“As pessoas começam a olhar e falar caramba são homens trans, mas qual é a diferença?” afirma Tatto Oliveira, presidente e cofundador do projeto T Mosqueteiros em entrevista para a Agemt, feita de forma remota. O time de futebol e basquete de São Paulo é composto por homens trans, e foi formado em 2019. A visibilidade que o projeto vem ganhando desencadeia um empoderamento da comunidade LGBTQIA+ nos esportes, uma verdadeira “ferramenta de transformação”. No Brasil existem ligas de futebol voltadas para esse grupo, e os T Mosqueteiros servem de inspiração para a criação de novos times por todo o país.
“O que a gente tem feito hoje é algo que vai transformar o futuro, onde as pessoas não vão precisar de um time trans, elas vão poder estar na quadra sendo uma pessoa trans.”

Os jogadores dos T Mosqueteiros chegam de diferentes realidades em busca de proteção e segurança para jogar. “O mais novo do time tem só 20 anos, e o mais velho 50”. “Tem pessoas que vêm de longe, quase 2 horas de viagem.” Além do futsal e do society, o basquete (modalidade nova na equipe), já conta com 10 jogadores e 24 pessoas interessadas. O presidente ainda reforça a necessidade de serem reconhecidos não só pela sociedade, como pelas federações de esportes.
Com o alcance que a equipe vem ganhando, os T Mosqueteiros trazem informação a toda população. Tatto conta que os jogadores treinam basquete em uma quadra aberta no SESC, e jogam com homens cisgênero, o que aos poucos vai quebrando o preconceito de outras camadas da população através do conhecimento e da experiência. Outro destaque do time foi a entrevista concedida ao Globo Esporte que, como ressalta o presidente, foi muito importante para que homens trans se identificassem e conhecessem o projeto.
A Equipe é campeã de torneios importantes como a Taça da Diversidade (2022/2023) e conta com o apoio social do Núcleo de Resistência, “um coletivo pequeno, mas que tem um trabalho muito grandioso.
O Núcleo de Resistência:
“Usar da nossa voz, usar do nosso espaço, para falar das nossas necessidades.” Tatto conta que o Núcleo surgiu através de rodas de conversa em 2018, quando ele e outras pessoas viam a necessidade de ter um espaço para homens trans poderem dialogar e na época, fez uma reunião aberta com coordenadores da saúde e assistentes sociais.
As rodas de conversa acontecem através do projeto “Homens Trans em Diálogo” e nelas são tratados diversos assuntos que não estão sempre diretamente relacionados à transição em si. No último encontro, por exemplo, o tema desenvolvido foi a amizade.
O núcleo é um braço para o esporte. Muitos homens conheceram o time através do coletivo. Além disso, o grupo também faz doações de cestas básicas e roupas, que mesmo com a pandemia de Covid-19, não pararam de serem realizadas. As rodas de conversa também continuaram, e passaram a acontecer no formato online durante esse período.
As redes sociais e os grupos de WhatsApp são usados para ajudar meninos em transição e levar informação a eles, com o apoio de profissionais da saúde, mostrando a importância do acompanhamento médico, que pode ser feito pelo SUS. Com a ajuda de patrocinadores, também são realizadas retificações de nome e gênero dos meninos (18 até agora).
Como surgiram os T Mosqueteiros:
Tatto, o Cofundador do time, tem 43 anos e sempre gostou muito de esporte e da vida saudável. Sua infância aconteceu entre os anos 80 e 90, na qual ainda não se entendia como um homem trans, mas já sofria preconceito quando participava de esportes coletivos.
Em 2019, depois de passar anos praticando exercício de forma individual, Tatto, que era servidor no centro de cidadania LGBT, sua esposa Geey, seu amigo Gabriel Cardoso e cerca de 30 pessoas montaram o time, que hoje tem uma comissão de funcionários exercendo diferentes papéis. Eles são encarregados por cuidar das redes sociais, do financeiro, das rodas de conversa e da agenda de eventos. A equipe precisa de patrocínio para que possa bancar o aluguel das quadras, a condução, o valor do lanche e o suporte profissional.
Em 2021, a Casa João Nery foi aberta para acolher homens trans em situação de vulnerabilidade, “comecei a perceber o quanto as nossas vozes como homens trans são potentes.” A necessidade de criar esse espaço foi discutida através do Núcleo. O nome da organização faz referência ao psicólogo e escritor João Nery (1950-2018), que foi um ativista trans e o primeiro do Brasil a fazer a redesignação de gênero em 1977.
Inclusão e Visibilidade:
Com o reconhecimento da equipe, muitas pessoas procuraram os jogadores para fazer parte e socializar, como o Gustavinho, garoto trans de 8 anos que jogou bola com o capitão do time na época, o Matheus. Outro caso foi o de um menino de 14 anos, que sua mãe levou para conhecer o time, e foi convidado a participar do amistoso. “É até emocionante falar”, conta Tatto quando lembra da mãe do menino arrumando o uniforme do time e falando como o garoto estava lindo.
Mulheres trans e cis já demonstraram interesse em fazer parte do time, que por enquanto oferece apenas jogos mistos para a inclusão desse grupo. Pensando nisso, a equipe tem interesse em desenvolver o “T Mosqueteiras”, para fazer com que essas mulheres possam “estar próximas umas das outras” e “para que consigam se empoderar dentro da quadra”.

Esta reportagem foi produzida como atividade extensionista do curso de Jornalismo
No dia 20 de agosto, aconteceu a 1° edição da Copa Inclusão, no estádio Poliesportivo Dom Bosco, em BH. O evento reuniu oito equipes do futebol amador. “Como nunca tivemos condição de participar de um campeonato, decidimos nos juntar”, explica em áudio, Victor Miguel, responsável pela organização da competição junto com Erick Estrela. Os precursores do projeto são homens trans, amantes do futebol e conscientes da falta de incentivo aos atletas não profissionais.
A dupla fundou o Elite Futebol Clube, o primeiro time formado por homens trans do estado mineiro. “Nosso time é carente. A maioria não trabalha. Tem menino que nem tem chuteira. Ganhamos nosso primeiro uniforme de uma empresa que promove a parada LGBTQIA+”. Movidos pela ideia de que o “futebol é para todes”, Victor e Erick convidaram equipes femininas, LGBTQIAPN+ e periféricas para a disputa.
Com poucos recursos, Victor se responsabilizou pela organização da equipe e pela promoção dos treinos. Recebeu doações de chuteiras para os meninos e recorreu à Prefeitura para conseguir um espaço para os treinamentos. A mesma força de vontade que o incentivou a promover o time, norteou-o a organização da Copa. O mineiro comemora que, o que antes era uma Copinha somente com os atletas, antes do engenho, havia 220 pessoas confirmadas. “Tomou uma proporção muito grande!”, ele afirma orgulhoso.
O criador do projeto afirma que, apesar de não ter conseguido muitos patrocinadores, recebeu apoio de jovens que ele guiou anteriormente. “Quando eu tinha 19 anos, eu treinava uma galera sub15 e o patrocinador é um desses meninos que, hoje, tem uma condição melhor que os demais e se dispôs a ajudar.” O patrocinador doou troféus à disputa.
Segundo o organizador, a competição é muito mais que um evento desportivo. “Não é só a Copa. Estamos promovendo um evento interligado à bandeira trans. O que é uma pessoa transgênero? O que ela carrega? Quais são suas dificuldades? Quais são os preconceitos?” A competição é símbolo de representatividade, diversidade e incentivo àqueles que, quando mais novos, não recebiam apoio e seguem fora do radar da profissionalização.

PARA ALÉM DO FUTEBOL
Para além das quatro linhas, o futebol é pertencimento e amizade. “Eu nunca tive contato com outros caras trans. Eu não tive amigos trans. Eu não tinha pessoas próximas para conversar. A principal parte de participar do time é a resenha.”, conta Theo Sander, 29 anos, professor de matemática que entrou no T Mosqueteiros, time paulista de futebol formado por homens trans.
Theo conta que, desde muito novo, é amante do futebol. Seu pai o incentivou a procurar uma escola preparatória, chegou a treiná-lo para ser goleiro, mas sua mãe não apoiou a ideia, afinal, “futebol não é para meninas”. “Eu falo para ela, hoje, que isso é uma das coisas que mais me machucou.”, desabafa o lecionador.
O professor explica que, quando começou a pensar na transição, passou a acompanhar pela internet homens trans que já participavam do time. Theo hesitou em entrar em contato com a equipe por dois meses, mas em junho de 2022, acompanhou um treino do T Mosqueteiros.
“Trazer para sociedade olhar o futebol não só com outros olhos mas enxergar as pessoas como ser humano. Se a pessoa é feliz jogando futebol, não tem porque julgar. Não só o futebol é inclusivo.A vida em si é inclusiva e as coisas podem ser inclusivas.”, afirma Victor Miguel.
Esta reportagem foi produzida como atividade extensionista do curso de Jornalismo
A história em quadrinhos (HQ) “Gender Queer: A Memoir”, conhecida por ser a obra literária mais censurada dos Estados Unidos, assim como sue autore, Maia Kobabe, foi banida por pais LGBTQIAfóbicos, que consideraram o livro inapropriado para seus filhos. Mesmo assim, a polêmica trouxe boas consequências para Maia e para a comunidade LGBTQIA+ como um todo. O primeiro passo para entender bem a situação é contextualizar a relação da população americana com livros semelhantes.
A censura de livros nos Estados Unidos
Segundo a American Library Association (ALA), houve 1.269 pedidos de censura a um total de 2.571 livros em 2022, quebrando recordes em relação aos anos anteriores. A maioria dos pedidos (58%) teve como alvo livros em bibliotecas escolares, e o restante, em bibliotecas públicas.
Ao contrário do que se viu diversas vezes ao longo da história, a censura não partiu do governo, mas sim da população. Grupos conservadores, principalmente associações de pais, são os maiores responsáveis pelos números surpreendentes divulgados pela ALA, e isso fica evidente quando sabemos que os principais temas desses livros são referentes à comunidade LGBTQIA+, pautas raciais e feminismo.
O jornal The Washington Post divulgou que 68% dos livros censurados são sobre histórias queer, ou seja, que falam sobre identidades de gênero e orientações sexuais que fogem do que é considerado comum. Além de “Gender Queer: a Memoir”, outros exemplos são “Lawn Boy”, de Jonathan Evison, e “Melissa”, de Alex Gino.
Maia Kobabe e “Gender Queer: A Memoir”
Maia (que utiliza pronomes neutros) nasceu em 1989, designade de gênero feminino, e, apesar de crescer em uma época mais conservadora do que atualmente, é da Califórnia, historicamente um dos estados mais liberais dos Estados Unidos, numa família igualmente liberal.
À medida que amadurecia, Maia questionava cada vez mais quem era, por quem se atraía, se ser homem ou mulher eram as únicas opções que tinha. Então, quando estava no ensino médio, se assumiu como bissexual (e, mesmo assim, não sentia atração sexual pelas pessoas com quem se relacionou, e posteriormente também se assumiu assexual), e foi bem aceite por sua família e seus colegas de escola. Mas foi só quando já era adulte que começou a se afirmar publicamente como uma pessoa não binária. Seus pais, apesar de serem compreensivos, tiveram dificuldade de entender a nova revelação de filhe; afinal, as discussões sobre transgeneridade ainda eram muito escassas na época, mais do que as sobre orientação sexual.
Foi assim que Maia, então graduanda em artes, começou a usar suas obras para contar sua história. Elu transcreveu seus sentimentos e suas memórias em HQs, tanto para autoconhecimento quanto para tentar explicar melhor para seus pais o que e faz ser o que é. Foi assim que “Gender Queer: A Memoir” nasceu.
O banimento de “Gender Queer: A Memoir”
A HQ de Maia foi publicada em 2019, com a discreta quantidade de 5 mil cópias, passando despercebida pelo grande público naquela época. Mas isso mudou dois anos depois.
Em setembro de 2021, “Gender Queer: A Memoir” foi colocada sob os holofotes após a viralização do vídeo de uma mãe, moradora do Condado de Fairfax, no estado da Virgínia, discursar raivosamente sobre a HQ em uma reunião do conselho escolar do condado. A obra de Maia foi, então, censurada em Fairfax. Nas semanas que se seguiram, “Gender Queer: A Memoir” foi também alvo de banimento e tentativas de banimento em outros estados, como Nova Jersey, Flórida, Texas, Carolina do Norte e do Sul, sendo os quatro últimos conhecidos pelo grande número de conservadores.
Uma das principais alegações desses grupos para justificar suas investidas contra a HQ é o conteúdo erótico contido nela. Para contar seu processo de descoberta em relação à sexualidade, Maia se utiliza de cenas de relações sexuais (tanto experiências próprias quanto fantasias), não de uma forma gratuita, do sexo pelo sexo, mas sim para dar profundidade aos seus relatos. É devido a isso que elu mesme classifica sua obra como apropriada para jovens a partir da idade de ensino médio.
Em contrapartida, mesmo com banimentos ao redor do país, as vendas da HQ são muito maiores do que eram antes da polêmica. Além disso, muitos estudantes, pais, professores e bibliotecários se opuseram à censura em massa de “Gender Queer: A Memoir”, em defesa da liberdade de expressão: eles, assim como Maia, reconhecem a importância da obra e de outras obras que abordem o tema LGBTQIA+ para ajudar os jovens da comunidade a se descobrirem, se aceitarem e se sentirem compreendidos, sabendo que mais alguém passou pelo que eles passam.
“Gender Queer: A Memoir” no Brasil
No início do mês de junho, a HQ de Maia chegou ao Brasil através da editora Tinta-da-China Brasil, da Associação Quatro Cinco Um.
Em entrevista à Agemt, o diretor editorial Paulo Werneck reforça a importância da obra, agora para os jovens brasileiros: “Esse é um ponto no qual Maia insiste em textos que publicou na imprensa: jovens queer precisam de histórias queer. Muitas vezes pessoas sofrem isoladas em famílias conservadoras ou cidades pequenas, sem horizontes mais amplos, e é na biblioteca que encontram livros como GQ, que trazem conforto.” Ele ainda acrescenta: “No século 20 esse tipo de questão foi observado na literatura gay, que funcionou como uma janela que se abria para muita gente que vivia sozinha, incompreendida. Talvez agora, no século 21, isso tenha se deslocado para a literatura de pessoas trans.”
Sobre a possibilidade de censura também no Brasil, Werneck diz: “Não faltam tentativas de censura a livros no Brasil, e muitas vezes elas acontecem aqui da mesma forma do que lá: pais indignados com a exposição de seus filhos a livros de conteúdo supostamente perigoso, nocivo. As tentativas de censura deram errado, pois transformaram o livro em best-seller. Mas vendo a repercussão nos Estados Unidos e em outros países, penso que o que prevalece é a beleza do livro, o encantamento dos leitores com a história de Maia, o debate sobre tolerância e afetividade que ela gera.”
No dia 10 de junho, aconteceu na Avenida Paulista a 27ª Parada do Orgulho LGBT+, com o tema "Políticas Sociais para LGBT+: queremos por inteiro e não pela metade", numa enorme festa que abraçou diferentes orientações sexuais e identidades de gênero.
A Parada atravessou o coração da cidade ao som de muita música, incluindo grandes artistas membros da comunidade, como Pabllo Vittar e Daniela Mercury, acompanhada de falas empoderadoras de figuras públicas militantes desse meio. Ao longo de uma tarde de domingo, milhões de pessoas se juntaram para celebrar suas vidas sendo do jeito que são e lutar por elas, não tolerando nenhum tipo de LGBTfobia, na maior Parada do Orgulho do mundo.









/ Foto: Reprodução/ TV Globo
Neste último sábado (10), duas jovens foram agredidas verbalmente e uma delas teve até o seu cabelo queimado. Beatriz Sttefany Vilella e a Gabrielly Vitória trabalham como profissionais do sexo na Avenida Brasil, próximo a Bangu, no Rio de Janeiro. Enquanto as duas jovens esperavam pelos seus clientes, um carro se aproximou com quatro homens proferindo insultos e falas transfóbicas.
Nas redes sociais, viralizou um vídeo dos agressores. Um deles, que ainda estava dentro do veículo, usou um lança-chamas improvisado contra as duas mulheres, atingindo Beatriz. A gravação foi feita pelo motorista, e nela é possível ver os criminosos acelerando e rindo após o ataque.
Segundo apuração do G1, as vítimas relatam que os criminosos voltaram ao local do crime, no dia seguinte, para tentar suborná-las a não denunciarem, nem exporem o caso. Nesta segunda-feira, as mulheres abriram um boletim de ocorrência.
A polícia investiga o crime, que foi registrado como injúria por preconceito e tentativa de lesão corporal. O vídeo que circula na internet está sendo utilizado para ajudar na identificação dos criminosos. Beatriz também disse que, apesar de ter perdido suas tranças devido ao fogo, nem ela e nem a sua amiga se feriram gravemente. “A gente tem que fazer justiça, ainda mais nesse mundo LGBT", declara. "A gente sofre muito".

Os dados coletados pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) para o Relatório Anual de 2022 mostram que o Brasil é, pelo 14° ano consecutivo, o país com maior número total de homicídios de pessoas trans. Segundo a última edição do dossiê, foram 131 vítimas no ano passado, sendo que a maioria tinha entre 18 e 29 anos.
Além das mortes, outra preocupação da comunidade trans é com a agressão sofrida diariamente por essa população. Uma pesquisa feita pelo Instituto Locomotiva mostra que este grupo sai menos de casa do que as pessoas cisgênero, pelo medo de sofrer alguma violência como a que ocorreu com Beatriz e Gabriella, em plena avenida. O estudo também indica que nove em cada dez pessoas trans temem sofrer algum tipo de agressão ou assédio em deslocamentos de tráfego urbano. Quatro em cada dez afirmam que já foram vítimas de transfobia só por andar pela cidade
Por que isso é um problema estrutural?
A violência mortal-intencional tem como maior alvo as mulheres trans. Segundo pesquisa já mencionada, 95% das mortes do grupo remetem à população feminina. Dos 131 assassinatos ocorridos no ano passado, só 1 era homem.
Segundo o dossiê de 2022 do Observatório de Mortes e Violências contra LGBTQIA+, 60,8% dos homicídios contra travestis e transexuais ocorreram em espaços públicos e cerca de 75% durante a noite. O público mais atingido por essas violências são profissionais do sexo.
Ainda segundo o documento, aproximadamente 90% das mulheres trans possuem como principal fonte de renda a prostituição e, por isso, estão mais suscetíveis às Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST's). Essas vulnerabilidades ocasionam em uma expectativa de vida de apenas 35 anos para pessoas transexuais no país.
Somado a isso, os dados coletados durante uma análise feita pelo Antra, no qual foram levados em conta um período de seis anos (de 2017 a 2022), o Rio de Janeiro, onde ocorreu o crime, permaneceu entre os cinco estados que mais matam pessoas trans no país.

O que é um comportamento transfóbico?
Segundo o Antra, o comportamento transfóbico é qualquer atitude que tenha o objetivo de inferiorizar pessoas trans, podendo ou não incluir agressões físicas, verbais, patrimoniais e/ou psicológicas. Ou seja, quando a identidade de gênero é o fator que determina a violência.
O que as vítimas de transfobia podem fazer depois de sofrerem algum tipo de violência?
Em parceria com a Asssociação de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT), criou uma cartilha com indicações de medidas que podem ser tomadas.
Em primeiro lugar, eles orientam que a vítima deve procurar a delegacia mais próxima para registrar um boletim de ocorrência - isso pode ser realizado em qualquer unidade. Entretanto, a DECRADI (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância) e a DEAM (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) podem estar mais preparadas para conduzir o caso.
No processo de denúncia, é necessário indicar testemunhas do crime, se possível, informando também seus nomes e as formas de contato. Além disso, é preciso apresentar provas concretas do ocorrido, como vídeos de câmeras de vigilância. A importância de fazer a queixa é para que se possa ter uma análise mais concreta dos dados de violência contra pessoas trans, visto que a subnotificação dos casos e a consequente dificuldade de estudo foi um problema apontado pelo Antra durante o relatório.
Outra dica a ser destacada é a busca por orientação jurídica e de ONG's que prestam apoio à comunidade. Algumas das quais, inclusive, prestam amparo em questões jurídicas, como no caso de crimes cometidos contra essa parcela da população