A retirada aconteceu depois de Kimmel criticar Donald Trump, em um comentário sobre a morte do influenciador e ativista conservador Charlie Kirk. O caso reacendeu o debate sobre censura
por
Matheus Henrique
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06/10/2025 - 12h

O apresentador estadunidense Jimmy Kimmel teve seu programa retirado do ar, após criticar o presidente Donald Trump, no dia 15 de setembro, durante a repercussão da morte do influenciador e ativista conservador Charlie Kirk. Ele questionou a reação do líder norte-americano e sugeriu que Tyler Robinson, autor do atentado que vitimou Kirk, seria republicano e trumpista.
 


Kimmel iniciou seu monólogo afirmando que o fim de semana havia trazido mais uma cena vergonhosa ao comentar a tentativa do movimento conservador MAGA, sigla para “Make America Great Again”, de se desvincular do acusado: "A gangue do MAGA está tentando desesperadamente caracterizar o garoto que assassinou Charlie Kirk como algo diferente de um deles, e faz tudo o que pode para ganhar pontos políticos com isso.” 

Ele comentou também sobre a reação inusitada de Trump quando um repórter perguntou como ele estava lidando com a morte de Kirk. O presidente respondeu que estava muito bem e começou a falar sobre a construção de um novo salão de baile na Casa Branca. O apresentador ironizou a situação e disse que essa não é a forma de um adulto lamentar a morte de alguém de quem dizia ser amigo. 

A emissora se posicionou sobre o caso e afirmou que os comentários foram ofensivos, optando por suspender o programa. Nas redes sociais, o presidente comemorou a suspensão e aproveitou para pedir o cancelamento de outros programas que criticam a sua gestão. 
 

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Grande notícia para os Estados Unidos: a ABC finalmente teve a coragem de fazer o que precisava ser feito. Kimmel não tem NENHUM talento e tem uma audiência pior que a do [Stephen] Colbert, se é que isso é possível. Agora restam Jimmy [Fallon] e Seth [Meyers], dois completos perdedores, na mentirosa NBC. A audiência deles também é horrível. Faça isso, NBC!!! Presidente Donald Trump - Reprodução: Truth Social

A suspensão repercutiu também entre os Democratas. Barack Obama, ex-presidente dos Estados Unidos, acusou o governo de censura, enquanto o senador pelo Estado de Vermont, Bernie Sanders, classificou o caso como mais um episódio de autoritarismo da gestão Trump. Ambos insistiram que o atual presidente busca calar vozes críticas. 

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Depois de anos reclamando sobre a cultura do cancelamento, a atual administração levou isso a um novo e perigoso nível ao ameaçar rotineiramente com ações regulatórias contra empresas de mídia, a menos que silenciem ou demitam repórteres dos quais não gostam. -  Reprodução: X
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O autoritarismo é isso: o governo silenciando vozes dissidentes. Colbert. Kimmel. Um processo de 15 bilhões de dólares contra o New York Times. Muita gente lutou e morreu para defender a liberdade. Não vamos deixar que Trump a tire de nós. - Reprodução: X 

O apresentador voltou ao ar no dia 23 de setembro. Em seu discurso, esclareceu que nunca teve a intenção de menosprezar o assassinato de um jovem e aproveitou para provocar Trump novamente: “Ele fez o possível para me cancelar, mas, em vez disso, obrigou milhões de pessoas a assistir ao programa. O tiro saiu pela culatra. Talvez agora ele tenha que divulgar os arquivos de Epstein para nos distrair disso.”

Kimmel ainda comentou sobre a decisão de que conteúdos jornalísticos terão de ser submetidos à análise antes da publicação: "Pete Hegseth [Secretário de Defesa dos Estados Unidos], anunciou uma nova política que exige que jornalistas com credenciais de imprensa do Pentágono assinem um termo de compromisso, prometendo não divulgar informações que não tenham sido explicitamente autorizadas. Eles querem escolher as notícias." 

Neste ano, a emissora americana CBS anunciou o encerramento do programa The Late Show, apresentado por Stephen Colbert. A suspeita é de que as recorrentes críticas feitas pelo apresentador a Donald Trump tenham motivado a decisão.

Maior evento europeu do setor continua na rota por novidades eletricas e mais concorrência a cada ano
por
Vítor Nhoatto
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22/09/2025 - 12h

Ocorrido entre os dias 9 e 14 de setembro, o IAA Mobility recebeu mais de 500 mil visitantes, superando a sua última edição em 2023. Estiveram presentes as germânicas Audi, BMW, Mercedes, Opel, Porsche e Volkswagen, mas Fiat, Peugeot e nenhuma japonesa compareceu. Com isso, mais uma vez uma grande parte de Munique foi palco para as chinesas se consolidarem e expandirem.

Com o lema “It’s all About Mobility”, em tradução livre, “É Tudo Sobre Mobilidade”, o foco da mostra se manteve em soluções inteligentes e inovadoras. Startups como a Linktour com  seus micro carros elétricos, e marcas de bicicletas e motocicletas elétricas estavam por todos os lados do München Expo Center. E repetindo o formato aplicado desde 2021, com o chamado “Open Space”, uma área de experiências interativas gratuitas ao ar livre, os visitantes podiam experimentar tudo isso.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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 Além disso, a inovação tecnológica foi tema de muitos debates e coletivas de imprensa com representantes da indústria. Fornecedoras como a Bosch, Aisin e Revolt, além de empresas de carregadores como a Charge X e E-Mobilio e a gigante de baterias CATL foram só alguns dos mais de 750 expositores presentes. 

Setor premium atento

Falando em eletricidade, ela estava no centro das atenções de todas as marcas, apesar das vendas de carros elétricos (BEV) terem sido prejudicada na Europa no ano passado. O fim ou diminuição de subsídios governamentais e metas de descarbonização estagnadas na União Europeia foram os principais motivos segundo o Global EV Outlook 2025 da International Energy Agency (IEA). No entanto, as projeções para esse ano e os próximos são de crescimento.

De olho nisso a BMW lançou o novo iX3, modelo mais importante em anos ao inaugurar uma nova era para a alemã. A segunda geração do modelo estreia uma plataforma sob medida e exclusiva para elétricos de nova geração, chamada de Neue Klasse. O destaque fica com a nova bateria de 108.7kWh de capacidade integrada ao chassi, compatível com carregamento ultrarrápido de até 800V - ganha 372km em apenas dez minutos - e autonomia de 805km em uma carga segundo o ciclo WLTP. 

No quesito design a ruptura com o passado é ainda mais evidente, com uma nova linguagem visual, inspirado nos modelos da BMW dos anos 80. No interior foi inaugurado o Panoramic iDrive, com o painel de instrumentos correndo ao longo de todo o para-brisa, um novo volante de quatro raios e um multimídia com inteligência artificial de 17,5 polegadas. “A Neue Klasse é o nosso maior projeto futuro e marca um grande salto em termos de tecnologias, experiência de condução e design”, frisou o presidente do conselho de administração da marca, Oliver Zipse.

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Alemã aproveitou o evento para apresentar o futuro Sedan i3, que seguirá o capítulo iniciado pelo SUV iX3,  irmão de plataforma. Foto: BMW Group / Divulgação 

Do outro lado do pavilhão, a Mercedes-Benz fez um movimento parecido, lançando a segunda geração do GLC elétrico. O modelo foi o primeiro elétrico da marca, ainda em 2018 como EQC. Mas pelas vendas baixas havia sido descontinuado no ano passado, e agora retorna com o nome “GLC With EQ Technology”, para evidenciar as mudanças. Rival direto do iX3, segue a linguagem de design inaugurada no novo CLA no ano passado, aqui com uma grade iluminada e enormemente proeminente.

Construído sob a inédita plataforma elétrica MB.EA Medium, independente do GLC, a combustão portanto, possui carregamento de até 800V e uma bateria de 94kWh, traduzidos em 713 km de autonomia. No interior, o SUV inaugura o “Hyperscreen”, transformando o painel inteiro em uma tela de 39.1 polegadas. O interior pode ser todo vegano e certificado, e a comunicação Car-to-X - que coleta e envia dados para comunicar outros veículos - se destaca no quesito segurança. O preço inicial deve girar em €60 mil quando chegar às lojas ainda esse ano, tal qual o rival.

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Faróis possuem tecnologia Matrix, e sob o capô há um espaço de 128 litros para bagagens. Foto: Mercedes-Benz / Reprodução

Mas nem só de SUVs o mercado premium é formado, e a Polestar compareceu a Munique para o lançamento mundial do seu novo modelo de topo, o sedã 5. A marca do grupo Geely, divisão de performance da Volvo até 2017, aposta em sustentabilidade e alta performance, estreando a nova plataforma PPA do grupo. São 872 cavalos, tração integral, aceleração de 0 a 100 em 3,2 segundos e ausência de janela traseira, tal qual no crossover 4.

Um presente e futuro elétrico

Nas duas últimas edições do Salão de Munique, ambientalistas protestaram em frente ao evento em defesa de uma mudança sistêmica da indústria, o que se repetiu. As ONGs Extinction Rebellion e Attac levaram placas pedindo por mais investimento em transporte público e justiça social, jogando atenção para uma mentalidade individualista e o preço dos elétricos. 

Em relação a essa questão, um estudo da empresa de consultoria, Gartner, mostra que até 2027 os BEVs serão mais baratos de produzir que os carros a combustão (ICEVs), e o Grupo Volkswagen promete preços competitivos para sua nova geração de elétricos. 

Foram revelados no evento quatro modelos para o segmento B baseados na plataforma MEB Entry do conglomerado. O principal deles foi o ID.Polo da Volkswagen, com previsão de início de vendas em maio na casa dos € 25 mil. Como o seu nome sugere, é a versão elétrica do hatch Polo, e contará com baterias de 38 e 56 kWh, com uma autonomia de 350 e 450 km respectivamente. Uma versão GTI do modelo será também comercializada, com 223 cavalos.

Continuando o apelo esportivo que a versão encurtada da plataforma em que os modelos do segmento C, ID.3 e ID.4, são construídos, a espanhola Cupra mostrou a versão de produção do Raval. Com dimensões e motorizações basicamente iguais às do ID.Polo, promete continuar a expansão da nova marca do grupo, antigamente uma divisão de performance da Seat.

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Cupra Raval, ID.Polo e ID.Polo GTI  (direita) serão lançados em março do ano que vem, enquanto os SUVs Epiq e ID.Cross (esquerda) chegarão no segundo semestre. Foto: Volkswagen AG / Divulgação

Como era de se esperar pela relação do Polo com o T-Cross, sua versão SUV, o conceito ID.Cross foi mostrado. Com o mesmo tamanho do modelo que substituirá em 2026, integra o segmento disputado dos B-SUV elétricos, formado por nomes como Peugeot e-2008, Renault 4 e Volvo EX30. Focando em espaço e ergonomia, marca a volta de botões físicos no volante e do ar condicionado, além de um maior uso de materiais reciclados. 

Por fim, a Skoda apresentou a sua versão do SUV, denominada Epiq. Tal qual os irmãos de plataforma, será construído em Pamplona, na Espanha, e contará com a capacidade de carregar dispositivos externos como eletrodomésticos (V2L). A velocidade de carregamento é de até 125 kW, indo de 10% a 80% em 20 minutos, e o modelo estreará uma nova identidade visual para a tcheca no ano que vem.

Ascensão chinesa continua 

Aprofundando essa questão dos preços, são as marcas chinesas que se destacam globalmente, como destaca a IEA. Com grandes reservas dos minérios utilizados nas baterias, as fábricas para construí-las e anos de investimento estatal na tecnologia, seguiram com sua expansão em solo alemão. 

A BYD, maior marca chinesa em números, marcou presença com o recém lançado Dolphin Surf - a versão europeia do Dolphin Mini. Avaliado com cinco estrelas pelo Euro NCAP, é um dos BEVs mais baratos hoje à venda na Europa, custando cerca de € 20 mil. No campo dos híbridos plug-in (PHEV) a Station Wagon do segmento D, Sealion 06, foi lançada, focada em conforto e tecnologia com até 1.092 km de autonomia combinada.

Outra marca com novidades foi a Leapmotor, que já vende o hatch subcompacto T03 e o D-SUV C10 no continente, de lançamento marcado para o Brasil ainda em 2025. Pertencendo 20% à Stellantis, que controla a sua operação internacional, apresentou o inédito hatch B05, rival de Volkswagen ID.3 e BYD Dolphin. Sob a mesma plataforma do C-SUV B10, terá cerca de 400 km de autonomia e início de vendas para o ano que vem por cerca de € 30 mil.

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"O B05 (direita) reflete nosso compromisso com a inovação, acessibilidade e a capacitação da próxima geração de motoristas em toda a Europa e além", declarou o CEO global da marca, Zhu Jiangming. Foto: Leapmotor / Divulgação

Munique foi para além de um lugar de novos modelos, mais uma vez o palco de marcas inteiras debutando em solo europeu. A marca AITO, do grupo Seres, que usa a tecnologia da Huawei, se lançou no mercado internacional com os SUVs 9, 7 e 5. Mirando as marcas premium alemãs nos segmentos E e D, podem ser tanto BEVs ou elétricos com extensor de autonomia (REEV), repetindo a abordagem da Leapmotor com o C10.

O grupo Changan Auto iniciou as operações da sua marca Deepal com os SUVs de apelo jovem e esportivo S05 e S07, ambos com opções de serem elétricos ou PHEVs. No campo de luxo, a marca Avatr da gigante chinesa mostrou seu primeiro concept car, o Xpectra, além dos modelos 06, 07 e 12, já comercializados em alguns países europeus e com planos de chegarem a 50 mercados em breve.

A premium Hongqi esteve presente e revelou o C-SUV elétrico EHS5, além de anunciar planos de expansão com 15 modelos e 200 pontos de venda pela Europa nos próximos anos. E aumentando a sua aposta no evento, a Xpeng teve um stand dentro do pavilhão e apresentou a nova geração do P7, sedã que começou a ser comercializado na Europa no IAA Mobility 2023.

Além disso, a recém chegada ao Brasil, GAC, estreou no velho continente levando cinco modelos para a mostra. Seguindo com o “European Plan Market” anunciado no ano passado, lançou como modelos de topo o novo GS7, um SUV grande híbrido plug-in, e a MPV híbrida (HEV) E9. Mas os destaques da marca foram o hatch AION UT, rival de BYD Dolphin, e o D-SUV rival de Tesla Model Y, o AION V.

O primeiro possui bateria de 60 kW/h com 430 km de autonomia e previsão de início da comercialização em 2026 na casa dos € 30 mil. Já para o segundo, comercializado no Brasil por R$214.990, o preço de € 35.990 foi anunciado, muito competitivo para o segmento. Com 510km de autonomia e cinco estrelas no teste do Euro NCAP - com mais ADAS que o brasileiro - será o primeiro a chegar às lojas, já em setembro em mercados como Portugal, Finlândia e Polônia. O plano é que a marca venda em todos os países europeus até 2028.

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Estava ainda em Munique o carro elétrico voador GOVI AirCab (ao fundo) buscando mostrar os avanços da indústria chinesa, segundo a empresa. Foto: GAC Group / Divulgação

Eletrificação em todos os níveis 

Para além das novatas, ícones do mercado aproveitaram os holofotes da feira para se renovarem completamente. Esse foi o caso da única francesa presente, a Renault, que lançou a sexta geração do hatch Clio, o segundo carro mais vendido no continente em 2024.

Construído sob a mesma plataforma que o seu predecessor, mantém o motor 1.2 TCe e uma opção movida a GPL, mas as semelhanças acabam por aqui. No powertrain, estreia um novo sistema full-hybrid (HEV) formado por um motor 1.8 e dois elétricos, resultando em 160 cavalos e modo de condução elétrico na cidade. Conforme a estratégia da marca, o Clio não terá versão elétrica, papel delegado ao hatch de estilo retrô, o 5.

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Hatch cresceu 6 centímetros em comprimento, evocando uma silhueta mais esportiva e afilada. Foto: Renault Group / Divulgação

No quesito design, o carro rompe por inteiro com a geração anterior, o oposto do que havia acontecido com a quinta geração em relação à quarta. A frente ostenta uma nova assinatura em DRL, que forma o símbolo da Renault, e a traseira possui lanternas duplas, nunca vistas em um Clio. O interior é todo novo também em relação ao antecessor, mas com o mesmo layout e sistema operacional do Google do irmão elétrico 5.

A Volkswagen foi outra que debutou no IAA uma nova geração de um best-seller, o T-Roc. Em sua segunda encarnação, também não terá versões elétricas, sendo o último novo carro a combustão desenvolvido pela marca. Haverão pela primeira vez no SUV opções micro-híbridas (MHEV), já conhecidas dos irmãos de plataforma como o Golf e A3, além de um novo sistema HEV, com 134 e 168 cavalos. Não haverá, pelo menos por ora, versões PHEV, sendo o único modelo sob a MEB Evo sem essa possibilidade, no entanto.

Seu exterior é uma evolução da primeira geração, mantendo linhas semelhantes e o seu apelo descolado, descrito pela marca. As dimensões aumentaram, 12 centímetros em comprimento, chegando a 4.37 metros, o colocando alinhado a rivais como o Toyota CH-R e Mazda CX-30. Por dentro a abordagem continua, com telas maiores e mais itens de conectividade e segurança assistida, mas com uma disposição de elementos clássica, vista nos últimos Golf e Tiguan.

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Modelo construído em Portugal foi o quinto carro mais vendido na Europa no ano passado. Foto: Volkswagen Group / Divulgação

Concorrência de todos os lados

Além das chinesas em franca expansão nos últimos anos no continente, outras concorrentes vêm se destacando na corrida pelos elétricos principalmente. A coreana Kia compareceu ao evento e mostrou ao público os novos integrantes da família EV, o EV4 e o EV5. 

O primeiro é um hatch do segmento C, acompanhado de uma variante sedã. Já o último se trata de um modelo lançado em 2023 - inclusive a venda no Brasil desde o ano passado - mas que chega só agora à União Europeia como a versão elétrica do Sportage. Sua conterrânea e marca irmã também esteve em Munique com o Concept 3, prevendo o futuro Hyundai Ioniq 3, equivalente do EV4.

Mas nem só da Ásia as novidades chegam, com a primeira marca turca de automóveis elétricos, a Togg, debutando em solo alemão a sua ofensiva no continente europeu. Fundada em 2018 e com a primeira fábrica inaugurada em 2022, apresentou o C-SUV T10X e o sedã T10F ao público. A pré-venda dos modelos começará em 29 de setembro na Alemanha, e no ano que vem a empresa pretende iniciar seus trabalhos na França e Itália, com meta de ter até 2030 um milhão de veículos em toda a Europa.

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Preços ainda não foram divulgados, mas devem ficar em torno de € 40 mil tomando como base as cifras no mercado turco. Foto: Togg / Divulgação

Construídos sob uma plataforma elétrica, ambos receberam nota máxima no Euro NCAP recentemente, com mais de 9% de proteção para adultos e 80% nos ADAS. A respeito do desempenho, a bateria possui 88.5 kWh de capacidade, e autonomias de até 500 e 600 km para o SUV e o sedã respectivamente. 

“Nossos modelos proporcionam uma experiência de mobilidade voltada para o usuário e voltada para o futuro”, comentou Gürcan Karakaş, CEO da marca durante o evento. A marca anunciou ainda que trabalha no terceiro de cinco modelos que irá lançar até o fim da década, o B-SUV T8X. Karakaş finalizou destacando que prepara para introduzir baterias de pirofosfato de lítio (LFP), e que a indústria deve estar preparada para as mudanças e maior concorrência.

Macron enfrenta dificuldade para lidar com manifestantes
por
Chloé Dana
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17/09/2025 - 12h

 

Na terça-feira da semana passada,a (9) o primeiro-ministro, François Bayrou, perdeu o voto de confiança no Parlamento e renunciou ao cargo. A decisão foi tomada pela Assembleia Nacional com 364 votos contrários e 194 a favor, após o fracasso de Bayrou em obter apoio para o plano orçamentário de 2026. 

O presidente, Emmanuel Macron, já nomeou no dia seguinte o novo primeiro-ministro Sébastien Lecornu e foi o suficiente para gerar mobilizações. Os manifestantes tomaram as ruas de várias cidades, bloquearam rodovias, queimaram lixeiras e entraram em confronto com a polícia. O movimento, denominado “Bloqueie Tudo”, tomou força no verão europeu deste ano, ao motivar os cidadãos a se manifestarem contra uma redução no orçamento de 44 bilhões de euros divulgada pelo ex-primeiro-ministro François Bayrou. 

Entre as demandas estão um aumento nos recursos para serviços públicos, tributos para os mais ricos, a suspensão do aumento dos aluguéis, contra a classe política e cortes orçamentários, e a saída de Macron do cargo. Na quarta-feira (10), 80 mil forças de segurança foram acionadas em todo o território nacional, com 6 mil apenas em Paris. Conflitos foram registrados em lugares como Rennes, Nantes, Montpellier e Toulouse, além da cidade capital.

A crise atual se aprofundou com a recente renúncia de seu primeiro-ministro, François Bayrou. Essa foi a quinta mudança de primeiro-ministro em menos de dois anos, evidenciando fragilidade no governo.

A maior parte da oposição optou por votar contra a moção de confiança e expressou satisfação com o resultado. Isso era o que se esperava, após duas semanas de negociações diretas com o primeiro-ministro, que não trouxeram mudanças significativas à proposta orçamentária. 

Além disso, o problema não se limita apenas ao primeiro-ministro, mas também alcança o presidente. “Os ministros representam um obstáculo, mas a verdadeira questão é Macron e sua maneira de liderar. Ele deve se afastar”, declarou Fred, líder do sindicato de transportes em Paris, para um jornal francês. Especialistas em política na França sugerem que a crise revela a exaustão do modelo político de Macron, que está sob pressão tanto da direita quanto da esquerda, e que pode enfrentar, nos próximos meses, seu maior teste de governabilidade desde 2018.

A maior parte da oposição optou por votar contra a moção de confiança e expressou satisfação com o resultado. Isso era o que se esperava, após duas semanas de negociações diretas com o primeiro-ministro, que não trouxeram mudanças significativas à proposta orçamentária.

 

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Manifestantes vão à rua em protesto. Foto: Julia Braun, BBC 

 

Manifestações escalaram após bloqueio de redes, levando à renúncia do premiê
por
Kimberlly Ramos
Maria Clara Palmeira
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18/09/2025 - 12h

Protestos massivos liderados por jovens nepaleses da Geração Z (1995 - 2010), reivindicam o fim da corrupção generalizada e criticam a desigualdade social nepalesa. O país atravessa sua pior crise política desde o fim da monarquia, em 2008.

O estopim da revolta ocorreu na quinta-feira (4), com o bloqueio de mais de 20 redes sociais (entre elas Instagram, Whatsapp e X) no país, sob a alegação do governo de que as normas de regulamentação nepalesas não estavam sendo cumpridas pelas plataformas e também como meio para evitar a propagação de notícias falsas e discursos de ódio. As autoridades afirmaram ainda que prezam pela liberdade de expressão, mas que precisam que as plataformas tenham responsabilidade e sejam bem administradas, com a nomeação de representantes legais no país. 

A medida foi tomada durante uma campanha que estava viralizando nas mídias sociais, intitulada “nepo kids”, que denunciava a corrupção política no Nepal e a vida de ostentação exibida por filhos de governantes; isso, em contraste com as dificuldades que o restante da população enfrenta para sobreviver, segundo a trend. A proibição das redes foi recebida com revolta e foi vista pelos jovens como forma de silenciar as denúncias contra a corrupção. Os manifestantes se uniram contra o decreto, tomaram as ruas da capital nepalesa Katmandu e marcharam até o Parlamento em 8 de setembro. Em resposta ao movimento, a polícia utilizou bombas de gás lacrimogêneo, canhões de água e balas de borracha durante confronto para tentar conter a multidão; 19 pessoas morreram apenas no primeiro dia.

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Manifestantes nas ruas contra o bloqueio das redes sociais. Reprodução: @TheDailyPioneer/X
Manifestantes nas ruas contra o bloqueio das redes sociais. Reprodução: @TheDailyPioneer/X

As mortes levaram à intensificação dos protestos no dia 9, provocando incêndios em prédios do governo e no Parlamento Federal. Residências de políticos também foram incendiadas pelos manifestantes, como a do ex-primeiro-ministro Jhala Nath Khanal, resultando na morte de sua esposa, que estava dentro da casa no momento do ataque.

Com a escalada do conflito, o primeiro-ministro Khadga Prasad Oli renunciou ao cargo e o número de mortes foi atualizado para 25. O bloqueio das redes foi revogado, como meio de conter a revolta, mas as manifestações seguiram, com a insatisfação dos jovens nepaleses se ampliando em relação às práticas corruptas. 

Na sexta-feira (12), o presidente Ramchandra Paudel dissolveu o Parlamento e convocou novas eleições para 5 de março de 2026. Simultaneamente, Paudel nomeou Sushila Karki, ex-presidente da Suprema Corte, como primeira-ministra interina, tornando-se a primeira mulher a liderar o governo do Nepal. Karki, conhecida por decisões judiciais contra casos de corrupção e pela promoção da igualdade de gênero, recebeu apoio direto dos manifestantes, que debatiam os próximos passos em plataformas digitais como Discord.

No dia 13, a normalidade começava a retornar a Katmandu: lojas reabriram, veículos voltaram às ruas e a presença militar foi reduzida. Karki visitou jovens feridos e recebeu pedidos de familiares das vítimas, que exigiam reconhecimento dos mortos e compensações financeiras. Organizações internacionais de direitos humanos pedem que o novo governo acabe com a “impunidade do passado” e investigue os responsáveis pelas mortes.

O desafio de Karki será recuperar a confiança da população, conduzir as eleições em março e entender as reivindicações da juventude, que desempenhou papel central nas recentes mobilizações. Com 22% dos jovens entre 15 e 24 anos desempregados e um quinto da população vivendo na pobreza, a Geração Z nepalesa já demonstrava frustração. O bloqueio das redes sociais foi a faísca de um descontentamento acumulado.

“O tempo está passando rápido. Diariamente dezenas de palestinos são assassinados", afirma professor Rodrigo Amaral, da PUC-SP
por
Renata Bittar
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02/09/2025 - 12h

Em meio a tensões políticas e crises diplomáticas, o conflito entre Israel e Gaza se intensifica. Recentemente, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou a intenção de assumir o controle total da Faixa de Gaza. Embora a operação ainda não tenha sido confirmada, o governo de Israel afirma que o objetivo seria expulsar o Hamas (Movimento de Resistência Islâmica) e instaurar um governo civil no território. Em entrevista à BBC, Netanyahu declarou que Israel busca “libertar o povo de Gaza do terrível terror do Hamas”.

O Estado de Israel mantém os bombardeios e ataques contra Gaza. A recusa de um cessar-fogo imediato resultou em um aumento no número de mortes, destruição de cidades inteiras e no agravamento de uma crise humanitária de grande proporção.

Em entrevista exclusiva à AGEMT, o professor de Relações Internacionais da PUC-SP Rodrigo Amaral, pesquisador especializado em Estados Unidos e Oriente Médio, avaliou que a imagem de Israel no cenário internacional tem se deteriorado. “Mesmo que Israel mantenha fortes relações, sobretudo comerciais, com diversos países, o debate sobre boicotes — antes distante do imaginário internacional — começa a ganhar força”, afirmou.

Nos últimos meses, países como Canadá e França passaram a reconhecer a Palestina como um Estado legítimo. A decisão, vinda de nações com peso político relevante, chamou atenção e fortaleceu o movimento palestino. Para Amaral, o gesto reforça a percepção de que a comunidade internacional demonstra, de forma mais concreta, a intenção de apoiar a criação de um Estado palestino autônomo. “É um marco para esses países reconhecerem a Palestina, sobretudo por serem nações tradicionalmente alinhadas à lógica norte-americana”, destaca o professor.

Ao contextualizar o conflito, Amaral lembra que eventos como a Primeira Guerra Mundial, a Guerra Fria e a Crise de Suez contribuíram para o deslocamento forçado dos palestinos à Faixa de Gaza. Questionado sobre a possibilidade de o território voltar à “normalidade”, ele pondera que “nunca existiu normalidade em um espaço onde a população vive confinada”. “Gaza é controlada por autoridades estrangeiras, Israel e Egito. Dentro dessa realidade sociopolítica, tenta-se construir uma vida cotidiana, mas os palestinos sempre foram empurrados para esse território”, afirma.

Entre o impasse político e as operações militares, as ações de ambos os lados se intensificam. O próximo passo declarado por Netanyahu seria a desocupação total de Gaza pelos palestinos que ainda vivem no local e a busca por outros territórios que os recebam. “É importante lembrar que Gaza já era um espaço de refúgio, pois a maioria dos palestinos que vive lá não é originária do território”, acrescenta Amaral. Segundo ele, a tendência é a manutenção de um controle militar em Gaza, provavelmente acompanhado de presença ativa de Israel durante o processo de reconstrução.

 

Nova operação de Israel intensifica bombardeios na Cidade de Gaza em 28/08/2025 Imagem: Reprodução/Reuters/ Dawoud Abu Alkas

 

 

 

 

Apesar do apoio crescente de diversos países à causa palestina, o cenário das relações internacionais ainda é fortemente influenciado pelas grandes potências ocidentais. Esses atores exercem papel decisivo na definição da ordem global e, frequentemente, detêm o poder de determinar os rumos das ações multilaterais. Segundo Rodrigo Amaral, é incomum observar um consenso entre nações como Canadá, França e Austrália ao se posicionarem contra a ofensiva israelense em Gaza. Por meio de mecanismos intergovernamentais, como a Organização das Nações Unidas (ONU), esses países podem contribuir propondo cessar-fogo e planos de retirada militar da região.

Além da pressão diplomática, Amaral aponta que as nações contrárias à atuação de Israel podem adotar boicotes econômicos como forma de protesto. Essa medida, explica ele, visa prejudicar setores estratégicos da economia israelense e pressionar o governo pelo encerramento das operações militares. “O tempo está passando rapidamente. Diariamente, dezenas de palestinos são assassinados. Ações concretas ainda não foram tomadas; pelo contrário, observamos um aumento dos impasses diplomáticos”, afirma o professor.

Atualmente, estima-se que a ocupação militar israelense em Gaza já abrange quase 90% do território. O governo de Benjamin Netanyahu mantém a meta de ampliar o controle e promover a retirada total dos palestinos que ainda vivem na região. De acordo com Amaral, o número de vítimas ultrapassa 60 mil palestinos desde o início do conflito. “A tendência é que o desfecho desse confronto resulte na consolidação dos interesses israelenses. Apesar do posicionamento da comunidade internacional e das pressões de movimentos sociais transnacionais, persiste um cenário de impunidade e continuidade das ações militares de Israel”, conclui.

 

 

Candidata da esquerda vence as eleições e se torna a primeira mulher a comandar o país
por
Beatriz Alencar
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05/06/2024 - 12h

A candidata do Movimento Regeneração Nacional (Morena), de 61 anos, venceu as eleições presidenciais do México no último domingo (2), se tornando a primeira mulher no cargo da presidência do país.

 

Claudia Sheinbaum
Claudia Sheinbaum celebra vitória eleitoral no México (03/06/2024) |  Foto:Reuters/Alexandre Meneghini

Sua vitória veio após a contagem preliminar oficial dos votos. Sheinbaum conquistou entre 58,3% e 60,7% dos votos, a maior porcentagem contabilizada na história da região.

Já a opositora da candidata, Xóchitl Gálvez (PAN), obteve entre 26,6% e 28,6% dos votos.

A sucessora do atual presidente, Andrés Manuel López Obrador (conhecido como AMLO), assumirá o papel de nova líder do país a partir de 1 de outubro.

Claudia Sheinbaum terá que enfrentar as dificuldades recentes na Cidade do México, como a seca e a violência com cartéis ligados ao fornecimento de drogas para os Estados Unidos.

Em declaração, a nova presidente agradeceu a cada voto e relembrou o momento histórico dessa eleição "pela primeira vez em 200 anos de República, haverá uma mulher presidente e ela será transformadora. Obrigada a cada voto mexicano. Hoje demonstramos com o nosso voto que somos um povo democrático", afirmou.

A primeira mulher eleita também acrescentou que a luta para chegar até o cargo não foi feita sozinha, mas sim "com nossas heroínas que nos deram essa pátria, com nossos ancestrais, nossas mães, nossas filhas e nossas netas", declarou.

Entre suas promessas de campanha, a sucessora afirma querer mais pluralidade, diversidade e democracia no país. Ela compartilha apoio a políticas de valorização de renda e concessão de bolsas para pessoas em situação de vulnerabilidade.

Porém, apesar desse apoio, Claudia Sheinbaum seguirá o projeto de política de segurança, criado por AMLO, que defende a militarização da segurança pública no México. Tal decisão evidencia disparidades entre suas propostas de transformação e o que será, de fato, realizado.

Vida e carreira

Além de ser ex-prefeita e secretária de Meio-Ambiente da Cidade do México, Claudia Sheinbaum possui formação em física pela Universidade Nacional Autônoma do México.

É filha de descendentes de imigrantes judeus lituanos e búlgaros que fugiram da perseguição na Europa no início do século 20. Tem no currículo um Prêmio Nobel da Paz, de quando participou do Painel Internacional sobre Mudanças Climáticas (IPCC) das Nações Unidas, em 2007. 

Mandatário era um dos passageiros da aeronave que caiu em região montanhosa ao norte da capital
por
Ana Julia Mira
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28/05/2024 - 12h

Na última segunda-feira (20) foi confirmado o falecimento do Presidente iraniano, Ebrahim Raisi, de 63 anos. A aeronave, que levava 8 passageiros, caiu na fronteira com o Azerbaijão, a 500km da capital iraniana, Teerã. Não houve sobreviventes.

Televisão estatal mostra Ebrahim Raisi em helicóptero pouco antes da queda.
Ebrahim Raisin pouco antes do acidente. Foto: TV Estatal do Irã

Entre os passageiros estava o Ministro das Relações Exteriores, Hossen Amirabdollahiab, o Governador da província iraniana do Azerbaijão Oriental, Malek Rhamati, e o líder religioso Hojjatoleslam Al Hashem. 

Segundo a imprensa oficial iraniana, o acidente aconteceu por uma “falha técnica”. A frota aérea do país é antiga e sofre com a falta de manutenção devido às diversas sanções impostas pelos Estados Unidos, sendo a mais recente em razão do programa de armas nucleares desenvolvido no Irã. 

A imprensa ainda afirma que não há indícios de atentado no local do acidente e que as más condições climáticas também contribuíram para a queda da aeronave.

Novas Eleições 

O vice-presidente, Mohammad Mokhber, foi nomeado presidente interino pela liderança suprema iraniana, o aiatolá Ali Khamenei. Mokhber governará até que sejam realizadas novas eleições, marcadas para  28 de junho.  

Por sua proximidade com Khamenei, o Raisi possuía preferência na sucessão para o cargo de Chefe de Estado do Irã, o aiatolá. Após seu falecimento, espera-se o início de uma luta intensa de outros candidatos a essa posição que é detentora de decisões centrais no país.

Eleito em 2021, foi escolhido para presidência com 62% dos votos. Jamal Orf, presidente da Comissão Nacional Eleitoral, afirmou na época que com 28,6 milhões de votos apurados, Raisi obteve mais de 17.800.000. Entretanto, menos da metade da população iraniana votou e muitos candidatos reformistas e moderados foram impedidos de participar das eleições. 

O que acontece agora

Segundo Monique Sochaczewski, professora no Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa e pesquisadora especializada em História do Oriente Médio, a principal questão levantada após a morte de Raisi, é a geração de uma janela de instabilidade no regime iraniano, com novas manifestações por parte da população.

Sochaczewski acredita que o movimento será parecido com o que houve durante os protestos em razão da morte de Mahsa Amini, jovem que morreu em 2022 após ser detida pela polícia da moralidade por não usar o hijab corretamente - véu de uso obrigatório às mulheres iranianas.

O funeral do ex-presidente iniciou no dia 21, contando com milhares de pessoas que acompanharam seu trajeto até o caminhão que o levou ao local islâmico mais sagrado do Irã, a cidade Mashhad. 

A multidão lançava flores e prestava homenagem ao seu caixão enquanto passava em uma carreata pela cidade de Birjand. 

Raisi foi enterrado no santuário Imam Reza. O país decretou cinco dias de luto devido ao falecimento do líder.

Vista do caixão de Ebrahim Raisi visto de cima, está coberto por uma bandeira do Irã. Uma multidão cerca o caixão.
Funeral de Ebrahim Raisi. Foto: Majid Asgaripour/WANA (West Asia News Agency) via REUTERS

 

Entenda como funcionam as eleições na Índia, país com maior período eleitoral do globo
por
Matheus Almeida
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29/04/2024 - 12h

As eleições na Índia começaram, no último dia (19), e, sendo o país mais populoso do mundo, é também o que possui maior eleitorado. Nessas eleições, 469 milhões de pessoas irão às urnas, a maior quantidade de votantes da história da nação. 

 O processo dura 44 dias, vai até dia primeiro de junho e é dividido em sete fases. Cada região da Índia participa de uma delas. 

Mas, como funciona a disputa eleitoral? 

Urna de votação indiana
Urna eletrônica no país é “mais portátil” que a brasileira por conta do transporte durante as eleições. Foto: Nasir Kachroo/Shutterstock

No sistema político indiano, o primeiro-ministro é eleito indiretamente, escolhido pelo partido que mais conquistar cadeiras no Lok Sabha, como é chamado o Congresso Nacional.  

São 543 cadeiras em disputa e, para conseguir a maioria, um partido precisa de pelo menos 272 assentos. Assim como no Brasil, a votação acontece por meio de urnas eletrônicas. Porém, na Índia, essas urnas são “mais portáteis”, devido ao fato de serem transportadas por todo território, dentro do período designado a cada região. 

Além disso, o Comitê Eleitoral Indiano (CEI) determina que deve existir uma cabine de votação a até 2km de cada eleitor registrado.

Partidos e Canditados

Narendra Modi
Atual Primeiro Ministro, Narendra Modi, é favorito nas eleições deste ano – Foto por Evelyn Hockstein/Reuters

Segundo pesquisa da revista India Today,  o favorito para ganhar a disputa é o atual primeiro-ministro Narendra Modi, do partido Bharatiya Janata (BJP). 

A oposição é  formada pelo segundo maior partido,  o Congresso Nacional Indiano (INC) e outros partidos menores contrários a Modi, que formam a coligação Aliança Inclusiva para o Desenvolvimento Nacional Indiano (INDIA). O principal representante da Aliança é Rahul Gandhi. 

Gandhi vem de uma família tradicional na política indiana e é filho do ex-Primeiro Ministro, Rajiv Gandhi. 

Rahul Gandhi
Rahul Gandhi – Foto por Arun Sankar/AFP

Segundo o internacionalista e mestrando da PROLAM-USP Carlos Magno, a popularidade de Modi vem de um nacionalismo hindu, religião da maioria dos indianos, também motivado por uma desavença histórica entre hinduístas e muçulmanos. 

“Do segundo mandato, iniciado em 2019, para os dias atuais, o governo tem se radicalizado cada vez mais nesta política nacionalista e tem encontrado adesão por grande parte da população” conta Magno.  

O internacionalista acrescenta que o favoritismo do premiê é reforçado pela perca de força da coligação INDIA, formado por mais de 20 partidos. A coalizão que prometia uma frente ampla forte, não aparece bem colocada nas pesquisas de opinião. 

“Conforme as eleições avançam, o que vemos é uma estagnação da campanha eleitoral que vem sendo construída, longe de ter grande adesão por parte da população”.  

Magno afirma que a base de apoio do BJP está muito bem consolidada no país.  “Dificilmente vamos ver uma mudança de rumo na política indiana no curto prazo”, finaliza.

Empresa chinesa, proprietária do aplicativo, têm até janeiro para vendê-lo a compradores americanos
por
Ana Julia Mira
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27/04/2024 - 12h

O presidente dos EUA, Joe Biden, sancionou, na última quarta-feira (24), projeto de lei que pode proibir o funcionamento do Tik Tok no país, sob justificativa de risco de vazamento de dados dos usuários americanos para a China.

Ao lado esquerdo, a imagem retrata Joe Biden, Presidente dos Estados Unidos, falando com dois microfones à sua frente. Ao lado direito, há uma mão segurando um celular voltado para cima e a logo do TikTok em evidência na tela.
Governo americano requer que empresa chinesa venda o aplicativo em 270 dias. Foto: AFP

A lei obriga a empresa chinesa ByteDance, proprietária da rede social, a encontrar um comprador americano para o aplicativo em até 9 meses, podendo se estender por mais 90 dias caso Biden note avanços em direção à venda.

O não cumprimento do prazo, poderá acarretar na retirada do TikTok das lojas de aplicativo e o seu banimento completo no país, impedindo a interação com seu conteúdo e a realização de novos downloads. 

A decisão não é repentina, o debate quanto à segurança dos dados obtidos pelo TikTok acontece desde o governo Trump. O projeto de lei foi aprovado depois que os congressistas incluíram a proposta junto ao pacote de ajuda externa para Israel, Taiwan e Ucrânia. 

Uma versão anterior do PL estava paralisada desde março no Senado. A proposta foi adicionada junto ao pacote de assistência internacional porque projetos de financiamento, geralmente, são aprovados mais rapidamente nas Casas, além de serem uma prioridade do presidente estadunidense. 

A empresa, no entanto, se posicionou no X (antigo Twitter), horas após a aprovação do projeto, dizendo que não tem planos de vender o aplicativo para nenhum proprietário americano e que irá recorrer da decisão. 

“O fato é que investimos milhões de dólares para manter os dados dos EUA seguros e a nossa plataforma livre de influências e manipulações externas”, afirma o Tik Tok em comunicado.

Imagem retrata print de publicação de pronunciamento da página de políticas do TikTok no X.
Empresa acredita que decisão é inconstitucional  e diz que irá recorrer. Foto: Tik Tok 

Bruno Molina Meles, advogado especialista em Direito Digital, explica que segundo a Constituição dos EUA, o Congresso não pode criar lei que proíba o livre exercício da liberdade de expressão, mas acrescenta: “esse direito não pode ser entendido como absoluto, pois essa liberdade precisa conviver com os demais direitos, dentro de um sopesamento (equilíbrio)”.

Meles acredita que o desenrolar após decisão do Governo estadunidense ainda é incerta, mas que as consequências podem ser avassaladoras, visto a notoriedade do aplicativo no país. Os Estados Unidos possuem cerca de 170 milhões de usuários ativos na rede social e 7 milhões de empresas que usam seus recursos. 

Retaliação iraniana lançou mais de 300 drones contra Israel; essa foi a maior ofensiva já realizada com esse armamento na história
por
Leticia Falaschi LIma de Moura
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17/04/2024 - 12h

O Irã lançou mais de 300 drones, e mísseis de cruzeiro e balísticos contra território israelense, no último sábado (13), como forma de retaliação ao ataque do exército israelense ao consulado do Irã em Damasco, na Síria, no início de abril (1). O ataque com drones realizado pelo país islâmico foi o maior da história.  

A investida contra a base diplomática iraniana deixou 11 mortos, incluindo membros da Guarda Revolucionária Iraniana. A retaliação de sábado foi legitimada pelo presidente iraniano com base no artigo 51, estabelecido pela Organização das Nações Unidas, que permite o uso da violência pelos países em resposta a uma agressão. 

A defesa israelense, com ajuda dos Estados Unidos, conseguiu neutralizar 99% do ataque iraniano. Autoridades dos EUA disseram que mais de 70 drones e três mísseis foram interceptados pela Marinha norte-americana. 

O “domo de ferro” foi outro mecanismo de defesa utilizada por Israel  que contribuiu para o sucesso do bloqueio. O mecanismo funciona como uma espécie de “caça-míssil”, onde os projéteis interceptadores colidem com os mísseis inimigos, servindo como escudo ao local.  

Ainda no sábado (13), anteriormente ao lançamento dos mísseis do Irã, as autoridades israelenses realizaram evacuações, paralizações de aulas e atividades de serviços não essenciais.  

O Primeiro-Ministro israelense, Benjamin Netanyahu, mantém comedimento sob novo ataque ao Irã e menciona possíveis reações mesmo sem contar com o apoio dos EUA.  

"Quero deixar claro – tomaremos nossas próprias decisões e o Estado de Israel fará tudo o que for necessário para se defender”, afirmou o premier, de acordo com um comunicado divulgado por seu gabinete.  

Mesmo sem querer atacar belicamente o território iraniano, o governo estadunidense afirmou, nesta terça-feira (16), que está trabalhando em um novo pacote de sanções contra o Irã.  

“Após o ataque aéreo sem precedentes do Irã contra Israel, o presidente Joe Biden está coordenando com aliados e parceiros, incluindo o G7, e com líderes bipartidários no Congresso, uma resposta abrangente”, escreveu Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, em comunicado.  

António Guterres, secretário geral da ONU, disse aos Estados envolvidos no conflito que "é hora de baixar a temperatura". O Conselho de Segurança concedeu, no domingo (14), uma reunião de emergência a pedido de Israel, que pediu sanções ao Irã. O encontro que, durou menos de duas horas, terminou sem resoluções.   

O Itamaraty se posicionou de forma cautelosa sobre o ataque, se mantendo fora de condenações específicas aos lados envolvidos, apenas colocando-se como a favor de abater qualquer exacerbação violenta.  

 “O Brasil condena, sempre, qualquer ato de violência e o Brasil conclama sempre ao entendimento entre as partes", declarou Mauro Vieira, Ministro das Relações Exteriores, durante coletiva na segunda-feira (15).  

 O posicionamento do Brasil, foi malvisto pela comunidade judaica brasileira que esperava uma colocação mais dura do país em relação à retaliação iraniana.