Aliado de Trump e defensor do porte de armas morre após ser alvejado, em universidade nos EUA
por
Manuela Schenk Scussiato
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11/09/2025 - 12h

Nesta quarta-feira (10), o influenciador de extrema-direita e aliado do presidente republicano Donald Trump Charlie Kirk, foi baleado por um atirador escondido no telhado da Universidade de Utah Valley. Kirk começava a turnê de seu famoso debate “Prove me Wrong”. Ele tinha 31 anos e quase 8 milhões de seguidores nas redes sociais e era considerado uma das maiores vozes do movimento MAGA (Make America Great Again ou Torne a América Grande de Novo), projeto de poder do atual presidente do país. Charlie deixa uma esposa e dois filhos.

Charlie Kirk ao lado do presidente Trump Foto: Josh Edelson/AFP
Charlie Kirk ao lado do presidente Trump
Foto: Josh Edelson/AFP

Sua morte foi confirmada por Donald Trump na rede social Truth Social. “O grande e até lendário Charlie Kirk, está morto. Ninguém entendeu ou teve o coração da juventude dos Estados Unidos da América melhor do que Charlie. Ele era amado e admirado por TODOS, especialmente por mim, e agora não está mais entre nós. Melania e eu enviamos nossas condolências à sua bela esposa Erika e à família. Charlie, nós te amamos!”, escreveu o presidente.

Além de influenciador, Kirk fundou a Turning Point Faith, um braço político que tem como objetivo mobilizar comunidades religiosas em questões conservadoras. Ele também escreveu livros sobre a doutrina MAGA e a "banalização do ensino superior".

O ativista de extrema-direita ficou famoso por seus debates com microfone aberto que reuniam milhares de pessoas, apoiadores ou pessoas que queriam participar. Esses encontros foram chave para o crescimento da popularidade de Trump entre os jovens, durante a corrida eleitoral do ano passado. Seus shows Prove me Wrong e The Charlie Kirk Show foram palco de muitas falas consideradas racistas, homofóbicas, misóginas, xenofóbicas ou polêmicas, como quando ele comparou o aborto ao holocausto.

 

Charlie Kirk durante um de seus famosos debates, o Prove me Wrong  Foto: Jackson Stanley/The Battalion
Charlie Kirk durante um de seus famosos debates, o Prove me Wrong 
Foto: Jackson Stanley/The Battalion

Acima de tudo, Kirk defendia a proteção das leis pró-armamento e, durante um de seus debates, chegou a dizer que algumas mortes de inocentes por ano são um bom preço a se pagar para garantir a liberdade do porte de arma no país. Ironicamente, sua morte o tornou mais uma das vítimas diárias da crescente violência armada nos EUA. Sua luta contra o controle armamentista no país faz coro com um poderoso lobby responsável pelos atuais 98 casos de incidentes com armas de fogo em escolas dos Estados Unidos - que já tiraram a vida de 31 pessoas, segundo o Everytown Research and Policy.

 

Episódio violento comandado por Pinochet em 1973 tem efeitos até os dias atuais
por
Daniella Ramos
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11/09/2025 - 12h

No último Domingo, 7, organizações de familiares de vítimas da ditadura do general Augusto Pinochet se reuniram para relembrar o golpe que completaria 52 anos na quinta-feira. Em meio ao frio e à chuva, marcharam por Santiago.

Em 11 de Setembro de 1973, foi instaurada uma ditadura militar no Chile, acabando com o regime constitucional democrático. O socialista Salvador Allende era o presidente do país quando Pinochet tomou o poder.

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Intervenção artística que procura retratar a época em que Pinochet tomou o poder. Foto: Daniella Ramos

 

A disputa para presidência foi acirrada entre o socialista Allende e Jorge Alessandri, candidato da direita. A Constituição chilena previa a necessidade de maioria dupla no voto popular e no Congresso, para isso foram necessárias difíceis negociações, que culminaram com a confirmação do nome de Allende no Parlamento, apensar da tentativa de intimidação dos opositores, com o assassinato do comandante-chefe das Forças Armadas chilenas, René Schneider.

Havia uma separação onde a Democracia Cristã, aliada ao partido Nacional, de extrema direita, controlava o Congresso enquanto a Unidade Popular, representante dos setores mais populares, controlava o Poder Executivo. Logo teve início uma grande violência entre os grupos mais extremistas, chegando até a camada de pessoas comuns. Como o grupo extremista de direita Patria y Libertad tinha apoio da CIA, exército e marinha chilena, acabou conseguindo mais votos nas eleições parlamentares fazendo com que Allende tivesse minoria no Congresso.

Os grupos de ultradireita tentaram de todas as formas derrubar o governo, mas fracassaram pelo apoio que Salvador Allende tinha da população. Chegou a ser sugerido estado de sítio pelo Comandante-Chefe das Forças Armadas, Carlos Prats, que dizia que iria controlar a violência da direita e esquerda que se espalhava pelo país. 

O estado de confronto iniciado por Patria y Libertad teve o primeiro ato terrorista em parceria com oficiais sediciosos da marinha chilena, resolveram cortar todas as mangueiras que abasteciam os principais postos de gasolina de Santiago. O que ocorreu no mesmo horário em que o ajudante de ordens de Allende foi assassinado com objetivo de impedir a obtenção de informações sobre o meio militar pelo governo. 

O golpe foi articulado por oficiais da Marinha, da Força Aérea e do exército chileno com financiamento do governo dos Estados Unidos. A ditadura militar chegou a durar 17 anos com 3.200 mortes.

O general Augusto Pinochet tomou o poder junto ao vice-almirante da marinha, José Toribio Merino, e ao comandante da força aérea, Gustavo Leigh. 

Naquela terça-feira de setembro, às 7h30 já estava no início do golpe e Allende foi para o Palácio de La Moneda (Palácio Presidencial). Às 12h os aviões da Força Aérea Chilena começaram a bombardear a sede do governo por 15 minutos e Allende foi encontrado morto após cometer suícidio enquanto o golpe começava no centro da capital chilena, Santiago.

Em 2025, o Chile encara o período que passou como uma das mazelas sociais e, assim como o Brasil, fez o Comitê da Verdade e Reconciliação para punir adequadamente os torturadores.

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As comissões da Verdade identificaram 153 executados políticos ou assassinados em protestos; 40 detidos desaparecidos e 2.200 presos políticos e torturados. Foto: Daniella Ramos

 

Em Santiago existe o Museu da Memória e dos Direitos Humanos, que documenta as violações de direitos humanos durante a ditadura de Pinochet e homenageia as vítimas com seus itens e de seus familiares. O museu foi inaugurado em 2010 para promover a reflexão, sendo organizado em exposições permanentes, temporárias, centro de documentação e eventos educacionais. 

Entre tudo que está exposto no museu, tem cartas de crianças aos pais que foram presos e mortos na ditadura. Em uma das cartas, uma menina chamada Lulú junto a sua mãe, Cristina, escrevem o que estão fazendo, quais desenhos Lulú assiste e a criança ainda ressalta não gostar de ver a mãe sozinha mas que ambas tem a esperança de encontrá-lo logo. Enviam a ele a carta e um macaco de pelúcia torcendo para que ele se encontre bem e dê algum retorno por carta. 

“Querido papai, espero que esteja bem. Olha papai vemos na televisão os programas que eu gosto, são: “la gata que dice mi” [hello kitty]. Papai, um coração, um coração que disse tis tas, música livre e Pin Pon. Pin Pon é um boneco muito fino e de cartola, lava sua cara com água e com sabão. De Talcahuano nós queremos ir ao campo, queremos estar com a Betty porque me dá muita pena que minha mamãe esteja só, ela nos disse que não vamos mais ficar sozinhas e que devemos seguir estudando muito para te esperar sempre. 

Te amo muito papai, espero que você goste do macaco que te mandamos, nós vamos tirar uma foto para te mandar.

Tchau amor, recebe todo meu carinho. Tchau papai coração.

Abraço para você. De sua filha Lulú.

Me escreva carinho.

Papai lindo.

Cristina Elena Alegria Sato".

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Carta exposta no Museu dos Direitos Humanos no Chile. Foto: Daniella Ramos

O Chile foi um dos poucos países a se preocupar em expor e punir os responsáveis pelo regime militar que enfrentaram, mantendo vivo no dia a dia dos chilenos a importância desse fato histórico não se repetir. Uma forma de divulgarem e relembrarem como foi o período de 1973 a 1990 é o acervo do Museu, que tem entrada gratuita e fica na estação Quinta Norma da linha verde do metrô em Santiago.  

O atual presidente do Chile, Gabriel Boric, declarou em 11 de Setembro de 2024 que iria revogar um projeto de lei que está parado no Congresso desde 2014 para a anistia de quem cometeu crimes contra os direitos humanos, visando reforçar o cumprimento da democracia e direitos humanos. 

Cerimônia celebra derrota japonesa na Segunda Guerra Mundial e revela poderio bélico chinês
por
Daniela Vicente Cid
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11/09/2025 - 12h

A cerimônia, que aconteceu no último dia 3, comemora o que os chineses chamam de “Guerra de resistência contra a opressão japonesa e luta antifascista mundial” e teve como ponto alto a apresentação do grande arsenal de tanques de guerra, aviões, mísseis e outros armamentos de alta tecnologia que a China possui.

Mais de 20 chefes de Estado foram recebidos na capital, entre eles Vladmir Putin e Kim Jong-un, que protagonizaram as principais imagens e comentários publicados em veículos internacionais sobre o evento, posicionados sempre ao lado de Xi Jinping retratando, estrategicamente, um novo eixo político de parceiros com grande arsenal bélico.

Representando o Brasil, estavam Celso Amorim, assessor especial da presidência para assuntos internacionais e Dilma Roussef, ex-presidenta do Brasil e atual presidenta do Banco dos BRICS.  

Segundo Rafael Abrão, doutor em economia política e professor de relações internacionais na PUC-SP, o desfile foi motivo de orgulho para o povo chinês que, em 80 anos, saiu da extrema pobreza para um cenário de disputa pelo título de maior potência mundial com os Estados Unidos. 

O evento também como reforço da narrativa construída pela China como um país forte e resiliente frente às agressões estrangeiras do passado e do presente, de acordo com Rafael. Enquanto a Casa Branca usa ataques tarifários contra inimigos, a China segue firme no objetivo de reanexar Taiwan, o que não só reunifica o país, mas também garante acesso ao mar onde estão as bases militares americanas.  

Fila de líderes estrangeiros que participaram da celebração. Foto/Imprensa do Presidente do Azerbaijão.
Fila de líderes estrangeiros que participaram da celebração. Foto: assessoria do presidente do Azerbaijão. 

Exibição de novos armamentos bélicos

Para Augusto Rinaldi, Doutor em Ciência Política e também professor na PUC-SP, além da celebração histórica, o desfile comunica que hoje a China, além de potência econômica e tecnológica, é também uma potência militar. Ele destaca a demonstração de que os equipamentos militares chineses hoje contam sobretudo com tecnologia nacional. “Isso não só fortalece a independência da China de fornecedores externos, como também aponta que seus armamentos rivalizam com os das potências ocidentais e da Rússia, em termos de sofisticação. Os mísseis hipersônicos e os drones avançados apontam nesse sentido.” – detalha. 

 

Logo utilizada para a Conferência de comemoração no 80º aniversário de vitória na Guerra de resistência contra a opressão japonesa e luta antifascista mundial, em 2025. Foto: Reprodução/República Popular da China.
Logo utilizado para a Conferência de comemoração no 80º aniversário de vitória na Guerra de resistência contra a opressão japonesa e luta antifascista mundial, em 2025. Foto: Reprodução/República Popular da China.  

De colônia à potência mundial

As festividades coincidem com os 80 anos das bombas nucleares que os Estados Unidos jogaram nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagazaki, sob o discurso de frearem o imperialismo japonês em vários países da Ásia, principalmente na China. O professor Rafael explica que este período de colonização faz parte do que os chineses chamam de “século da humilhação”, uma era marcada por violência extrema contra mulheres, trabalho forçado e fome, gerados tanto pela Europa quanto pelo império japonês. Estes conflitos deixaram uma marca na relação diplomática entre os países. Depois da revolução de 1949, os chineses definiram como meta retomar seu lugar no mundo e, após 80 anos, isso é exatamente o que um desfile como este busca mostrar.  

Rafael esteve na China a convite do governo chinês e conta que em sua experiência notou a disparidade entre o acesso das novas gerações a produtos de artigos de luxo, enquanto seus avós relembram épocas em que passavam fome. “Muita gente se questiona se todo mundo apoia o governo chinês, e obviamente que não, mas é muito difícil não apoiar quando a vida vai melhorando tão aceleradamente.”, pondera. “O que estamos vendo é uma mudança. A Ásia se tornando o centro dinâmico da economia mundial.”, conclui. 

Relação com o Ocidente

Para o professor Augusto , além da celebração, o evento consolidou um segundo eixo geopolítico entre China, Rússia, Coreia do Norte e Índia, por meio da presença de seus líderes na celebração, em um movimento que desafia a hegemonia dos Estados Unidos.

Os próprios comentários de Donaldo Trump em sua rede social Truth Social, durante o evento em Pequim, mostraram esta percepção pelo lado americano. Em sua postagem, o presidente dos Estados Unidos faz referência à participação americana no fim da Segunda Guerra Mundial como um "grande auxílio" à libertação da China contra o Japão, e que esperava ser mencionado durante a cerimônia em Pequim. Por fim, o mandatário saúda os líderes da Rússia e da Coréia do Norte, logo antes de mencionar o encontro de ambos com Xi Jinping como uma conspiração. 

Líderes da China, Rússia e Coréia do Norte juntos na celebração em Pequim 2025. Foto: RAO AIMIN/EFE/EPA
Líderes da Rússia, China e Coréia do Norte juntos na celebração em Pequim 2025. Foto: RAO AIMIN/EFE/EPA

Rafael acredita, entretanto, que a China assume uma postura pacifista diante deste cenário, ainda que interessada em desenvolver uma estrutura global multipolar, de modo a se tornar uma grande parceira de países que estão sendo afetados pelas barreiras impostas pelo atual governo americano, como é o caso do Brasil. 

Ele também explica que o Brasil de hoje tem a China como principal parceiro comercial e, para que o país se beneficie desta multipolarização global, será preciso ter um plano claro de desenvolvimento a fim de saber quais investimentos exteriores serão prioritários. 

Já para Augusto, o país precisará se posicionar com cautela em relação aos Estados Unidos.

 

Ataque televisionado, silenciamento de jornalistas e fome declarada na região palestina
por
Maria Mielli
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29/08/2025 - 12h

O complexo médico Nasser, um dos maiores e um dos últimos hospitais em funcionamento no sul da faixa de Gaza, foi alvo de dois bombardeios seguidos na manhã da última segunda-feira (25). O double tap strike (ataque duplo), é uma tática militar que tem como objetivo atacar duas vezes o mesmo local para intensificar o número de vítimas. 

O segundo ataque foi televisionado enquanto a emissora local mostrava ao vivo a tentativa de resgate dos sobreviventes feridos ainda no primeiro bombardeio. A ofensiva deixou ao menos 20 pessoas mortas, incluindo 5 jornalistas: Mariam Riyad Abu Dagga, 33 anos; Moaz Abu Taha, 27 anos; Mohammad Saber Ibrahim Salama, 24 anos; Husam Al-Masri, 49 anos; Ahmad Salama Abu Aziz, 29 anos. 

A “arma” que o governo de Israel mais teme são as câmeras dos jornalistas que lutam dia a dia para denunciar os horrores que o exército israelense comete em mais de dois anos de genocídio.

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Mariam Riyad Abu Dagga; Moaz Abu Taha; Mohammad Salama; Husam Al-Masri e Ahmad Abu Aziz / Foto: Reprodução Stop Murdering Journalists

Segundo o site Stop Murdering Journalists, cerca de 300 jornalistas foram mortos por tropas israelenses. Em pronunciamento oficial divulgado no site da rede de notícias Al-Jazeera, na qual o fotojornalista Mohammad Salama trabalhava, a emissora repudiou os ataques e os classificou como “uma intenção clara de enterrar a verdade”.

Em entrevista para a AGEMT, o historiador Mateus Orantas afirmou que o mundo está assistindo a um holocausto dos palestinos e que, assim como foi durante a segunda guerra, a propaganda ainda é a maior arma a favor do opressor. “A propaganda anti Palestina e pró Israel é muito forte, mas hoje, temos a internet que faz com que a globalização seja mais intensa e acaba nos mostrando a realidade…porém por causa dos algoritmos e de quem comanda as redes, você só vai ter conhecimento do que está acontecendo, se seguir as páginas certas” declara. 

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Desespero palestino para tentar se alimentar / Foto: reprodução Instagram Ahmed Nofal
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Na última quarta-feira (27), Ramiz Alakbarov, coordenador especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Processo de Paz no Oriente Médio, afirmou em reunião do Conselho de Segurança (CSNU), que Gaza “está afundando cada vez mais em um desastre”. Segundo Ramiz, as consequências da crise – gerada por Israel – são os volumosos números de vítimas civis, deslocamento em massa e a fome, que é uma verdadeira arma de guerra. 

Uma análise realizada pela Classificação Integrada de Segurança Alimentar (IPC), formada por várias agências humanitárias internacionais, classifica a fome na região palestina como sendo de nível máximo. 

Outros 1,07 milhão de pessoas estão em estado de emergência. Segundo este estudo, os números devem piorar ainda mais nos próximos meses. É esperado que a desnutrição se expanda para cidades do sul da Faixa de Gaza, como Deir al-Balah e Khan Younis, deixando quase um terço da população em estado catastrófico (nível 5 IPC). A previsão ainda afirma que até junho de 2026, pelo menos 132 mil crianças menores de cinco anos sofram com a escassez de alimentos.

O coordenador de ajuda emergencial das Nações Unidas, Tom Fletcher, ressaltou que por trás desses números alarmantes, existem vidas – filhos, filhas, mães, pais e todo um futuro que foi interrompido. “Esta fome não é produto de uma seca ou algum tipo de desastre natural. É uma catástrofe criada ", esclareceu Fletcher em documento divulgado pelo Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA). A declaração pede, majoritariamente, a cessação imediata das hostilidades em Gaza; a libertação de todos os reféns e a proteção de civis; e infraestrutura crítica e funcional. O coordenador finaliza dizendo que apesar de ter havido um certo aumento na ajuda humanitária, ainda há muito o que ser feito. “Ainda há tempo para agir”.

 

 

Iniciativa coordenada pelo sindicato da categoria em São Paulo busca justiça pelos colegas de profissão mortos pelo exército israelense
por
Marcelo Barbosa P.
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29/08/2025 - 12h

Na última quinta-feira (28), o Sindicato dos jornalistas profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) realizou uma manifestação contra o assassinato dos profissionais de imprensa pelo Estado de Israel. O evento ocorreu em frente ao prédio da CNN, na Avenida Paulista, em São Paulo.

A mobilização foi anunciada nas redes sociais na quarta-feira (27).  “A manifestação desta quinta-feira tem como objetivo exigir a interrupção das operações militares israelenses e do genocídio do povo palestino e que termine imediatamente a matança de jornalistas pelo Estado de Israel. As autoridades israelenses civis militares responsáveis pelos assassinatos de profissionais da mídia precisam ser punidas.” afirmam na publicação. O post se refere aos dois ataques feitos a um hospital em Gaza, ocorridos na segunda (25), que resultaram na morte de cinco jornalistas, além dos profissionais da saúde.

O ato começou por volta das 17h. A princípio, havia poucos manifestantes, mas gradualmente mais pessoas se juntaram ao protesto. Os cidadãos chegaram com bandeiras e placas na mão, enquanto gritavam: “Palestina Livre”. 

Lilian Borges, uma assistente social especializada em pessoas em situação de rua, que participa da Frente Palestina São Paulo, marcou presença e afirmou que um dos principais motivos para ir protestar é por considerar desumano o que ocorre em Gaza. “Cabe a nós, como humanos, ajudar a eles neste momento difícil que estão vivendo. Então, eu acho que toda população deveria estar aqui. Além disso, exigimos que o presidente Lula rompa as relações diplomáticas e comerciais com Israel e, principalmente, que a gente pare de mandar petróleo para lá, já que isso ajuda a financiar o poder bélico deste Estado.”

 

Lilian Borges segura uma bandeira/ Reprodução: Marcelo Barbosa
Lilian Borges segura uma bandeira/ Foto: Marcelo Barbosa

 

Breno Altman, jornalista fundador do site de notícias Opera Mundi, afirma que o assassinato aos jornalistas foi um crime planificado por Israel. Sobre a ótica de Bruno, o ocorrido foi ocasionado para que o acesso à informação fosse dificultado e que outros países não tivessem acesso ao que ocorre em Israel. “Eles não querem que relatos e imagens cheguem ao mundo, já que comprovaria o genocídio que o regime sionista está fazendo.”.

 

Apesar da diferença, Mohamad Saimurad uniu-se ao amigo palmeirense para ir à manifestação
Apesar das diferenças, o corinthiano Mohamad Saimurad uniu-se ao amigo palmeirense pela causa palestina/ Reprodução: Marcelo Barbosa


Encostado em uma parede, Mohamad Saimurad, diretor de uma escola, vestia uma camisa do Corinthians e, acompanhado do amigo palmeirense, protestava. "O sionismo é uma ideologia europeia, colonizadora e racista. Eu me pergunto por que a humanidade está em silêncio. Então, eu estou aqui para ver se a humanidade acorda em relação ao Estado genocida de Israel".

O pronunciamento público teve apoio, além dos organizadores, do Coletivo Shireen Abu Akle de Jornalistas Contra o genocídio, da Federação Árabe-palestina do Brasil (Fepal), Frente Palestina de São Paulo e Núcleo Palestina do PT.

A Republica Democrática do Congo - herança colonial em meio a sangue e cobalto.
por
Pedro Bairon
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16/06/2025 - 12h

 

“Da borracha à maçã” é um documentário que traça a longa linha de continuidade entre a violência colonial imposta ao Congo e os horrores da guerra civil que ainda hoje assombram o país. A partir da exploração genocida promovida pela Bélgica no século XIX, o filme revela como as feridas abertas pelo colonialismo jamais cicatrizaram — apenas se transformaram em novas formas de conflito, exclusão e disputa por poder.

O documentário mergulha nas causas históricas e étnicas da guerra civil congolesa, dando atenção especial à tensão entre tutsis e hutus, grupos marcados por rivalidades que ultrapassam fronteiras e carregam os traumas do genocídio em Ruanda. A entrada de milícias hutus no leste do Congo após 1994, e a resposta armada dos tutsis, reacenderam conflitos internos, arrastando a população civil para o centro de uma guerra prolongada, brutal e muitas vezes esquecida pelo olhar internacional.

“Da borracha à maçã” não é apenas um registro de tragédias; é uma crítica à forma como a história se repete quando as raízes da violência são ignoradas. Mostra que o mesmo sistema que arrancou borracha das florestas a golpes de chicote, e que hoje arranca cobalto das minas congolesas, deixou um legado de instabilidade, impunidade e sofrimento. Um chamado à memória e à justiça, diante de um conflito que não começou nos anos 1990 — mas sim nos porões do colonialismo europeu

 

Duração: 26:10 

Autor: Pedro Bairon 

Para visualizar o documentário acesse o link:  

.https://youtu.be/kqtTs-vZCwo

Voluntários foram vítimas de sequestro ilegal em alto mar
por
Maria Mielli
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11/06/2025 - 12h

Nesta segunda-feira (9), o barco Madlen — batizado em homenagem a primeira e única mulher pescadora de Gaza — que levava Greta Thunberg, Thiago Ávila e outros ativistas ligados à organização Coalizão Flotilha da Liberdade foi interceptado e sequestrado pelas forças israelenses.

Os voluntários, que tinham como missão romper o bloqueio de Israel a faixa de Gaza e transportar ajuda humanitária até o povo palestino, foram alvos de drones e soldados que impossibilitam a chegada de qualquer tipo de ajuda à região. 

“A conexão foi perdida no Madleen. O exército israelense abordou o navio” foi a última mensagem dos ativistas, em seu canal de comunicação no Telegram. 

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Bombardeio no dia 1 de junho em Gaza/ Foto: Jehad Alshrafi
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Terça-feira (10), o Ministério das Relações Exteriores, afirmou que Thiago Ávila já chegou ao aeroporto de Tel Aviv (Israel) e conta com o apoio da embaixada brasileira que assiste o caso de perto. O esperado era que ele e os demais ativistas fossem deportados para seus respectivos países, mas até o momento da publicação dessa matéria, Thiago e outros 8 voluntários, como a deputada franco-palestina Rima Hassan, seguem sob prisão política de Israel. Greta foi a única verdadeiramente deportada. Os demais se recusaram a assinar o termo proposto pelos israelenses e foram enviados para prisão em Givon. Thiago aderiu greve de fome e Rima foi enviada a confinamento solitário após escrever "Palestina livre" em parede da prisão. 

“Eles cometeram um ato ilegal nos sequestrando em águas internacionais e contra nossa vontade nos trazendo para Israel, nos mantendo no fundo do barco, não nos deixando sair e assim por diante. Mas essa não é a história real aqui. A verdadeira história é que há um genocídio acontecendo em Gaza e uma campanha de fome sistemática” afirma a ativista Greta, em vídeo divulgado pela Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal).

Em janeiro deste ano, o site de notícias BBC, apurou que, até então, o número de palestinos mortos passava da casa dos 46 mil. Fora a destruição local, no qual diversos hospitais e escolas, e seus respectivos frequentadores (crianças e profissionais da saúde) foram também vítimas dos ataques de Israel. 

A guerra que dura mais de 2 anos é marcada por ser uma das mais violentas e desonestas da história, repleta de crimes de guerra. Israel não ataca somente os palestinos, mas também aqueles que demonstram apoio e/ou estão tentando exercer seu trabalho, como é o caso da imprensa. Em abril deste ano, durante a madrugada, tendas de imprensa do hospital Nasser, localizado no sul da Faixa de Gaza, foram vítimas de bombardeios. O ataque assassinou os jornalistas Helmi al-Faqawi e Yusef al-Jazindar e deixou outros sete feridos. 

Fatma Hassona, fotojornalista palestina responsável por divulgar diversas barbáries, foi outra vítima do exército israelense e morreu ao lado de nove membros da sua família. O cineasta Hamdan Ballal, co-diretor do documentário vencedor do Oscar No other land — que expõem as vivências dos palestinos — foi vítima de um sequestro que o deixou algemado por uma noite sendo torturado numa base militar, segundo o colega e diretor do filme, Yuval Abraham. 

O jornalista palestino Ahmed al-Naouq, em entrevista realizada no dia 3 de junho ao canal Piers Morgan Uncesored, afirmou: “Essa não é uma guerra religiosa. É uma guerra entre colonização e colonizados. Entre ocupantes e um povo sob ocupação”. Para o presidente da Fepal, Ualid Rabah, esse genocídio é a maior matança de crianças desde a Segunda Guerra. Ainda em recentes postagens, a federação emitiu uma nota oficial no Instagram: "Se a humanidade parou a Alemanha nazista e destruiu seu regime, é nosso dever histórico parar o Israel sionista e destruir seu regime".

Para brasileiro, governo quer causar um estrago imediato na vida dos estrangeiros
por
Tamara Ferreira
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03/06/2025 - 12h

 

No dia 11 de abril, o governo dos Estados Unidos enviou uma carta a Harvard exigindo uma reforma administrativa, auditorias com dirigentes, professores e alunos, além do encerramento dos programas de diversidade, equidade e inclusão. A Casa Branca também determinou a proibição do uso de máscaras — uma medida vista como direcionada aos protestos pró-Palestina, os quais têm sido tratados pelo governo como manifestações movidas por antissemitismo.

Três dias depois, foram congelados os contratos e subsídios federais da instituição, bloqueando cerca de US$2,3 bilhões (13,5 bilhões de reais). No mesmo dia, Alan Garber, presidente da universidade, declarou que as exigências extrapolam os direitos garantidos pela Primeira Emenda da Constituição dos EUA.

“Nenhum governo — independentemente do partido que estiver no poder — deve ditar o que universidades privadas podem ensinar, quem podem admitir ou contratar, e quais áreas de estudo e pesquisa podem seguir”, disse Garber em um comunicado para os alunos. “Esses objetivos não serão alcançados por meio de imposições de poder, desvinculadas da lei, para controlar o ensino e a aprendizagem em Harvard e ditar como operamos”, completou. 

Pessoas protestando contra as medidas do governo Trump.
Pessoas protestando contra as medidas do governo Trump. Foto: REUTERS/Nicholas Pfosi

Ainda em abril, o Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS) afirmou que Harvard poderia perder a autorização para matricular estudantes estrangeiros caso não cumprisse as exigências do governo Trump. Na época, a secretaria do DHS enviou uma carta à universidade exigindo que, até o dia 30 daquele mês, fosse apresentado o registro das chamadas 'atividades ilegais e violentas' praticadas por estudantes estrangeiros com visto. Caso contrário, Harvard perderia o privilégio de matricular novos alunos internacionais.

Na carta enviada à instituição, o DHS declarou: “E se Harvard não puder comprovar que está em total conformidade com seus requisitos de notificação, a universidade perderá o privilégio de matricular estudantes estrangeiros”.

No dia 22 de maio, o governo Trump cumpriu a ameaça e cancelou a certificação do Programa de Estudantes de Intercâmbio de Visitantes da universidade. Com isso, ficou impedida de matricular novos alunos estrangeiros, e cerca de 6,8 mil estudantes internacionais, que representam 27% dos alunos da universidade, foram orientados a buscar transferência para outras instituições.

Um dia depois, após Harvard entrar com uma ação contra o governo, a Justiça dos Estados Unidos decidiu derrubar a proibição. Com isso, os estudantes já matriculados e os novos ingressantes voltaram a ter autorização para obter o visto de estudante no país.

Em entrevista à AGEMT, Danilo Linhares, estudante de Direito de Harvard, afirmou que o objetivo da proibição é causar um estrago imediato nas universidades. “A ilegalidade da medida é tão gritante que é difícil acreditar que o próprio governo ache que tem chance real de vencer na Justiça. Mas acho que o objetivo deles nem é exatamente ganhar. É causar um estrago imediato — muita universidade menor não tem recursos nem disposição para comprar essa briga nos tribunais e, talvez, acabe cedendo às exigências."

Donald Trump justificou as medidas afirmando que Harvard “perdeu o rumo” e que a universidade “só ensina ódio e estupidez”. 

Nas audiências realizadas nos dias 27 e 29 de maio, a juíza Allison Burroughs prolongou a suspensão da decisão do governo, permitindo que Harvard continue recebendo estudantes internacionais até que os dois lados apresentem seus argumentos no tribunal.

Robert Francis Prevost é anunciado como novo papa em cerimônia
por
Maria Clara Palmeira
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29/05/2025 - 12h

Nesta quinta-feira (08), a fumaça branca da Capela Sistina anunciou ao mundo o fim do conclave e a escolha do novo líder da Igreja Católica. Poucos minutos depois, o cardeal norte-americano Robert Francis Prevost foi apresentado como Papa Leão XIV. A escolha surpreendeu e gerou debates globais, especialmente por Prevost ser o primeiro papa americano da história.
“Estamos falando de um Papa estadunidense, que é um país com tradição protestante. Acho curioso, especialmente no atual contexto geopolítico”, comentou Giulia Siqueira, ex-aluna de Psicologia da PUC-SP. A nacionalidade do novo papa levantou questionamentos sobre sua postura diante dos conflitos e tensões internacionais, como a recente volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos.

Papa Leão XIV acenando para os fiéis.
Papa Leão XIV quando ainda era cardeal. Reprodução: Riccardo De Luca


Para muitos, a eleição de Leão XIV representa uma continuidade da linha progressista iniciada por Francisco. “Eles mantiveram a ideia de um Papa que apoia causas sociais”, afirmou Joab, aluno da PUC-SP. Ele espera que o novo pontífice mantenha o diálogo aberto com minorias e continue a defender pautas como o combate à pobreza.
Giulia reforça a importância de uma liderança religiosa conectada às urgências sociais. “É interessante que o Papa atue como resistência aos extremos. O papel dele é se colocar à disposição do povo e não acima dele.” Entre as prioridades de seu pontificado, ela aponta as tensões no Oriente Médio, os conflitos na Europa e os direitos da comunidade LGBTQIA+.

Papa Leão XIV acenando para os fiéis. Reprodução: Vatican Media
Papa Leão XIV acenando para os fiéis. Reprodução: Vatican Media


Apesar de não representar oficialmente seu país, Leão XIV carrega consigo a simbologia de uma liderança americana em um cenário global conturbado. “Ele pode ajudar a descentralizar e descolonizar o olhar da Igreja sobre o mundo. Espero que se posicione de forma ativa sobre os conflitos e ajude a educar para a paz”, finaliza Giulia. Com um cenário internacional delicado, as decisões de Papa Leão XIV serão observadas com atenção por fiéis, políticos e líderes de todo o mundo.

Região da Caxemira é reivindicada há mais de sete décadas pelos dois países e concentra interesses estratégicos globais, inclusive da China
por
Chloé Dana
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25/05/2025 - 12h

          Na terça-feira do dia 6 de maio, as autoridades indianas afirmaram que realizaram bombardeios em nove locais que hospedam terroristas na Caxemira controlada pelo Paquistão. O Paquistão, por sua vez, apresentou uma narrativa distinta: informou que houve ataques aéreos em seis áreas, todos voltados a alvos civis, resultando em oito mortes, incluindo a de uma criança. O governo paquistanês comunicou aos meios de comunicação que conseguiu derrubar cinco aeronaves e um drone indiano. O governo indiano responsabilizou o Paquistão, que negou estar envolvido. Os bombardeios foram desencadeados após um ataque que ocorreu em abril na Caxemira indiana, onde 26 vidas foram perdidas devido a uma ação armada em uma área turística. 
As Forças Armadas do Paquistão, na véspera, reivindicaram a destruição de cinco caças indianos na porção da Caxemira sob administração de Nova Délhi. Embora as autoridades indianas não tenham confirmado oficialmente as perdas, uma fonte ligada às forças de segurança, que preferiu não se identificar, informou que três aeronaves militares foram abatidas.

          Ao conversar com o cientista político e ex-professor de Relações Internacionais na UERJ, FGV e Candido Mendes, Maurício Santoro, o profissional nos explica sobre a crescente do conflito da Caxemira desde 1947, as políticas que os países confrotam nos dias atuais e como podemos entender melhor essa história. Veja a reportagem