Disputa destaca segurança pública, moderação política e efeitos do voto obrigatório.
por
Fábio Pinheiro
Antônio Bandeira de Melo Carvalho Valle
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26/11/2025 - 12h

O Chile chega ao segundo turno das eleições presidenciais de 2025 em meio a intensos debates sobre segurança, migração e economia, após uma votação acirrada que colocou Jeannette Jara, do Partido Comunista do Chile (PCCh), e José Antonio Kast, do Partido Republicano (PLR), na disputa do segundo turno.

Apesar da filiação partidária, Jara adota um discurso mais moderado, enquanto Kast suavizou parte da retórica ao longo da campanha. O cenário reforça uma eleição marcada por movimentos ao centro e pela retomada do voto obrigatório.

Embora seja filiada ao Partido Comunista, Jara não deve ser interpretada como uma candidata de linha comunista clássica, explica Arthur Murta, professor de Relações Internacionais da PUC-SP: “O discurso dela é social-democrata, centro-esquerda. Ela sai das primárias com esse objetivo: reunir pautas amplas da esquerda e atrair setores moderados.” Segundo o professor, a candidata tenta recuperar votos de Franco Parisi e Evelyn Matthei, figuras que atraem eleitores flutuantes entre centro-direita e centro-esquerda.

A presença de Kast no segundo turno está diretamente ligada ao peso da segurança pública no debate chileno. Desde a pandemia, o país enfrenta aumento de furtos e crimes de menor potencial ofensivo, o que se tornou tema central no pleito. “O principal incômodo do chileno hoje é a segurança”, afirma Arthur. 

Ele explica que parte do eleitorado vinculou o aumento dos crimes à chegada de imigrantes — especialmente venezuelanos, colombianos e haitianos —, ainda que não haja dados que sustentem essa associação. Essa percepção, porém, alimenta o discurso da extrema-direita e fortalece candidaturas como a de Kast.
 

O Palácio de La Moneda
O Palácio de La Moneda. Foto: Wikimedia Commons

As chances de Jara reverter o cenário são consideradas baixas. Segundo Arthur, a candidata chegou com cerca de 26% dos votos — número insuficiente para equilibrar a disputa. “Ela precisa conquistar muitos votos, mas a maior parte dos eleitores dos candidatos derrotados é da direita”, avalia o professor. Apesar disso, ele aponta que parte dos votos do centro pode migrar para Jara, ainda que não em volume suficiente para garantir uma virada.

Outro ponto decisivo é o voto obrigatório. Esta é a primeira eleição presidencial chilena com participação compulsória, e a multa para ausência pode chegar a US$ 100. “Metade da população não votava. Agora, muitos irão às urnas pela primeira vez”, destaca Arthur. Para o professor, essa mudança tende a influenciar mais o comportamento eleitoral do que as instabilidades anteriores, como os protestos de 2019 ou o processo constitucional rejeitado em 2022.

Com o segundo turno marcado para 14 de dezembro, o Chile se vê diante de dois caminhos distintos. Jara tenta consolidar uma frente moderada capaz de ampliar sua base, enquanto Kast se apoia no discurso de segurança e no sentimento de urgência que vem crescendo no país. Em meio a transformações sociais e a um eleitorado expandido pelo novo sistema de participação, o país decide seu próximo capítulo político.

Segundo professora da Unifesp, países não demonstram mais interesse no funcionamento da instituição
por
Renata Bittar
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13/11/2025 - 12h

Fundada em 1945, logo após a Segunda Guerra Mundial, a Organização das Nações Unidas (ONU) representa um marco histórico e o compromisso da humanidade na cooperação para a paz. Atualmente, no entanto, a organização se encontra em uma posição de risco e vulnerabilidade diante da multiplicação de conflitos e governos autocráticos que desprezam os princípios do multilateralismo.

Segundo Cristina Pecequillo, professora livre docente de política internacional da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o 80° aniversário da ONU, embora digno de comemoração, ocorre em um momento de perda de influência da instituição. Na visão da pesquisadora, a data é um convite à reflexão sobre os caminhos que a entidade poderá trilhar para se manter essencial no âmbito internacional.  

Cristina observa que a geopolítica mundial se transforma dia após dia e coloca em xeque a segurança e a soberania de cada nação. Situações delicadas, como a de Israel e Gaza, são cada vez mais comuns. Da mesma forma, discursos autoritários como os de Donald Trump estão cada vez mais fortes, fragilizando as relações diplomáticas. A especialista afirma que a ONU vem gradualmente perdendo relevância e passa por um longo processo de definhamento financeiro e político. Segundo Cristina, a instituição se transformou em um instrumento de interesse do governo dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, serve de palco para as ações de Trump e impõe barreiras a elas. 

Para Cristina, Trump tem diversas alternativas políticas para cada nação e situação. “Trump tem como opção, aos demais organismos multilaterais, a completa destruição, uma repactuação de relações e, no caso das Nações Unidas, um meio termo, já que não investe mas precisa dessa visibilidade para passar algumas políticas para o sistema internacional”, afirma, acrescentando que as circunstâncias atuais exigem uma reforma que permita a ampliação do Conselho de Segurança e identifique novos rumos e missões para o órgão.

Conforme a professora, as nações divergem em relação a como deve ser feita a transformação e o fortalecimento da ONU. “Nem todos os membros estão satisfeitos com o sistema multilateral: uns vão querer reformar, como o Brasil e a China, e outros vão querer fazer uma transformação mais séria e utilizar o organismo para os seus próprios objetivos”, afirma. 

Segundo ela, o interesse e o investimento na instituição ocorreram mais devido ao individualismo do que à proteção geral. Cristina explica que, se a organização não tiver apoio ou respeito de seus integrantes, ela não irá funcionar.

De acordo com a estudiosa, a instituição, que anteriormente representava manutenção e mediação da paz entre nações, ficou em segundo plano e perdeu o sentido para os Estados. Essa ausência de interesse é evidente e contestada. A organização, ainda que desempenhe algum papel em conflitos globais, foi enfraquecida e se distanciou das responsabilidades políticas. Seu funcionamento está inteiramente dependente do comportamento de grandes potências, nações com mais dinheiro e poder que controlam a política e a economia.

Em seu aniversário de 80 anos, a ONU, que se manteve firme em conflitos como a Guerra Fria, desenvolveu um novo projeto de operação devido ao aumento das crises globais e desigualdade. O projeto “ONU 80”, anunciado em março de 2025 pelo secretário-geral Antônio Guterres, busca modernizar o exercício da organização e reafirmar seu impacto. A proposta tem como principal objetivo aumentar a relevância do órgão por meio de três pilares: mais eficiência e menos burocracia, revisão de mandatos e ajustes na estrutura e nos programas.

A ONU enfrentou, e continua enfrentando, crises humanitárias de imensa dimensão e complexidade. Na guerra entre Ucrânia e Rússia, a instituição afirma trabalhar fortemente em ajuda humanitária e nos esforços que influenciam a diplomacia no conflito. Cristina afirma que a sociedade tende a ter uma visão muito positiva sobre o surgimento e a consolidação da ONU, o que se reflete nas grandes disputas geopolíticas e geoeconômicas de cada época.

António Guterres relembra, em sessão comemorativa aos 80 anos da ONU, que grande parte de antigos funcionários das Nações Unidas carregava marcas visíveis da guerra (ONU / Loey Felipe)

 

 

 

 

Oposição acusa governo de matar mais de 700 pessoas durante manifestações. Orgãos internacionais apontam irregularidades no pleito
por
Octavio Alves
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10/11/2025 - 12h

O país africano vive dias de tensão política, após as eleições gerais realizadas em 29 de outubro, que deram vitória à presidenta Samia Suluhu Hassan, do partido governista Chama Cha Mapinduzi (CCM). De acordo com os resultados oficiais divulgados pela Comissão Eleitoral Nacional do país, Samia conquistou cerca de 97,66% dos votos, garantindo um novo mandato de cinco anos. Ela atuava como vice-presidente quando o antecessor, John Magufuli, morreu em 2021. A morte de Maqufuli  transformou Samia na primeira presidenta da história do país e o pleito recente, na primeira presidenta eleita.

Embora os números sejam altos, as eleições foram duramente criticadas por observadores internacionais e organizações de direitos humanos, que relataram irregularidades, repressão a opositores e violência generalizada.

Durante o período pré-eleitoral, houve relatos de prisões arbitrárias, censura à imprensa, intimidação de ativistas e até o rompimento do sinal de internet, bem na semana do pleito. No dia da votação, diversos centros registraram falhas de comunicação e bloqueios de internet, o que dificultou a fiscalização do processo. 

O partido opositor Chadema denunciou que pelo menos 700 manifestantes foram mortos em três dias, número que subiu para 800 no sábado (08), segundo o porta-voz John Kitoka. Contudo, fontes hospitalares citadas pela agência EFE, afirmam que o número de mortos chega a, pelo menos, 150. Até o momento, a imprensa internacional não conseguiu averiguar a veracidade destes dados.

 

Samia na posse oficial se tornando a primeira presidente mulher eleita. Foto: Tanzania State House
Samia Suluhu Hassan durante a posse oficial como a primeira presidenta  eleita da Tanzânia. Foto: Tanzania State House

 

A Human Rights Watch e a Anistia Internacional denunciaram o uso excessivo da força, com dezenas de mortos e centenas de detidos, números ainda não confirmados oficialmente. A União Europeia e a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) afirmaram que as eleições “não permitiram aos cidadãos expressar livremente a sua vontade democrática”.

Em seu discurso de posse, realizado em 3 de novembro, Samia Suluhu Hassan afirmou que sua vitória “representa a vontade do povo tanzaniano” e prometeu restaurar a ordem e focar em desenvolvimento econômico, educação e infraestrutura. No entanto, líderes da oposição questionam a legitimidade do resultado.

Desde a independência, em 1961, o CCM, sucessor do primeiro partido eleito TANU, domina o cenário político tanzaniano. Críticos têm apontado para a necessidade de uma reforma eleitoral, o que foi utilizado como justificativa à prisão do líder do partido Chadema, Tundu Lissu, sob acusação de traição.

Lissu está preso desde o mês de abril, acusado de traição por defender reformas eleitorais que, segundo ele, contribuiríam para uma votação livre e justa. Outra importante figura da oposição, Luhaga Mpina, do partido ACT-Wazalendo, foi impedida de concorrer.

Observadores da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), bloco econômico regional, afirmaram em comunicado que as eleições de 29 de outubro não atenderam aos princípios e diretrizes do grupo para eleições democráticas, citando principalmente a proibição da candidatura de opositores.

A retirada aconteceu depois de Kimmel criticar Donald Trump, em um comentário sobre a morte do influenciador e ativista conservador Charlie Kirk. O caso reacendeu o debate sobre censura
por
Matheus Henrique
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06/10/2025 - 12h

O apresentador estadunidense Jimmy Kimmel teve seu programa retirado do ar, após criticar o presidente Donald Trump, no dia 15 de setembro, durante a repercussão da morte do influenciador e ativista conservador Charlie Kirk. Ele questionou a reação do líder norte-americano e sugeriu que Tyler Robinson, autor do atentado que vitimou Kirk, seria republicano e trumpista.
 


Kimmel iniciou seu monólogo afirmando que o fim de semana havia trazido mais uma cena vergonhosa ao comentar a tentativa do movimento conservador MAGA, sigla para “Make America Great Again”, de se desvincular do acusado: "A gangue do MAGA está tentando desesperadamente caracterizar o garoto que assassinou Charlie Kirk como algo diferente de um deles, e faz tudo o que pode para ganhar pontos políticos com isso.” 

Ele comentou também sobre a reação inusitada de Trump quando um repórter perguntou como ele estava lidando com a morte de Kirk. O presidente respondeu que estava muito bem e começou a falar sobre a construção de um novo salão de baile na Casa Branca. O apresentador ironizou a situação e disse que essa não é a forma de um adulto lamentar a morte de alguém de quem dizia ser amigo. 

A emissora se posicionou sobre o caso e afirmou que os comentários foram ofensivos, optando por suspender o programa. Nas redes sociais, o presidente comemorou a suspensão e aproveitou para pedir o cancelamento de outros programas que criticam a sua gestão. 
 

trump
Grande notícia para os Estados Unidos: a ABC finalmente teve a coragem de fazer o que precisava ser feito. Kimmel não tem NENHUM talento e tem uma audiência pior que a do [Stephen] Colbert, se é que isso é possível. Agora restam Jimmy [Fallon] e Seth [Meyers], dois completos perdedores, na mentirosa NBC. A audiência deles também é horrível. Faça isso, NBC!!! Presidente Donald Trump - Reprodução: Truth Social

A suspensão repercutiu também entre os Democratas. Barack Obama, ex-presidente dos Estados Unidos, acusou o governo de censura, enquanto o senador pelo Estado de Vermont, Bernie Sanders, classificou o caso como mais um episódio de autoritarismo da gestão Trump. Ambos insistiram que o atual presidente busca calar vozes críticas. 

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Depois de anos reclamando sobre a cultura do cancelamento, a atual administração levou isso a um novo e perigoso nível ao ameaçar rotineiramente com ações regulatórias contra empresas de mídia, a menos que silenciem ou demitam repórteres dos quais não gostam. -  Reprodução: X
bernie
O autoritarismo é isso: o governo silenciando vozes dissidentes. Colbert. Kimmel. Um processo de 15 bilhões de dólares contra o New York Times. Muita gente lutou e morreu para defender a liberdade. Não vamos deixar que Trump a tire de nós. - Reprodução: X 

O apresentador voltou ao ar no dia 23 de setembro. Em seu discurso, esclareceu que nunca teve a intenção de menosprezar o assassinato de um jovem e aproveitou para provocar Trump novamente: “Ele fez o possível para me cancelar, mas, em vez disso, obrigou milhões de pessoas a assistir ao programa. O tiro saiu pela culatra. Talvez agora ele tenha que divulgar os arquivos de Epstein para nos distrair disso.”

Kimmel ainda comentou sobre a decisão de que conteúdos jornalísticos terão de ser submetidos à análise antes da publicação: "Pete Hegseth [Secretário de Defesa dos Estados Unidos], anunciou uma nova política que exige que jornalistas com credenciais de imprensa do Pentágono assinem um termo de compromisso, prometendo não divulgar informações que não tenham sido explicitamente autorizadas. Eles querem escolher as notícias." 

Neste ano, a emissora americana CBS anunciou o encerramento do programa The Late Show, apresentado por Stephen Colbert. A suspeita é de que as recorrentes críticas feitas pelo apresentador a Donald Trump tenham motivado a decisão.

Maior evento europeu do setor continua na rota por novidades eletricas e mais concorrência a cada ano
por
Vítor Nhoatto
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22/09/2025 - 12h

Ocorrido entre os dias 9 e 14 de setembro, o IAA Mobility recebeu mais de 500 mil visitantes, superando a sua última edição em 2023. Estiveram presentes as germânicas Audi, BMW, Mercedes, Opel, Porsche e Volkswagen, mas Fiat, Peugeot e nenhuma japonesa compareceu. Com isso, mais uma vez uma grande parte de Munique foi palco para as chinesas se consolidarem e expandirem.

Com o lema “It’s all About Mobility”, em tradução livre, “É Tudo Sobre Mobilidade”, o foco da mostra se manteve em soluções inteligentes e inovadoras. Startups como a Linktour com  seus micro carros elétricos, e marcas de bicicletas e motocicletas elétricas estavam por todos os lados do München Expo Center. E repetindo o formato aplicado desde 2021, com o chamado “Open Space”, uma área de experiências interativas gratuitas ao ar livre, os visitantes podiam experimentar tudo isso.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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 Além disso, a inovação tecnológica foi tema de muitos debates e coletivas de imprensa com representantes da indústria. Fornecedoras como a Bosch, Aisin e Revolt, além de empresas de carregadores como a Charge X e E-Mobilio e a gigante de baterias CATL foram só alguns dos mais de 750 expositores presentes. 

Setor premium atento

Falando em eletricidade, ela estava no centro das atenções de todas as marcas, apesar das vendas de carros elétricos (BEV) terem sido prejudicada na Europa no ano passado. O fim ou diminuição de subsídios governamentais e metas de descarbonização estagnadas na União Europeia foram os principais motivos segundo o Global EV Outlook 2025 da International Energy Agency (IEA). No entanto, as projeções para esse ano e os próximos são de crescimento.

De olho nisso a BMW lançou o novo iX3, modelo mais importante em anos ao inaugurar uma nova era para a alemã. A segunda geração do modelo estreia uma plataforma sob medida e exclusiva para elétricos de nova geração, chamada de Neue Klasse. O destaque fica com a nova bateria de 108.7kWh de capacidade integrada ao chassi, compatível com carregamento ultrarrápido de até 800V - ganha 372km em apenas dez minutos - e autonomia de 805km em uma carga segundo o ciclo WLTP. 

No quesito design a ruptura com o passado é ainda mais evidente, com uma nova linguagem visual, inspirado nos modelos da BMW dos anos 80. No interior foi inaugurado o Panoramic iDrive, com o painel de instrumentos correndo ao longo de todo o para-brisa, um novo volante de quatro raios e um multimídia com inteligência artificial de 17,5 polegadas. “A Neue Klasse é o nosso maior projeto futuro e marca um grande salto em termos de tecnologias, experiência de condução e design”, frisou o presidente do conselho de administração da marca, Oliver Zipse.

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Alemã aproveitou o evento para apresentar o futuro Sedan i3, que seguirá o capítulo iniciado pelo SUV iX3,  irmão de plataforma. Foto: BMW Group / Divulgação 

Do outro lado do pavilhão, a Mercedes-Benz fez um movimento parecido, lançando a segunda geração do GLC elétrico. O modelo foi o primeiro elétrico da marca, ainda em 2018 como EQC. Mas pelas vendas baixas havia sido descontinuado no ano passado, e agora retorna com o nome “GLC With EQ Technology”, para evidenciar as mudanças. Rival direto do iX3, segue a linguagem de design inaugurada no novo CLA no ano passado, aqui com uma grade iluminada e enormemente proeminente.

Construído sob a inédita plataforma elétrica MB.EA Medium, independente do GLC, a combustão portanto, possui carregamento de até 800V e uma bateria de 94kWh, traduzidos em 713 km de autonomia. No interior, o SUV inaugura o “Hyperscreen”, transformando o painel inteiro em uma tela de 39.1 polegadas. O interior pode ser todo vegano e certificado, e a comunicação Car-to-X - que coleta e envia dados para comunicar outros veículos - se destaca no quesito segurança. O preço inicial deve girar em €60 mil quando chegar às lojas ainda esse ano, tal qual o rival.

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Faróis possuem tecnologia Matrix, e sob o capô há um espaço de 128 litros para bagagens. Foto: Mercedes-Benz / Reprodução

Mas nem só de SUVs o mercado premium é formado, e a Polestar compareceu a Munique para o lançamento mundial do seu novo modelo de topo, o sedã 5. A marca do grupo Geely, divisão de performance da Volvo até 2017, aposta em sustentabilidade e alta performance, estreando a nova plataforma PPA do grupo. São 872 cavalos, tração integral, aceleração de 0 a 100 em 3,2 segundos e ausência de janela traseira, tal qual no crossover 4.

Um presente e futuro elétrico

Nas duas últimas edições do Salão de Munique, ambientalistas protestaram em frente ao evento em defesa de uma mudança sistêmica da indústria, o que se repetiu. As ONGs Extinction Rebellion e Attac levaram placas pedindo por mais investimento em transporte público e justiça social, jogando atenção para uma mentalidade individualista e o preço dos elétricos. 

Em relação a essa questão, um estudo da empresa de consultoria, Gartner, mostra que até 2027 os BEVs serão mais baratos de produzir que os carros a combustão (ICEVs), e o Grupo Volkswagen promete preços competitivos para sua nova geração de elétricos. 

Foram revelados no evento quatro modelos para o segmento B baseados na plataforma MEB Entry do conglomerado. O principal deles foi o ID.Polo da Volkswagen, com previsão de início de vendas em maio na casa dos € 25 mil. Como o seu nome sugere, é a versão elétrica do hatch Polo, e contará com baterias de 38 e 56 kWh, com uma autonomia de 350 e 450 km respectivamente. Uma versão GTI do modelo será também comercializada, com 223 cavalos.

Continuando o apelo esportivo que a versão encurtada da plataforma em que os modelos do segmento C, ID.3 e ID.4, são construídos, a espanhola Cupra mostrou a versão de produção do Raval. Com dimensões e motorizações basicamente iguais às do ID.Polo, promete continuar a expansão da nova marca do grupo, antigamente uma divisão de performance da Seat.

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Cupra Raval, ID.Polo e ID.Polo GTI  (direita) serão lançados em março do ano que vem, enquanto os SUVs Epiq e ID.Cross (esquerda) chegarão no segundo semestre. Foto: Volkswagen AG / Divulgação

Como era de se esperar pela relação do Polo com o T-Cross, sua versão SUV, o conceito ID.Cross foi mostrado. Com o mesmo tamanho do modelo que substituirá em 2026, integra o segmento disputado dos B-SUV elétricos, formado por nomes como Peugeot e-2008, Renault 4 e Volvo EX30. Focando em espaço e ergonomia, marca a volta de botões físicos no volante e do ar condicionado, além de um maior uso de materiais reciclados. 

Por fim, a Skoda apresentou a sua versão do SUV, denominada Epiq. Tal qual os irmãos de plataforma, será construído em Pamplona, na Espanha, e contará com a capacidade de carregar dispositivos externos como eletrodomésticos (V2L). A velocidade de carregamento é de até 125 kW, indo de 10% a 80% em 20 minutos, e o modelo estreará uma nova identidade visual para a tcheca no ano que vem.

Ascensão chinesa continua 

Aprofundando essa questão dos preços, são as marcas chinesas que se destacam globalmente, como destaca a IEA. Com grandes reservas dos minérios utilizados nas baterias, as fábricas para construí-las e anos de investimento estatal na tecnologia, seguiram com sua expansão em solo alemão. 

A BYD, maior marca chinesa em números, marcou presença com o recém lançado Dolphin Surf - a versão europeia do Dolphin Mini. Avaliado com cinco estrelas pelo Euro NCAP, é um dos BEVs mais baratos hoje à venda na Europa, custando cerca de € 20 mil. No campo dos híbridos plug-in (PHEV) a Station Wagon do segmento D, Sealion 06, foi lançada, focada em conforto e tecnologia com até 1.092 km de autonomia combinada.

Outra marca com novidades foi a Leapmotor, que já vende o hatch subcompacto T03 e o D-SUV C10 no continente, de lançamento marcado para o Brasil ainda em 2025. Pertencendo 20% à Stellantis, que controla a sua operação internacional, apresentou o inédito hatch B05, rival de Volkswagen ID.3 e BYD Dolphin. Sob a mesma plataforma do C-SUV B10, terá cerca de 400 km de autonomia e início de vendas para o ano que vem por cerca de € 30 mil.

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"O B05 (direita) reflete nosso compromisso com a inovação, acessibilidade e a capacitação da próxima geração de motoristas em toda a Europa e além", declarou o CEO global da marca, Zhu Jiangming. Foto: Leapmotor / Divulgação

Munique foi para além de um lugar de novos modelos, mais uma vez o palco de marcas inteiras debutando em solo europeu. A marca AITO, do grupo Seres, que usa a tecnologia da Huawei, se lançou no mercado internacional com os SUVs 9, 7 e 5. Mirando as marcas premium alemãs nos segmentos E e D, podem ser tanto BEVs ou elétricos com extensor de autonomia (REEV), repetindo a abordagem da Leapmotor com o C10.

O grupo Changan Auto iniciou as operações da sua marca Deepal com os SUVs de apelo jovem e esportivo S05 e S07, ambos com opções de serem elétricos ou PHEVs. No campo de luxo, a marca Avatr da gigante chinesa mostrou seu primeiro concept car, o Xpectra, além dos modelos 06, 07 e 12, já comercializados em alguns países europeus e com planos de chegarem a 50 mercados em breve.

A premium Hongqi esteve presente e revelou o C-SUV elétrico EHS5, além de anunciar planos de expansão com 15 modelos e 200 pontos de venda pela Europa nos próximos anos. E aumentando a sua aposta no evento, a Xpeng teve um stand dentro do pavilhão e apresentou a nova geração do P7, sedã que começou a ser comercializado na Europa no IAA Mobility 2023.

Além disso, a recém chegada ao Brasil, GAC, estreou no velho continente levando cinco modelos para a mostra. Seguindo com o “European Plan Market” anunciado no ano passado, lançou como modelos de topo o novo GS7, um SUV grande híbrido plug-in, e a MPV híbrida (HEV) E9. Mas os destaques da marca foram o hatch AION UT, rival de BYD Dolphin, e o D-SUV rival de Tesla Model Y, o AION V.

O primeiro possui bateria de 60 kW/h com 430 km de autonomia e previsão de início da comercialização em 2026 na casa dos € 30 mil. Já para o segundo, comercializado no Brasil por R$214.990, o preço de € 35.990 foi anunciado, muito competitivo para o segmento. Com 510km de autonomia e cinco estrelas no teste do Euro NCAP - com mais ADAS que o brasileiro - será o primeiro a chegar às lojas, já em setembro em mercados como Portugal, Finlândia e Polônia. O plano é que a marca venda em todos os países europeus até 2028.

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Estava ainda em Munique o carro elétrico voador GOVI AirCab (ao fundo) buscando mostrar os avanços da indústria chinesa, segundo a empresa. Foto: GAC Group / Divulgação

Eletrificação em todos os níveis 

Para além das novatas, ícones do mercado aproveitaram os holofotes da feira para se renovarem completamente. Esse foi o caso da única francesa presente, a Renault, que lançou a sexta geração do hatch Clio, o segundo carro mais vendido no continente em 2024.

Construído sob a mesma plataforma que o seu predecessor, mantém o motor 1.2 TCe e uma opção movida a GPL, mas as semelhanças acabam por aqui. No powertrain, estreia um novo sistema full-hybrid (HEV) formado por um motor 1.8 e dois elétricos, resultando em 160 cavalos e modo de condução elétrico na cidade. Conforme a estratégia da marca, o Clio não terá versão elétrica, papel delegado ao hatch de estilo retrô, o 5.

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Hatch cresceu 6 centímetros em comprimento, evocando uma silhueta mais esportiva e afilada. Foto: Renault Group / Divulgação

No quesito design, o carro rompe por inteiro com a geração anterior, o oposto do que havia acontecido com a quinta geração em relação à quarta. A frente ostenta uma nova assinatura em DRL, que forma o símbolo da Renault, e a traseira possui lanternas duplas, nunca vistas em um Clio. O interior é todo novo também em relação ao antecessor, mas com o mesmo layout e sistema operacional do Google do irmão elétrico 5.

A Volkswagen foi outra que debutou no IAA uma nova geração de um best-seller, o T-Roc. Em sua segunda encarnação, também não terá versões elétricas, sendo o último novo carro a combustão desenvolvido pela marca. Haverão pela primeira vez no SUV opções micro-híbridas (MHEV), já conhecidas dos irmãos de plataforma como o Golf e A3, além de um novo sistema HEV, com 134 e 168 cavalos. Não haverá, pelo menos por ora, versões PHEV, sendo o único modelo sob a MEB Evo sem essa possibilidade, no entanto.

Seu exterior é uma evolução da primeira geração, mantendo linhas semelhantes e o seu apelo descolado, descrito pela marca. As dimensões aumentaram, 12 centímetros em comprimento, chegando a 4.37 metros, o colocando alinhado a rivais como o Toyota CH-R e Mazda CX-30. Por dentro a abordagem continua, com telas maiores e mais itens de conectividade e segurança assistida, mas com uma disposição de elementos clássica, vista nos últimos Golf e Tiguan.

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Modelo construído em Portugal foi o quinto carro mais vendido na Europa no ano passado. Foto: Volkswagen Group / Divulgação

Concorrência de todos os lados

Além das chinesas em franca expansão nos últimos anos no continente, outras concorrentes vêm se destacando na corrida pelos elétricos principalmente. A coreana Kia compareceu ao evento e mostrou ao público os novos integrantes da família EV, o EV4 e o EV5. 

O primeiro é um hatch do segmento C, acompanhado de uma variante sedã. Já o último se trata de um modelo lançado em 2023 - inclusive a venda no Brasil desde o ano passado - mas que chega só agora à União Europeia como a versão elétrica do Sportage. Sua conterrânea e marca irmã também esteve em Munique com o Concept 3, prevendo o futuro Hyundai Ioniq 3, equivalente do EV4.

Mas nem só da Ásia as novidades chegam, com a primeira marca turca de automóveis elétricos, a Togg, debutando em solo alemão a sua ofensiva no continente europeu. Fundada em 2018 e com a primeira fábrica inaugurada em 2022, apresentou o C-SUV T10X e o sedã T10F ao público. A pré-venda dos modelos começará em 29 de setembro na Alemanha, e no ano que vem a empresa pretende iniciar seus trabalhos na França e Itália, com meta de ter até 2030 um milhão de veículos em toda a Europa.

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Preços ainda não foram divulgados, mas devem ficar em torno de € 40 mil tomando como base as cifras no mercado turco. Foto: Togg / Divulgação

Construídos sob uma plataforma elétrica, ambos receberam nota máxima no Euro NCAP recentemente, com mais de 9% de proteção para adultos e 80% nos ADAS. A respeito do desempenho, a bateria possui 88.5 kWh de capacidade, e autonomias de até 500 e 600 km para o SUV e o sedã respectivamente. 

“Nossos modelos proporcionam uma experiência de mobilidade voltada para o usuário e voltada para o futuro”, comentou Gürcan Karakaş, CEO da marca durante o evento. A marca anunciou ainda que trabalha no terceiro de cinco modelos que irá lançar até o fim da década, o B-SUV T8X. Karakaş finalizou destacando que prepara para introduzir baterias de pirofosfato de lítio (LFP), e que a indústria deve estar preparada para as mudanças e maior concorrência.

Conheça atual governador de Minnesota e candidato a vice-presidência pela chapa democrata
por
Vicklin Moraes
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29/10/2024 - 12h

Após a breve candidatura do atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em agosto  o Partido Democrata anunciou Kamala Harris para assumir a corrida à Casa Branca. Um mês depois do anúncio, a chapa democrata indicou Tim Walz, atual governador do estado de Minnesota, como vice-presidente da chapa.

Natural da zona rural do estado conservador Nebraska, Tim Walz tem 60 anos e é um ex-veterano. Se alistou à Guarda Nacional do Exército aos 17 anos, onde serviu por 24 anos, até se aposentar como sargento em 2005. 

É formado em Ciências Sociais, tendo lecionado Geografia por um ano na China, na época do massacre da Praça da Paz Celestial. O evento foi marcado pela morte de milhares de pessoas, após manifestações exigindo reformas políticas e o fim da corrupção no país. 

Walz também foi professor na Dakota do Sul em 1994, uma das regiões mais pobres do país, onde conheceu sua esposa, Gwen Walz, com quem tem dois filhos. Além do ensino, Walz atuou como treinador na Mankato West High School, em Minnesota. Como técnico, colaborou para a criação de um programa de futebol americano que levou a escola ao seu primeiro campeonato estadual.

 

Carreira na política 

Em 2005, Tim Walz entrou na política e concorreu ao Congresso pelo Partido Democrata, onde conquistou uma cadeira na Câmara em 2006. Após seis mandatos, tornou-se governador de Minnesota em 2018 e foi reeleito em 2022. 

 

Tim Walz ao lado de Nancy Pelosi em 2007 após uma votação no Iraque na Câmara.
Tim Walz ao lado de Nancy Pelosi em 2007 após uma votação no Iraque na Câmara.
Foto: Getty Images

 

Durante os 12 anos atuando no Congresso foi considerado uma figura controversa. Como congressista votou a favor do Affordable Care Act (Lei de Proteção ao Paciente e Assistência Acessível), regulamentação que ficou popularmente conhecida como Obamacare, que tinha como objetivo permitir que mais pessoas pudessem ter acesso aos planos de saúde. Além de apoiar medidas pró-trabalhistas, incluindo um projeto de lei para aumentar o salário mínimo, e também uma iniciativa mal sucedida de teto e comércio de emissões para reduzir as emissões de carbono. 

Entretanto, apesar dos votos considerados de viés democrático, também encontrou pontos em comum com os republicanos. Foi a favor do financiamento das guerras no Iraque e no Afeganistão. Também apoiou uma verificação mais rigorosa de refugiados para que pudessem entrar nos Estados Unidos. 

Durante seu segundo mandato como governador foi duramente criticado após a morte de George Floyd, um homem negro que foi sufocado por um polical branco em Minneapolis, cidade do estado governado por Walz.  Depois da morte de Floyd, diversos protestos aconteceram por Minnesota. O governador foi alvo de críticas por demorar a mobilizar a Guarda Nacional e também foi acusado de supostamente não investigar um esquema de fraude de US$250 milhões de dólares na era da pandemia em seu estado.

Grande defensor dos direitos das pessoas LGBTQ+, em abril de 2023 Tim Walz chegou a fazer de Minnesota um refúgio para jovens vindos de outros estados para fugir dos chamados tratamentos de reorientação e terapias de conversão.

Em seu tempo livre, Tim Walz não esconde o interesse por caçar e pescar. Caso ganhe a Corrida à Casa Branca junto de Kamala Harris, será o primeiro democrata não intelectual desde Jimmy Carter, 39° presidente dos Estados Unidos que era fazendeiro. 

Conheça a candidata à presidência dos Estados Unidos pelo Partido Democrata
por
Ricardo Dias de Oliveira Filho
Manuela Schenk Scussiato
|
28/10/2024 - 12h

Kamala Devi Harris nasceu em Oakland, Califórnia, em 20 de outubro de 1964, filha de imigrantes que marcaram profundamente sua trajetória pessoal e profissional. Sua mãe, Shyamala Gopalan, era uma pesquisadora de câncer de mama indiana, e seu pai, Donald Harris, é um economista jamaicano, professor emérito de economia da Universidade de Stanford. Harris cresceu ao lado de sua irmã, Maya Harris, que também seguiu uma carreira de destaque como advogada e figura política.

Durante sua infância, Harris se mudou para Montreal, no Canadá, onde sua mãe lecionava na McGill University. Foi lá que concluiu o ensino médio. Após essa temporada no Canadá, retornou aos Estados Unidos para cursar ciências políticas e economia na Howard University, uma universidade historicamente negra em Washington, D.C. Posteriormente, formou-se em direito na University of California, Hastings College of the Law, em San Francisco. Kamala é casada com o advogado Doug Emhoff e não tem filhos.

Carreira jurídica 

Kamala Harris iniciou sua carreira jurídica em 1990, como procuradora-geral adjunta no condado de Alameda, Califórnia, onde atuou até 1998. Em seguida, trabalhou na divisão criminal do Escritório da Procuradoria-Geral de São Francisco, até que, em 2003, foi eleita procuradora-geral de São Francisco, tornando-se a primeira mulher negra a ocupar essa posição. Ela foi reeleita em 2010 e, logo depois, foi eleita procuradora-geral da Califórnia, função que exerceu com destaque até 2014, quando foi reeleita.

Sua atuação como procuradora-geral da Califórnia a trouxe grande visibilidade, especialmente por seu rigor no combate a fraudes hipotecárias durante a crise imobiliária. Harris liderou um acordo bilionário com cinco grandes bancos dos EUA para compensar os californianos prejudicados pela bolha imobiliária. Além disso, ela lançou iniciativas para combater o tráfico de pessoas e a violência doméstica, ampliando as proteções para as vítimas desses crimes.

Apesar de sua imagem progressista, sua carreira jurídica também foi marcada por controvérsias. Kamala enfrentou críticas pela sua postura rígida em relação ao encarceramento em massa, principalmente de minorias. Sua defesa de sentenças rigorosas para crimes não violentos relacionados às drogas e a hesitação em investigar má conduta policial tornaram-se alvos de protestos de ativistas de direitos civis. 

Outro ponto controverso foi sua decisão de defender, em tribunal, a prática de trabalho prisional forçado, argumentando que a redução da força de trabalho carcerária poderia impactar o orçamento do estado. Esses episódios tornaram sua gestão alvo de críticas de ativistas por justiça social e racial, apesar de seus esforços em outras áreas, como a proteção ao consumidor e os direitos das mulheres.

Carreira política

A ascensão política de Kamala Harris começou em 2016, quando foi eleita senadora pelo estado da Califórnia, sucedendo Barbara Boxer. Como senadora, Harris destacou-se como uma voz firme da oposição ao governo de Donald Trump, especialmente em questões relacionadas à imigração, saúde e justiça social. Sua atuação nos comitês de Justiça, Inteligência e Segurança Interna foi crucial em investigações de grande relevância nacional, consolidando sua imagem como uma defensora dos direitos civis.

Harris ganhou notoriedade durante as audiências do Senado, particularmente nas interações com altos funcionários do governo Trump e indicados à Suprema Corte, como o ex-procurador-geral Jeff Sessions e o juiz Brett Kavanaugh. Seu estilo de questionamento incisivo chamou a atenção tanto de democratas quanto de republicanos, fortalecendo sua posição como uma liderança nacional.

Em 2020, Harris tentou disputar a presidência dos Estados Unidos, mas sua campanha enfrentou dificuldades, levando os democratas a optarem por Joe Biden como candidato e Harris foi escolhida como sua vice na chapa presidencial. 

Kamala Harris como vice-presidente de Joe Biden durante a corrida eleitoral de 2020. Foto: Reprodução/Patrick Semansky
Kamala Harris como vice-presidente de Joe Biden durante a corrida eleitoral de 2020.
Foto: Reprodução/Patrick Semansky

A eleição de 2020 resultou na vitória de Biden e Harris, tornando-a a primeira mulher negra, de ascendência indiana e jamaicana, a ocupar o cargo de vice-presidente dos Estados Unidos.

Kamala Harris tem uma relação complexa com o Medicare for All, um projeto de saúde defendido pelo senador Bernie Sanders que visa garantir cobertura universal. Inicialmente, Harris apoiou a proposta e foi coautora da legislação enquanto senadora, destacando-se entre os progressistas por seu envolvimento em políticas de reforma da saúde. Em 2019, durante sua campanha para a presidência, ela parecia abraçar a ideia ao afirmar que o Medicare for All eliminaria as seguradoras privadas, o que atraiu tanto apoio quanto críticas.

No entanto, a posição de Harris mudou com o tempo. A campanha de 2020 revelou dificuldades em manter a postura firme sobre o tema, especialmente diante da resistência de certos setores do eleitorado e de líderes trabalhistas preocupados em perder os planos de saúde negociados com empregadores. Harris, então, propôs um plano que manteria as seguradoras privadas em uma transição mais lenta para o Medicare for All, o que foi criticado por Sanders, que argumentou que essa proposta não representava o verdadeiro espírito do programa.

Essa mudança gerou críticas não apenas dos republicanos, mas também de progressistas, que viram isso como uma forma de Harris suavizar sua postura. Em 2024, a campanha de Donald Trump reviveu essa polêmica, usando a alteração da posição de Harris como um ponto de ataque, acusando-a de ser uma "vira-casaca" em relação ao seu apoio inicial ao Medicare for All. Hoje, Harris apoia melhorias no Affordable Care Act (Obamacare), que é a abordagem defendida por Joe Biden, evitando a ideia original de um sistema de pagador único.

Trump e seus aliados têm se esforçado para usar essa inconsistência para retratar Harris como uma liberal radical e, ao mesmo tempo, alguém que foge das suas próprias posições. Isso se tornou uma parte central da estratégia republicana para enfraquecê-la nas eleições de 2024, reacendendo um debate que muitos pensaram estar encerrado com a vitória de Biden.

Posicionamento político

Kamala Harris construiu sua carreira política com base em posições progressistas, sendo uma defensora fervorosa dos direitos das mulheres, da comunidade afro-americana e da comunidade LGBTQIAPN +. Em 2008, quando atuava como procuradora-geral de São Francisco, Harris teve um momento marcante ao oficializar o primeiro casamento entre pessoas do mesmo sexo na Califórnia, logo após a queda da Proposição 8, que proibia o casamento homoafetivo no estado.

No Senado, ela foi uma voz ativa na defesa da igualdade de gênero e racial, além de apoiar políticas de controle de armas e reforma da justiça criminal. Harris também se posicionou favoravelmente à reforma imigratória, defendendo a criação de um caminho para a cidadania de imigrantes indocumentados e criticando as rígidas políticas de deportação em massa.

Em sua campanha presidencial de 2024, Harris apresentou propostas econômicas focadas na redução dos preços dos alimentos, na tributação e no acesso à moradia. Entre suas iniciativas estão a construção de 3 milhões de novas unidades habitacionais e a criação de incentivos fiscais para construtoras, além da redução dos custos de medicamentos e do perdão de dívidas médicas. Sua política externa reflete uma continuidade com a administração Biden, em especial no que se refere ao apoio a Israel e à busca por soluções diplomáticas no Oriente Médio.

Harris também expressou a intenção de nomear um republicano para seu gabinete, caso eleita, em um esforço para promover a diversidade de opiniões e retomar a tradição bipartidária de inclusão na tomada de decisões governamentais. Como candidata à presidência em 2024, ela traz uma plataforma focada em justiça social, econômica e racial, com a promessa de continuar sua luta por um sistema mais justo e igualitário para todos.

Entenda como um candidato pode estar apto a disputar as eleições em novembro
por
GUSTAVO OLIVEIRA DE SOUZA
Octávio Alves
|
23/10/2024 - 12h
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                                                Local de votação. Foto: AFP

As eleições dos Estados Unidos se aproximam e com elas surgem também diversas dúvidas. O sistema eleitoral norte-americano tem algumas peculiaridades e a AGEMT vai te ajudar a entender algumas delas. 

Um dos principais pontos para conhecer como funcionam as votações no país, é saber quem pode concorrer à eleição. 

Diferentemente do Brasil, onde para concorrer à eleição presidencial é necessário apenas ser brasileiro, estar no pleno exercício dos direitos políticos e ser filiado a algum partido político, nos Estados Unidos existem processos específicos que são exigidos para que a candidatura de alguém seja válida. 

O processo eleitoral se inicia quase 1 ano antes de conhecermos o novo presidente. O primeiro e fundamental passo para sabermos quem vai representar o Partido Democrata e Republicano se dá através das eleições primárias. 

A eleição primária define quem serão os candidatos de cada partido, que precisam conquistar número suficiente de delegados para disputarem as eleições em novembro.  

O período, que começou no dia 15 de janeiro deste ano, mostrou o quanto o sistema é complexo. Neste dia, em Iowa, os eleitores se reuniram presencialmente para discutir entre eles quem iria ser o representante republicano. O sistema peculiar do estado é chamado de caucus, e acontece junto com as eleições primárias em alguns estados como o Hawaii e o Alaska. 

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                                          Iowa no caucus. Foto: Chip Somodevilla

A primeira etapa da eleição pode ocorrer de forma aberta - quando os cidadãos podem votar em qualquer pessoa, independentemente do partido e sem a necessidade de filiação e de forma restrita. 

Na votação restrita, é necessário que os cidadãos estejam filiados a algum partido e votem no candidato deste mesmo partido. O voto do cidadão representará o voto ao delegado, que por sua vez, vai representar o estado. 

Após a primeira eleição, começam as prévias dos estados, quando os candidatos eleitos como possíveis representantes pelo Partido, vão desistindo da disputa conforme suas chances de vitória diminuem. Ao final desse período, o candidato eleito é anunciado na Convenção Nacional do Partido. 

Condenação judicial 

Em maio, Donald Trump foi condenado pelo tribunal americano pelo crime de fraude contábil, ainda assim, ele pode concorrer à presidência do país.

Nos Estados Unidos não existe um Tribunal Superior Eleitoral, como no Brasil. O sistema eleitoral é descentralizado e fica a cargo de cada um dos 50 Estados. Também não há leis como a da “Ficha Limpa” , por isso a lei americana não impede que um condenado na justiça de se tornar candidato. 

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        Trump em seu julgamento em Nova Iorque. Foto: Michel M. Santiago/Getty Images

Porém o caso de Trump não é o mais incomum que já aconteceu no país. Nos Estados Unidos já houve candidatura de candidato que estava preso, rapper e até uma mulher candidata quando nem o sufrágio feminino era garantido.  

 Victoria Woodhull (1872)

  • Profissões: Ativista dos direitos das mulheres, empresária, editora de jornal, corretora da bolsa de valores e espiritualista.
  • O que foi diferente: Woodhull foi a primeira mulher a concorrer à presidência dos Estados Unidos, em um momento em que as mulheres nem sequer tinham o direito de votar (o sufrágio feminino só foi garantido em 1920 com a 19ª Emenda). Sua candidatura pelo Partido de Igualdade de Direitos foi revolucionária, desafiando não apenas as normas de gênero, mas também as estruturas de poder político dominadas por homens. 
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    Victoria Woodhull, primeira mulher candidata a presidente dos Estados Unidos. Foto: Acervo do National Women's History Museum

     

Eugene V. Debs (1900, 1904, 1908, 1912, 1920)

  • Profissão: Líder sindical e ativista socialista.
  • O que foi diferente: Debs foi o candidato do Partido Socialista dos Estados Unidos em várias eleições, defendendo os direitos dos trabalhadores, o socialismo e o fim do capitalismo. Ele concorreu até mesmo na prisão em 1920, após ser condenado por suas atividades anti-guerra durante a Primeira Guerra Mundial.
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    Eugene V. Debs candidato socialista que disputou a eleição na cadeia. Foto: Coleção de fotografias do Bain News Service

Kanye West (2020)

  • Profissão: Rapper, produtor musical, empresário da moda.
  • O que foi diferente: Kanye West, uma figura extremamente influente na música e na moda, anunciou sua candidatura para as eleições presidenciais dos EUA em 2020, pouco antes do pleito, pelo partido criado por ele chamado "Birthday Party". O nome do partido reflete o fato de que ele dizia querer trazer uma nova "celebração" ao país, sendo um movimento atípico em termos políticos. Terminou esta aventura com o número total de 66.641 votos, mas não conseguiu concorrer em alguns estados por motivos legais e burocráticos, causados, principalmente, pela disputa fora de um grande partido.
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    Kanye West em campanha eleitoral 2020. Foto: Randall Hill/Reuters

     

 

Alguns estados dos EUA permitem votação antecipada presencial ou por correio, incluindo a Geórgia
por
Ricardo Dias de Oliveira Filho
|
23/10/2024 - 12h

 

A menos de um mês da eleição presidencial nos Estados Unidos, dois estados considerados decisivos no processo eleitoral, Geórgia e Carolina do Norte, deram início à votação antecipada. Na Geórgia, os eleitores começaram a ir às urnas na terça-feira (15), enquanto os cidadãos da Carolina do Norte iniciaram a votação nesta quinta-feira (17).

De acordo com as autoridades locais, a participação na votação antecipada já alcançou números expressivos. Até a noite de quarta-feira (16), mais de 300 mil eleitores haviam registrado seus votos na Geórgia, superando recordes anteriores de comparecimento.

Geórgia bate recorde de participação no início da votação antecipada. Foto:Jayla Whitfield-Anderson/Reuters
Geórgia bate recorde de participação no início da votação antecipada. Foto: Jayla Whitfield-Anderson/Reuters

O conceito de votação antecipada permite que os eleitores escolham seus candidatos antes do dia oficial da eleição, que ocorrerá em 5 de novembro. Dependendo do estado, essa votação pode ocorrer presencialmente, pelo correio ou em locais designados especificamente para este fim, com variações nas normas de cada região.

Mudanças e controvérsias na Geórgia

Desde a última eleição presidencial, o estado da Geórgia implementou alterações significativas nas regras eleitorais, endurecendo os requisitos para a votação por correio e reduzindo o número de caixas de coleta de cédulas, o que pode tornar a votação presencial mais atraente Além disso, novas leis exigem que os eleitores possam votar em dois sábados e, opcionalmente, em dois domingos antes do dia principal da eleição.

Porém, algumas medidas controversas também foram implementadas, como a proibição de oferecer alimentos ou bebidas aos que aguardam na fila para votar, uma regra que sobreviveu a diversas batalhas judiciais. Agora, fornecer água ou lanche a eleitores a menos de 45 metros de um local de votação é considerado crime.

Em meio às mudanças, a Junta Eleitoral da Geórgia, formada por maioria republicana, aprovou novas regras que criam incertezas sobre o processo de apuração. Uma das novas exigências é a contagem manual das cédulas em cada local de votação, o que pode atrasar a divulgação dos resultados. Além disso, as autoridades podem revisar documentos eleitorais extensos antes de certificar os resultados, aumentando a preocupação sobre possíveis atrasos e contestação judicial.

Essas alterações geraram receios entre os democratas e defensores dos direitos eleitorais, que temem o uso dessas regras para atrasar ou contestar o resultado final.

Carolina do Norte: Desafios adicionais devido ao furacão

Enquanto isso, na Carolina do Norte, a votação presencial antecipada enfrenta outro desafio: a recuperação após a passagem do furacão Helene. Apesar dos danos causados pelo desastre natural, 75 dos 80 locais de votação planejados nos condados mais afetados estão operacionais no início da votação.

Mesmo após a passagem do furacão Helene, 75 dos 80 locais de votação planejados estavam em operação na Carolina do Norte no início das votações. Foto:Jonathan Drake/Reuters
Mesmo após a passagem do furacão Helene, 75 dos 80 locais de votação planejados estavam em operação na Carolina do Norte no início das votações. Foto: Jonathan Drake/Reuters

Outra mudança significativa na Carolina do Norte é a exigência, pela primeira vez em uma eleição presidencial, de que os eleitores apresentem identificação com foto no momento da votação. Isso inclui carteira de motorista, passaporte ou documentos estudantis aprovados pelo conselho eleitoral estadual. Existem, no entanto, exceções, como em casos de desastre natural, onde os eleitores podem preencher um formulário de exceção.

Diferente das eleições de 2020, a Carolina do Norte não permitirá mais um período de carência para a chegada de cédulas pelo correio. Agora, os votos devem ser recebidos até às 19h30 no dia oficial da eleição, eliminando os três dias extras concedidos anteriormente.

Importância das eleições antecipadas

Tanto Geórgia quanto Carolina do Norte são estados pêndulo, que podem definir o resultado final da eleição, dada a disputa acirrada entre os candidatos. A Geórgia, em particular, é vista como crucial para as pretensões de Donald Trump, que já tentou, sem sucesso, reverter os resultados da última eleição no estado.

O impacto dessas mudanças nas regras e nos procedimentos eleitorais será testado nos próximos dias, enquanto o país se prepara para mais uma disputa que pode ser decisiva para o futuro político dos Estados Unidos.

Disputa eleitoral nos EUA segue acirrada, com vantagem nominal de Kamala Harris indicando empate técnico
por
Ricardo Dias de Oliveira Filho
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16/10/2024 - 12h

Uma pesquisa do instituto Ipsos/Reuters, divulgada em 7 de outubro, ouviu 1.272 eleitores americanos e revelou que a vice-presidente Kamala Harris lidera a corrida presidencial dos Estados Unidos, com 46% das intenções de voto, enquanto o ex-presidente republicano Donald Trump tem 43%. Apesar da vantagem de Harris, os dois candidatos estão tecnicamente empatados, considerando a margem de erro de três pontos percentuais, o que reforça o cenário acirrado para as eleições presidenciais, marcadas para 5 de novembro.

Donald Trump e Kamala Harris no debate presidencial, organizado pela rede americana ABC News. Foto: Reuters.
Donald Trump e Kamala Harris no debate presidencial, organizado pela rede americana ABC News. Foto: Reuters.

Uma pesquisa do instituto Ipsos/Reuters, divulgada em 7 de outubro, ouviu 1.272 eleitores americanos e revelou que a vice-presidente Kamala Harris lidera a corrida presidencial dos Estados Unidos, com 46% das intenções de voto, enquanto o ex-presidente republicano Donald Trump tem 43%. Apesar da vantagem de Harris, os dois candidatos estão tecnicamente empatados, considerando a margem de erro de três pontos percentuais, o que reforça o cenário acirrado para as eleições presidenciais, marcadas para 5 de novembro.

O levantamento destacou que a economia é a principal preocupação entre os eleitores. Aproximadamente 44% dos entrevistados acreditam que Trump possui a melhor abordagem para lidar com o aumento do custo de vida, que tem sido uma questão crítica nos últimos anos. Em comparação, 38% dos eleitores apontaram Harris como mais preparada para enfrentar esse desafio. O custo de vida, inclusive, foi apontado como o maior problema econômico que o próximo presidente deve enfrentar, superando outras questões como mercado de trabalho, impostos e melhoria das condições financeiras da população.

Embora Trump tenha mais apoio nas questões econômicas, o estudo também aponta que Kamala Harris é vista como a candidata mais qualificada para combater a desigualdade nos Estados Unidos. Cerca de 42% dos eleitores acreditam que a democrata está mais capacitada para reduzir a disparidade econômica e social, enquanto apenas 35% consideram que Trump seria o melhor nesse quesito. Esse ponto de vantagem reflete a ênfase que Harris tem dado ao longo de sua campanha, destacando políticas voltadas para a justiça social e a inclusão.

Donald Trump e Kamala Harris se enfrentaram no debate presidencial, organizado pela rede americana ABC News. Reprodução/ABC News
Donald Trump e Kamala Harris se enfrentaram no debate presidencial, organizado pela rede americana ABC News. Foto: Reprodução/ABC News

A imigração, tema que há anos tem sido polarizador no debate político americano, também foi abordada na pesquisa. As declarações de Trump de que imigrantes indocumentados representam um risco à segurança pública ainda influenciam a opinião de parte do eleitorado. O levantamento mostra que 53% dos entrevistados concordam com a visão de Trump de que esses imigrantes podem ser perigosos, enquanto 41% discordam. Mesmo com essa narrativa sendo frequentemente desmentida por estudos e especialistas, a questão continua sendo uma das bandeiras do ex-presidente e é um dos pilares de sua base eleitoral. Trump tem utilizado essa retórica em seus discursos de campanha, buscando atrair eleitores preocupados com a segurança e a imigração descontrolada.

Outro aspecto relevante da pesquisa é a percepção dos eleitores sobre a capacidade mental e a aptidão dos candidatos para assumir o cargo mais alto do país. Kamala Harris é vista como mais qualificada nesse sentido, com 55% dos entrevistados acreditando que ela é “mentalmente perspicaz e capaz de lidar com desafios”. Enquanto apenas 46% dos eleitores disseram o mesmo sobre Trump, o que pode ser um fator determinante para os indecisos e aqueles que estão preocupados com a estabilidade e a liderança do próximo presidente.

Apesar da vantagem geral de Harris na pesquisa, os chamados "estados-pêndulo" — regiões cruciais que podem decidir a eleição — mostram um cenário de empate entre os dois candidatos. Estados como Flórida, Pensilvânia e Michigan são historicamente voláteis e têm o poder de alterar o resultado final devido à sua grande quantidade de votos no Colégio Eleitoral. Em muitas dessas localidades, os resultados estão dentro da margem de erro, o que mantém a disputa em aberto.

Kamala Harris entrou na corrida presidencial após o atual presidente Joe Biden, que enfrentava críticas pela condução econômica e dificuldades em unir o país, decidir não buscar a reeleição. A retirada de Biden abriu caminho para que Harris assumisse o papel de candidata democrata, o que trouxe uma nova dinâmica à disputa. Antes da entrada de Harris, Trump era amplamente visto como favorito, especialmente devido à percepção de que ele seria mais forte em questões econômicas, que continuam sendo uma das maiores preocupações dos eleitores americanos.

Trump, por sua vez, busca capitalizar sobre o descontentamento de parte da população com os anos de governo democrata e usa a inflação elevada, que marcou a gestão Biden, como argumento para defender seu retorno ao cargo. No entanto, a pesquisa também indica que muitos eleitores estão preocupados com o estilo polarizador de Trump, especialmente em questões como imigração e segurança.