Michel Barnier é o primeiro a ser deposto em mais de 60 anos com mandato mais curto da história
por
Marcelo Barbosa
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06/12/2024 - 12h

Michel Barnier, primeiro-ministro da França, foi deposto pelo Parlamento, nesta quarta-feira (04). Barnier é o primeiro a ser deposto em mais de 60 anos, tendo o mandato mais curto da história do país, que começou em setembro deste ano.  


A crise política acontece no contexto da aprovação do Orçamento de 2025. Os dois blocos de extremos opostos do espectro político decidiram colocar um basta ao governo atual depois que Barnier confirmou suas intenções de usar uma manobra constitucional para passar por cima da Assembleia Nacional. 

Barnier foi nomeado pelo presidente Emmanuel Macron há apenas 3 meses. Em junho, os franceses foram às urnas para escolher os que iriam compor o Parlamento. A esquerda foi predominante na disputa, vencendo a Reunião Nacional, de extrema direita. No entanto, isso não foi suficiente para formar a maioria do governo. Macron, então, escolheu um primeiro-ministro de direita. Isso gerou uma onda de protestos no país, em mais de 100 cidades. De acordo com os organizadores em entrevista ao Jornal O Globo , 300 mil pessoas estiveram nas ruas, sendo 160 mil apenas na capital.  

Michel Barnier, ex-primeiro ministro, da França com as mãos juntas em frente ao peito.
Governo Barnier é o mais curto da Quinta República (1958). Foto: Alain Jocard / AFP.


Durante uma visita oficial à Arabia Saudita, na última terça-feira (4), o presidente Marcon afirmou que "o interesse do país é mais importante que o interesse dos partidos", apelando para que o Governo não fosse derrubado. Apesar disso, a votação no parlamento uniu esquerda e direita. O governo de Barnier tornou-se o mais curto da Quinta República francesa, que iniciou em 1958.

O principal motivo para a Moção de censura foi a rejeição da proposta de orçamento.Para contornar a dívida pública francesa, o Orçamento propunha reduzir o gasto público e aumentar o imposto  para os empresários. 
 Apesar da queda do governo Barnier, a permanência de Macron, até o momento, não foi afetada. O mandato do presidente vai até 2027.  Enquanto a maioria dos franceses atribui a Emmanuel Macron a responsabilidade pela situação atual e sua aprovação despenca, cresce o coro de demandas por sua renúncia como uma solução para a crise. No entanto, na terça-feira (03), o presidente descartou essa possibilidade, classificando-a como uma "ficção política".
 

Presidente Yoon Suk Yeol enfrenta tentativa de impeachment após tentativa de lei marcial
por
Ricardo Dias de Oliveira Filho
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06/12/2024 - 12h

A Coreia do Sul vive uma das maiores crises políticas das últimas décadas após o presidente Yoon Suk Yeol decretar lei marcial por algumas horas, uma medida inédita desde o fim dos regimes militares no país nos anos 1980. A decisão, revogada rapidamente devido à forte pressão parlamentar, gerou acusações de tentativa de golpe e abriu caminho para um possível impeachment, que será votado neste sábado (7), às 19h (horário local).

Yoon Suk Yeol, presidente da Coreia do Sul. Foto: Im Hun-jung/Yonhap via AP
Yoon Suk Yeol, presidente da Coreia do Sul. Foto: Im Hun-jung/Yonhap via AP

Decreto polêmico e reação parlamentar

Na noite da última terça-feira (3), Yoon anunciou a lei marcial em um discurso televisionado, justificando a medida como uma ação para proteger a "ordem constitucional da democracia livre" contra forças que ele chamou de "antiestatais". O decreto previa a suspensão de atividades políticas, censura à mídia e proibição de protestos. No entanto, a Assembleia Nacional, liderada pela oposição, reagiu prontamente, reunindo 180 parlamentares para derrubar a medida e forçar a retirada das tropas.

A situação ganhou contornos dramáticos quando helicópteros militares cercaram o prédio legislativo, e parlamentares foram impedidos de entrar. Lee Jae-myung, líder do Partido Democrata e principal rival político de Yoon, precisou escalar cercas para acessar o local, transmitindo o ato ao vivo em redes sociais, onde o vídeo rapidamente viralizou.

A lei marcial é uma medida extraordinária em que os militares assumem o controle, suspendendo leis civis e restringindo direitos, como liberdades políticas e de expressão, para lidar com crises graves ou ameaças à ordem pública.

Acusações e consequências

O decreto de Yoon foi amplamente criticado como uma tentativa de golpe, agravando sua já baixa popularidade, que atingiu 19% segundo a última pesquisa da Gallup. O Partido Democrata, que controla 192 das 300 cadeiras do Parlamento, busca apoio suficiente para atingir os dois terços necessários para o impeachment. Se aprovado, o primeiro-ministro Han Duck-soo assumirá interinamente, enquanto a Corte Constitucional decidirá o futuro do presidente.

A tentativa de lei marcial também provocou a renúncia do ministro da Defesa, Kim Yong-hyun, e pedidos de afastamento de outros membros próximos ao governo. Yoon ainda enfrenta acusações que podem levar à prisão perpétua ou até à pena de morte, segundo a legislação sul-coreana.

Histórico de Yoon e desafios políticos

Yoon Suk Yeol, eleito em 2022, iniciou sua trajetória política como promotor e ganhou destaque ao investigar casos de corrupção envolvendo figuras importantes. No entanto, seu governo foi marcado por controvérsias, incluindo inflação, restrições à liberdade de expressão e escândalos envolvendo sua esposa.

A decisão de declarar lei marcial ocorre em um momento de tensão com a oposição e em meio a negociações sobre o orçamento do próximo ano, em que o governo sofreu derrotas significativas no Parlamento.

Implicações regionais e internacionais

A medida alarmou tanto aliados quanto adversários internacionais. Enquanto os Estados Unidos declararam surpresa com a decisão, a Rússia considerou o episódio "preocupante". Internamente, a ação foi vista como um retrocesso democrático, algo impensável após 40 anos de consolidação de liberdades civis no país.

A crise atual não apenas ameaça o mandato de Yoon, mas também coloca em xeque a estabilidade de um dos principais aliados dos Estados Unidos na Ásia, reacendendo debates sobre a força das instituições democráticas sul-coreanas diante de líderes autoritários.

Com o impeachment à vista e a pressão internacional aumentando, o destino de Yoon Suk Yeol será decidido em um ambiente político marcado por incertezas e divisões profundas.

Conheça detalhes da proposta que pretende reduzir jornada de trabalho no Brasil
por
Ricardo Dias de Oliveira Filho
Marcelo Barbosa
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02/12/2024 - 12h

A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que pretende acabar com a jornada de trabalho 6×1, em que o trabalhador cumpre seis dias de trabalho para ter direito a apenas um dia de folga, está ganhando força no Congresso Nacional. 

A PEC, que tem como principal defensora a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), alcançou o número mínimo de 171 assinaturas necessárias para ser protocolada e iniciar sua tramitação na Câmara dos Deputados. O Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), criado por Rick Azevedo, vereador eleito pelo PSOL no Rio de Janeiro, desempenhou um papel crucial ao dar visibilidade à questão, mobilizando apoiadores e aumentando a conscientização sobre a importância da mudança na legislação trabalhista.

De acordo com informações do gabinete da deputada, cerca de 231 assinaturas de deputados federais já foram registradas até a manhã de sexta-feira, 15 de novembro de 2024. Com isso, a proposta segue agora para as próximas etapas legislativas, com previsão de ser discutida e votada no plenário.

O que propõe a PEC?

A deputada federal Érika Hilton (PSOL-SP), responsável pela proposta para redução da jornada. Foto: Câmara dos Deputados.
A deputada federal Érika Hilton (PSOL-SP), responsável pela proposta para redução da jornada. Foto: Câmara dos Deputados.


A proposta busca alterar a Constituição Federal para reduzir a carga horária de trabalho semanal de 44 para 36 horas, com a implementação de uma jornada de quatro dias de trabalho seguidos por três dias de folga. 

A justificativa apresentada pela deputada Erika Hilton para a PEC destaca que a alteração proposta à Constituição reflete um movimento global em direção a modelos de trabalho mais flexíveis. 

Isso envolve o reconhecimento de que o mercado de trabalho precisa se adaptar às novas demandas sociais, oferecendo uma melhor qualidade de vida para os trabalhadores e suas famílias. Hilton afirma que é essencial uma mudança nas normas de jornada de trabalho para equilibrar a vida profissional com o tempo para lazer e convivência familiar.

A mobilização popular e o Movimento VAT

Um dos pilares que sustentam a proposta da PEC é o apoio da população, especialmente de trabalhadores que reivindicam melhores condições de trabalho. O Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), criado por Rick Azevedo, vereador eleito pelo PSOL no Rio de Janeiro, foi fundamental para dar visibilidade à questão. 

Rick, fundou o movimento após se tornar uma figura popular nas redes sociais, especialmente no TikTok, ao compartilhar vídeos sobre a rotina de trabalho exaustiva e os impactos psicológicos que a escala 6×1 tinham em sua vida.

O vereador Rick Azevedo, criador do Movimento Vida Além do Trabalho (VAT).  Foto: Rick Azevedo via Instagram/Reprodução
O vereador Rick Azevedo, criador do Movimento Vida Além do Trabalho (VAT). Foto: Rick Azevedo via Instagram/Reprodução.

Em seus vídeos, Rick relatava como a jornada de trabalho intensa afetava sua saúde mental, destacando a sobrecarga de responsabilidades para quem trabalha em empregos como auxiliar de serviços gerais, vendedor, frentista, ou balconista de farmácia. 

Ele mencionava também as dificuldades que enfrentava por não ter tempo para estudos, familiares ou lazer. Ao ganhar visibilidade, Rick organizou grupos no WhatsApp e Telegram, que posteriormente se expandiram para diversos estados do Brasil, com o objetivo de conscientizar e mobilizar mais pessoas em torno da causa.

A petição online iniciada pelo movimento VAT, intitulada "Por um Brasil que vai além do trabalho: VAT e Ricardo Azevedo na vanguarda da mudança", foi uma das principais ferramentas de mobilização. 

A petição solicita que o Congresso Nacional altere a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e revise a escala de trabalho 6×1, propondo alternativas que permitam aos trabalhadores desfrutar de mais tempo para suas vidas pessoais e familiares. Até o momento, a petição já alcançou mais de 2 milhões de assinaturas, o que evidencia o grande apoio popular à iniciativa.

Procuramos a assessoria do Vereador Rick Azevedo e da deputada federal Erika Hilton para maiores esclarecimentos sobre a PEC e sobre o movimento VAT mas não obtivemos retorno até o fechamento desta reportagem..

A PEC no Congresso: desafios e apoios

Com o número de assinaturas alcançado, a PEC agora está pronta para ser protocolada na Câmara dos Deputados. Contudo, o caminho até a aprovação ainda não está garantido, e o processo pode ser longo. A deputada Erika Hilton fez um pronunciamento na tarde de quarta-feira (13) para reforçar os argumentos a favor da mudança na legislação trabalhista.

Minutos antes de uma reunião com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, a deputada Erika Hilton, líder do PSOL (SP), exigiu “apoio aberto e declarado” do governo federal para a proposta de emenda constitucional que visa acabar com a escala 6x1 (seis dias de trabalho e um de descanso).

As declarações de Hilton ocorreram logo após ela anunciar que havia obtido as 171 assinaturas necessárias para protocolar a PEC. Ela também confirmou que participaria de uma reunião com Padilha e o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), autor de uma outra PEC sobre o mesmo tema.

“Vou primeiro ouvir o que o ministro Padilha tem a nos dizer”, afirmou Hilton. “O que precisamos é do apoio do governo para fortalecer essa discussão no Congresso Nacional, com mediação do ministro, para que consigamos avançar na tramitação dessa PEC, com o respaldo claro e explícito do governo.”

A PEC 221/19, apresentada pelo deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), também propõe a redução da carga horária semanal, mas sem alterar o modelo de quatro dias de trabalho e três dias de folga. Essa PEC está atualmente na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, dependendo do andamento, pode ser unificada com a proposta de Erika Hilton ou seguir separada. A decisão sobre a tramitação de ambas as PECs caberá a Arthur Lira (PP-AL), Presidente da Câmara dos Deputados.

Visões contrárias e a reação do governo

A proposta tem gerado controvérsias, com diferentes setores da sociedade e do governo expressando suas opiniões. Entre os defensores da PEC, há o argumento de que a jornada de trabalho 6×1 é excessiva e desgastante, e que sua eliminação poderia criar novos postos de trabalho. A redução da jornada, segundo esses defensores, permitiria que os trabalhadores tivessem mais tempo para o lazer, o que também beneficiaria a saúde mental e a qualidade de vida da população.

No entanto, especialistas e setores do empresariado levantam preocupações em relação aos possíveis impactos da medida. Para eles, a redução da jornada de trabalho poderia aumentar os custos das empresas, sem que houvesse um aumento significativo na produtividade, o que pode gerar alta na inflação e no desemprego.

Cristina Helena Pinto de Mello, economista e professora da PUC-SP, diz que uma das possibilidades para manter o equilíbrio entre a manutenção do ritmo de atividade, se adequar às novas regras e manter o nível de produtividade será necessário contratação adicional ou pagamento de horas extras: “Neste caso, veremos um aumento nos custos de produção e elevação dos preços finais”. 

Mello diz que, com o passar do tempo, esses custos tendem a se diluir pelo endurecimento das negociações salariais com reajustes menores. “Uma alternativa é otimizar processos com tecnologia. Neste caso, os aumentos de custos podem ser menores e diluídos ou rateados em maior atividade produtiva”.  

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está dividido em relação à proposta. O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) tem se mostrado favorável à redução da jornada de trabalho, destacando que ela é uma tendência global e que merece ser debatida. Por outro lado, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho (PT), se mostrou mais cauteloso, sugerindo que qualquer mudança na jornada de trabalho devesse ser discutida de forma mais detalhada e, preferencialmente, por meio de negociações coletivas entre trabalhadores e empregadores.

Reações no Congresso: preocupação com o impacto para as empresas

No Congresso, a reação também tem sido mista. O deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), favorito para assumir a presidência da Câmara em fevereiro, expressou preocupações sobre a PEC. Ele acredita que é necessário ouvir os empresários e considerar os efeitos econômicos da proposta antes de avançar. 

Em uma reunião com a Frente Parlamentar pelo Empreendedorismo, Motta afirmou: “O que se criou é um verdadeiro movimento nas redes sociais a favor da PEC, que é um tema que temos e vamos discutir, mas precisamos ouvir ambos os lados.” 

T3: A aprovação da PEC pode desestabilizar a economia?

Desde que ganhou visibilidade, a proposta  passou a ser motivo de críticas. No Congresso Nacional, a grande maioria que votou a favor da PEC eram de partidos da base aliada ao Governo Lula. A oposição de direita contestou a proposta, mas, mesmo assim, obteve um voto a favor do deputado federal Fernando Rodolfo (PL). Alguns parlamentares conservadores, como Nikolas Ferreira (PL-MG) e José Medeiros (PL-MT), e empresários são contra as mudanças propostas na lei.

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), contrário à proposta da redução da jornada. Foto: Câmara dos Deputados.
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), contrário à proposta da redução da jornada. Foto: Câmara dos Deputados.

No vídeo divulgado nas redes sociais, Nikolas classificou a votação como "ataque coordenado" e disse que não vai ceder às pressões. Ele alegou que a proposta pode gerar mais inflação no país e que nenhum outro político foi pressionado a tomar posição no tema. Apesar do que foi dito pelo deputado, a pressão nas redes sociais afetou diferentes políticos, incluindo parlamentares do PT.  

Procuramos a assessoria do Deputado Nikolas Ferreira, mas não obtivemos retorno.

Países do mundo inteiro estão testando ou já efetivaram um modelo de redução na jornada de  trabalho. Através de uma parceria entre a organização 4 day week e a construtora Reconnect Happiness, esse caminho foi experimentado em países como Espanha, Estados Unidos e Austrália.

Um relatório publicado pelo Think Tank Autonomy, juntamente de acadêmicos da Universidade de Cambridge, mostrou resultados positivos. Mais de 90% das empresas que participaram do teste decidiram continuar com a semana de quatro dias, já que o esgotamento dos funcionários diminuiu 71% e as empresas ficaram satisfeitas com a produtividade dos empregados. Além disso, nações de grande relevância econômica possuem jornadas de trabalho com menos de 40 horas. A Holanda possui, em média, 29,2h; A Dinamarca, 32,4h; A Alemanha, 34,4h; A Suíça, 34,4h e a Irlanda com 34,9h semanais.

Entretanto , a professora Cristina Helena ressalta que o cenário brasileiro é diferente do internacional, onde a mudança foi implementada com o aumento da produtividade ou por conta do investimento em tecnologias: “Faremos em um contexto de desindustrialização, forte mercado informal de trabalho, pressões inflacionárias e economia aquecida”, argumenta. 

Saiba qual será o desfecho das acusações criminais e condenações de Donald Trump após ser eleito o 47º presidente dos Estados Unidos.
por
Manuela Schenk Scussiato
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11/11/2024 - 12h

Após uma longa campanha pela Casa Branca, marcada por acusações e investigações criminais, Donald Trump foi, mesmo assim, reeleito presidente da maior democracia do mundo. Agora a principal questão é: o que acontecerá com suas condenações pendentes?

 

6 de janeiro

O recém eleito presidente foi acusado criminalmente pelo procurador Jack Smith por compra de votos, pressão de autoridades para a subversão do resultado democrático e iniciar o motim no Capitólio com o intuito de atrasar a posse do presidente Biden.

Invasão ao Capitólio em Washington DC realizada pelos eleitores de Trump após sua derrota na corrida eleitoral de 2020. A ação foi encorajada pelo próprio ex-presidente. Foto: Leah Millis/REUTERS

Mesmo com as incansáveis tentativas de Smith para a condenação de Trump, a Suprema Corte dos Estados Unidos o deixou parcialmente imune a processos criminais sobre ocorrências em seu mandato. Agora, com sua vitória, esse caso será completamente arquivado. Caso o procurador se recuse a fazê-lo, Trump disse em uma entrevista em rádio no mês de outubro que: “o demitiria em dois segundos”.

Segundo Neama Rahmani, ex-procurador federal: “Está bem estabelecido que um presidente em exercício não pode ser processado, portanto, o processo de fraude eleitoral no Tribunal Distrital de DC vai ser arquivado”.

 

Suborno em NY

Trump já tem 34 acusações no estado de Nova Iorque envolvendo falsificação de registros financeiros. O presidente foi condenado em maio deste ano no estado por júri popular sobre a compra do silêncio da atriz pornô Stormy Daniels no ano de 2016. Sua sentença está em aberto e será divulgada até o dia 15 de novembro pelo juiz do caso, Juan Merchan. O mesmo fez a escolha de adiar a revelação para depois do resultado das eleições.

É improvável que Trump seja condenado a viver atrás das grades por ser um réu primário de 78 anos. Caso isso ocorra, seus advogados podem entrar com recursos que facilmente impedirão sua prisão, o que pode adiar a execução da pena por anos. O mais provável, no entanto,  é um novo adiamento da sentença para o fim de seu mandato.

Trump após sua condenação no estado de Nova Iorque Foto: Seth Wenig/REUTERS
Trump após sua condenação no estado de Nova Iorque
Foto: Seth Wenig/REUTERS

De todos os casos em aberto, esse é o único que torna Trump, de fato, um criminoso condenado e, como se trata de uma acusação estadual, ele não tem o direito de se perdoar.

 

Eleições de 2020 na Geórgia

As acusações carregadas por Trump nesse estado vem de sua tentativa de reverter o resultado das eleições de 2020, quando os democratas levaram os delegados da Geórgia após uma disputa acirradíssima entre os dois candidatos.

O julgamento do caso foi atrasado algumas vezes, principalmente pelas tentativas de retirar a promotora Fani Willis, o que ainda não ocorreu, após ser descoberto seu envolvimento pessoal com um dos advogados do caso. Agora, com a eleição de Trump confirmada, o processo será interrompido pela duração de seu mandato.

 

Documentos confidenciais

Jack Smith, o mesmo procurador do caso da invasão ao Capitólio em 2021, também lidera as acusações de manipulação indevida de documentos oficiais que o futuro presidente enfrenta, caso que o mesmo nega firmemente.

O processo diz que Trump levou documentos da Casa Branca para sua residência em Mar-a-Lago, no estado da Flórida, após deixar a presidência em 2020, além de impedir as autoridades de realizarem a retirada dos papeis.

A juíza do caso, nominada pelo próprio Trump, retirou as acusações e, mesmo com Smith recorrendo a decisão, nada será feito antes da posse, o que dará a este caso o mesmo destino dos supracitados, o arquivo pelos próximos quatro anos.

 

 

Democrata aponta desafios atuais e convoca sociedade a proteger valores democráticos
por
Ricardo Dias de Oliveira Filho
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08/11/2024 - 12h

 

Em discurso, em Washington na quarta-feira (06), após a derrota na corrida pela Casa Branca, a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, fez um alerta sobre o estado atual da democracia americana. Harris destacou que, mais do que nunca, o país enfrenta ameaças que exigem uma resposta firme e coletiva para proteger os princípios democráticos.

“Nosso sistema democrático está em uma encruzilhada”, afirmou a vice-presidente. Harris mencionou que essa conjuntura não é apenas um reflexo do momento atual, mas sim uma acumulação de desafios que vêm se agravando. “Aceito a derrota, mas continuarei na luta”, declarou, reforçando seu compromisso em seguir defendendo os valores democráticos mesmo após o resultado eleitoral.

Em seu pronunciamento, Kamala enfatizou a importância de manter a vigilância sobre “ameaças tanto internas quanto externas” e destacou o papel fundamental de instituições livres e da sociedade civil.

A vice-presidente direcionou parte de seu discurso à imprensa, que, segundo ela, desempenha um papel indispensável em momentos de crise democrática. “A democracia depende de nossa capacidade de proteger a verdade e assegurar que todos tenham voz”, disse, sublinhando o impacto negativo da desinformação e a necessidade de preservar o acesso dos cidadãos a informações precisas e de qualidade.

Vice-presidente Kamala Harris discursa após derrota, em Washington. Foto: SAUL LOEB/AFP.
Vice-presidente Kamala Harris discursa após derrota, em Washington. Foto: SAUL LOEB/AFP.

Além disso, Harris expressou preocupação com as mudanças recentes na legislação eleitoral de alguns estados, que, segundo ela, dificultam o acesso ao voto para muitos americanos.

“É nossa responsabilidade coletiva defender o acesso igualitário às urnas, sem discriminação ou obstáculos desnecessários”, declarou. A vice-presidente fez questão de lembrar que políticas que restringem o acesso às urnas enfraquecem a essência democrática dos Estados Unidos.

O tom do discurso de Harris foi de mobilização, e ela não hesitou em convidar a população a atuar de forma ativa na proteção da democracia. “Precisamos de todos engajados para superar os desafios e assegurar que as gerações futuras herdem um país onde a democracia prospere”, pontuou, pedindo união e comprometimento para enfrentar as ameaças que colocam em risco os valores fundamentais do país.

Com o discurso, Harris também relembrou o dever da atual geração em "manter vivos os ideais de igualdade e justiça", e alertou que, sem o envolvimento coletivo, os ganhos democráticos das últimas décadas podem ser comprometidos. 

Para ela, é indispensável que a sociedade continue a participar do processo democrático, defendendo as instituições e preservando as liberdades civis para que estas resistam ao passar do tempo.

Kamala Harris concluiu o discurso chamando a atenção para o papel de cada cidadão e a importância de resistir a ameaças que podem comprometer a estabilidade democrática. "Este é o momento de escolhermos qual legado queremos deixar", concluiu, apontando para o impacto de ações e omissões no futuro da democracia nos Estados Unidos.

Conheça o vice do candidato republicano Donald Trump
por
Gustavo Oliveira de Souza
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31/10/2024 - 12h
Foto de J.D Vance
J.D Vance discursando em Charlotte. Foto: Melissa Melvin-Rodriguez

Nascido em Ohio, James David Vance é senador júnior do estado, eleito em 2023. Filho de Beverly Carol (1961) e Donald Ray Bowman (1959 - 2023), J.D é bacharel em Ciências Políticas e Filosofia formado pela Ohio State University em 2007, e atuou em um escritório de direito por dois anos. 

Relação com o empresariado americano 

A carreira política começou há alguns anos, após ter fundado a Our Ohio Renewal, em 2017. Segundo o próprio candidato, o instituto tinha o intuito de “tornar mais fácil para as crianças carentes realizarem seus sonhos”. Mas ele negava que tivesse algum intuito político. 

Entretanto, uma matéria publicada pelo New York Times em 2022 revelou que a instituição estava apenas focada em trabalhar para a campanha de Vance. O jornal ainda analisou documentos do instituto e descobriu que Vance mentiu sobre o dinheiro arrecadado e o classificou como “organização de bem-estar social” para o governo americano, apenas como forma de trabalhar para a sua campanha eleitoral. Ao todo, o projeto arrecadou 200.000 dólares e terminou oficialmente em 2021. 

Desde que se tornou um potencial político, Vance foi apoiado por grandes empresários de Ohio. Em 2018, considerou concorrer ao senado contra o candidato democrata Sherrod Brown, mas desistiu.
 

Carreira política

Em março de 2021, Peter Thiel, cofundador do PayPal, doou 10 milhões de dólares para o comitê de J.D, chamado de Protect Ohio Values. Além dele, o cientista de dados Robert Mercer também doou uma quantia que não foi revelada. No dia 1° de julho daquele mesmo ano, o republicano anunciou sua candidatura para o Senado de seu estado. 

Durante o período eleitoral, ele derrotou Josh Mandel e Matt Dolan nas eleições primárias e nas eleições gerais, bateu o candidato democrata Tim Ryan, com 53% dos votos totais. No dia 3 de janeiro de 2023, J. D Vance tomou posse como membro do 118° Congresso dos Estados Unidos. 

Uma pesquisa feita em julho deste ano mostrou que Vance fez 45 discursos no Senado e participou de 57 projetos de lei, sendo nenhum deles aprovado pelo Senado. Além disso, foi co-participante de 288 outros projetos de lei, e dois deles foram aprovados pelo Senado, mas logo foram barrados pelo presidente Biden. 

Em junho de 2023, James votou contra a Lei de Responsabilidade Fiscal de 2023, que proibiu o aumento do teto de gastos do país. Em julho daquele ano, o senador apresentou um projeto que penalizava qualquer um que participasse do fornecimento de cuidados de gênero para menores de idade. O projeto tornaria o cuidado de afirmação de gênero um crime federal, com pena de até 12 anos de prisão. No último dia 15 de julho, J.D foi anunciado por Trump como vice do candidato, após ter apoiado o candidato à presidência  nas eleições primárias. 

Por sua posição política, J.D Vance é descrito como conservador. Além de ser contrário ao aborto, ele se posiciona contra o casamento homoafetivo e ao controle de armas. Em algumas oportunidades, afirmou que a ausência de filhos em adultos está ligada à sociopatia e classificou as universidades como “inimigas”. 


 

 

Bilionário tenta voltar ao comando da Casa Branca pelo Partido Republicano
por
Octávio Alves
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30/10/2024 - 12h

Muito antes de ser presidente e fazer suas falas polêmicas, Donald John Trump já era conhecido no cenário nacional americano como o bilionário mais excêntrico do país. Ele teve três esposas: Ivana Trump, de 1977 a 1992, com quem teve três filhos, Donald Jr., Eric e Ivanka; Marla Maples, de 1993 a 1999, com quem teve Tiffany Trump; e, no último e atual casamento, Melania Trump, em 2005 que teve o seu último filho Barron Trump .
 

Trump nasceu em Nova York, em 1946, é o quarto filho do magnata do setor imobiliário de Nova York, Frederick Cristo Trump (1905-1999), apesar da riqueza da família, estaria destinado a ocupar cargos de menor escalão na empresa do seu pai, por ser o quarto filho. 

Com 13 anos ele foi matriculado em um colégio militar devido ao mau comportamento que ele tinha na escola. Depois de concluir o ensino médio, Trump estudou e se formou na Escola Wharton de administração da Universidade da Pensilvânia.

Trump no colégio militar
Trump com 18 anos, anuário na academia militar. Foto:  New York Military Academy yearbook 

Após se formar, aos 22 anos Donald Trump entrou nos negócios do seu pai, Trump Management, que possuía moradias para aluguel de classe média nos bairros periféricos da cidade de Nova York. Após os seus primeiros anos,  Trump acabou sendo cotado como o favorito para ser o herdeiro dos negócios do pai, logo após o irmão mais velho dele, Fred Trump Jr. (1938-1981),  decidir se tornar piloto de aviões.

 

Com o sucesso  em administrar o extenso portfólio do seu pai em Nova York, ele assumiu o controle da companhia em 1971, mudando seu nome para "The Trump Organization", Organização Trump em tradução livre

Donald Trump 1976
Donald Trump construindo a sua carreira como empresário, foto em 1976, Nova York. Foto: Bettmann / Getty Images

 

Marca Trump

 

Agora com os negócios da família nas mãos, Trump começou a mudar da construção de unidades residenciais no Brooklyn e no Queens para luxuosos projetos em Manhattan, sendo projetos como hoteis, cassinos e campos de golfe. Trump gosta de dizer que começou seus próprios negócios modestamente, com “um pequeno empréstimo de US$ 1 milhão” de seu pai.

 

Podemos dizer que seu primeiro grande negócio foi com o Hotel Commodore, em 1976, foi um projeto de grande risco, já que na época Nova York não era considerada um destino do turismo de luxo.

Trump em cima da Trump Tower
Donald Trump no topo da Trump Tower em 1987. Foto: Harry Benson/Getty Images

 

Depois deste sucessos os empreendimentos de Trump não pararam, ainda teve a Trump Tower, o Trump Plaza, além de cassinos em Atlantic City, em Nova Jersey. No começo da década de 90, três dos seus cassinos entraram por causa de dívidas, na tentativa de reestruturar o investimento.

 

Mídia

 

Para contornar os problemas que teve no início dos anos 90, Trump vendeu  seu iate e companhia aérea. Ele ainda  surpreendeu a todos com a compra dos direitos dos concursos Miss USA, Miss Universo e Miss Teen, tornando-se seu produtor executivo. 

 

Trump fez várias aparições em programas de televisão, incluindo o famoso programa da Oprah, onde, em 1988, foi questionado se ele iria concorrer à presidência, ele respondeu: "Provavelmente não." Muitos brasileiros o reconheceram pela primeira vez em sua breve aparição no filme Esqueceram de Mim 2, lançado em 1992.

 

Mas o que podemos dizer que foi o momento que ele entrou no entretenimento americano foi o programa “The Apprentice”, O Aprendiz, de 2003, em que tinha o poder de demitir os participantes, que ficou marcado com a famosa frase "You are fired", você está demitido . Em 2007, Trump recebeu uma estrela na Calçada da Fama por sua contribuição à televisão. Essa estrela foi alvo de ataques de vândalos durante a campanha presidencial de 2016.

O aprendiz
Trump fazendo o seu principal bordão do programa, “Você está demitido”. Foto: Frazer Harrison/Getty Images

Depois de entrar na corrida presidencial, Trump parou de apresentar o programa e em junho de 2015, a NBC rescindiu o contrato com Trump após as declarações polêmicas do bilionário a respeito dos mexicanos

 

Carreira política 

 

Trump foi filiado ao Partido Republicano  (1987-1999), depois foi membro do Partido da Reforma (1999-2001), onde flertou com a ideia de disputar a presidência, mas desistiu,e em 2001 se filiou ao Democrata ficando no Partido até 2009.  Após essa passagem, voltou a se filiar ao Republicanos em 2012. 

No dia 16 de junho de 2015, em entrevista coletiva na Trump Tower, Donald desceu as escadas rolantes ao lado da atual esposa, Melania, e anunciou que iria entrar na corrida para ser o candidato republicano à Casa Branca.

 

No início a campanha foi tratada como piada sendo um dos candidatos alternativos, porém com uma boa atuação nos debates, e sempre apertando na mesma tecla anti imigração com falas polêmicas , referindo- se aos imigrantes mexicanos como estupradores e traficantes, e contrário ao projeto chamado Obamacare. Por conta disso, ele acabou sendo escolhido como candidato republicano para as eleições de 2016 para presidente

 

Com propostas fora do comum, como a construção do muro entre a fronteira do México e Estados Unidos,  e um discurso anti imigrante, de maneira surpreendente, Trump derrotou Hillary Clinton, candidata democrata,  ao conquistar 306 votos no Colégio Eleitoral, contra 232 de Clinton.

 

Trump discurso da vitória
Discurso da vitória de Trump, em Nova York. Foto: Chip Somodevilla/Getty Images

 

Presidência:

 

A sua gestão foi marcada por uma série de políticas controversas e um estilo de liderança polarizador. Ele adotou uma postura populista e "America First", priorizando interesses econômicos dos EUA, promovendo cortes de impostos, reduzindo regulamentações, tolerância zero com imigrantes. 

 

No cenário internacional, Trump retirou os EUA de acordos globais importantes, como o Acordo de Paris sobre o clima e o Acordo Nuclear com o Irã, e tensionou as relações comerciais, especialmente com a China.

 

Apesar dos avanços econômicos iniciais, como a baixa taxa de desemprego antes da pandemia, sua gestão foi altamente divisiva e deixou um legado de forte polarização política nos Estados Unidos, principalmente com a Coivd 19.

 

Ele foi muito questionado, e com crise racial no país, como a morte de George Floyd, resultou em um cenário bem polarizado na corrida eleitoral de 2020. Ele enfrentou o ex-vice presidente de Obama, Joe Biden, e com uma disputa acirrada perdeu a corrida, por 306 votos para Biden contra 232 do Trump.

 

Seu mandato terminou com seu segundo processo de impeachment, após o ataque ao Capitólio em janeiro de 2021, quando apoiadores de Trump tentaram reverter os resultados da eleição de 2020, que ele mesmo alegou falsamente ter sido fraudada nas eleições.

 

Trump Capitólio
Trump na invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021. Foto: AP Photo /Jacquelyn Martin

 

 

Corrida presidencial 2024:

 

As eleições de 2024, marcadas para 5 de novembro, será uma disputa acirrada entre os partidos Republicano e Democrata, com o retorno do polêmico Trump. Mesmo condenado por usar dinheiro de campanha para pagar uma atriz pornô, além de outras acusações, como tentativa de golpe contra o Estado democrático, fraude fiscal e assédio, ele segue na corrida presidencial.

Trump discursasndo
Trump em um comício republicano. Foto:Eric Thayer / The Washington Post


Desta vez o republicano vai encarar a vice presidente de Biden, Kamala Harris, que entrou na disputa após desistência do atual presidente à reeleição , devido a perca de força na corrida após o atentado contra Donald Trump.  

Trump luta
Trump, após o atentado sendo escoltado por guardas. Foto: Evan Vucci / AP Photo

Se eleito, Trump vai se tornar o homem mais velho a subir no poder, com 78 anos, se cumprir o mandato vai sair aos 82 anos.

Entrada de novos países membros e conflitos ao redor do mundo estiveram entre os principais temas
por
João Victor Tiusso
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29/10/2024 - 12h

 

Foto: Alexander Nemenov
Foto: Alexander Nemenov

A cúpula dos BRICS terminou na última quinta-feira (24), após três dias de reuniões. O evento foi realizado na cidade russa de Kazan e o anfitrião da cúpula foi o presidente da Rússia, Vladimir Putin.

A entrada de 13 novos integrantes ao bloco de cooperação mútua foi aprovada. A Rússia, que ocupa a presidência rotativa do grupo neste ano, agora será responsável por convidar os novos integrantes.Os países convidados são: Turquia, Indonésia, Argélia, Belarus, Cuba, Bolívia, Malásia, Uzbequistão, Cazaquistão, Tailândia, Vietnã, Nigéria e Uganda.

O BRICS já havia passado por uma expansão. O grupo que até o final do ano passado era composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul passou a integrar também Egito, Irã, Emirados Árabes Unidos e Etiópia em 2024.

A entrada de novos membros faz parte da agenda internacional russa e chinesa, que buscam impulsionar a ideia de que não estão isolados politicamente e reforçar sua posição na geopolítica mundial. A presidência da Rússia no sistema rotativo e a própria dinâmica da política internacional atual contribuíram para configurar os BRICS como uma alternativa às alianças econômicas ocidentais.

Dois países interessados em fazer parte da nova categoria de parceiros dos BRICS e que ficaram de fora da lista final são a Venezuela e a Nicarágua.

O governo do presidente Lula não apoia o ingresso de nenhuma das duas nações e, segundo interlocutores presentes na reunião, um veto informal fez com que a vontade do Brasil prevalecesse. 

O presidente brasileiro tem feito críticas a Nicolás Maduro e à sua recusa em divulgar as atas das eleições de julho, das quais diz ter saído vitorioso. No caso da Nicarágua, o desconforto brasileiro é motivado pelo recente congelamento das relações com o país.

Além da expansão do bloco, também houveram discussões a respeito do conflito no Oriente Médio. Em uma declaração conjunto emitida no dia 23, os países membros fizeram críticas a Israel ao dizer que os BRICS veem com "grave preocupação a deterioração da situação e a crise humanitária no Território Palestino Ocupado, em particular a escalada sem precedentes da violência na Faixa de Gaza e na Cisjordânia como resultado da ofensiva militar israelense, que levou a mortes e ferimentos em massa de civis, deslocamento forçado e destruição generalizada da infraestrutura civil."

A guerra na Ucrânia não foi pauta na cúpula, porém o bloco criticou as sanções impostas pelo Ocidente à Rússia, classificando-as como ilegais e como "medidas coercitivas unilaterais": "Estamos profundamente preocupados com o efeito perturbador de medidas coercitivas unilaterais ilegais, incluindo sanções ilegais, sobre a economia mundial, o comércio internacional e a realização das metas de desenvolvimento sustentável."

No campo econômico, a presidenta do Banco do Brics, Dilma Rousseff, defendeu a ampliação do bloco e o aumento dos financiamentos em moedas nacionais, em substituição ao dólar. 

Conheça atual governador de Minnesota e candidato a vice-presidência pela chapa democrata
por
Vicklin Moraes
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29/10/2024 - 12h

Após a breve candidatura do atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em agosto  o Partido Democrata anunciou Kamala Harris para assumir a corrida à Casa Branca. Um mês depois do anúncio, a chapa democrata indicou Tim Walz, atual governador do estado de Minnesota, como vice-presidente da chapa.

Natural da zona rural do estado conservador Nebraska, Tim Walz tem 60 anos e é um ex-veterano. Se alistou à Guarda Nacional do Exército aos 17 anos, onde serviu por 24 anos, até se aposentar como sargento em 2005. 

É formado em Ciências Sociais, tendo lecionado Geografia por um ano na China, na época do massacre da Praça da Paz Celestial. O evento foi marcado pela morte de milhares de pessoas, após manifestações exigindo reformas políticas e o fim da corrupção no país. 

Walz também foi professor na Dakota do Sul em 1994, uma das regiões mais pobres do país, onde conheceu sua esposa, Gwen Walz, com quem tem dois filhos. Além do ensino, Walz atuou como treinador na Mankato West High School, em Minnesota. Como técnico, colaborou para a criação de um programa de futebol americano que levou a escola ao seu primeiro campeonato estadual.

 

Carreira na política 

Em 2005, Tim Walz entrou na política e concorreu ao Congresso pelo Partido Democrata, onde conquistou uma cadeira na Câmara em 2006. Após seis mandatos, tornou-se governador de Minnesota em 2018 e foi reeleito em 2022. 

 

Tim Walz ao lado de Nancy Pelosi em 2007 após uma votação no Iraque na Câmara.
Tim Walz ao lado de Nancy Pelosi em 2007 após uma votação no Iraque na Câmara.
Foto: Getty Images

 

Durante os 12 anos atuando no Congresso foi considerado uma figura controversa. Como congressista votou a favor do Affordable Care Act (Lei de Proteção ao Paciente e Assistência Acessível), regulamentação que ficou popularmente conhecida como Obamacare, que tinha como objetivo permitir que mais pessoas pudessem ter acesso aos planos de saúde. Além de apoiar medidas pró-trabalhistas, incluindo um projeto de lei para aumentar o salário mínimo, e também uma iniciativa mal sucedida de teto e comércio de emissões para reduzir as emissões de carbono. 

Entretanto, apesar dos votos considerados de viés democrático, também encontrou pontos em comum com os republicanos. Foi a favor do financiamento das guerras no Iraque e no Afeganistão. Também apoiou uma verificação mais rigorosa de refugiados para que pudessem entrar nos Estados Unidos. 

Durante seu segundo mandato como governador foi duramente criticado após a morte de George Floyd, um homem negro que foi sufocado por um polical branco em Minneapolis, cidade do estado governado por Walz.  Depois da morte de Floyd, diversos protestos aconteceram por Minnesota. O governador foi alvo de críticas por demorar a mobilizar a Guarda Nacional e também foi acusado de supostamente não investigar um esquema de fraude de US$250 milhões de dólares na era da pandemia em seu estado.

Grande defensor dos direitos das pessoas LGBTQ+, em abril de 2023 Tim Walz chegou a fazer de Minnesota um refúgio para jovens vindos de outros estados para fugir dos chamados tratamentos de reorientação e terapias de conversão.

Em seu tempo livre, Tim Walz não esconde o interesse por caçar e pescar. Caso ganhe a Corrida à Casa Branca junto de Kamala Harris, será o primeiro democrata não intelectual desde Jimmy Carter, 39° presidente dos Estados Unidos que era fazendeiro. 

Conheça a candidata à presidência dos Estados Unidos pelo Partido Democrata
por
Ricardo Dias de Oliveira Filho
Manuela Schenk Scussiato
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28/10/2024 - 12h

Kamala Devi Harris nasceu em Oakland, Califórnia, em 20 de outubro de 1964, filha de imigrantes que marcaram profundamente sua trajetória pessoal e profissional. Sua mãe, Shyamala Gopalan, era uma pesquisadora de câncer de mama indiana, e seu pai, Donald Harris, é um economista jamaicano, professor emérito de economia da Universidade de Stanford. Harris cresceu ao lado de sua irmã, Maya Harris, que também seguiu uma carreira de destaque como advogada e figura política.

Durante sua infância, Harris se mudou para Montreal, no Canadá, onde sua mãe lecionava na McGill University. Foi lá que concluiu o ensino médio. Após essa temporada no Canadá, retornou aos Estados Unidos para cursar ciências políticas e economia na Howard University, uma universidade historicamente negra em Washington, D.C. Posteriormente, formou-se em direito na University of California, Hastings College of the Law, em San Francisco. Kamala é casada com o advogado Doug Emhoff e não tem filhos.

Carreira jurídica 

Kamala Harris iniciou sua carreira jurídica em 1990, como procuradora-geral adjunta no condado de Alameda, Califórnia, onde atuou até 1998. Em seguida, trabalhou na divisão criminal do Escritório da Procuradoria-Geral de São Francisco, até que, em 2003, foi eleita procuradora-geral de São Francisco, tornando-se a primeira mulher negra a ocupar essa posição. Ela foi reeleita em 2010 e, logo depois, foi eleita procuradora-geral da Califórnia, função que exerceu com destaque até 2014, quando foi reeleita.

Sua atuação como procuradora-geral da Califórnia a trouxe grande visibilidade, especialmente por seu rigor no combate a fraudes hipotecárias durante a crise imobiliária. Harris liderou um acordo bilionário com cinco grandes bancos dos EUA para compensar os californianos prejudicados pela bolha imobiliária. Além disso, ela lançou iniciativas para combater o tráfico de pessoas e a violência doméstica, ampliando as proteções para as vítimas desses crimes.

Apesar de sua imagem progressista, sua carreira jurídica também foi marcada por controvérsias. Kamala enfrentou críticas pela sua postura rígida em relação ao encarceramento em massa, principalmente de minorias. Sua defesa de sentenças rigorosas para crimes não violentos relacionados às drogas e a hesitação em investigar má conduta policial tornaram-se alvos de protestos de ativistas de direitos civis. 

Outro ponto controverso foi sua decisão de defender, em tribunal, a prática de trabalho prisional forçado, argumentando que a redução da força de trabalho carcerária poderia impactar o orçamento do estado. Esses episódios tornaram sua gestão alvo de críticas de ativistas por justiça social e racial, apesar de seus esforços em outras áreas, como a proteção ao consumidor e os direitos das mulheres.

Carreira política

A ascensão política de Kamala Harris começou em 2016, quando foi eleita senadora pelo estado da Califórnia, sucedendo Barbara Boxer. Como senadora, Harris destacou-se como uma voz firme da oposição ao governo de Donald Trump, especialmente em questões relacionadas à imigração, saúde e justiça social. Sua atuação nos comitês de Justiça, Inteligência e Segurança Interna foi crucial em investigações de grande relevância nacional, consolidando sua imagem como uma defensora dos direitos civis.

Harris ganhou notoriedade durante as audiências do Senado, particularmente nas interações com altos funcionários do governo Trump e indicados à Suprema Corte, como o ex-procurador-geral Jeff Sessions e o juiz Brett Kavanaugh. Seu estilo de questionamento incisivo chamou a atenção tanto de democratas quanto de republicanos, fortalecendo sua posição como uma liderança nacional.

Em 2020, Harris tentou disputar a presidência dos Estados Unidos, mas sua campanha enfrentou dificuldades, levando os democratas a optarem por Joe Biden como candidato e Harris foi escolhida como sua vice na chapa presidencial. 

Kamala Harris como vice-presidente de Joe Biden durante a corrida eleitoral de 2020. Foto: Reprodução/Patrick Semansky
Kamala Harris como vice-presidente de Joe Biden durante a corrida eleitoral de 2020.
Foto: Reprodução/Patrick Semansky

A eleição de 2020 resultou na vitória de Biden e Harris, tornando-a a primeira mulher negra, de ascendência indiana e jamaicana, a ocupar o cargo de vice-presidente dos Estados Unidos.

Kamala Harris tem uma relação complexa com o Medicare for All, um projeto de saúde defendido pelo senador Bernie Sanders que visa garantir cobertura universal. Inicialmente, Harris apoiou a proposta e foi coautora da legislação enquanto senadora, destacando-se entre os progressistas por seu envolvimento em políticas de reforma da saúde. Em 2019, durante sua campanha para a presidência, ela parecia abraçar a ideia ao afirmar que o Medicare for All eliminaria as seguradoras privadas, o que atraiu tanto apoio quanto críticas.

No entanto, a posição de Harris mudou com o tempo. A campanha de 2020 revelou dificuldades em manter a postura firme sobre o tema, especialmente diante da resistência de certos setores do eleitorado e de líderes trabalhistas preocupados em perder os planos de saúde negociados com empregadores. Harris, então, propôs um plano que manteria as seguradoras privadas em uma transição mais lenta para o Medicare for All, o que foi criticado por Sanders, que argumentou que essa proposta não representava o verdadeiro espírito do programa.

Essa mudança gerou críticas não apenas dos republicanos, mas também de progressistas, que viram isso como uma forma de Harris suavizar sua postura. Em 2024, a campanha de Donald Trump reviveu essa polêmica, usando a alteração da posição de Harris como um ponto de ataque, acusando-a de ser uma "vira-casaca" em relação ao seu apoio inicial ao Medicare for All. Hoje, Harris apoia melhorias no Affordable Care Act (Obamacare), que é a abordagem defendida por Joe Biden, evitando a ideia original de um sistema de pagador único.

Trump e seus aliados têm se esforçado para usar essa inconsistência para retratar Harris como uma liberal radical e, ao mesmo tempo, alguém que foge das suas próprias posições. Isso se tornou uma parte central da estratégia republicana para enfraquecê-la nas eleições de 2024, reacendendo um debate que muitos pensaram estar encerrado com a vitória de Biden.

Posicionamento político

Kamala Harris construiu sua carreira política com base em posições progressistas, sendo uma defensora fervorosa dos direitos das mulheres, da comunidade afro-americana e da comunidade LGBTQIAPN +. Em 2008, quando atuava como procuradora-geral de São Francisco, Harris teve um momento marcante ao oficializar o primeiro casamento entre pessoas do mesmo sexo na Califórnia, logo após a queda da Proposição 8, que proibia o casamento homoafetivo no estado.

No Senado, ela foi uma voz ativa na defesa da igualdade de gênero e racial, além de apoiar políticas de controle de armas e reforma da justiça criminal. Harris também se posicionou favoravelmente à reforma imigratória, defendendo a criação de um caminho para a cidadania de imigrantes indocumentados e criticando as rígidas políticas de deportação em massa.

Em sua campanha presidencial de 2024, Harris apresentou propostas econômicas focadas na redução dos preços dos alimentos, na tributação e no acesso à moradia. Entre suas iniciativas estão a construção de 3 milhões de novas unidades habitacionais e a criação de incentivos fiscais para construtoras, além da redução dos custos de medicamentos e do perdão de dívidas médicas. Sua política externa reflete uma continuidade com a administração Biden, em especial no que se refere ao apoio a Israel e à busca por soluções diplomáticas no Oriente Médio.

Harris também expressou a intenção de nomear um republicano para seu gabinete, caso eleita, em um esforço para promover a diversidade de opiniões e retomar a tradição bipartidária de inclusão na tomada de decisões governamentais. Como candidata à presidência em 2024, ela traz uma plataforma focada em justiça social, econômica e racial, com a promessa de continuar sua luta por um sistema mais justo e igualitário para todos.