As eleições francesas serão decididas em segundo turno, reeditando a disputa de 2017, Emmanuel Macron (República Em Marcha!) e Marine Le Pen (Reunião Nacional) vão disputar as intenções de votos dos franceses. Os eleitores foram às urnas no último domingo (10), e o segundo turno está previsto para o dia 24 de abril.

Ao longo dos últimos meses as pesquisas eleitorais mostravam o atual presidente, Emmanuel Macron, na liderança da corrida presidencial, seguido com certa proximidade por Marine Le Pen. Nessa disputa, corria por fora Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa). Mais atrás nas intenções de voto, Yannick Jadot (Verdes) e Valérie Pécresse (Republicanos), tentavam ganhar fôlego durante a campanha.
Na última semana, as pesquisas mostraram que Le Pen, candidata da extrema-direita, estava encurtando a vantagem de Macron. Esperançosos da esquerda apostaram em um impulso final de campanha para que Mélenchon avançasse ao segundo turno. De acordo com as pesquisas, o candidato de esquerda tinha pequenas, mas reais, chances de passar ao segundo turno.
Com 27,84% dos votos, Macron superou algumas pesquisas eleitorais e seu próprio desempenho no 1º turno de 2017, quando obteve 24,01% dos votos. Le Pen registrou 23,15% e também superou seu desempenho no 1º turno de 2017, quando conquistou 21,3% dos votos. Mélenchon confirmou o que diziam as pesquisas e esteve muito perto do segundo turno, obtendo 21,95% dos votos, melhorando seu desempenho em relação a campanha de 2017, quando obteve 19,58% dos votos. Veja a porcentagem dos demais candidatos:
- Éric Zemmour (Reconquista!), candidato da extrema-direita com 7,07% dos votos.
- Valérie Pécresse (Republicanos) teve um desempenho bem abaixo do que pretendia o partido, conseguindo apenas 4,78% dos votos.
- Yannick Jadot (Verdes) com 4,63% dos votos.
- Jean Lassalle (Resistir!), com 3,13% dos votos.
- Fabien Roussel (Partido Comunista) conquistou 2,28% dos votos.
- Nicolas Dupont-Aignan (A França de Pé) conquistou 2,06% dos votos.
- Anne Hidalgo (Partido Socialista) teve um desempenho surpreendentemente negativo, e não conseguiu chegar nem aos 2%, obtendo apenas 1,75% dos votos.
- Philippe Poutou (Novo Partido Anticapitalista) conquistou 0,77% dos votos.
- Nathalie Arthaud (Luta Operária) obteve 0,56% dos votos.
Os números consolidados são do Ministério do Interior da França.
O desempenho do Partido Socialista mostra a crise que atravessa a sigla no país, desde que François Hollande, último presidente socialista, deixou o Palácio do Eliseu. Em 2017, o candidato dos socialistas, Benoit Hammon, também não avançou para o segundo turno, tendo obtido 6,36% dos votos. O Partido Republicano também enfrenta dificuldades para retomar sua relevância na disputa presidencial.
Abstenções
Cerca de 25,14% dos eleitores aptos para votar não compareceram. A taxa é um pouco menor do que em 2017, quando 25,44% dos eleitores não compareceram. O recorde de abstenção é em 2002, quando 28,4% não compareceram.
Apoios no 2º turno
Com exceção a Éric Zemmour, todos os demais candidatos que não avançaram ao segundo turno fizeram discursos nas sedes de suas campanhas pedindo uma união contra a extrema-direita e o extremismo, representado por Marine Le Pen.
O também de extrema-direita Zemmour, disse que tem divergências com Le Pen, mas que todos sabem quem é o “inimigo”, e por isso, deveriam votar em Le Pen.
Após o fechamento das urnas, e a divulgação do segundo turno, Emmanuel Macron e Marine Le Pen discursaram para seus apoiadores nas sedes de suas campanhas.
Marine Le Pen pediu uma união entre “todos aqueles que não votaram em Macron” para que se juntem a ela. A ultradireitista também agradeceu aos votos que recebeu, e que a fizeram avançar ao segundo turno.

“Vejo a esperança de que as forças de recuperação do país estejam aumentando. Todos aqueles que hoje não votaram em Emmanuel Macron são chamados para participar de nosso comício”
Em Paris, Macron falou em um segundo turno “decisivo” para a França e para a Europa, destacando que “nada está decidido”. O atual presidente também elogiou o posicionamento dos demais candidatos ao pedirem votos contra a extrema-direita.

“Não se engane, nada acabou. O debate que teremos nos próximos 15 dias será decisivo para o nosso país e para a Europa. Você poderá contar comigo para implementar este projeto de progresso, abertura e independência da França que defendemos nesta campanha”
Diferente de 2017, quando Macron obteve 66,06% dos votos contra 33,04% de Le Pen no segundo turno, as pesquisas mostram um placar mais apertado, prometendo que os próximos 15 dias que antecedem o dia de votação do 2º turno serão agitados, e disputados voto a voto.
Em uma eleição que promete se polarizar entre o candidato à reeleição Emmanuel Macron (República Em Marcha!) e a candidata de extrema-direita Marine Le Pen (Reunião Nacional), uma pesquisa Ifop divulgada na sexta-feira (8) procurou entender o que motiva os eleitores franceses a ir às urnas no domingo (10). Vale lembrar que na França o voto não é obrigatório, e de acordo com a pesquisa, 73% dos eleitores aptos pretendem comparecer.
Pesquisa eleitoral
A última pesquisa Ifop divulgada na sexta-feira (8), com margem de erro entre 0,8 e 1,1 pontos percentuais, mostrou um empate técnico entre Macron e Le Pen.
O atual presidente lidera com 26% das intenções de voto, seguido por Le Pen com 24%, Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa) com 17%. Valérie Pécresse (Republicanos) e Éric Zemmour (Reconquista!) aparecem empatados com 9%. Yannick Jadot (Verdes) tem 5%, Fabien Roussel (Partido Comunista) e Jean Lasalle somam 2,5%. Anne Hidalgo (Partido Socialisa) tem 2%.
Em um segundo turno entre Macron e Le Pen, a vantagem é do centrista, 52% a 48%.

O que levará os franceses às urnas ?
A pesquisa foi realizada ouvindo 1.005 pessoas maiores de 18 anos, de 6 a 7 de abril de 2022.
A pesquisa mostrou que 6 em cada 10 franceses (61%) dizem que a escolha do seu voto passará pela preocupação em relação a defesa poder de compra. Em seguida, o levantamento mostra que 38% dos votos estão preocupados com a saúde pública, e 33% com a luta contra a criminalidade. 26% falaram sobre a defesa da identidade francesa, e 24% falaram sobre as desigualdades sociais.
Dos participantes da pesquisa, 23% mostraram preocupações com a educação no país, e 20% com o meio ambiente. 19% falaram que seus votos serão motivados pela atitude diante da guerra entre Rússia e Ucrânia. 12% dos entrevistados falaram sobre a defesa nacional. 10% disseram que as sanções contra a Rússia serão importantes na definição do voto.
Entre as questões de menor relevância estão a construção europeia (9%) e a discussão sobre a participação ou não da França na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), com 4%.
O total da pesquisa é superior a 100%, tendo os entrevistados sido capazes de dar várias respostas.
Recorte entre os eleitores
A pesquisa também fez recortes entre os eleitores de cada candidato em relação aos temas já mencionados. Entre o eleitorado de Yannick Jadot (Verdes) é grande a preocupação com a defesa do poder de compra (72%), assim como entre os eleitores de Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa) e Valérie Pécresse (Republicanos), ambos com 70%.
Entre os eleitores de Marine Le Pen, o número é de 61%, já entre os de Macron, é 51%.
Os eleitores de Éric Zemmour estão preocupados no combate à criminalidade (66%) e na defesa da identidade francesa (78%). Os eleitores de Le Pen também demonstraram preocupação com os temas, em relação à criminalidade foram 51% e em defesa da identidade francesa 48%.
Estes foram os maiores índices de preocupações dos eleitores em relação a esses temas entre todos os demais candidatos.
Em relação ao meio ambiente, os mais preocupados foram os eleitores de Jadot (50%), em contrapartida, os eleitores de Zemmour não se mostraram preocupados, marcando 0%. Sobre as desigualdades sociais, os eleitores de Jadot (54%) e Mélenchon (51%) foram os números de maior índice, em contraposição aos de Zemmour (6%) e Pécresse (5%).
Já nas preocupações com a saúde pública, os eleitores de Pécresse foram os que mais se importaram (44%), na contramão estão os eleitores de Jadot (18%). Na importância da educação no país se destacam os eleitores de Mélenchon (32%), ante os eleitores de Jadot (11%).
Nas questões relacionadas à defesa nacional (20%), atitude diante da guerra no leste europeu (35%), sanções contra a Rússia (22%) e construção europeia (23%), os maiores índices vieram dos eleitores de Macron. Sobre a saída ou não da OTAN, os mais interessados foram os eleitores de Pécresse, com 9%.
O total da pesquisa é superior a 100%, tendo os entrevistados sido capazes de dar várias respostas.
Idades e preocupações
Tema de maior relevância entre os eleitores, a defesa do poder de compra preocupa mais as mulheres (64%), e as pessoas com menos de 35 anos de idade (62%), com destaque para as pessoas entre 25 e 34 anos de idade (67%). A saúde pública também preocupa mais as mulheres (47%), e as pessoas acima de 35 anos de idade (40%).
A luta contra a criminalidade preocupa mais os homens (36%), e em especial, os eleitores entre 50 e 64 anos de idade (39%). Já a defesa do meio ambiente é de maior interesse entre as mulheres (23%), e os eleitores abaixo de 35 anos de idade (39%), com destaque aos eleitores entre 18 e 24 anos de idade (68%).
1º turno: Voto por convicção
Perguntados sobre os critérios que adotam para votação no 1° turno, 73% dos eleitores disseram que preferem votar por convicção, ou seja, em candidatos que tenham ideias próximas a deles, mesmo que esse não tenha chance de avançar ao segundo turno. 27% disseram que preferem votar em um candidato que não corresponda totalmente à defesa dos ideais, mas que tenha mais chances de avançar ao 2º turno.
O voto por convicção é maioria entre as mulheres (74%) e os eleitores abaixo de 35 anos (78%).
48,7 milhões de franceses estão aptos a votar. A votação começa às 08h horário local (03h horário de Brasília), na maioria dos lugares, por volta das 19h horário local (14h horário de Brasília) a votação é encerrada, nas grandes cidades é encerrada às 20h horário local (15 horário de Brasília). A partir do encerramento já serão divulgadas pesquisas de boca de urna.
Na terça-feira (5) o Instituto Ifop divulgou mais uma pesquisa de intenção de votos para a presidência na França. Com menos de uma semana para o dia da votação, a pesquisa mostra um possível segundo turno entre o atual presidente Emmanuel Macron (Em Marcha!) e a candidata de extrema-direita, Marine Le Pen (Reunião Nacional).
Correndo por fora nesta disputa, Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa), Éric Zemmour (Reconquista!), Valérie Pécresse (Republicanos) e Yannick Jadot (Verdes), tentam surpreender e avançar para a segunda volta desta eleição.
O que mostram as pesquisas ?
De acordo com a pesquisa, Emmanuel Macron lidera desde os primeiros levantamentos. O centrista tinha 25% das intenções de voto em 14 de janeiro. No dia 31 de janeiro, oscilou para 24%. Em 15 de fevereiro, subiu para 25,5%. No dia 28 de fevereiro, marcou 28%. Em 15 de março, chegou a 31% das intenções de voto. Em 21 e 31 de março, caiu para 28%. Nos últimos levantamentos ele aparece com 27% das intenções de voto.
Em segundo lugar, a candidata Marine Le Pen somava 16% das intenções de voto no dia 14 de janeiro. No dia 31 de janeiro, subiu para 17,5%. Em 15 de fevereiro manteve a porcentagem de 17,5%. No dia 28 de fevereiro, voltou a marca de 16%. Em 15 de março, subiu para 18%. No dia 21 de março, mais um crescimento, chegou a 18,5%. Em 31 de março chegou a 21%. Nos últimos levantamentos marcou 22%, o maior índice para primeiro turno desde o começo das pesquisas.
O terceiro colocado nas pesquisas, Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa), também cresceu nesta reta final. Em 14 de janeiro o candidato somava 8,5% das intenções de voto. No dia 31 de janeiro subiu para 9,5%. Em 15 de fevereiro registrou 11,5%. No dia 28 de fevereiro oscilou para 10,5%. No dia 15 de março evoluiu a 12%. Em 21 de março atingiu 14%. No dia 31 de março chegou a 15,5%. Nos últimos levantamentos, o candidato atingiu a marca de 16% das intenções de voto, seu melhor desempenho para o primeiro turno.
Se Le Pen e Mélenchon cresceram ao decorrer na campanha, o radical de direita Éric Zemmour (Reconquista!) fez o inverso, e viu suas intenções de voto derreter pelo caminho. Em 14 de janeiro Zemmour tinha 14%. Depois, em 31 de janeiro, caiu para 13,5%. No dia 15 de fevereiro subiu para 15%. Em 28 de fevereiro oscilou para 14%. Nos dias 15 e 21 de março, novamente uma queda, chegou a 12,5%. Em 31 de março chegou a 11%. Nos últimos levantamentos chegou a 10%, o menor número desde o início das pesquisas de intenção de voto, o que acabou diminuindo as esperanças de uma eventual ida ao segundo turno.
Alguns especialistas apontam que a presença de Zemmour, e seu discurso contundente e extremista, pode colaborar para a versão "paz e amor" da também extremista Marine Le Pen. Antes, era esperado uma pulverização dos votos na extrema-direita, pela existência de dois candidatos com relevância, mas as pesquisas mostram um crescimento de Le Pen e queda de Zemmour.
Isso porque nesta eleição, a candidata tem apostado em uma mudança de discurso e postura, e a beligerância de Zemmour a faz parecer "branda".
A quinta colocada Valérie Pécresse também foi caindo na intenção de votos com o avançar da campanha. Nos dias 14 e 31 de janeiro, a republicana tinha 16,5% das intenções de voto. Em 15 de fevereiro caiu para 14,5%. Depois, em 28 de fevereiro, oscilou para 13%. No dia 15 de março Pécresse tinha 11%. Em 21 de março ela somava 10,5%. Em 31 de fevereiro e 03 abril, a candidata manteve 10%. Nos últimos levantamentos manteve o índice de 10%, empatando com Zemmour.
Apostando na urgência climática e na juventude, Yannick Jadot já esteve em melhores condições nas pesquisas. Em 14 de janeiro Jadot tinha 6%. Caiu para 5% no dia 31 de janeiro. Depois, em 15 de fevereiro oscilou para 4,5%. No dia 28 de fevereiro, voltou para 5% e no dia 15 de março se manteve com a porcentagem. Em 21 de março subiu para 5,5%. Nas duas últimas pesquisas, Jadot registrou 4,5%.
De 14 de janeiro a 05 de abril, o candidato do Partido Comunista, Fabien Roussel, variou entre 2% e 4,5%. No último levantamento, Roussel apareceu com 3%. A socialista Anne Hidalgo, prefeita de Paris, no mesmo período variou entre 3,5% e 1,5%. No último levantamento, a prefeita aparece com 2,5% das intenções de voto. O candidato Jean Lassalle (Resistir!) variou entre 1% e 3% durante as pesquisas. Segundo a última pesquisa, Lassalle aparece com 2%.
2º turno: Macron X Le Pen

De acordo com a simulação do Ifop de um segundo turno entre Macron e Le Pen, a vantagem do atual presidente foi diminuindo e chegou ao menor índice no último levantamento divulgado. Veja:
14 de janeiro - Macron 57% X 43% Le Pen
31 de janeiro - Macron 55% X 45% Le Pen
15 de fevereiro - Macron 55% X 45% Le Pen
28 de fevereiro - Macron 56,5% X 43,5% Le Pen
15 de março - Macron 58% X 42% Le Pen
21 de março - Macron 56% X 44% Le Pen
31 de março - Macron 54% X 46% Le Pen
03 de abril - Macron 53% X 47% Le Pen
04 de abril - Macron 53% X 47% Le Pen
5 de abril - Macron 53% X 47% Le Pen

2º turno: Macron X Mélenchon
Em uma simulação de segundo turno entre Macron e Jean-Luc Mélenchon, a situação do candidato à reeleição parece mais confortável. Único candidato de esquerda com chances de avançar ao segundo turno, Mélenchon sofre para dialogar com eleitores mais à direita.
Veja:
15 de março - Macron 64,5% X 35,5% Mélenchon
21 de março - Macron 63% X 37% Mélenchon
31 de março - Macron 60% X 40% Mélenchon
03 de abril - Macron 60% X 40% Mélenchon
04 de abril - Macron 60% X 40% Mélenchon
05 de abril - Macron 59,5% X 40,5 Mélenchon
O primeiro turno das eleições francês acontece neste domingo (10).
O primeiro turno das eleições na França acontecem no próximo domingo (10), na disputa estão 12 candidatos. Similar ao sistema eleitoral brasileiro, entenda como acontece o processo eleitoral na França:
Quem pode se candidatar ?
Qualquer cidadão francês maior de 18 anos, que já possa votar e não tenha problemas com a justiça pode se candidatar. Diferente do Brasil, os candidatos não necessariamente precisam estar filiados a um partido, ou seja, as candidaturas podem ser avulsas. Essas candidaturas são chamadas de "sans étiquette" (sem etiqueta).
Porém, para conseguir lançar a candidatura, o candidato precisa obter 500 assinaturas de políticos já eleitos. Essa cláusula impede um número maior de candidatos avulsos.
O mandato presidencial é de 5 anos podendo ser reeleito por mais 5 anos.
Semipresidencialismo
A França é um exemplo de país semipresidencialista, ou seja, uma estrutura híbrida entre presidencialismo e parlamentarismo. Por isso, possui presidente e Primeiro-Ministro.
O Primeiro-Ministro é escolhido pelo presidente e seus aliados, porém, o nome depende de uma aprovação dos parlamentares. Devido a essa aprovação, não é impossível que o Primeiro-Ministro seja de outro partido ou grupo político do presidente. Essa situação é chamada de coabitação.
Esse impasse político não ocorre desde uma reforma eleitoral realizada em 2000, que deixou as eleições presidenciais e as parlamentares no mesmo ano, com a finalidade de evitar a troca de Primeiro-Ministro no meio do mandato do presidente.

O parlamento francês possui Câmara Alta (Senado), composto por 348 senadores, e Câmara baixa (Assembleia Nacional) com 577 parlamentares. A eleição da Assembleia Nacional, equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil, ocorre no mesmo ano das presidenciais, porém em datas diferentes.
O Primeiro-Ministro é responsável pelas ações de governo, que na prática são estabelecidas pelo próprio presidente. É a figura do presidente que acumula mais poderes, dentre eles, o de dissolver o parlamento, algo que já aconteceu cinco vezes desde 1958, quando a 5ª República foi fundada.
Cabe ao Primeiro-Ministro refletir a vontade conjunta do parlamento e do presidente. E caso isso não ocorra, ele pode ser tirado do cargo por meio de um voto de desconfiança do parlamento.
Portanto, é importante que o presidente tenha maioria no parlamento, assim, caso contrário, aumentam as chances de coabitação.
1º e 2º turno
Na França, assim como no Brasil, para vencer o pleito um candidato precisa obter maioria simples, ou seja 51% dos votos. Caso isso não ocorra no primeiro turno, os dois melhores colocados avançam para o segundo turno. De acordo com o calendário eleitoral, a realização de um segundo turno está prevista para o dia 24 de abril, 14 dias depois da realização do primeiro turno.
O vencedor do pleito tomará posse no dia 13 de maio.
Campanha eleitoral
O período eleitoral é curto, as campanhas começam oficialmente apenas duas semanas antes do primeiro turno. Sempre considerando o princípio da igualdade, o tempo de propaganda dos candidatos e seus apoiadores em veículos de rádio e televisão são iguais, mesmo no período anterior ao início das campanhas oficiais. A mesma regra vale para o segundo turno.
Caso alguma emissora descumpra a regra, fica sujeita a sanções como suspensão de programas, redução de tempo no ar e até multas. A Autoridade de comunicação audiovisual francesa (Arcom, na sigla em francês) é a responsável por fazer a regulação e controle do tempo de fala.
"Essas transmissões oficiais de campanha são um espaço livre de expressão, oferecido a candidatos e partidos políticos. Em particular, permitem dar acesso mínimo a partidos de menor notoriedade e, portanto, menos presentes nos grandes noticiários", justifica a comissão reguladora da campanha.
Veículos de comunicação estatais como France Télévision, Radio France e France Médias Monde também divulgam os vídeos de campanha de todos os candidatos, com tempo igual, durante sua programação.
No primeiro turno, os clipes eleitorais duram até 1 minuto e 30 segundos. Em caso de segundo turno, os vídeos podem chegar a até 5 minutos.
Pelo correio
Desde a segunda-feira, 28 de março, os eleitores estão recebendo em suas casas informativos sobre o plano de governo dos 12 candidatos, além das cédulas que deverão ser depositadas nas urnas nos dois turnos.
Este ano o envio recebeu atenção especial, após problemas nas eleições regionais de 2021.
Informações sobre as campanhas também ficam disponíveis no site da Comissão Nacional de Controle de Campanhas (CNCCEP, na sigla em francês).
No hora do voto
Outra diferença em relação ao sistema eleitoral brasileiro é o voto facultativo. Apesar disso, o eleitorado francês costuma comparecer em peso nas votações.
Por ser no papel, o eleitor leva à urna de votação pelo menos dois envelopes, para que os mesários não saibam qual será o seu voto. Após depositar seu voto, o eleitor descarta as demais cédulas e na saída assina um termo comprovando que participou do pleito.
Propaganda nas ruas
Também desde a segunda-feira (28), cartazes de campanha dos 12 candidatos foram colocados em locais reservados para propaganda política. Esses lugares ficam localizados nas sedes das prefeituras.
De acordo com o Código Eleitoral, os cartazes também ficarão expostos próximos às áreas de votação.
A ordem dos cartazes é definida por sorteio, realizado na sessão do Conselho Institucional que anunciou a lista de presidenciáveis. Após isso, a ordem foi publicada no Diário Oficial.


A ordem definida nesta eleição é: Nathalie Arthaud (Luta Operária), Fabien Roussel (Partido Comunista), Emmanuel Macron (A República Em Marcha), Jean Lassalle (Resisatamos!), Marine Le Pen (Reunião Nacional), Éric Zemmour (Reconquisat!), Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa), Anne Hidalgo (Partido Socialisa), Yannick Jadot (Verdes), Valérie Pécresse (Republicanos), Philippe Poutou (Novo Partido Anticapilista) e Nicolas Dupont-Aignan (A França de Pé).
Depois do primeiro turno, os candidatos que não passarem ao segundo turno podem usar os espaços de publicidade até a manhã da quarta-feira (13) para agradecer seus eleitores ou até mesmo anunciar a retirada de suas candidaturas.
No próximo domingo (10) os franceses vão às urnas para escolher o presidente que vai comandar o país pelos próximos 5 anos. Atualmente no poder, o presidente Emmanuel Macron (Em Marcha!) é líder nas pesquisas e concorre à reeleição, mas não terá um caminho fácil para a reeleição.
Vamos conhecer um pouco mais sobre os 4 principais nomes na disputa presidencial, de acordo com as pesquisas de intenção de voto:
Emmanuel Macron (Em Marcha!)
O mais jovem presidente francês desde a era de Napoleão, Macron tenta seu segundo mandato aos 44 anos de idade. Candidato do partido “Em Marcha!”, ocupa o primeiro lugar em todas as pesquisas de intenção de voto.

De acordo com especialistas, diferente de 2017, quando se elegeu pela primeira vez aos 39 anos de idade, o centrista Macron adota um tom mais à direita no plano de governo para o segundo mandato. Entre suas propostas, está o adiamento da aposentadoria de 62 para 65 anos de idade. Outra promessa é a redução de 15 bilhões em impostos, metade para pessoa física e a outra metade para empresas.
Macron também pretende fazer alterações no sistema de Renda Solidária Ativa (RSA), condicionando o benefício a horas de atividade profissional, e em contrapartida, promete pleno emprego em cinco anos.
A seu favor, o atual presidente tem os bons números da alta do Produto Interno Bruto (PIB) francês, que alcançou 7% em 2021, sendo o maior número em 52 anos. Apesar da recessão de 8% em 2020, especialistas do Instituto Nacional de Estatísticas e Estudos Econômicos (Insee) ressaltam que a economia francesa ultrapassa os patamares que estava antes da crise sanitária mundial.
Outro dado positivo a favor do candidato à reeleição é a taxa de desemprego em 7,4%, um dos melhores patamares em 40 anos. Durante a pandemia, Macron abriu os cofres públicos para manter a população em casa e evitar falência das empresas.
Apesar dos números, Macron é visto como o presidente dos ricos. O presidente retirou o Imposto sobre Fortunas (ISF) e o transformou em imposto sobre propriedade, para não assustar o empresariado e garantir crescimento, segundo ele mesmo. Opositores apontam que o centrista está desconectado da realidade.
Com papel relevante nas negociações no conflito Rússia e Ucrânia, Emmanuel Macron tenta se colocar como um líder diplomático, confiável e que sabe gerir crises.
Marine Le Pen (Reunião Nacional)
Tradicional líder da extrema-direita francesa, aos 53 anos de idade Le Pen vem para a disputa de sua terceira eleição. Em 2012 ficou em 3º lugar, em 2017 foi para o segundo turno e perdeu para Macron. Agora, segundo as pesquisas, ocupa o segundo lugar na preferência de voto dos franceses.

Nos últimos anos, Le Pen trabalhou para mudar a imagem de seu partido, marcado por discursos xenófobos e racistas. A candidata aposta em pautas envolvendo a segurança, como a presunção de legítima defesa para a polícia, em uma tentativa de proteger as forças policiais, que são acusadas com frequência de uso desproporcional da violência.
Conhecida por discursos radicais relacionados a imigração, a candidata de extrema-direita defende o fim do reagrupamento familiar, que facilita a legalização de imigrantes que já tenham familiares no país. Le Pen também prega o endurecimento das regras para pedidos de naturalização e asilo, defendendo que sejam feitos apenas no exterior, impedindo que imigrantes clandestinos sejam regularizados.
Le Pen tem feito um discurso enérgico, falando até em “erradicar”, as ideologias islâmicas e suas redes. Com posições contrárias ao bloco Europeu, a candidata tem alterado seu discurso, e evitado criticar a aliança, tendo falado apenas em uma possível alteração da moeda francesa.
O programa de medidas da candidata visa aumentar o poder aquisitivo dos franceses, com melhorias nos salários e redução nos impostos sobre energia. Le Pen fala também em privatizar as estradas francesas para diminuir os preços dos pedágios, além de estatizar o sistema audiovisual francês, que hoje depende parcialmente de dinheiro público.
Nesta eleição, Marine Le Pen tem a concorrência de Éric Zemmour na disputa dos votos mais radicais. Além disso, em 2014 Le Pen recebeu empréstimo de um banco russo para financiar as campanhas de 2017 e pode se complicar por isso.
Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa)
Único representante da esquerda entre os 4 principais nomes, Mélenchon, de 70 anos de idade, é atualmente o terceiro colocado nas pesquisas eleitorais, e tem um discurso voltado para a “ruptura” do liberalismo econômico. O seu partido, França Insubmissa, tenta ocupar o lugar deixado pelo Partido Socialista no campo ideológico do país.

Chamado por seus apoiadores de “Melen-Show”, por sua capacidade retórica e poder de reunir multidões, o candidato de esquerda concentra suas propostas em temáticas sociais, como o acesso à educação e o custo de vida. Mélenchon prometeu congelar os preços de produtos, aumentar salários e fortalecer os serviços públicos.
No programa de governo, o candidato promete uma grande reforma fiscal, e prevê a volta do Imposto sobre Fortuna (ISF), tabelamento de preços de produtos de primeira necessidade, e o aumento do salário mínimo para 1.400 euros. Além disso, uma de suas principais propostas é a redução da idade mínima de aposentadoria para 60 anos, após 40 anos de contribuição.
O candidato de esquerda é bastante cobrado por não ter se posicionado de forma mais firme e clara, desde o começo, sobre o presidente russo Vladimir Putin. Apesar de estar em terceiro, o candidato do partido França Insubmissa tem chances reais de ir para o segundo turno, apostando em uma divisão de votos entre Marine Le Pen e Éric Zemmour.
Éric Zemmour (Reconquista!)
Candidato da ultradireita, sendo considerado até mais radical que Marine Le Pen, Zemmour, de 63 anos de idade, é escritor, jornalista e comentarista político, já tendo participado de programas de televisão. De acordo com as pesquisas, é o 4º colocado nas intenções de voto dos franceses.

Apesar de experiente, o candidato é novato na política, e defende uma visão mais radical para o país, em conjunto com uma visão liberal para a economia. No início das pesquisas chegou a estar em segundo lugar, mas vem patinando nos últimos números divulgados. Filho de judeus da Argélia, tem uma retórica violenta, carregada de misoginia e um discurso contundente anti-imigração.
Em janeiro deste ano, Zemmour foi condenado a uma multa de 10 mil euros por incitar ódio contra menores imigrantes. O caso aconteceu em 2020, quando durante um programa de televisão, Zemmour chamou os menores imigrantes de “ladrões”, “assassinos” e “estupradores”. O jornalista classificou o fluxo imigratório de “invasão permanente”.
No seu programa de governo, o candidato já chegou a falar em um ministério da “remigração”, e prometeu “fazer um milhão” de estrangeiros saírem do país em cinco anos. Zemmour aposta em críticas à candidata da direita tradicional Valérie Pécresse (Republicanos), e também ao atual presidente Emmanuel Macron.
O candidato do Reconquista! também é o único presidenciável a defender a teoria de uma suposta “grande susbtituição”. A teoria prega que os europeus estão sendo substituídos aos poucos por imigrantes não europeus.
Para Zemmour, a França é um país em decadência, e a civilização do país foi atacada pela influência dos mulçumanos, que conseguem isso pela falta de controle migratório. O extremista também já criticou o que chama de “feminização” da sociedade, e afirmou que crianças com deficiências sejam enviadas a “escolas especiais”.
Em 2020, disse que a Rússia era uma aliança mais confiável do que Alemanha, Estados Unidos e Reino Unido.