A 'Pejotização' - contratação em modelo PJ - tem sido um problema enfrentado pelos jornalistas. Com a crise do mercado da comunicação muitas empresas da área vem utilizando esse método como alternativa recorrente. Mas apesar de parecer uma alternativa cabível, para muitos isso significa uma negligência significativa para com os direitos dos empregados contratados nessa condição.
O surgimento da internet e dos smartphones ocasionou em uma transformação drástica do mercado jornalístico. A população que antes se informava majoritariamente pelos conteúdos das grandes marcas do jornalísticas, atualmente se vê à mercê de uma infinidade de fontes e opiniões que estão disponíveis, livremente e gratuitamente, na internet. Apesar da desinformação advinda das ‘Fake News’ serem uma problemática a ser enfrentada, a democratização e a pluralidade das informações na internet impulsionam a grande maioria da população a consumir produtos dos informantes independentes. Segundo o presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, Thiago Tanji: “Quando começou um crescimento da utilização dos dispositivos móveis aliado às redes sociais, a publicidade, não só do Brasil mas do mundo, migrou. Então hoje, o Google - que faz parte da empresa Alphabet - e o Meta – que é a maior empresa do Facebook – concentram 80% da publicidade Global.”
Figura 1Presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo | Thiago Tanji
Essa mudança, portanto, estabelece um novo cenário empregatício para jornalistas, muito mais precário e instável. Na terceira semana desse mês a CNN, realizou mais uma sessão de ‘passaralho’, na qual mais de uma dezena de funcionários foram demitidos. Esse tipo de situação tem se tornado cada mais recorrente em decorrência, principalmente, dessa transformação no modelo de comunicação social.
As grandes marcas do jornalismo têm cada vez menos condições de manter seus quadros de funcionários e uma estrutura de trabalho digna e saudável. Diante desse contexto caótico, uma das saídas também utilizadas pelas empresas de comunicação, para além da demissão em massa, é a precarização do trabalho. A jornalista Sueli dos Santos afirmou em entrevista: “Eu não conseguia vagas que fizessem registro em carteira, então eu comecei no mercado de comunicação como PJ.”
A ‘Pejotização’ nada mais é do que a informalização da contratação em benefício do empregador e em detrimento do funcionário. Ao invés de contratar o jornalista - ou qualquer outro funcionário - em modelo CLT, como deve ser feito de acordo com as leis trabalhistas, as empresas vêm naturalizando cada vez mais a contratação via PJ (Pessoa Jurídica). As contratações PJ no Brasil vêm crescendo em larga escala e batendo recordes. Segundo dados do IBGE, somente neste ano, já são as contratações PJ no Brasil vêm crescendo em larga escala e batendo recordes. Segundo dados do IBGE, somente neste ano, já são milhões de trabalhadores inseridos nesta condição de trabalho. Segue abaixo o gráfico de um estudo da fundação Getúlio Vargas sobre com um comparativo em relação a ascensão da contração em PJ em detrimento da contratação em CLT.
No modelo PJ o contratado não tem direitos, tais quais: décimo terceiro salário, férias remuneradas, seguro-desemprego, licença maternidade, contribuição junto ao INSS, indenização etc., como teria na contratação CLT. Muitas vezes para encobrir esses benefícios, o empregador acaba oferecendo um valor de salário um pouco mais alto do que o que se oferece no mercado como um todo, mas ele ainda sai em vantagem já que os direitos trabalhistas, ainda sim, são mais custosos. Entretanto, apesar de em alguns casos o empregador oferecer salários altos, essa não é uma regra. E muitas vezes, além da contratação ser informal, os salários oferecidos são equivalentes ou até mais baixos que os oferecidos pelo mercado.
Outro ponto relevante é que quando apresentadas aos candidatos, as vagas PJ vestem uma roupagem de ‘prestação de serviços’ onde o contratado seria um terceirizado da empresa. Entretanto, depois de contratado o empregador acaba exigindo uma habitualidade do empregado onde dele deve satisfações constantes como: pontualidade, subordinação e entregas de atividades regulares e cotidianas. É importante estar atento pois o prestador de serviços faz entregas pontuais e não lhe pode ser exigida uma habitualidade diária como na contratação CLT. “A questão do PJ não é de agora, é de muito tempo. A gente tem que entender que a relação de trabalho mudou, mas infelizmente com o trabalhador tendo desvantagem. Porque não é a contratação no modelo PJ que incomoda, o que de fato incomoda é ser contratado como PJ e ter obrigações de CLT.”, explica Sueli.
A mudança do mercado jornalístico apesar de ter sua relevância para o entendimento de todo o contexto empregatício, não deve ser uma justificativa da precarização por parte das empresas jornalísticas. É importante um olhar crítico sobre os novos rumos do mercado para tomadas de decisões mais conscientes, mas o reconhecimento e a luta pelos direitos trabalhistas devem nortear as pautas e decisões de todos os envolvidos na nova estruturação do mercado jornalístico. Thiago Tanji, relembra, portanto, a importância da luta coletiva em prol da defesa dos direitos trabalhistas: “Enquanto a legislação não mudar e continuar mantendo a impunidade às empresas que cometem essa fraude, nós temos que se agrupar e conversar sobre como conseguimos nos unir nessa questão.”
Os cidadãos de uma vila estadunidense vivem, há uma semana, em estado de sítio. Os três fazendeiros mais ricos da cidade, Boggis, Bunce e Bean, arregimentaram diversos capangas que aterrorizam as ruas e estabelecimentos do pacato local à procura de uma raposa que eles acusam de roubo.
O primeiro a denunciar o suposto roubo foi Boggis, dono da maior avícola da região. De acordo com ele, o Sr.Raposo, com ajuda de um gambá, roubou cerca de dez galinhas suas para revendê-las aos animais da cidade.
Exasperado pelo sucesso do seu crime, o acusado roubou na mesma semana, e com ajuda do mesmo parceiro, um número desconhecido de gansos do criadouro de Bunce.
Em seguida, os criminosos, que aliciaram Kristofferson, sobrinho do Sr.Raposo e menor de idade, invadiram o armazém da cidra fabricada por Bean. Após nocautear o segurança do local, o Rato, eles fugiram com uma garrafa cada um.
Fontes anônimas revelaram que o Sr.Raposo, ex-escritor da coluna Raposa pela Cidade da Gazeta local, estava insatisfeito com sua situação financeira há algumas semanas e por isso decidiu cometer os roubos.
Os três fazendeiros, depois de perceberem o que tinha ocorrido, fizeram uma reunião na qual decidiram matar a raposa. Eles descobriram onde ele morava e montaram uma tocaia durante a noite em volta da sua casa para pegá-lo.
Os animais, reunidos na casa do Raposo, perceberam a emboscada e se esconderam na hora em que Boggis, Bunce e Bean abriram fogo contra eles. Os fazendeiros, em seguida, decidiram remover a árvore onde eles moravam.
O Gambá, o Sr.Raposo e sua família, então, cavaram o chão debaixo da sua casa removida e construíram vários túneis subterrâneos. Os fazendeiros, obstinados em pegar quem lhes passou a perna, contrataram operários e máquinas de construção para escavar o local.
Como não acharam os criminosos, Bunce ordenou que os seus empregados se armassem e montassem vigias e barricadas em toda a cidade para pegar os ladrões.
Já fazem alguns dias que a vila vive na espera pelo aparecimento do Sr.Raposo, e seus cidadãos parecem mais reféns dos fazendeiros que dos animais fugidos.
A polícia local não fez nada até agora e Boggis, Bunce e Bean não esboçam nenhuma vontade de desistir do plano de exterminar todos os animais relacionados com o roubo de suas propriedades.
Como não sabemos o paradeiro do Sr.Raposo, não conseguimos seu depoimento para essa reportagem.
Brasil: 1982
A Seleção Brasileira de 1982, também conhecida como "Seleção de Ouro", ficou marcada por seu futebol ofensivo e vistoso. Apesar de ter encantado o mundo, o Brasil foi eliminado na 2° fase da Copa do Mundo para a pragmática Itália, de Zoff e Paolo Rossi, em um dos maiores jogos da história das Copas do Mundo.
A história desse jogo é recheada de bons enredos. Para a Seleção Brasileira, essa história começa a ser contada em 1979, quando Telê Santana assume o cargo de técnico, e, junto à CBF implementa o que é conhecido como "seleção permanente", isso é, os jogadores passaram a se reunir com mais frequência. Então, para o trabalho realizado em campo, não era mais só momento e a continuidade passou a ser chave.
A Seleção deu show e encantou o mundo em suas expedições internacionais, em preparação à Copa. Em 1981, a "Canarinho" bateu a Inglaterra em Wembley, pela primeira vez, assim como fez com a França no Parque dos Príncipes, e derrotou a Alemanha de virada. É muito devido a essa excursão que, ainda hoje, se discute o "time perfeito" e o que aconteceu na "Tragédia de Sarriá".
Entre o time de 1981, e o da estreia da Copa de 1982, o Brasil tinha apenas 2 modificações. Leandro, lateral-direito, entrou no lugar de Edevaldo, e Serginho Chulapa assumiu a 9 da seleção. Inclusive, achar o centroavante perfeito foi a maior dificuldade de Telê Santana, que testou alguns nomes, como: Roberto Dinamite e César, do Vasco, Nunes, do Flamengo, Roberto, do Sport, Baltazar, do Grêmio, e Reinaldo, do Atlético-MG. Telê escolheu Careca, do Guarani, mas o atacante se lesionou na fase final da preparação para o Mundial, e, então a vaga abriu novamente.
Na estreia da Copa do Mundo, contra a União Soviética, o Brasil entrou com Dirceu, no lugar de Paolo Isidoro. O time não funcionou, foi para o intervalo perdendo de 1x0. Com a volta de Isidoro o time melhorou e buscou a virada. Ainda não foi o suficiente para que ele se mantivesse no time titular. Na segunda partida, Telê achou seu quadrado de meio campo ideal: Cerezo, que havia voltado de suspensão, Falcão, primeiro jogador a atuar fora do país a disputar a Copa do Mundo pelo Brasil, Sócrates e Zico. O que chamava a atenção era a ausência de um ponta-direita.
O meio de campo era encantador: trocava passes e rodava a bola perfeitamente. Mas, às vezes, faltava velocidade. Zico e Sócrates revezavam quem caia pela direita, mas nem sempre conseguiam. Com as subidas de Leandro, e a falta de um ponta, criava-se espaços não compensados pelos zagueiros brasileiros.
A Itália reconheceu os erros brasileiros. E, foi subindo pela esquerda, que Cabrini achou o cruzamento perfeito para Paolo Rossi abrir o placar aos 5 minutos de jogo. Além disso, o a marcação individual italiana limitou o poder de criação dos meias brasileiros.
Ainda assim, o Brasil buscou o empate com Sócrates aos 12". Mas Rossi, em noite mágica ampliou, aos 25 minutos. O jogo foi para o intervalo com 2x1 no placar. No começo do segundo tempo, Falcão empatou, mas logo em seguida Rossi fez o terceiro e acabou com a alegria brasileira.
A Seleção Italiana era talentosa e perfeitamente ajustada defensivamente. Além disso, buscava vingança. Além da goleada, por 4x1, na Copa de 1970, o Brasil bateu a "Azzura" em 1978, na disputa pelo terceiro lugar. E, conseguiu.
"Enzo" Bearzot, técnico italiano de 1982, foi muito criticado ao convocar Paolo Rossi para a Copa, mas sua escolha rendeu uma das melhores revira voltas do futebol. O centroavante da Juventus, voltou da Espanha, com, além do troféu de campeão, o prêmio de melhor jogador e a artilharia do campeonato.
Mas, o que muitos não sabem, é que Rossi foi punido por 2 anos após envolvimento com apostas e manipulação de resultados, no esquema Totonero. Antes do Mundial, ele havia disputado apenas três partidas oficiais.
Para se ver como funciona o esporte. A Itália enfrentava um péssimo momento e seu futebol não convencia. A "Azzura" contou, justamente, com o criticado Paolo Rossi, para ganhar de uma das melhores seleções brasileiras de todos os tempos. O camisa 20 fez três gols, na vitória por 3x2, após um começo de campeonato medíocre do atacante.
Brasil 1994:
Falando agora sobre a seleção tetracampeã do mundo, será possível observar se um futebol “feio”, também é capaz de trazer resultados. Ou melhor do que bons resultados, TÍTULO!
A seleção brasileira de 1994 era comandada por Carlos Alberto Parreira, mas antes disto, o técnico da seleção era Zagallo, uma lenda na seleção. Porém, como nem tudo são flores, Zagallo acabou sendo um “problema”, para o melhor jogador da “canarinho” de 1994. Isto, por que, o Baixinho não possuía uma boa relação com o treinador, e afirmou na época que não gostaria de ser convocado para a seleção brasileira caso ficasse no banco de reservas.
Com a chegada de Parreira, o baixinho foi bancado pelo treinador, e não decepcionou. Nas eliminatórias, Romário realizou um campeonato muito bom, e na copa do mundo de 1994, não foi diferente. O baixinho foi o artilheiro da seleção com cinco gols marcados, se firmando como um dos maiores centroavantes da história do futebol, e da “amarelinha”.
Falando um pouco sobre a Copa do Mundo, o Brasil chegou na competição com o pé direito, ganhando da Rússia pelo placar de 2X0, com gols de Romário e Raí, no segundo jogo, vitória sobre Camarões, com gols do “Baixinho”, Márcio Santos e Bebeto, e finalizando a fase de grupos, o Brasil tropeçou com a seleção da Suécia, empatando o jogo em 1X1.
Já no mata-mata, o osso começou a roer, e o Brasil ganhou da seleção norte americana por 1X0, em jogo difícil, com gol de Bebeto. Nas quartas de final, um jogo épico, o Brasil ganhou da ótima seleção da Holanda, por 3X2, em um jogo muito parelho, os gols foram marcados por Romário, Bebeto e Branco. Na semifinal, o Brasil enfrentou novamente a seleção da Suécia, e ganhou o jogo com placar mínimo de 1X0, com gol de Romário aos 35 minutos do 2 tempo.
No ultimo e mais decisivo jogo da competição, dois fatores extremamente relevantes estavam em cena, além é claro, de uma final de Copa do Mundo. Menos de dois meses antes da final competição, o maior ídolo do país na época, Ayrton Senna, morreu em um acidente de carro, durante uma corrida da Formula 1, deixando o país inteiro em lagrimas, outra questão, é que o Brasil passara pelo seu maior jejum de títulos de Copa do Mundo na história, sendo 24 anos sem levantar o troféu. Tudo isto trazia uma sensação de ainda mais apreensão, sobre o possível título da seleção.
O jogo foi extremamente nervoso, e terminou no placar de 0X0, levando a disputa para os pênaltis. Nos chutes ao gol, o Brasil sagrou-se campeão, pelo placar de 3X2, com o último pênalti isolado, pelo então melhor jogador do mundo na época, Roberto Baggio.
Jogar de maneira não tão vistosa, mas levantando o caneco, é sem dúvida mais prazeroso que o contrário.
“Tudo é rio” é o romance de estreia de Carla Madeira. Publicado pela editora Record, está na seleta lista dos livros brasileiros de ficção mais vendidos. Em 2021 e 2022, a obra vem dividindo com Torto Arado, de Itamar Vieira Junior (o mais vendido da categoria no Brasil), a atenção de leitores e críticos. Também pela Record, a autora lançou Véspera (2021), o terceiro e inédito romance, e relançou A Natureza da Mordida (2022), o segundo, que havia sido publicado em 2018.
Tudo é rio de Carla Madeira é um livro sobre transbordamento, como a própria autora define. O processo de leitura te leva em uma montanha-russa onde o amor, o ódio e o perdão se misturam em um rio de sentimentos, os quais não se pode controlar.
A história traz três personagens principais: Lucy, prostituta da cidade, e o casal Dalva e Venâncio. Eles, até então muito apaixonados, tiveram o casamento marcado por uma tragédia, que mudou completamente a dinâmica entre eles, a partir desse momento Lucy atravessa a história dos dois e é atravessada por eles com a mesma intensidade.
Carla Madeira constrói camadas sem uma régua moral e seus personagens apresentam complexidade e profundidade, enquanto fogem de maniqueísmos. Ao longo do livro, o leitor se vê em uma posição de confusão constante e a autora provoca essa sensação intencionalmente, e com excelência.
Inventivo na forma, o romance organiza-se por capítulos que desobedecem a ordem cronológica e vão e voltam, tal como uma série televisiva em que a câmera muda a cada cena. O tema do amor e da tragédia não tem nada de original, mas o grande trunfo de Carla Madeira é a forma pela qual sua linguagem poética, suave, nos conta essa história.
A obra é questionadora e provocante em uma essência, mas o principal questionamento gira em torno do perdão: Como perdoar o imperdoável e lidar com o amor que permanece?
Carla não se atém à superficialidade ao narrar detalhadamente o quão excruciante é a dor que Dalva, a personagem principal, vivencia em sua jornada pelo luto, até o perdão. A escolha de repetir certas cenas durante a narrativa é proposital e enfatiza como a dor pode ser paralisante, se manter em um ciclo destrutivo parece ser a única escolha.
A violência doméstica é retratada a partir de uma perspectiva diferente. A autora se afasta do julgamento e demonstra empatia com as mulheres que não conseguem sair desse tipo de situação, o que pode ser visto no seguinte trecho da obra:
“Dalva poderia tantas coisas se pudesse. Mas só pôde o que fez. Quem vê de fora faz arranjos melhores, mas é dentro, bem no lugar que a gente não vê, que o não dar conta ocupa tudo.”
Após receber críticas por “romantizar” a agressão, a autora afirma que o intuito nunca foi esse. Ela explora a sua própria curiosidade que permeia as motivações que levam uma mulher violentada à escolher ficar.
Tudo é rio é uma investigação sobre a água, ou seja, sobre tudo aquilo que é tão potente que não se pode limitar à qualquer coisa além de seguir o próprio fluxo. O amor, o ódio, a raiva, são sentimentos que, quando represados, tensionam o sujeito que sente e acabam transbordando. Aqui temos uma obra que permanece ressonando no leitor, mas não em sua mente racional, mas nesse intangível lugar onde mora aquilo que não conseguimos traduzir em palavras, só sentir.