Nesta terça-feira (06), os Estados Unidos confirmaram a vitória de Donald Trump na corrida pela Casa Branca. O republicano irá, pela segunda vez, ocupar o cargo de presidente do país. Porém, além da vitória de Trump, o Partido Republicano dominou as eleições, elegendo 34 senadores e 203 deputados.
Com 34 senadores, o partido de Donald Trump conquistou a maioria das cadeiras do Senado, retomando o controle da Casa, que estava com os democratas desde 2020. Das 100 cadeiras, os republicanos terão 54, formando a maioria. Até então, o Senado era composto por 51 democratas e 49 republicanos.
O Partido Democrata perdeu uma cadeira na Virgínia Ocidental com a vitória do republicano Jim Justice e outra em Ohio, onde os republicanos derrubaram o senador democrata Sherrod Brown e elegeram Bernie Moreno.
O democrata Jon Tester, que vinha de um mandato popular de três mandatos, perdeu para Tim Sheehy, apoiado por Trump. Sheehy é um ex-militar da Marinha que fez comentários depreciativos sobre os nativos americanos, chegando a dizer que eles “ficavam bêbados às 08h da manhã”. Apesar disso, ele saiu vitorioso contra o democrata.
Nos Estados Unidos, cada senador tem um mandato de seis anos, com eleições realizadas a cada dois anos para renovar um terço das cadeiras.
Já na eleição para a Câmara, diferentemente do Senado, todos os 435 assentos estavam em disputa. A renovação integral ocorre a cada dois anos. Os republicanos asseguraram 203 cadeiras, enquanto o Partido Democrata conquistou 181, algumas vagas ainda aguardam a conclusão da contagem.
Com a maioria na Câmara e no Senado, o Partido Republicano terá o controle das pautas nas casas. A presidência do Senado é sempre do vice-presidente, que, a partir do próximo ano, será JD Vance.
Além disso, há a possibilidade de Trump indicar mais representantes para a Suprema Corte, caso algum dos ministros se aposente. Quem vota na indicação do presidente é sempre o Senado e, com a maioria, isso ocorrerá.

Com vantagem esmagadora, Donald Trump conquista a Casa Branca e derrota a democrata Kamala Harris na corrida eleitoral nos Estados Unidos nesta quarta-feira (06). A vitória do magnata não deixa dúvidas do seu impacto sobre o cenário político global e representa uma forte conquista para os partidos de direita no mundo ocidental.
Aos 78 anos, ele se torna o presidente mais velho da história dos Estados Unidos, o primeiro com uma condenação da justiça e o segundo presidente americano a retornar ao poder - o primeiro foi o democrata Grover Cleveland em 1892.

Com uma campanha que apostou em controle migratório, patriotismo, recuperação econômica e o famoso slogan "Make America Great Again" - “fazer a América grande de novo", em tradução livre - foi declarado presidente após conquistar 277 delegados, 7 a mais do que o necessário, e se consagrou 47º presidente.
Trump assume o cargo com a promessa de endurecer as políticas de imigração, fortalecer o mercado interno e reforçar a posição dos Estados Unidos como uma potência econômica e militar. O impacto de sua vitória reflete um desejo de mudança expressado por eleitores insatisfeitos com as políticas da administração anterior de Joe Biden. O retorno de Trump marca uma guinada conservadora mundial.
Esta vitória arrasadora foi um choque para todas as pesquisas. Trump ganhou em todos os estados-pêndulo e derrubou a muralha azul em Wisconsin, Michigan e Pensilvânia.
Até a finalização desta matéria, Donald Trump contabilizava 50,9% dos votos (295 delegados) frente aos 47,6% (266 delegados) de Kamala Harris.


Na manhã da última quarta-feira (6), na Flórida, o agora reeleito presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez discurso de vitória para seus apoiadores. Juntamente com J.D. Vance, vice-presidente republicano, Trump promove posicionamento combativo e promete mudanças no país.
Já no início da fala, Trump afirma que o país está “doente” e precisa de cura, colocando as fronteiras como parte do processo. Durante toda a fala, ele agradece os apoiadores e ressalta que foi eleito pelo povo.
O republicano afirma que “este será verdadeiramente o auge dourado da América”. A frase foi celebrada por todos que estavam presentes no local, incluindo J.D. Vance e Dana White, empresário e dono do UFC, que também estavam no palanque.
Trump aproveitou para atacar os veículos televisivos, ao se referir à Vance. “Ele é um cara destemido. Ele foi para o campo inimigo, certas redes, como CNN, NBC. Ele é o único que fica ansioso e depois vai e os destrói”.
Outro citado por Donald Trump foi o empresário Elon Musk. Ele citou conversas entre os dois, além de uma visita dele à sede da Starlink. Afirmou que Musk é “gênio”, e que vai trabalhar em conjunto com o empresário em seu governo.
Trump alfineta Arábia Saudita e Rússia. Disse que os Estados Unidos têm mais outro líquido, petróleo e gás do que o resto do mundo, incluindo os sauditas e os russos. Além deles, a China também foi alvo do republicano, que promete reduzir os impostos e declarou que os Estados Unidos possuem poderes que os outros países não possuem. “A China não tem o que nós temos, ninguém tem o que nós temos. Temos as melhores pessoas também, isso é o mais importante.” Evidenciando o desejo pela hegemonia americana que pregou em seu último mandato e durante a campanha.
Donald Trump terminou sua declaração agradecendo novamente os apoiadores e prometeu um futuro “maior, melhor, mais audacioso, mais rico, mais seguro e mais forte do que nunca antes.”
Nos dias 27 e 28 de outubro, Donald Trump e Kamala Harris, postulantes à Casa Branca pelos partidos Republicano e Democrata, fizeram seus discursos finais para as eleições nacionais que ocorrerão no dia 5 de novembro.
Donald Trump
O comício de Donald Trump ocorreu no Madison Square Garden, em Nova Iorque, alcançando a lotação máxima do local de 20 mil pessoas. A escolha do local foi inusitada pois, com todas as comparações ao fascismo em suas falas, Trump escolheu justamente o local do famoso comício de apoio ao nazismo em 1939.

Foto: Angela Weiss/AFP
Discursos feitos por Trump e seus convidados deram um show de preconceito, trazendo falas direcionadas ao marido de Kamala Harris, chamando-o de “judeu de quinta categoria”. A própria vice-presidente sofreu injúrias como: “burra”, “prostituta”, “demônio” e “anticristo”. Além de se direcionar aos eleitores democratas como: “um bando de degenerados”. O último convidado da noite, o comediante Tony Hinchcliffe, em sua fala, chamou o território porto-riquenho de “uma grande ilha de lixo” e completou dizendo que os imigrantes não seriam uma quantidade tão expressiva se soubessem usar contraceptivos.
Trabalhadores próximos ao ex-presidente revelaram para a imprensa após o comício que Trump demonstra interesse em se livrar de Porto Rico, território estadunidense, caso seja eleito. O mesmo já perguntou se seria possível se livrar da ilha, ou trocá-la pela Groenlândia, já que lá não tem “moradores sujos e pobres”, nas palavras do concorrente a Casa Branca.
Mas se engana quem pensa que os absurdos acabam pelos convidados. Donald Trump subiu ao palco para realizar o que está sendo chamado de “O argumento final mais extremo da história moderna”. O discurso foi repleto de mentiras, injúrias e exageros, com muitas falas baseadas no racismo, machismo e seus ideais anti-imigratórios.
Trump trouxe um discurso muito comum entre líderes de extrema-direita ao sugerir que os imigrantes, principalmente os latino-americanos, são culpados pelas frustrações econômicas que os americanos vêm passando durante o governo Biden, ele afirma que a população estava melhor na economia de seu governo e que os imigrantes são os maiores culpados disso. Falas nesse sentido foram comparadas aos discursos de políticos como Hitler e Mussolini nos anos 40 por vários eleitores democratas incluindo Tim Walz, candidato à vice-presidência pela chapa de Kamala Harris.
Com mais polêmica, Trump continua suas falas anti-imigratórias. Segundo ele, a mistura do sangue do imigrante com o sangue americano é um perigo para a raça americana. Além de trazer falas anti-democráticas como: “Essa vai ser a última vez que a América precisa votar em mim”.
Trump foi extremamente criticado internacionalmente pelo discurso durante o comício, mas isso não afetou suas chances de vitória por enquanto.
Kamala Harris
O discurso final de Kamala Harris, um dia após o de Trump, foi realizado no Ellipse, parque ao sul da Casa Branca, o local trouxe 40 mil pessoas para ouvirem o discurso da vice-presidente, o dobro do que ouviu Trump no dia anterior. Sua fala focou na sua promessa de que, caso ganhe a disputa, seu governo trabalhará contra o extremismo que as ideologias de Donald Trump instalaram no país. No atual cenário, onde ambos os candidatos estão empatados tecnicamente, Kamala se dirigiu àqueles indecisos ou com pouca vontade de votar até terça-feira.

Foto: Bonnie Cash/UPI
A primeira crítica da candidata a seu oponente foi que Trump está muito focado em sua “lista de inimigos” enquanto ela trabalha em sua “lista de tarefas”. Kamala também relembra que, há quatro anos, Trump esteve no mesmo local que ela para incentivar a população a invadir o Capitólio no famoso 6 de janeiro de 2021. Ela também se posicionou contra as falas de seu concorrente sobre os imigrantes latinos, em especial a população porto-riquenha.
“Donald Trump pretende usar o exército dos Estados Unidos contra os cidadãos americanos que simplesmente discordam dele. Pessoas que ele chama de ‘o inimigo de dentro’. Este não é o melhor candidato à presidência que está pensando em como tornar sua vida melhor”, disse a vice-presidente. “Este é alguém instável, obcecado por vingança, consumido por queixas e em busca de poder descontrolado”.
Sobre suas próprias propostas, Harris falou sobre expandir o MediCare para a cobertura de assistência médica a domicílio, e apoiar os direitos reprodutivos das mulheres. A democrata também reforçou que acabar com a guerra em Gaza será parte crucial de seu governo.
Ela reforçou que fará uma reforma no sistema migratório do país, dizendo que “não há motivo para trabalhar a imigração como um problema para assustar o eleitor”. Ela ainda pretende ser severa em relação a imigração ilegal, pressionar os cartéis e dar apoio a patrulha fronteireira, mas afirmou que vai proteger os imigrantes legais em território estadunidense.

Nascido em Ohio, James David Vance é senador júnior do estado, eleito em 2023. Filho de Beverly Carol (1961) e Donald Ray Bowman (1959 - 2023), J.D é bacharel em Ciências Políticas e Filosofia formado pela Ohio State University em 2007, e atuou em um escritório de direito por dois anos.
Relação com o empresariado americano
A carreira política começou há alguns anos, após ter fundado a Our Ohio Renewal, em 2017. Segundo o próprio candidato, o instituto tinha o intuito de “tornar mais fácil para as crianças carentes realizarem seus sonhos”. Mas ele negava que tivesse algum intuito político.
Entretanto, uma matéria publicada pelo New York Times em 2022 revelou que a instituição estava apenas focada em trabalhar para a campanha de Vance. O jornal ainda analisou documentos do instituto e descobriu que Vance mentiu sobre o dinheiro arrecadado e o classificou como “organização de bem-estar social” para o governo americano, apenas como forma de trabalhar para a sua campanha eleitoral. Ao todo, o projeto arrecadou 200.000 dólares e terminou oficialmente em 2021.
Desde que se tornou um potencial político, Vance foi apoiado por grandes empresários de Ohio. Em 2018, considerou concorrer ao senado contra o candidato democrata Sherrod Brown, mas desistiu.
Carreira política
Em março de 2021, Peter Thiel, cofundador do PayPal, doou 10 milhões de dólares para o comitê de J.D, chamado de Protect Ohio Values. Além dele, o cientista de dados Robert Mercer também doou uma quantia que não foi revelada. No dia 1° de julho daquele mesmo ano, o republicano anunciou sua candidatura para o Senado de seu estado.
Durante o período eleitoral, ele derrotou Josh Mandel e Matt Dolan nas eleições primárias e nas eleições gerais, bateu o candidato democrata Tim Ryan, com 53% dos votos totais. No dia 3 de janeiro de 2023, J. D Vance tomou posse como membro do 118° Congresso dos Estados Unidos.
Uma pesquisa feita em julho deste ano mostrou que Vance fez 45 discursos no Senado e participou de 57 projetos de lei, sendo nenhum deles aprovado pelo Senado. Além disso, foi co-participante de 288 outros projetos de lei, e dois deles foram aprovados pelo Senado, mas logo foram barrados pelo presidente Biden.
Em junho de 2023, James votou contra a Lei de Responsabilidade Fiscal de 2023, que proibiu o aumento do teto de gastos do país. Em julho daquele ano, o senador apresentou um projeto que penalizava qualquer um que participasse do fornecimento de cuidados de gênero para menores de idade. O projeto tornaria o cuidado de afirmação de gênero um crime federal, com pena de até 12 anos de prisão. No último dia 15 de julho, J.D foi anunciado por Trump como vice do candidato, após ter apoiado o candidato à presidência nas eleições primárias.
Por sua posição política, J.D Vance é descrito como conservador. Além de ser contrário ao aborto, ele se posiciona contra o casamento homoafetivo e ao controle de armas. Em algumas oportunidades, afirmou que a ausência de filhos em adultos está ligada à sociopatia e classificou as universidades como “inimigas”.