A Republica Democrática do Congo - herança colonial em meio a sangue e cobalto.
por
Pedro Bairon
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16/06/2025 - 12h

 

“Da borracha à maçã” é um documentário que traça a longa linha de continuidade entre a violência colonial imposta ao Congo e os horrores da guerra civil que ainda hoje assombram o país. A partir da exploração genocida promovida pela Bélgica no século XIX, o filme revela como as feridas abertas pelo colonialismo jamais cicatrizaram — apenas se transformaram em novas formas de conflito, exclusão e disputa por poder.

O documentário mergulha nas causas históricas e étnicas da guerra civil congolesa, dando atenção especial à tensão entre tutsis e hutus, grupos marcados por rivalidades que ultrapassam fronteiras e carregam os traumas do genocídio em Ruanda. A entrada de milícias hutus no leste do Congo após 1994, e a resposta armada dos tutsis, reacenderam conflitos internos, arrastando a população civil para o centro de uma guerra prolongada, brutal e muitas vezes esquecida pelo olhar internacional.

“Da borracha à maçã” não é apenas um registro de tragédias; é uma crítica à forma como a história se repete quando as raízes da violência são ignoradas. Mostra que o mesmo sistema que arrancou borracha das florestas a golpes de chicote, e que hoje arranca cobalto das minas congolesas, deixou um legado de instabilidade, impunidade e sofrimento. Um chamado à memória e à justiça, diante de um conflito que não começou nos anos 1990 — mas sim nos porões do colonialismo europeu

 

Duração: 26:10 

Autor: Pedro Bairon 

Para visualizar o documentário acesse o link:  

.https://youtu.be/kqtTs-vZCwo

Voluntários foram vítimas de sequestro ilegal em alto mar
por
Maria Mielli
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11/06/2025 - 12h

Nesta segunda-feira (9), o barco Madlen — batizado em homenagem a primeira e única mulher pescadora de Gaza — que levava Greta Thunberg, Thiago Ávila e outros ativistas ligados à organização Coalizão Flotilha da Liberdade foi interceptado e sequestrado pelas forças israelenses.

Os voluntários, que tinham como missão romper o bloqueio de Israel a faixa de Gaza e transportar ajuda humanitária até o povo palestino, foram alvos de drones e soldados que impossibilitam a chegada de qualquer tipo de ajuda à região. 

“A conexão foi perdida no Madleen. O exército israelense abordou o navio” foi a última mensagem dos ativistas, em seu canal de comunicação no Telegram. 

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Bombardeio no dia 1 de junho em Gaza/ Foto: Jehad Alshrafi
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Terça-feira (10), o Ministério das Relações Exteriores, afirmou que Thiago Ávila já chegou ao aeroporto de Tel Aviv (Israel) e conta com o apoio da embaixada brasileira que assiste o caso de perto. O esperado era que ele e os demais ativistas fossem deportados para seus respectivos países, mas até o momento da publicação dessa matéria, Thiago e outros 8 voluntários, como a deputada franco-palestina Rima Hassan, seguem sob prisão política de Israel. Greta foi a única verdadeiramente deportada. Os demais se recusaram a assinar o termo proposto pelos israelenses e foram enviados para prisão em Givon. Thiago aderiu greve de fome e Rima foi enviada a confinamento solitário após escrever "Palestina livre" em parede da prisão. 

“Eles cometeram um ato ilegal nos sequestrando em águas internacionais e contra nossa vontade nos trazendo para Israel, nos mantendo no fundo do barco, não nos deixando sair e assim por diante. Mas essa não é a história real aqui. A verdadeira história é que há um genocídio acontecendo em Gaza e uma campanha de fome sistemática” afirma a ativista Greta, em vídeo divulgado pela Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal).

Em janeiro deste ano, o site de notícias BBC, apurou que, até então, o número de palestinos mortos passava da casa dos 46 mil. Fora a destruição local, no qual diversos hospitais e escolas, e seus respectivos frequentadores (crianças e profissionais da saúde) foram também vítimas dos ataques de Israel. 

A guerra que dura mais de 2 anos é marcada por ser uma das mais violentas e desonestas da história, repleta de crimes de guerra. Israel não ataca somente os palestinos, mas também aqueles que demonstram apoio e/ou estão tentando exercer seu trabalho, como é o caso da imprensa. Em abril deste ano, durante a madrugada, tendas de imprensa do hospital Nasser, localizado no sul da Faixa de Gaza, foram vítimas de bombardeios. O ataque assassinou os jornalistas Helmi al-Faqawi e Yusef al-Jazindar e deixou outros sete feridos. 

Fatma Hassona, fotojornalista palestina responsável por divulgar diversas barbáries, foi outra vítima do exército israelense e morreu ao lado de nove membros da sua família. O cineasta Hamdan Ballal, co-diretor do documentário vencedor do Oscar No other land — que expõem as vivências dos palestinos — foi vítima de um sequestro que o deixou algemado por uma noite sendo torturado numa base militar, segundo o colega e diretor do filme, Yuval Abraham. 

O jornalista palestino Ahmed al-Naouq, em entrevista realizada no dia 3 de junho ao canal Piers Morgan Uncesored, afirmou: “Essa não é uma guerra religiosa. É uma guerra entre colonização e colonizados. Entre ocupantes e um povo sob ocupação”. Para o presidente da Fepal, Ualid Rabah, esse genocídio é a maior matança de crianças desde a Segunda Guerra. Ainda em recentes postagens, a federação emitiu uma nota oficial no Instagram: "Se a humanidade parou a Alemanha nazista e destruiu seu regime, é nosso dever histórico parar o Israel sionista e destruir seu regime".

Para brasileiro, governo quer causar um estrago imediato na vida dos estrangeiros
por
Tamara Ferreira
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03/06/2025 - 12h

 

No dia 11 de abril, o governo dos Estados Unidos enviou uma carta a Harvard exigindo uma reforma administrativa, auditorias com dirigentes, professores e alunos, além do encerramento dos programas de diversidade, equidade e inclusão. A Casa Branca também determinou a proibição do uso de máscaras — uma medida vista como direcionada aos protestos pró-Palestina, os quais têm sido tratados pelo governo como manifestações movidas por antissemitismo.

Três dias depois, foram congelados os contratos e subsídios federais da instituição, bloqueando cerca de US$2,3 bilhões (13,5 bilhões de reais). No mesmo dia, Alan Garber, presidente da universidade, declarou que as exigências extrapolam os direitos garantidos pela Primeira Emenda da Constituição dos EUA.

“Nenhum governo — independentemente do partido que estiver no poder — deve ditar o que universidades privadas podem ensinar, quem podem admitir ou contratar, e quais áreas de estudo e pesquisa podem seguir”, disse Garber em um comunicado para os alunos. “Esses objetivos não serão alcançados por meio de imposições de poder, desvinculadas da lei, para controlar o ensino e a aprendizagem em Harvard e ditar como operamos”, completou. 

Pessoas protestando contra as medidas do governo Trump.
Pessoas protestando contra as medidas do governo Trump. Foto: REUTERS/Nicholas Pfosi

Ainda em abril, o Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS) afirmou que Harvard poderia perder a autorização para matricular estudantes estrangeiros caso não cumprisse as exigências do governo Trump. Na época, a secretaria do DHS enviou uma carta à universidade exigindo que, até o dia 30 daquele mês, fosse apresentado o registro das chamadas 'atividades ilegais e violentas' praticadas por estudantes estrangeiros com visto. Caso contrário, Harvard perderia o privilégio de matricular novos alunos internacionais.

Na carta enviada à instituição, o DHS declarou: “E se Harvard não puder comprovar que está em total conformidade com seus requisitos de notificação, a universidade perderá o privilégio de matricular estudantes estrangeiros”.

No dia 22 de maio, o governo Trump cumpriu a ameaça e cancelou a certificação do Programa de Estudantes de Intercâmbio de Visitantes da universidade. Com isso, ficou impedida de matricular novos alunos estrangeiros, e cerca de 6,8 mil estudantes internacionais, que representam 27% dos alunos da universidade, foram orientados a buscar transferência para outras instituições.

Um dia depois, após Harvard entrar com uma ação contra o governo, a Justiça dos Estados Unidos decidiu derrubar a proibição. Com isso, os estudantes já matriculados e os novos ingressantes voltaram a ter autorização para obter o visto de estudante no país.

Em entrevista à AGEMT, Danilo Linhares, estudante de Direito de Harvard, afirmou que o objetivo da proibição é causar um estrago imediato nas universidades. “A ilegalidade da medida é tão gritante que é difícil acreditar que o próprio governo ache que tem chance real de vencer na Justiça. Mas acho que o objetivo deles nem é exatamente ganhar. É causar um estrago imediato — muita universidade menor não tem recursos nem disposição para comprar essa briga nos tribunais e, talvez, acabe cedendo às exigências."

Donald Trump justificou as medidas afirmando que Harvard “perdeu o rumo” e que a universidade “só ensina ódio e estupidez”. 

Nas audiências realizadas nos dias 27 e 29 de maio, a juíza Allison Burroughs prolongou a suspensão da decisão do governo, permitindo que Harvard continue recebendo estudantes internacionais até que os dois lados apresentem seus argumentos no tribunal.

Região da Caxemira é reivindicada há mais de sete décadas pelos dois países e concentra interesses estratégicos globais, inclusive da China
por
Chloé Dana
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25/05/2025 - 12h

          Na terça-feira do dia 6 de maio, as autoridades indianas afirmaram que realizaram bombardeios em nove locais que hospedam terroristas na Caxemira controlada pelo Paquistão. O Paquistão, por sua vez, apresentou uma narrativa distinta: informou que houve ataques aéreos em seis áreas, todos voltados a alvos civis, resultando em oito mortes, incluindo a de uma criança. O governo paquistanês comunicou aos meios de comunicação que conseguiu derrubar cinco aeronaves e um drone indiano. O governo indiano responsabilizou o Paquistão, que negou estar envolvido. Os bombardeios foram desencadeados após um ataque que ocorreu em abril na Caxemira indiana, onde 26 vidas foram perdidas devido a uma ação armada em uma área turística. 
As Forças Armadas do Paquistão, na véspera, reivindicaram a destruição de cinco caças indianos na porção da Caxemira sob administração de Nova Délhi. Embora as autoridades indianas não tenham confirmado oficialmente as perdas, uma fonte ligada às forças de segurança, que preferiu não se identificar, informou que três aeronaves militares foram abatidas.

          Ao conversar com o cientista político e ex-professor de Relações Internacionais na UERJ, FGV e Candido Mendes, Maurício Santoro, o profissional nos explica sobre a crescente do conflito da Caxemira desde 1947, as políticas que os países confrotam nos dias atuais e como podemos entender melhor essa história. Veja a reportagem 

 

Ex-presidente uruguaio lutava contra um câncer no esôfago; notícia foi confirmada pelo atual presidente
por
Marcelo Barbosa
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14/05/2025 - 12h

 

 Nesta terça-feira (13), faleceu José “Pepe” Mujica, ex-líder do Uruguai. Aos 89 anos, ele travava uma batalha contra um câncer no esôfago desde abril do ano anterior. A causa exata da morte ainda não foi informada.

Na rede social X, o atual presidente do país, Yamandú Orsi, confirmou a notícia: “É com profunda tristeza que anunciamos o falecimento do nosso colega Pepe Mujica. Presidente, ativista, líder e companheiro. Sentiremos muita falta de você, querido velho. Obrigado por tudo o que nos deu e pelo seu profundo amor ao povo uruguaio.”

Ontem (12), a esposa de Mujica, Lucía Topolansky, já havia declarado que ele estava “em estado terminal e recebendo cuidados paliativos”.

A trajetória de Mujica foi marcada por sua liderança como uma das figuras mais emblemáticas da esquerda no Sul Global. Desde a infância, sob influência da mãe, Pepe se apaixonou pela literatura e pela política. Criado com a irmã, perdeu o pai aos 7 anos de idade. Iniciou sua carreira política como secretário da Juventude no Partido Nacional.

Foi também um dos fundadores e guerrilheiros do Movimento de Libertação Nacional - Tupamaros, grupo que buscava uma revolução socialista no Uruguai. Seus integrantes ficaram conhecidos por realizar assaltos a bancos para redistribuir o dinheiro entre os mais pobres. O período de maior atividade do grupo coincidiu com a ditadura militar no país, entre 1973 e 1985.

Mujica foi capturado quatro vezes, passando seu mais longo período de encarceramento em 1972. Mesmo assim, conseguiu fugir duas vezes. Durante a prisão, foi mantido em solitária e submetido a intensas torturas. Sua primeira detenção foi em 1964, após o assalto a uma fábrica em Montevidéu. Em 1971, foi preso novamente, mas conseguiu escapar junto a centenas de detentos. No total, passou mais de 14 anos na prisão.

Após ser libertado por um projeto de anistia, Mujica participou da fundação do Movimento de Participação Popular. Apesar do passado como guerrilheiro, declarou em entrevista ao jornal Búsqueda que se tornou um defensor da democracia e que considerava seus atos da juventude um erro. Na década de 1990, ocupou os cargos de senador e ministro da Agricultura.

Como presidente do Uruguai (2010-2015), Mujica ganhou notoriedade mundial por defender pautas progressistas, como a legalização da maconha, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a descriminalização do aborto.

Entrou para a história uruguaia como um líder humanista, priorizando o combate à pobreza e à fome. Mesmo no cargo mais alto do país, manteve um estilo de vida simples: recusou-se a morar no palácio presidencial e preferiu continuar em seu sítio nos arredores de Montevidéu. A imprensa internacional o apelidou de “o presidente mais pobre do mundo”. Fiel ao seu Fusca 1987, doava a maior parte de seu salário, reforçando sua imagem de político avesso a luxos.

Reprodução: Reuters/Tony Gentile
Pepe Mujica no Festival de Veneza | Reprodução:Reuters/ Tony Gentile 

Sob sua gestão, a economia uruguaia apresentou resultados expressivos, com crescimento médio anual de 5,4% e redução significativa dos índices de pobreza. Ainda assim, enfrentou críticas da oposição, que o acusava de provocar aumento do déficit fiscal.

Em 2012, Mujica esteve no Brasil para a cúpula Rio+20 da ONU, realizada no Rio de Janeiro. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil emitiu nota de pesar, afirmando: “Ele foi um grande amigo do Brasil.”

Mujica nunca escondeu sua visão serena sobre a morte, como demonstrou em diversas entrevistas: “E, por favor, não vivam com medo da morte, mas, a certa altura da vida, você sabe que, um pouco antes ou um pouco depois, ela vai chegar”, declarou em uma conversa par um livro.

 

Como está sendo o trabalho desses profissionais em época de isolamento social?
por
Isabella Pugliese e Maria Sofia Aguiar
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30/06/2021 - 12h

Atualmente, nosso país conta com 92 embaixadas no exterior, além de três delegações e três missões diplomáticas junto a organismos internacionais. Além disso, mantém 38 consulados-gerais, seis consulados e 19 vice-consulados. Eles somam, ao todo, 1324 funcionários, dos quais 537 são diplomatas. No entanto, muitos não sabem o que, de fato, um profissional dessa área faz.

Um diplomata representa o estado brasileiro perante a comunidade internacional. Também participa da formulação da política externa brasileira. Preza pelo respeito nas relações do Brasil com outros países, tratando de questões relacionadas a comércio, cultura, economia, direitos, conflitos, entre outros temas. As responsabilidades da profissão são muitas e, durante a pandemia, não foi diferente.

Para entender melhor essa profissão e seus obstáculos em época de isolamento social, a AGEMT conversou com o Cônsul Honorário representante da Hungria, Marco Aurélio Schetino, e com o Cônsul Honorário representante da Lituânia, Carlos Levenstein. Confira a entrevista!

(Foto: Entrevista)

O Oficina Podcast é apresentado e produzido pelos alunos Giovanna Canha Crescitelli, Laura de Almeida Mello e Lucas Malagone do terceiro semestre do curso de Jornalismo da PUC-SP. O episódio faz parte da disciplina de Narrativas Online
por
Giovanna Crescitelli, Laura Mello e Lucas Malagone
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24/06/2021 - 12h

Em outubro de 2019, a América do Sul se deparou com enormes manifestações populares no Chile. Conhecido como Estallido Social (tradução: estalo social), os atos iniciaram-se com a resposta dos estudantes para o aumento da tarifa dos transportes públicos e foram crescendo subitamente até concentrarem um total de 1,2 milhões de manifestantes apenas na capital chilena, Santiago, sendo brutalmente repreendidos pela força policial. Essa violenta forma de repreensão era familiar aos povos originários do país, como os mapuches, que se solidarizaram e, em nota nas redes sociais da Alianza Territorial Mapuche, apoiaram as manifestações como um povo distante que concordava e apoiava suas reivindicações. Naquela semana, se viam inúmeras bandeiras mapuches nos protestos, um número visivelmente superior à própria bandeira chilena. Todos estes fatos levaram a algo inédito na história do país: uma constituinte paritária que teria cadeiras indígenas. Escute aqui.

https://soundcloud.com/giovanna-crescitelli/oficina-vozes-chilenas-sobre-o-processo-constituinte

Entenda as principais questões que explicam e contribuem diretamente com os conflitos entre Israel e Palestina
por
Ana Carolina Coelho, Júlia Lourenço e Nathalia Cristina
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23/06/2021 - 12h

A gênesis do problema

Conflitos territoriais, religiosos, êxodos e dominação política remontam à antiguidade na região do Oriente Médio. Entre guerras e diásporas, a questão palestina segue sem resolução há mais de um século. As diásporas judaicas ao longo da história foram marcadas pela marginalização do povo judeu, que espalhados pelo mundo eram constantemente perseguidos e hostilizados pelas nações que habitavam. O sentimento de pertencimento não deixou que a nação israelense se desintegrasse. No livro “Passagens: Literatura Judaico-Alemã entre Gueto e Metrópole”, Luis Sérgio Krausz, professor de Literatura Hebraica e Judaica na USP, afirma que "A ausência de um Estado fez com que construíssem sua identidade com base em parâmetros mais religiosos e étnicos do que nacionais ou territoriais". 
 

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Descrição gerada automaticamente
Fonte: UOL

Como resposta ao antissemitismo crescente na Europa, surge, no século XIX, o movimento sionista, idealizado e divulgado pelo jornalista e escritor austro-húngaro Theodor Herzl. O movimento defendia a criação de um Estado Judeu que pudesse ser lar para todo os judeus, garantindo assim sua segurança. Entre as opções para a criação desse Estado estavam Uganda, Argentina e Birobidzhan, na Rússia. Haviam ainda partidários da causa sionista que defendiam a criação de um Estado no antigo reino histórico de Israel, entretanto esse território já estava ocupado pelos Palestinos.
Em 2 de novembro de 1917, o governo britânico apoia a causa sionista através da Declaração de Balfour, concordando com a construção do Estado Judeu na região da Palestina com a condição de que os direitos palestinos fossem preservados. Como resultado, entre as décadas de 1920 e 1940 milhares de judeus imigraram para a região.

 

Início dos conflitos

Diversos conflitos se seguiram entre judeus e palestinos, que não consideram legítimo o direito de Israel pelo território em questão. Em 1947 o Plano de Partilha da ONU propõe a criação de dois Estados independentes e um regime especial para Jerusalém, considerada terra sagrada por judeus, muçulmanos e cristãos. Entretanto, o plano não chegou a ser implementado.

Com a expiração do mandato britânico sobre a Palestina em maio de 1948, o líder israelense David Ben-Gurion proclamou o estabelecimento do Estado de Israel. No dia seguinte, a Liga Árabe composta por Egito, Jordânia, Síria, Líbano e Iraque, declara guerra ao Estado Judeu, dando origem ao primeiro conflito Árabe-Israelense. Após 1 ano de conflito, a Liga Árabe é derrotada e Israel expande seu território. Como consequência das guerras, mais da metade da população palestina é desalojada e busca se refugiar em países vizinhos como a Jordânia; essa diáspora é chamada de “Al Nakba” que significa “A catástrofe”.

 

As intifadas árabes 

No ano de 1987, a revolta contra a ocupação israelense e a expulsão de milhares de palestinos foi combustível para a Primeira Intifada, que resultou na prisão e na morte de grande parte dos envolvidos. Nasce então o grupo radical Hamas – Movimento de Resistência Islâmica – que tem por objetivo “a destruição total do Estado de Israel” como descrevem em sua carta de fundação. A Primeira Intifada terminou em 1993 com a assinatura do Acordo de Oslo entre o Estado de Israel e a Autoridade Nacional Palestina, o acordo reconhecia a existência mútua e prévia autoridade palestina sobre o território da Faixa de Gaza, da parte ocidental de Jerusalém e da Cisjordânia, que teve seu controle dividido entre os dois Estados.

O Acordo de Oslo não foi bem-sucedido e no ano de 2000 inicia-se a Segunda Intifada. A visita do líder israelense à mesquita de Al Aqsa, na parte árabe de Jerusalém, foi vista pelos palestinos como uma provocação. Ainda mais violenta que a primeira, a Intifada terminou apenas em 2005 com a retirada de Israel da Faixa de Gaza, que passou a ser governada pelo Hamas.

Diagrama, Mapa

Descrição gerada automaticamente

Fonte: Blog Arte, Cultura e Espiritualidade 

Atualmente, Israel tem realizado diversos ataques à Faixa de Gaza e à Cisjordânia, que têm sido gradualmente ocupadas por assentamentos israelenses. De acordo com o professor de Relações Internacionais da PUC, Bruno Huberman, Israel tem adotado uma postura colonialista, assim como as grandes nações imperialistas. Em entrevista ao Monitor do Oriente Médio (MEMO) o especialista afirma que “O sionismo surge como uma forma de solucionar a questão judaica na Europa – a perseguição, subjugação e opressão dos judeus – e se concretizou com o que antes era subjugado, subjugando um novo povo, por meio da colonização da Palestina. Embora estejam conectados, não se justificam. É uma forma de luta essencialista que não entende a luta por libertação como algo universal; da libertação humana contra as opressões, explorações e o colonialismo. Dessa forma, os judeus oprimidos se tornaram os opressores”. 

 

A relação estreita entre Israel e Estados Unidos

Israel perde aliado Trump e palestinos ganham esperança com Biden

Fonte: Revista Isto é Dinheiro

A relação amigável entre os Estados Unidos e o Estado de Israel começou no período da Guerra Fria. Os Estados Unidos perceberam a potência militar de Israel e, durante a era, se aproximaram do país a fim de assegurar sua superioridade contra a falecida União Soviética. Além disso, a região do Oriente Médio é rica em petróleo, o que também chamou a atenção dos EUA ao se aliar ao Estado de Israel, localizado em uma região estratégica.

Apesar dos laços terem sido firmados em um contexto histórico peculiar, os interesses políticos de Estados Unidos e Israel são mútuos. Manter esses laços é garantir um poder incontestável. Recentemente, no ano de 2017, a ONU lançou um relatório que afirmava que o Estado de Israel praticava o apartheid contra a Palestina, porém foi obrigada a exclui-lo após a pressão dos Estados Unidos e de Israel. Além da força militar, possuem fortes serviços de inteligência, formando uma influência mundial hegemônica que é capaz de alterar decisões, como acontece na ONU, que sempre critica Israel e acaba cedendo após a defesa por parte dos EUA.

Os Estados Unidos afetam diretamente os conflitos de Israel contra a Palestina. Além de financiarem o país e oferecerem seu exército para os combates, apoiam todos os conflitos israelenses e as ocupações nos territórios palestinos. Em 2020, o ex-presidente Donald Trump reconheceu Jerusalém como capital de Israel e, segundo Benjamin Netanyahu, Donald Trump foi “o melhor amigo que Israel já teve na Casa Branca”. Joe Biden honrou as relações diplomáticas dos países, e decretou apoio a Israel em seus conflitos.
 

 

Convenção de Genebra: as leis que se encaixam no conflito entre Israel e Palestina 

A Convenção de Genebra é o nome dado a vários tratados internacionais que foram assinados entre 1864 e 1949 para reduzir as decorrências das guerras sobre a população civil, além de oferecer uma proteção para militares capturados ou feridos. Após o primeiro encontro, várias outras convenções foram realizadas para ampliar e detalhar uma espécie de regulamento para a participação em uma guerra. Apesar de muitos especialistas apontarem que a aplicação das leis se mantém insatisfatória, os tratados adequaram-se pelo menos para deixar explícito que o mundo considera inaceitável um conflito armado. Quem excede esses limites comete os chamados crimes de guerra.  

A quarta Convenção de Genebra, ocorrida em 1949, é a primeira a conceder proteção aos civis em tempos de guerra, inclusive em território ocupado. O novo protocolo se aplica também a conflitos armados relacionados à luta dos povos contra a dominação e ocupação estrangeira. As leis redigidas pela Convenção entram em vigor a partir do momento em que as hostilidades realmente começam, independente se aquelas operações forem ou não declaradas. Com isso, as leis aplicam-se aos territórios palestinos ocupados em 1967 e continuam a ser aplicadas enquanto a ocupação militar prosseguir.   

A partir da Convenção de Genebra, Israel deve cumprir algumas normas que regem a ocupação em relação à Palestina por se caracterizar como uma potência ocupante – Estado que ocupa o território invadido. Segundo regulamento redigido na Convenção de 1907 e 1949, as principais normas do direito aplicável em caso de ocupação instituem o seguinte:

  1. O ocupante não adquire soberania sobre o território invadido. 

  2. A ocupação é apenas uma situação temporária e os direitos do ocupante se limitam à duração desse período. 

  3. Usando todos os seus meios, a potência ocupante deve garantir e manter níveis suficientes de saúde e higiene pública, assim como abastecer com víveres e produtos médicos a população do território ocupado.

Portanto, segundo a Convenção de Genebra, Israel está cometendo um crime de guerra. Porém, devido à proteção que os Estados Unidos oferecem, Israel não está sendo punida e mesmo com as críticas da ONU o país não recua nas suas invasões.
 
 

Vacinação contra a Covid-19

Israel tem a maior taxa de população vacinada contra a covid-19 no mundo. No mês de junho, iniciou-se a vacinação na faixa etária de adolescentes de 12-15 anos. Mais de 55% da população do país já foi vacinada e o uso de máscara em locais abertos não é mais obrigatório desde fevereiro, enquanto em locais fechados deixou de ser obrigatório nesta última terça (18). Israel foi visto como país-modelo para as campanhas de vacinação e a maioria das doses aplicadas são da Pfizer.

Apesar de ser um exemplo mundial, pouco se fala sobre a vacinação nos países que são afetados pelos conflitos israelenses. O país construiu barreiras na Cisjordânia e em Gaza (além, claro, da invasão do território palestino), que controlam o acesso de elementos básico de sobrevivência nos países, incluindo a chegada das vacinas. Estima-se que cerca de 0,8% da população da Cisjordânia, de Gaza e da Palestina estejam vacinadas, o que mal atende as necessidades locais. Enquanto adolescentes e grupos com menor risco de adoecimento por covid-19 estão imunizados e voltando às normalidades em Israel, pessoas continuam morrendo nos outros países, os casos aumentando e o país nem sequer prestou assistência aos grupos de risco dessas regiões. 

Mesmo com milhões de vacinas vencendo, o governo israelense se recusa a doar algumas doses para os países que necessitam e, principalmente, para a Palestina. Após uma tentativa frustrada de um acordo de vacinas entre Israel e Palestina, a ministra da saúde Mai Alkaila afirma que Israel mentiu quanto ao prazo de validade, sendo negociadas vacinas que vencem em junho como se fossem vencer em agosto. Organizações internacionais, ONGs humanitárias e os próprios Estados Unidos têm feito inúmeros apelos a Israel para que ajude a Autoridade Palestina na campanha de vacinação contra a covid-19, porém, até o momento, os únicos palestinos que receberem a vacina foram os residentes de Jerusalém Oriental com visto de residência. 

Segundo o representante da ONU Tor Wennesland, Israel tem o dever de vacinar a população palestina devido às ocupações territoriais que possui. O ministro da saúde israelense afirmou em janeiro que Israel teria o interesse de vacinar a população palestina futuramente, o que não aconteceu passados 6 meses da declaração. A negociação da vacina entre Israel e Palestina ainda está em andamento e a última atualização foi sobre a desistência palestina ao receber o lote quase vencido de vacinas. Vale ressaltar que, no acordo, a Palestina terá que devolver as doses “emprestadas” por Israel em um curto prazo de 3 meses, estando prevista, até então, a devolução das doses até o mês de setembro. 

 

A derrocada de Benjamin Netanyah 

Netanyahu pode repetir Lula e terminar na cadeia | Revista Llosa

Fonte: site da llosa

 

No dia 13 de junho, o Parlamento de Israel determinou o fim dos 12 anos de poder do primeiro-ministro Benjamin Netanyah. Ao aprovar a formação de um novo governo, constituído por uma extensa coligação que vai de nacionalistas judeus de direita a políticos árabes-israelenses, o parlamento aprovou a aliança costurada por Yair Lapid, político centrista e um dos principais opositores de Netanyah. No mês junho, ele conseguiu fixar uma aliança majoritária ao ganhar apoio do direitista Naftali Bennett. 

O impasse do poder em Israel, ficou mais profundo no final de 2018 com uma divisão na aliança pró- Netanyah. Essa divisão ocorreu especialmente pela ala mais nacionalista e militarista do governo. Um dos principais motivos foi a trégua anunciada em novembro de 2018 pelo governo israelense com os palestinos, que se combatiam na Faixa de Gaza. 

O gatilho para a crise foi a saída do então ministro da Defesa, Avigdor Lieberman. Anteriormente o braço direito de Netanyah, o político pediu para deixar o governo após a trégua com os palestinos. Deste modo, em dezembro de 2018, a coalizão governista foi formalmente desfeita e o governo teve de convocar novas eleições. As eleições ocorreriam normalmente em novembro de 2019, mas a decisão de diluir o Parlamento antecipou essa votação para abril. 

O resultado das eleições mostrou a dimensão da desintegração política em Israel. Isso porque nenhum partido conquistou, sozinho, as 61 cadeiras para controlar o Parlamento (com 120 assentos) nas quatros eleições ocorridas entre 2019 e março de 2020. O impasse parece ter fim em março de 2020, quando Gantz e Netanyah apoiaram em unir forças para enfrentar a pandemia da covid-19 e não perenizar o impasse político em Israel. No entanto, a ampla aliança não vingou, e Gantz rompeu a coligação. 

No Chile e no Brasil, povos indígenas lutam por autonomia e direitos sobre a terra
por
Giovanna Crescitelli, Laura Mello e Lucas Malagone
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22/06/2021 - 12h

Giovanna Crescitelli, Laura Mello e Lucas Malagone

Em outubro de 2019, a América do Sul se deparou com enormes manifestações populares no Chile. Conhecido como Estallido Social (tradução: estalo social), os atos iniciaram-se com a resposta dos estudantes para o aumento da tarifa dos transportes públicos e foram crescendo subitamente até concentrarem um total de 1,2 milhão de manifestantes apenas na capital chilena, Santiago, sendo brutalmente repreendidos pela força policial. Essa violenta forma de repressão era familiar aos povos originários do país, como os mapuches, que se solidarizaram e, em nota nas redes sociais da Alianza Territorial Mapuche, apoiaram as manifestações como um povo distante que concordava com suas reivindicações. Naquela semana, se viam inúmeras bandeiras mapuches nos protestos, um número visivelmente superior à própria bandeira chilena. Todos estes fatos levaram a algo inédito na história do país: uma constituinte paritária que teria cadeiras indígenas.

De acordo com Luis Eugenio Campos Muñoz, investigador principal do Centro Interdisciplinario de Estudios Interculturales e Indígenas, a participação das lideranças originárias, assim como a participação feminina, na constituinte é imprescindível: “Foi um processo mal feito e pensado para a população urbana, com pouco tempo e recursos para inscrever as candidaturas, principalmente para os povos de mais difícil acesso, mas eles conseguiram enviar. Não é uma representação porcentual, mas é algo inédito para o país. Houve muita resistência do governo contra os povos indígenas na constituinte, tanto que o povo tribal afrodescendente foi deixado de fora, algo que deverá ser reparado posteriormente.”. Esta nova constituição será escrita por uma constituinte paritária, formada 50% por homens e 50% por mulheres e substituirá a atual Carta Magna, que apesar de ter sofrido alterações, é herança do regime militar de Pinochet.

Manifestações feministas
Milhares de mulheres vão às ruas do Chile no primeiro 8M20 após protestos - ISTOÉ Independente

Para Luis Eugenio, essa nova constituição “é uma aposta, não uma confirmação”, devido à certa resistência da sociedade civil do Chile e pela disputa econômica pelos recursos naturais presentes em terras indígenas. “É necessário que haja melhores leis para a proteção e autonomia dos territórios indígenas, como existe no Brasil a demarcação, além de recuperar o que foi roubado, como as terras da Ilha de Páscoa invadidas pelo Estado Chileno 100 anos atrás”.

Como comentou o investigador, a constituinte é uma aposta, assim como ocorrido no Brasil. Apesar de não ter havido cadeiras para lideranças indígenas na Constituição brasileira de 1988, estes se articularam com lideranças do Movimento Negro e Movimento do Direito das Mulheres para que suas pautas virassem parte da Lei Maior, com demarcação de territórios e outros direitos, que atualmente são violados. Linda Terena, antropóloga e indígena do povo Terena de Dourados MS, fala que, sem dúvidas, a participação originária na nossa constituição foi um grande passo para a “consolidação da tão falada ‘democracia’, sobretudo, a efetivação da democracia consolidando direitos às diversidades”, mas que o escrito e o cumprido são coisas diferentes. “Não nos espanta em nosso país a cultura de falar e fazer tão distantes em sua realidade, dessa forma, jamais seria diferente quando se fala naquilo que está no “papel” com aquilo que se faz na prática. Faço uma analogia em relação ao que se garante por escrito e forma de Leis e o que se oferece a partir desse aos povos indígenas. Um exemplo mais que convincente são as demarcações dos territórios indígenas, desde 1988 até o presente momento, essa garantia está apenas descrita no papel. Enquanto isso, o Estado como aparato Legal empurra a canoa furada promovendo com isso os conflitos fundiários tão acesos nos últimos anos. Morrem indígenas, e o noticiário diz: Ah, são meros vagabundos e invasores. Mas peraí!! Invasores? Roubam nossas terras e ainda levamos conosco o crime de invasão em nossas próprias casas! Os territórios indígenas nacionalmente vivem em conflitos direto entre grandes pecuaristas, mineradores, garimpeiros, madeireiros e afins.”, comenta.

No último dia 16 de julho, numerosos indígenas, representando mais de 25 povos distintos do país, protestaram em frente à Esplanada dos Ministérios contra o Projeto de Lei 490/2007, que pretende dificultar a demarcação de novos territórios e facilitar a abertura de terras já demarcadas para exploração de recursos naturais. Em nota técnica, a Assessoria Jurídica do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) afirma que este projeto, além de inconstitucional, afronta decisões do Supremo Tribunal Federal (STF). Neste ato, os manifestantes também sofreram repreensão policial, com bombas de efeito moral e sprays de pimenta. De acordo com Linda Terena, o maior problema a ser resolvido para a população indígena brasileira é o próprio Estado. “O Estado brasileiro faz ou finge não ver o que está em cena, insiste em sua miopia cultural, econômica e política. As leis por exemplo que ampara o meio ambiente é um exemplar, tornou-se “falácia” à medida que não se respeita. Cria-se Projetos de Leis, PECs, e demais ordenamentos jurídicos para impedir o que já está garantido na Constituição Federal e dessa maneira seguem desconstruindo direitos indígenas, o direito à vida.”.

Manifestações indigenas
Protesto indígena em Brasília (16/07/2021) Foto: Plinio Teodoro | Revista Fórum

Em toda a América, os povos originários se conectam pela dor do genocídio e tomada de direitos. “A invasão conecta todos os povos, tanto originários quanto negros, de forma profunda. O genocídio e a resistência os conectam. Existe um ditado do povo Mapuche que diz ‘não só vivo, mas em pé’, que demonstra o espírito de luta deles.”, diz Karine Narahara, coordenadora do Núcleo de Estudos Ameríndios do Laboratório Geru Maa de Africologia e Filosofia Ameríndia do IFCS/UFRJ, “O povo mapuche é um povo-nação, possuem autonomia e acreditam que as pessoas não possuem um território, mas o território possui as pessoas. É daí que vem “mapuche”, que na língua deles significa “gente da terra”. Não estou muito a par das pautas da constituinte, mas creio que por acreditarem neste conceito de território eles provavelmente defendem a presença de um Estado Plurinacional, como existe na Bolívia.”. O investigador Luis Eugenio ainda diz: “Quando, visionariamente, a Alianza Territorial Mapuche se coloca a favor das reivindicações do povo chileno no Estallido Social como um povo de fora, naturalmente gera ao povo chileno o dever de reconhecê-los também como um povo diferente, com direitos. E isto se manifesta quando o povo chileno se levanta, tomando a bandeira mapuche como emblema de resistência.”. Assim como os povos originários chilenos, os brasileiros também lutam incansavelmente. “Me veio à mente, uma ilustração descrita pelo educador e filósofo Mario Sergio Cortela quando ele diz: ‘O animal sossegado, dorme’.” diz Linda Terena. “Creio que a resistência do meu povo, o Terena, assim como os demais, está nessa ilustração de Cortela, nunca sossegamos. Ao contrário, permanecemos incomodados e incomodamos muito o Estado brasileiro, desde séculos anteriores quando nossas tataravós viajavam sobre carreta com boi puxando por dias para dialogar com as autoridades competentes. A diplomacia foi e continua sendo um grande recurso para que nossa luta seja reconhecida e visibilizada ao menos, na medida em que não cremos ser priorizada.”.

Num domingo, 04 de julho, a acadêmica mapuche Elisa Loncón foi eleita presidente da Convenção Constitucional chilena, dando ainda mais esperança para os povos originários do país e de outras fronteiras, que lutam até hoje por uma diplomacia funcional que escute e leve em consideração suas reivindicações.
 

Manifestações pauche

 

Ainda que noticiado por alguns veículos da imprensa, alguns detalhes não obtiveram visibilidade
por
Anna da Matta, Julia Rugai e Vanessa Orcioli
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15/06/2021 - 12h

Você com certeza já ouviu falar sobre isso. Seja na escola ou nas notícias...e neste último mês, novos acontecimentos somaram a essa história que já vem de anos atrás. Mas você talvez não tenha escutado ou lido o outro lado dessa  história para além do que já se sabe. Conflito? Guerra imobiliária? Ou limpeza étnica? 

O podcast traz alguns fatos históricos que auxiliam no entendimento do atual conflito entre Palestina e Israel, junto de relatos de quem vive essa história bem de perto. O estopim mais recente se deu por ameaças de despejo de famílias palestinas de Sheikh Jarrah, bairro localizado na região de Jerusalém Oriental, e embora o ocorrido tenha sido noticiado por alguns veículos da imprensa, alguns detalhes não obtiveram visibilidade.  

As informações presentes neste podcast foram retiradas diretamente de fontes que moram na região e estão vivenciando esses confrontos. Por isso, os relatos são anônimos e os nomes apresentados são fictícios. As vozes pertencem à Loay Ayyoub e Samir.

Confira o episódio aqui.