Após a breve candidatura do atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em agosto o Partido Democrata anunciou Kamala Harris para assumir a corrida à Casa Branca. Um mês depois do anúncio, a chapa democrata indicou Tim Walz, atual governador do estado de Minnesota, como vice-presidente da chapa.
Natural da zona rural do estado conservador Nebraska, Tim Walz tem 60 anos e é um ex-veterano. Se alistou à Guarda Nacional do Exército aos 17 anos, onde serviu por 24 anos, até se aposentar como sargento em 2005.
É formado em Ciências Sociais, tendo lecionado Geografia por um ano na China, na época do massacre da Praça da Paz Celestial. O evento foi marcado pela morte de milhares de pessoas, após manifestações exigindo reformas políticas e o fim da corrupção no país.
Walz também foi professor na Dakota do Sul em 1994, uma das regiões mais pobres do país, onde conheceu sua esposa, Gwen Walz, com quem tem dois filhos. Além do ensino, Walz atuou como treinador na Mankato West High School, em Minnesota. Como técnico, colaborou para a criação de um programa de futebol americano que levou a escola ao seu primeiro campeonato estadual.
Carreira na política
Em 2005, Tim Walz entrou na política e concorreu ao Congresso pelo Partido Democrata, onde conquistou uma cadeira na Câmara em 2006. Após seis mandatos, tornou-se governador de Minnesota em 2018 e foi reeleito em 2022.
Durante os 12 anos atuando no Congresso foi considerado uma figura controversa. Como congressista votou a favor do Affordable Care Act (Lei de Proteção ao Paciente e Assistência Acessível), regulamentação que ficou popularmente conhecida como Obamacare, que tinha como objetivo permitir que mais pessoas pudessem ter acesso aos planos de saúde. Além de apoiar medidas pró-trabalhistas, incluindo um projeto de lei para aumentar o salário mínimo, e também uma iniciativa mal sucedida de teto e comércio de emissões para reduzir as emissões de carbono.
Entretanto, apesar dos votos considerados de viés democrático, também encontrou pontos em comum com os republicanos. Foi a favor do financiamento das guerras no Iraque e no Afeganistão. Também apoiou uma verificação mais rigorosa de refugiados para que pudessem entrar nos Estados Unidos.
Durante seu segundo mandato como governador foi duramente criticado após a morte de George Floyd, um homem negro que foi sufocado por um polical branco em Minneapolis, cidade do estado governado por Walz. Depois da morte de Floyd, diversos protestos aconteceram por Minnesota. O governador foi alvo de críticas por demorar a mobilizar a Guarda Nacional e também foi acusado de supostamente não investigar um esquema de fraude de US$250 milhões de dólares na era da pandemia em seu estado.
Grande defensor dos direitos das pessoas LGBTQ+, em abril de 2023 Tim Walz chegou a fazer de Minnesota um refúgio para jovens vindos de outros estados para fugir dos chamados tratamentos de reorientação e terapias de conversão.
Em seu tempo livre, Tim Walz não esconde o interesse por caçar e pescar. Caso ganhe a Corrida à Casa Branca junto de Kamala Harris, será o primeiro democrata não intelectual desde Jimmy Carter, 39° presidente dos Estados Unidos que era fazendeiro.
Kamala Devi Harris nasceu em Oakland, Califórnia, em 20 de outubro de 1964, filha de imigrantes que marcaram profundamente sua trajetória pessoal e profissional. Sua mãe, Shyamala Gopalan, era uma pesquisadora de câncer de mama indiana, e seu pai, Donald Harris, é um economista jamaicano, professor emérito de economia da Universidade de Stanford. Harris cresceu ao lado de sua irmã, Maya Harris, que também seguiu uma carreira de destaque como advogada e figura política.
Durante sua infância, Harris se mudou para Montreal, no Canadá, onde sua mãe lecionava na McGill University. Foi lá que concluiu o ensino médio. Após essa temporada no Canadá, retornou aos Estados Unidos para cursar ciências políticas e economia na Howard University, uma universidade historicamente negra em Washington, D.C. Posteriormente, formou-se em direito na University of California, Hastings College of the Law, em San Francisco. Kamala é casada com o advogado Doug Emhoff e não tem filhos.
Carreira jurídica
Kamala Harris iniciou sua carreira jurídica em 1990, como procuradora-geral adjunta no condado de Alameda, Califórnia, onde atuou até 1998. Em seguida, trabalhou na divisão criminal do Escritório da Procuradoria-Geral de São Francisco, até que, em 2003, foi eleita procuradora-geral de São Francisco, tornando-se a primeira mulher negra a ocupar essa posição. Ela foi reeleita em 2010 e, logo depois, foi eleita procuradora-geral da Califórnia, função que exerceu com destaque até 2014, quando foi reeleita.
Sua atuação como procuradora-geral da Califórnia a trouxe grande visibilidade, especialmente por seu rigor no combate a fraudes hipotecárias durante a crise imobiliária. Harris liderou um acordo bilionário com cinco grandes bancos dos EUA para compensar os californianos prejudicados pela bolha imobiliária. Além disso, ela lançou iniciativas para combater o tráfico de pessoas e a violência doméstica, ampliando as proteções para as vítimas desses crimes.
Apesar de sua imagem progressista, sua carreira jurídica também foi marcada por controvérsias. Kamala enfrentou críticas pela sua postura rígida em relação ao encarceramento em massa, principalmente de minorias. Sua defesa de sentenças rigorosas para crimes não violentos relacionados às drogas e a hesitação em investigar má conduta policial tornaram-se alvos de protestos de ativistas de direitos civis.
Outro ponto controverso foi sua decisão de defender, em tribunal, a prática de trabalho prisional forçado, argumentando que a redução da força de trabalho carcerária poderia impactar o orçamento do estado. Esses episódios tornaram sua gestão alvo de críticas de ativistas por justiça social e racial, apesar de seus esforços em outras áreas, como a proteção ao consumidor e os direitos das mulheres.
Carreira política
A ascensão política de Kamala Harris começou em 2016, quando foi eleita senadora pelo estado da Califórnia, sucedendo Barbara Boxer. Como senadora, Harris destacou-se como uma voz firme da oposição ao governo de Donald Trump, especialmente em questões relacionadas à imigração, saúde e justiça social. Sua atuação nos comitês de Justiça, Inteligência e Segurança Interna foi crucial em investigações de grande relevância nacional, consolidando sua imagem como uma defensora dos direitos civis.
Harris ganhou notoriedade durante as audiências do Senado, particularmente nas interações com altos funcionários do governo Trump e indicados à Suprema Corte, como o ex-procurador-geral Jeff Sessions e o juiz Brett Kavanaugh. Seu estilo de questionamento incisivo chamou a atenção tanto de democratas quanto de republicanos, fortalecendo sua posição como uma liderança nacional.
Em 2020, Harris tentou disputar a presidência dos Estados Unidos, mas sua campanha enfrentou dificuldades, levando os democratas a optarem por Joe Biden como candidato e Harris foi escolhida como sua vice na chapa presidencial.
A eleição de 2020 resultou na vitória de Biden e Harris, tornando-a a primeira mulher negra, de ascendência indiana e jamaicana, a ocupar o cargo de vice-presidente dos Estados Unidos.
Kamala Harris tem uma relação complexa com o Medicare for All, um projeto de saúde defendido pelo senador Bernie Sanders que visa garantir cobertura universal. Inicialmente, Harris apoiou a proposta e foi coautora da legislação enquanto senadora, destacando-se entre os progressistas por seu envolvimento em políticas de reforma da saúde. Em 2019, durante sua campanha para a presidência, ela parecia abraçar a ideia ao afirmar que o Medicare for All eliminaria as seguradoras privadas, o que atraiu tanto apoio quanto críticas.
No entanto, a posição de Harris mudou com o tempo. A campanha de 2020 revelou dificuldades em manter a postura firme sobre o tema, especialmente diante da resistência de certos setores do eleitorado e de líderes trabalhistas preocupados em perder os planos de saúde negociados com empregadores. Harris, então, propôs um plano que manteria as seguradoras privadas em uma transição mais lenta para o Medicare for All, o que foi criticado por Sanders, que argumentou que essa proposta não representava o verdadeiro espírito do programa.
Essa mudança gerou críticas não apenas dos republicanos, mas também de progressistas, que viram isso como uma forma de Harris suavizar sua postura. Em 2024, a campanha de Donald Trump reviveu essa polêmica, usando a alteração da posição de Harris como um ponto de ataque, acusando-a de ser uma "vira-casaca" em relação ao seu apoio inicial ao Medicare for All. Hoje, Harris apoia melhorias no Affordable Care Act (Obamacare), que é a abordagem defendida por Joe Biden, evitando a ideia original de um sistema de pagador único.
Trump e seus aliados têm se esforçado para usar essa inconsistência para retratar Harris como uma liberal radical e, ao mesmo tempo, alguém que foge das suas próprias posições. Isso se tornou uma parte central da estratégia republicana para enfraquecê-la nas eleições de 2024, reacendendo um debate que muitos pensaram estar encerrado com a vitória de Biden.
Posicionamento político
Kamala Harris construiu sua carreira política com base em posições progressistas, sendo uma defensora fervorosa dos direitos das mulheres, da comunidade afro-americana e da comunidade LGBTQIAPN +. Em 2008, quando atuava como procuradora-geral de São Francisco, Harris teve um momento marcante ao oficializar o primeiro casamento entre pessoas do mesmo sexo na Califórnia, logo após a queda da Proposição 8, que proibia o casamento homoafetivo no estado.
No Senado, ela foi uma voz ativa na defesa da igualdade de gênero e racial, além de apoiar políticas de controle de armas e reforma da justiça criminal. Harris também se posicionou favoravelmente à reforma imigratória, defendendo a criação de um caminho para a cidadania de imigrantes indocumentados e criticando as rígidas políticas de deportação em massa.
Em sua campanha presidencial de 2024, Harris apresentou propostas econômicas focadas na redução dos preços dos alimentos, na tributação e no acesso à moradia. Entre suas iniciativas estão a construção de 3 milhões de novas unidades habitacionais e a criação de incentivos fiscais para construtoras, além da redução dos custos de medicamentos e do perdão de dívidas médicas. Sua política externa reflete uma continuidade com a administração Biden, em especial no que se refere ao apoio a Israel e à busca por soluções diplomáticas no Oriente Médio.
Harris também expressou a intenção de nomear um republicano para seu gabinete, caso eleita, em um esforço para promover a diversidade de opiniões e retomar a tradição bipartidária de inclusão na tomada de decisões governamentais. Como candidata à presidência em 2024, ela traz uma plataforma focada em justiça social, econômica e racial, com a promessa de continuar sua luta por um sistema mais justo e igualitário para todos.
As eleições dos Estados Unidos se aproximam e com elas surgem também diversas dúvidas. O sistema eleitoral norte-americano tem algumas peculiaridades e a AGEMT vai te ajudar a entender algumas delas.
Um dos principais pontos para conhecer como funcionam as votações no país, é saber quem pode concorrer à eleição.
Diferentemente do Brasil, onde para concorrer à eleição presidencial é necessário apenas ser brasileiro, estar no pleno exercício dos direitos políticos e ser filiado a algum partido político, nos Estados Unidos existem processos específicos que são exigidos para que a candidatura de alguém seja válida.
O processo eleitoral se inicia quase 1 ano antes de conhecermos o novo presidente. O primeiro e fundamental passo para sabermos quem vai representar o Partido Democrata e Republicano se dá através das eleições primárias.
A eleição primária define quem serão os candidatos de cada partido, que precisam conquistar número suficiente de delegados para disputarem as eleições em novembro.
O período, que começou no dia 15 de janeiro deste ano, mostrou o quanto o sistema é complexo. Neste dia, em Iowa, os eleitores se reuniram presencialmente para discutir entre eles quem iria ser o representante republicano. O sistema peculiar do estado é chamado de caucus, e acontece junto com as eleições primárias em alguns estados como o Hawaii e o Alaska.
A primeira etapa da eleição pode ocorrer de forma aberta - quando os cidadãos podem votar em qualquer pessoa, independentemente do partido e sem a necessidade de filiação e de forma restrita.
Na votação restrita, é necessário que os cidadãos estejam filiados a algum partido e votem no candidato deste mesmo partido. O voto do cidadão representará o voto ao delegado, que por sua vez, vai representar o estado.
Após a primeira eleição, começam as prévias dos estados, quando os candidatos eleitos como possíveis representantes pelo Partido, vão desistindo da disputa conforme suas chances de vitória diminuem. Ao final desse período, o candidato eleito é anunciado na Convenção Nacional do Partido.
Condenação judicial
Em maio, Donald Trump foi condenado pelo tribunal americano pelo crime de fraude contábil, ainda assim, ele pode concorrer à presidência do país.
Nos Estados Unidos não existe um Tribunal Superior Eleitoral, como no Brasil. O sistema eleitoral é descentralizado e fica a cargo de cada um dos 50 Estados. Também não há leis como a da “Ficha Limpa” , por isso a lei americana não impede que um condenado na justiça de se tornar candidato.
Porém o caso de Trump não é o mais incomum que já aconteceu no país. Nos Estados Unidos já houve candidatura de candidato que estava preso, rapper e até uma mulher candidata quando nem o sufrágio feminino era garantido.
Victoria Woodhull (1872)
- Profissões: Ativista dos direitos das mulheres, empresária, editora de jornal, corretora da bolsa de valores e espiritualista.
- O que foi diferente: Woodhull foi a primeira mulher a concorrer à presidência dos Estados Unidos, em um momento em que as mulheres nem sequer tinham o direito de votar (o sufrágio feminino só foi garantido em 1920 com a 19ª Emenda). Sua candidatura pelo Partido de Igualdade de Direitos foi revolucionária, desafiando não apenas as normas de gênero, mas também as estruturas de poder político dominadas por homens.
Eugene V. Debs (1900, 1904, 1908, 1912, 1920)
- Profissão: Líder sindical e ativista socialista.
- O que foi diferente: Debs foi o candidato do Partido Socialista dos Estados Unidos em várias eleições, defendendo os direitos dos trabalhadores, o socialismo e o fim do capitalismo. Ele concorreu até mesmo na prisão em 1920, após ser condenado por suas atividades anti-guerra durante a Primeira Guerra Mundial.
Kanye West (2020)
- Profissão: Rapper, produtor musical, empresário da moda.
- O que foi diferente: Kanye West, uma figura extremamente influente na música e na moda, anunciou sua candidatura para as eleições presidenciais dos EUA em 2020, pouco antes do pleito, pelo partido criado por ele chamado "Birthday Party". O nome do partido reflete o fato de que ele dizia querer trazer uma nova "celebração" ao país, sendo um movimento atípico em termos políticos. Terminou esta aventura com o número total de 66.641 votos, mas não conseguiu concorrer em alguns estados por motivos legais e burocráticos, causados, principalmente, pela disputa fora de um grande partido.
A menos de um mês da eleição presidencial nos Estados Unidos, dois estados considerados decisivos no processo eleitoral, Geórgia e Carolina do Norte, deram início à votação antecipada. Na Geórgia, os eleitores começaram a ir às urnas na terça-feira (15), enquanto os cidadãos da Carolina do Norte iniciaram a votação nesta quinta-feira (17).
De acordo com as autoridades locais, a participação na votação antecipada já alcançou números expressivos. Até a noite de quarta-feira (16), mais de 300 mil eleitores haviam registrado seus votos na Geórgia, superando recordes anteriores de comparecimento.
O conceito de votação antecipada permite que os eleitores escolham seus candidatos antes do dia oficial da eleição, que ocorrerá em 5 de novembro. Dependendo do estado, essa votação pode ocorrer presencialmente, pelo correio ou em locais designados especificamente para este fim, com variações nas normas de cada região.
Mudanças e controvérsias na Geórgia
Desde a última eleição presidencial, o estado da Geórgia implementou alterações significativas nas regras eleitorais, endurecendo os requisitos para a votação por correio e reduzindo o número de caixas de coleta de cédulas, o que pode tornar a votação presencial mais atraente Além disso, novas leis exigem que os eleitores possam votar em dois sábados e, opcionalmente, em dois domingos antes do dia principal da eleição.
Porém, algumas medidas controversas também foram implementadas, como a proibição de oferecer alimentos ou bebidas aos que aguardam na fila para votar, uma regra que sobreviveu a diversas batalhas judiciais. Agora, fornecer água ou lanche a eleitores a menos de 45 metros de um local de votação é considerado crime.
Em meio às mudanças, a Junta Eleitoral da Geórgia, formada por maioria republicana, aprovou novas regras que criam incertezas sobre o processo de apuração. Uma das novas exigências é a contagem manual das cédulas em cada local de votação, o que pode atrasar a divulgação dos resultados. Além disso, as autoridades podem revisar documentos eleitorais extensos antes de certificar os resultados, aumentando a preocupação sobre possíveis atrasos e contestação judicial.
Essas alterações geraram receios entre os democratas e defensores dos direitos eleitorais, que temem o uso dessas regras para atrasar ou contestar o resultado final.
Carolina do Norte: Desafios adicionais devido ao furacão
Enquanto isso, na Carolina do Norte, a votação presencial antecipada enfrenta outro desafio: a recuperação após a passagem do furacão Helene. Apesar dos danos causados pelo desastre natural, 75 dos 80 locais de votação planejados nos condados mais afetados estão operacionais no início da votação.
Outra mudança significativa na Carolina do Norte é a exigência, pela primeira vez em uma eleição presidencial, de que os eleitores apresentem identificação com foto no momento da votação. Isso inclui carteira de motorista, passaporte ou documentos estudantis aprovados pelo conselho eleitoral estadual. Existem, no entanto, exceções, como em casos de desastre natural, onde os eleitores podem preencher um formulário de exceção.
Diferente das eleições de 2020, a Carolina do Norte não permitirá mais um período de carência para a chegada de cédulas pelo correio. Agora, os votos devem ser recebidos até às 19h30 no dia oficial da eleição, eliminando os três dias extras concedidos anteriormente.
Importância das eleições antecipadas
Tanto Geórgia quanto Carolina do Norte são estados pêndulo, que podem definir o resultado final da eleição, dada a disputa acirrada entre os candidatos. A Geórgia, em particular, é vista como crucial para as pretensões de Donald Trump, que já tentou, sem sucesso, reverter os resultados da última eleição no estado.
O impacto dessas mudanças nas regras e nos procedimentos eleitorais será testado nos próximos dias, enquanto o país se prepara para mais uma disputa que pode ser decisiva para o futuro político dos Estados Unidos.
Uma pesquisa do instituto Ipsos/Reuters, divulgada em 7 de outubro, ouviu 1.272 eleitores americanos e revelou que a vice-presidente Kamala Harris lidera a corrida presidencial dos Estados Unidos, com 46% das intenções de voto, enquanto o ex-presidente republicano Donald Trump tem 43%. Apesar da vantagem de Harris, os dois candidatos estão tecnicamente empatados, considerando a margem de erro de três pontos percentuais, o que reforça o cenário acirrado para as eleições presidenciais, marcadas para 5 de novembro.
Uma pesquisa do instituto Ipsos/Reuters, divulgada em 7 de outubro, ouviu 1.272 eleitores americanos e revelou que a vice-presidente Kamala Harris lidera a corrida presidencial dos Estados Unidos, com 46% das intenções de voto, enquanto o ex-presidente republicano Donald Trump tem 43%. Apesar da vantagem de Harris, os dois candidatos estão tecnicamente empatados, considerando a margem de erro de três pontos percentuais, o que reforça o cenário acirrado para as eleições presidenciais, marcadas para 5 de novembro.
O levantamento destacou que a economia é a principal preocupação entre os eleitores. Aproximadamente 44% dos entrevistados acreditam que Trump possui a melhor abordagem para lidar com o aumento do custo de vida, que tem sido uma questão crítica nos últimos anos. Em comparação, 38% dos eleitores apontaram Harris como mais preparada para enfrentar esse desafio. O custo de vida, inclusive, foi apontado como o maior problema econômico que o próximo presidente deve enfrentar, superando outras questões como mercado de trabalho, impostos e melhoria das condições financeiras da população.
Embora Trump tenha mais apoio nas questões econômicas, o estudo também aponta que Kamala Harris é vista como a candidata mais qualificada para combater a desigualdade nos Estados Unidos. Cerca de 42% dos eleitores acreditam que a democrata está mais capacitada para reduzir a disparidade econômica e social, enquanto apenas 35% consideram que Trump seria o melhor nesse quesito. Esse ponto de vantagem reflete a ênfase que Harris tem dado ao longo de sua campanha, destacando políticas voltadas para a justiça social e a inclusão.
A imigração, tema que há anos tem sido polarizador no debate político americano, também foi abordada na pesquisa. As declarações de Trump de que imigrantes indocumentados representam um risco à segurança pública ainda influenciam a opinião de parte do eleitorado. O levantamento mostra que 53% dos entrevistados concordam com a visão de Trump de que esses imigrantes podem ser perigosos, enquanto 41% discordam. Mesmo com essa narrativa sendo frequentemente desmentida por estudos e especialistas, a questão continua sendo uma das bandeiras do ex-presidente e é um dos pilares de sua base eleitoral. Trump tem utilizado essa retórica em seus discursos de campanha, buscando atrair eleitores preocupados com a segurança e a imigração descontrolada.
Outro aspecto relevante da pesquisa é a percepção dos eleitores sobre a capacidade mental e a aptidão dos candidatos para assumir o cargo mais alto do país. Kamala Harris é vista como mais qualificada nesse sentido, com 55% dos entrevistados acreditando que ela é “mentalmente perspicaz e capaz de lidar com desafios”. Enquanto apenas 46% dos eleitores disseram o mesmo sobre Trump, o que pode ser um fator determinante para os indecisos e aqueles que estão preocupados com a estabilidade e a liderança do próximo presidente.
Apesar da vantagem geral de Harris na pesquisa, os chamados "estados-pêndulo" — regiões cruciais que podem decidir a eleição — mostram um cenário de empate entre os dois candidatos. Estados como Flórida, Pensilvânia e Michigan são historicamente voláteis e têm o poder de alterar o resultado final devido à sua grande quantidade de votos no Colégio Eleitoral. Em muitas dessas localidades, os resultados estão dentro da margem de erro, o que mantém a disputa em aberto.
Kamala Harris entrou na corrida presidencial após o atual presidente Joe Biden, que enfrentava críticas pela condução econômica e dificuldades em unir o país, decidir não buscar a reeleição. A retirada de Biden abriu caminho para que Harris assumisse o papel de candidata democrata, o que trouxe uma nova dinâmica à disputa. Antes da entrada de Harris, Trump era amplamente visto como favorito, especialmente devido à percepção de que ele seria mais forte em questões econômicas, que continuam sendo uma das maiores preocupações dos eleitores americanos.
Trump, por sua vez, busca capitalizar sobre o descontentamento de parte da população com os anos de governo democrata e usa a inflação elevada, que marcou a gestão Biden, como argumento para defender seu retorno ao cargo. No entanto, a pesquisa também indica que muitos eleitores estão preocupados com o estilo polarizador de Trump, especialmente em questões como imigração e segurança.