Especialista alerta para a importância do apoio jurídico e psicológico diante de um cenário de aumento da violência contra as mulheres
por
Larissa Pereira José
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28/04/2025 - 12h

Durante o feriado da Páscoa de 2025, o Rio Grande do Sul registrou uma sequência de crimes que chocou o país: dez feminicídios em apenas quatro dias. Casos como o de uma mulher grávida assassinada em Parobé e o de uma jovem degolada pelo ex-companheiro em São Gabriel evidenciam uma triste realidade: a violência contra a mulher continua sendo parte do cotidiano brasileiro. 

De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil contabilizou 1.450 feminicídios em 2024, o que equivale a cerca de quatro mulheres assassinadas por dia. O número é alarmante e revela que, apesar dos avanços legislativos, muitas mulheres ainda são vítimas fatais de parceiros ou ex-parceiros. Em meio a esse cenário, surgem dúvidas sobre como agir diante de situações de violência e quais caminhos seguir para tentar garantir a própria segurança. 

Para a advogada Bruna Santana, especialista em Direito da Mulher, em entrevista à AGEMT, "reconhecer os sinais e buscar ajuda o mais cedo possível são atitudes essenciais. Ela alerta que não é necessário esperar por uma agressão física para procurar apoio" e acrescenta: "a violência começa muito antes das agressões físicas. Controlar, ameaçar, isolar, humilhar — tudo isso já é violência doméstica. E precisa ser denunciado”, afirma Bruna. 

A orientação, segundo a especialista, é que a mulher que sofre qualquer tipo de agressão, seja física, psicológica, moral, sexual ou patrimonial, registre um boletim de ocorrência, solicite medidas protetivas e, sempre que possível, documente as agressões. Prints de mensagens, gravações de áudios e relatos de testemunhas podem ser fundamentais para a comprovação dos fatos. Além do apoio jurídico, Bruna Santana reforça que o acompanhamento psicológico é parte crucial para que a mulher consiga sair do ciclo de abusos. “A violência doméstica fragiliza a autoestima da vítima. Muitas vezes, ela se sente culpada ou acredita que não conseguirá romper a relação. O apoio psicológico é essencial para fortalecer essa mulher emocionalmente e ajudá-la a construir uma nova trajetória”, explica a advogada. 

Centros de referência, como os CRAMs (Centros de Referência de Atendimento à Mulher), Defensorias Públicas e ONGs oferecem suporte gratuito ou de baixo custo para vítimas de violência. Em situações de ameaça iminente, a orientação é buscar ajuda imediata, acionando a polícia pelo número 190 ou procurando familiares e amigos de confiança. A Central de Atendimento à Mulher (disque 180) também está disponível 24 horas por dia, de forma gratuita e sigilosa. 

Bruna Santana reforça que a Lei Maria da Penha oferece diversos mecanismos de proteção, como o afastamento do agressor, proibição de contato e o uso de tornozeleira eletrônica. No entanto, muitas mulheres desconhecem esses direitos ou não sabem como acioná-los. "Saber que existem recursos legais, entender como eles funcionam e buscar ajuda imediatamente pode salvar vidas. Não é exagero, não é drama: é sobrevivência", conclui a especialista. 

Apesar de a responsabilidade pela proteção das mulheres ser do Estado, informação e rede de apoio são instrumentos fundamentais para fortalecer aquelas que, todos os dias, lutam para viver em liberdade e segurança.

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Artista também é terceira mulher a vencer a categoria de Melhor Álbum de Rap no Grammy
por
Beatriz Alencar
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14/03/2025 - 12h

A cantora Doechii foi nomeada a Mulher do Ano de 2025 pela Billboard, com o anúncio feito nesta segunda-feira (10). Com o título, a artista norte-americana tornou-se a segunda rapper a ganhar a honraria no mundo da música, a primeira foi a Cardi B, premiada em 2020.

A revista da Billboard descreveu Doechii como uma das principais artistas da atualidade a “redefinir o que é ser uma precursora na indústria musical”. Ela será homenageada em um evento da Billboard no final deste mês.

Foto: Divulgação álbum “Alligator Nites Never Heal” | Reprodução: Redes sociais | Fotógrafo: John Jay

Foto: Divulgação álbum “Alligator Nites Never Heal” | Reprodução: Redes sociais | Fotógrafo: John Jay

A rapper, de apenas 26 anos, fortaleceu mais a carreira musical em 2024, com o lançamento do álbum “Alligator Bites Never Heal”, uma aposta de mistura entre os gêneros R & B e hip-hop. O mixtape foi indicado para três categorias do Grammy, entre eles o Melhor Álbum de Rap, marcando a primeira vez desse estilo de faixa feito por uma mulher a alcançar essa indicação.

Apesar disso, após a indicação de Melhor Álbum de Rap, Doechii foi convidada para fazer parte da faixa “Baloon” do álbum “Chromakopia”, do rapper Tyler, The Creator. A participação aumentou a visibilidade da artista que começou a fazer apresentações virais em festivais e em programas de rádio e televisão.

As composições de Doechii já viralizavam nas redes sociais desde 2020, com músicas como “What It Is” e "Yucky Blucky Fruitcake", mas as músicas não eram associadas com a imagem da artista. Foi somente após o espaço na mídia tradicional e o convite de Tyler que a rapper foi reconhecida.

Em fevereiro deste ano, Doechii se tornou a terceira mulher a vencer a categoria de Melhor Álbum de Rap no Grammy ao sair vitoriosa na edição de 2025, novamente, seguindo a história de Cardi B.

Foto: sessão de fotos para a revista The Cut - edição de fevereiro | Fotógrafo: Richie Shazam

Foto: sessão de fotos para a revista The Cut - edição de fevereiro | Fotógrafo: Richie Shazam

A apresentação da artista norte-americana na premiação, ocorrida no dia 2 de fevereiro, também foi classificada pela Billboard, como a melhor da noite. A versatilidade, modernidade e o fato de ser uma mulher preta na indústria da música, aparecem tanto nas faixas de Doechii quanto nas roupas e shows, fixando essas características como um dos pontos principais da identidade da artista.

A rapper tem planos de lançar o próximo álbum ainda em 2025, e definiu os últimos meses como um "florescer de um trabalho longo", em declaração a jornalistas na saída do Grammy.

"Meu filho se sentia bem justamente por não ser mais uma clínica ou terapia, e sim, um estúdio onde faria música", diz mãe de ex-aluno do Alma de Batera
por
Vitória Nunes de Jesus
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22/11/2024 - 12h

Segundo a Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down (FBASD), 1 em cada 700 pessoas no Brasil nascem com Síndrome de Down. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que 2 milhões de brasileiros tenham autismo, o que equivale a 1% da população brasileira. No Brasil, estima-se que surjam pelo menos 30 mil novos casos de paralisia cerebral por ano. 

Para ajudar no processo de inclusão dessas pessoas, Paul Lafontaine criou o Instituto Alma de Batera em 2008, com o propósito de ensinar bateria para pessoas com deficiência. Os alunos acolhidos vão desde crianças até adultos.

Segundo Paul, a ideia de formar o Alma de Batera surgiu após trabalhos voluntários. “Depois de alguns trabalhos voluntários em instituições para pessoas com deficiência, eu fiquei com vontade de trabalhar na área. Decidi fazer faculdade de pedagogia e imaginava que fosse trabalhar em algum setor de alguma instituição para esse público. Mas nenhuma instituição me respondia aos e-mails que enviava para ser estagiário, e então, meu professor me ligou e me indicou para dar aulas de bateria para quatro alunos, todos eles com alguma deficiência. Foi aí que surgiu a ideia de montar minha própria instituição”.

“Escolas de música especificamente para esse público, eu não conheço e nunca soube algo voltado só para PCDs”, diz o fundador do Instituto, mesmo com tantas pessoas que podem desfrutar de projetos como este.

Raquel Chicarelli, mãe do Gian, 13, que tem paralisia cerebral, ex-aluno do Instituto, conta um pouco da experiência que tiveram no Alma de Batera. “Gian gostou muito, aprendeu a segurar a baqueta e assim a melhora na motricidade, sempre quis ir às aulas, mas por conta da rotina de terapias ficava cansado”.

Paul diz que se sente realizado em seu trabalho. “Sensação de dever cumprido. Independentemente se os alunos têm alguma deficiência ou não, para um professor é ótimo saber e ver que o trabalho feito gera um impacto positivo na vida de cada um deles”.

Imagem: arquivo pessoal
Foto: arquivo pessoal

A mãe do Gian diz que o Instituto é um lugar que seu filho gostava e é o espaço ideal para PCDs aprenderem bateria. “Se sentia bem justamente por não ser mais uma clínica ou terapia e sim, um estúdio onde faria música com um instrumento possível para ele e sempre recebidos com carinho e alegria. Com certeza deve ser ampliado para se multiplicar pelo país”.

Paul conta as dificuldades enfrentadas na sua profissão, mas que não anulam as alegrias. “No processo de aprendizagem, a conexão entre o professor e o aluno é a parte mais difícil e primordial para trazer algum resultado prático. Sem criar conexão, não gera empatia entre ambas as partes, e assim, o conteúdo se torna irrelevante”.

Raquel conta as principais dificuldades que seu filho Gian tem para aprender e diz que a bateria é algo divertido para ele. “Gian por conta da paralisia cerebral tem muita dificuldade em manter a atenção e isso faz qualquer aprendizado ficar mais difícil, não só a bateria, mas por ser instrumento e ele gostar, tornou-se algo prazeroso para ele”.

“Todos os alunos, de alguma forma, nos mostram algum retorno positivo, seja na felicidade de querer tocar, ou na melhoria na hora da execução do instrumento, que traz uma satisfação enorme e um sentimento de pertencimento”, diz o fundador do Instituto sobre a alegria de observar a devolutiva dos alunos.

Raquel conta um pouco sobre seu filho e sua rotina. Fala sobre a falta de inclusão e diz que o convívio com as pessoas o ajuda. “Gian nasceu prematuro, teve muitas intercorrências que causaram a paralisia cerebral, afetando o cognitivo, fala e mobilidade. Cada dia é um ganho, a evolução vem dos esforços contínuos nas terapias, estimular sempre na escola, convívio com a sociedade que melhorou, mas ainda falta mais inclusão, acessibilidade.
E, persistir a evoluir nesses campos, manter os desafios diários para que ele seja o mais independente possível, proporcionando tudo que estiver ao nosso alcance”.

Imagem: arquivo pessoal
Foto: arquivo pessoal

Por fim, Paul conta uma situação, no início do projeto, que o marcou. “Bem no começo, quando ainda nem tínhamos um espaço próprio, eu alugava um estúdio e estava atendendo apenas 1 aluno na época. Era um aluno com Síndrome de Down. E eu, pensativo antes da aula começar, com a cabeça longe e acreditando que esse trabalho não iria para frente, bem desanimado, recebi esse único aluno. Não sei se ele percebeu que eu estava meio triste e desanimado, mas ele veio, me deu um abraço e me disse uma frase que nunca esqueci: “Paul, você é o melhor professor do mundo!”. Aquela frase dele me fez continuar e acreditar que, enquanto eu estiver fazendo a diferença na vida de um aluno, eu iria continuar com as aulas. Hoje temos cerca de 40 alunos, todos com alguma deficiência”.

Diante desses apontamentos, é possível concluir o quão bem faz o trabalho do Instituto Alma de Batera, e não só para os alunos, mas também para os envolvidos no projeto, pais e professores. Deveriam existir mais institutos como este, pensados em PCDs e na inclusão.

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Produzir orgânicos é um desafio que envolve altos custos, manejo artesanal e um compromisso com a sustentabilidade.
por
NINA JANUZZI DA GLORIA
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12/11/2024 - 12h

Por Nina J. da Glória

 

No coração de uma pequena fazenda nos arredores de São Paulo, a paisagem exibe fileiras simétricas de verduras, um campo verde que mais parece um quadro pintado com paciência e precisão. Cada folha simboliza uma promessa livre de químicos, cultivada à mão, mas também testemunha de um trabalho árduo, invisível ao consumidor final. Esse é o cotidiano de Mariana Silva, uma agricultora que decidiu, há quase uma década, abandonar a produção convencional para dedicar-se ao orgânico. No início, acreditava que seria um retorno ao básico, uma reconexão com a natureza. Mas a realidade mostrou-se mais densa e complexa do que o imaginado. O solo, como um organismo vivo, exigia constantes cuidados e uma compreensão que ia além dos métodos tradicionais. Cada semente carregava uma incerteza, e cada colheita trazia consigo os riscos de uma produtividade menor, vulnerável a pragas e intempéries. "O solo não aceita pressa", sua frase parece pairar na atmosfera ao redor das hortas, impregnada de paciência e resignação.

Nas redondezas, em outra propriedade de São Roque, Paulo Mendes compartilha a mesma visão, mas com uma trajetória que o levou ao orgânico por caminhos distintos. Ao contrário de Mariana, ele vem de uma família que cultivava com agroquímicos, mas sempre sentiu a necessidade de transformar as práticas de cultivo. Para ele, o orgânico é como um resgate da essência da terra, uma escolha que exige mais do que habilidades tradicionais. É um compromisso com o solo, com o ciclo de nutrientes e com o futuro. Paulo vê o campo como um delicado organismo, onde a compostagem e a rotação de culturas são essenciais, mas também um desafio financeiro. Cada safra se transforma em uma experiência quase artesanal, onde a eficácia do manejo natural precisa competir com a tentação das facilidades químicas. Esse processo, para ele, é como uma dança cuidadosa com a natureza, em que observar e respeitar o ritmo das estações torna-se tão vital quanto qualquer técnica de plantio.

                                                            Comunidade de pessoas que trabalham juntas na agricultura para cultivar alimentos

Para Mariana e Paulo, a colheita orgânica traz consigo um custo invisível ao olhar do consumidor. A vulnerabilidade às pragas, por exemplo, é uma preocupação constante. Sem pesticidas convencionais cada infestação é uma batalha natural que, muitas vezes, se perde. A introdução de insetos benéficos para conter pragas ou o uso de biofertilizantes representa um custo adicional, tornando a logística do manejo um quebra-cabeça financeiro. Além disso, há as certificações rigorosas exigidas para que o produto receba o selo de orgânico, que Mariana descreve como "um segundo trabalho", com visitas e inspeções que, embora necessárias, absorvem ainda mais recursos.

No centro dessa cadeia está Cláudia Ramos, proprietária de uma loja de produtos orgânicos em São Paulo. De seu ponto de vista privilegiado, ela percebe o esforço e as dificuldades de seus fornecedores, mas também o descompasso entre o preço desses produtos e a percepção dos consumidores. Em cada item das prateleiras, Cláudia vê um microcosmo de esforço e idealismo, mas, ao explicar as diferenças entre orgânico e convencional, enfrenta um público que ainda considera o orgânico um luxo. Ela afirma que cada produto é uma história de sacrifício, e explica que o custo mais alto representa a vulnerabilidade da produção orgânica, que exige cuidados permanentes e colheitas menos previsíveis.

                                                                                           Close-up de plantas verdes na estufa

A produção orgânica, então, emerge como uma complexa equação de valores, sacrifícios e riscos. Cada um dos envolvidos—do campo à prateleira—carrega uma parte dessa carga, como se fosse um ciclo contínuo de compromissos, onde o ideal e o real se encontram e se confrontam. A busca pela pureza e pelo cuidado no cultivo se mescla a um cotidiano cheio de dificuldades, e o produto final se transforma numa espécie de narrativa silenciosa sobre perseverança e dedicação ao que se acredita ser o melhor para o futuro do planeta e do ser humano.

Os impactos das mudanças no dia-a-dia dos pacientes e profissionais de saúde
por
Bianca Novais
Maria Eduarda Camargo
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20/11/2023 - 12h

Por Bianca Novais (texto) e Maria Eduarda Camargo (audiovisual)

 

Em um mundo pós-pandemia de Covid-19, os cuidados com a saúde deixaram de fazer parte de uma seção especial dos jornais e passaram a figurar entre os assuntos principais do cotidiano. Com a popularização dos nomes e marcas das indústrias farmacêuticas que desenvolveram e comercializam vacinas contra o coronavírus, a população passou a ficar mais atenta a outras informações sobre os produtos de saúde que consomem, em especial, medicamentos.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) publicou em 12 de dezembro de 2022 a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 768, que estabelece novas regras para rotulagem de remédios. Kim Gonçalves, coordenador de Assuntos Regulatório de uma multinacional farmacêutica, nos conta como tem sido o processo de atualização.

 

 

Apesar da Covid-19 ter trazido mais foco para a indústria da saúde e sua regulamentação, a atualização da rotulagem era uma pauta da ANVISA há muitos anos e foi justamente a pandemia que atrasou esse processo.

 

 

 

Uma das novidades que pode ser mais perceptível ao consumidor é a "substituição" da bula de papel pelo código bidimensional: um tipo de código de barras que possui capacidade melhor de armazenar dados, inclusive dados maiores, do que códigos lineares - algo como o CPF de cada unidade do medicamento, um número de identificação próprio -, que poderá ser acessado pelo paciente através da internet.

Este é um ponto de atenção para Kim, uma vez que o acesso às tecnologias digitais no Brasil está longe do ideal. Apesar disso, a substituição é viável para a estrutura informacional que temos no país hoje:

 

 

Outro legado da pandemia, infelizmente, é o uso incorreto de medicamentos e a automedicação. Para além dos conflitos políticos e ideológicos travados durante o período da doença, que vitimou mais de 700 mil brasileiros até a redação desta reportagem, segundo o DataSUS, o perigo do mal uso de remédios não se limita ao indivíduo, mas a toda sua comunidade. A atualização das rotulagens de medicamentos também ajuda pacientes e profissionais da saúde - médicos, farmacêuticos, enfermeiros, cuidadores, psicólogos e muitos outros - a combaterem os efeitos desta outra pandemia - a de desinformação.

 

 

 

 

Após críticas do padrão de beleza que a boneca “bela, recatada e do lar” apresentava, Mattel traz nova coleção que inclui vitiligo, deficiência física e até calvície
por
Ramon Henrique
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26/06/2020 - 12h

A Barbie, considerada boneca mais famosa do mundo, foi criada há mais de seis décadas. Ela ditou tendências de moda e também foi extremamente criticada por trazer um padrão de beleza inalcançável. Sua fabricante, buscando finalmente chegar no século 21, traz agora uma coleção ‘fashionista’, que busca diversas formas de representar as mulheres. Nessa nova safra, destacam-se a boneca com vitiligo, uma com prótese na perna e uma careca, entre outras.

Mesmo trazendo edições baseadas em seus próprios filmes ou recriando bonecas de outras sagas como ‘Star wars’ ou ‘Harry Potter’, a imagem da mulher branca e de cintura fina não foi totalmente abandonada. “Bonecas loiras, olho claro, boca rosada, nariz fino. Era isso que tínhamos contato”, diz a estudante Maria Luiza Marinho.

“Lembro de uma vez, brincando com uma super amiga, ela falou ‘Malu, você não tem nenhuma boneca que parece comigo?’ Olhei pra bancada e vi que todas minhas bonecas eram iguais, não problematizei em cima disso, mas lembro muito de ter ficado reflexiva naquela semana”.

 “Eu sempre fui louca pela Barbie, e eu não tinha muito essa noção de representatividade nem nada, claro. Éramos crianças”, completa.

Seu lançamento foi em uma época onde a vida das mulheres se limitava a cuidar de suas casas. Como o mundo mudou, muitas estavam em busca de igualdade de direitos, de salários e de decisão. “Acho que a Barbie veio disso, não ao contrário. Quando o sufrágio tomou forças, a boneca passou a seguir passos do feminismo. Não cabia mais isso de ‘bela, recatada e do lar’ apesar de acharem que a Barbie representa todo esse estereótipo, eu acho que muito pelo contrário, a Barbie tem várias profissões”, diz a estudante.

Mesmo acompanhando a evolução das mulheres ao longo dos anos a boneca Barbie foi extremamente criticada por trazer um padrão de beleza inalcançável, tanto que muitas mulheres resolveram fazer mais de 20 cirurgias para se parecerem com a boneca. Em uma entrevista para o jornal Extra, Valeria Lukyanova mais conhecida como “Barbie humana” afirma que não gosta de ser lembrada como Barbie e diz que nem gosta tanto da boneca.

A estudante de enfermagem Leticia Cartaxo lembra como eram as bonecas Barbie quando pequena: “sempre loura, às vezes de edições baseadas em filmes”. Mas hoje em dia, afirma, “a Mattel rompeu todos os paradigmas lançando uma linha mais ‘real’, dando liberdade para jovens e crianças serem o que quiserem”.

Victor Hugo, colecionador de 31 anos, diz que as bonecas Barbie quando pequeno eram todas loiras e havia bonecas negras mas sua comercialização era muito difícil. “Tínhamos que nos contentar com as loiras”.

 

Acervo pessoal de Victor Hugo

Com a linha de bonecas fashionista, lançada em 2015, a Mattel trouxe inúmeras formas de representar as mulheres. O colecionador diz “eu acredito que tenha aumentado a representatividade. Hoje em dia tem vários tipos de corpos e uma diversidade de cores”.

Coleção Barbie fasionista de 2020.

 

O colecionador de 22 anos, Ernando Gustavo, diz que quando pequeno, as bonecas Barbie eram sempre loiras e tinham algumas morenas (bronzeadas) mas nenhuma negra.

Na conta de sua boneca no Instagram, ele afirma receber varias mensagens de pessoas perguntando onde ele comprou sua boneca. “Talvez seja pelo fato de não ter Barbie negra ou por não conhecerem como eu também não conhecia”.

“A maioria dos seguidores são negros assim como eu. Acredito que por ela ser negra e ter cabelo crespo, muitas pessoas falam que se sentem representadas por ela”, diz.

 

Acervo pessoal de Ernando Gustavo

 

Em março desse ano, Ella Rogers, uma menina cadeirante de dois anos, recebeu de sua mãe uma boneca Barbie com uma cadeira de rodas.

“Quando ela abriu,  o rosto dela não tinha preço”, disse a mãe de Ella, Lacey Brown-Rogers, em uma entrevista para a revista americana.

“Ella é como qualquer outra criança. Ela não é verbal, mas se comunica através da linguagem gestual e entende tudo o que você está dizendo. Saber que ela foi incluída com uma Barbie em uma cadeira de rodas é incrível, porque é alguém como ela”.

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Futebol e investimentos são temas de canais e perfis nas redes, criados a partir de buscas por novas frentes de expressão
por
Mateus França
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26/06/2020 - 12h

Por conta da quarentena, a interação cresce nas plataformas digitais, o que se tornou uma oportunidade para que hobbys se transformem em trabalho. É o que ocorreu para Pietro Amélio Hummel (20), Rafael Alimari (19) e Luis Henrique Stella (18): “É um momento muito difícil para todos nós, mas abriu portas para colocar em prática muita coisa que vinha planejando, caso de meu canal no YouTube”, conta Alimari.

Stella e Alimari estão juntos no mesmo canal, seu nome é “Ousadura”. Na plataforma do YouTube, eles estão com 180 inscritos. E se trata de um canal de futebol, com um entretenimento legal e divertido. Apresentam também uma conta do Instagram, o nome da página é @canalousadura. Hummel tem um canal que expõe ideias de investimentos. Esse é o foco. Mas o seu destaque, são as analogias que ele utiliza, para facilitar a compreensão de seus espectadores. O nome de seu canal no Youtube é “Manual dos investimentos”, e contém 70 inscritos. Sua conta no Instagram é @manual.dosinvestimentos.

Quem se beneficia com toda essa história são os aplicativos utilizados para compartilhar esses hobbys, como o Instagram. “Costumo postar quase todos os dias, para eu não perder o foco, e para as pessoas sempre veja um vídeo todo dia. E esse aplicativo é um dos que mais apresenta interatividade, do criador de conteúdo e o público alvo”, explica Hummel.

De certa forma, uma nova atividade como essa revela que, mesmo no contexto da pandemia, há possibilidades positivas, já que um hobby tem potencial de virar um trabalho.  “Após a quarentena pretendo sim continuar fazer isso! Vou arrumar um tempo, dentro do meu dia a dia, para que esse canal continue em sua caminhada”, diz Alimari.

“Nós gostamos de gravar futebol. Acredito que, com persistência e dedicação, será possível uma remuneração que, mostre aos nossos pais, que isso não é tempo jogado no lixo!” diz Stella.

Ela conta sente pressão familiar, que considera que “gravar vídeo de futebol chega a ser ridículo”. Para Stella, contudo, “é uma questão de tempo, dedicação, e o mais importante, não desistir. Porque muitas pessoas podem simplesmente começar a gravar e divulgar um certo conteúdo. Mas não são todas que chegam no sucesso, e é exatamente lá que eu quero estar, com meus companheiros de canal”.                                    

Já Hummel, por ser um conteúdo “mais trabalhoso”, ele não lida com pressão familiar ou algo relacionado. “Minha família me apoia totalmente! Pensei que não teria apoio, mas foi diferente. Acredito que eu consigo passar uma boa ideia do que eu realmente eu quero, que seria independência financeira.”  

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Muitas pessoas não aderiram ao isolamento, pois precisavam manter seus empregos e outras, como trabalham de forma autônoma precisavam continuar saindo de casa.
por
Rafael Monteiro Teixeira
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25/06/2020 - 12h

¨Algumas comunidades em que trabalho aderiram ao isolamento decretado pelo governo, mas infelizmente são a minoria em relação à quantidade de áreas localizadas na periferia da região leste da cidade de São Paulo¨ diz Claudia Peres Monteiro, 48, Assistente Social da empresa Diagonal Consultoria de Territórios, contratada pela Secretaria Municipal de Habitação da Cidade de São Paulo.

Com 18 anos prestando serviços na área social para a prefeitura de SP, ela diz nunca ter passado por um momento tão complicado para realizar o trabalho com as famílias dessas comunidades, pois devido a todos os problemas causados pela pandemia, a situação, que já era precária, acabou se agravando.

¨As famílias da região em que atuo estão enfrentando muitas dificuldades, seja na questão do trabalho, pois muitos perderam o emprego, seja na questão da moradia ou pior muitas não têm nem o que comer. Uma grande maioria dessa população está sobrevivendo com a ajuda de terceiros e do poder público¨, diz Monteiro.

¨Podemos dizer que na periferia da região leste, muitas comunidades ainda possuem um alto índice de precariedade das moradias, como falta de saneamento básico, baixas condições de habitabilidade e falta de infraestrutura de um modo geral essas situações acabam agravando o índice de pessoas infectadas, outro agravante seria a falta de compreensão da população, que não percebe a gravidade do problema¨.

Diante dessa situação o poder público vem tomando algumas medidas para tentar minimizar o sofrimento da população, como por exemplo o pagamento, do auxílio emergencial, feito pelo governo federal, que ajuda famílias de baixa renda, mas muitos ainda não conseguiram acessar.

FOTO Claudia Atendimeto
Claudia Peres Monteiro em atendimento (arquivo pessoal)

¨Em relação ao governo municipal posso citar a parceria com o Programa Cidade Solidária que fez a entrega de 10.723 cestas básicas às famílias em alta vulnerabilidade social, moradoras da região leste, do início da pandemia, até 11.06.2020, tem ainda a instalação de lavatórios comunitários em áreas com difícil acesso a rede da SABESP que está sendo realizada em parceria com PMSP e algumas ONGs ¨, diz a assistente social.

 

¨São ações paliativas para enfrentar uma situação muito mais grave, que vai além da pandemia, precisava ter um olhar mais efetivo do poder público para essas áreas e para famílias. Em contrapartida é preciso também que a população tome conscientização da atual situação e o qual pode ser prejudicial a todos. ¨

 

 

 

 

 

 

 

Já Tatiana Miranda Erguelles, 39, que também trabalha na Diagonal, mas na região Centro e na região Leste diz que ¨as comunidades em que trabalho aderiram pouco ao isolamento, parece até final de semana ou férias, pois muitos estão nas ruas fazendo várias coisas, sem saber a real gravidade da situação. ¨

Com 17 anos prestando serviços na área social, ela também diz nunca ter passado por nada parecido. ¨Agora atendemos as famílias via WhatsApp e reuniões por vídeo conferência¨ diz a assistente social, a respeito das mudanças, após o início da quarentena.

FOTO Tatiana Atendimento

Tatiana Miranda Erguelles – Em atendimento
(Arquivo Pessoal)

¨Para as famílias que venho acompanhando, a pandemia parece não ter chegado. As famílias estavam aguardando as entregas das unidades habitacionais, porém com o decreto da quarentena, que proibia as reuniões presenciais acabou atrasando as entregas e os moradores mesmo com os decretos solicitavam a continuidade das atividades. ¨

Em relação as condições das famílias que ela atende, Erguelles diz ¨Elas geralmente possuem uma renda baixa, e estão utilizando do auxílio aluguel devido a remoção da PMSP. Muitas delas têm acesso à internet, e dessa maneira estão recebendo as informações e nossas orientações. ¨

¨As maiores das dificuldades enfrentadas na minha opinião, são o desemprego e a falta de acesso as políticas públicas. ¨ diz a assistente social.

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As redes sociais contribuíram para que houvesse uma mobilização, resultando em manifestações e tomada de decisão por parte da Rede Globo em tratar sobre assuntos raciais
por
Julio Cesar Ferreira
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25/06/2020 - 12h

George Floyd e João Pedro, os dois casos foram expostos na mídia, mas o de Floyd tomou proporções maiores. Os protestos originados nos EUA foram um papel importante para que mobilizassem outros países, inclusive o Brasil, sobretudo com a movimentação nas redes sociais. “Foi preciso ocorrer nos EUA para que ocorresse aqui”.

Lucas Silvestre, fotógrafo e modelo, homem preto e bicha, defende que, “Os brancos no Brasil começam a ter mais visão do que está acontecendo, por meio do que ocorreu nos EUA, pois querendo ou não, é um grande espelho do mundo capitalista” e completa dizendo, “Então foi preciso ocorrer nos EUA para que repercutisse muito aqui”.

Foto: Lucas Silvestre/Acervo pessoal.
Lucas Silvestre/Acervo pessoal. 

Em meio a toda movimentação nas redes sociais, tiveram mais de 21 milhões de postagens com a utilização da hashtag Black Lives Matter, e a hashtag Blackout Tuesday, que propôs um grande “apagão” nas redes sociais, especialmente Instagram, e para isso, foi usado uma imagem completamente preta. E por parte de algumas empresas de streaming, como o Spotify, esse dia foi usado para não ser reproduzida nenhuma música na plataforma durante 8 minutos e 46 segundos. 

“O que rolou bastante e tem que rolar sempre, não só em uma terça-feira, é a divulgação massiva de pessoas pretas, para entender mais sobre o racismo. Não adianta nada postar uma foto preta, se essa vai ser sua única ação, o que você vai fazer a partir disso é o que importa mais”, pontua. As divulgações tinham como propósito difundir trabalhos de pessoas pretas: artistas, músicos, escritores, fotógrafos, modelos, produtores e influenciers.

Com tudo isso acontecendo no Brasil, houve no meio o assassinato de Miguel, uma criança negra de cinco anos que foi trabalhar com a mãe doméstica na casa da patroa. Ela precisou sair com a cachorra da patroa enquanto seu filho ficava sobre os cuidados dela, Sarí Côrte Real, que apertou o botão do 9º andar para a criança ir à busca de sua mãe que estava no térreo.

Mariana Salomão, mãe correria solo de um menino preto chamado Tom, de 12 anos, professora de arte na Prefeitura de São Paulo e graffiteira, “O Brasil não assume ser um país extremamente racista, uma mãe preta periférica está chorando a dor de ter que enterrar um filho, que o único crime foi nascer preto”.

Foto: Mariana/Acervo pessoal.
Mariana Salomão/Acervo pessoal. 

Ela afirma que enquanto mãe sentiu ódio e revolta. “O caso Miguel. João. Que sempre me lembram de que poderia ser um Tom”.

A artista finaliza dizendo. “Um racismo histórico, arraigado e normalizado em nosso cotidiano, que escancara também o classicismo, expõe todos outros preconceitos, como o ódio aos pobres, trabalhadores, e ainda tentam responsabilizar uma mãe solo em luto, até pelo assassinato do seu único filho pela patroa escravagista branca”.

O que contribuiu para que a Globo News fizesse um programa somente com jornalistas negros, que posteriormente, foi reexibido na rede Globo para que mais pessoas tivessem acesso ao programa.

Andreza Delgado, produtora cultural e de conteúdos nas redes sociais. “Agora as pessoas estão sempre falando do racismo, mas o jeito que a gente vai tratar mostra a seletividade de um posicionamento antirracista, inclusive da própria mídia. O movimento negro brasileiro tem denunciado e ele é importante”.

Foto: Andreza Delgado/Acervo pessoal.
Andreza Delgado/Acervo pessoal. 

Para ela, o papel das redes sociais e os movimentos de rua devem encontrar um equilíbrio. “É conversar com o vizinho sobre racismo, mais do que escrever na internet, mas sempre buscando o equilíbrio entre os dois. As manifestações são importantes e faz sentido o que está acontecendo, inclusive com a tomada de decisão da Globo News de tratar sobre esse assunto com jornalistas negros”.

E ela reitera o papel importante das redes sociais, e acrescenta que é importante usar ela com consciência, pois muitas pessoas usaram a hashtag Black Lives Matter junto com a Blackout Tuesday, o que acabou dificultando o acesso às informações importantes relacionadas às doações, petições e manifestações que foram divulgadas usando a Black Lives Matter.

 

 

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Mulheres de diferentes regiões do estado se organizaram pela internet e criaram uma lista de supostos abusadores sexuais
por
Gabriela Costa de Souza
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24/06/2020 - 12h

Na última semana de maio, jovens de várias cidades de São Paulo fizeram uma lista que circulou pelo WhatsApp com o nome de diversos homens, apontados como supostos assediadores e agressores sexuais. Muitas mulheres utilizaram a hashtag #exposed acrescida do nome do município, em outras redes sociais, para compartilhar seus relatos de violência.

Esse movimento tinha a intenção de alertar outras mulheres sobre possíveis agressores com quem elas poderiam estar se relacionando. “Nós precisamos saber quem são as pessoas ao nosso redor, o tipo de amizades que a gente cultiva. Eu não quero conviver com esses homens”, relatou Letícia (nome falso) acerca do ocorrido.

Ela ainda afirmou que a lista foi fundamental para que começasse a conversar com as amigas sobre situações que já tinha vivido. “Eu tenho transtorno de ansiedade e essa situação toda se tornou um gatilho para mim, mas eu comecei a sentir mais abertura para falar com outras mulheres sobre isso, a gente precisa se unir mais”.

As denúncias realizadas através da lista foram contabilizadas por Miwa Hamada Kashiwagi, (19). “Me colocaram num grupo do WhatsApp com mais de duzentas meninas, e a lista continuava crescendo. Chegou um momento em que tivemos que organizar tudo por meio de uma planilha”. De acordo com Kashiwagi, somente na cidade de São José dos Campos, foram 967 queixas no total, sendo 370 de assédio sexual, 253 de assédio verbal, 84 de estupro, 54 de agressões físicas, entre outras.

Foto do Acervo Pessoal de Miwa Kashiwagi
Fonte: Acervo Pessoal de Miwa Hamada Kashiwagi

A universitária também disse que o movimento foi importante para conscientizar as pessoas acerca do quão comum a violência contra a mulher acontece. “A gente precisa desmistificar essa ideia de que um abusador é sempre um homem estranho ou um monstro, porque, na maioria das vezes, são uns caras simpáticos que te dão bom dia na sala de aula”. Kashiwagi, que já teve suas fotos colocadas sem a sua permissão em um site de acompanhantes de luxo, disse que, atualmente, não denunciaria nenhuma outra agressão por conta do “estresse desnecessário” que “não traria resultados”.

Sobre a questão de denúncias formais, a jovem Yasmin Oliveira também revelou não sentir segurança para fazer um boletim de ocorrência. Ela contou que falou com alguns meninos que já a haviam assediado de alguma forma e cujos nomes estavam na lista. “Conversei sobre como foi errado e como isso me machucava. Foi bem tranquilo, porque eles escutaram e queriam mesmo entender como mudar, espero que seja uma disposição verdadeira. Todo mundo merece uma segunda chance”.

Foto de Acervo Pessoal de Yasmin Oliveira
Fonte: Acervo Pessoal de Yasmin Oliveira 

Oliveira também afirmou ser fundamental a união de mulheres para enfrentar experiências violentas. “Quando a gente está sozinha é difícil demais enfrentar tudo que nos oprime. Agora, quando juntamos pessoas que passam pelas mesmas coisas, não precisamos explicar a dor ou o medo, porque a pessoa já vive, e isso torna muito mais fácil um diálogo”.

Mesmo com toda a força que o movimento deu para muitas mulheres, há precauções que devem ser tomadas. A advogada Rosimere Lopes Oliveira adverte que, fazer denúncias sem provas ou formalidades jurídicas, pode ser prejudicial para as próprias vítimas. Muitos garotos, cujos nomes estavam na lista, entraram na Justiça e vão processar as responsáveis por calúnia e difamação. “É gravíssima a maneira como estão fazendo isso, porque é totalmente inadequada. Se a pessoa sofreu qualquer tipo de violência ela precisa tomar as medidas cabíveis, ou seja, ir até uma delegacia e realizar a denúncia”.

Foto do Acervo Pessoal da advogada Rosimere Lopes Oliveira
Fonte: Acervo Pessoal de Rosimere Lopes

A advogada, que trabalha na área há 10 anos e coordena o projeto “Quebrando as algemas”, para ajudar vítimas de violência doméstica, afirma que as jovens devem denunciar, mas que também precisam levar em conta a presunção da inocência. “Cada caso é um caso e elas precisam sempre buscar ajuda profissional para obter toda a orientação necessária”. Além disso, Oliveira também afirma ser importante analisar a idade dos envolvidos, pois, se a vítima tiver menos de 14 anos, pode ser enquadrado como estupro de vulnerável, o que torna tudo ainda mais grave.

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