Ataque televisionado, silenciamento de jornalistas e fome declarada na região palestina
por
Maria Mielli
|
29/08/2025 - 12h

O complexo médico Nasser, um dos maiores e um dos últimos hospitais em funcionamento no sul da faixa de Gaza, foi alvo de dois bombardeios seguidos na manhã da última segunda-feira (25). O double tap strike (ataque duplo), é uma tática militar que tem como objetivo atacar duas vezes o mesmo local para intensificar o número de vítimas. 

O segundo ataque foi televisionado enquanto a emissora local mostrava ao vivo a tentativa de resgate dos sobreviventes feridos ainda no primeiro bombardeio. A ofensiva deixou ao menos 20 pessoas mortas, incluindo 5 jornalistas: Mariam Riyad Abu Dagga, 33 anos; Moaz Abu Taha, 27 anos; Mohammad Saber Ibrahim Salama, 24 anos; Husam Al-Masri, 49 anos; Ahmad Salama Abu Aziz, 29 anos. 

A “arma” que o governo de Israel mais teme são as câmeras dos jornalistas que lutam dia a dia para denunciar os horrores que o exército israelense comete em mais de dois anos de genocídio.

1
Mariam Riyad Abu Dagga; Moaz Abu Taha; Mohammad Salama; Husam Al-Masri e Ahmad Abu Aziz / Foto: Reprodução Stop Murdering Journalists

Segundo o site Stop Murdering Journalists, cerca de 300 jornalistas foram mortos por tropas israelenses. Em pronunciamento oficial divulgado no site da rede de notícias Al-Jazeera, na qual o fotojornalista Mohammad Salama trabalhava, a emissora repudiou os ataques e os classificou como “uma intenção clara de enterrar a verdade”.

Em entrevista para a AGEMT, o historiador Mateus Orantas afirmou que o mundo está assistindo a um holocausto dos palestinos e que, assim como foi durante a segunda guerra, a propaganda ainda é a maior arma a favor do opressor. “A propaganda anti Palestina e pró Israel é muito forte, mas hoje, temos a internet que faz com que a globalização seja mais intensa e acaba nos mostrando a realidade…porém por causa dos algoritmos e de quem comanda as redes, você só vai ter conhecimento do que está acontecendo, se seguir as páginas certas” declara. 

1
Desespero palestino para tentar se alimentar / Foto: reprodução Instagram Ahmed Nofal
​​​​​

Na última quarta-feira (27), Ramiz Alakbarov, coordenador especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Processo de Paz no Oriente Médio, afirmou em reunião do Conselho de Segurança (CSNU), que Gaza “está afundando cada vez mais em um desastre”. Segundo Ramiz, as consequências da crise – gerada por Israel – são os volumosos números de vítimas civis, deslocamento em massa e a fome, que é uma verdadeira arma de guerra. 

Uma análise realizada pela Classificação Integrada de Segurança Alimentar (IPC), formada por várias agências humanitárias internacionais, classifica a fome na região palestina como sendo de nível máximo. 

Outros 1,07 milhão de pessoas estão em estado de emergência. Segundo este estudo, os números devem piorar ainda mais nos próximos meses. É esperado que a desnutrição se expanda para cidades do sul da Faixa de Gaza, como Deir al-Balah e Khan Younis, deixando quase um terço da população em estado catastrófico (nível 5 IPC). A previsão ainda afirma que até junho de 2026, pelo menos 132 mil crianças menores de cinco anos sofram com a escassez de alimentos.

O coordenador de ajuda emergencial das Nações Unidas, Tom Fletcher, ressaltou que por trás desses números alarmantes, existem vidas – filhos, filhas, mães, pais e todo um futuro que foi interrompido. “Esta fome não é produto de uma seca ou algum tipo de desastre natural. É uma catástrofe criada ", esclareceu Fletcher em documento divulgado pelo Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA). A declaração pede, majoritariamente, a cessação imediata das hostilidades em Gaza; a libertação de todos os reféns e a proteção de civis; e infraestrutura crítica e funcional. O coordenador finaliza dizendo que apesar de ter havido um certo aumento na ajuda humanitária, ainda há muito o que ser feito. “Ainda há tempo para agir”.

 

 

Iniciativa coordenada pelo sindicato da categoria em São Paulo busca justiça pelos colegas de profissão mortos pelo exército israelense
por
Marcelo Barbosa P.
|
29/08/2025 - 12h

Na última quinta-feira (28), o Sindicato dos jornalistas profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) realizou uma manifestação contra o assassinato dos profissionais de imprensa pelo Estado de Israel. O evento ocorreu em frente ao prédio da CNN, na Avenida Paulista, em São Paulo.

A mobilização foi anunciada nas redes sociais na quarta-feira (27).  “A manifestação desta quinta-feira tem como objetivo exigir a interrupção das operações militares israelenses e do genocídio do povo palestino e que termine imediatamente a matança de jornalistas pelo Estado de Israel. As autoridades israelenses civis militares responsáveis pelos assassinatos de profissionais da mídia precisam ser punidas.” afirmam na publicação. O post se refere aos dois ataques feitos a um hospital em Gaza, ocorridos na segunda (25), que resultaram na morte de cinco jornalistas, além dos profissionais da saúde.

O ato começou por volta das 17h. A princípio, havia poucos manifestantes, mas gradualmente mais pessoas se juntaram ao protesto. Os cidadãos chegaram com bandeiras e placas na mão e gritavam: “Palestina Livre”. 

Lilian Borges, uma assistente social especializada em pessoas em situação de rua, que participa da Frente Palestina São Paulo, marcou presença e afirmou que um dos principais motivos para ir protestar é considerar desumano o que ocorre em Gaza. “Cabe a nós, como humanos, ajudar a eles neste momento difícil que estão vivendo. Então, eu acho que toda população deveria estar aqui. Além disso, exigimos que o presidente Lula rompa as relações diplomáticas e comerciais com Israel e, principalmente, que a gente pare de mandar petróleo para lá, já que isso ajuda a financiar o poder bélico deste Estado.”

 

Lilian Borges segura uma bandeira/ Reprodução: Marcelo Barbosa
Lilian Borges segura uma bandeira/ Foto: Marcelo Barbosa

 

Breno Altman, jornalista fundador do site de notícias Opera Mundi, afirma que o assassinato aos jornalistas foi um crime planificado por Israel. Sobre a ótica de Bruno, o ocorrido foi ocasionado para que o acesso à informação fosse dificultado e que outros países não tivessem acesso ao que ocorre em Israel. “Eles não querem que relatos e imagens cheguem ao mundo, já que comprovaria o genocídio que o regime sionista está fazendo.”.

 

Apesar da diferença, Mohamad Saimurad uniu-se ao amigo palmeirense para ir à manifestação
Apesar das diferenças, o corinthiano Mohamad Saimurad uniu-se ao amigo palmeirense pela causa palestina/ Reprodução: Marcelo Barbosa


Encostado em uma parede, Mohamad Saimurad, diretor de uma escola, vestia uma camisa do Corinthians e, acompanhado do amigo palmeirense, protestava. "O sionismo é uma ideologia europeia, colonizadora e racista. Eu me pergunto por que a humanidade está em silêncio. Então, eu estou aqui para ver se a humanidade acorda em relação ao Estado genocida de Israel".

O pronunciamento público teve apoio, além dos organizadores, do Coletivo Shireen Abu Akle de Jornalistas Contra o genocídio, da Federação Árabe-palestina do Brasil (Fepal), Frente Palestina de São Paulo e Núcleo Palestina do PT.

Acusados de colaborarem com 'trabalho forçado do regime cubano', servidores do programa têm vistos revogados
por
Victória Rodrigues
|
18/08/2025 - 12h

 

O governo Trump revogou na última quarta-feira (13) os vistos de  dois brasileiros, que participaram da criação do Programa Mais Médicos em 2013. Mozart Júlio Tabosa, secretário do Ministério da Saúde do Brasil, e Alberto Kleiman, ex-funcionário do governo brasileiro, foram os alvos das sanções.

Em nota divulgada pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, a justificativa apresentada foi que ambos teriam colaborado para um “esquema coercitivo de exportação de mão de obra” do governo cubano através do programa Mais Médicos, privilegiando o governo de Cuba às custas dos profissionais da saúde e cidadãos do país. 

O programa Mais Médicos foi uma iniciativa criada no governo de Dilma Rousseff, a fim de levar atendimento médico à áreas remotas e com maior vulnerabilidade. Dentro do programa, podem participar tanto profissionais brasileiros quanto estrangeiros, desde que cumpram com as exigências propostas, como formação com diploma e registro profissional. 

Entre 2013 e 2018 foram contratados profissionais cubanos, com uma parceria intermediada pela OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde). Nesse acordo, os participantes recebiam 30% do valor de sua remuneração, que na época chegava a 10 mil reais, os outros 70% eram destinados ao governo de Cuba.

Em 2015, o Mais Médicos, contava com cerca de 14 mil profissionais, dos quais 11,4 mil eram cubanos. No entanto, em 2018, após a eleição de Jair Bolsonaro, a parceria foi encerrada. 

Segundo Marco Rubio, secretário do Departamento de Estado estadunidense, as contratações para o programa não cumpriam a regulamentação impostas pelo próprio governo brasileiro. Também acusou o programa de contornar as sanções dos EUA contra Cuba. 

Rubio ainda justificou as medidas dizendo que o regime cubano estava exportando seus médicos para trabalhar de forma forçada e com isso estava deixando de cuidar da saúde de seus próprios cidadãos. “Esse esquema enriquece o corrupto regime cubano e priva o povo cubano de cuidados médicos essenciais”.

Além do Brasil, autoridades de países africanos, Cuba e Granada também foram alvos das restrições de vistos por cooperarem com o programa Mais Médicos.

Bruno Rodríguez, Ministro de Relações Exteriores de Cuba, criticou a decisão do governo dos EUA. “Isso mostra imposição e adesão à força como nova doutrina de política exterior a esse governo", disse. Também afirmou que Cuba continuará enviando médicos em missões à outros países. 

Nas redes sociais, Mozart Júlio Tabosa defendeu o programa de saúde, e manifestou sua insatisfação com a situação: "Essa sanção injusta não tira minha certeza de que o Mais Médicos é um programa que defende a vida e representa a essência do SUS, o maior sistema público de saúde do mundo - universal, integral e gratuito".

Essa decisão do governo de Donald Trump segue uma sequência de retaliações contra o Brasil. Desde o mês de julho, o país recebeu taxações em produtos exportados e sanções contra o Ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. 

Presidente estadunidense evita divulgação da lista de Epstein e população levanta possibilidade de seu nome estar nela
por
Daniella Ramos
|
14/08/2025 - 12h

 

Donald Trump foi eleito em 2024 tendo como uma de suas promessas a divulgação de uma suposta lista que teria o nome de todos os investigados por possível envolvimento com Jeffrey Epstein em crimes de pedofilia.

0
Trump e Epstein juntos em uma festa em 1992. Foto: Reprodução/NBC

A cobrança em cima do presidente dos Estados Unidos para a divulgação da lista de investigados no caso, o levou a declarar para a imprensa que o caso era uma maneira de desviar a atenção para algo que é uma “besteira”, nas palavras dele.

“O fato de Trump não cumprir com o que prometeu pode ser pelo rumo que a política tomou… além do fato dele estar ou não envolvido”, comenta o doutor em Ciência Política da PUC-SP, Igor Fediczko. Segundo o Wall Street Journal, Donald Trump foi avisado no início do ano que seu nome estava nos documentos relacionados ao caso de Epstein, a Casa Branca respondeu dizendo se tratar de uma fake news. 

Além da indignação de eleitores a Trump sobre a falta de compromisso com a promessa de exposição dos documentos do processo de Jeffrey, os opositores também se manifestam nas redes sociais. Em sua conta no X, a deputada democrata Alexandra Ocasio-Cortez relacionou a demora na divulgação dos arquivos com supostas acusações de crimes sexuais cometidos pelo republicano. 

0
Publicação feita no X pela deputada Alexandra Ocasio-Cortez. Foto: Reprodução/@AOC

 

Índices do Google Trends apontam que as pesquisas envolvendo o nome de Donald Trump e Jeffrey Epstein aumentaram no início de Junho e final de Julho, mesmo período em que o presidente estadunidense começou a distribuir altas tarifas para o mundo todo. 

“Talvez isso tenha feito com que a comunicação ou política do Trump tenha se tornado ainda mais radical”, comenta Igor Fediczko analisando que o tarifaço possa ser uma ”cortina de fumaça” para a polêmica de Epstein.

0
Gráfico de pesquisa dos nomes de Donald Trump e Jeffrey Epstein. Foto: Reprodução/Google Trends

 

Apesar das hipóteses sobre a ligação do atual presidente dos Estados Unidos, os nomes que mais chamaram atenção recentemente sobre a proximidade com Epstein foram Bill e Hillary Clinton, que irão depor em outubro, e o príncipe Andrew, que aparentava ser amigo pessoal pelos e-mails trocados com Jeffrey. Assim como Trump, existe a comprovação de que eles já andaram no jato particular com Jeffrey Epstein e possivelmente tinham amizade. 

Jeffrey Epstein era um bilionário, empresário e financista americano, que ficou conhecido pela rede de tráfico sexual de menores ao qual tinha ligação. Seu trabalho com investimento fez com que construísse ligação com o ex-presidente Bill Clinton, Donald Trump, o príncipe britânico Andrew e outras celebridades. 

Em 2008, os pais de uma garota de 14 anos declararam à polícia do Estado americano da Flórida que Jeffrey Epstein havia a molestado. Naquele ano, ele firmou um acordo judicial com a promotoria, mas fotos de crianças foram encontradas por toda sua casa em Palm Beach causando sua condenação por exploração sexual de menores. Escapou de denúncias federais que poderiam causar prisão perpétua, conseguindo um acordo de 13 meses de prisão e indenização às vítimas. 

Onze anos depois, houve uma nova acusação de administração de uma rede sexual com meninas menores de idade. Logo foi preso e, enquanto aguardava o julgamento, se suicidou no presídio.

As investigações desses dois casos criminais geraram uma série de documentos que incluem transcrições de entrevistas com as vítimas e testemunhas e objetos confiscados nos imóveis de Epstein. A ex-namorada de Jeffrey, Ghislaine Maxwell, foi condenada em 2021 por associação criminosa de tráfico sexual de meninas.

As Forças de Defesa de Israel confirmaram a autoria do atentado
por
Annanda Deusdará
Maria Mielli
|
13/08/2025 - 12h

Uma ofensiva de Israel matou seis jornalistas que estavam instalados em uma tenda de imprensa próxima ao hospital Al-Shifa, na Faixa de Gaza, no último domingo (10). Dentre as vítimas, quatro eram funcionários da agência de notícias Al Jazeera: dois cinegrafistas, Ibrahim Zaher e Mohammed Noufal, e dois repórteres Mohammed Qreiqeh e Anas al-Sharif. Ambos rostos conhecidos pelo êxito em denunciar diariamente o genocídio palestino. 

Minutos antes de morrer, Qreiqeh esteve no ar pela última vez, cumprindo mais um dia de trabalho. Al-Sharif havia postado em suas redes sociais, também pouco antes de se tornar mais um dos milhares de palestinos assassinados, que um ataque israelense estava acontecendo. “Oh Deus, concede-nos a paz, concede-nos a paz. Bombardeio israelense pesado e concentrado com faixas de fogo visando as áreas leste e sul da cidade de Gaza”, lamentou em sua conta no X.

O exército israelense acusou o jornalista de ser membro de uma das células do Hamas, mas sem apresentar provas. “Terrorismo em colete de imprensa ainda é terrorismo. Anas al-Sharif não estava apenas documentando para Al Jazeera. Ele era um membro do Hamas, desde 2013”, declararam em postagens feitas no Instagram oficial. A agência de notícias Al Jazeera, por outro lado, nega veementemente as acusações e afirma que o ataque foi uma estratégia israelense de silenciar um dos grandes nomes do jornalismo local. “Nós sabíamos que Anas era o alvo… Ele era nossa voz”, lastimou o jornalista independente Mohammed Qeita no site oficial da agência, após o ataque. Apesar de ter confirmado o planejamento e execução de al-Sharif, o governo de Israel não se manifestou sobre as outras cinco vítimas.

Não é a primeira vez que ataques a jornalistas ocorrem na Faixa de Gaza. Em julho de 2024, o jornalista Ismail al-Ghoul e o cinegrafista Rami al-Rifi tiveram seu carro bombardeado por um míssil enquanto cobriam o assassinato do chefe político do Hamas também para a Al Jazeera. As Forças de Defesa de Israel (FDI) confirmaram as mortes e alegaram que Ismail integrava as forças Nukhba, divisão militar de elite do Hamas. O noticiário para o qual os profissionais trabalhavam negou as acusações e fez um apelo para que fossem tomadas ações imediatas: “Insistimos que as instituições jurídicas internacionais responsabilizem Israel por seus crimes hediondos e exijam o fim do alvo e do assassinato de jornalistas,” declarou em nota a emissora à época.

No mês passado, quando acusado de ser membro do Hamas pelas FDI, al-Sharif negou toda e qualquer ligação com o grupo. Reafirmou que era um jornalista sem afiliações políticas e que sua única missão era relatar a verdade. “Num momento em que uma fome mortal assola Gaza, falar a verdade tornou-se, aos olhos da ocupação, uma ameaça”, concluiu em postagem na rede social. 

Em mensagem final preparada para o caso de sua morte e publicada postumamente por seus colegas, al-Sharif pede “que não se deixem silenciar por correntes, nem sejam impedidos por fronteiras, e que sejam pontes para a libertação da terra e de seu povo, até que o Sol da dignidade e da liberdade brilhe sobre nossa pátria ocupada”, e finalizou: “Não se esqueçam de Gaza… E não se esqueçam de mim em suas orações sinceras por perdão e aceitação”. 

Silenciamento de jornalistas 

O bloqueio que ocorre em Gaza também limita o acesso e a produção de notícias no local. Os meios de comunicação internacionais são proibidos de circular pela região, a não ser que estejam acompanhados pelo exército israelense. Atualmente, a única maneira de se ter acesso ao que acontece na região, além do relatado por Israel, se dá através das reportagens feitas por jornalistas palestinos.

De acordo com o Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ), 192 jornalistas foram assassinados desde outubro de 2023, quando começou o conflito. Esse número é maior do que a soma das mortes ocorridas nas duas guerras mundiais (69). Além das mortes, 90 profissionais foram presos por Israel no exercício de sua profissão. 

"."
Gráfico sobre o assassinato de profissionais de comunicação por razões políticas. IArte: Annanda Deusdará/Agemt

 

Ainda segundo a CPJ, em 2024 ao menos 124 jornalistas e outros trabalhadores de comunicação foram mortos; destes, 85 foram vítimas da guerra de Israel contra a Palestina. O número ultrapassou o recorde de 2007, durante a guerra do Iraque, de 113 mortes. O Comitê alerta que o crescimento da violência contra este grupo prejudica a circulação de informações.

Quem eram os seis jornalistas assassinados

Anas al-Sharif, 28 anos, pai de 2 filhos. Segundo a Al Jazeera, um dos rostos mais conhecidos por denunciar o genocídio em Gaza. Nasceu num campo de refugiados em Jabalia, no norte da região, e se formou na Al-Aqsa University Faculty of Media. Seu pai foi morto por Israel em um bombardeio na casa da família em dezembro de 2023.

Mohammed Noufal, 29 anos, era cinegrafista da Al Jazeera. Também de Jabalia, perdeu a mãe e um irmão em ataques de Israel. Seu outro irmão, Ibrahim, também trabalha no veículo. 

Ibrahim Zaher, 25 anos, também era cinegrafista e paramédico voluntário. Nasceu no mesmo campo de refugiados que seus colegas de trabalho.

Mohammed Qreiqeh, 33 anos, fez sua última aparição ao vivo um pouco antes de ser assassinado. Nasceu em Gaza em 1992 e viveu na vizinhança de Shujayea. Formou-se jornalista na Islamic University of Gaza. Israel matou seu irmão, Karim, em março, num bombardeio. 

Moamen Aliwa, 23 anos, era estudante de engenharia e cinegrafista independente.

Muhammad Al-Khalidi, 33 anos, era um jornalista independente que produzia vídeos para o Youtube documentando o conflito em Gaza.

 

Reeditando o segundo turno de 2017, Macron e Le Pen avançam em uma disputa que promete ser mais apertada do que a última eleição
por
Luan Leão
|
11/04/2022 - 12h

As eleições francesas serão decididas em segundo turno, reeditando a disputa de 2017,  Emmanuel Macron (República Em Marcha!) e Marine Le Pen (Reunião Nacional) vão disputar as intenções de votos dos franceses. Os eleitores foram às urnas no último domingo (10), e o segundo turno está previsto para o dia 24 de abril.

Macron e Le Pen
Emmanuel Macron e Marine Le Pen. Foto: Nicolas Tucat / AFP

Ao longo dos últimos meses as pesquisas eleitorais mostravam o atual presidente, Emmanuel Macron, na liderança da corrida presidencial, seguido com certa proximidade por Marine Le Pen. Nessa disputa, corria por fora Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa). Mais atrás nas intenções de voto, Yannick Jadot (Verdes) e Valérie Pécresse (Republicanos), tentavam ganhar fôlego durante a campanha.

 

Na última semana, as pesquisas mostraram que Le Pen, candidata da extrema-direita, estava encurtando a vantagem de Macron. Esperançosos da esquerda apostaram em um impulso final de campanha para que Mélenchon avançasse ao segundo turno. De acordo com as pesquisas, o candidato de esquerda tinha pequenas, mas reais, chances de passar ao segundo turno. 

 

Com 27,84% dos votos, Macron superou algumas pesquisas eleitorais e seu próprio desempenho no 1º turno de 2017, quando obteve 24,01% dos votos. Le Pen registrou 23,15% e também superou seu desempenho no 1º turno de 2017, quando conquistou 21,3% dos votos. Mélenchon confirmou o que diziam as pesquisas e esteve muito perto do segundo turno, obtendo 21,95% dos votos, melhorando seu desempenho em relação a campanha de 2017, quando obteve 19,58% dos votos. Veja a porcentagem dos demais candidatos:

 

- Éric Zemmour (Reconquista!), candidato da extrema-direita com 7,07% dos votos. 

 

- Valérie Pécresse (Republicanos) teve um desempenho bem abaixo do que pretendia o partido, conseguindo apenas 4,78% dos votos.

 

- Yannick Jadot (Verdes) com 4,63% dos votos. 

 

- Jean Lassalle (Resistir!), com 3,13% dos votos. 

 

- Fabien Roussel (Partido Comunista) conquistou 2,28% dos votos.

 

- Nicolas Dupont-Aignan (A França de Pé) conquistou 2,06% dos votos.

 

- Anne Hidalgo (Partido Socialista) teve um desempenho surpreendentemente negativo, e não conseguiu chegar nem aos 2%, obtendo apenas 1,75% dos votos. 

 

- Philippe Poutou (Novo Partido Anticapitalista) conquistou 0,77% dos votos.

 

- Nathalie Arthaud (Luta Operária) obteve 0,56% dos votos. 

 

Os números consolidados são do Ministério do Interior da França.

 

O desempenho do Partido Socialista mostra a crise que atravessa a sigla no país, desde que François Hollande, último presidente socialista, deixou o Palácio do Eliseu. Em 2017, o candidato dos socialistas, Benoit Hammon, também não avançou para o segundo turno, tendo obtido 6,36% dos votos. O Partido Republicano também enfrenta dificuldades para retomar sua relevância na disputa presidencial.

 

Abstenções

Cerca de 25,14% dos eleitores aptos para votar não compareceram. A taxa é um pouco menor do que em 2017, quando 25,44% dos eleitores não compareceram. O recorde de abstenção é em 2002, quando 28,4% não compareceram.

 

Apoios no 2º turno 

Com exceção a Éric Zemmour, todos os demais candidatos que não avançaram ao segundo turno fizeram discursos nas sedes de suas campanhas pedindo uma união contra a extrema-direita e o extremismo, representado por Marine Le Pen. 

O também de extrema-direita Zemmour, disse que tem divergências com Le Pen, mas que todos sabem quem é o “inimigo”, e por isso, deveriam votar em Le Pen. 

Após o fechamento das urnas, e a divulgação do segundo turno, Emmanuel Macron e Marine Le Pen discursaram para seus apoiadores nas sedes de suas campanhas. 

Marine Le Pen pediu uma união entre “todos aqueles que não votaram em Macron” para que se juntem a ela. A ultradireitista também agradeceu aos votos que recebeu, e que a fizeram avançar ao segundo turno. 

Marine Le Pen - RN
Marine Le Pen em discurso após anúncio do segundo turno. Foto: Francois Mori / AFP

 

“Vejo a esperança de que as forças de recuperação do país estejam aumentando. Todos aqueles que hoje não votaram em Emmanuel Macron são chamados para participar de nosso comício” 

 

Em Paris, Macron falou em um segundo turno “decisivo” para a França e para a Europa, destacando que “nada está decidido”. O atual presidente também elogiou o posicionamento dos demais candidatos ao pedirem votos contra a extrema-direita. 

Emmanuel Macron - Em Marcha!
Emmanuel Macron na sede da campanha após anúncio do segundo turno. Foto: Yoan Valat / EPA

 

“Não se engane, nada acabou. O debate que teremos nos próximos 15 dias será decisivo para o nosso país e para a Europa. Você poderá contar comigo para implementar este projeto de progresso, abertura e independência da França que defendemos nesta campanha”


 

Diferente de 2017, quando Macron obteve 66,06% dos votos contra 33,04% de Le Pen no segundo turno, as pesquisas mostram um placar mais apertado, prometendo que os próximos 15 dias que antecedem o dia de votação do 2º turno serão agitados, e disputados voto a voto.

 

Na véspera da eleição que acontece neste domingo (10), e sem a obrigatoriedade do voto, veja a pesquisa eleitoral mais recente e o que pensa o eleitorado francês
por
Luan Leão
|
09/04/2022 - 12h

Em uma eleição que promete se polarizar entre o candidato à reeleição Emmanuel Macron (República Em Marcha!) e a candidata de extrema-direita Marine Le Pen (Reunião Nacional), uma pesquisa Ifop divulgada na sexta-feira (8) procurou entender o que motiva os eleitores franceses a ir às urnas no domingo (10). Vale lembrar que na França o voto não é obrigatório, e de acordo com a pesquisa, 73% dos eleitores aptos pretendem comparecer. 

 

Pesquisa eleitoral

A última pesquisa Ifop divulgada na sexta-feira (8), com margem de erro entre 0,8 e 1,1 pontos percentuais, mostrou um empate técnico entre Macron e Le Pen. 

O atual presidente lidera com 26% das intenções de voto, seguido por Le Pen com 24%, Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa) com 17%. Valérie Pécresse (Republicanos) e Éric Zemmour (Reconquista!) aparecem empatados com 9%. Yannick Jadot (Verdes) tem 5%, Fabien Roussel (Partido Comunista) e Jean Lasalle somam 2,5%. Anne Hidalgo (Partido Socialisa) tem 2%.

Em um segundo turno entre Macron e Le Pen, a vantagem é do centrista, 52% a 48%.

Candidatos da eleição na França
Cartazes de campanha dos 12 candidatos à presidência na França. Foto: Andrea Motovani / The New York Times

O que levará os franceses às urnas ?

A pesquisa foi realizada ouvindo 1.005 pessoas maiores de 18 anos, de 6 a 7 de abril de 2022.

A pesquisa mostrou que 6 em cada 10 franceses (61%) dizem que a escolha do seu voto passará pela preocupação em relação a defesa poder de compra. Em seguida, o levantamento mostra que 38%  dos votos estão preocupados com a saúde pública, e 33% com a luta contra a criminalidade. 26% falaram sobre a defesa da identidade francesa, e 24% falaram sobre as desigualdades sociais. 

Dos participantes da pesquisa, 23% mostraram preocupações com a educação no país, e 20% com o meio ambiente. 19% falaram que seus votos serão motivados pela atitude diante da guerra entre Rússia e Ucrânia.  12% dos entrevistados falaram sobre a defesa nacional. 10% disseram que as sanções contra a Rússia serão importantes na definição do voto. 

Entre as questões de menor relevância estão a construção europeia (9%) e a discussão sobre a participação ou não da França na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), com 4%. 

O total da pesquisa é superior a 100%, tendo os entrevistados sido capazes de dar várias respostas. 

 

Recorte entre os eleitores

A pesquisa também fez recortes entre os eleitores de cada candidato em relação aos temas já mencionados. Entre o eleitorado de Yannick Jadot (Verdes) é grande a preocupação com a defesa do poder de compra (72%), assim como entre os eleitores de Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa) e Valérie Pécresse (Republicanos), ambos com 70%. 

Entre os eleitores de Marine Le Pen, o número é de 61%, já entre os de Macron, é 51%. 

Os eleitores de Éric Zemmour estão preocupados no combate à criminalidade (66%) e na defesa da identidade francesa (78%). Os eleitores de Le Pen também demonstraram preocupação com os temas, em relação à criminalidade foram 51% e em defesa da identidade francesa 48%.

Estes foram os maiores índices de preocupações dos eleitores em relação a esses temas entre todos os demais candidatos. 

 

Em relação ao meio ambiente, os mais preocupados foram os eleitores de Jadot (50%), em contrapartida, os eleitores de Zemmour não se mostraram preocupados, marcando 0%. Sobre as desigualdades sociais, os eleitores de Jadot (54%) e Mélenchon (51%) foram os números de maior índice, em contraposição aos de Zemmour (6%) e Pécresse (5%). 

Já nas preocupações com a saúde pública, os eleitores de Pécresse foram os que mais se importaram (44%), na contramão estão os eleitores de Jadot (18%). Na importância da educação no país se destacam os eleitores de Mélenchon (32%), ante os eleitores de Jadot (11%). 

Nas questões relacionadas à defesa nacional (20%), atitude diante da guerra no leste europeu (35%), sanções contra a Rússia (22%) e construção europeia (23%), os maiores índices vieram dos eleitores de Macron. Sobre a saída ou não da OTAN, os mais interessados foram os eleitores de Pécresse, com 9%.

O total da pesquisa é superior a 100%, tendo os entrevistados sido capazes de dar várias respostas. 


 

Idades e preocupações 

Tema de maior relevância entre os eleitores, a defesa do poder de compra preocupa mais as mulheres (64%), e as pessoas com menos de 35 anos de idade (62%), com destaque para as pessoas entre 25 e 34 anos de idade (67%). A saúde pública também preocupa mais as mulheres (47%), e as pessoas acima de 35 anos de idade (40%). 

A luta contra a criminalidade preocupa mais os homens (36%), e em especial, os eleitores entre 50 e 64 anos de idade (39%). Já a defesa do meio ambiente é de maior interesse entre as mulheres (23%), e os eleitores abaixo de 35 anos de idade (39%), com destaque aos eleitores entre 18 e 24 anos de idade (68%). 


 

1º turno: Voto por convicção

 

Perguntados sobre os critérios que adotam para votação no 1° turno, 73% dos eleitores disseram que preferem votar por convicção, ou seja, em candidatos que tenham ideias próximas a deles, mesmo que esse não tenha chance de avançar ao segundo turno. 27% disseram que preferem votar em um candidato que não corresponda totalmente à defesa dos ideais, mas que tenha mais chances de avançar ao 2º turno. 

O voto por convicção é maioria entre as mulheres (74%) e os eleitores abaixo de 35 anos (78%). 


 

48,7 milhões de franceses estão aptos a votar. A votação começa às 08h horário local (03h horário de Brasília), na maioria dos lugares, por volta das 19h horário local (14h horário de Brasília) a votação é encerrada, nas grandes cidades é encerrada às 20h horário local (15 horário de Brasília). A partir do encerramento já serão divulgadas pesquisas de boca de urna.

 

A menos de uma semana para as eleições, veja como estão as pesquisas de intenção de voto.
por
Luan Leão
|
08/04/2022 - 12h

Na terça-feira (5) o Instituto Ifop divulgou mais uma pesquisa de intenção de votos para a presidência na França. Com menos de uma semana para o dia da votação, a pesquisa mostra um possível segundo turno entre o atual presidente Emmanuel Macron (Em Marcha!) e a candidata de extrema-direita, Marine Le Pen (Reunião Nacional). 

 

Correndo por fora nesta disputa, Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa), Éric Zemmour (Reconquista!), Valérie Pécresse (Republicanos) e Yannick Jadot (Verdes), tentam  surpreender e avançar para a segunda volta desta eleição. 

 

O que mostram as pesquisas ?

 

De acordo com a pesquisa, Emmanuel Macron lidera desde os primeiros levantamentos. O centrista tinha 25% das intenções de voto em 14 de janeiro. No dia 31 de janeiro, oscilou para 24%. Em 15 de fevereiro, subiu para 25,5%. No dia 28 de fevereiro, marcou 28%. Em 15 de março, chegou a 31% das intenções de voto. Em 21 e 31 de março, caiu para 28%. Nos últimos levantamentos ele aparece com 27% das intenções de voto. 

 

Em segundo lugar, a candidata Marine Le Pen somava 16% das intenções de voto no dia 14 de janeiro. No dia 31 de janeiro, subiu para 17,5%. Em 15 de fevereiro manteve a porcentagem de 17,5%. No dia 28 de fevereiro, voltou a marca de 16%. Em 15 de março, subiu para 18%. No dia 21 de março, mais um crescimento, chegou a 18,5%. Em 31 de março chegou a 21%. Nos últimos levantamentos marcou 22%, o maior índice para primeiro turno desde o começo das pesquisas. 

 

O terceiro colocado nas pesquisas, Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa), também cresceu nesta reta final. Em 14 de janeiro o candidato somava 8,5% das intenções de voto. No dia 31 de janeiro subiu para 9,5%. Em 15 de fevereiro registrou 11,5%. No dia 28 de fevereiro oscilou para 10,5%. No dia 15 de março evoluiu a 12%. Em 21 de março atingiu 14%. No dia 31 de março chegou a 15,5%. Nos últimos levantamentos, o candidato atingiu a marca de 16% das intenções de voto, seu melhor desempenho para o primeiro turno. 

 

Se Le Pen e Mélenchon cresceram ao decorrer na campanha, o radical de direita Éric Zemmour (Reconquista!) fez o inverso, e viu suas intenções de voto derreter pelo caminho. Em 14 de janeiro Zemmour tinha 14%. Depois, em 31 de janeiro, caiu para 13,5%. No dia 15 de fevereiro subiu para 15%. Em 28 de fevereiro oscilou para 14%. Nos dias 15 e 21 de março, novamente uma queda, chegou a 12,5%. Em 31 de março chegou a 11%. Nos  últimos levantamentos chegou a 10%, o menor número desde o início das pesquisas de intenção de voto, o que acabou diminuindo as esperanças de uma eventual ida ao segundo turno.

 

Alguns especialistas apontam que a presença de Zemmour, e seu discurso contundente e extremista, pode colaborar para a versão "paz e amor" da também extremista Marine Le Pen. Antes, era esperado uma pulverização dos votos na extrema-direita, pela existência de dois candidatos com relevância, mas as pesquisas mostram um crescimento de Le Pen e queda de Zemmour

 

Isso porque nesta eleição, a candidata tem apostado em uma mudança de discurso e postura, e a beligerância de Zemmour a faz parecer "branda". 

 

A quinta colocada Valérie Pécresse também foi caindo na intenção de votos com o avançar da campanha. Nos dias 14 e 31 de janeiro, a republicana tinha 16,5% das intenções de voto. Em 15 de fevereiro caiu para 14,5%. Depois, em 28 de fevereiro, oscilou para 13%. No dia 15 de março Pécresse tinha 11%. Em 21 de março ela somava 10,5%. Em 31 de fevereiro e 03 abril, a candidata manteve 10%. Nos últimos levantamentos manteve o índice de 10%, empatando com Zemmour. 

 

Apostando na urgência climática e na juventude, Yannick Jadot já esteve em melhores condições nas pesquisas. Em 14 de janeiro Jadot tinha 6%. Caiu para 5% no dia 31 de janeiro. Depois, em 15 de fevereiro oscilou para 4,5%. No dia 28 de fevereiro, voltou para 5% e no dia 15 de março se manteve com a porcentagem. Em 21 de março subiu para 5,5%. Nas duas últimas pesquisas, Jadot registrou 4,5%. 

 

De 14 de janeiro a 05 de abril, o candidato do Partido Comunista, Fabien Roussel, variou entre 2% e 4,5%. No último levantamento, Roussel apareceu com 3%. A socialista Anne Hidalgo, prefeita de Paris, no mesmo  período variou entre 3,5% e 1,5%. No último levantamento, a prefeita aparece com 2,5% das intenções de voto. O candidato Jean Lassalle (Resistir!) variou entre 1% e 3% durante as pesquisas. Segundo a última pesquisa, Lassalle aparece com 2%. 

 

2º turno: Macron X Le Pen 

 

Macron e Le Pen
Emmanuel Macron e Marine Le Pen - Foto: Gonzalo Fuentes / Reuters 

De acordo com a simulação do Ifop de um segundo turno entre Macron e Le Pen, a vantagem do atual presidente foi diminuindo e chegou ao menor índice no último levantamento divulgado. Veja:

 

14 de janeiro - Macron 57% X 43% Le Pen 

 

31 de janeiro - Macron 55% X 45% Le Pen 

 

15 de fevereiro - Macron 55% X 45% Le Pen 

 

28 de fevereiro - Macron 56,5% X 43,5% Le Pen 

 

15 de março - Macron 58% X 42% Le Pen 

 

21 de março - Macron 56% X 44% Le Pen 

 

31 de março - Macron 54% X 46% Le Pen 

 

03 de abril - Macron 53% X 47% Le Pen 

 

04 de abril - Macron 53% X 47% Le Pen 

 

5 de abril - Macron 53% X 47% Le Pen 

Os primeiros colocados nas pesquisas
Jean-Luc Mélenchon, Emmanuel Macron e Marine Le Pen - Foto: Benoit Tessier / Reuters 

2º turno: Macron X Mélenchon 

Em uma simulação de segundo turno entre Macron e Jean-Luc Mélenchon, a situação do candidato à reeleição parece mais confortável. Único candidato de esquerda com chances de avançar ao segundo turno, Mélenchon sofre para dialogar com eleitores mais à direita. 

Veja:

 

15 de março - Macron 64,5% X 35,5% Mélenchon

 

21 de março - Macron 63% X 37% Mélenchon 

 

31 de março - Macron 60% X 40% Mélenchon 

 

03 de abril - Macron 60% X 40% Mélenchon 

 

04 de abril - Macron 60% X 40% Mélenchon 

 

05 de abril - Macron 59,5% X 40,5 Mélenchon

 

O primeiro turno das eleições francês acontece neste domingo (10).

 

Veja o cronograma eleitoral, entenda o sistema de votação e saiba quais são as principais regras de campanha para o pleito que ocorre no domingo (10).
por
Luan Leão
|
06/04/2022 - 12h

O primeiro turno das eleições na França acontecem no próximo domingo (10), na disputa estão 12 candidatos. Similar ao sistema eleitoral brasileiro, entenda como acontece o processo eleitoral na França: 

 

Quem pode se candidatar ?

Qualquer cidadão francês maior de 18 anos, que já possa votar e não tenha problemas com a justiça pode se candidatar. Diferente do Brasil, os candidatos não necessariamente precisam estar filiados a um partido, ou seja, as candidaturas podem ser avulsas. Essas candidaturas são chamadas de "sans étiquette" (sem etiqueta).

Porém, para conseguir lançar a candidatura, o candidato precisa obter 500 assinaturas de políticos já eleitos. Essa cláusula impede um número maior de candidatos avulsos. 

O mandato presidencial é de 5 anos podendo ser reeleito por mais 5 anos. 

 

Semipresidencialismo

A França é um exemplo de país semipresidencialista, ou seja, uma estrutura híbrida entre presidencialismo e parlamentarismo. Por isso, possui presidente e Primeiro-Ministro. 

O Primeiro-Ministro é escolhido pelo presidente e seus aliados, porém, o nome depende de uma aprovação dos parlamentares. Devido a essa aprovação, não é impossível que o Primeiro-Ministro seja de outro partido ou grupo político do presidente. Essa situação é chamada de coabitação. 

Esse impasse político não ocorre desde uma reforma eleitoral realizada em 2000, que deixou as eleições presidenciais e as parlamentares no mesmo ano, com a finalidade de evitar a troca de Primeiro-Ministro no meio do mandato do presidente. 

Parlamento Francês
Assembleia Nacional - Foto: Reprodução Twitter

O parlamento francês possui Câmara Alta (Senado), composto por 348 senadores, e Câmara baixa (Assembleia Nacional) com 577 parlamentares. A eleição da Assembleia Nacional, equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil, ocorre no mesmo ano das presidenciais, porém em datas diferentes. 

O Primeiro-Ministro é responsável pelas ações de governo, que na prática são estabelecidas pelo próprio presidente. É a figura do presidente que acumula mais poderes, dentre eles, o de dissolver o parlamento, algo que já aconteceu cinco vezes desde 1958, quando a 5ª República foi fundada.

Cabe ao Primeiro-Ministro refletir a vontade conjunta do parlamento e do presidente. E caso isso não ocorra, ele pode ser tirado do cargo por meio de um voto de desconfiança do parlamento.

Portanto, é importante que o presidente tenha maioria no parlamento, assim, caso contrário, aumentam as chances de coabitação. 


 

1º e 2º turno

Na França, assim como no Brasil, para vencer o pleito um candidato precisa obter maioria simples, ou seja 51% dos votos. Caso isso não ocorra no primeiro turno, os dois melhores colocados avançam para o segundo turno. De acordo com o calendário eleitoral, a realização de um segundo turno está prevista para o dia 24 de abril, 14 dias depois da realização do primeiro turno. 

O vencedor do pleito tomará posse no dia 13 de maio.

 

Campanha eleitoral 

O período eleitoral é curto, as campanhas começam oficialmente apenas duas semanas antes do primeiro turno. Sempre considerando o princípio da igualdade, o tempo de propaganda dos candidatos e seus apoiadores em veículos de rádio e televisão são iguais, mesmo no período anterior ao início das campanhas oficiais. A mesma regra vale para o segundo turno.

Caso alguma emissora descumpra a regra, fica sujeita a sanções como suspensão de programas, redução de tempo no ar e até multas. A Autoridade de comunicação audiovisual francesa (Arcom, na sigla em francês) é a responsável por fazer a regulação e controle do tempo de fala. 

"Essas transmissões oficiais de campanha são um espaço livre de expressão, oferecido a candidatos e partidos políticos. Em particular, permitem dar acesso mínimo a partidos de menor notoriedade e, portanto, menos presentes nos grandes noticiários", justifica a comissão reguladora da campanha. 

Veículos de comunicação estatais como France Télévision, Radio France e France Médias Monde também divulgam os vídeos de campanha de todos os candidatos, com tempo igual, durante sua programação.

No primeiro turno, os clipes eleitorais duram até 1 minuto e 30 segundos. Em caso de segundo turno, os vídeos podem chegar a até 5 minutos.

 

Pelo correio

Desde a segunda-feira, 28 de março, os eleitores estão recebendo em suas casas informativos sobre o plano de governo dos 12 candidatos, além das cédulas que deverão ser depositadas nas urnas nos dois turnos. 

Este ano o envio recebeu atenção especial, após problemas nas eleições regionais de 2021.

Informações sobre as campanhas também ficam disponíveis no site da Comissão Nacional de Controle de Campanhas (CNCCEP, na sigla em francês). 

 

No hora do voto

Outra diferença em relação ao sistema eleitoral brasileiro é o voto facultativo. Apesar disso, o eleitorado francês costuma comparecer em peso nas votações. 

Por ser no papel, o eleitor leva à urna de votação pelo menos dois envelopes, para que os mesários não saibam qual será o seu voto. Após depositar seu voto, o eleitor descarta as demais cédulas e na saída assina um termo comprovando que participou do pleito. 
 

Propaganda nas ruas

Também desde a segunda-feira (28), cartazes de campanha dos 12 candidatos foram colocados em locais reservados para propaganda política. Esses lugares ficam localizados nas sedes das prefeituras.

De acordo com o Código Eleitoral, os cartazes também ficarão expostos próximos às áreas de votação. 

A ordem dos cartazes é definida por sorteio, realizado na sessão do Conselho Institucional que anunciou a lista de presidenciáveis. Após isso, a ordem foi publicada no Diário Oficial. 

Cartazes de campanha na França
Espaço de publicidade eleitoral - Foto: Joel Saget / AFP
Cartazes de campanha na França
Espaço de publicidade eleitoral - Foto: AFP

A ordem definida nesta eleição é: Nathalie Arthaud (Luta Operária), Fabien Roussel (Partido Comunista), Emmanuel Macron (A República Em Marcha), Jean Lassalle (Resisatamos!), Marine Le Pen (Reunião Nacional), Éric Zemmour (Reconquisat!), Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa), Anne Hidalgo (Partido Socialisa), Yannick Jadot (Verdes), Valérie Pécresse (Republicanos), Philippe Poutou (Novo Partido Anticapilista) e Nicolas Dupont-Aignan (A França de Pé). 

Depois do primeiro turno, os candidatos que não passarem ao segundo turno podem usar os espaços de publicidade até a manhã da quarta-feira (13) para agradecer seus eleitores ou até mesmo anunciar a retirada de suas candidaturas. 


 

A uma semana das eleições, conheça os 4 principais nomes na disputa à presidência na França
por
Luan Leão
|
05/04/2022 - 12h

No próximo domingo (10) os franceses vão às urnas para escolher o presidente que vai comandar o país pelos próximos 5 anos. Atualmente no poder, o presidente Emmanuel Macron (Em Marcha!) é líder nas pesquisas e concorre à reeleição, mas não terá um caminho fácil para a reeleição. 

Vamos conhecer um pouco mais sobre os 4 principais nomes na disputa presidencial, de acordo com as pesquisas de intenção de voto:

 

Emmanuel Macron (Em Marcha!)

O mais jovem presidente francês desde a era de Napoleão, Macron tenta seu segundo mandato aos 44 anos de idade. Candidato do partido “Em Marcha!”, ocupa o primeiro lugar em todas as pesquisas de intenção de voto. 

Emmanuel Macron - Em Marcha!
Emannuel Macron - Foto: Ian Langsdon / Via Reuters

De acordo com especialistas, diferente de 2017, quando se elegeu pela primeira vez aos 39 anos de idade, o centrista Macron adota um tom mais à direita no plano de governo para o segundo mandato. Entre suas propostas, está o adiamento da aposentadoria de 62 para 65 anos de idade. Outra promessa é a redução de 15 bilhões em impostos, metade para pessoa física e a outra metade para empresas. 

Macron também pretende fazer alterações no sistema de Renda Solidária Ativa (RSA), condicionando o benefício a horas de atividade profissional, e em contrapartida, promete pleno emprego em cinco anos. 

A seu favor, o atual presidente tem os bons números da alta do Produto Interno Bruto (PIB) francês, que alcançou 7% em 2021, sendo o maior número em 52 anos. Apesar da recessão de 8% em 2020, especialistas do Instituto Nacional de Estatísticas e Estudos Econômicos (Insee) ressaltam que a economia francesa ultrapassa os patamares que estava antes da crise sanitária mundial.

Outro dado positivo a favor do candidato à reeleição é a taxa de desemprego em 7,4%, um dos melhores patamares em 40 anos. Durante a pandemia, Macron abriu os cofres públicos para manter a população em casa e evitar falência das empresas. 

Apesar dos números, Macron é visto como o presidente dos ricos. O presidente retirou o Imposto sobre Fortunas (ISF) e o transformou em imposto sobre propriedade, para não assustar o empresariado e garantir crescimento, segundo ele mesmo. Opositores apontam que o centrista está desconectado da realidade. 

Com papel relevante nas negociações no conflito Rússia e Ucrânia, Emmanuel Macron tenta se colocar como um líder diplomático, confiável e que sabe gerir crises. 

 

Marine Le Pen (Reunião Nacional)

Tradicional líder da extrema-direita francesa, aos 53 anos de idade Le Pen vem para a disputa de sua terceira eleição. Em 2012 ficou em 3º lugar, em 2017 foi para o segundo turno e perdeu para Macron. Agora, segundo as pesquisas, ocupa o segundo lugar na preferência de voto dos franceses. 

Marine Le Pen - RN
Marine Le Pen - Reprodução Facebook

Nos últimos anos, Le Pen trabalhou para mudar a imagem de seu partido, marcado por discursos xenófobos e racistas. A candidata aposta em pautas envolvendo a segurança, como a presunção de legítima defesa para a polícia, em uma tentativa de proteger as forças policiais, que são acusadas com frequência de uso desproporcional da violência. 

Conhecida por discursos radicais relacionados a imigração, a candidata de extrema-direita defende o fim do reagrupamento familiar, que facilita a legalização de imigrantes que já tenham familiares no país. Le Pen também prega o endurecimento das regras para pedidos de naturalização e asilo, defendendo que sejam feitos apenas no exterior, impedindo que imigrantes clandestinos sejam regularizados. 

Le Pen tem feito um discurso enérgico, falando até em “erradicar”, as ideologias islâmicas e suas redes. Com posições contrárias ao bloco Europeu, a candidata tem alterado seu discurso, e evitado criticar a aliança, tendo falado apenas em uma possível alteração da moeda francesa. 

O programa de medidas da candidata visa aumentar o poder aquisitivo dos franceses, com melhorias nos salários e redução nos impostos sobre energia. Le Pen fala também em privatizar as estradas francesas para diminuir os preços dos pedágios, além de estatizar o sistema audiovisual francês, que hoje depende parcialmente de dinheiro público. 

Nesta eleição, Marine Le Pen tem a concorrência de Éric Zemmour na disputa dos votos mais radicais. Além disso, em 2014 Le Pen recebeu empréstimo de um banco russo para financiar as campanhas de 2017 e pode se complicar por isso. 

 

Jean-Luc Mélenchon (França Insubmissa)

Único representante da esquerda entre os 4 principais nomes, Mélenchon, de 70 anos de idade, é atualmente o terceiro colocado nas pesquisas eleitorais, e tem um discurso voltado para a “ruptura” do liberalismo econômico. O seu partido, França Insubmissa, tenta ocupar o lugar deixado pelo Partido Socialista no campo ideológico do país. 

Jean-Luc Mélenchon - França Insubmissa
Jean-Luc Mélenchon - Foto: Christophe Archambault / AFP

Chamado por seus apoiadores de “Melen-Show”, por sua capacidade retórica e poder de reunir multidões, o candidato de esquerda concentra suas propostas em temáticas sociais, como o acesso à educação e o custo de vida. Mélenchon prometeu congelar os preços de produtos, aumentar salários e fortalecer os serviços públicos.

No programa de governo, o candidato promete uma grande reforma fiscal, e prevê a volta do Imposto sobre Fortuna (ISF), tabelamento de preços de produtos de primeira necessidade, e o aumento do salário mínimo para 1.400 euros. Além disso, uma de suas principais propostas é a redução da idade mínima de aposentadoria para 60 anos, após 40 anos de contribuição.

O candidato de esquerda é bastante cobrado por não ter se posicionado de forma mais firme e clara, desde o começo, sobre o presidente russo Vladimir Putin. Apesar de estar em terceiro, o candidato do partido França Insubmissa tem chances reais de ir para o segundo turno, apostando em uma divisão de votos entre Marine Le Pen e Éric Zemmour. 

 

Éric Zemmour (Reconquista!)

Candidato da ultradireita, sendo considerado até mais radical que Marine Le Pen, Zemmour, de 63 anos de idade, é escritor, jornalista e comentarista político, já tendo participado de programas de televisão. De acordo com as pesquisas, é o 4º colocado nas intenções de voto dos franceses. 

Éric Zemmour - Reconquista
Éric Zemmour - Foto: Bertrand Guay / AFP

Apesar de experiente, o candidato é novato na política, e defende uma visão mais radical para o país, em conjunto com uma visão liberal para a economia. No início das pesquisas chegou a estar em segundo lugar, mas vem patinando nos últimos números divulgados. Filho de judeus da Argélia, tem uma retórica violenta, carregada de misoginia e um discurso contundente anti-imigração. 

Em janeiro deste ano, Zemmour foi condenado a uma multa de 10 mil euros por incitar ódio contra menores imigrantes. O caso aconteceu em 2020, quando durante um programa de televisão, Zemmour chamou os menores imigrantes de “ladrões”, “assassinos” e “estupradores”. O jornalista classificou o fluxo imigratório de “invasão permanente”.

No seu programa de governo, o candidato já chegou a falar em um ministério da “remigração”, e prometeu “fazer um milhão” de estrangeiros saírem do país em cinco anos. Zemmour aposta em críticas à candidata da direita tradicional Valérie Pécresse (Republicanos), e também ao atual presidente Emmanuel Macron. 

O candidato do Reconquista! também é o único presidenciável a defender a teoria de uma suposta “grande susbtituição”. A teoria prega que os europeus estão sendo substituídos aos poucos por imigrantes não europeus. 

Para Zemmour, a França é um país em decadência, e a civilização do país foi atacada pela influência dos mulçumanos, que conseguem isso pela falta de controle migratório. O extremista também já criticou o que chama de “feminização” da sociedade, e afirmou que crianças com deficiências sejam enviadas a “escolas especiais”.

Em 2020, disse que a Rússia era uma aliança mais confiável do que Alemanha, Estados Unidos e Reino Unido.