A Republica Democrática do Congo - herança colonial em meio a sangue e cobalto.
por
Pedro Bairon
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16/06/2025 - 12h

 

“Da borracha à maçã” é um documentário que traça a longa linha de continuidade entre a violência colonial imposta ao Congo e os horrores da guerra civil que ainda hoje assombram o país. A partir da exploração genocida promovida pela Bélgica no século XIX, o filme revela como as feridas abertas pelo colonialismo jamais cicatrizaram — apenas se transformaram em novas formas de conflito, exclusão e disputa por poder.

O documentário mergulha nas causas históricas e étnicas da guerra civil congolesa, dando atenção especial à tensão entre tutsis e hutus, grupos marcados por rivalidades que ultrapassam fronteiras e carregam os traumas do genocídio em Ruanda. A entrada de milícias hutus no leste do Congo após 1994, e a resposta armada dos tutsis, reacenderam conflitos internos, arrastando a população civil para o centro de uma guerra prolongada, brutal e muitas vezes esquecida pelo olhar internacional.

“Da borracha à maçã” não é apenas um registro de tragédias; é uma crítica à forma como a história se repete quando as raízes da violência são ignoradas. Mostra que o mesmo sistema que arrancou borracha das florestas a golpes de chicote, e que hoje arranca cobalto das minas congolesas, deixou um legado de instabilidade, impunidade e sofrimento. Um chamado à memória e à justiça, diante de um conflito que não começou nos anos 1990 — mas sim nos porões do colonialismo europeu

 

Duração: 26:10 

Autor: Pedro Bairon 

Para visualizar o documentário acesse o link:  

.https://youtu.be/kqtTs-vZCwo

Voluntários foram vítimas de sequestro ilegal em alto mar
por
Maria Mielli
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11/06/2025 - 12h

Nesta segunda-feira (9), o barco Madlen — batizado em homenagem a primeira e única mulher pescadora de Gaza — que levava Greta Thunberg, Thiago Ávila e outros ativistas ligados à organização Coalizão Flotilha da Liberdade foi interceptado e sequestrado pelas forças israelenses.

Os voluntários, que tinham como missão romper o bloqueio de Israel a faixa de Gaza e transportar ajuda humanitária até o povo palestino, foram alvos de drones e soldados que impossibilitam a chegada de qualquer tipo de ajuda à região. 

“A conexão foi perdida no Madleen. O exército israelense abordou o navio” foi a última mensagem dos ativistas, em seu canal de comunicação no Telegram. 

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Bombardeio no dia 1 de junho em Gaza/ Foto: Jehad Alshrafi
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Terça-feira (10), o Ministério das Relações Exteriores, afirmou que Thiago Ávila já chegou ao aeroporto de Tel Aviv (Israel) e conta com o apoio da embaixada brasileira que assiste o caso de perto. O esperado era que ele e os demais ativistas fossem deportados para seus respectivos países, mas até o momento da publicação dessa matéria, Thiago e outros 8 voluntários, como a deputada franco-palestina Rima Hassan, seguem sob prisão política de Israel. Greta foi a única verdadeiramente deportada. Os demais se recusaram a assinar o termo proposto pelos israelenses e foram enviados para prisão em Givon. Thiago aderiu greve de fome e Rima foi enviada a confinamento solitário após escrever "Palestina livre" em parede da prisão. 

“Eles cometeram um ato ilegal nos sequestrando em águas internacionais e contra nossa vontade nos trazendo para Israel, nos mantendo no fundo do barco, não nos deixando sair e assim por diante. Mas essa não é a história real aqui. A verdadeira história é que há um genocídio acontecendo em Gaza e uma campanha de fome sistemática” afirma a ativista Greta, em vídeo divulgado pela Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal).

Em janeiro deste ano, o site de notícias BBC, apurou que, até então, o número de palestinos mortos passava da casa dos 46 mil. Fora a destruição local, no qual diversos hospitais e escolas, e seus respectivos frequentadores (crianças e profissionais da saúde) foram também vítimas dos ataques de Israel. 

A guerra que dura mais de 2 anos é marcada por ser uma das mais violentas e desonestas da história, repleta de crimes de guerra. Israel não ataca somente os palestinos, mas também aqueles que demonstram apoio e/ou estão tentando exercer seu trabalho, como é o caso da imprensa. Em abril deste ano, durante a madrugada, tendas de imprensa do hospital Nasser, localizado no sul da Faixa de Gaza, foram vítimas de bombardeios. O ataque assassinou os jornalistas Helmi al-Faqawi e Yusef al-Jazindar e deixou outros sete feridos. 

Fatma Hassona, fotojornalista palestina responsável por divulgar diversas barbáries, foi outra vítima do exército israelense e morreu ao lado de nove membros da sua família. O cineasta Hamdan Ballal, co-diretor do documentário vencedor do Oscar No other land — que expõem as vivências dos palestinos — foi vítima de um sequestro que o deixou algemado por uma noite sendo torturado numa base militar, segundo o colega e diretor do filme, Yuval Abraham. 

O jornalista palestino Ahmed al-Naouq, em entrevista realizada no dia 3 de junho ao canal Piers Morgan Uncesored, afirmou: “Essa não é uma guerra religiosa. É uma guerra entre colonização e colonizados. Entre ocupantes e um povo sob ocupação”. Para o presidente da Fepal, Ualid Rabah, esse genocídio é a maior matança de crianças desde a Segunda Guerra. Ainda em recentes postagens, a federação emitiu uma nota oficial no Instagram: "Se a humanidade parou a Alemanha nazista e destruiu seu regime, é nosso dever histórico parar o Israel sionista e destruir seu regime".

Para brasileiro, governo quer causar um estrago imediato na vida dos estrangeiros
por
Tamara Ferreira
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03/06/2025 - 12h

 

No dia 11 de abril, o governo dos Estados Unidos enviou uma carta a Harvard exigindo uma reforma administrativa, auditorias com dirigentes, professores e alunos, além do encerramento dos programas de diversidade, equidade e inclusão. A Casa Branca também determinou a proibição do uso de máscaras — uma medida vista como direcionada aos protestos pró-Palestina, os quais têm sido tratados pelo governo como manifestações movidas por antissemitismo.

Três dias depois, foram congelados os contratos e subsídios federais da instituição, bloqueando cerca de US$2,3 bilhões (13,5 bilhões de reais). No mesmo dia, Alan Garber, presidente da universidade, declarou que as exigências extrapolam os direitos garantidos pela Primeira Emenda da Constituição dos EUA.

“Nenhum governo — independentemente do partido que estiver no poder — deve ditar o que universidades privadas podem ensinar, quem podem admitir ou contratar, e quais áreas de estudo e pesquisa podem seguir”, disse Garber em um comunicado para os alunos. “Esses objetivos não serão alcançados por meio de imposições de poder, desvinculadas da lei, para controlar o ensino e a aprendizagem em Harvard e ditar como operamos”, completou. 

Pessoas protestando contra as medidas do governo Trump.
Pessoas protestando contra as medidas do governo Trump. Foto: REUTERS/Nicholas Pfosi

Ainda em abril, o Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS) afirmou que Harvard poderia perder a autorização para matricular estudantes estrangeiros caso não cumprisse as exigências do governo Trump. Na época, a secretaria do DHS enviou uma carta à universidade exigindo que, até o dia 30 daquele mês, fosse apresentado o registro das chamadas 'atividades ilegais e violentas' praticadas por estudantes estrangeiros com visto. Caso contrário, Harvard perderia o privilégio de matricular novos alunos internacionais.

Na carta enviada à instituição, o DHS declarou: “E se Harvard não puder comprovar que está em total conformidade com seus requisitos de notificação, a universidade perderá o privilégio de matricular estudantes estrangeiros”.

No dia 22 de maio, o governo Trump cumpriu a ameaça e cancelou a certificação do Programa de Estudantes de Intercâmbio de Visitantes da universidade. Com isso, ficou impedida de matricular novos alunos estrangeiros, e cerca de 6,8 mil estudantes internacionais, que representam 27% dos alunos da universidade, foram orientados a buscar transferência para outras instituições.

Um dia depois, após Harvard entrar com uma ação contra o governo, a Justiça dos Estados Unidos decidiu derrubar a proibição. Com isso, os estudantes já matriculados e os novos ingressantes voltaram a ter autorização para obter o visto de estudante no país.

Em entrevista à AGEMT, Danilo Linhares, estudante de Direito de Harvard, afirmou que o objetivo da proibição é causar um estrago imediato nas universidades. “A ilegalidade da medida é tão gritante que é difícil acreditar que o próprio governo ache que tem chance real de vencer na Justiça. Mas acho que o objetivo deles nem é exatamente ganhar. É causar um estrago imediato — muita universidade menor não tem recursos nem disposição para comprar essa briga nos tribunais e, talvez, acabe cedendo às exigências."

Donald Trump justificou as medidas afirmando que Harvard “perdeu o rumo” e que a universidade “só ensina ódio e estupidez”. 

Nas audiências realizadas nos dias 27 e 29 de maio, a juíza Allison Burroughs prolongou a suspensão da decisão do governo, permitindo que Harvard continue recebendo estudantes internacionais até que os dois lados apresentem seus argumentos no tribunal.

Região da Caxemira é reivindicada há mais de sete décadas pelos dois países e concentra interesses estratégicos globais, inclusive da China
por
Chloé Dana
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25/05/2025 - 12h

          Na terça-feira do dia 6 de maio, as autoridades indianas afirmaram que realizaram bombardeios em nove locais que hospedam terroristas na Caxemira controlada pelo Paquistão. O Paquistão, por sua vez, apresentou uma narrativa distinta: informou que houve ataques aéreos em seis áreas, todos voltados a alvos civis, resultando em oito mortes, incluindo a de uma criança. O governo paquistanês comunicou aos meios de comunicação que conseguiu derrubar cinco aeronaves e um drone indiano. O governo indiano responsabilizou o Paquistão, que negou estar envolvido. Os bombardeios foram desencadeados após um ataque que ocorreu em abril na Caxemira indiana, onde 26 vidas foram perdidas devido a uma ação armada em uma área turística. 
As Forças Armadas do Paquistão, na véspera, reivindicaram a destruição de cinco caças indianos na porção da Caxemira sob administração de Nova Délhi. Embora as autoridades indianas não tenham confirmado oficialmente as perdas, uma fonte ligada às forças de segurança, que preferiu não se identificar, informou que três aeronaves militares foram abatidas.

          Ao conversar com o cientista político e ex-professor de Relações Internacionais na UERJ, FGV e Candido Mendes, Maurício Santoro, o profissional nos explica sobre a crescente do conflito da Caxemira desde 1947, as políticas que os países confrotam nos dias atuais e como podemos entender melhor essa história. Veja a reportagem 

 

Ex-presidente uruguaio lutava contra um câncer no esôfago; notícia foi confirmada pelo atual presidente
por
Marcelo Barbosa
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14/05/2025 - 12h

 

 Nesta terça-feira (13), faleceu José “Pepe” Mujica, ex-líder do Uruguai. Aos 89 anos, ele travava uma batalha contra um câncer no esôfago desde abril do ano anterior. A causa exata da morte ainda não foi informada.

Na rede social X, o atual presidente do país, Yamandú Orsi, confirmou a notícia: “É com profunda tristeza que anunciamos o falecimento do nosso colega Pepe Mujica. Presidente, ativista, líder e companheiro. Sentiremos muita falta de você, querido velho. Obrigado por tudo o que nos deu e pelo seu profundo amor ao povo uruguaio.”

Ontem (12), a esposa de Mujica, Lucía Topolansky, já havia declarado que ele estava “em estado terminal e recebendo cuidados paliativos”.

A trajetória de Mujica foi marcada por sua liderança como uma das figuras mais emblemáticas da esquerda no Sul Global. Desde a infância, sob influência da mãe, Pepe se apaixonou pela literatura e pela política. Criado com a irmã, perdeu o pai aos 7 anos de idade. Iniciou sua carreira política como secretário da Juventude no Partido Nacional.

Foi também um dos fundadores e guerrilheiros do Movimento de Libertação Nacional - Tupamaros, grupo que buscava uma revolução socialista no Uruguai. Seus integrantes ficaram conhecidos por realizar assaltos a bancos para redistribuir o dinheiro entre os mais pobres. O período de maior atividade do grupo coincidiu com a ditadura militar no país, entre 1973 e 1985.

Mujica foi capturado quatro vezes, passando seu mais longo período de encarceramento em 1972. Mesmo assim, conseguiu fugir duas vezes. Durante a prisão, foi mantido em solitária e submetido a intensas torturas. Sua primeira detenção foi em 1964, após o assalto a uma fábrica em Montevidéu. Em 1971, foi preso novamente, mas conseguiu escapar junto a centenas de detentos. No total, passou mais de 14 anos na prisão.

Após ser libertado por um projeto de anistia, Mujica participou da fundação do Movimento de Participação Popular. Apesar do passado como guerrilheiro, declarou em entrevista ao jornal Búsqueda que se tornou um defensor da democracia e que considerava seus atos da juventude um erro. Na década de 1990, ocupou os cargos de senador e ministro da Agricultura.

Como presidente do Uruguai (2010-2015), Mujica ganhou notoriedade mundial por defender pautas progressistas, como a legalização da maconha, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a descriminalização do aborto.

Entrou para a história uruguaia como um líder humanista, priorizando o combate à pobreza e à fome. Mesmo no cargo mais alto do país, manteve um estilo de vida simples: recusou-se a morar no palácio presidencial e preferiu continuar em seu sítio nos arredores de Montevidéu. A imprensa internacional o apelidou de “o presidente mais pobre do mundo”. Fiel ao seu Fusca 1987, doava a maior parte de seu salário, reforçando sua imagem de político avesso a luxos.

Reprodução: Reuters/Tony Gentile
Pepe Mujica no Festival de Veneza | Reprodução:Reuters/ Tony Gentile 

Sob sua gestão, a economia uruguaia apresentou resultados expressivos, com crescimento médio anual de 5,4% e redução significativa dos índices de pobreza. Ainda assim, enfrentou críticas da oposição, que o acusava de provocar aumento do déficit fiscal.

Em 2012, Mujica esteve no Brasil para a cúpula Rio+20 da ONU, realizada no Rio de Janeiro. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil emitiu nota de pesar, afirmando: “Ele foi um grande amigo do Brasil.”

Mujica nunca escondeu sua visão serena sobre a morte, como demonstrou em diversas entrevistas: “E, por favor, não vivam com medo da morte, mas, a certa altura da vida, você sabe que, um pouco antes ou um pouco depois, ela vai chegar”, declarou em uma conversa par um livro.

 

Multidão foi às ruas de Tel-Aviv e Jerusalém no domingo (01) e segunda (02) a favor do fim da guerra Israel-Hamas. Primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu negou o acordo em julho.
por
Oliver de Souza Santiago
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05/09/2024 - 12h

O Estado de Israel está em momento de tensão e crise política desde o início da guerra contra o grupo palestino Hamas no dia 07 de outubro de 2023. As forças armadas israelenses anunciaram no domingo (01), a descoberta de seis corpos num túnel subterrâneo de Rafah. O acontecido causou uma crescente de manifestações no país. Na manhã seguinte (02), uma greve geral foi convocada para criticar o método das negociações do resgate de reféns e pedindo um acordo com o Hamas.

A descoberta de corpos dos reféns do Hamas gera a ira da população israelense nas ruas de Jerusalém. Foto: Florion Goga/REUTERS
A descoberta de corpos dos reféns do Hamas gera a ira da população israelense nas ruas de Jerusalém. Foto: Florion Goga/REUTERS

 

O confronto atual é marcado pela morte de 40 mil palestinos por Israel e 35 mil israelenses pelo Hamas, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza. Israel segue criticada pela comunidade internacional, sendo citada em declaração do presidente do Brasil, Lula, que chamou o conflito de genocídio e comparou as ações tomadas por Israel com o Holocausto, no dia 23 de fevereiro, quatro meses após o início da guerra.

As seis vítimas

Os seis reféns (da esquerda para a direita): Hersh Goldberg-Polin, Carmel Gat, , Eden Yerushalmi, Almog Sarusi, Alex Lobanov, sargento-mor Ori Danino. Foto: The Hostages Families Forum/AP
Os seis reféns (da esquerda para a direita): Hersh Goldberg-Polin, Carmel Gat, , Eden Yerushalmi, Almog Sarusi, Alex Lobanov, sargento-mor Ori Danino. Foto: The Hostages Families Forum/AP

 

Segundo os militares, os prisioneiros foram mortos pelo Hamas, antes da chegada das forças israelenses. Milhares de manifestantes foram às ruas contra o primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, durante a tarde do dia 01⁰, pedindo cessar-fogo do conflito entre Israel e Hamas.

Durante as manifestações, bloqueios de estradas foram feitos em Jerusalém. Na principal rodovia de Tel-Aviv, os manifestantes seguravam bandeiras com fotos dos reféns mortos. A greve geral planejada para o dia 02, foi mobilizada pelo maior sindicato de Israel, o Histadrut. O apelo principal feito pelo chefe do sindicato, Arnon Bar-David, foi para que todos os trabalhadores civis se juntem pressionando o governo israelense.

Protesto em Tel Aviv pela liberação dos reféns mantidos na Faixa de Gaza pelo grupo Hamas. Foto: Ariel Schalit/AP
Protesto em Tel Aviv pela liberação dos reféns mantidos na Faixa de Gaza pelo grupo Hamas. Foto: Ariel Schalit/AP

 

A autópsia realizada pelo Ministério da Saúde israelense, confirmou as mortes ocasionadas por tiros de curta distância. A estimativa do período do óbito é cerca de 48 a 72 horas antes da checagem feita no domingo (01) pela manhã. É possível que os reféns tenham sido mortos entre quinta e sexta-feira, de acordo com o porta-voz do ministério. 

A população israelense protestou para que Netanyahu fizesse novos esforços no resgate de reféns, que estão sob posse do Hamas em Gaza. O primeiro-ministro tem apoio significativo em sua tática de não fazer concessões ao Hamas, mesmo que isso afete no resgate dos 66 cativos israelenses e estrangeiros restantes em Gaza, segundo o jornal Haaretz.

A greve geral

O Fórum das Famílias dos Reféns e o Histardrut, convocou a paralisação total na segunda-feira (02). A greve afetou empresas de vários setores da economia e o maior aeroporto do país suspendeu pousos e decolagens.

Salas de embarque quase vazias no aeroporto internacional Ben Gourion, em Tel Aviv Foto: AFP - GIL COHEN-MAGEN
Salas de embarque quase vazias no aeroporto internacional Ben Gourion, em Tel-Aviv Foto: AFP - GIL COHEN-MAGEN

Os manifestantes tornaram a bloquear estradas novamente e passeatas foram organizadas para pressionar Netanyahu. O Tribunal Trabalhista, depois de ser acionado pelo Estado, condenou a greve, alegando ser ilegal e definiu um prazo de suspensão da paralisação até 14h30 do horário local.

Um acordo foi feito entre o Tribunal e os sindicalistas, encerrando a paralisação. Os familiares das vítimas e de reféns do grupo terrorista Hamas, incentivam a continuação dos protestos nas ruas de Tel-Aviv, Jerusalém e outras regiões do Estado.

O primeiro ministro descartou o acordo de cessar-fogo em julho deste ano, segundo o tablóide Yedioth Ahronoth. O jornal teve acesso ao relatório que continham as exigências apresentadas por Netanyahu. A suspeita apontada pela reportagem, seria a do premiê ter este posicionamento para prolongar a guerra e sabotar uma trégua em prol de benefício político para si mesmo.

Em meio a crise política, o presidente da França indicou Michel Barnier como novo primeiro ministro do país
por
Vicklin Moraes
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05/09/2024 - 12h

 

Após dois meses de impasse, o presidente da França, Emmanuel Macron anunciou nesta quinta-feira(05), Michel Barnier como novo primeiro-ministro do país. A nação vive uma crise com a ascensão da extrema-direita e meses de paralisação política, depois da derrota de Macron nas eleições do Parlamento Europeu. 

 

Em junho, o presidente dissolveu o parlamento francês, e convocou novas eleições, depois da derrota de seu partido (REM) para o partido (RN) de Marine Le Pen, política populista de extrema direita.

 

Com a nomeação de Michel Barnier, Macron dribla a extrema direita e a esquerda para evitar que o país entre em coabitação. Na coabitação, o presidente mantém o papel como representante em política externa, mas perde a autoridade de definir a política doméstica da nação e , apesar de ser um político de centro-direita, Barnier é aliado do presidente francês 

 

Depois do anúncio, Jean-Luc Mélenchon, líder do bloco esquerdista, convocou protestos. A esquerda lidera o parlamento europeu, após ganhar  as eleições legislativas do país em julho.  Apesar da vitória, como não conquistou a maioria absoluta dos assentos, não tem força para nomear de forma independente um novo primeiro-ministro.

 

Quem é Michel Barnier? 

O atual primeiro-ministro é um político tradicional conservador. Ganhou destaque por comandar as negociações do Brexit, processo que resultou na saída do Reino Unido da União Europeia, em 2020.

Michel Burnier durante a conferência do Brexit. Foto: Anadolu Agency


Michel Burnier durante a conferência do Brexit. Foto: Anadolu Agency

Michel Barnier ocupou uma série de cargos no governo do país, dentre eles o de Ministro do Meio Ambiente (1993-1995) e Ministro de Estado para Assuntos Europeus (1995-1997) no governo de Jacques Chirac. 

 

O  premiê foi o chanceler da França no início dos anos 2000. Em 2021, anunciou sua pré candidatura à presidência do país, mas desistiu por falta de apoio do partido. Aos 73 anos, ele assume a posição anteriormente ocupada por Gabriel Attal, o mais novo da história no mesmo cargo. 

 

Depois do anúncio, o presidente Emmanuel Macron agradeceu em seu Instagram, Gabriel Attal, primeiro-ministro que renunciou ao cargo em julho. “Com o Governo, você levou o país adiante e contribuiu para o seu brilho num momento importante. Ao serviço dos nossos concidadãos, a França no coração”, afirmou Macron na publicação. 

 

Macron agradece Gabriel Attal no Instagram


Macron agradece Gabriel Attal, antigo primeiro-ministro. Reprodução: Instagram 

 

 

 

 

 

 

Secretário de Estado americano, Antony Blinken, está em Tel Aviv para pressionar andamento de negociações de trégua
por
Pietra Nelli Nóbrega Monteagudo Laravia
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20/08/2024 - 12h

Desde o início do conflito na Faixa de Gaza, diversas tentativas de cessar-fogo foram realizadas, refletindo a complexidade das negociações e a persistência das partes envolvidas. Anteriormente, os esforços para interromper as hostilidades foram marcados por intensos diálogos entre os mediadores e um contínuo desgaste das condições em campo. No entanto, essas tentativas ainda não conseguiram estabelecer uma trégua duradoura.

Na última segunda-feira (19), o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, anunciou um novo desenvolvimento significativo: o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, aceitou uma proposta de cessar-fogo formulada pelos mediadores dos EUA, Catar e Egito. Esta proposta foi apresentada durante a rodada mais recente de negociações realizada em Doha, no Catar.

Blinken, que está em Tel Aviv desde domingo (18), informou que se reuniu com Netanyahu para discutir o novo plano. De acordo com a declaração de Blinken, a proposta dos EUA visa "resolver as lacunas restantes" nas negociações e permitir uma "rápida implementação" se for aceita por todas as partes envolvidas. Embora os detalhes da proposta ainda não tenham sido divulgados, o clima entre os negociadores é de otimismo após as conversas da semana passada.

Até o momento, o Hamas ainda não se pronunciou oficialmente sobre a nova proposta. As negociações deverão continuar ao longo desta semana, e Blinken expressou a expectativa de que o Hamas se comprometa com a proposta para avançar nas discussões. O secretário de estado dos EUA também alertou que esta pode ser uma oportunidade crucial para a devolução dos reféns mantidos pelo Hamas e para alcançar um desfecho mais amplo do conflito.

 O governo israelense informou que o Hamas ainda detém 111 pessoas sequestradas desde o ataque de 7 de outubro de 2023, que iniciou a guerra na Faixa de Gaza. A proposta de cessar-fogo enfrenta desafios significativos, incluindo a exigência de Israel pela destruição total do Hamas e a demanda do grupo terrorista por um cessar-fogo permanente, em vez de uma trégua temporária. Divergências também permanecem em relação à presença militar de Israel em Gaza, à movimentação dos palestinos e à identidade e quantidade de prisioneiros a serem libertados em uma possível troca.

 Em resposta a essas complexas questões, Netanyahu afirmou que busca a libertação do "máximo de reféns vivos" durante a primeira fase do novo plano de três etapas proposto pelos EUA. Após sua reunião com Netanyahu, Blinken confirmou que o primeiro-ministro se comprometeu a enviar uma delegação para as novas negociações, previstas para esta semana em Doha ou no Egito. Blinken também estará presente nas discussões. Paralelamente, os confrontos continuam em Gaza, com uma nova operação israelense em Khan Yunes e um atentado reivindicado pelo Hamas em Tel Aviv no domingo, evidenciando a fragilidade e a intensidade do conflito em curso.

 

Comandantes das Forças Armadas foram destituídos; Em rede social, presidente Luis Arce pediu respeito à democracia do país
por
Artur Maciel
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26/06/2024 - 12h

(Soldados frente ao Palácio presidencial em La Paz. foto: Juan Karita AP) 

Na tarde desta quarta-feira (26), militares do Exército da Bolívia invadiram o palácio presidencial - antiga sede do governo -, colocaram tanques nas ruas e ocuparam a Praça Murillo, que fica em frente ao palácio presidencial, na capital La Paz. 

Em uma rede social, no início da tentativa de golpe, o presidente Luis Arce denunciou “movimentações irregulares” de unidades do exército boliviano. “A democracia deve respeito”, escreveu Arce. 


 

Presidente da Bolívia se manifesta após tentativa de golpe no país. Foto: Reprodução/X @LuchoXBolivia
Presidente da Bolívia se manifesta após tentativa de golpe no país. Foto: Reprodução/X @LuchoXBolivia

 

A invasão foi liderada pelo general Juan José Zuñiga, ex-comandante do exército. Entre os momentos de tensão, nas quase quatro horas de ação, o presidente Arce chegou a ficar cara a cara com Zuñiga na porta do palácio. Em transmissão de uma emissora local, Zuñiga disse que “o país não pode continuar assim” e pediu pela formação de um novo gabinete de ministros. 

No início da semana, o general havia sido destituído do cargo de comandante do exército após ameaçar prender o ex-presidente boliviano Evo Morales - que vai concorrer nas eleições - caso ele volte ao poder. Através das redes sociais, Morales convocou a população a defender a democracia de “alguns grupos militares que atuam contra a democracia e o povo”. 

O movimento golpista foi desmobilizado após ordens de Arce e do novo comandante do exército, José Wilson Sánchez, nomeado na terça-feira (25). Os militares que participaram da ação, deixaram o palácio escoltado por soldados que não aderiram aos planos de uma ruptura institucional. 

Em pronunciamento ao povo boliviano, o presidente do país anunciou a destituição dos comandantes das Marinha e Aeronáutica, e anunciou novos chefes para as duas Forças. A Procuradoria-Geral da Bolívia abriu investigação contra os envolvidos na tentativa de golpe, incluindo o general Zuñiga. A Suprema Corte boliviana condenou os atos e pediu apoio da comunidade internacional à democracia no país. 

As ações golpistas foram rechaçadas até por opositores do governo Arce, como a ex-presidente do país, Jeanine Áñez. “Repúdio total à mobilização de militares na Praça Murillo, pretendendo destruir a ordem constitucional. Nós bolivianos defendemos a democracia”, afirmou Áñez.

Líderes da América Latina se posicionaram contra o golpe. Por meio das redes sociais, o presidente Luís Inácio Lula da Silva condenou a tentativa e reafirmou o “compromisso com o povo e a democracia no país irmão".  

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil também emitiu nota. “O Governo brasileiro condena nos mais firmes termos a tentativa de golpe de Estado em curso na Bolívia, que envolve mobilização irregular de tropas do Exército, em clara ameaça ao Estado democrático de Direito no país”, disse. “O Governo brasileiro manifesta seu apoio e solidariedade ao Presidente Luis Arce e ao Governo e povo bolivianos”, diz o Itamaraty.

Pedro Sanches (presidente da Espanha), Santiago Pena (presidente do Paraguai) Andre Manuel (presidente mexicano) e Alberto Fernandes (ex-presidente da Argentina) também repudiaram o ataque. 

Presidente francês anunciou decisão após resultado das eleições europeias
por
Khauan Wood
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18/06/2024 - 12h

O presidente da França Emmanuel Macron anunciou no domingo (09) a dissolução da Assembleia Nacional, casa legislativa francesa, e a convocação de novas eleições parlamentares para o fim do mês de junho.

O anúncio foi feito logo após o resultado da eleição do Parlamento Europeu, que deu ao Reagrupamento Nacional (RN), partido de Marine Le Pen, principal opositora de Macron, 31,5% dos votos contra 15,2% do Renascimento (RE), sigla que abriga o presidente.

Após a divulgação dos resultados, Jordan Bardella, presidente nacional do RN e forte nome da extrema-direita para assumir o cargo de Primeiro-Ministro no país caso o grupo vença as eleições, fez um discurso onde comemorava o resultado do pleito europeu e desafiava Macron a convocar novas eleições para o Parlamento local.

No ato, Bardella disparou: “o presidente não pode ficar surdo à mensagem enviada pelos franceses [...] pedimos que organize novas eleições legislativas”, o político disse ainda que “um vento de esperança sopra sobre a França e está apenas começando”.

Horas depois, veio o comunicado de Macron que anunciava a dissolução do Parlamento e marcava novas eleições para os dias 30 de junho (1º turno). Caso um segundo turno seja necessário, ele ocorrerá em 07 de julho.

As eleições da câmara baixa do Parlamento francês estavam inicialmente previstas para ocorrer somente após a disputa presidencial, em junho de 2027. O presidente definiu sua decisão como “um ato de confiança” na população francesa.

 

Caso o partido de Macron saia derrotado, a França teria que lidar com um cenário governamental difícil, a chamada “coabitação”, ou seja, teria o presidente e primeiro-ministro em posições políticas opostas. 

Macron continuaria em seu papel de Chefe de Governo e seguiria com o poder de decisão de políticas externas, porém perderia o controle das políticas nacionais, justamente por não ter o controle do Parlamento, fenômeno que dificultaria ainda mais a aprovação de projetos de interesse de sua equipe.

O fenômeno da coabitação ocorreu pela última vez entre os anos de 1997 e 2002, quando o então presidente de centro-direita Jacques Chirac (1932-2019) fez um movimento semelhante ao de Macron, dissolvendo o Parlamento por questões políticas e com a esperança de sair vitorioso, porém viu seu adversário Lionel Jospin, do Partido Socialista, ser eleito como primeiro-ministro e dificultando cinco de seus doze anos de mandato.