.

Já na visão de Denise Luciana (49), professora universitária, a pandemia impactou fortemente na forma que ela realizava seu trabalho. Já que as aulas passaram a ser ministradas por meio de plataformas de videoconferências o que demandou novo aprendizado por parte do corpo docente sobre essas tecnologias, de como elas funcionam e como explorá-las para ministrar as aulas em ambiente virtual. Denise complementou que as estratégias de ensino, principalmente as de aprendizagem ativa, tiveram que ser repensadas e adaptadas para se adequarem e serem atrativas nesse novo ambiente.

A professora afirma, que após a volta das aulas presenciais, essas tecnologias continuam tendo grande importância, levando-se em conta que tais plataformas foram indispensáveis para que o ensino universitário (e o escolar) não fosse interrompido durante a pandemia.

Além do mais, muitas reuniões de colegiado (professores), reuniões de orientações a grupos de aluno, orientação de TCC´s, gravação de explicações ou resoluções de exercícios em forma de vídeo são realizadas de forma virtual após a Covid-19. Essas plataformas passaram a ser hubs digitais entre coordenadores, professores e alunos, facilitando a comunicação e o fluxo do trabalho no ambiente acadêmico e escolar, afirma Denise.

Durante a pandemia, uma geração de pessoas se formou no ensino médio, e adentraram nas universidades de maneira remota, em alguns casos inclusive, alunos ficaram entre 1 e 2 anos sem ter aulas presenciais em suas graduações. Dessa forma, muitos estudantes demoraram para conhecer seus colegas, e até mesmo o campus de suas faculdades.

Esse foi o caso de João Victor Tiusso, estudante de jornalismo e estagiário de uma empresa de comunicação. No momento, João possui aulas presenciais na universidade, mas trabalha “de casa” no seu emprego. Na visão do universitário, existem grandes diferenças entre as duas formas. João afirma que no estudo presencial, existe uma troca de ideias e experiências muito maior, o que não existe em mesmo grau no home-office. Além disso, consegue aprender mais nas aulas presenciais e ser mais ativo no ambiente universitário.

Questionado sobre a sua preferência, entre o sistema remoto e o físico, Tiusso afirmou que prefere o home-office, pois trabalha em um ambiente mais confortável (sua casa) e consegue otimizar melhor o seu tempo, principalmente por não precisar se deslocar. Além do mais, quando a demanda do trabalho está baixa, pode se dedicar a outras atividades do dia a dia, como fazer cursos, por exemplo.

Por outro lado, ter uma experiência de trabalho presencial é muito importante para o desenvolvimento da carreira, pois é uma oportunidade de conhecer melhor outras pessoas do seu meio e alinhar as ideias ao longo da jornada de trabalho. Além do fato de que cobrança é maior, a dinâmica entre a equipe é mais intensa e o trabalho em equipe é muito mais significativo, afirma João Victor.