O que o resultado das eleições conta sobre a estruturação partidária no país
por
Annanda Deusdará
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06/11/2024 - 12h

No domingo (27/10), se encerraram as eleições municipais. O mapa da apuração do número de prefeituras por partidos nos estados, mostra o empenho pela conquista de mais municípios, causando uma descentralização nas áreas eleitorais. Em contrapartida a isso, o MDB e o União apresentam grande concentração nos estados do Norte e Centro-Oeste, apesar de terem vencido em outros lugares. 

De acordo com a análise da conjuntura política e eleitoral, feita pelo grupo de pesquisa Representação e Legitimidade Democrática (INCT/Redem) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), houve uma manutenção da administração de partidos de Direita e Centro-Direita nos cargos da prefeitura. A Direita conquistou mais de 4,7 mil prefeituras,enquanto a esquerda irá administrar pouco mais de 746 cidades a partir de 2025.

Estão dentre os cinco partidos mais votados: PSD, MDB, PP, UNIÃO e PL. O PP e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), foram os únicos que elegeram prefeitos em todos os 26 estados brasileiros, o que demonstra uma ampliação na influência deles no cenário nacional.

Na região Norte, apesar de uma leve queda, o MDB manteve seu domínio. Em 2020, o partido havia conquistado 114 prefeituras, agora, passa a 112 sendo 83 localizadas no Pará. Já o União Brasil, que ficou em 2º lugar, teve um aumento de 87%, passando de 54 para 101 prefeitos eleitos, com destaque para o Tocantins (37) e o Amazonas (24). 

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Mapa da apuração do Pará com o MDB (em baixo) e União (em cima) -
Gráfico: Annanda Deusdará

 

No Amapá, o União também é predominante com 9 prefeituras. Já em Roraima apenas o MDB conseguiu espaço ocupando uma prefeitura.No Acre eles também não apresentam concentração, tendo uma prefeitura cada, quem domina a região é o PP(14). No Tocantins, o MDB ficou em 6° lugar, ocupando 4 cidades.

O MDB se destacou também na região Nordeste, onde foi o partido mais votado, conquistando 283 prefeituras, o que representou um aumento de 46,63%. Em 2° lugar, aparece o PSD que marcou presença em 275 municípios. 

No Centro-Oeste, o União se manteve em 1° lugar com 155 prefeitos eleitos, o destaque vai para o Goiás (95), com uma diferença de 48 cidades para o segundo partido, e Mato Grosso (60). Já o MDB conquistou espaço em 74 cidades, sendo mais forte em Goiás (47).

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Mapa da apuração do Mato Grosso com o União (em cima) e o MDB (em baixo)
Gráfico: Annanda Deusdará

No Mato Grosso do Sul os partidos União e MDB perderam a concentração. O União não elegeu nenhum prefeito e o MDB ficou em 3° lugar com 10 eleitos, enquanto o primeiro colocado (PSDB) ficou com 44.

Na Região Sudeste, o destaque foi para o PSD com 356 cidades, em 2° lugar ficou o PL com 185 prefeituras. No estado de Minas Gerais, apesar de não haver uma concentração tão expressiva como nos que foram citados anteriormente, os partidos União e MDB tiveram números consideráveis,69 e 82 respectivamente, ficando em 5° e 3° lugar. O tamanho do estado pode ter dificultado a conquista de grandes quantidades de municípios, visto que em um total de 847 prefeituras, o PSD, que foi o mais votado, foi eleito em 142 cidades, o que representa 16,76% do total do estado.

O PL se destacou nas regiões Sudeste e Sul (4° mais votado). Apesar disso, o partido se concentra em estados específicos e não na região como um todo. São Paulo, por exemplo, representou 56% do número de prefeitos eleitos no Sudeste. Já no Sul, Santa Catarina engloba 50% dos votos do PL

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Mapa da apuração da quantidade de prefeituras do PL no estado de São Paulo
Gráfico: Annanda Deusdará

 

Das quatro capitais da região, três passaram para o segundo turno nas disputa
por
Annanda Deusdará
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05/11/2024 - 12h

No último domingo (27), foram realizadas as votações para prefeito nas quinze capitais restantes. Após os resultados, os candidatos eleitos deram discursos declarando quais serão os próximos passos quando assumirem o cargo. Em todas as capitais a porcentagem de abstenção ultrapassou os 20%.

 

Campo Grande (MS)

Com uma diferença percentual de 3% Adriane Lopes, 48, (PP) foi a primeira prefeita eleita da cidade com 222.699 votos (51,45% dos votos válidos). Sua vice será a Dra. Camilla (Avante).   

O segundo turno teve também 16.871 votos nulos (3,66% do total), 11.704 votos em branco (2,54%) e ainda 184.812 abstenções, o equivalente a 28,60% do eleitorado.

Formada em Direito e Teologia, com pós-graduação em Administração Pública e Gerência de Cidades, Adriane Lopes foi a primeira mulher a assumir a prefeitura da capital. Após a renúncia do então prefeito Marcos Trad

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Adriane Lopes (PP) prefeita de Campo Grande - Foto: Divulgação

Adriane Lopes disse na sede do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul (TRE-MS), após a confirmação da vitória, que estava muito feliz e que nestes dois anos e meio de gestão, despertou a cidade e retomou várias obras paradas. Afirmou também que na nova gestão tem como prioridade a educação e a saúde.

Ela agradeceu os apoios que recebeu durante a campanha, como o do governador Eduardo Hídio, da senadora Tereza Cristina e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Declarou ainda, que o resultado das eleições é representativo “Essa vitória, minha e da Camila, não é só nossa. Essa vitória é das mulheres do nosso país”

Desde o primeiro turno, a candidata estava em terceiro lugar nas pesquisas eleitorais que indicavam disputa de segundo turno entre Rose Modesto e Beto Pereira. Para contornar a situação, ela usou como principal argumento durante o fato de não ter conseguido resolver todos problemas da cidade por ter estado à frente da gestão municipal por apenas dois anos.

Apesar dos indicativos de derrota, Lopes conseguiu avançar e na última pesquisa Quaest encomendada pela TV Morena e divulgada no sábado (26), apareceu com 49% dos votos válidos, empatada tecnicamente pela margem de erro com Rose Modesto, que apareceu com 51%.

Durante sua candidatura, suas principais propostas incluíam a área da educação, saúde e infraestrutura. Dentre elas, estão: a criação de novas escolas; distribuição mensal de medicamentos de uso contínuo para pessoas com deficiência, pressão alta e diabéticos; além da criação de um Centro Médico de Cuidado com o Idoso.

A candidata Rose Modesto,46, é professora do Ensino Médio e já foi eleita vereadora (2008-2012); vice-governadora em 2014 e deputada federal em 2018 pelo PSDB. O seu vice foi Roberto Oshiro (União Brasil).

 

Cuiabá (MT)

O deputado federal Abilio Jacques Brunini Moumer, 40,(PL) foi eleito prefeito com 171.324 votos (53,80% dos votos válidos). Sua vice é a Coronel Vânia (Novo).  

A eleição teve 4.852 votos brancos (1,47% dos votos totais), e 7.234 votos nulos ( 2,19%). A abstenção foi de 114.533 eleitores, o que representa 25,73%.

Em 2016, Abílio foi eleito vereador de Cuiabá, pelo Partido Social Cristão (PSC). Como deputado federal, ficou marcado por polêmicas no congresso. Em junho de 2023, ele fez uma série de interrupções durante uma sessão da CPI dos atos golspitas.No mês seguinte, foi acusado por transfobia contra a deputada Erika Hilton (PSOL-SP), durante outra sessão da CPI. Em agosto do mesmo ano, foi acusado de fazer um gesto supremacista branco durante outra sessão da CPI do 8 de janeiro.

No discurso após a vitória, o prefeito prometeu priorizar a saúde, além de avançar no diálogo com os demais Poderes. "No momento temos que olhar o que tem de imediato e acredito que a Saúde é um problema que temos que resolver”, declarou.

 

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Abílio Brunini em entrevista na Rádio Centro América FM - Foto: Nathalia Okde

Abílio liderou a disputa à Prefeitura de Cuiabá desde o primeiro turno, quando teve 126.944 votos, 39,61% dos votos válidos. No segundo turno, recebeu o apoio do governador Mauro Mendes (União), do ex-presidente Jair Bolsonaro, além de igrejas e eleitores de direita. 

 

O candidato Lúdio, foi apoiado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, e por sete ministros do governo federal. O petista era o único do partido ainda na disputa por uma vaga no Executivo em Mato Grosso. Cuiabá também não teve vereador (a) do PT eleito para 2025.

 

Durante a campanha, Brunini fez promessas em diversas áreas, como saúde, educação, segurança e transporte. Entre elas estão: criação de Vilas de Saúde em cada distrito sanitário da capital; expansão da educação infantil e a implementação do Método Montessori; faixa azul exclusiva para motos e criação de paradas para embarque e desembarque de passageiros por APP; além de parceria com a Polícia Militar e Guarda Municipal para fortalecer a segurança nas escolas.

 

Goiânia (GO)

Sandro Mabel,65,(União) foi eleito com 353.518 votos (55,53% dos votos válidos). Sua vice é a Coronel Claudia (Avante).  

Apesar de Fred Rodrigues (PL),estar na frente no primeiro turno. Mabel avançou no segundo turno e venceu em todas as nove zonas eleitorais (ZEs)de Goiânia, essas ZEs estão localizadas nas regiões central, leste e norte 

Apesar do resultado, o número de abstenções quase igualou ao total de votos recebido pelo candidato. O resultado informado pelo TSE mostra que foram 352.393 abstenções, enquanto Mabel obteve 353.518 votos. O número representa 34,20% do total e foi o segundo maior do país entre as capitais que tiveram segundo turno. Também foram registrados 14.229 votos brancos e 27.080 nulos, que totalizaram 41.309.

Após a vitória, o prefeito eleito disse que começará a transição na segunda-feira (28). Ao lado de aliados, ele comemorou a vitória e falou sobre os próximos passos.

 

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Mabel comemora a vitória ao lado de seus aliados - Foto: Wesley Costa/ O Popular
 

Sobre os problemas financeiros da prefeitura com fornecedores, Mabel disse que pretende negociar e pagar todas as dívidas no início de 2025, principalmente as despesas com Saúde. “Eu tenho uma longa experiência como gestor, então essas dívidas não me assustam”. Declarou ainda que no começo de seu mandato irá retornar com a prestação de serviços básicos “Nós colocaremos Goiânia para funcionar rápido, inclusive a limpeza urbana, a gente dá uma faxinada nessa cidade logo”, frisou.

Seu projeto de governo foi dividido em três eixos: Cidade, Cidadão e Gestão. Entre suas propostas estão a conectividade e acesso à internet em toda a cidade; um aplicativo para que mulheres em perigo acionem rapidamente os órgãos de segurança e atendimento pediátrico 24 horas nas unidades de urgência e emergência. 

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Frederico Rodrigues,25, (PL), é ex-deputado estadual de Goiás(2023). Apesar de ter sido o candidato mais votado de Goiânia, teve seu mandato cassado por conta de irregularidades encontradas pelo TRE na prestação de contas da campanha de 2020.

Mabel foi deputado federal quatro vezes e uma vez deputado estadual. Na Câmara dos Deputados, foi responsável por projetos de lei sobre a implantação de crematórios públicos e a criação de cargos de provimento efetivo e funções comissionadas para o Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região (Goiânia).

 

Quais foram os candidatos eleitos e seus discursos pós-vitória
por
Maria Eduarda Cepeda
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05/11/2024 - 12h

 

No domingo, 27 de outubro, quatro das principais capitais do Norte foram às urnas para elegerem seus futuros prefeitos para 2025. Manaus teve seu atual prefeito, David Almeida (Avante), reeleito. Igor Normando (MDB) venceu para prefeito em Belém e recebeu o apoio do atual governador do Pará, em Palmas, Eduardo Siqueira Campos (Podemos), comemorou a vitória e destacou sua responsabilidade com a prefeitura e em Porto Velho (RO)

As quatro capitais contabilizaram mais de 2.192.245 votos válidos em seus colégios eleitorais. Manaus teve o menor número de abstenções com 23,39%, Belém obteve 25,19% das abstenções, Palmas com 25,73% e Porto Velho teve a maior porcentagem com 30,63% comparado às outras cidades, juntas as capitais somaram 44.579 de votos em branco. 

Belém (PA) 

Igor Normando (MDB) em campanha eleitoral
Normando agradeceu o apoio do atual governador do Pará e senadores em seu discurso. Foto: Cristino Martins

Igor Normando (MDB) venceu a disputa do segundo turno, com 56,36% dos votos válidos, contra o deputado federal Delegado Éder Mauro (PL) que recebeu 43,64%. A capital do Pará irá receber o deputado em seu novo cargo a partir de janeiro de 2025, que conta com o apoio da maioria da Câmara Municipal.

Em seu discurso, o candidato agradeceu os votos de seus eleitores e o apoio do governador Helder Barbalho (MDB), “Muito obrigado a cada um de vocês, obrigado ao governador Helder Barbalho, [..] não posso deixar de agradecer essa grande liderança”. Também disse que a maioria da população de Belém optou pela mudança, “Hoje a maioria da nossa população decidiu pela mudança e pela mudança com qualidade, com capacidade de gestão e a capacidade de enfrentar os desafios que a nossa cidade possui”

Manaus (AM)

David Almeida ao lado de uma cabine eleitoral
David Almeida segue para seu segundo mandato como prefeito em 2025. Foto: Divulgação/Assessoria

O atual prefeito da cidade de Manaus, David Almeida (Avante), foi reeleito no segundo turno contra o candidato Capitão Alberto Neto (PL). Com 54,59% dos votos válidos, o prefeito segue para mais um mandato.

Após sua reeleição, Almeida agradeceu a cidade e seus companheiros políticos,  "Quero agradecer a todos que estiveram nos apoiando e ao povo de Manaus que soube separar a verdade da mentira. Então, essa é uma vitória maiúscula, né, uma vitória da democracia.  [..] A cidade mudou, é o povo no poder, como a gente diz na comunidade, a favela venceu"

Palmas (TO) 

Eduardo Siqueira Campos sendo entrevistado pela imprensa após sua vitória ao lado de sua esposa
Em discurso após a vitória , o futuro prefeito destacou detalhes de sua vida pessoal. Foto: Edson Reis/g1 Tocantins

O candidato Eduardo Siqueira Campos, do Podemos, foi eleito com 53,03% dos votos válidos para prefeito da cidade de Palmas, ele venceu o segundo turno contra a candidata Janad Valcari (PL) que obteve 46,97% dos votos. Campos irá assumir o mandato em janeiro de 2025 até dezembro de 2028.

O futuro prefeito comemorou sua vitória com apoiadores e família, em seu discurso destacou a responsabilidade com a sua futura gestão, “Quem tem mandato, tem responsabilidade com Palmas. Todos conhecem meu temperamento. Eu tive que fazer uma campanha à altura do povo. [..] Não viemos para cá fazer fazenda, nós viemos fazer um estado. Nós não viemos para cá vender lote, viemos aqui fazer uma capital. Minha vida é conhecida, minha esposa é conhecida. Nós caminhamos à luz do dia”

Porto Velho (RO) 

Léo Moraes posando para foto para a divulgação de sua campanha eleitoral
Léo Moraes terá vice do mesmo partido, a advogada  Magna dos Anjos. Foto: Reprodução/Instagram 

Leonardo Barreto de Moraes (Podemos) foi eleito com 56,18% dos votos válidos, para prefeito na capital de Rondônia. Ele disputou o segundo turno com a candidata Mariana Carvalho, do União Brasil, que recebeu 43,82% dos votos. 

Quando anunciado os resultados do segundo turno, o candidato conversou com a imprensa e agradeceu os eleitores, amigos e a Deus pela sua vitória, "Eu estou muito feliz, eu agradeço primeiramente a Deus, agradeço a todos os amigos, a população que procura um renovo, que procura uma administração com capacidade de gestão que conheça as dores das pessoas. Vamos nos dedicar para entregar uma nova Porto Velho, sair desses índices tão prejudiciais que nos colocam em condição muito ruim [..]".

Saiba quem foram os prefeitos eleitos nas capitais da região
por
Khauan Wood
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01/11/2024 - 12h

Os cidadãos de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e Curitiba, no Paraná, foram às urnas no último domingo (27) para definir os nomes que estarão no comando de suas prefeituras pelos próximos quatro anos. O centrão saiu vitorioso nas duas capitais.

Curitiba (PR)

531.029 de pessoas decidiram que Eduardo Pimentel (PSD) será o novo prefeito da cidade, número que chega a 57,64% dos votos válidos. Sua adversária foi a jornalista Cristina Graeml (PMB) que ficou com 42,36%, totalizando 390.254, essa foi a primeira vez que seu partido conseguiu levar um candidato ao segundo turno em uma capital desde a sua criação em 2016.

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Pimentel já acumulava dois mandatos como vice-prefeito da cidade, eleito em 2016 e reeleito em 2020. Foto: Eduardo Pimentel via X/Reprodução

 

Em seu discurso de vitória realizado na sede do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), o sucessor do atual prefeito Rafael Greca (PSD) afirmou que pretende garantir a nova concessão do transporte público na cidade, implementar o ensino em tempo integral nas escolas municipais e aumentar o número de vagas em creches da prefeitura.

Porto Alegre (RS)

O atual prefeito Sebastião Melo (MDB) foi reeleito com 61,53% dos votos contra 38,47% da deputada Maria do Rosário (PT). Melo conquistou mais de 406 mil votos, cerca de 36 mil a mais em comparação ao segundo turno da eleição anterior, em 2020. Além disso, Porto Alegre terá uma mulher na vice-prefeitura da cidade pela primeira vez, Betina Worm (PL), médica veterinária e tenente-coronel do Exército.

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Melo é o terceiro prefeito que se reelege em Porto Alegre desde a redemocratização. Foto: Pedro Piegas/Correio do Povo

Com vitória em todas as regiões porto-alegrenses, o prefeito disse em seu discurso que uma de suas prioridades será implementar medidas que previnam novas enchentes na cidade, assim como as que ocorreram no início deste ano. Ele defendeu ainda a privatização do Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE) e a busca de auxílio dos Governos Federal e Estadual para o setor.

Conheça os candidatos eleitos nas capitais nordestinas e seus discursos pós-vitória
por
Anna Cândida Xavier
Maria Eduarda Cepeda
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01/11/2024 - 12h

 

No domingo, 27 de outubro, o segundo turno das eleições municipais foi decidido em Fortaleza, João Pessoa, Natal e Aracajú. O Partido dos Trabalhadores conquistou sua única capital desde as eleições de 2016 em Fortaleza, com Evandro Leitão. Cícero Lucena foi reeleito em João Pessoa, a quinta capital nordestina a reeleger seus prefeitos em 2024. Em Natal, Paulinho Freire foi eleito com o apoio do atual prefeito na disputa com Natália Bonavides (PT). E o Partido Liberal conquista sua segunda capital nordestina em Aracajú com Emília Corrêa.

Nas quatro capitais que decidiram seus futuros prefeitos neste domingo, foram contabilizados 2.575.500 votos válidos nos colégios eleitorais que participaram do segundo turno. Fortaleza teve o menor número de abstenções de votos com o índice de 15,84%, João Pessoa com o total de 22,84% das abstenções, Aracaju com  25,16% e Natal finalizou com o maior nível de abstenção comparado às outras capitais, tendo no total 26,07%. A soma de votos em branco de todas as capitais foi de 50.620. 

Das nove capitais do Nordeste, sete elegeram prefeitos de partidos de direita ou de centro. Somente Evandro Leitão (PT) em Fortaleza e João Campos, do Partido Socialista Brasileiro, em Recife, representam partidos de esquerda nas capitais nordestinas. A votação expressiva na direita contrasta com o desempenho de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022 na região. O partido União Brasil conquistou três capitais nordestinas, Teresina, Natal e Salvador e o Partido Liberal elegeu prefeitos em Maceió e Aracajú. O partido Progressistas reelege Cícero Lucena em João Pessoa e em São Luís o Partido Social Democrático reelege Eduardo Braide. 

Fortaleza (CE)

Evandro Leitão (PT) ao lado do atual presidente Lula em campanha eleitoral
Presença marcante do presidente Lula na campanha de segundo turno de Evandro Leitão. Foto: Reprodução/Facebook

Evandro Leitão (PT) vence o segundo turno das eleições em Fortaleza por uma diferença de 10.838 votos em relação ao adversário André Fernandes (PL). No primeiro turno, o candidato do PT tinha apenas 34,33% do eleitorado, porém, foi eleito com 50,38% dos votos válidos. Fernandes recebeu o apoio de 49,62% dos eleitores.  

A principal estratégia da campanha foi aproximar a imagem do candidato às lideranças petistas no Ceará – o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Educação e ex-governador do Estado, Camilo Santana, e o atual governador, Elmano de Freitas. Evandro Leitão agradeceu a militância do Partido dos Trabalhadores em seu discurso de vitória e afirmou “o bem venceu o ódio, a humildade venceu a arrogância e prepotência, aqueles que se acham donos do poder, aqueles que se juntaram com o filhote de Bolsonaro, deram com os burros n’água”. 

João Pessoa (PB)

Cícero Lucena (PP) comemorando a vitória do segundo turno
Cícero Lucena assume seu quarto mandato em janeiro de 2025. Foto: Reprodução/Facebook

Cícero Lucena (PP) foi reeleito prefeito na capital de Paraíba, com 63,91% dos votos válidos, vencendo a disputa contra o candidato Marcelo Queiroga do Partido Liberal, que obteve 36,02% dos votos. O atual prefeito caminha para seu quarto mandato como prefeito, ocupou o cargo de 1997 a 2004 e o assumiu novamente em 2020. 

Nas redes sociais, Lucena agradeceu seus eleitores e enfatizou a continuidade de seus projetos para a cidade, “[..] A confiança que foi depositada em nós não será em vão. Vamos continuar construindo uma cidade mais justa, mais inclusiva, mais humana. O trabalho não para, e a vontade de fazer o bem segue ainda mais forte”. 

Natal (RN)

Paulinho Freire (União) como deputado federal na câmara dos deputados
Paulinho Freire deixará cargo de Deputado Federal para assumir a prefeitura de Natal. Foto: Ag. Câmara, Reprodução/UOL

Na capital do Rio Grande do Norte, Paulinho Freire (União) vence a disputa pelo segundo turno com 63,91% dos votos contra 44,66% de Natália Bonavides (PT). O candidato eleito tem uma longa história como político na cidade, foi vereador em 1992 e ocupou o cargo de presidente da Câmara Municipal de 1997 a 2002. Em 2008, foi vice-prefeito de Natal, em 2012 voltou a ser vereador e nas eleições de 2022, foi eleito como deputado federal. 

No Instagram o candidato, Paulinho Freire, relembra a trajetória da campanha e agradece o apoio dos partidos da coligação e, em especial, de Álvaro Dias, atual prefeito da cidade. “Uma eleição difícil, mas a população de Natal assimilou bem as nossas propostas, o nosso projeto, viu que não valia a pena Natal voltar ao passado, retroceder”. 

 

Aracaju (SE) 

Emília Corrêa (PL) posando para foto ao lado da cabine de votação.
A candidata não vinculou sua imagem ao ex-presidente Jair Bolsonaro em sua campanha no segundo turno. Foto: Reprodução / Instagram

 

Na capital sergipana, Emília Corrêa (PL) venceu a disputa para a prefeitura com 57,46% dos votos válidos contra o candidato Luiz Roberto do PDT. Esse é o seu primeiro mandato como prefeita, antes de embarcar na política Emília trabalhou como defensora pública e presidente da Procuradoria da Mulher na Câmara Municipal de Aracaju, em 2016 foi eleita vereadora e se reelegeu em 2020.

Em seu Instagram, a futura prefeita comemorou sua vitória com um vídeo onde está vestida de leoa e canta uma música gospel. Na descrição da publicação ela agradece seus eleitores e reforça a presença religiosa em seu futuro mandato, “a melhor forma de demonstrar o que estamos vivendo hoje é retratar a força que me move: a fé em Jesus, o Leão da Tribo de Judá (Apocalipse 5:5). E como uma leoa, que na natureza, desempenha um papel crucial na sobrevivência e no bem-estar de sua prole, vou estar à frente dos destinos de Aracaju, cuidando e protegendo, em especial daqueles que mais precisam. Vamos escrever um lindo capítulo na história da nossa cidade com Deus e o povo”. 

Alesp representa o poder legislativo do Estado de São Paulo e garante a vigilância do do Poder Executivo
por
Artur dos Santos
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02/08/2022 - 12h

A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) tem 94 deputados estaduais,  representa o Poder Legislativo do Estado, seu atual presidente é o deputado Carlão Pignatari (PSDB) e é composta por deputados estaduais eleitos a cada 4 anos. 

Tem um formato unicameral, ou seja, funciona sob um sistema no qual a criação de leis é realizada por apenas uma câmara, fazendo desse processo algo menos custoso e mais efetivo - contraditoriamente para um país como o Brasil, o formato unicameral é comumente usado em países cuja a população tem característica homogênea.

Suas competências condizem com uma atuação referente ao Estado de São Paulo, e, com a sanção do governador, e entre outras atuações, pode instituir impostos, criar e extinguir Secretarias de Estado e proteger patrimônios públicos. Os papéis de competência exclusiva da Alesp são, entre outros, elaborar seu regimento interno, dar posse ao Governador e Vice Governador, decidir sobre intervenção estadual no município e fiscalizar os atos do Poder Executivo.

O Poder Legislativo (representado em São Paulo pela Alesp, e, em âmbito nacional, pelo Congresso Nacional), tem como competências básicas a legislação e a fiscalização dos atos do Poder Executivo. Entre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, há uma limitação de competências para que um não se sobreponha ao outro, e que, assim, haja a garantia de funcionamento da democracia.

Quanto às eleições, os votos que elegem os Deputados Estaduais (assim como todos os representantes do Legislativo, menos os senadores) são proporcionais e não absolutos; ou seja, não é a simples maioria dos votos que garante a eleição de um candidato, mas sua proporção com o número de vagas preenchidas pelo partido dentro da casa, compondo o que se chama de quociente eleitoral.

A Agemt visitou a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e teve acesso ao plenário, aos gabinetes dos Deputados (em período de férias durante a visita) e às salas nas quais são realizados jantares e reuniões entre os atuantes para entender melhor como funciona. Todas as sessões são públicas e, portanto, o público pode assisti-las das cadeiras ao fundo, apenas sendo necessários o registro e uma revista policial na entrada.

Dentro da Assembleia há uma disparidade na proporção de deputados de diferentes partidos. Atualmente, os partidos com mais representatividade dentro da casa são o PL, PSDB, PT e UNIÃO: das 94 cadeiras, 19 pertencem ao PL (partido do atual Presidente da República), 13 ao PSDB, 10 ao PT e 8 ao UNIÃO. É significante, portanto, a força que partidos de direita reacionária têm dentro da Assembleia. 

Carlão Pignatari (PSDB), atual presidente da Alesp, forma uma extensão do Poder Executivo do Estado de São Paulo dentro do Legislativo. Com essa aliança, Pignatari posterga muitos projetos dentro da casa que preside - por não ter poder de veto, consegue priorizar alguns sobre outros - e parte do papel do Legislativo deixa de ser efetivado: afinal, deveria fiscalizar o Poder Executivo. 

 

Lula se candidata novamente à Presidência após doze anos longe do cargo
por
Gabriela Figueiredo Rios
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29/07/2022 - 12h

(Foto: Ricardo Stuckert/PT)

“Primeiro quero viver muito. Não sei por que, mas acho que vou viver 120 anos, então quem vai viver muito precisa ter muita força porque senão a vida fica chata. E eu sei por que estou aqui.” Lula, 25 de julho de 2022 para o jornal argentino Página 12.

Nascido em Garanhuns (PE), filho de Aristides Inácio da Silva e Eurídice Ferreira de Melo, lavradores e iletrados, Luiz Inácio Lula da Silva foi o Presidente do Brasil entre 2003 e 2010, sendo o primeiro operário a ocupar o cargo em toda a história do país. Além disso, foi ex-ambulante, engraxate, ajudante de tintura e torneiro mecânico. Migrantes pernambucanos, mudaram para São Paulo ao pau-de-arara, com Lula ainda criança, na tentativa de reconciliar a família, anteriormente, separada por Aristides que já tinha migrado para capital e iniciado uma nova vida.

Carreira Política

 Lula começa sua trajetória no movimento sindical em 1966. Por influência do irmão, José Ferreira da Silva, mais conhecido como Frei Chico, militante do PCB (Partido Comunista Brasileiro), se candidatou em 68 a diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema e foi eleito. Em 72, virou o primeiro secretário, cessando suas atividades de operário, e, em 75, foi eleito o presidente do sindicato

Em fevereiro de 1980, participou da fundação do PT (Partido dos Trabalhadores), no qual foi o primeiro presidente. Em 19 de abril do mesmo ano, foi preso por 31 dias devido à atuação na liderança de movimentos grevistas no ABC Paulista que marcaram o ressurgimento dos movimentos trabalhistas no contexto de abertura política da ditadura militar.

Em 1982, acrescentou Lula em seu nome por não poder usar o apelido enquanto candidato, no mesmo ano, candidatou-se ao governo de São Paulo pelo PT, ficando em quarto lugar. Com seu espírito militante já desenvolvido, participou da campanha Diretas Já em 1984, que clamava pela volta das eleições presidenciais diretas no Brasil.

Foi eleito, em 1986, deputado constituinte por São Paulo, sendo o mais votado do Brasil. Três anos depois, em 1989, disputou a presidência com Fernando Collor de Mello (PRN) perdendo no segundo turno.

Apesar da derrota, Lula se manteve sólido quanto a liderança do PT. Teve reconhecimento internacional com a organização do Foro de São Paulo, que promovido pelo partido, reunia periodicamente lideranças partidárias a fim de reorganizar as esquerdas latino-americanas que estavam dispersas com o domínio neoliberal após a queda do muro de Berlim. Mais tarde, se tornou um dos fundadores do Grupo de Puebla, sucessor do Foro, criado no México em 12 de julho de 2019.

Candidatou-se a presidência novamente, em 1994 e 1998, mas perdeu ainda no primeiro turno, nos dois anos, para Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Em 2002 ganhou sua primeira eleição a Presidente da República após disputar o segundo turno contra José Serra (PSDB) e manteve seu governo em 2006 vencendo Geraldo Alckmin (PSDB na época) também no segundo turno.

Foi condenando a nove anos e seis meses de prisão, em julho de 2017, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá. Em abril de 2018, a prisão foi decretada pelo então juiz Sérgio Moro fazendo o petista se entregar a Polícia Federal. Teve sua candidatura no mesmo ano indeferida pela Justiça Eleitoral por estar preso, sendo esta disputada por Fernando Haddad, que seria vice. Haddad perde no segundo turno para Jair Bolsonaro (PL).

Luiz é liberto da prisão em Curitiba apenas em novembro de 2019, após um ano e sete meses preso. Foi solto por benefício da decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), reconhecendo o direito de os réus condenados responderem em liberdade até o julgamento de último recurso.

Edson Fachin, ministro do Supremo, decide, em 2021, que a 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelos casos da Lava Jato relacionados à Petrobras, não era adequada para julgar Lula, visto que a vara havia sido parcial em suas sentenças. Em abril, a confirmação do Supremo foi enviada para Justiça Eleitoral do Distrito Federal.

Lula se candidata novamente à Presidência, em 2022, por meio de uma federação partidária, a Brasil da Esperança, que reúne PT (Partido dos Trabalhadores), PCdoB (Partido Comunista do Brasil) e PV (Partido Verde) em uma aliança governamental.

“[...] acho que eles têm medo de me deixar ir, porque sabem que quando me deixarem ir, vou para a rua.” Lula, 25 de julho de 2022 para o jornal argentino Página 12.

Feitos governamentais

2003 – Criou o Programa Fome Zero, que objetivava enfrentar a fome e miséria no país, além de garantir a segurança alimentar dos brasileiros e brasileiras que, na época, batiam 48 milhões de pessoas segundo a FGV (Fundação Getúlio Vargas) do Rio de Janeiro.

2003 – Instituiu o Programa Bolsa Família, que promovia transferência de renda do Governo Federal às famílias que viviam em extrema pobreza, com o objetivo de manter as crianças na escola e as grávidas com acompanhamento de saúde digno.

2004 – Transforma o Enem (Exame Nacional de Ensino Médio) em processo seletivo, que, a partir do desempenho dos estudantes na prova, estes poderiam concorrer a vagas e bolsas de estudo em instituições de ensino superior públicas e privadas, usando a nota obtida no exame. Anteriormente, a prova era apenas uma avaliação da qualidade do ensino médio no Brasil.

2005 – Fundou o Prouni (Programa Universidade para Todos) que concede bolsas de estudos, integrais ou parciais, em instituições privadas de ensino superior para pessoas de baixa renda. A entrada no Prouni é pela nota obtida no Enem (Exame Nacional de Ensino Médio).

2007 – Desenvolveu o PAC (Programa de Aceleração de Crescimento), que englobava um conjunto de políticas para acelerar o desenvolvimento econômico do Brasil, planejadas para os quatro anos seguintes. O programa priorizava o investimento em saneamento, transporte, habitação recursos hídricos, energia e outros, sendo o objetivo reduzir as desigualdades sociais para promover tal crescimento.

2009 – Ergueu o programa de habitação, Minha Casa, Minha Vida, que subsidia a aquisição de casas ou apartamentos próprios para famílias de baixa renda e facilita as condições de acesso a imóveis para as famílias com renda até 9mil reais.

2010 – Criou o Sisu (Sistema de Seleção Unificada), uma plataforma digital do Ministério da Educação que admite, pela nota do Enem, estudantes em universidades públicas brasileiras.

Economia nacional

Os valores da economia nacional eram satisfatórios, no primeiro e segundo mandato de Lula, a taxa média de crescimento do PIB subiu 3,51% e 4,64% respectivamente, além de ter transformado a dívida externa em reserva internacional. Em 2002 era de 15,7% do PIB, em 2010 caiu para -10%.

Ainda na era Lula, segundo o IBGE, de 2003 até setembro de 2010 foram criados 14.725.039 empregos, enquanto a soma dos empregos gerados nos últimos 15 anos é de 10,4 milhões. A taxa de desemprego chegou a 5,7% em novembro de 2010.

 Além disso, o número de famílias assentadas pela reforma agrária, segundo dados do INCRA de 2019, cresceu de 252,7 mil do governo FHC (Fernando Henrique Cardoso) para 381,4 mil no governo Lula.

 

 

A nova pesquisa para presidente da República mostra Lula na dianteira da disputa; para Bolsonaro, uma ducha de água fria e um sinal de alerta; Ciro Gomes tem 8% e Simone Tebet 2%
por
Henrique Alexandre
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28/07/2022 - 12h

A nova rodada da pesquisa Datafolha, divulgada nesta quinta-feira (28), mostra o ex-presidente Lula (PT) na liderança isolada para a disputado pelo Palácio do Planalto. O petista aparece com 47% das intenções de voto, ante 29% do atual presidente Jair Bolsonaro (PL). Uma diferença de 18%

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Fonte: Datafolha



A nova pesquisa indica uma manutenção do quadro político, mostrando que existe a possibilidade de Lula vencer o pleito ainda no primeiro turno.

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O ex-presidente Lula tem a possibilidade de vencer no primeiro turno


Do lado da campanha de Jair Bolsonaro, a nova pesquisa foi um ducha de água fria. Isso porque a expectativa dos interlocutores do presidente era de que Bolsonaro tivesse melhor desempenho na nova rodada, pois foi aprovada nas últimas semanas medidas para tentar atrair votos da população mais pobre, como a PEC Eleitoral (que aumenta o valor do Auxílio Brasil para R$ 600,00) e o Auxílio Caminhoneiro. Entretanto, o que se viu foi uma estagnação eleitoral, notícia ruim para o presidente.

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Presidente Jair Bolsonaro segue estagnado na disputa eleitoral



Depois dos dois dianteiros aparece Ciro Gomes (PDT) com 8% e Simone Tebet (MDB) com 2% das intenções de votos. O quadro para ambos os candidatos segue estagnado em comparação com o último Datafolha nos dias 22 e 23 de junho.

O cenário de polarização se mantém entre Lula e Bolsonaro, o que é péssima notícia para os candidatos do PDT e do MBD. Embora a pesquisa seja um recorte de momento, são baixas as possibilidades de Ciro e Tebet subirem seus índices até as eleições.

O Datafolha ouviu 2566 eleitores de 183 cidades. A pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o número BR-01192/2022

A margem de erro da pesquisa Datafolha é de 2 pontos para mais ou para menos.  

O Partido Liberal (PL) oficializou a candidatura de Jair Bolsonaro no último domingo (24), na cidade do Rio de Janeiro.
por
Fernanda Querne
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28/07/2022 - 12h

No último domingo (24), o atual presidente da república, Jair Bolsonaro anunciou a sua reeleição à cadeira da presidência - no Maracanãzinho, zona norte da cidade do Rio de Janeiro. Em seu discurso, não só alimentou o anticomunismo, como também enfatizou o repúdio ao candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) , Luiz Inácio Lula da Silva. Além disso, os seguidores vaiaram o Supremo Tribunal Federal, repetindo o comportamento do morador do palácio do planalto.   

Reforçando seu discurso com teor misógino, Bolsonaro reduziu a mulher a um ser maternal e cristão. Fazendo uma menção memorial às últimas eleições, o  comício misturou o "bolsomito" de 2018 com o capitão do povo de número vinte e dois. 
 

OS SEGUIDORES


FOTO: Fernanda Querne 
Marta com a blusa antipetista 

 

Seguidora bolsonarista, Marta exaltava a sua felicidade por estar no estádio. antipetista assumida, nomeou Lula como “O enganador do Brasil”. Envergonhada pela possível reeleição do petista, afirmou que ele só está solto porque a sua máfia o ajudou.

Em 27 de abril de 2022, o Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que o ex-juiz e ex-ministro da defesa Sergio Moro foi parcial ao julgar Lula. Após a decisão do STF de anular todas as condenações da Lava Jato contra o ex-presidente do Partido dos Trabalhadores.   

 Além de fiel ao presidente, cristã fervorosa, aclamou como o atual líder do Poder Executivo - Bolsonaro, não seria nada sem Deus. “O Brasil agora é de Deus” - pontuou Marta. 

 


FOTO: Fernanda Querne 
Pablo Brito pintado de verde e amarelo


Com o corpo pintado de verde e amarelo, Pablo Brito relembrava o Viking Republicano - popular pelo ataque ao Capitólio, que ocorreu no início de 2021, após o anúncio da vitória de Joe Biden para presidente dos Estados Unidos. 

Ironicamente, dizia que “infelizmente” Bolsonaro ganhará as eleições de 2022. Brito defendeu como Jair não faz política para seus filhos, e sim pelo Brasil. Acrescentou também, que o atual presidente pensa no povo e na imprensa. 

Segundo uma pesquisa da Federação Nacional dos Jornalistas, o ano de 2021 foi o mais letal perante a violência contra a imprensa desde dos anos noventa, registrando quatrocentos e trinta casos de violência contra profissionais da imprensa. 

O ferrenho apoiador, destacou que o candidato do PL não regularizou as mídias e redes sociais, para acentuar seu respeito às suas instituições de imprensa. “Ele quer liberar tudo, direito de expressão” - afirmou Brito. 

 


FOTO: Fernanda Querne 
Freitas após a entrevista para AGEMT

 

Luís Antônio de Freitas Silva (65) - bolsonarista desde 2018 em entrevista à Agência Maurício Tragtenberg, enalteceu o atual presidente, declarando que sabia quem era o  Bolsonaro de verdade. 

De acordo com Luís, o presidente mostra ao mundo quatro anos sem corrupção, discurso da grande maioria da base de apoio de Bolsonaro. No entanto, durante seu mandato,  ocorreram algumas denúncias contra esquemas de “rachadinhas” no gabinete de Flávio Bolsonaro, filho mais velho do atual presidente.

 Além disso, sua passagem pelo palácio do planalto, foi marcada pela prisão de Queiroz, a conta da primeira-dama com suspeitos oitenta e nove mil reais e o esquema de corrupção no MEC aos pastores, denunciado recentemente.

O seguidor de Bolsonaro afirmou que a COVID-19 afetou o governo e disse o quanto a pandemia foi uma lástima. Referente ao período pandêmico, que se iniciou no começo de 2020, Luís explicou como a política do “fiquem em casa”, foi uma das piores medidas tomadas pelas organizações de saúde e governos. 

Entretanto, em 28 de março de 2020, o virologista Atila Iamarino afirmou que ficar em casa era crucial para conter a disseminação viral: “Sair do Isolamento agora é querer voltar a um mundo que não existe mais”. 

 Acrescentou também, como a economia do Brasil não quebrou e isso só acontecerá, caso o governo “comunista” ganhe as eleições deste ano. Para reiterar seu discurso contra o comunismo, usou países como: Argentina, Cuba e Venezuela. 

 


FOTO: Fernanda Querne 
Slogan da campanha de 2018 do Jair Bolsonaro


“Isso está sendo inédito no nosso país, prestigiar um homem digno como o Bolsonaro" - relatou a Selma. A apoiadora alegou que inventaram inúmeras mentiras em relação ao presidente, como a de que ele não ajuda as mulheres. “Se não houver a vitória de Bolsonaro, vai ter uma grande fraude no Brasil”, ressaltou a evangélica. Insistiu que o seu candidato ganhará, de qualquer jeito, no primeiro turno. 

No “briefing” com os embaixadores na semana passada, o atual presidente insistiu no ataque às urnas. Entretanto, a Embaixada dos Estados Unidos elogiou o sistema eleitoral brasileiro: “Modelo para o mundo”. 

 

FOTO: Fernanda Querne
Primeira-Dama, Michelle Bolsonaro

 

 A PRIMEIRA-DAMA

Em tom religioso, Michelle Bolsonaro palestrou primeiro. Estrategicamente, para dar “voz” às mulheres cristãs e de classe mais baixa - novo público eleitoral. Logo, a primeira-dama afirmou como os tempos estão difíceis - desesperançosos. Até soou que o fundo do poço já estivesse chegado. Porém, aclamou para a força do criador. “Deus é bom, essa nação é abençoada, só foi mal administrada" - retomou a narrativa interminável contra o inimigo petista. 

 


FOTO: Fernanda Querne
Michelle discursando entre Flávio Bolsonaro e Arthur Lira

 

Michelle insinuou os “supostos” rótulos de seu marido, por parte da oposição. Por exemplo, como Bolsonaro demonstra ser misógino e sexista. Sem hesitar, citou como ele sancionou setenta leis em relação ao público feminino. Mas, esse é o mesmo homem que disse para a deputada Maria do Rosário em 2003: “Não te estupro porque você não merece”.  

A esposa do candidato do PL abordou o como o governo de seu marido investiu em projetos que levassem água para o nordeste - região com o seu foco eleitoral. Entretanto, de acordo com o Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União, o governo dos integrantes do Partido dos Trabalhadores foi o que mais investiu no projeto de integração do Rio São Francisco - 88% dos pagamentos foram feitos na época do Lula e da Dilma.

“Não queremos nos promover, mas entregar” - fala da Michelle logo após exibir o que “supostamente” fizeram. Concluindo o “culto”, a primeira dama explicou que a luta é contra o mal, não se trata de uma batalha entre mulheres e homens.  

 


FOTO: Fernanda Querne 
Seguidores ouvindo o hino nacional 

 

CAPITÃO DO POVO 

Jair Messias Bolsonaro (PL)  iniciou seu discurso amedrontando o povo com a ameaça comunista. “A nossa bandeira nunca será vermelha!” - berrou o público. Relembrou como era um deputado do baixo clero, apoiando o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT). Citou o atentado que sofreu nas eleições de 2018 - a facada.

Mencionou a meritocracia brasileira: “Esse é o país que todos têm oportunidade” - retomando um dos seus discursos mais frequentes. Entretanto, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE), menos de 3% de mulheres e homens negros alcançam cargos de gerência ou diretoria no Brasil. Relatou como não diferencia negros ou brancos, apesar das constantes falas do atual presidente.

No dia 11 de maio deste ano, o candidato do Partido Liberal ofendeu a comunidade preta ao perguntar quantos arrobas - unidade de medida para pesar gado - tinha o seu apoiador em frente ao Palácio da Alvorada. “A nossa missão é não atrapalhar a vida de vocês” - citou o candidato desresponsabilizando a função estatal. 

 


FOTO: Fernanda Querne 
Panfleto com o novo número eleitoral do Bolsonaro, 22


NOVO BOLSA FAMÍLIA

“Descobrimos que tínhamos aqueles informais, os que vendiam biscoito globo na praia. Esses foram obrigados a ficar em casa para morrer de fome. O que o governo fez? Criou o auxílio emergencial” - disse o candidato. 

Entretanto, esse “novo” programa nada mais é que o bolsa família renomeado. “Como assim esse governo não pensa nos pobres?” - indagou o Bolsonaro. Porém, a PEC Kamikaze - benefícios sociais em ano de eleição - só foi liberada pela declaração de estado de emergência. 

Ao final, justificou a criação desta Emenda Constitucional. O candidato do PL afirmou que foi o primeiro presidente a lidar com teto de gastos - um limite de despesas para a União. Porém, o governo de Michel Temer criou a PEC 241, em 2016. Visando só controlar a dívida do governo em relação à inflação.


MAIS DE 600 MIL MORTES  

Bolsonaro disse que o seu governo foi difícil. Citando a guerra entre Rússia e Ucrânia, uma grande seca e o cenário pandêmico. “O mundo inteiro sofrendo as consequências daquela política que eu fui contra - política do “fiquem em casa”. Mas, segundo a Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid-19, o candidato do PL conduziu erroneamente a pandemia. 

O relatório da CPI o acusou de nove crimes pela sua conduta: epidemia com resultado de morte, infração a medidas sanitárias e preventivas , emprego irregular de verba pública, incitação ao crime, falsificação de documentos, charlatanismo, prevaricação, crimes de responsabilidade e crimes contra a humanidade. 

 


FOTO: Fernanda Querne 
Camisas à venda fora do estádio

 

AMIGOS VERSUS INIMIGOS

“Com o apoio do Parlamento, está aqui o nosso presidente, Arthur Lira. Um enorme aliado nosso, tem colaborado muito com o governo. Graças a ele, conseguimos aprovar a lei que baixou o preço dos combustíveis” - afirmou Bolsonaro apresentando o amigo de longa data. 

Mesmo com pouco apoio dos parlamentares, a presença do Presidente da Câmara dos Deputados foi primordial para demonstrar alianças. Como Marcos Feliciano também se juntou ao culto no Maracanãzinho. Ou até mesmo o próprio Daniel Silveira - político preso por ameaçar o STF. 

“Vocês sabem o que é…Supremo Tribunal Federal” - instigou Bolsonaro. Vaias ensurdecedoras eclodiram o Maracanãzinho. Os seus apoiadores repetiram inúmeras vezes “Supremo é o povo”. Pois, o presidente já sofreu acusações vindas do STF. 

Como o inquérito 4781 - fake news. Em 2019, o ministro Dias Toffoli abriu o processo para apurar atos caluniosos e difamatórios contra a Corte Brasileira. Consequentemente, entraram com ações contra o candidato do PL.  

 


FOTO: Fernanda Querne
Criança no lançamento da candidatura do Bolsonaro

 

7 DE SETEMBRO

Com todos os seus parceiros juntos, concluiu ao mencionar o 7 de setembro: “Convoco todos vocês para as ruas pela última vez”. No dia da independência de 2021, Bolsonaro discursou em Brasília. Ameaçou o STF e o Congresso, com pautas antidemocráticas. 

“Há risco real de autogolpe no Brasil”, afirmou Steven Levitsky - autor do best-seller “Como as democracias morrem”. O professor de Harvard explicou como Jair Bolsonaro parece se inspirar na invasão do Capitólio. 

 

Em comparação com a pesquisa realizada há duas semanas pelo instituto, Lula subiu três pontos percentuais. Já Bolsonaro oscilou para baixo um ponto.
por
Ana Carolina Coelho
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25/07/2022 - 12h

Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ex-presidente do Brasil e novamente candidato ao cargo de presidente da república, se mantém à frente na corrida para o Palácio do Planalto. Ele soma 44% das intenções de voto, enquanto o atual presidente da república e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), aparece em segundo lugar com 31%. A pesquisa eleitoral foi realizada pela BTG Pactual/FSB e foi divulgada nesta segunda-feira (25).

Em comparação com a pesquisa anterior do instituto, realizada há duas semanas, Lula subiu três pontos percentuais. Já Bolsonaro oscilou para baixo com um ponto a menos, ficando dentro da margem de erro, que é dois pontos percentuais para menos ou para mais. 

Em relação aos outros candidatos de destaque, Ciro Gomes (PDT) ficou com 9% das intenções de voto, ocupando o terceiro lugar na pesquisa. Já a senadora Simone Tebet (PMDB) pontuou 2%, tendo oscilado para baixo em comparação com a pesquisa anterior, quando pontuava 4% das intenções de voto. 

O deputado André Janones (AVANTE) ganhou 2%, mas na pesquisa anterior havia feito 3%, e o empresário Pedro Marçal (PROS), obteve 1%. 

Os demais candidatos não pontuaram. 

O instituto BTG Pactual/FBS também realizou a pesquisa dentro de um cenário espontâneo, ou seja, quando o entrevistado é questionado em quem votaria sem que sejam apresentadas as opções de candidatos. 
O candidato do Partido dos Trabalhadores, Lula, manteve a liderança novamente, com 40% das intenções de voto; Bolsonaro registrou 30%; Ciro Gomes ficou estável com 3%; e Tebet caiu para 0%.


SEGUNDO TURNO

Já no segundo turno, Lula e Bolsonaro em comparação a pesquisa anterior,  não oscilaram fora da margem de erro da última pesquisa realizada pela BTG Pactual/ FBS. O petista tinha 53% e subiu para 54%. O atual presidente da república, Bolsonaro, passou de 37% para 36%. 

Em um segundo turno entre Lula e Ciro, o pedetista registra  32% contra 48% de votos que vão para o petista. 

Caso aconteça um segundo turno entre Tebet e Lula, a senadora aparece com 25%, enquanto Lula registra 54% das intenções de voto. 

SOBRE A PESQUISA

O instituto ouviu 2.000 eleitores por telefone de 22 a 24 de julho de 2022 e a pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-05938/2022. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.