Na última quarta-feira, 18, estudantes e professores dos cursos de Psicologia, Fonoaudiologia, Fisioterapia e Engenharia Biomédica da PUC-SP se mobilizaram contra o bloqueio dos estágios nos equipamentos de saúde do SUS (Sistema Único de Saúde) para o próximo ano. Em nota informativa, formalizada pela Comissão Aberta sobre os Estágios no SUS, estudantes independentes lideram a reivindicação de acesso, com apoio do corpo docente - com direito a aula pública - e a presença de figuras políticas no ato.
“É nosso dever reivindicarmos nossos direitos de formação, que é o estágio no SUS, [...] é nosso dever garantir, através da luta política, investimentos pesados em saúde, seguridade social e um ensino popular, pensado pela e para a classe trabalhadora”, declara a Comissão Aberta, em nota.
Enquanto ecoavam “A nossa luta é todo dia, o nosso estágio não é mercadoria”, os manifestantes estenderam faixas e cartazes em frente ao prédio da Fundasp e também ocuparam a Reitoria da universidade.
O problema foi gerado a partir de um impasse entre a PUC-SP e a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) quanto às contrapartidas oferecidas por instituições de ensino ao órgão. Apesar da entrega de R$176.162,23, a Secretaria determinou que a PUC-SP, por ser uma universidade privada, deveria pagar R$306.000,00 em materiais e equipamentos hospitalares. A medida vai contra o que normalmente é requisitado de instituições filantrópicas, como é o caso da Pontifícia.
Numa tentativa de negociação, a Universidade promoveu a ampliação dos serviços acadêmicos, incluindo disciplinas de graduação, pós-graduação e cursos de educação continuada, além de eventos e projetos educacionais. O objetivo é atender aos requisitos da Escola Municipal de Saúde/SMS, responsável pela promoção dos estágios dos cursos focados no segmento.
Segundo o atual presidente do Centro Acadêmico de Psicologia (CAPSI), André Sanches, o bloqueio de estágios no SUS é parte de um projeto maior de precarização da saúde pública, que visa colocar o ensino em uma lógica mercantilizada. Para ele, isso “vai contra tudo que nós defendemos aqui na PUC”. O estudante também afirmou à Agemt que a mobilização estudantil no ato representa a urgência do assunto e o descontentamento com o atual ritmo das negociações por parte da Reitoria e da Fundação São Paulo, mantenedora da PUC-SP.
A presença de preceptores nos estágios de psicologia também é uma problemática reivindicada pelos estudantes. No início deste ano, os estágios do curso passaram a ser obrigatoriamente acompanhados por preceptores - que atuam na supervisão das sessões realizadas por estagiários -, sob ameaça de processo aos administradores que não os incluíssem em seus turnos. Além disso, os estudantes reclamam da perda de autonomia e da interferência nos métodos utilizados no acompanhamento de pacientes na e condução de casos.
A assessoria de comunicação da PUC encaminhou a reportagem para a Direção da Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde (FCHS) da universidade, que declarou em nota ter retomado as negociações com a Secretaria Municipal da Saúde.
"Informamos que reestabelecemos, com bom entendimento, o contato com a Prefeitura Municipal de São Paulo e Secretaria Municipal de Saúde e, ao longo da próxima semana, teremos reuniões para solucionar a questão dos estágios nos campos da SMS".
Procurada, a pasta municipal não respondeu até o fechamento desta edição. O espaço segue aberto para a SMS.
Na última quinta-feira (28), uma multidão expressiva tomou as ruas da capital paulista em apoio à descriminalização do aborto. Organizada por grupos de ativistas e apoiadores da causa, a manifestação reuniu pessoas de diferentes idades, gêneros e origens, todas compartilhando o mesmo desejo: garantir o direito à escolha das mulheres sobre seus próprios corpos.
A marcha aconteceu no dia Internacional da luta a favor do aborto nos países latino-americanos e caribenhos, e enfatizou como o procedimento nesses países também faz parte da desigualdade de classes. “As ricas pagam, e as pobres morrem”, diziam as manifestantes. De acordo com dados do Ministério da Saúde, cerca de 1 milhão de abortos induzidos ocorrem todos os anos no Brasil, sendo quase 500 mil procedimentos feitos de forma clandestina. A maioria das mulheres que realizam o aborto em condições precárias são negras e de baixa renda.
Essa “onda verde”, como é chamado o fenômeno de luta a favor da legalização do aborto nos países vizinhos, é responsável por pressionar os poderes políticos e judiciais pelo direito ao acesso e decisão de abortar. Outros países na América do Sul como Uruguai, Argentina, Guiana, Guiana Francesa, Colômbia e Chile já reconhecem o aborto como prática legal. Segundo as palavras de Alberto Fernández, presidente da Argentina, “a legalização do aborto salva a vida de mulheres e preserva suas capacidades reprodutivas, muitas vezes afetadas por esses abortos inseguros.”.
Muitos especialistas que defendem a legalização no Brasil explicam que a mesma deve ser entendida como uma questão de saúde pública, e não moral ou religiosa. “As políticas públicas não podem sofrer influência das ideologias religiosas ou até mesmo morais. As mulheres precisam ter o direito de escolha, precisam ser livres para decidir”, explica Tabata, 29, do movimento Católicas Pelo Direito de Decidir.
A concentração teve início na Avenida Paulista, um dos principais pontos da cidade, e rapidamente se espalhou por ruas adjacentes. Os participantes exibiam cartazes, bandeiras e faixas com mensagens pró-escolha, destacando a importância de garantir o acesso seguro e legal ao aborto. Muitos usavam camisetas e adereços verdes, cor que se tornou símbolo da luta pela legalização em diversos países.
Entre os manifestantes, havia uma ampla diversidade de discursos e argumentos.”Só quem morre no Brasil e no mundo são as mulheres que não podem pagar o aborto seguro. Nenhum lugar onde o abortou deixou de ser crime, aumentaram os números de aborto mas diminuiu os números das mortes. Elas vão continuar abortando, mas a diferença é que a nossa classe não vai morrer”, expôs Fabiana (52), de São José dos Campos.
Martins (16), estudante do Colégio Objetivo em São Paulo, também se mobilizou. “Como homem, reconheço a importância, a gente tem que unir como coletivo para lutar pelos ideais certos”.
A manifestação ocorreu de forma pacífica e as autoridades locais acompanharam o evento para garantir a segurança dos participantes e transeuntes. Estavam presentes até mães e pais com crianças, como no caso de Luana (42), que levou seu filho João (8), “É para eles já começarem a entender a importância de participação em manifestações políticas, a importância do feminismo, dos direitos das mulheres é importante demais” afirmou.
A medida que noite caiu, a multidão se dispersou, mas a mensagem da manifestação ficou clara: a busca pela igualdade de gênero e pelo direito das mulheres se decidirem sobre seus corpos permanece um tema crucial na sociedade brasileira, com esperanças de mudanças futuras na legislação em relação ao aborto.
Debate entre as chapas concorrentes à eleição do CACS (Centro Acadêmico de Ciências Sociais) tratou da falta de políticas de inclusão de estudantes indígenas, a questão da limpeza do espaço físico do CA e a relação entre a entidade e a Fundasp. Concorrem à eleição as chapas “Olga Benário por uma Universidade Popular”, da UJC (União da Juventude Comunista), “Marielle Franco: nossa luta, nossa voz!”, composta pelo PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) e “CACS é pra brilhar”, constituída por militantes independentes.
Estudantes questionaram a relação do Centro Acadêmico com uma funcionária contratada para fazer a limpeza do espaço físico e a razão dela não ter sido efetivada, mesmo a atual gestão tendo prometido a efetivação dela no último pleito. A chapa “CACS é pra brilhar”, que concorre à reeleição, lembrou que a entidade estudantil não teve condições de abrir um CNPJ e receber os repasses prometidos pela Fundasp (Fundação São Paulo, mantenedora da PUC), instituição que cobra água e luz dos centros acadêmicos desde o início deste ano.
A Comissão Eleitoral pediu para que o nome da funcionária não fosse mencionado nas discussões pela delicadeza do assunto.
Representação indígena nos programas das chapas:
Durante a abertura de perguntas para o público, Jaci Martins, estudante indígena do curso de Ciências Socioambientais, questionou a falta de atenção aos povos originários nas propostas das chapas e no próprio debate, apontando que a PUC tem projetos como o Pindorama. “Eu não vejo acolhimento a não ser das minhas companheiras de sala de aula”, reforça a militante, que tinha atenção da sala inteira. “Já basta a gente sofrer a remoção dos povos indígenas mundo afora. E hoje tem a votação do Marco Temporal e ninguém fala disso”, concluiu.
Em resposta, as chapas concorrentes prometeram tratar melhor do assunto, reconheceram a urgência do tema e até chegaram a convidar a estudante para compor a chapa “e participar com a gente em relação a isso”, como foi o caso da Chapa 2 (Marielle: nossa luta, nossa voz!).
O Centro Acadêmico de Psicologia (CAPSI) anunciou, no dia 6 de setembro, a posse da gestão Bispo do Rosário por uma Universidade Popular, com 285 votos. O processo eleitoral estava em curso desde o dia 12 de agosto, quando a Comissão Eleitoral tomou posse da entidade, demarcando o fim da gestão Nise da Silveira por uma Universidade Popular. Assim como no ano passado, as eleições ocorreram com chapa única.
Na véspera da abertura do período eleitoral, a gestão anterior (2022- 2023) compartilhou nas redes sociais do centro acadêmico uma série de postagens referentes ao histórico da entidade. O ano passado foi marcado pela revitalização do espaço físico e da mobilização do movimento estudantil junto aos docentes para reivindicar os salários integrais de professores após redução de 10% anunciada – e posteriormente revogada - pela FUNDASP, em setembro de 2022.
Com publicações detalhadas e de fácil linguagem, ainda foram descritas as funções e histórico das secretarias de Finanças, de Agitação e Propaganda (Agitprop), de Infraestrutura e de Saúde Mental. Esta, por sua vez, destacou-se pela realização de “aulões” destinados aos estudantes bolsistas para “amenizar o impacto causado pelo acúmulo de matérias em decorrência da entrada tardia dos alunos que recebem bolsas de estudo”. A iniciativa foi baseada na colaboração do próprio corpo discente, por meio de questionário e voluntariado, para definir o conteúdo a ser trabalhado e também para compor o corpo de produção e monitoria.
A luta e articulação para promover uma universidade mais popular, diante das dificuldades enfrentadas pelo corpo estudantil desde a retomada das aulas presenciais após o período de pandemia, não foi encerrada em agosto deste ano. Na verdade, a causa passa o bastão à sua sucessora.
A nova gestão declarou, em sua carta-programa, defender um centro acadêmico alinhado às pautas de inclusão e de engajamento de classes. O documento ainda expõe a visão da chapa sobre as conjunturas atuais do país e da PUC-SP, demarcado neste a elitização do espaço acadêmico e sua natureza excludente. “É fundamental pensarmos na PUC como um espaço que, apesar de sua relevância histórica enquanto uma instituição de defesa e formação de valores democráticos, se apoia em uma imagem de um passado cada vez mais distante da realidade atual”, declara.
Estruturalmente, o CAPSI será gerenciado por três secretarias, além da Diretoria e Tesouraria, que são obrigatórios segundo edital aprovado na Assembleia de Curso, no dia 7 de agosto. A Secretaria de Comunicação está encarregada das redes sociais da entidade e prioriza o contato com os estudantes também no campus. A secretária de Eventos é responsável pela organização de projetos que promovam “a cultura, a política de permanência e o acolhimento des estudantes”. Por fim, a Secretaria de Infraestrutura visa a limpeza e manutenção do espaço físico, em continuidade ao processo de revitalização.
Para isso, a gestão propôs uma associação denominada “Núcleo de Infraestrutura e Cultura” (NIC), que prevê a participação direta de estudantes na intervenção do espaço físico e sugere um núcleo independente quanto à autogestão. Ainda assim, o documento declara obrigatória a presença do secretário de Infraestrutura nas reuniões e no alinhamento de eventuais projetos de ação.
Das oito propostas apresentadas pela chapa durante as eleições, destacam-se o compromisso de continuar os “aulões” para alunos bolsistas no início dos semestres e a equalização dos valores das Bolsas CEPE e CNPq, referentes à iniciação científica oferecida pela mantenedora da PUC-SP. A gestão ainda esclarece as pautas centrais a serem trabalhadas nos próximos meses, como a dialogação com coletivos (Libertas, Da Ponte Pra Cá e Saravá), Ligas Acadêmicas, Atlética, Empresa Jr. e outras entidades para além do curso de Psicologia.
Gestão Bispo do Rosário (2023-2024)
Presidente: André Sanches Montemor Augusto
Vice-presidente: Isabella Helena Rocha
Tesoureiro: Victor Alves Toscano
Secretária de Comunicação: Isabella Villar Oliveira
Secretárias de Eventos: Nádia Uana e Flávia Rocha Banyan
Secretário de Infraestrutura: Saulo Sirota Palma
No último domingo (30), ocorreu a terceira edição do Perifacon, a convenção nerd voltada para as pessoas da periferia de São Paulo.
O evento que dá visibilidade para as pautas e artistas das favelas do país contou com a colaboração de grandes marcas, como: Warner, Netflix, Ambev Tech, UNICEF, iFood, Kwai, BibliON, Agência Mural, Shopee, Museu das Favelas e Letraria Cultural.