Na terça-feira (5) o Instituto Ifop divulgou mais uma pesquisa de intenção de votos para a presidência na França. Com menos de uma semana para o dia da votação, a pesquisa mostra um possível segundo turno entre o atual presidente Emmanuel Macron (Em Marcha!) e a candidata de extrema-direita, Marine Le Pen (Reunião Nacional).
Correndo por fora nesta disputa, Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa), Éric Zemmour (Reconquista!), Valérie Pécresse (Republicanos) e Yannick Jadot (Verdes), tentam surpreender e avançar para a segunda volta desta eleição.
O que mostram as pesquisas ?
De acordo com a pesquisa, Emmanuel Macron lidera desde os primeiros levantamentos. O centrista tinha 25% das intenções de voto em 14 de janeiro. No dia 31 de janeiro, oscilou para 24%. Em 15 de fevereiro, subiu para 25,5%. No dia 28 de fevereiro, marcou 28%. Em 15 de março, chegou a 31% das intenções de voto. Em 21 e 31 de março, caiu para 28%. Nos últimos levantamentos ele aparece com 27% das intenções de voto.
Em segundo lugar, a candidata Marine Le Pen somava 16% das intenções de voto no dia 14 de janeiro. No dia 31 de janeiro, subiu para 17,5%. Em 15 de fevereiro manteve a porcentagem de 17,5%. No dia 28 de fevereiro, voltou a marca de 16%. Em 15 de março, subiu para 18%. No dia 21 de março, mais um crescimento, chegou a 18,5%. Em 31 de março chegou a 21%. Nos últimos levantamentos marcou 22%, o maior índice para primeiro turno desde o começo das pesquisas.
O terceiro colocado nas pesquisas, Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa), também cresceu nesta reta final. Em 14 de janeiro o candidato somava 8,5% das intenções de voto. No dia 31 de janeiro subiu para 9,5%. Em 15 de fevereiro registrou 11,5%. No dia 28 de fevereiro oscilou para 10,5%. No dia 15 de março evoluiu a 12%. Em 21 de março atingiu 14%. No dia 31 de março chegou a 15,5%. Nos últimos levantamentos, o candidato atingiu a marca de 16% das intenções de voto, seu melhor desempenho para o primeiro turno.
Se Le Pen e Mélenchon cresceram ao decorrer na campanha, o radical de direita Éric Zemmour (Reconquista!) fez o inverso, e viu suas intenções de voto derreter pelo caminho. Em 14 de janeiro Zemmour tinha 14%. Depois, em 31 de janeiro, caiu para 13,5%. No dia 15 de fevereiro subiu para 15%. Em 28 de fevereiro oscilou para 14%. Nos dias 15 e 21 de março, novamente uma queda, chegou a 12,5%. Em 31 de março chegou a 11%. Nos últimos levantamentos chegou a 10%, o menor número desde o início das pesquisas de intenção de voto, o que acabou diminuindo as esperanças de uma eventual ida ao segundo turno.
Alguns especialistas apontam que a presença de Zemmour, e seu discurso contundente e extremista, pode colaborar para a versão "paz e amor" da também extremista Marine Le Pen. Antes, era esperado uma pulverização dos votos na extrema-direita, pela existência de dois candidatos com relevância, mas as pesquisas mostram um crescimento de Le Pen e queda de Zemmour.
Isso porque nesta eleição, a candidata tem apostado em uma mudança de discurso e postura, e a beligerância de Zemmour a faz parecer "branda".
A quinta colocada Valérie Pécresse também foi caindo na intenção de votos com o avançar da campanha. Nos dias 14 e 31 de janeiro, a republicana tinha 16,5% das intenções de voto. Em 15 de fevereiro caiu para 14,5%. Depois, em 28 de fevereiro, oscilou para 13%. No dia 15 de março Pécresse tinha 11%. Em 21 de março ela somava 10,5%. Em 31 de fevereiro e 03 abril, a candidata manteve 10%. Nos últimos levantamentos manteve o índice de 10%, empatando com Zemmour.
Apostando na urgência climática e na juventude, Yannick Jadot já esteve em melhores condições nas pesquisas. Em 14 de janeiro Jadot tinha 6%. Caiu para 5% no dia 31 de janeiro. Depois, em 15 de fevereiro oscilou para 4,5%. No dia 28 de fevereiro, voltou para 5% e no dia 15 de março se manteve com a porcentagem. Em 21 de março subiu para 5,5%. Nas duas últimas pesquisas, Jadot registrou 4,5%.
De 14 de janeiro a 05 de abril, o candidato do Partido Comunista, Fabien Roussel, variou entre 2% e 4,5%. No último levantamento, Roussel apareceu com 3%. A socialista Anne Hidalgo, prefeita de Paris, no mesmo período variou entre 3,5% e 1,5%. No último levantamento, a prefeita aparece com 2,5% das intenções de voto. O candidato Jean Lassalle (Resistir!) variou entre 1% e 3% durante as pesquisas. Segundo a última pesquisa, Lassalle aparece com 2%.
2º turno: Macron X Le Pen

De acordo com a simulação do Ifop de um segundo turno entre Macron e Le Pen, a vantagem do atual presidente foi diminuindo e chegou ao menor índice no último levantamento divulgado. Veja:
14 de janeiro - Macron 57% X 43% Le Pen
31 de janeiro - Macron 55% X 45% Le Pen
15 de fevereiro - Macron 55% X 45% Le Pen
28 de fevereiro - Macron 56,5% X 43,5% Le Pen
15 de março - Macron 58% X 42% Le Pen
21 de março - Macron 56% X 44% Le Pen
31 de março - Macron 54% X 46% Le Pen
03 de abril - Macron 53% X 47% Le Pen
04 de abril - Macron 53% X 47% Le Pen
5 de abril - Macron 53% X 47% Le Pen

2º turno: Macron X Mélenchon
Em uma simulação de segundo turno entre Macron e Jean-Luc Mélenchon, a situação do candidato à reeleição parece mais confortável. Único candidato de esquerda com chances de avançar ao segundo turno, Mélenchon sofre para dialogar com eleitores mais à direita.
Veja:
15 de março - Macron 64,5% X 35,5% Mélenchon
21 de março - Macron 63% X 37% Mélenchon
31 de março - Macron 60% X 40% Mélenchon
03 de abril - Macron 60% X 40% Mélenchon
04 de abril - Macron 60% X 40% Mélenchon
05 de abril - Macron 59,5% X 40,5 Mélenchon
O primeiro turno das eleições francês acontece neste domingo (10).
O primeiro turno das eleições na França acontecem no próximo domingo (10), na disputa estão 12 candidatos. Similar ao sistema eleitoral brasileiro, entenda como acontece o processo eleitoral na França:
Quem pode se candidatar ?
Qualquer cidadão francês maior de 18 anos, que já possa votar e não tenha problemas com a justiça pode se candidatar. Diferente do Brasil, os candidatos não necessariamente precisam estar filiados a um partido, ou seja, as candidaturas podem ser avulsas. Essas candidaturas são chamadas de "sans étiquette" (sem etiqueta).
Porém, para conseguir lançar a candidatura, o candidato precisa obter 500 assinaturas de políticos já eleitos. Essa cláusula impede um número maior de candidatos avulsos.
O mandato presidencial é de 5 anos podendo ser reeleito por mais 5 anos.
Semipresidencialismo
A França é um exemplo de país semipresidencialista, ou seja, uma estrutura híbrida entre presidencialismo e parlamentarismo. Por isso, possui presidente e Primeiro-Ministro.
O Primeiro-Ministro é escolhido pelo presidente e seus aliados, porém, o nome depende de uma aprovação dos parlamentares. Devido a essa aprovação, não é impossível que o Primeiro-Ministro seja de outro partido ou grupo político do presidente. Essa situação é chamada de coabitação.
Esse impasse político não ocorre desde uma reforma eleitoral realizada em 2000, que deixou as eleições presidenciais e as parlamentares no mesmo ano, com a finalidade de evitar a troca de Primeiro-Ministro no meio do mandato do presidente.

O parlamento francês possui Câmara Alta (Senado), composto por 348 senadores, e Câmara baixa (Assembleia Nacional) com 577 parlamentares. A eleição da Assembleia Nacional, equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil, ocorre no mesmo ano das presidenciais, porém em datas diferentes.
O Primeiro-Ministro é responsável pelas ações de governo, que na prática são estabelecidas pelo próprio presidente. É a figura do presidente que acumula mais poderes, dentre eles, o de dissolver o parlamento, algo que já aconteceu cinco vezes desde 1958, quando a 5ª República foi fundada.
Cabe ao Primeiro-Ministro refletir a vontade conjunta do parlamento e do presidente. E caso isso não ocorra, ele pode ser tirado do cargo por meio de um voto de desconfiança do parlamento.
Portanto, é importante que o presidente tenha maioria no parlamento, assim, caso contrário, aumentam as chances de coabitação.
 
1º e 2º turno
Na França, assim como no Brasil, para vencer o pleito um candidato precisa obter maioria simples, ou seja 51% dos votos. Caso isso não ocorra no primeiro turno, os dois melhores colocados avançam para o segundo turno. De acordo com o calendário eleitoral, a realização de um segundo turno está prevista para o dia 24 de abril, 14 dias depois da realização do primeiro turno.
O vencedor do pleito tomará posse no dia 13 de maio.
Campanha eleitoral
O período eleitoral é curto, as campanhas começam oficialmente apenas duas semanas antes do primeiro turno. Sempre considerando o princípio da igualdade, o tempo de propaganda dos candidatos e seus apoiadores em veículos de rádio e televisão são iguais, mesmo no período anterior ao início das campanhas oficiais. A mesma regra vale para o segundo turno.
Caso alguma emissora descumpra a regra, fica sujeita a sanções como suspensão de programas, redução de tempo no ar e até multas. A Autoridade de comunicação audiovisual francesa (Arcom, na sigla em francês) é a responsável por fazer a regulação e controle do tempo de fala.
"Essas transmissões oficiais de campanha são um espaço livre de expressão, oferecido a candidatos e partidos políticos. Em particular, permitem dar acesso mínimo a partidos de menor notoriedade e, portanto, menos presentes nos grandes noticiários", justifica a comissão reguladora da campanha.
Veículos de comunicação estatais como France Télévision, Radio France e France Médias Monde também divulgam os vídeos de campanha de todos os candidatos, com tempo igual, durante sua programação.
No primeiro turno, os clipes eleitorais duram até 1 minuto e 30 segundos. Em caso de segundo turno, os vídeos podem chegar a até 5 minutos.
Pelo correio
Desde a segunda-feira, 28 de março, os eleitores estão recebendo em suas casas informativos sobre o plano de governo dos 12 candidatos, além das cédulas que deverão ser depositadas nas urnas nos dois turnos.
Este ano o envio recebeu atenção especial, após problemas nas eleições regionais de 2021.
Informações sobre as campanhas também ficam disponíveis no site da Comissão Nacional de Controle de Campanhas (CNCCEP, na sigla em francês).
No hora do voto
Outra diferença em relação ao sistema eleitoral brasileiro é o voto facultativo. Apesar disso, o eleitorado francês costuma comparecer em peso nas votações.
Por ser no papel, o eleitor leva à urna de votação pelo menos dois envelopes, para que os mesários não saibam qual será o seu voto. Após depositar seu voto, o eleitor descarta as demais cédulas e na saída assina um termo comprovando que participou do pleito. 
 
Propaganda nas ruas
Também desde a segunda-feira (28), cartazes de campanha dos 12 candidatos foram colocados em locais reservados para propaganda política. Esses lugares ficam localizados nas sedes das prefeituras.
De acordo com o Código Eleitoral, os cartazes também ficarão expostos próximos às áreas de votação.
A ordem dos cartazes é definida por sorteio, realizado na sessão do Conselho Institucional que anunciou a lista de presidenciáveis. Após isso, a ordem foi publicada no Diário Oficial.


A ordem definida nesta eleição é: Nathalie Arthaud (Luta Operária), Fabien Roussel (Partido Comunista), Emmanuel Macron (A República Em Marcha), Jean Lassalle (Resisatamos!), Marine Le Pen (Reunião Nacional), Éric Zemmour (Reconquisat!), Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa), Anne Hidalgo (Partido Socialisa), Yannick Jadot (Verdes), Valérie Pécresse (Republicanos), Philippe Poutou (Novo Partido Anticapilista) e Nicolas Dupont-Aignan (A França de Pé).
Depois do primeiro turno, os candidatos que não passarem ao segundo turno podem usar os espaços de publicidade até a manhã da quarta-feira (13) para agradecer seus eleitores ou até mesmo anunciar a retirada de suas candidaturas.
 
No próximo domingo (10) os franceses vão às urnas para escolher o presidente que vai comandar o país pelos próximos 5 anos. Atualmente no poder, o presidente Emmanuel Macron (Em Marcha!) é líder nas pesquisas e concorre à reeleição, mas não terá um caminho fácil para a reeleição.
Vamos conhecer um pouco mais sobre os 4 principais nomes na disputa presidencial, de acordo com as pesquisas de intenção de voto:
Emmanuel Macron (Em Marcha!)
O mais jovem presidente francês desde a era de Napoleão, Macron tenta seu segundo mandato aos 44 anos de idade. Candidato do partido “Em Marcha!”, ocupa o primeiro lugar em todas as pesquisas de intenção de voto.

De acordo com especialistas, diferente de 2017, quando se elegeu pela primeira vez aos 39 anos de idade, o centrista Macron adota um tom mais à direita no plano de governo para o segundo mandato. Entre suas propostas, está o adiamento da aposentadoria de 62 para 65 anos de idade. Outra promessa é a redução de 15 bilhões em impostos, metade para pessoa física e a outra metade para empresas.
Macron também pretende fazer alterações no sistema de Renda Solidária Ativa (RSA), condicionando o benefício a horas de atividade profissional, e em contrapartida, promete pleno emprego em cinco anos.
A seu favor, o atual presidente tem os bons números da alta do Produto Interno Bruto (PIB) francês, que alcançou 7% em 2021, sendo o maior número em 52 anos. Apesar da recessão de 8% em 2020, especialistas do Instituto Nacional de Estatísticas e Estudos Econômicos (Insee) ressaltam que a economia francesa ultrapassa os patamares que estava antes da crise sanitária mundial.
Outro dado positivo a favor do candidato à reeleição é a taxa de desemprego em 7,4%, um dos melhores patamares em 40 anos. Durante a pandemia, Macron abriu os cofres públicos para manter a população em casa e evitar falência das empresas.
Apesar dos números, Macron é visto como o presidente dos ricos. O presidente retirou o Imposto sobre Fortunas (ISF) e o transformou em imposto sobre propriedade, para não assustar o empresariado e garantir crescimento, segundo ele mesmo. Opositores apontam que o centrista está desconectado da realidade.
Com papel relevante nas negociações no conflito Rússia e Ucrânia, Emmanuel Macron tenta se colocar como um líder diplomático, confiável e que sabe gerir crises.
Marine Le Pen (Reunião Nacional)
Tradicional líder da extrema-direita francesa, aos 53 anos de idade Le Pen vem para a disputa de sua terceira eleição. Em 2012 ficou em 3º lugar, em 2017 foi para o segundo turno e perdeu para Macron. Agora, segundo as pesquisas, ocupa o segundo lugar na preferência de voto dos franceses.

Nos últimos anos, Le Pen trabalhou para mudar a imagem de seu partido, marcado por discursos xenófobos e racistas. A candidata aposta em pautas envolvendo a segurança, como a presunção de legítima defesa para a polícia, em uma tentativa de proteger as forças policiais, que são acusadas com frequência de uso desproporcional da violência.
Conhecida por discursos radicais relacionados a imigração, a candidata de extrema-direita defende o fim do reagrupamento familiar, que facilita a legalização de imigrantes que já tenham familiares no país. Le Pen também prega o endurecimento das regras para pedidos de naturalização e asilo, defendendo que sejam feitos apenas no exterior, impedindo que imigrantes clandestinos sejam regularizados.
Le Pen tem feito um discurso enérgico, falando até em “erradicar”, as ideologias islâmicas e suas redes. Com posições contrárias ao bloco Europeu, a candidata tem alterado seu discurso, e evitado criticar a aliança, tendo falado apenas em uma possível alteração da moeda francesa.
O programa de medidas da candidata visa aumentar o poder aquisitivo dos franceses, com melhorias nos salários e redução nos impostos sobre energia. Le Pen fala também em privatizar as estradas francesas para diminuir os preços dos pedágios, além de estatizar o sistema audiovisual francês, que hoje depende parcialmente de dinheiro público.
Nesta eleição, Marine Le Pen tem a concorrência de Éric Zemmour na disputa dos votos mais radicais. Além disso, em 2014 Le Pen recebeu empréstimo de um banco russo para financiar as campanhas de 2017 e pode se complicar por isso.
Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa)
Único representante da esquerda entre os 4 principais nomes, Mélenchon, de 70 anos de idade, é atualmente o terceiro colocado nas pesquisas eleitorais, e tem um discurso voltado para a “ruptura” do liberalismo econômico. O seu partido, França Insubmissa, tenta ocupar o lugar deixado pelo Partido Socialista no campo ideológico do país.

Chamado por seus apoiadores de “Melen-Show”, por sua capacidade retórica e poder de reunir multidões, o candidato de esquerda concentra suas propostas em temáticas sociais, como o acesso à educação e o custo de vida. Mélenchon prometeu congelar os preços de produtos, aumentar salários e fortalecer os serviços públicos.
No programa de governo, o candidato promete uma grande reforma fiscal, e prevê a volta do Imposto sobre Fortuna (ISF), tabelamento de preços de produtos de primeira necessidade, e o aumento do salário mínimo para 1.400 euros. Além disso, uma de suas principais propostas é a redução da idade mínima de aposentadoria para 60 anos, após 40 anos de contribuição.
O candidato de esquerda é bastante cobrado por não ter se posicionado de forma mais firme e clara, desde o começo, sobre o presidente russo Vladimir Putin. Apesar de estar em terceiro, o candidato do partido França Insubmissa tem chances reais de ir para o segundo turno, apostando em uma divisão de votos entre Marine Le Pen e Éric Zemmour.
Éric Zemmour (Reconquista!)
Candidato da ultradireita, sendo considerado até mais radical que Marine Le Pen, Zemmour, de 63 anos de idade, é escritor, jornalista e comentarista político, já tendo participado de programas de televisão. De acordo com as pesquisas, é o 4º colocado nas intenções de voto dos franceses.

Apesar de experiente, o candidato é novato na política, e defende uma visão mais radical para o país, em conjunto com uma visão liberal para a economia. No início das pesquisas chegou a estar em segundo lugar, mas vem patinando nos últimos números divulgados. Filho de judeus da Argélia, tem uma retórica violenta, carregada de misoginia e um discurso contundente anti-imigração.
Em janeiro deste ano, Zemmour foi condenado a uma multa de 10 mil euros por incitar ódio contra menores imigrantes. O caso aconteceu em 2020, quando durante um programa de televisão, Zemmour chamou os menores imigrantes de “ladrões”, “assassinos” e “estupradores”. O jornalista classificou o fluxo imigratório de “invasão permanente”.
No seu programa de governo, o candidato já chegou a falar em um ministério da “remigração”, e prometeu “fazer um milhão” de estrangeiros saírem do país em cinco anos. Zemmour aposta em críticas à candidata da direita tradicional Valérie Pécresse (Republicanos), e também ao atual presidente Emmanuel Macron.
O candidato do Reconquista! também é o único presidenciável a defender a teoria de uma suposta “grande susbtituição”. A teoria prega que os europeus estão sendo substituídos aos poucos por imigrantes não europeus.
Para Zemmour, a França é um país em decadência, e a civilização do país foi atacada pela influência dos mulçumanos, que conseguem isso pela falta de controle migratório. O extremista também já criticou o que chama de “feminização” da sociedade, e afirmou que crianças com deficiências sejam enviadas a “escolas especiais”.
Em 2020, disse que a Rússia era uma aliança mais confiável do que Alemanha, Estados Unidos e Reino Unido.
No próximo domingo, 10/04, os franceses devem ir às urnas para escolher o novo presidente a comandar o país pelos próximos 5 anos. Atualmente no poder, o presidente Emmanuel Macron (A República Em Marcha) é líder nas pesquisas e concorre à reeleição.
Vamos conhecer os 8 candidatos do “segundo pelotão” da disputa presidencial, de acordo com as pesquisas eleitorais.
Valérie Pécresse (Republicanos)
É a candidata da direita moderada no país, e na mais recente pesquisa eleitoral divulgada aparece em 5º lugar.

Pécresse pertence ao Republicanos, e venceu as primárias do partido com 61% dos votos. Aos 54 anos de idade, a candidata é a primeira mulher a representar o partido Republicano em uma eleição presidencial.
O partido é o mesmo do ex-presidente francês Nicolas Sarkozy, que governou a França de 2007 a 2012. Durante os governos de Sarkozy, Pécresse foi ministra do Ensino Superior e da Pesquisa, e também, ministra do Orçamento e Contas Públicas.
Segundo aliados, Pécresse não tem como ponto forte o carisma, mas defende um projeto de firmeza em relação a segurança pública e imigração, e liberal na economia.
“Tomarei controle da imigração”, disse a candidata em discurso de lançamento da candidatura
Yannick Jadot (Verde)
Membro do parlamento Europeu desde 2009, Jadot tem 44 anos de idade, e é atualmente o 6º colocado nas pesquisas. Também já foi diretor de campanha do Greenpeace de 2002 a 2008. Recebeu a indicação do partido em uma disputa apertada nas primárias, tendo obtido 51,03% dos votos.

Em 2016, Jadot também foi o pré-candidato à presidência pelos Verdes, porém, temendo uma derrota da esquerda, e pregando uma união no bloco, o candidato dos Verdes abriu mão de sua candidatura em favor de Benoît Hamon, que a época era o nome apoiado pelo então presidente François Hollande.
Pró-europeu e de linha pragmática, Jadot oferece um plano de governo que prioriza ações voltadas ao clima, e diz que “a batalha do clima é vital”. O candidato dos Verdes também é um crítico de Emmanuel Macron, pelo que ele chama de “inação climática”, além de dizer que Macron é “presidente dos lobbies”.
“Jovens da França, não deixem ninguém decidir no seu lugar. Não deixem passar esta chance histórica de mudar as suas vidas. [...] Participem desta eleição com o seu entusiasmo. Juntem-se a nós, deem mais força para construir a república ecológica”, disse Jadot se dirigindo a juventude em um ato de campanha
Fabian Russel (Partido Comunista)
Depois de apoiar as candidaturas de Jean-Luc Mélenchon em 2012 e 2017, o Partido Comunista decidiu lançar candidatura própria, está em 7º lugar, de acordo com a pesquisa eleitoral mais recente. O nome do partido é Fabian Russel, de 52 anos de idade.

Mais radical, Russel promete triplicar o imposto sobre fortunas (ISF) e criar um posto para aqueles que lucraram com a crise sanitária ocasionada pela COVID-19. O candidato também tem em seu plano de governo o desejo de estatizar grandes empresas como a EDF energia, além de bancos e seguradoras.
A diferença em seu plano de governo em relação aos candidatos de esquerda/extrema-esquerda está no apoio ao uso de energia nuclear.
Jean Lassalle (Resistir!)
Fundador do partido em 2016, aos 66 anos de idade disputa sua segunda eleição. A primeira foi em 2017, tendo ficado em 7º lugar dentre os 11 candidatos. Lassalle fala em reconstruir um Estado Francês baseado no lema republicano: “Liberdade, igualdade e fraternidade”. Atualmente está em 8º lugar nas pesquisas eleitorais.

Em 2018, Lassalle esteve nos protestos à frente da Assembleia Nacional vestindo coletes amarelos, símbolo do movimento. As manifestações pararam o país, e o ato causou a suspensão da sessão.
O candidato afirma ter “íntima experiência e conhecimento das instituições francesas”. Suas propostas são ousadas, entre essas medidas, Lassalle propõe realizar referendos de iniciativa cidadã, abolir a corte da Justiça da República integrando seus Ministros a justiça comum, baixar os impostos sobre os combustíveis e preparar a saída da França da Otan.
Anne Hidalgo (Partido Socialista)
A atual prefeita de Paris tem, aos 62 anos de idade, uma missão complicada nesta eleição. Apesar de contar com o apoio do ex-presidente francês François Hollande, a migração do eleitorado, por toda a Europa, para um voto mais a direita enfraqueceu os socialistas, que ocupam apenas o 9º lugar nas pesquisas de intenção de voto.

Apesar de ter governado o país com Hollande de 2012 a 2017, o Partido Socialista vem enfrentando dificuldade de dialogar com os eleitores. Nas eleições de 2017, o candidato socialista Benoît Hamon sequer passou ao segundo turno. No atual pleito, Hidalgo luta para chegar a 2% nas intenções de voto.
Eleita pela primeira vez para o cargo de prefeita da cidade de Paris em 2014, e tendo conseguido a reeleição em 2020, Hidalgo tem enfrentado problemas em sua gestão, o mais notório deles foi o movimento dos coletes amarelos em 2018. A prefeita de Paris também é criticada pela sujeira na cidade, e tem o desafio de preparar os Jogos Olímpicos de Paris em 2024.
O seu plano de governo é baseado na transição ecológica, e o partido aposta no caráter combativo de Anne Hidalgo para conquistar os eleitores.
Na disputa, mas com poucas chances… 
Philippe Poutou (Novo Partido Anticapitalista)
Contra a existência do cargo de presidente, o ex-operário de 55 anos de idade enfrenta abertamente os candidatos liberais.

Poutou ataca constantemente a postura dos principais candidatos “da burguesia”, como Emmanuel Macron e a “racista e xenófoba” Marine Le Pen. Para o metalúrgico, os candidatos se aproveitam do sistema.
O candidato é a favor de uma esquerda revolucionária, anti-imperialista e internacionalista, e confia de forma incisiva na força da classe trabalhadora, para que os capitalistas paguem pela crise.
Nicolas Dupont-Aignan (A França de Pé)
Aos 61 anos de idade, esta é a terceira vez que Dupont-Aignan se lança à presidência. Funcionário público de carreira e deputado distrital por Essonne, é presidente de seu partido, que defende uma linha soberana e eurocética.

O deputado defende a “independência da França” e pautas como a revisão de acordos em nível europeu.
Ex-integrante da direita clássica francesa, Dupont-Aignan disse à imprensa na última segunda-feira (28) que “provavelmente” está liderando sua última campanha.
 
Nathalie Arthaud (Luta Operária)
Considerada o principal nome desta ala da esquerda no país, Arthaud, de 52 anos de idade, é professora universitária na região metropolitana de Paris, e está disputando sua segunda eleição presidencial. Na primeira vez, em 2012, obteve 0,56% dos votos, cerca de 200 mil cédulas.

Arthaud se apresenta como revolucionária e crítica a desigualdade social.
“Se eu sou revolucionária e se eu quero mudar a sociedade é porque essa sociedade capitalista é ultraviolenta, é a violência social das desigualdades, é o fato de ver hoje essas riquezas acumuladas de um lado, as extravagâncias, este incrível luxo e do outro lado, as mulheres e os homens que dormem na rua”
A guerra entre Rússia e Ucrânia é um dos conflitos mais intensos e devastadores do século 21. Uma estimativa apontada pela ONU (Organização das Nações Unidas) diz que em um mês de guerra, completado no dia 24 de março de 2022, mais de 1.040 civis ucranianos morreram e mais de 1.600 ficaram feridos. Além disso, milhões de ucranianos já tiveram que deixar o país por conta da invasão russa. Diante disso, diversos jornais de vários países enviaram correspondentes (repórteres e fotógrafos), para fazerem a cobertura do conflito. Porém, devido a periculosidade da situação, ao menos seis profissionais vieram a falecer.
Em conversa com Yan Boechat, o fotógrafo e jornalista enviado pela Band e Voice of America para registrar o conflito, "conta que a guerra é um ambiente muito intenso e que na maioria dos casos os profissionais vão por conta própria e destaca o perigo de ir em zonas que não foram dominadas por ambos os lados do embate".
Segundo o fotógrafo, profissionais menos experientes tendem a cometer mais erros ou atitudes que os levam ao perigo e risco de vida. Como se trata de um conflito armado, o cuidado e a sensibilidade das ações dos repórteres devem ser muito maiores.
Formado em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Catarina, Boechat iniciou sua carreira escrevendo sobre política e economia. Depois disso seu trabalho em relações exteriores tomou forma e começou a cobrir conflitos em diversos países, já tendo passado pela Síria, Afeganistão, Líbano, Iraque, Egito, Venezuela e Tunísia.
De acordo com ele, o conflito mais marcante em seus 19 anos de experiência foi o primeiro: “Te marca mais. Eu fui para o Afeganistão em 2003 e foi muito impactante pra mim”. Boechat também enfatiza o valor da experiência, alegando que o profissional “vai aprendendo com os anos, cada conflito é diferente, vai aprendendo um pouco, tentando minimizar os riscos [...] é um processo lento, como qualquer coisa na vida”.
A motivação para cobrir um conflito armado é essencial e também deve ser comentada, até mesmo porque o risco de se realizar tal tarefa é enorme. Ao ser perguntado sobre isso, Boechat diz que sempre gostou de história e acha que o conflito é um momento definidor dela. “Os conflitos sempre vão definir o rumo de nossa história como sociedade e acho que é um privilégio estar ali, assistir essa história acontecer”, afirmou.
De acordo com o jornalista, depois de anos de experiência, o cinismo passa a ser uma característica cada vez mais marcante no seu dia a dia. “É triste, mas faz parte da vida. Ainda assim é ruim ver pessoas sendo vítimas de uma guerra que em geral não tem nada a ver com elas, são as mais prejudicadas[...] mas se isso te afetar demais você não consegue trabalhar”.
Após ser perguntado sobre os protocolos gerais que devem ser seguidos para realizar essa perigosa cobertura, Boechat dá mais detalhes a respeito: “Costuma ser cada um por si, mesmo com o apoio dos colegas, mas cada um atrás da sua história”. O jornalista deu destaque para a necessidade de planejamento, uma vez que aumenta a dificuldade de encontrar prestadores de serviços como motoristas e tradutores devido ao receio que os mesmos têm da guerra, resultando em um número pequeno de pessoas para auxiliar os jornalistas. Ainda apontou a relevância também do colete e os riscos minimizados por ele, mas diz que é melhor levar o próprio equipamento.
Além disso, Boechat ressalta o cuidado que, segundo ele, deve ser tomado ao entrevistar pessoas cujo cargo representa um poder elevado. “O jornalista precisa ter consciência de que ele é visto como um instrumento de propaganda, então você vai para lá e os caras vão querer te usar como propaganda para o que eles querem mostrar”.
Por fim, ele afirma que para executar esse trabalho, ter calma é essencial, porque o profissional “se coloca em risco e coloca as outras pessoas em risco, então se você se desesperar (outros jornalistas) não vão querer trabalhar com você, não é um ambiente fácil, tem bastante tensão”.
    












