A retirada aconteceu depois de Kimmel criticar Donald Trump, em um comentário sobre a morte do influenciador e ativista conservador Charlie Kirk. O caso reacendeu o debate sobre censura
por
Matheus Henrique
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06/10/2025 - 12h

O apresentador estadunidense Jimmy Kimmel teve seu programa retirado do ar, após criticar o presidente Donald Trump, no dia 15 de setembro, durante a repercussão da morte do influenciador e ativista conservador Charlie Kirk. Ele questionou a reação do líder norte-americano e sugeriu que Tyler Robinson, autor do atentado que vitimou Kirk, seria republicano e trumpista.
 


Kimmel iniciou seu monólogo afirmando que o fim de semana havia trazido mais uma cena vergonhosa ao comentar a tentativa do movimento conservador MAGA, sigla para “Make America Great Again”, de se desvincular do acusado: "A gangue do MAGA está tentando desesperadamente caracterizar o garoto que assassinou Charlie Kirk como algo diferente de um deles, e faz tudo o que pode para ganhar pontos políticos com isso.” 

Ele comentou também sobre a reação inusitada de Trump quando um repórter perguntou como ele estava lidando com a morte de Kirk. O presidente respondeu que estava muito bem e começou a falar sobre a construção de um novo salão de baile na Casa Branca. O apresentador ironizou a situação e disse que essa não é a forma de um adulto lamentar a morte de alguém de quem dizia ser amigo. 

A emissora se posicionou sobre o caso e afirmou que os comentários foram ofensivos, optando por suspender o programa. Nas redes sociais, o presidente comemorou a suspensão e aproveitou para pedir o cancelamento de outros programas que criticam a sua gestão. 
 

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Grande notícia para os Estados Unidos: a ABC finalmente teve a coragem de fazer o que precisava ser feito. Kimmel não tem NENHUM talento e tem uma audiência pior que a do [Stephen] Colbert, se é que isso é possível. Agora restam Jimmy [Fallon] e Seth [Meyers], dois completos perdedores, na mentirosa NBC. A audiência deles também é horrível. Faça isso, NBC!!! Presidente Donald Trump - Reprodução: Truth Social

A suspensão repercutiu também entre os Democratas. Barack Obama, ex-presidente dos Estados Unidos, acusou o governo de censura, enquanto o senador pelo Estado de Vermont, Bernie Sanders, classificou o caso como mais um episódio de autoritarismo da gestão Trump. Ambos insistiram que o atual presidente busca calar vozes críticas. 

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Depois de anos reclamando sobre a cultura do cancelamento, a atual administração levou isso a um novo e perigoso nível ao ameaçar rotineiramente com ações regulatórias contra empresas de mídia, a menos que silenciem ou demitam repórteres dos quais não gostam. -  Reprodução: X
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O autoritarismo é isso: o governo silenciando vozes dissidentes. Colbert. Kimmel. Um processo de 15 bilhões de dólares contra o New York Times. Muita gente lutou e morreu para defender a liberdade. Não vamos deixar que Trump a tire de nós. - Reprodução: X 

O apresentador voltou ao ar no dia 23 de setembro. Em seu discurso, esclareceu que nunca teve a intenção de menosprezar o assassinato de um jovem e aproveitou para provocar Trump novamente: “Ele fez o possível para me cancelar, mas, em vez disso, obrigou milhões de pessoas a assistir ao programa. O tiro saiu pela culatra. Talvez agora ele tenha que divulgar os arquivos de Epstein para nos distrair disso.”

Kimmel ainda comentou sobre a decisão de que conteúdos jornalísticos terão de ser submetidos à análise antes da publicação: "Pete Hegseth [Secretário de Defesa dos Estados Unidos], anunciou uma nova política que exige que jornalistas com credenciais de imprensa do Pentágono assinem um termo de compromisso, prometendo não divulgar informações que não tenham sido explicitamente autorizadas. Eles querem escolher as notícias." 

Neste ano, a emissora americana CBS anunciou o encerramento do programa The Late Show, apresentado por Stephen Colbert. A suspeita é de que as recorrentes críticas feitas pelo apresentador a Donald Trump tenham motivado a decisão.

Maior evento europeu do setor continua na rota por novidades eletricas e mais concorrência a cada ano
por
Vítor Nhoatto
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22/09/2025 - 12h

Ocorrido entre os dias 9 e 14 de setembro, o IAA Mobility recebeu mais de 500 mil visitantes, superando a sua última edição em 2023. Estiveram presentes as germânicas Audi, BMW, Mercedes, Opel, Porsche e Volkswagen, mas Fiat, Peugeot e nenhuma japonesa compareceu. Com isso, mais uma vez uma grande parte de Munique foi palco para as chinesas se consolidarem e expandirem.

Com o lema “It’s all About Mobility”, em tradução livre, “É Tudo Sobre Mobilidade”, o foco da mostra se manteve em soluções inteligentes e inovadoras. Startups como a Linktour com  seus micro carros elétricos, e marcas de bicicletas e motocicletas elétricas estavam por todos os lados do München Expo Center. E repetindo o formato aplicado desde 2021, com o chamado “Open Space”, uma área de experiências interativas gratuitas ao ar livre, os visitantes podiam experimentar tudo isso.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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 Além disso, a inovação tecnológica foi tema de muitos debates e coletivas de imprensa com representantes da indústria. Fornecedoras como a Bosch, Aisin e Revolt, além de empresas de carregadores como a Charge X e E-Mobilio e a gigante de baterias CATL foram só alguns dos mais de 750 expositores presentes. 

Setor premium atento

Falando em eletricidade, ela estava no centro das atenções de todas as marcas, apesar das vendas de carros elétricos (BEV) terem sido prejudicada na Europa no ano passado. O fim ou diminuição de subsídios governamentais e metas de descarbonização estagnadas na União Europeia foram os principais motivos segundo o Global EV Outlook 2025 da International Energy Agency (IEA). No entanto, as projeções para esse ano e os próximos são de crescimento.

De olho nisso a BMW lançou o novo iX3, modelo mais importante em anos ao inaugurar uma nova era para a alemã. A segunda geração do modelo estreia uma plataforma sob medida e exclusiva para elétricos de nova geração, chamada de Neue Klasse. O destaque fica com a nova bateria de 108.7kWh de capacidade integrada ao chassi, compatível com carregamento ultrarrápido de até 800V - ganha 372km em apenas dez minutos - e autonomia de 805km em uma carga segundo o ciclo WLTP. 

No quesito design a ruptura com o passado é ainda mais evidente, com uma nova linguagem visual, inspirado nos modelos da BMW dos anos 80. No interior foi inaugurado o Panoramic iDrive, com o painel de instrumentos correndo ao longo de todo o para-brisa, um novo volante de quatro raios e um multimídia com inteligência artificial de 17,5 polegadas. “A Neue Klasse é o nosso maior projeto futuro e marca um grande salto em termos de tecnologias, experiência de condução e design”, frisou o presidente do conselho de administração da marca, Oliver Zipse.

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Alemã aproveitou o evento para apresentar o futuro Sedan i3, que seguirá o capítulo iniciado pelo SUV iX3,  irmão de plataforma. Foto: BMW Group / Divulgação 

Do outro lado do pavilhão, a Mercedes-Benz fez um movimento parecido, lançando a segunda geração do GLC elétrico. O modelo foi o primeiro elétrico da marca, ainda em 2018 como EQC. Mas pelas vendas baixas havia sido descontinuado no ano passado, e agora retorna com o nome “GLC With EQ Technology”, para evidenciar as mudanças. Rival direto do iX3, segue a linguagem de design inaugurada no novo CLA no ano passado, aqui com uma grade iluminada e enormemente proeminente.

Construído sob a inédita plataforma elétrica MB.EA Medium, independente do GLC, a combustão portanto, possui carregamento de até 800V e uma bateria de 94kWh, traduzidos em 713 km de autonomia. No interior, o SUV inaugura o “Hyperscreen”, transformando o painel inteiro em uma tela de 39.1 polegadas. O interior pode ser todo vegano e certificado, e a comunicação Car-to-X - que coleta e envia dados para comunicar outros veículos - se destaca no quesito segurança. O preço inicial deve girar em €60 mil quando chegar às lojas ainda esse ano, tal qual o rival.

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Faróis possuem tecnologia Matrix, e sob o capô há um espaço de 128 litros para bagagens. Foto: Mercedes-Benz / Reprodução

Mas nem só de SUVs o mercado premium é formado, e a Polestar compareceu a Munique para o lançamento mundial do seu novo modelo de topo, o sedã 5. A marca do grupo Geely, divisão de performance da Volvo até 2017, aposta em sustentabilidade e alta performance, estreando a nova plataforma PPA do grupo. São 872 cavalos, tração integral, aceleração de 0 a 100 em 3,2 segundos e ausência de janela traseira, tal qual no crossover 4.

Um presente e futuro elétrico

Nas duas últimas edições do Salão de Munique, ambientalistas protestaram em frente ao evento em defesa de uma mudança sistêmica da indústria, o que se repetiu. As ONGs Extinction Rebellion e Attac levaram placas pedindo por mais investimento em transporte público e justiça social, jogando atenção para uma mentalidade individualista e o preço dos elétricos. 

Em relação a essa questão, um estudo da empresa de consultoria, Gartner, mostra que até 2027 os BEVs serão mais baratos de produzir que os carros a combustão (ICEVs), e o Grupo Volkswagen promete preços competitivos para sua nova geração de elétricos. 

Foram revelados no evento quatro modelos para o segmento B baseados na plataforma MEB Entry do conglomerado. O principal deles foi o ID.Polo da Volkswagen, com previsão de início de vendas em maio na casa dos € 25 mil. Como o seu nome sugere, é a versão elétrica do hatch Polo, e contará com baterias de 38 e 56 kWh, com uma autonomia de 350 e 450 km respectivamente. Uma versão GTI do modelo será também comercializada, com 223 cavalos.

Continuando o apelo esportivo que a versão encurtada da plataforma em que os modelos do segmento C, ID.3 e ID.4, são construídos, a espanhola Cupra mostrou a versão de produção do Raval. Com dimensões e motorizações basicamente iguais às do ID.Polo, promete continuar a expansão da nova marca do grupo, antigamente uma divisão de performance da Seat.

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Cupra Raval, ID.Polo e ID.Polo GTI  (direita) serão lançados em março do ano que vem, enquanto os SUVs Epiq e ID.Cross (esquerda) chegarão no segundo semestre. Foto: Volkswagen AG / Divulgação

Como era de se esperar pela relação do Polo com o T-Cross, sua versão SUV, o conceito ID.Cross foi mostrado. Com o mesmo tamanho do modelo que substituirá em 2026, integra o segmento disputado dos B-SUV elétricos, formado por nomes como Peugeot e-2008, Renault 4 e Volvo EX30. Focando em espaço e ergonomia, marca a volta de botões físicos no volante e do ar condicionado, além de um maior uso de materiais reciclados. 

Por fim, a Skoda apresentou a sua versão do SUV, denominada Epiq. Tal qual os irmãos de plataforma, será construído em Pamplona, na Espanha, e contará com a capacidade de carregar dispositivos externos como eletrodomésticos (V2L). A velocidade de carregamento é de até 125 kW, indo de 10% a 80% em 20 minutos, e o modelo estreará uma nova identidade visual para a tcheca no ano que vem.

Ascensão chinesa continua 

Aprofundando essa questão dos preços, são as marcas chinesas que se destacam globalmente, como destaca a IEA. Com grandes reservas dos minérios utilizados nas baterias, as fábricas para construí-las e anos de investimento estatal na tecnologia, seguiram com sua expansão em solo alemão. 

A BYD, maior marca chinesa em números, marcou presença com o recém lançado Dolphin Surf - a versão europeia do Dolphin Mini. Avaliado com cinco estrelas pelo Euro NCAP, é um dos BEVs mais baratos hoje à venda na Europa, custando cerca de € 20 mil. No campo dos híbridos plug-in (PHEV) a Station Wagon do segmento D, Sealion 06, foi lançada, focada em conforto e tecnologia com até 1.092 km de autonomia combinada.

Outra marca com novidades foi a Leapmotor, que já vende o hatch subcompacto T03 e o D-SUV C10 no continente, de lançamento marcado para o Brasil ainda em 2025. Pertencendo 20% à Stellantis, que controla a sua operação internacional, apresentou o inédito hatch B05, rival de Volkswagen ID.3 e BYD Dolphin. Sob a mesma plataforma do C-SUV B10, terá cerca de 400 km de autonomia e início de vendas para o ano que vem por cerca de € 30 mil.

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"O B05 (direita) reflete nosso compromisso com a inovação, acessibilidade e a capacitação da próxima geração de motoristas em toda a Europa e além", declarou o CEO global da marca, Zhu Jiangming. Foto: Leapmotor / Divulgação

Munique foi para além de um lugar de novos modelos, mais uma vez o palco de marcas inteiras debutando em solo europeu. A marca AITO, do grupo Seres, que usa a tecnologia da Huawei, se lançou no mercado internacional com os SUVs 9, 7 e 5. Mirando as marcas premium alemãs nos segmentos E e D, podem ser tanto BEVs ou elétricos com extensor de autonomia (REEV), repetindo a abordagem da Leapmotor com o C10.

O grupo Changan Auto iniciou as operações da sua marca Deepal com os SUVs de apelo jovem e esportivo S05 e S07, ambos com opções de serem elétricos ou PHEVs. No campo de luxo, a marca Avatr da gigante chinesa mostrou seu primeiro concept car, o Xpectra, além dos modelos 06, 07 e 12, já comercializados em alguns países europeus e com planos de chegarem a 50 mercados em breve.

A premium Hongqi esteve presente e revelou o C-SUV elétrico EHS5, além de anunciar planos de expansão com 15 modelos e 200 pontos de venda pela Europa nos próximos anos. E aumentando a sua aposta no evento, a Xpeng teve um stand dentro do pavilhão e apresentou a nova geração do P7, sedã que começou a ser comercializado na Europa no IAA Mobility 2023.

Além disso, a recém chegada ao Brasil, GAC, estreou no velho continente levando cinco modelos para a mostra. Seguindo com o “European Plan Market” anunciado no ano passado, lançou como modelos de topo o novo GS7, um SUV grande híbrido plug-in, e a MPV híbrida (HEV) E9. Mas os destaques da marca foram o hatch AION UT, rival de BYD Dolphin, e o D-SUV rival de Tesla Model Y, o AION V.

O primeiro possui bateria de 60 kW/h com 430 km de autonomia e previsão de início da comercialização em 2026 na casa dos € 30 mil. Já para o segundo, comercializado no Brasil por R$214.990, o preço de € 35.990 foi anunciado, muito competitivo para o segmento. Com 510km de autonomia e cinco estrelas no teste do Euro NCAP - com mais ADAS que o brasileiro - será o primeiro a chegar às lojas, já em setembro em mercados como Portugal, Finlândia e Polônia. O plano é que a marca venda em todos os países europeus até 2028.

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Estava ainda em Munique o carro elétrico voador GOVI AirCab (ao fundo) buscando mostrar os avanços da indústria chinesa, segundo a empresa. Foto: GAC Group / Divulgação

Eletrificação em todos os níveis 

Para além das novatas, ícones do mercado aproveitaram os holofotes da feira para se renovarem completamente. Esse foi o caso da única francesa presente, a Renault, que lançou a sexta geração do hatch Clio, o segundo carro mais vendido no continente em 2024.

Construído sob a mesma plataforma que o seu predecessor, mantém o motor 1.2 TCe e uma opção movida a GPL, mas as semelhanças acabam por aqui. No powertrain, estreia um novo sistema full-hybrid (HEV) formado por um motor 1.8 e dois elétricos, resultando em 160 cavalos e modo de condução elétrico na cidade. Conforme a estratégia da marca, o Clio não terá versão elétrica, papel delegado ao hatch de estilo retrô, o 5.

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Hatch cresceu 6 centímetros em comprimento, evocando uma silhueta mais esportiva e afilada. Foto: Renault Group / Divulgação

No quesito design, o carro rompe por inteiro com a geração anterior, o oposto do que havia acontecido com a quinta geração em relação à quarta. A frente ostenta uma nova assinatura em DRL, que forma o símbolo da Renault, e a traseira possui lanternas duplas, nunca vistas em um Clio. O interior é todo novo também em relação ao antecessor, mas com o mesmo layout e sistema operacional do Google do irmão elétrico 5.

A Volkswagen foi outra que debutou no IAA uma nova geração de um best-seller, o T-Roc. Em sua segunda encarnação, também não terá versões elétricas, sendo o último novo carro a combustão desenvolvido pela marca. Haverão pela primeira vez no SUV opções micro-híbridas (MHEV), já conhecidas dos irmãos de plataforma como o Golf e A3, além de um novo sistema HEV, com 134 e 168 cavalos. Não haverá, pelo menos por ora, versões PHEV, sendo o único modelo sob a MEB Evo sem essa possibilidade, no entanto.

Seu exterior é uma evolução da primeira geração, mantendo linhas semelhantes e o seu apelo descolado, descrito pela marca. As dimensões aumentaram, 12 centímetros em comprimento, chegando a 4.37 metros, o colocando alinhado a rivais como o Toyota CH-R e Mazda CX-30. Por dentro a abordagem continua, com telas maiores e mais itens de conectividade e segurança assistida, mas com uma disposição de elementos clássica, vista nos últimos Golf e Tiguan.

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Modelo construído em Portugal foi o quinto carro mais vendido na Europa no ano passado. Foto: Volkswagen Group / Divulgação

Concorrência de todos os lados

Além das chinesas em franca expansão nos últimos anos no continente, outras concorrentes vêm se destacando na corrida pelos elétricos principalmente. A coreana Kia compareceu ao evento e mostrou ao público os novos integrantes da família EV, o EV4 e o EV5. 

O primeiro é um hatch do segmento C, acompanhado de uma variante sedã. Já o último se trata de um modelo lançado em 2023 - inclusive a venda no Brasil desde o ano passado - mas que chega só agora à União Europeia como a versão elétrica do Sportage. Sua conterrânea e marca irmã também esteve em Munique com o Concept 3, prevendo o futuro Hyundai Ioniq 3, equivalente do EV4.

Mas nem só da Ásia as novidades chegam, com a primeira marca turca de automóveis elétricos, a Togg, debutando em solo alemão a sua ofensiva no continente europeu. Fundada em 2018 e com a primeira fábrica inaugurada em 2022, apresentou o C-SUV T10X e o sedã T10F ao público. A pré-venda dos modelos começará em 29 de setembro na Alemanha, e no ano que vem a empresa pretende iniciar seus trabalhos na França e Itália, com meta de ter até 2030 um milhão de veículos em toda a Europa.

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Preços ainda não foram divulgados, mas devem ficar em torno de € 40 mil tomando como base as cifras no mercado turco. Foto: Togg / Divulgação

Construídos sob uma plataforma elétrica, ambos receberam nota máxima no Euro NCAP recentemente, com mais de 9% de proteção para adultos e 80% nos ADAS. A respeito do desempenho, a bateria possui 88.5 kWh de capacidade, e autonomias de até 500 e 600 km para o SUV e o sedã respectivamente. 

“Nossos modelos proporcionam uma experiência de mobilidade voltada para o usuário e voltada para o futuro”, comentou Gürcan Karakaş, CEO da marca durante o evento. A marca anunciou ainda que trabalha no terceiro de cinco modelos que irá lançar até o fim da década, o B-SUV T8X. Karakaş finalizou destacando que prepara para introduzir baterias de pirofosfato de lítio (LFP), e que a indústria deve estar preparada para as mudanças e maior concorrência.

Macron enfrenta dificuldade para lidar com manifestantes
por
Chloé Dana
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17/09/2025 - 12h

 

Na terça-feira da semana passada,a (9) o primeiro-ministro, François Bayrou, perdeu o voto de confiança no Parlamento e renunciou ao cargo. A decisão foi tomada pela Assembleia Nacional com 364 votos contrários e 194 a favor, após o fracasso de Bayrou em obter apoio para o plano orçamentário de 2026. 

O presidente, Emmanuel Macron, já nomeou no dia seguinte o novo primeiro-ministro Sébastien Lecornu e foi o suficiente para gerar mobilizações. Os manifestantes tomaram as ruas de várias cidades, bloquearam rodovias, queimaram lixeiras e entraram em confronto com a polícia. O movimento, denominado “Bloqueie Tudo”, tomou força no verão europeu deste ano, ao motivar os cidadãos a se manifestarem contra uma redução no orçamento de 44 bilhões de euros divulgada pelo ex-primeiro-ministro François Bayrou. 

Entre as demandas estão um aumento nos recursos para serviços públicos, tributos para os mais ricos, a suspensão do aumento dos aluguéis, contra a classe política e cortes orçamentários, e a saída de Macron do cargo. Na quarta-feira (10), 80 mil forças de segurança foram acionadas em todo o território nacional, com 6 mil apenas em Paris. Conflitos foram registrados em lugares como Rennes, Nantes, Montpellier e Toulouse, além da cidade capital.

A crise atual se aprofundou com a recente renúncia de seu primeiro-ministro, François Bayrou. Essa foi a quinta mudança de primeiro-ministro em menos de dois anos, evidenciando fragilidade no governo.

A maior parte da oposição optou por votar contra a moção de confiança e expressou satisfação com o resultado. Isso era o que se esperava, após duas semanas de negociações diretas com o primeiro-ministro, que não trouxeram mudanças significativas à proposta orçamentária. 

Além disso, o problema não se limita apenas ao primeiro-ministro, mas também alcança o presidente. “Os ministros representam um obstáculo, mas a verdadeira questão é Macron e sua maneira de liderar. Ele deve se afastar”, declarou Fred, líder do sindicato de transportes em Paris, para um jornal francês. Especialistas em política na França sugerem que a crise revela a exaustão do modelo político de Macron, que está sob pressão tanto da direita quanto da esquerda, e que pode enfrentar, nos próximos meses, seu maior teste de governabilidade desde 2018.

A maior parte da oposição optou por votar contra a moção de confiança e expressou satisfação com o resultado. Isso era o que se esperava, após duas semanas de negociações diretas com o primeiro-ministro, que não trouxeram mudanças significativas à proposta orçamentária.

 

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Manifestantes vão à rua em protesto. Foto: Julia Braun, BBC 

 

Manifestações escalaram após bloqueio de redes, levando à renúncia do premiê
por
Kimberlly Ramos
Maria Clara Palmeira
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18/09/2025 - 12h

Protestos massivos liderados por jovens nepaleses da Geração Z (1995 - 2010), reivindicam o fim da corrupção generalizada e criticam a desigualdade social nepalesa. O país atravessa sua pior crise política desde o fim da monarquia, em 2008.

O estopim da revolta ocorreu na quinta-feira (4), com o bloqueio de mais de 20 redes sociais (entre elas Instagram, Whatsapp e X) no país, sob a alegação do governo de que as normas de regulamentação nepalesas não estavam sendo cumpridas pelas plataformas e também como meio para evitar a propagação de notícias falsas e discursos de ódio. As autoridades afirmaram ainda que prezam pela liberdade de expressão, mas que precisam que as plataformas tenham responsabilidade e sejam bem administradas, com a nomeação de representantes legais no país. 

A medida foi tomada durante uma campanha que estava viralizando nas mídias sociais, intitulada “nepo kids”, que denunciava a corrupção política no Nepal e a vida de ostentação exibida por filhos de governantes; isso, em contraste com as dificuldades que o restante da população enfrenta para sobreviver, segundo a trend. A proibição das redes foi recebida com revolta e foi vista pelos jovens como forma de silenciar as denúncias contra a corrupção. Os manifestantes se uniram contra o decreto, tomaram as ruas da capital nepalesa Katmandu e marcharam até o Parlamento em 8 de setembro. Em resposta ao movimento, a polícia utilizou bombas de gás lacrimogêneo, canhões de água e balas de borracha durante confronto para tentar conter a multidão; 19 pessoas morreram apenas no primeiro dia.

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Manifestantes nas ruas contra o bloqueio das redes sociais. Reprodução: @TheDailyPioneer/X
Manifestantes nas ruas contra o bloqueio das redes sociais. Reprodução: @TheDailyPioneer/X

As mortes levaram à intensificação dos protestos no dia 9, provocando incêndios em prédios do governo e no Parlamento Federal. Residências de políticos também foram incendiadas pelos manifestantes, como a do ex-primeiro-ministro Jhala Nath Khanal, resultando na morte de sua esposa, que estava dentro da casa no momento do ataque.

Com a escalada do conflito, o primeiro-ministro Khadga Prasad Oli renunciou ao cargo e o número de mortes foi atualizado para 25. O bloqueio das redes foi revogado, como meio de conter a revolta, mas as manifestações seguiram, com a insatisfação dos jovens nepaleses se ampliando em relação às práticas corruptas. 

Na sexta-feira (12), o presidente Ramchandra Paudel dissolveu o Parlamento e convocou novas eleições para 5 de março de 2026. Simultaneamente, Paudel nomeou Sushila Karki, ex-presidente da Suprema Corte, como primeira-ministra interina, tornando-se a primeira mulher a liderar o governo do Nepal. Karki, conhecida por decisões judiciais contra casos de corrupção e pela promoção da igualdade de gênero, recebeu apoio direto dos manifestantes, que debatiam os próximos passos em plataformas digitais como Discord.

No dia 13, a normalidade começava a retornar a Katmandu: lojas reabriram, veículos voltaram às ruas e a presença militar foi reduzida. Karki visitou jovens feridos e recebeu pedidos de familiares das vítimas, que exigiam reconhecimento dos mortos e compensações financeiras. Organizações internacionais de direitos humanos pedem que o novo governo acabe com a “impunidade do passado” e investigue os responsáveis pelas mortes.

O desafio de Karki será recuperar a confiança da população, conduzir as eleições em março e entender as reivindicações da juventude, que desempenhou papel central nas recentes mobilizações. Com 22% dos jovens entre 15 e 24 anos desempregados e um quinto da população vivendo na pobreza, a Geração Z nepalesa já demonstrava frustração. O bloqueio das redes sociais foi a faísca de um descontentamento acumulado.

“O tempo está passando rápido. Diariamente dezenas de palestinos são assassinados", afirma professor Rodrigo Amaral, da PUC-SP
por
Renata Bittar
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02/09/2025 - 12h

Em meio a tensões políticas e crises diplomáticas, o conflito entre Israel e Gaza se intensifica. Recentemente, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou a intenção de assumir o controle total da Faixa de Gaza. Embora a operação ainda não tenha sido confirmada, o governo de Israel afirma que o objetivo seria expulsar o Hamas (Movimento de Resistência Islâmica) e instaurar um governo civil no território. Em entrevista à BBC, Netanyahu declarou que Israel busca “libertar o povo de Gaza do terrível terror do Hamas”.

O Estado de Israel mantém os bombardeios e ataques contra Gaza. A recusa de um cessar-fogo imediato resultou em um aumento no número de mortes, destruição de cidades inteiras e no agravamento de uma crise humanitária de grande proporção.

Em entrevista exclusiva à AGEMT, o professor de Relações Internacionais da PUC-SP Rodrigo Amaral, pesquisador especializado em Estados Unidos e Oriente Médio, avaliou que a imagem de Israel no cenário internacional tem se deteriorado. “Mesmo que Israel mantenha fortes relações, sobretudo comerciais, com diversos países, o debate sobre boicotes — antes distante do imaginário internacional — começa a ganhar força”, afirmou.

Nos últimos meses, países como Canadá e França passaram a reconhecer a Palestina como um Estado legítimo. A decisão, vinda de nações com peso político relevante, chamou atenção e fortaleceu o movimento palestino. Para Amaral, o gesto reforça a percepção de que a comunidade internacional demonstra, de forma mais concreta, a intenção de apoiar a criação de um Estado palestino autônomo. “É um marco para esses países reconhecerem a Palestina, sobretudo por serem nações tradicionalmente alinhadas à lógica norte-americana”, destaca o professor.

Ao contextualizar o conflito, Amaral lembra que eventos como a Primeira Guerra Mundial, a Guerra Fria e a Crise de Suez contribuíram para o deslocamento forçado dos palestinos à Faixa de Gaza. Questionado sobre a possibilidade de o território voltar à “normalidade”, ele pondera que “nunca existiu normalidade em um espaço onde a população vive confinada”. “Gaza é controlada por autoridades estrangeiras, Israel e Egito. Dentro dessa realidade sociopolítica, tenta-se construir uma vida cotidiana, mas os palestinos sempre foram empurrados para esse território”, afirma.

Entre o impasse político e as operações militares, as ações de ambos os lados se intensificam. O próximo passo declarado por Netanyahu seria a desocupação total de Gaza pelos palestinos que ainda vivem no local e a busca por outros territórios que os recebam. “É importante lembrar que Gaza já era um espaço de refúgio, pois a maioria dos palestinos que vive lá não é originária do território”, acrescenta Amaral. Segundo ele, a tendência é a manutenção de um controle militar em Gaza, provavelmente acompanhado de presença ativa de Israel durante o processo de reconstrução.

 

Nova operação de Israel intensifica bombardeios na Cidade de Gaza em 28/08/2025 Imagem: Reprodução/Reuters/ Dawoud Abu Alkas

 

 

 

 

Apesar do apoio crescente de diversos países à causa palestina, o cenário das relações internacionais ainda é fortemente influenciado pelas grandes potências ocidentais. Esses atores exercem papel decisivo na definição da ordem global e, frequentemente, detêm o poder de determinar os rumos das ações multilaterais. Segundo Rodrigo Amaral, é incomum observar um consenso entre nações como Canadá, França e Austrália ao se posicionarem contra a ofensiva israelense em Gaza. Por meio de mecanismos intergovernamentais, como a Organização das Nações Unidas (ONU), esses países podem contribuir propondo cessar-fogo e planos de retirada militar da região.

Além da pressão diplomática, Amaral aponta que as nações contrárias à atuação de Israel podem adotar boicotes econômicos como forma de protesto. Essa medida, explica ele, visa prejudicar setores estratégicos da economia israelense e pressionar o governo pelo encerramento das operações militares. “O tempo está passando rapidamente. Diariamente, dezenas de palestinos são assassinados. Ações concretas ainda não foram tomadas; pelo contrário, observamos um aumento dos impasses diplomáticos”, afirma o professor.

Atualmente, estima-se que a ocupação militar israelense em Gaza já abrange quase 90% do território. O governo de Benjamin Netanyahu mantém a meta de ampliar o controle e promover a retirada total dos palestinos que ainda vivem na região. De acordo com Amaral, o número de vítimas ultrapassa 60 mil palestinos desde o início do conflito. “A tendência é que o desfecho desse confronto resulte na consolidação dos interesses israelenses. Apesar do posicionamento da comunidade internacional e das pressões de movimentos sociais transnacionais, persiste um cenário de impunidade e continuidade das ações militares de Israel”, conclui.

 

 

Sete estados podem desempenhar papel fundamental na definição do próximo presidente dos Estados Unidos
por
Manuela Schenk Scussiato
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14/10/2024 - 12h

Com a proximidade das eleições dos Estados Unidos, marcadas para o dia 5 de novembro, o termo swing states (ou estados-pêndulo, em português) tem sido amplamente utilizado pela imprensa para se referir a estados decisivos no resultado eleitoral.

Nos Estados Unidos, o sistema eleitoral funciona por meio de delegados atribuídos a cada estado, com base na sua população. Quanto maior o número de habitantes, mais delegados o estado possui no Colégio Eleitoral.

O candidato que obtiver a maioria dos votos em um estado conquista todos os seus delegados. No total, há 538 delegados no país, e o candidato precisa de pelo menos 270 para ser eleito presidente.

Alguns estados, historicamente, elegem sempre o mesmo partido, por exemplo: o Texas é sempre repúblicano (partido de Donald Trump), enquanto Nova Iorque é sempre democrata (partido de Kamala Harris).

Porém, os swing states são estados que não tem uma preferência definida, o que torna-os decisivos na corrida eleitoral.

Esses estados não são fixos e são definidos com base em pesquisas eleitorais realizadas durante o período de campanha. Para as eleições deste ano, os principais estados-pêndulo incluem Pensilvânia, Michigan, Nevada, Wisconsin, Geórgia, Carolina do Norte e Arizona.

Mapa eleitoral estadunidense Fonte: Reprodução/XP Investimentos
Mapa eleitoral estadunidense
Fonte: Reprodução/XP Investimentos

O mapa eleitoral acima mostra, em roxo, os Estados pendulares, em azul os democratas e em vermelho os republicanos.

Enquanto a disputa estava entre Joe Biden e Donald Trump, o partido democrata vinha perdendo forças dentro dos estados-chave. No cenário passado, Trump levava todos os estados menos a Geórgia. Além disso, o atual presidente também perdia forças dentro dos estados que historicamente defendem seu partido(democrata).

Após a entrada de Harris na corrida eleitoral, o cenário mudou a favor dos democratas. Pesquisas recentes apontam a vitória de Kamala Harris sobre Donald Trump nos pendulares. O partido azul tem 49% das intenções de votos nesses sete estados, enquanto o vermelho tem 44%. Os outros 7% continuam indecisos..

 

Quais são os estados-pêndulo?

Arizona

O Arizona, que faz fronteira com o México, é um estado onde a questão da imigração é central. Trump promete realizar a "maior operação de deportação" se reeleito, enquanto Kamala Harris propõe melhorar as políticas imigratórias, tanto para os imigrantes quanto para a população local. Nas últimas eleições, Joe Biden venceu no estado, mas as pesquisas indicam que Trump tem chances de ganhar o Arizona este ano. O Arizona possui 11 delegados, ele representa parte importante da corrida eleitoral para ambos os candidatos.

 

Geórgia

A Geórgia tem um terço de sua população afro-americana, uma das maiores porcentagens de população preta nos Estados Unidos. Acredita-se que isso foi um dos maiores motivos para a vitória de Biden em 2020, mas por se localizar no sul do país, a população ainda é muito conservadora, essa ambiguidade torna as eleições lá acirradas. Além disso, Trump tem quatro processos criminais no Estado, um onde ele foi condenado e três que estão em aberto, sendo um deles por interferência eleitoral no estado. Com 16 delegados para representar a população do estado, a Geórgia está dentre os três maiores estados-pêndulo dessas eleições

 

Michigan

O Michigan possui a maior população arabe-americana do país, o que torna a guerra entre Israel e Hamas um tema relevante na eleição. Biden ganhou no estado em 2020, porém, após suas ações de defesa a Israel, os democratas perderam muita força no território.

Por mais que Kamala Harris traga em seu plano de governo propostas incisivas sobre o cessar fogo em Gaza, as ações de Biden durante seu mandato podem afetar o partido. O Michigan, assim com a Geórgia, também têm 16 delegados, sendo o segundo estado dentro dos três maiores estados pendulares deste ano.

Protestos contra o presidente Biden no Michigan Foto: reprodução/Getty images
Protestos contra o presidente Biden no Michigan
Foto: reprodução/Getty images

Nevada

Embora tenham apoiado consistentemente os democratas nas últimas eleições, o estado enfrentou desafios econômicos significativos sob a administração de Biden - atualmente Nevada  possui a terceira maior porcentagem de desemprego do país, atrás apenas da Califórnia e de Washington DC.

A entrada de Kamala Harris na corrida melhorou a imagem dos democratas no estado, mas a crise de desemprego continua a ser uma grande preocupação para os eleitores. Trump promete resolver a situação, focando na criação de empregos e na revitalização da economia local, o que pode atrair eleitores que estão insatisfeitos com as políticas econômicas atuais. Nevada é o menor estado-pêndulo da corrida eleitoral, apenas seis delegados representam o estado.

 

Carolina do Norte

Esse estado faz fronteira com a Geórgia, portanto os dois estados têm visões similares. No entanto, a Carolina do Norte foi o primeiro lugar a receber uma visita de Donald Trump após o atentado que sofreu em julho, na Pensilvânia. Com um discurso de viés populista, Trump enfatizou a importância do estado para sua vitória, na esperança de repetir o desempenho obtido em 2020. O estado traz para a disputa 15 delegados.

 

Pensilvânia

A Pensilvânia, terra natal de Biden, enfrenta sérios problemas com a inflação, o que tem prejudicado a popularidade dos democratas. Além disso, o estado foi palco de um atentado contra a vida de Donald Trump durante a campanha, aumentando o clima de tensão na disputa. A Pensilvânia também é o maior pendular deste ano eleitoral, com 20 delegados adicionais para o candidato que ganhar no estado.

Trump após ser atingido na orelha por um projétil na tentativa de tirar sua vida Foto: Evan Gucci
Trump após ser atingido na orelha por um projétil na tentativa de tirar sua vida
Foto: Evan Gucci

Wisconsin

Wisconsin votou no candidato vencedor nas ultimas duas eleições (Trump em 2016 e Biden em 2020), com margens muito pequenas entre ambos. Nesse estado, porém, existe uma grande influência de candidatos de terceiro partido, nem democratas nem republicanos, o que pode tirar votos dos dois maiores concorrentes, por isso, o foco nele durante as campanhas aumenta.

Trump afirmou: "Se ganharmos Wisconsin, ganhamos tudo", enquanto Kamala Harris anunciou sua candidatura à presidência durante uma visita a capital Milwaukee, ambos atos feitos para reforçar a importância do estado na disputa. Wisconsin dá ao candidato

 

Candidatos a vice discutiram temas do cotidiano dos Estados Unidos
por
Ricardo Dias de Oliveira Filho
Gustavo Oliveira de Souza
|
08/10/2024 - 12h

 

J.D Vance e Tim Walz durante o debate. Foto: Chip Somodevilla/ Getty Images
J.D Vance e Tim Walz durante o debate. Foto: Chip Somodevilla/ Getty Images

Na noite da última terça-feira (1), os vice-presidentes dos candidatos à presidência dos Estados Unidos, J.D. Vance, vice de Donald Trump, e Tim Walz, vice de Kamala Harris, participaram de um debate nos estúdios da TV americana CBS, em Nova Iorque. O debate teve um tom amistoso, com os dois vice-candidatos procurando expor seus pontos de vista sem ofensas ou agressões. Os raros momentos de ataque eram direcionados apenas a Trump e Harris.

A discussão abrangeu todos os temas que fazem parte do cotidiano dos estadunidenses. Questões como a greve portuária, o furacão Helene e o bombardeio do Irã contra Israel foram debatidas por ambos.

Imigração

Vance foi o primeiro a ser questionado quando o assunto foi a crise da imigração. O candidato foi indagado sobre o plano de Trump, que prometeu criar o maior programa de deportação em massa de imigrantes ilegais, utilizando as forças militares. 

Ele não hesitou em culpar Kamala Harris por desfazer o programa que o republicano havia criado. J.D. terminou seu discurso afirmando que a política de reabertura da fronteira por parte de Biden foi responsável pelo desaparecimento de 320 mil crianças no país.

Em resposta, Walz destacou o programa de controle da imigração do atual governo, plano que foi idealizado pelo governador James Langford, que, segundo ele, “é conservador, mas é um homem de princípios”. 

Walz também ressaltou que o projeto foi elaborado tanto por democratas quanto por republicanos e que Trump mentiu sobre a construção do muro que separa o México dos Estados Unidos. As apresentadoras do debate ainda voltaram ao assunto, e J.D. Vance continuou afirmando que Kamala permitiu que o tráfico de drogas através dos cartéis mexicanos acontecesse no país. Tim, mais uma vez, pediu que a questão fosse vista de forma mais humana.

Oriente Médio

Com a escalada de tensões no Oriente Médio, impulsionada por um ataque iraniano a Israel, a postura dos EUA na região ganhou espaço nas discussões eleitorais. 

Tim Walz, representante da chapa democrata liderada por Kamala Harris, reiterou o compromisso dos EUA em apoiar Israel incondicionalmente. Para Walz, a segurança de Israel é uma prioridade, especialmente diante das ameaças representadas por grupos como o Hamas.

 "Precisamos garantir que Israel tenha os meios necessários para se defender e ao mesmo tempo resolver a crise humanitária em Gaza", afirmou o candidato democrata, ressaltando a necessidade de equilibrar suporte militar e assistência humanitária.

Walz também defendeu que as relações com o Irã devem ser geridas com cautela, mantendo a diplomacia como ferramenta principal, mas sem abrir mão da segurança regional. Ele criticou a decisão da administração anterior de retirar os EUA do acordo nuclear com o Irã, apontando que isso trouxe instabilidade à região.

Por outro lado, J.D. Vance, vice na chapa republicana de Donald Trump, fez elogios à abordagem da administração Trump, que, segundo ele, trouxe estabilidade ao Oriente Médio ao adotar uma política de "dissuasão forte". 

Vance reforçou que Israel deve ser capaz de tomar suas próprias decisões de defesa sem uma interferência excessiva dos EUA. "O acordo nuclear com o Irã era um erro, e a retirada foi necessária para evitar que o Irã se tornasse uma ameaça ainda maior", argumentou Vance, refletindo uma postura mais conservadora em relação à política externa.

J.D. Vance e Tim Walz no debate vice-presidencial, nos Estados Unidos, em 1º de outubro de 2024 — Foto: REUTERS/Mike Segar
J.D. Vance e Tim Walz no debate vice-presidencial, nos Estados Unidos, em 1º de outubro de 2024 — Foto: REUTERS/Mike Segar

O aborto e a divisão política

Enquanto a política externa gerou debate, foi o tema do aborto que trouxe as discussões mais acaloradas entre os candidatos. Tim Walz se posicionou como um defensor firme dos direitos reprodutivos, destacando a importância de garantir o acesso ao aborto em todo o país. 

Ele criticou duramente as leis estaduais mais restritivas, como as implementadas no Texas, onde mulheres enfrentam complicações graves por falta de acesso a procedimentos médicos adequados. 

"Essas leis não só ameaçam os direitos das mulheres, mas também colocam suas vidas em risco", afirmou Walz, referindo-se ao caso de Amanda Zurawski, uma mulher que sofreu complicações durante a gravidez devido às restrições legais no estado.

Além disso, Walz condenou o "Projeto 2025", uma proposta conservadora que visa dificultar ainda mais o acesso ao aborto e limitar os tratamentos de fertilidade. Para ele, os direitos reprodutivos não devem ser determinados por onde a pessoa vive, mas sim garantidos de maneira uniforme em todo o país.

J.D. Vance, no entanto, adotou uma postura mais moderada em relação ao tema. Embora claramente pró-vida, Vance evitou defender uma proibição nacional do aborto, preferindo deixar a decisão para os estados. 

"As realidades e necessidades de cada estado são diferentes, e essa questão deve ser tratada localmente", afirmou o republicano. Apesar de sua visão contrária ao aborto, Vance tentou evitar uma postura que pudesse ser vista como extremista, focando mais em políticas de apoio às famílias e à vida.

Armamento 

Outro tema abordado no debate foi o porte de armas. A apresentadora do debate introduziu o assunto relembrando a prisão dos pais de um menino que atirou e matou colegas na escola, um caso inédito no país. 

Quando questionado se a prisão dos pais era a medida correta, J.D. Vance afirmou que as pessoas devem confiar nas autoridades locais. Sobre o aumento das mortes por armas de fogo, o democrata responsabilizou novamente Kamala Harris, alegando que a abertura das fronteiras contribuiu para o crescimento do comércio de armas ilegais nos Estados Unidos. Como solução para reduzir as estatísticas, defendeu o reforço nas portas e janelas das escolas.

Em resposta, Walz argumentou que é necessário realizar mais pesquisas e ampliar os dados sobre a violência para entender onde e como os problemas surgem. Como exemplo de segurança, citou a Finlândia, que tem uma boa parte da população armada, mas onde tiroteios em escolas não são comuns. Ele também pediu à população que confie no trabalho de Kamala.

Uma pesquisa instantânea da CNN revelou que 51% dos telespectadores acreditam na vitória de Vance, enquanto 49% consideram que Tim Walz foi o vencedor do debate. Esse foi, provavelmente, o último debate antes das eleições, marcadas para o dia 5 de novembro.

Voo da Força Aérea Brasileira com 228 brasileiros chegou à Base Aérea de Guarulhos no último domingo
por
João Victor Tiusso
|
08/10/2024 - 12h

 

Foto: Ricardo Stucker
Foto: Ricardo Stucker

No último domingo, 6, o primeiro grupo de repatriados do Líbano pousou na Base Aérea de São Paulo, em Guarulhos. A aeronave KC-30 da Força Aérea Brasileira (FAB) pousou às 10h25 com 228 passageiros e três animais domésticos a bordo.

O avião saiu do Líbano no sábado, 5, e fez uma parada em Lisboa para reabastecer, antes de seguir viagem para o Brasil. Segundo o governo federal, o voo priorizou mulheres, idosos e crianças, sendo dez delas de colo.

De acordo com o Itamaraty, cerca de três mil pessoas manifestaram interesse em voltar ao Brasil. Diplomatas e funcionários da área consular estão conferindo as documentações para que os brasileiros que estão no Líbano possam retornar ao território brasileiro. 

Com a escalada da guerra na região, o governo anunciou a operação de repatriação nos moldes do que ocorreu no início do conflito em Gaza. A previsão é que a missão de repatriação demore seis semanas. 

Assim como na chegada do primeiro voo com brasileiros e familiares que deixaram Gaza, o presidente Lula esteve presente ao lado de Janja para receber os passageiros. 

O Presidente aproveitou a ocasião para fazer um breve discurso, no qual acusou o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, de usar o conflito no Oriente Médio para se perpetuar no poder e se vingar da população palestina. Lula também criticou os bombardeios contra o Líbano, que estão deixando um grande número de vítimas civis. 

Com 29,2% dos votos, o Partido da Liberdade (FPÖ) venceu as eleições gerais austríacas no domingo (29)
por
Rafaela Eid
|
04/10/2024 - 12h

O Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ) venceu as eleições gerais em 29 de setembro, obtendo 29,2% dos votos, o maior percentual de sua história. Apesar da vitória expressiva, o partido de extrema-direita não obteve a maioria no parlamento, o que significa que precisará formar uma coalizão para governar. Caso o FPÖ consiga firmar uma aliança, será a primeira vez que a extrema-direita governará a Áustria desde a Segunda Guerra Mundial.

O segundo colocado foi o Partido Popular da Áustria (ÖVP), liderado pelo atual chanceler Karl Niethammer, com 26,5% dos votos, um revés significativo para o partido governante.

Herbert Kickl, líder do FPÖ, comemorou a vitória ao lado de apoiadores em Viena, capital do país. "Saboreiem este resultado. Juntos, fizemos história hoje (...) O que conseguimos supera todos os meus sonhos", declarou ele em seu discurso.

               Herbert Kickl festeja vitória nas eleições parlamentares da Áustria. Créditos: AP Photo/Heinz-Peter Bader

Herbert Kickl festeja vitória nas eleições parlamentares da Áustria. Créditos: AP Photo/Heinz-Peter Bader.

No entanto, formar uma coalizão será um desafio para Kickl, que é visto como uma figura controversa. Os partidos Social-Democrata, Verde e Neos já afirmaram que não se aliarão ao FPÖ. A única opção de aliança seria com o conservador ÖVP, que também descartou a possibilidade de formar governo com Kickl como chanceler.

Fundado na década de 1950 por ex-membros da SS, organização paramilitar nazista, o FPÖ defende uma plataforma anti-imigração e mantém laços ideológicos com o governo russo e o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, conhecido por seu ultraconservadorismo.

Onda de direita se espalha pela Europa

A vitória de Kickl é mais um marco na série de ascensões da direita radical na Europa. Na Itália, a primeira-ministra Giorgia Meloni lidera uma coalizão de direita, à frente do partido Irmãos da Itália. Na Alemanha, o partido de extrema-direita AfD conquistou a liderança nas eleições estaduais da Turíngia, no mês passado. Na Holanda, o Partido pela Liberdade, de Geert Wilders, também saiu vitorioso nas eleições, mas Wilders desistiu de se tornar primeiro-ministro para viabilizar uma coalizão de governo. Na França, o Reunião Nacional, de Marine Le Pen, conquistou o triunfo nas eleições de junho para o Parlamento Europeu.

Número de vítimas pode chegar aos 600, segundo o departamento de Segurança Interna
por
João Victor Tiusso
Lucca Fresqui
|
01/10/2024 - 12h

 

Foto: Marco Bello/Reuters
Foto: EFE/EPA/CITY OF ROCKY MOUNTAINES

A passagem do furacão Helene pelos Estados Unidos já deixou 133 mortos até esta terça-feira (01), tornando-o um dos fenômenos mais mortais a atingir o país nos últimos anos. Além disso, mais de 600 pessoas estão desaparecidas. 

O Helene atravessou seis estados: Flórida, Carolina do Sul, Carolina do Norte, Geórgia, Tennessee e Virgínia. Cidades ficaram em ruínas, estradas foram  inundadas e milhões de pessoas estão sem eletricidade. 

O furacão atingiu a costa estadunidense em 26 de setembro, perto de Tallahassee, capital da Flórida.  Com cerca de 560 quilômetros de largura e ventos que atingiram 225 km/h, o Helene foi classificado como categoria 4, em uma escala que vai até 5.

As grandes dimensões do fenômeno contribuíram  para a formação de uma tempestade extensa, trazendo consigo chuvas pesadas, que aceleraram de forma rápida. Mesmo após ter enfraquecido, ainda causou danos graves à infraestrutura de cidades, inundações, fechamento de rodovias e quedas de pontes.

Na segunda-feira (30), a conselheira do Departamento de Segurança Interna dos EUA, Liz Sherwood-Randall, afirmou que o número de mortos pode chegar a 600.

Odesastre ocorre em meio à corrida eleitoral à presidência dos Estados Unidos. O presidente Joe Biden, que aprovou ajuda federal para vários estados após a passagem do furacão, prometeu que a assistência durará o tempo que for necessário.

Kamala Harris, vice-presidente dos Estados Unidos e candidata presidencial, afirmou que o governo fará tudo o que estiver ao seu alcance para ajudar as pessoas afetadas pelo furacão.

O republicano Donald Trump visitou Valdosta, na Geórgia, o local onde houve a maior destruição devido às enchentes O candidato aproveitou a ocasião para atacar Biden e Harris pelo gerenciamento da crise. A Geórgia é um estado-chave nas eleições acirradas que serão realizadas dentro de apenas cinco semanas.