A Republica Democrática do Congo - herança colonial em meio a sangue e cobalto.
por
Pedro Bairon
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16/06/2025 - 12h

 

“Da borracha à maçã” é um documentário que traça a longa linha de continuidade entre a violência colonial imposta ao Congo e os horrores da guerra civil que ainda hoje assombram o país. A partir da exploração genocida promovida pela Bélgica no século XIX, o filme revela como as feridas abertas pelo colonialismo jamais cicatrizaram — apenas se transformaram em novas formas de conflito, exclusão e disputa por poder.

O documentário mergulha nas causas históricas e étnicas da guerra civil congolesa, dando atenção especial à tensão entre tutsis e hutus, grupos marcados por rivalidades que ultrapassam fronteiras e carregam os traumas do genocídio em Ruanda. A entrada de milícias hutus no leste do Congo após 1994, e a resposta armada dos tutsis, reacenderam conflitos internos, arrastando a população civil para o centro de uma guerra prolongada, brutal e muitas vezes esquecida pelo olhar internacional.

“Da borracha à maçã” não é apenas um registro de tragédias; é uma crítica à forma como a história se repete quando as raízes da violência são ignoradas. Mostra que o mesmo sistema que arrancou borracha das florestas a golpes de chicote, e que hoje arranca cobalto das minas congolesas, deixou um legado de instabilidade, impunidade e sofrimento. Um chamado à memória e à justiça, diante de um conflito que não começou nos anos 1990 — mas sim nos porões do colonialismo europeu

 

Duração: 26:10 

Autor: Pedro Bairon 

Para visualizar o documentário acesse o link:  

.https://youtu.be/kqtTs-vZCwo

Voluntários foram vítimas de sequestro ilegal em alto mar
por
Maria Mielli
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11/06/2025 - 12h

Nesta segunda-feira (9), o barco Madlen — batizado em homenagem a primeira e única mulher pescadora de Gaza — que levava Greta Thunberg, Thiago Ávila e outros ativistas ligados à organização Coalizão Flotilha da Liberdade foi interceptado e sequestrado pelas forças israelenses.

Os voluntários, que tinham como missão romper o bloqueio de Israel a faixa de Gaza e transportar ajuda humanitária até o povo palestino, foram alvos de drones e soldados que impossibilitam a chegada de qualquer tipo de ajuda à região. 

“A conexão foi perdida no Madleen. O exército israelense abordou o navio” foi a última mensagem dos ativistas, em seu canal de comunicação no Telegram. 

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Bombardeio no dia 1 de junho em Gaza/ Foto: Jehad Alshrafi
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Terça-feira (10), o Ministério das Relações Exteriores, afirmou que Thiago Ávila já chegou ao aeroporto de Tel Aviv (Israel) e conta com o apoio da embaixada brasileira que assiste o caso de perto. O esperado era que ele e os demais ativistas fossem deportados para seus respectivos países, mas até o momento da publicação dessa matéria, Thiago e outros 8 voluntários, como a deputada franco-palestina Rima Hassan, seguem sob prisão política de Israel. Greta foi a única verdadeiramente deportada. Os demais se recusaram a assinar o termo proposto pelos israelenses e foram enviados para prisão em Givon. Thiago aderiu greve de fome e Rima foi enviada a confinamento solitário após escrever "Palestina livre" em parede da prisão. 

“Eles cometeram um ato ilegal nos sequestrando em águas internacionais e contra nossa vontade nos trazendo para Israel, nos mantendo no fundo do barco, não nos deixando sair e assim por diante. Mas essa não é a história real aqui. A verdadeira história é que há um genocídio acontecendo em Gaza e uma campanha de fome sistemática” afirma a ativista Greta, em vídeo divulgado pela Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal).

Em janeiro deste ano, o site de notícias BBC, apurou que, até então, o número de palestinos mortos passava da casa dos 46 mil. Fora a destruição local, no qual diversos hospitais e escolas, e seus respectivos frequentadores (crianças e profissionais da saúde) foram também vítimas dos ataques de Israel. 

A guerra que dura mais de 2 anos é marcada por ser uma das mais violentas e desonestas da história, repleta de crimes de guerra. Israel não ataca somente os palestinos, mas também aqueles que demonstram apoio e/ou estão tentando exercer seu trabalho, como é o caso da imprensa. Em abril deste ano, durante a madrugada, tendas de imprensa do hospital Nasser, localizado no sul da Faixa de Gaza, foram vítimas de bombardeios. O ataque assassinou os jornalistas Helmi al-Faqawi e Yusef al-Jazindar e deixou outros sete feridos. 

Fatma Hassona, fotojornalista palestina responsável por divulgar diversas barbáries, foi outra vítima do exército israelense e morreu ao lado de nove membros da sua família. O cineasta Hamdan Ballal, co-diretor do documentário vencedor do Oscar No other land — que expõem as vivências dos palestinos — foi vítima de um sequestro que o deixou algemado por uma noite sendo torturado numa base militar, segundo o colega e diretor do filme, Yuval Abraham. 

O jornalista palestino Ahmed al-Naouq, em entrevista realizada no dia 3 de junho ao canal Piers Morgan Uncesored, afirmou: “Essa não é uma guerra religiosa. É uma guerra entre colonização e colonizados. Entre ocupantes e um povo sob ocupação”. Para o presidente da Fepal, Ualid Rabah, esse genocídio é a maior matança de crianças desde a Segunda Guerra. Ainda em recentes postagens, a federação emitiu uma nota oficial no Instagram: "Se a humanidade parou a Alemanha nazista e destruiu seu regime, é nosso dever histórico parar o Israel sionista e destruir seu regime".

Para brasileiro, governo quer causar um estrago imediato na vida dos estrangeiros
por
Tamara Ferreira
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03/06/2025 - 12h

 

No dia 11 de abril, o governo dos Estados Unidos enviou uma carta a Harvard exigindo uma reforma administrativa, auditorias com dirigentes, professores e alunos, além do encerramento dos programas de diversidade, equidade e inclusão. A Casa Branca também determinou a proibição do uso de máscaras — uma medida vista como direcionada aos protestos pró-Palestina, os quais têm sido tratados pelo governo como manifestações movidas por antissemitismo.

Três dias depois, foram congelados os contratos e subsídios federais da instituição, bloqueando cerca de US$2,3 bilhões (13,5 bilhões de reais). No mesmo dia, Alan Garber, presidente da universidade, declarou que as exigências extrapolam os direitos garantidos pela Primeira Emenda da Constituição dos EUA.

“Nenhum governo — independentemente do partido que estiver no poder — deve ditar o que universidades privadas podem ensinar, quem podem admitir ou contratar, e quais áreas de estudo e pesquisa podem seguir”, disse Garber em um comunicado para os alunos. “Esses objetivos não serão alcançados por meio de imposições de poder, desvinculadas da lei, para controlar o ensino e a aprendizagem em Harvard e ditar como operamos”, completou. 

Pessoas protestando contra as medidas do governo Trump.
Pessoas protestando contra as medidas do governo Trump. Foto: REUTERS/Nicholas Pfosi

Ainda em abril, o Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS) afirmou que Harvard poderia perder a autorização para matricular estudantes estrangeiros caso não cumprisse as exigências do governo Trump. Na época, a secretaria do DHS enviou uma carta à universidade exigindo que, até o dia 30 daquele mês, fosse apresentado o registro das chamadas 'atividades ilegais e violentas' praticadas por estudantes estrangeiros com visto. Caso contrário, Harvard perderia o privilégio de matricular novos alunos internacionais.

Na carta enviada à instituição, o DHS declarou: “E se Harvard não puder comprovar que está em total conformidade com seus requisitos de notificação, a universidade perderá o privilégio de matricular estudantes estrangeiros”.

No dia 22 de maio, o governo Trump cumpriu a ameaça e cancelou a certificação do Programa de Estudantes de Intercâmbio de Visitantes da universidade. Com isso, ficou impedida de matricular novos alunos estrangeiros, e cerca de 6,8 mil estudantes internacionais, que representam 27% dos alunos da universidade, foram orientados a buscar transferência para outras instituições.

Um dia depois, após Harvard entrar com uma ação contra o governo, a Justiça dos Estados Unidos decidiu derrubar a proibição. Com isso, os estudantes já matriculados e os novos ingressantes voltaram a ter autorização para obter o visto de estudante no país.

Em entrevista à AGEMT, Danilo Linhares, estudante de Direito de Harvard, afirmou que o objetivo da proibição é causar um estrago imediato nas universidades. “A ilegalidade da medida é tão gritante que é difícil acreditar que o próprio governo ache que tem chance real de vencer na Justiça. Mas acho que o objetivo deles nem é exatamente ganhar. É causar um estrago imediato — muita universidade menor não tem recursos nem disposição para comprar essa briga nos tribunais e, talvez, acabe cedendo às exigências."

Donald Trump justificou as medidas afirmando que Harvard “perdeu o rumo” e que a universidade “só ensina ódio e estupidez”. 

Nas audiências realizadas nos dias 27 e 29 de maio, a juíza Allison Burroughs prolongou a suspensão da decisão do governo, permitindo que Harvard continue recebendo estudantes internacionais até que os dois lados apresentem seus argumentos no tribunal.

Região da Caxemira é reivindicada há mais de sete décadas pelos dois países e concentra interesses estratégicos globais, inclusive da China
por
Chloé Dana
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25/05/2025 - 12h

          Na terça-feira do dia 6 de maio, as autoridades indianas afirmaram que realizaram bombardeios em nove locais que hospedam terroristas na Caxemira controlada pelo Paquistão. O Paquistão, por sua vez, apresentou uma narrativa distinta: informou que houve ataques aéreos em seis áreas, todos voltados a alvos civis, resultando em oito mortes, incluindo a de uma criança. O governo paquistanês comunicou aos meios de comunicação que conseguiu derrubar cinco aeronaves e um drone indiano. O governo indiano responsabilizou o Paquistão, que negou estar envolvido. Os bombardeios foram desencadeados após um ataque que ocorreu em abril na Caxemira indiana, onde 26 vidas foram perdidas devido a uma ação armada em uma área turística. 
As Forças Armadas do Paquistão, na véspera, reivindicaram a destruição de cinco caças indianos na porção da Caxemira sob administração de Nova Délhi. Embora as autoridades indianas não tenham confirmado oficialmente as perdas, uma fonte ligada às forças de segurança, que preferiu não se identificar, informou que três aeronaves militares foram abatidas.

          Ao conversar com o cientista político e ex-professor de Relações Internacionais na UERJ, FGV e Candido Mendes, Maurício Santoro, o profissional nos explica sobre a crescente do conflito da Caxemira desde 1947, as políticas que os países confrotam nos dias atuais e como podemos entender melhor essa história. Veja a reportagem 

 

Ex-presidente uruguaio lutava contra um câncer no esôfago; notícia foi confirmada pelo atual presidente
por
Marcelo Barbosa
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14/05/2025 - 12h

 

 Nesta terça-feira (13), faleceu José “Pepe” Mujica, ex-líder do Uruguai. Aos 89 anos, ele travava uma batalha contra um câncer no esôfago desde abril do ano anterior. A causa exata da morte ainda não foi informada.

Na rede social X, o atual presidente do país, Yamandú Orsi, confirmou a notícia: “É com profunda tristeza que anunciamos o falecimento do nosso colega Pepe Mujica. Presidente, ativista, líder e companheiro. Sentiremos muita falta de você, querido velho. Obrigado por tudo o que nos deu e pelo seu profundo amor ao povo uruguaio.”

Ontem (12), a esposa de Mujica, Lucía Topolansky, já havia declarado que ele estava “em estado terminal e recebendo cuidados paliativos”.

A trajetória de Mujica foi marcada por sua liderança como uma das figuras mais emblemáticas da esquerda no Sul Global. Desde a infância, sob influência da mãe, Pepe se apaixonou pela literatura e pela política. Criado com a irmã, perdeu o pai aos 7 anos de idade. Iniciou sua carreira política como secretário da Juventude no Partido Nacional.

Foi também um dos fundadores e guerrilheiros do Movimento de Libertação Nacional - Tupamaros, grupo que buscava uma revolução socialista no Uruguai. Seus integrantes ficaram conhecidos por realizar assaltos a bancos para redistribuir o dinheiro entre os mais pobres. O período de maior atividade do grupo coincidiu com a ditadura militar no país, entre 1973 e 1985.

Mujica foi capturado quatro vezes, passando seu mais longo período de encarceramento em 1972. Mesmo assim, conseguiu fugir duas vezes. Durante a prisão, foi mantido em solitária e submetido a intensas torturas. Sua primeira detenção foi em 1964, após o assalto a uma fábrica em Montevidéu. Em 1971, foi preso novamente, mas conseguiu escapar junto a centenas de detentos. No total, passou mais de 14 anos na prisão.

Após ser libertado por um projeto de anistia, Mujica participou da fundação do Movimento de Participação Popular. Apesar do passado como guerrilheiro, declarou em entrevista ao jornal Búsqueda que se tornou um defensor da democracia e que considerava seus atos da juventude um erro. Na década de 1990, ocupou os cargos de senador e ministro da Agricultura.

Como presidente do Uruguai (2010-2015), Mujica ganhou notoriedade mundial por defender pautas progressistas, como a legalização da maconha, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a descriminalização do aborto.

Entrou para a história uruguaia como um líder humanista, priorizando o combate à pobreza e à fome. Mesmo no cargo mais alto do país, manteve um estilo de vida simples: recusou-se a morar no palácio presidencial e preferiu continuar em seu sítio nos arredores de Montevidéu. A imprensa internacional o apelidou de “o presidente mais pobre do mundo”. Fiel ao seu Fusca 1987, doava a maior parte de seu salário, reforçando sua imagem de político avesso a luxos.

Reprodução: Reuters/Tony Gentile
Pepe Mujica no Festival de Veneza | Reprodução:Reuters/ Tony Gentile 

Sob sua gestão, a economia uruguaia apresentou resultados expressivos, com crescimento médio anual de 5,4% e redução significativa dos índices de pobreza. Ainda assim, enfrentou críticas da oposição, que o acusava de provocar aumento do déficit fiscal.

Em 2012, Mujica esteve no Brasil para a cúpula Rio+20 da ONU, realizada no Rio de Janeiro. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil emitiu nota de pesar, afirmando: “Ele foi um grande amigo do Brasil.”

Mujica nunca escondeu sua visão serena sobre a morte, como demonstrou em diversas entrevistas: “E, por favor, não vivam com medo da morte, mas, a certa altura da vida, você sabe que, um pouco antes ou um pouco depois, ela vai chegar”, declarou em uma conversa par um livro.

 

Com 34 senadores e 203 deputados, o partido de Trump conquista a maioria dos votos
por
Vicklin Moraes
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07/11/2024 - 12h

Nesta terça-feira (06), os Estados Unidos confirmaram a vitória de Donald Trump na corrida pela Casa Branca. O republicano irá, pela segunda vez, ocupar o cargo de presidente do país. Porém, além da vitória de Trump, o Partido Republicano dominou as eleições, elegendo 34 senadores e 203 deputados.

Com 34 senadores, o partido de Donald Trump conquistou a maioria das cadeiras do Senado, retomando o controle da Casa, que estava com os democratas desde 2020. Das 100 cadeiras, os republicanos terão 54, formando a maioria. Até então, o Senado era composto por 51 democratas e 49 republicanos.

O Partido Democrata perdeu uma cadeira na Virgínia Ocidental com a vitória do republicano Jim Justice e outra em Ohio, onde os republicanos derrubaram o senador democrata Sherrod Brown e elegeram Bernie Moreno. 

O democrata Jon Tester, que vinha de um mandato popular de três mandatos, perdeu para Tim Sheehy, apoiado por Trump. Sheehy é um ex-militar da Marinha que fez comentários depreciativos sobre os nativos americanos, chegando a dizer que eles “ficavam bêbados às 08h da manhã”. Apesar disso, ele saiu vitorioso contra o democrata. 

Nos Estados Unidos, cada senador tem um mandato de seis anos, com eleições realizadas a cada dois anos para renovar um terço das cadeiras.

Já na eleição para a Câmara, diferentemente do Senado, todos os 435 assentos estavam em disputa. A renovação integral ocorre a cada dois anos. Os republicanos asseguraram 203 cadeiras, enquanto o Partido Democrata conquistou 181, algumas vagas ainda aguardam a conclusão da contagem.

Com a maioria na Câmara e no Senado, o Partido Republicano terá o controle das pautas nas casas. A presidência do Senado é sempre do vice-presidente, que, a partir do próximo ano, será JD Vance.

Além disso, há a possibilidade de Trump indicar mais representantes para a Suprema Corte, caso algum dos ministros se aposente. Quem vota na indicação do presidente é sempre o Senado e, com a maioria, isso ocorrerá.

 

Donald Trump na cerimônia de vitória, ao lado da esposa Melania Trump
Donald Trump na cerimônia de vitória, ao lado da esposa Melania Trump. Foto: Brian Snyder/Reuters

 

Magnata é o primeiro a assumir presidência mesmo condenado
por
Octávio Alves
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07/11/2024 - 12h

Com vantagem esmagadora, Donald Trump conquista a Casa Branca e derrota a democrata Kamala Harris na corrida eleitoral nos Estados Unidos nesta quarta-feira (06). A vitória do magnata  não deixa dúvidas do seu impacto sobre o cenário político global e representa uma forte conquista para os partidos de direita no mundo ocidental. 

Aos 78 anos, ele se torna o presidente mais velho da história dos Estados Unidos, o primeiro com uma condenação da justiça e  o segundo presidente americano a retornar ao poder - o primeiro foi o democrata Grover Cleveland em 1892.

Trump ao lado da esposa.
Trump se declara vencedor após vencer na Pensilvânia . Foto: Doug Mills/The New York Times

 

Com uma campanha que apostou em controle migratório, patriotismo, recuperação econômica e o famoso slogan "Make America Great Again" -  “fazer a América grande de novo", em tradução livre -  foi declarado presidente após conquistar 277 delegados, 7 a mais do que o necessário, e se consagrou 47º presidente. 

Trump assume o cargo com a promessa de endurecer as políticas de imigração, fortalecer o mercado interno e reforçar a posição dos Estados Unidos como uma potência econômica e militar. O impacto de sua vitória reflete um desejo de mudança expressado por eleitores insatisfeitos com as políticas da administração anterior de Joe Biden. O retorno de Trump marca uma guinada conservadora mundial.

Esta vitória arrasadora foi um choque para todas as pesquisas. Trump ganhou em todos os estados-pêndulo e derrubou a muralha azul em Wisconsin, Michigan e Pensilvânia. 

Até a finalização desta matéria, Donald Trump contabilizava 50,9% dos votos (295 delegados) frente aos 47,6% (266 delegados) de Kamala Harris. 

Trump apontando
Trump venceu Harris em todos os estados-pêndulo.  Foto: Brian Snyder/Reuters

 

Ao lado de seu vice J.D. Vance, o republicano reafirma alguns de seus planos de governo
por
Gustavo Oliveira de Souza
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07/11/2024 - 12h
Foto de Donald Trump
Trump durante discurso. Foto: BRENDAN MCDERMID

Na manhã da última quarta-feira (6), na Flórida, o agora reeleito presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez discurso de vitória para seus apoiadores. Juntamente com J.D. Vance, vice-presidente republicano, Trump promove posicionamento combativo e promete mudanças no país. 

Já no início da fala, Trump afirma que o país está “doente” e precisa de cura, colocando as fronteiras como parte do processo. Durante toda a fala, ele agradece os apoiadores e ressalta que foi eleito pelo povo. 

O republicano afirma que “este será verdadeiramente o auge dourado da América”. A frase foi celebrada por todos que estavam presentes no local, incluindo J.D. Vance e Dana White, empresário e dono do UFC, que também estavam no palanque. 

Trump aproveitou para atacar os veículos televisivos, ao se referir à Vance. “Ele é um cara destemido. Ele foi para o campo inimigo, certas redes, como CNN, NBC. Ele é o único que fica ansioso e depois vai e os destrói”. 

Outro citado por Donald Trump foi o empresário Elon Musk. Ele citou conversas entre os dois, além de uma visita dele à sede da Starlink. Afirmou que Musk é “gênio”, e que vai trabalhar em conjunto com o empresário em seu governo. 

Trump alfineta Arábia Saudita e Rússia. Disse que os Estados Unidos têm mais outro líquido, petróleo e gás do que o resto do mundo, incluindo os sauditas e os russos. Além deles, a China também foi alvo do republicano, que promete  reduzir os impostos e declarou que os Estados Unidos possuem poderes que os outros países não possuem. “A China não tem o que nós temos, ninguém tem o que nós temos. Temos as melhores pessoas também, isso é o mais importante.” Evidenciando o desejo pela hegemonia americana que pregou em seu último mandato e durante a campanha. 

Donald Trump terminou sua declaração agradecendo novamente os apoiadores e prometeu um futuro “maior, melhor, mais audacioso, mais rico, mais seguro e mais forte do que nunca antes.”

 

Donald Trump e Kamala Harris fazem seus últimos discursos uma semana antes das eleições estadunidenses.
por
Manuela Schenk Scussiato
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02/11/2024 - 12h

Nos dias 27 e 28 de outubro, Donald Trump e Kamala Harris, postulantes à Casa Branca pelos partidos Republicano e Democrata, fizeram seus discursos finais para as eleições nacionais que ocorrerão no dia 5 de novembro.

 

Donald Trump

O comício de Donald Trump ocorreu no Madison Square Garden, em Nova Iorque, alcançando a lotação máxima do local de 20 mil pessoas. A escolha do local foi inusitada pois, com todas as comparações ao fascismo em suas falas, Trump escolheu justamente o local do famoso comício de apoio ao nazismo em 1939.

Donald Trump em seu discurso no Madison Square Garden. Foto: Angela Weiss/AFP
Donald Trump em seu discurso no Madison Square Garden.
Foto: Angela Weiss/AFP

Discursos feitos por Trump e seus convidados deram um show de preconceito, trazendo falas direcionadas ao marido de Kamala Harris, chamando-o de “judeu de quinta categoria”. A própria vice-presidente sofreu injúrias como: “burra”, “prostituta”, “demônio” e “anticristo”. Além de se direcionar aos eleitores democratas como: “um bando de degenerados”. O último convidado da noite, o comediante Tony Hinchcliffe, em sua fala, chamou o território porto-riquenho de “uma grande ilha de lixo” e completou dizendo que os imigrantes não seriam uma quantidade tão expressiva se soubessem usar contraceptivos.

Trabalhadores próximos ao ex-presidente revelaram para a imprensa após o comício que Trump demonstra interesse em se livrar de Porto Rico, território estadunidense, caso seja eleito. O mesmo já perguntou se seria possível se livrar da ilha, ou trocá-la pela Groenlândia, já que lá não tem “moradores sujos e pobres”, nas palavras do concorrente a Casa Branca.

Mas se engana quem pensa que os absurdos acabam pelos convidados. Donald Trump subiu ao palco para realizar o que está sendo chamado de “O argumento final mais extremo da história moderna”. O discurso foi repleto de mentiras, injúrias e exageros, com muitas falas baseadas no racismo, machismo e seus ideais anti-imigratórios.

Trump trouxe um discurso muito comum entre líderes de extrema-direita ao sugerir que os imigrantes, principalmente os latino-americanos, são culpados pelas frustrações econômicas que os americanos vêm passando durante o governo Biden, ele afirma que a população estava melhor na economia de seu governo e que os imigrantes são os maiores culpados disso. Falas nesse sentido foram comparadas aos discursos de políticos como Hitler e Mussolini nos anos 40 por vários eleitores democratas incluindo Tim Walz, candidato à vice-presidência pela chapa de Kamala Harris.

Com mais polêmica, Trump continua suas falas anti-imigratórias. Segundo ele, a mistura do sangue do imigrante com o sangue americano é um perigo para a raça americana. Além de trazer falas anti-democráticas como: “Essa vai ser a última vez que a América precisa votar em mim”.

Trump foi extremamente criticado internacionalmente pelo discurso durante o comício, mas isso não afetou suas chances de vitória por enquanto.



Kamala Harris

O discurso final de Kamala Harris, um dia após o de Trump, foi realizado no Ellipse, parque ao sul da Casa Branca, o local trouxe 40 mil pessoas para ouvirem o discurso da vice-presidente, o dobro do que ouviu Trump no dia anterior. Sua fala focou na sua promessa de que, caso ganhe a disputa, seu governo trabalhará contra o extremismo que as ideologias de Donald Trump instalaram no país. No atual cenário, onde ambos os candidatos estão empatados tecnicamente, Kamala se dirigiu àqueles indecisos ou com pouca vontade de votar até terça-feira.

Kamala Harris durante seu argumento final no parque Ellipse. Foto: Bonnie Cash/UPI
Kamala Harris durante seu argumento final no parque Ellipse.
Foto: Bonnie Cash/UPI

A primeira crítica da candidata a seu oponente foi que Trump está muito focado em sua “lista de inimigos” enquanto ela trabalha em sua “lista de tarefas”. Kamala também relembra que, há quatro anos, Trump esteve no mesmo local que ela para incentivar a população a invadir o Capitólio no famoso 6 de janeiro de 2021. Ela também se posicionou contra as falas de seu concorrente sobre os imigrantes latinos, em especial a população porto-riquenha.

“Donald Trump pretende usar o exército dos Estados Unidos contra os cidadãos americanos que simplesmente discordam dele. Pessoas que ele chama de ‘o inimigo de dentro’. Este não é o melhor candidato à presidência que está pensando em como tornar sua vida melhor”, disse a vice-presidente. “Este é alguém instável, obcecado por vingança, consumido por queixas e em busca de poder descontrolado”.

Sobre suas próprias propostas, Harris falou sobre expandir o MediCare para a cobertura de assistência médica a domicílio, e apoiar os direitos reprodutivos das mulheres. A democrata também reforçou que acabar com a guerra em Gaza será parte crucial de seu governo.

Ela reforçou que fará uma reforma no sistema migratório do país, dizendo que “não há motivo para trabalhar a imigração como um problema para assustar o eleitor”. Ela ainda pretende ser severa em relação a imigração ilegal, pressionar os cartéis e dar apoio a patrulha fronteireira, mas afirmou que vai proteger os imigrantes legais em território estadunidense.

Conheça o vice do candidato republicano Donald Trump
por
Gustavo Oliveira de Souza
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31/10/2024 - 12h
Foto de J.D Vance
J.D Vance discursando em Charlotte. Foto: Melissa Melvin-Rodriguez

Nascido em Ohio, James David Vance é senador júnior do estado, eleito em 2023. Filho de Beverly Carol (1961) e Donald Ray Bowman (1959 - 2023), J.D é bacharel em Ciências Políticas e Filosofia formado pela Ohio State University em 2007, e atuou em um escritório de direito por dois anos. 

Relação com o empresariado americano 

A carreira política começou há alguns anos, após ter fundado a Our Ohio Renewal, em 2017. Segundo o próprio candidato, o instituto tinha o intuito de “tornar mais fácil para as crianças carentes realizarem seus sonhos”. Mas ele negava que tivesse algum intuito político. 

Entretanto, uma matéria publicada pelo New York Times em 2022 revelou que a instituição estava apenas focada em trabalhar para a campanha de Vance. O jornal ainda analisou documentos do instituto e descobriu que Vance mentiu sobre o dinheiro arrecadado e o classificou como “organização de bem-estar social” para o governo americano, apenas como forma de trabalhar para a sua campanha eleitoral. Ao todo, o projeto arrecadou 200.000 dólares e terminou oficialmente em 2021. 

Desde que se tornou um potencial político, Vance foi apoiado por grandes empresários de Ohio. Em 2018, considerou concorrer ao senado contra o candidato democrata Sherrod Brown, mas desistiu.
 

Carreira política

Em março de 2021, Peter Thiel, cofundador do PayPal, doou 10 milhões de dólares para o comitê de J.D, chamado de Protect Ohio Values. Além dele, o cientista de dados Robert Mercer também doou uma quantia que não foi revelada. No dia 1° de julho daquele mesmo ano, o republicano anunciou sua candidatura para o Senado de seu estado. 

Durante o período eleitoral, ele derrotou Josh Mandel e Matt Dolan nas eleições primárias e nas eleições gerais, bateu o candidato democrata Tim Ryan, com 53% dos votos totais. No dia 3 de janeiro de 2023, J. D Vance tomou posse como membro do 118° Congresso dos Estados Unidos. 

Uma pesquisa feita em julho deste ano mostrou que Vance fez 45 discursos no Senado e participou de 57 projetos de lei, sendo nenhum deles aprovado pelo Senado. Além disso, foi co-participante de 288 outros projetos de lei, e dois deles foram aprovados pelo Senado, mas logo foram barrados pelo presidente Biden. 

Em junho de 2023, James votou contra a Lei de Responsabilidade Fiscal de 2023, que proibiu o aumento do teto de gastos do país. Em julho daquele ano, o senador apresentou um projeto que penalizava qualquer um que participasse do fornecimento de cuidados de gênero para menores de idade. O projeto tornaria o cuidado de afirmação de gênero um crime federal, com pena de até 12 anos de prisão. No último dia 15 de julho, J.D foi anunciado por Trump como vice do candidato, após ter apoiado o candidato à presidência  nas eleições primárias. 

Por sua posição política, J.D Vance é descrito como conservador. Além de ser contrário ao aborto, ele se posiciona contra o casamento homoafetivo e ao controle de armas. Em algumas oportunidades, afirmou que a ausência de filhos em adultos está ligada à sociopatia e classificou as universidades como “inimigas”.