O presidente Lula discursou, na última terça-feira (24), na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque. Em sua fala, de cerca de 20 minutos, o mandatário destacou as ações de Israel em Gaza e, mais recentemente, no Líbano.
Lula enfatizou que o mundo vive o período de maior número de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial e constatou que os gastos militares no globo aumentaram pelo nono ano seguido, atingindo a marca de 2,4 trilhões de dólares.
Sobre o Oriente Médio, ele classificou a situação como “uma das maiores crises da história recente”, e criticou Israel ao dizer que o “direito à defesa” alegado pelo país, se tornou um “direito de vingança” e que há uma punição coletiva para o povo palestino e não só ao Hamas, como diz o governo israelense.
"São mais de 40 mil vítimas fatais, em sua maioria, mulheres e crianças. O direito de defesa transformou-se no direito de vingança, que impede um acordo para a liberação de reféns e adia o cessar-fogo".
O presidente brasileiro também citou brevemente os conflitos do Iêmen e do Sudão, esse na África, mas que afeta o maior número de pessoas em termos absolutos. Segundo dados da ONU, quase 25 dos 48,7 milhões de habitantes precisam de ajuda humanitária para sobreviver no país africano.
Guerra no Leste Europeu
O presidente ainda lembrou da guerra entre Ucrânia e Rússia, que se estende desde fevereiro de 2022. Ele retomou o plano sino-brasileiro para a paz.
“Já está claro que nenhuma das partes conseguirá atingir todos os seus objetivos pela via militar. [...] Criar condições para a retomada do diálogo direto entre as partes é crucial neste momento. Essa é a mensagem do entendimento de seis pontos que China e Brasil oferecem para que se instale um processo de diálogo e o fim das hostilidades.”
Reforma na ONU
Lula criticou a posição da própria ONU. Segundo ele, as Nações Unidas não conseguem assegurar a segurança e soberania da Palestina, sendo pouco eficaz em combater a violência, não só em Gaza, como também em outras partes do mundo. Ele também defendeu uma reforma, já que a Organização tem pouca representação dos países do Sul Global, e não abrange o mundo inteiro como na época que foi idealizada.
“Prestes a completar 80 anos, a Carta das Nações Unidas nunca passou por uma reforma abrangente. A versão atual da Carta não trata de alguns dos desafios mais prementes da humanidade. Na fundação da ONU, éramos 51 países. Hoje somos 193. Várias nações, principalmente no continente africano, estavam sob domínio colonial e não tiveram voz sobre seus objetivos e funcionamento. A exclusão da América Latina e da África de assentos permanentes no Conselho de Segurança é um eco inaceitável de práticas de dominação do passado colonial.”
Os ataques entre Hezbollah e Israel foram tema do discurso de diversos líderes mundiais presentes na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na última terça-feira (24).
O Secretário Geral da organização, António Guterres, criticou países que descumprem resoluções da ONU, sem citar Israel, e afirmou que eles não podem deixar que o Líbano vire outra Gaza. Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, acrescentou que uma guerra total no Oriente Médio “não interessa a ninguém”.
O embaixador israelense na ONU informou que o país não tem interesse em invadir o território libanes. Após discurso na Assembleia, o Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, condenou novamente as ações israelenses no norte do Líbano, na quarta-feira (25).
Iniciado em outubro do ano passado, o conflito entre o grupo Hezbollah e o Estado de Israel começou após a organização que fica localizada no norte do Líbano, atacar a região fronteiriça onde soldados israelenses estavam posicionados.
A ação ocorreu em resposta à guerra na região da Faixa de Gaza entre o grupo Hamas e Israel, que completa um ano no dia 7 de outubro. Desde então, o grupo Hezbollah e o Estado de Israel vêm trocando ofensivas, mas foi na semana passada que o conflito entre os dois se intensificou.
Um ataque terrorista ao sistema de comunicação móvel de integrantes do Hezbollah ocorreu na terça (17) e quarta-feira (18). O governo libanês e o Hezbollah acusam Israel pela autoria das explosões, já Israel nega qualquer envolvimento.
Na mesma semana, durante um ataque aéreo, na região de Beirute, o comandante da unidade de elite Radwan do Hezbollah, Ibrahim Akil, foi morto. Nos dois ataques pelo menos 82 pessoas morreram e cerca de 3.000 ficaram feridas.
Segundo informações do Ministério da Saúde do Líbano, 650 pessoas, incluindo, pelo menos, 35 crianças e 58 mulheres, foram mortas em ataques israelenses desde a manhã de segunda-feira (23). O número representa mais da metade dos libaneses mortos na guerra de 34 dias entre Israel e Hezbollah em 2006.
Em entrevista à Agemt, Rodrigo Amaral, professor do curso de Relações Internacionais da PUC-SP e pesquisador na área de política internacional no Oriente Médio, aponta que esses ataques podem ser uma tentativa do Estado de Israel de estender a conflitualidade contra o Hamas para a região norte do Líbano.
“Tendo em vista que Gaza está sob escombros, o Hamas não tem qualquer possibilidade de reação por lá. A ideia israelense é muito provavelmente, tudo isso na prova da probabilidade, destruir o outro inimigo regional mais próximo que é o Hezbollah.” explica Rodrigo.
Sobre as declarações dos líderes mundiais na Assembleia, Rodrigo diz que elas têm um impacto mínimo no conflito: “É um passo importante, porque significa que a comunidade internacional pode ser avessa ao que Israel está fazendo. Mas, não existe uma ação tão direta em decorrência das manifestações na Assembleia Geral das Nações Unidas”.
Amaral adiciona que as ações seriam mais eficazes se o Conselho de Segurança da organização determinasse uma resolução consensual para o fim do conflito, mas que “para que essa resolução ocorra, ela implicaria nos Estados Unidos barrarem as ações militares israelenses no Oriente Médio, algo que nunca aconteceu anteriormente” lembra o professor.
Hezbollah:
O grupo fundamentalista nasce no contexto da Guerra Civil Libanesa, sendo uma associação político islâmico-libanês.
“É uma organização política e social, então ele tem não apenas o braço paramilitar, que é o mais famoso que nós conhecemos, mas também um grupo que tem representação no parlamento libanês e que tem ações sociais de grande escala no sul do Líbano, onde esse grupo se desenvolveu” ,comentou.
O professor explica que o Hezbollah surgiu nos anos 80 e 90, para ocupar a deficiência do Estado libanês na época e acabou se tornando um dos principais grupos de oposição contra o Estado de Israel. “Eles têm como aliados indiretos o eixo da resistência no Oriente Médio, forças de mobilização popular no Iraque, os houthis no Iêmen e de forma mais direta o Hamas, mas que também não há qualquer conexão material de aliança, é só uma questão de serem “inimigos” de Israel. Há também uma conexão diplomática com o Irã, mas não há confirmação de ligação de cooperação técnico militar”.
O grupo político islâmico-libanês e o Estado de Israel já estiveram em conflito antes, durante a Guerra do Líbano, em 2006. O conflito, que durou cinco semanas, teve início após membros da organização sequestrarem dois soldados israelenses. Nessa época quase 1.200 pessoas morreram no meio da guerra, sendo a maioria civis.
Apesar da conexão diplomática entre o Hezbollah e o Irã, Amaral não vê o país entrando em um confronto com Israel: “Ele demonstrou que não tem vontade de fazer uma guerra direta com Israel e vice-versa. É improvável a inserção de forças militares iranianas, apesar de ser bastante factível o apoio indireto do Irã ao Hezbollah.”
Mossad:
O pesquisador aponta que os ataques ao sistema de comunicação móvel de integrantes do Hezbollah na semana passada podem ter sido organizados taticamente pelo Mossad - Serviço de Inteligência de Israel e um dos mais desenvolvidos do mundo. Na ocasião, pagers e walkie-talkies de membros da organização foram utilizados como explosivos que atingiram milhares de pessoas.
“O Mossad já atuou outras vezes na história de Israel, começou de maneira mais intensa a partir da Guerra dos Seis Dias em 1967 e desde então Israel tem ações de espionagem ativa contra os seus inimigos”. explica o professor.
Porém, essa é a primeira vez que um ataque desse tipo é tão bem articulado tecnicamente e taticamente, o que demonstra a força da organização “Vimos explosões simultâneas desses equipamentos, houve ali uma manipulação do hardware, de tecnologias que são dos anos 90, anos 2000 e que supostamente têm uma maior dificuldade de hackeamento”, comenta.
O que esperar:
Para os próximos dias, o pesquisador acredita que haja uma intensificação da ação militar israelense “há um risco alto dessa intensificação de operações aéreas militares se tornarem também operações em solo, lembrando que Israel já depositou a 98ª Batalhão das Forças Militares Israelenses na fronteira norte, que é a fronteira com o Líbano, portanto, acionou ali uma possibilidade de invasão, de ocupação, o que seria, basicamente, repetir o que aconteceu em 1982 e 2006”, finaliza.
Na última segunda-feira, dia 23, Israel realizou um amplo ataque aéreo contra diversos alvos no Líbano. Foi o maior e mais mortífero bombardeio desde o início do conflito entre o país e o grupo Hezbollah.
Segundo o Ministério da Saúde do Líbano, 492 pessoas morreram e 1.645 ficaram feridas. Entre os mortos estão 35 crianças e 42 mulheres. O governo libanês informou que também há profissionais de saúde entre as vítimas.
Ao todo, foram atingidos 1.100 alvos no Líbano, inclusive na capital, Beirute. Os moradores das regiões do país atacadas receberam mensagens de texto e de voz enviadas por Israel alertando sobre a iminência dos ataques.
Os ataques desta segunda-feira foram os mais mortíferos no Líbano desde a guerra com Israel em 2006, cujo resultado foi inconclusivo para ambos os lados.
De acordo com Israel, um dos comandantes do alto escalão do Hezbollah, Ali Karaki, está entre os mortos. No entanto, o Hezbollah afirmou em comunicado que Karaki está bem e foi movido para um local seguro.
Em resposta ao bombardeio, o grupo libanês contra-atacou com foguetes, mísseis e drones, deixando várias cidades de Israel em estado de alerta.
As agressões entre Israel e Hezbollah se intensificaram com a operação na faixa de Gaza, no ano passado, e vinham aumentando desde então. Porém, atingiram um novo patamar com a explosão dos pagers e walkie-talkies do grupo extremista na última semana.
Devido à escalada do conflito, o governo dos Estados Unidos anunciou que enviará mais tropas ao Oriente Médio para reforçar as forças americanas já presentes na região.
O primeiro debate entre Donald Trump e Kamala Harris ocorreu na última terça-feira (10) na Filadélfia. O embate, organizado pela ABC News, pode ser o único da eleição devido ao curto tempo e às tensões crescentes entre os partidos, o que torna o confronto ainda mais marcante para a história recente dos Estados Unidos.
Kamala Harris, 59 anos, atual vice-presidente, está na disputa substituindo Joe Biden. Se vencer, Harris será a primeira mulher eleita presidente dos Estados Unidos. Já o seu opositor, Donald Trump, 78 anos, foi presidente de 2017 a 2021, mas perdeu para Biden em 2020 e agora busca retornar ao poder.
O início:
O confronto começou com algo que não se via há 8 anos, os candidatos à presidência se cumprimentaram. Antes mesmo do debate, Harris foi cumprimentar Donald Trump, em um gesto de acalmar os ânimos dessa eleição, que estavam escalando a nível perigoso, sendo o estopim a tentativa de assasinato de Trump.
Harris assumiu uma postura provocativa durante o debate, atitude característica de Trump. Diversas vezes utilizou frases de efeito em tentativas bem sucedidas de desestabilizar o candidato, além de acusá-lo de inimigo da democracia americana.
Já o republicano respondeu firmemente aos ataques, criticou a forma que os democratas o colocam como inimigo da democracia e diz que levou um tiro por culpa deles: “Eu provavelmente levei uma bala na cabeça por causa das coisas que eles dizem sobre mim. Eles falam sobre democracia, eu sou uma ameaça à democracia. Mas eles são uma ameaça à democracia”, disparou.
Aborto:
A candidata construiu seu debate em cima de pautas confortáveis para os democratas. Se posicionou em defesa da liberdade de escolha da mulher quanto ao aborto, enquanto acusou Trump de ser a favor do banimento da prática em todo país.
Ao tentar se defender, o ex-presidente negou a acusação e disse que a decisão cabe a cada estado. Ao atacar Harris, afirmou que o Partido Democrata é a favor de executar bebês após o nascimento e foi logo desmentido pela âncora Linsey Davis: “Não há estado neste país onde seja legal matar um bebê depois que ele nasce”.
Imigração:
Trump se aproveitou da crise imigratória no país e trouxe o assunto como pauta-conforto do debate. “Em Springfield (Ohio), eles (imigrantes) estão comendo os cachorros. Eles estão comendo os gatos. Comendo os pets das pessoas que moram lá”
A produção da ABC News entrou em contato com a Prefeitura de Springfield e confirmou que não haviam ocorrências de desaparecimento de animais, desmentindo o republicano mais uma vez.
Harris se esquivou de questões que envolviam o assunto imigração, mas defendeu-se dos ataques de Trump. Alfinetou o candidato republicano ao chamar os comícios de campanha do ex-presidente de “entediantes”: “Você vai notar que as pessoas saem de seus comícios cedo por exaustão e por estarem entediados”, acrescentou.
A democrata lembrou Trump dos crimes que ele está sendo acusado, como os de revolta, tentativa de fraude e pagamento a atriz pornô nas eleições de 2016.
Conflitos Mundiais:
De forma simplista, Trump propunha resolver conflitos vigentes no mundo em seu mandato e disse que se estivesse no poder nos últimos anos, esses conflitos não teriam acontecido.
Harris se posicionou de forma favorável a Israel no conflito com a faixa de Gaza. Afirmou que, juntamente ao Presidente Biden, já trabalham em acordos de cessar-fogo. Ainda assim, acrescentou que o que acontece em Gaza é devastador.
O ex-presidente declarou que sua oponente não apoiava Israel, no entanto Harris contestou dizendo que tal afirmação, além de falsa, era uma distração dos assuntos que realmente eram relevantes.
A democrata, por sua vez, acusou Trump de possuir amizade com os líderes da Rússia e Coreia do Norte e, se estivesse no poder, teria os ajudado.
Para a doutora em Ciência Política e professora de Relações Internacionais na PUC-SP, Natália Nóbrega de Mello, Kamala Harris teve o melhor desempenho: “Em primeiro lugar, ela acabou parecendo mais presidenciável, transmitindo confiança, enquanto ele parecia uma pessoa instável. Em segundo lugar ela soube bem como explorar o gestual.” afirma.
Mello adiciona que Kamala foi impositiva e conseguiu apresentar seus projetos e propostas de forma consistente, enquanto Trump baseou seu debate no medo dos imigrantes.
Apesar do bom desempenho, a professora pontua que não sabe se performance de Harris foi suficiente para ser decisiva neste embate eleitoral bem dividido.
A cantora norte-americana Taylor Swift publicou nas redes sociais, na madrugada da última quarta-feira (11), um texto declarando apoio a Kamala Harris, candidata à presidência dos Estados Unidos pelo partido democrata.
A publicação ocorreu após o fim do debate entre Harris e Donald Trump e recebeu cerca de 2 milhões de curtidas em apenas 1 hora. Swift também compartilhou com os seus 284 milhões de seguidores o site vote.gov que ensina aos usuários como se registrar para as votações que ocorrem em novembro.
Segundo a Administração de Serviços Gerais (GSA), o link foi acessado por mais de 400 mil pessoas em menos de 24 horas.
"Estou votando em Kamala Harris porque ela luta pelos direitos e causas que acredito que precisam de uma guerreira para defendê-los", declarou a compositora.
Na postagem ela relata que assistiu ao debate e ressaltou a importância de se manter informada sobre os candidatos à presidência e suas propostas.
A cantora revelou que foi motivada a ser clara sobre sua posição política quando chegou ao seu conhecimento que Trump havia usado imagens geradas por inteligência artificial que mostravam a artista o apoiando.
Nas fotos manipuladas compartilhadas pelo empresário americano, também havia imagens que mostravam que os fãs da cantora, denominados “swifties” também o endossavam. Como resposta os fãs organizaram o movimento “Swifties for Kamala” que conta com presença em diversas redes sociais, no Instagram a organização possui quase 60 mil seguidores.
A organização apartidária Vote.gov compartilhou que desde que Swift divulgou o link para o site, 52 mil americanos se registraram e 144 mil verificaram os seus status de registro, os dados contam as ações realizadas entre quarta-feira (11) até as 14h de quinta-feira (12).
Através de um comunicado, Andrea Hailey, diretora executiva da organização disse que o impacto da cantora no engajamento dos eleitores é inegável "O importante a lembrar é que o trabalho de Taylor serve como um modelo que todos com uma plataforma podem usar para encorajar os americanos a participar do engajamento cívico."
A publicação da artista foi acompanhada por uma foto dela com um de seus gatos e o texto foi assinado como “Childless Cat Lady” (a versão americana de “tia dos gatos”) em referência às falas de J. D. Vance, vice-presidente de Trump, que chamou Harris e outras mulheres democratas de "um bando de tia dos gatos sem filhos que são infelizes com suas próprias vidas e escolhas e por isso querem tornar o resto do país miserável também", em vídeo publicado em 2021.
Inspirados pela compositora, outras celebridades fizeram as suas próprias versões da publicação. A cantora Stevie Nicks compartilhou uma foto com seu cachorro e lembrou que faltavam apenas dois meses para as eleições. O texto da estrela pop foi curtido por outras celebridades como Lady Gaga, Oprah, Lupita Nyong’o, Reese Witherspoon e Jennifer Aniston.
Taylor Swift demonstrou empolgação com a escolha do governador de Minnesota Tim Walz para a vice-presidência e ressaltou as políticas de defesa dos direitos LGBTQ+, fertilização in vitro e os direitos das mulheres ao próprio corpo administradas por Walz durante os anos de mandato que fizeram de Minnesota um dos estados americanos com as leis mais defensivas e abertas para o acesso ao aborto.
“Eu fiz minha pesquisa e fiz minha escolha. Sua pesquisa é toda sua para fazer, e a escolha é sua”, finalizou a estrela pop que lembrou que é preciso estar registrado para poder votar e incentivou as pessoas a votarem mais cedo, já que nas eleições americanas é possível enviar os votos de forma adiantada pelos correios.
Durante o Video Music Award (VMA) que aconteceu em Nova Iorque, na noite de quarta-feira (11), a cantora, ao ganhar o prêmio mais importante da noite, o “Vídeo do Ano”, reforçou o pedido, uma vez que nos Estados Unidos votar é opcional “Se você tem mais de 18 anos, registre-se para votar em outra coisa importante - a eleição presidencial”.
O momento escolhido por Swift para a publicação permitiu respostas quase imediatas. Donald Trump, em entrevista ao programa “Fox and Friends” realizada após ao debate comentou a decisão da cantora: “Ela é uma pessoa muito liberal, ela sempre parece apoiar um democrata e provavelmente pagará o preço por isso no mercado”.
Apesar da fala de Trump, as manifestações prévias da artista a candidatos democratas não a impediram de conseguir atingir estimados 1 bilhão de dólares com a sua atual turnê “The Eras Tour”, que volta em novembro com shows esgotados nos Estados Unidos e Canadá.
“Eu sou incrivelmente grato a Taylor Swift, e eu digo isso como um dono de gato” confessou Tim Walz. O vice-presidente de Harris estava ao vivo no programa “MSNBC” quando a apresentadora Rachel Maddow leu a declaração de apoio recém-publicada, a qual Walz demonstrou empolgação durante a leitura. “Isso foi eloquente e claro, é o tipo de coragem que nós precisamos na América para nos levantarmos”, comentou.
Kamala Harris ainda não comentou o apoio de Swift a sua candidatura, mas saiu do debate presidencial ao som da música “The Man” da cantora. Uma hora depois do texto ter sido publicado nas redes sociais, Harris colocou à venda em seu site online pulseiras da amizade, que desde 2023 viraram símbolos para referenciar Taylor Swift.
Na sexta-feira (13), o partido democrata divulgou um outdoor de Kamala Harris com alusão a atual turnê de Taylor Swift. O anúncio conta com uma imagem de Harris com a frase “Estamos na nossa era Kamala” e o link para o site I Will Vote que ensina os eleitores a como se registrarem e responde dúvidas sobre o processo de votação americano, o outdoor está disponível digitalmente e o partido democrata pretende exibi-lo na Times Square em Nova Iorque e em Las Vegas.
No mesmo dia, usando uma estratégia semelhante, Trump colocou à venda em seu site uma camiseta em referência a The Eras Tour, estampando a imagem do candidato com o mesmo design usado para os pôsteres de divulgação da turnê.
O posicionamento do ex-presidente americano acaba revelando um padrão de ataques à cantora. Apesar das críticas a outras celebridades que o desaprovaram durante sua carreira política, o empresário demonstrou um descontentamento maior com Taylor Swift do que com outras estrelas.
O Histórico Político de Swift
Desde o início de sua carreira Taylor manteve uma imagem de “garota ao lado”, sempre muito educada, respeitosa e simples, sem manifestar suas opiniões políticas.
Nascida no estado da Pensilvânia, a cantora se mudou ainda muito nova para a cidade de Nashville no Tennessee, um estado extremamente conservador e republicano.
Com raízes musicais no country, a artista confessou em uma entrevista realizada em 2019 pelo jornal britânico The Guardian que sempre foi aconselhada a não ser igual ao trio musical The Chicks, que recebeu ataques da mídia e do público após as integrantes se posicionarem contra a guerra do Iraque. “Eu assisti a música country apagar aquela vela. O grupo mais incrível que tínhamos, só porque elas falaram sobre política”, lamentou a cantora.
Mesmo com o medo de sofrer ataques similares aos que o trio recebeu, Swift decidiu se manifestar politicamente pela primeira vez em 2018, quando criticou em uma postagem do Instagram a candidata ao Senado Marsha Blackburn e declarou apoio ao democrata Phil Bredesen. Donald Trump, que era presidente na época, foi questionado por repórteres na Casa Branca o que achava do posicionamento da cantora: “Vamos dizer que eu gosto da música de Taylor cerca de 25% menos agora, ok?”, declarou o ex-presidente.
No ano de 2020 Taylor Swift lançou seu documentário produzido pela Netflix intitulado “Miss Americana”, no longa - que foi gravado entre os anos de 2018 e 2019 - questões como inseguranças da artista, sua relação com a mídia e, principalmente, seu posicionamento político foram abordadas. A compositora declarou no documentário ser contra Donald Trump e o partido republicano, acrescentando que se sentia arrependida de não ter se manifestado contra o empresário durante as eleições presidenciais de 2016.
No mesmo ano de lançamento de “Miss Americana”, Trump começa sua campanha de reeleição à presidência, desta vez contra Joe Biden. A campanha foi marcada por falas sensacionalistas e preconceituosas vindas do então presidente, uma delas em relação aos protestos do movimento “Black Lives Matter” que aconteciam na cidade de Minneapolis, lugar onde George Floyd foi assassinado pelo policial Derek Chauvin.
Em seu perfil no X - antigo “Twitter”, Trump escreveu que “quando o saque começar, o tiroteio começará”, o que rendeu uma resposta de Swift na mesma plataforma: “Depois de alimentar o fogo da supremacia branca e do racismo durante toda a sua presidência, você tem a coragem de simular superioridade moral antes de ameaçar violência? ‘Quando os saques começam, os tiros começam’? Nós vamos tirar você com o voto em novembro”, declarou a cantora, em seguida declarando apoio à Joe Biden.
Em 2022, os Estados Unidos passou por um enorme retrocesso em relação aos direitos das mulheres, o caso “Roe x Wade” que garantiu o direito a um aborto seguro para mulheres no ano de 1973 foi revogado. A Suprema Corte decidiu a favor da proibição do aborto no Mississipi, fazendo com que outros estados pudessem implementar o mesmo. Diversas celebridades se manifestaram contra essa decisão em diversas plataformas e Taylor Swift foi uma delas.
A estrela compartilhou uma carta aberta da ex-primeira dama Michelle Obama em seu perfil do X, acrescentando que se sentia “absolutamente apavorada que esse é o lugar em estamos”.
Desde então, a última vez que a cantora havia se manifestado politicamente foi em 2023, quando postou um link do site Vote.org em seu Instagram. A organização divulgou que graças a postagem de Swift, 35 mil pessoas se registraram para votar no tempo em que a publicação esteve no ar.