Estúdios acusam a plataforma de IA de violar direitos autorais ao permitir a criação de imagens com personagens protegidos.
por
Lucca Andreoli
Henrique Baptista
|
17/06/2025 - 12h
Logo da Midjourney
Logo do serviço de IA Midjourney. Reprodução

A Walt Disney Company e a Universal Corporation, dois dos maiores estúdios de Hollywood, abriram no dia 11 de junho um processo conjunto contra o Midjourney — um serviço de inteligência artificial criado e desenvolvido pelo laboratório de pesquisa independente, Midjourney, Inc. —  na U.S. District Court for the Central District of California. O serviço de inteligência artificial está sendo acusado de utilizar propriedade intelectual dos estúdios sem autorização.

Segundo a ação, o Midjourney usou de forma “intencional e calculada” obras protegidas — como personagens de Star Wars (Darth Vader, Yoda), Frozen (Elsa), The Simpsons, Marvel (Homem-Aranha, Homem de Ferro), Minions, Shrek e O Poderoso Chefinho — para treinar seus modelos e permitir a geração de imagens derivadas altamente similares.

 

Disney e Universal afirmam que já haviam solicitado que a plataforma bloqueasse ou filtrasse esse tipo de conteúdo, mas não foram atendidas. Para a vice-presidente jurídica da NBCUniversal, Kim Harris, “roubo é roubo, independentemente da tecnologia usada”.

A petição descreve o Midjourney como um “poço sem fundo de plágio”. Estima-se que a plataforma tenha gerado cerca de 300 milhões de dólares em receita em 2024, contando com mais de 21 milhões de usuários.

Os estúdios pedem uma liminar para impedir novas infrações e uma compensação financeira — que pode ultrapassar os 20 milhões de dólares. Horacio Gutierrez, diretor jurídico da Disney, declarou: “Pirataria é pirataria — o fato de ser feita por uma IA não a torna menos ilegal”.
.
Além disso, a ação se insere em um cenário crescente de disputas semelhantes — como os casos envolvendo a Stability AI, a OpenAI e o New York Times. Também aponta para a criação de um serviço de vídeo de IA que em breve poderá criar clipes animados com materiais não autorizados, ampliando ainda mais os riscos à propriedade intelectual e ao controle de suas criações. O processo reforça a pressão por regulamentações mais claras que protejam a criatividade humana frente ao avanço da IA.

A preocupação no meio artístico a respeito das inteligências artificiais é um tema crescente que já gerou polêmicas anteriormente, como a questão das fotos “estilo estúdio Ghibli” no início deste ano. 

O processo representa um marco legal na relação entre Hollywood e a inteligência artificial. É o primeiro grande embate judicial do tipo envolvendo empresas de entretenimento, e pode abrir precedente para que outras companhias exijam licenciamento prévio ou filtros automáticos em ferramentas de geração de imagens.

Tags:
Banda faz uma pausa na carreira, suspende shows em novembro e apresentação na COP30
por
Lucca Andreoli
João Pedro Lindolfo
|
26/05/2025 - 12h
Foto do show em Manchester, 3 de junho de 2023 Imagem: Raph_PH
Foto do show em Manchester, 3 de junho de 2023
Imagem: Raph_PH

A banda Coldplay cancelou a turnê que faria no Brasil em novembro deste ano, que incluiria cerca de dez apresentações. De acordo com o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, o grupo decidiu fazer uma pausa na carreira e, por isso, suspendeu toda a agenda na América do Sul. 

No entanto, não houve pronunciamento ou qualquer confirmação oficial até agora. A banda era aguardada para uma apresentação na COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Belém (PA). 

Em 2022 a banda passou pelo festival Rock in Rio e em 2023 esteve no Brasil pela última vez para 11 shows. A apresentação na COP30 seria a primeira vez da banda no Pará, algo que Chris Martin, vocalista do grupo, já demonstrava interesse. 

No ano de 2021, em uma postagem no X (antigo twitter) sobre ações climáticas, o cantor mencionou o governador do Pará, Helder Barbalho, convidando-o para assistir ao show deles no Global Citizen.

Durante a passagem da banda no Brasil em 2023, os integrantes tiveram um encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em que o convite para a COP30 foi feito.

Lula, Chris Martin e Janja reunidos em 2023— Foto: Ricardo Stuckert/Reprodução
Lula, Chris Martin e Janja reunidos em 2023 — Foto: Ricardo Stuckert/Reprodução

De acordo com o colunista, a apresentação em Belém ainda deve acontecer, informação garantida pelo governo paraense. A dúvida que resta é se Chris Martin estará sozinho ou acompanhado pelo grupo.

Em sua quarta edição, ação reforça a importância da informação e do apoio às famílias
por
João Pedro Lindolfo
Lucca Andreoli
|
04/06/2025 - 12h

 

Fotografia: Wellington Freitas  Reprodução/Instagram: @35elementos
Fotografia: Wellington Freitas 
Reprodução/Instagram: @35elementos

A caminhada de conscientização sobre a síndrome Cri Du Chat - ou Síndrome do Choro do Gato, uma alteração genética rara que afeta o desenvolvimento físico e intelectual - aconteceu no sábado (17), no Parque Villa Lobos, em São Paulo.

A doença, presente em uma a cada 50 mil pessoas, ocorre quando uma parte do cromossomo cinco é perdida, o que causa características como a face arredondada, olhos separados, mandíbula pequena, orelhas baixas e um choro agudo parecido com um miado de gato, de onde vem o apelido.

O diagnóstico é realizado através da genética clínica, com testes que avaliam os cromossomos, e o teste de FISH ou CGH-array, que detectam a deleção do cromossomo cinco.

A síndrome impacta diretamente a rotina das famílias, exigindo acompanhamento contínuo com diferentes especialistas. Por isso, a disseminação de informações confiáveis e o estímulo ao diagnóstico precoce são fundamentais para promover mais qualidade de vida às crianças e a quem cuida delas.

A importância do diagnóstico precoce vai além do aspecto clínico: ele abre caminhos para que as famílias se organizem emocionalmente e encontrem apoio em redes especializadas, fortalecendo a jornada de cuidado e inclusão. O conhecimento da síndrome, associado à troca de experiências entre famílias, é um passo decisivo para transformar desafios em conquistas diárias.

Em 2022 foi lançado o primeiro livro a respeito da síndrome no Brasil, intitulado de "Síndrome de Cri du Chat: mais amor, realidade e esperança” (EFeditores e Literare Books International, 264 págs., R$ 72), além de ser o ano da primeira edição da caminhada dedicada a pessoas que convivem com a síndrome.

A publicação veio a partir da vivência de famílias e do engajamento de profissionais que acompanham de perto os desafios do diagnóstico e do tratamento. O livro se tornou referência para quem busca compreender não só os aspectos clínicos da condição, mas também as realidades sociais, emocionais e educacionais enfrentadas por quem convive com ela.

Com entrevistas de profissionais médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e psicólogos, a obra de Sandra Doria Xavier, Fernando da Silva Xavier e Monica Levy Andersen traz também uma perspectiva que auxilia familiares e profissionais que trabalham com portadores da síndrome.

Capa do livro: Síndrome Cri Du Chat: mais amor, realidade e esperança  Instagram: @criduchatbrasil
Capa do livro: Síndrome Cri Du Chat: mais amor, realidade e esperança 
Instagram: @criduchatbrasil

A publicação do livro e a realização da caminhada refletem o compromisso com a visibilidade da condição. Ao longo dos últimos anos, a entidade tem promovido ações que unem acolhimento, informação e mobilização social, contribuindo para a construção de uma rede de apoio mais sólida e atuante.

Em meio a esse esforço coletivo, o aspecto emocional e comunitário da Caminhada se destaca. “Encontrar outras famílias na Caminhada Cri Du Chat é encontrar a sua tribo”, define Juliane Gehm, mãe do Martin. “É um momento onde todos podem ser livres para ser quem são!”

Agora em sua quarta edição, a “Caminhada Cri Du Chat 2025” apresentou uma programação com atividades inclusivas, como áreas sensoriais (massinha, slime, bolha de sabão), desenhos e pinturas, pinturas faciais e tatuagens de adesivo, além de recreação com palhaços e personagens infantis.

Através do ato de conscientização, familiares, profissionais e portadores trouxeram luz ao tema. 

Segundo a neuropsicóloga Bianca Balbueno, a estimulação precoce é a chave: “Nos primeiros anos de vida, o cérebro da criança está num pico de neuroplasticidade, ou seja, a capacidade de aprendizagem é mais potente neste período, sendo assim, a estimulação precoce aproveita essa fase para promover o desenvolvimento de áreas centrais, como motor, cognitivo e social.” 

“Intervenção precoce promove o desenvolvimento redirecionando e fortalecendo trilhas de aprendizagem que podem estar em risco, especialmente em casos de alterações do neurodesenvolvimento”, ela acrescenta. 

Essa também foi a percepção de Lilian Lima, engenheira de software e mãe do Heitor Monteiro Lima, de 7 anos. O diagnóstico veio aos 19 dias de vida e aos 30 dias ele já iniciou a fisioterapia. “Com 2 anos e 9 meses ele andou. Hoje ele corre, chuta bola, arremessa para a cesta, ensaia quicar e treina saques de vôlei”, conta Lilian. Ela lembra que, no início, havia muitos medos — do desconhecido, do futuro e de como seria criar um filho com um prognóstico tão incerto. Mas reforça que o acesso a terapias e os estímulos desde cedo fizeram toda a diferença. “A fisioterapia foi essencial nos primeiros anos de vida, e os estímulos fizeram toda a diferença.”

Ainda sobre o plano de tratamento, Bianca afirma que deve ser individualizado “pois cada criança terá uma necessidade diferente, mesmo tendo o mesmo diagnóstico. Leva-se em consideração não apenas características da síndrome, mas áreas gerais de desenvolvimento, comportamentos desafiadores, excessos e déficits comportamentais, bem como a rede de apoio da família e o suporte fornecido pela escola”.

Participantes exploram atividades sensoriais durante a Caminhada. Fotografia: Wellington Freitas Reprodução/Instagram: @35elementos
Participantes exploram atividades sensoriais durante a Caminhada.
Fotografia: Wellington Freitas
Reprodução/Instagram: @35elementos
Caminhada tem presença de personagens infantis e momentos de interação Imagem: Wellington Freitas  Reprodução/Instagram: @35elementos
Caminhada tem presença de personagens infantis e momentos de interação
Imagem: Wellington Freitas 
Reprodução/Instagram: @35elementos
Espaço de desenho e pintura incentiva a criatividade  Fotografia: Wellington Freitas  Instagram: @35elementos
Espaço de desenho e pintura incentiva a criatividade 
Fotografia: Wellington Freitas 
Instagram: @35elementos
Cabo de guerra e outras dinâmicas de grupo promovem inclusão  Fotografia: Wellington Freitas  Instagram: @35elementos
Cabo de guerra e outras dinâmicas de grupo promovem inclusão 
Fotografia: Wellington Freitas 
Instagram: @35elementos

 

Especialista alerta para a importância do apoio jurídico e psicológico diante de um cenário de aumento da violência contra as mulheres
por
Larissa Pereira José
|
28/04/2025 - 12h

Durante o feriado da Páscoa de 2025, o Rio Grande do Sul registrou uma sequência de crimes que chocou o país: dez feminicídios em apenas quatro dias. Casos como o de uma mulher grávida assassinada em Parobé e o de uma jovem degolada pelo ex-companheiro em São Gabriel evidenciam uma triste realidade: a violência contra a mulher continua sendo parte do cotidiano brasileiro. 

De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil contabilizou 1.450 feminicídios em 2024, o que equivale a cerca de quatro mulheres assassinadas por dia. O número é alarmante e revela que, apesar dos avanços legislativos, muitas mulheres ainda são vítimas fatais de parceiros ou ex-parceiros. Em meio a esse cenário, surgem dúvidas sobre como agir diante de situações de violência e quais caminhos seguir para tentar garantir a própria segurança. 

Para a advogada Bruna Santana, especialista em Direito da Mulher, em entrevista à AGEMT, "reconhecer os sinais e buscar ajuda o mais cedo possível são atitudes essenciais. Ela alerta que não é necessário esperar por uma agressão física para procurar apoio" e acrescenta: "a violência começa muito antes das agressões físicas. Controlar, ameaçar, isolar, humilhar — tudo isso já é violência doméstica. E precisa ser denunciado”, afirma Bruna. 

A orientação, segundo a especialista, é que a mulher que sofre qualquer tipo de agressão, seja física, psicológica, moral, sexual ou patrimonial, registre um boletim de ocorrência, solicite medidas protetivas e, sempre que possível, documente as agressões. Prints de mensagens, gravações de áudios e relatos de testemunhas podem ser fundamentais para a comprovação dos fatos. Além do apoio jurídico, Bruna Santana reforça que o acompanhamento psicológico é parte crucial para que a mulher consiga sair do ciclo de abusos. “A violência doméstica fragiliza a autoestima da vítima. Muitas vezes, ela se sente culpada ou acredita que não conseguirá romper a relação. O apoio psicológico é essencial para fortalecer essa mulher emocionalmente e ajudá-la a construir uma nova trajetória”, explica a advogada. 

Centros de referência, como os CRAMs (Centros de Referência de Atendimento à Mulher), Defensorias Públicas e ONGs oferecem suporte gratuito ou de baixo custo para vítimas de violência. Em situações de ameaça iminente, a orientação é buscar ajuda imediata, acionando a polícia pelo número 190 ou procurando familiares e amigos de confiança. A Central de Atendimento à Mulher (disque 180) também está disponível 24 horas por dia, de forma gratuita e sigilosa. 

Bruna Santana reforça que a Lei Maria da Penha oferece diversos mecanismos de proteção, como o afastamento do agressor, proibição de contato e o uso de tornozeleira eletrônica. No entanto, muitas mulheres desconhecem esses direitos ou não sabem como acioná-los. "Saber que existem recursos legais, entender como eles funcionam e buscar ajuda imediatamente pode salvar vidas. Não é exagero, não é drama: é sobrevivência", conclui a especialista. 

Apesar de a responsabilidade pela proteção das mulheres ser do Estado, informação e rede de apoio são instrumentos fundamentais para fortalecer aquelas que, todos os dias, lutam para viver em liberdade e segurança.

Tags:
Artista também é terceira mulher a vencer a categoria de Melhor Álbum de Rap no Grammy
por
Beatriz Alencar
|
14/03/2025 - 12h

A cantora Doechii foi nomeada a Mulher do Ano de 2025 pela Billboard, com o anúncio feito nesta segunda-feira (10). Com o título, a artista norte-americana tornou-se a segunda rapper a ganhar a honraria no mundo da música, a primeira foi a Cardi B, premiada em 2020.

A revista da Billboard descreveu Doechii como uma das principais artistas da atualidade a “redefinir o que é ser uma precursora na indústria musical”. Ela será homenageada em um evento da Billboard no final deste mês.

Foto: Divulgação álbum “Alligator Nites Never Heal” | Reprodução: Redes sociais | Fotógrafo: John Jay

Foto: Divulgação álbum “Alligator Nites Never Heal” | Reprodução: Redes sociais | Fotógrafo: John Jay

A rapper, de apenas 26 anos, fortaleceu mais a carreira musical em 2024, com o lançamento do álbum “Alligator Bites Never Heal”, uma aposta de mistura entre os gêneros R & B e hip-hop. O mixtape foi indicado para três categorias do Grammy, entre eles o Melhor Álbum de Rap, marcando a primeira vez desse estilo de faixa feito por uma mulher a alcançar essa indicação.

Apesar disso, após a indicação de Melhor Álbum de Rap, Doechii foi convidada para fazer parte da faixa “Baloon” do álbum “Chromakopia”, do rapper Tyler, The Creator. A participação aumentou a visibilidade da artista que começou a fazer apresentações virais em festivais e em programas de rádio e televisão.

As composições de Doechii já viralizavam nas redes sociais desde 2020, com músicas como “What It Is” e "Yucky Blucky Fruitcake", mas as músicas não eram associadas com a imagem da artista. Foi somente após o espaço na mídia tradicional e o convite de Tyler que a rapper foi reconhecida.

Em fevereiro deste ano, Doechii se tornou a terceira mulher a vencer a categoria de Melhor Álbum de Rap no Grammy ao sair vitoriosa na edição de 2025, novamente, seguindo a história de Cardi B.

Foto: sessão de fotos para a revista The Cut - edição de fevereiro | Fotógrafo: Richie Shazam

Foto: sessão de fotos para a revista The Cut - edição de fevereiro | Fotógrafo: Richie Shazam

A apresentação da artista norte-americana na premiação, ocorrida no dia 2 de fevereiro, também foi classificada pela Billboard, como a melhor da noite. A versatilidade, modernidade e o fato de ser uma mulher preta na indústria da música, aparecem tanto nas faixas de Doechii quanto nas roupas e shows, fixando essas características como um dos pontos principais da identidade da artista.

A rapper tem planos de lançar o próximo álbum ainda em 2025, e definiu os últimos meses como um "florescer de um trabalho longo", em declaração a jornalistas na saída do Grammy.

Para a apresentadora da Rádio BandNews, o jornalismo é essencial para o processo democrático
por
Pedro Bulhões
|
15/06/2021 - 12h

Apresentadora do BandNews em Alta Frequência, a jornalista Gabriela Mayer, 33, conta que aprendeu muito sobre a importância da profissão ao longo da carreira. Mayer apresenta dois podcasts- Elas por Elas, na BandNews - e o Põe na Estante, sobre literatura. A jornalista, que também realizou cobertura sobre a tragédia de Brumadinho, falou em entrevista coletiva sobre sua trajetória e o panorama do jornalismo nos dias atuais.

"Parece que a notícia e o post do facebook têm o mesmo peso. É preciso encontrar maneiras de chegar mais próximo das pessoas, de forma mais eficiente" disse. 

A jornalista, que trabalha na BandNews desde 2017, com passagens pela TV Cultura, Record News e TV Gazeta, também diz que percebeu, ainda no começo do curso, o papel social da profissão e contou que para ela, o jornalismo foi "bem mais que uma escolha para prestar o vestibular".

Mayer também comentou sobre os podcasts que apresenta. A jornalista revelou que é uma leitora voraz, e que o podcast Põe na Estante, que serve como uma espécie de clube de leituras em forma de áudio, é quase inteiramente feito por ela. "Só não faço a mixagem e as capas dos episódios". 
Gabriela também deu sua opinião sobre o poder da leitura na sociedade. "Os livros são muito potentes. Imagina uma sociedade que consegue ler as entrelinhas das obras".

Tags:
Uma psicopedagoga e uma estudante decepcionada falam sobre os desafios e consequências da escolha para a vida acadêmica
por
Maria Clara Lacerda e Gabriella Maya
|
13/06/2021 - 12h

É muito fácil conhecer alguém que tenha entrado em um curso e se decepcionado. A pressão sobre os estudantes em escolher uma faculdade e já decidir a carreira a ser seguida, é muito grande. Em uma conversa com uma estudante de letras decepcionada com seu curso, e com uma psicopedagoga, foi possível abordar um pouco mais sobre esse assunto.

A psicopedagoga Betty Monteiro fala da pressão exercida sobre os alunos, do sistema escolar brasileiro e de quem se sente perdido no mundo das escolhas acadêmicas.

AGEMT: Como essa pressão pela escolha de curso afeta a relação do aluno com os estudos?

Betty Monteiro: "Na verdade, essa pressão é tão séria que muitas vezes começa antes da criança nascer. A gente costuma dizer que toda família tem um filho idealizado e um filho real. Essa criança idealizada já é idealizada dentro do útero, e isso influencia absolutamente tudo, porque aí, aquele que não tem o dom ou o interesse em seguir o que foi projetado nele, costuma ser o filho fracassado. A pressão que a família exerce pro aluno seguir uma determinada profissão, ou pra que o filho seja um bom aluno, interfere muito nos estudos. Faz com que ele crie um bloqueio em relação à escolha, e sob pressão seu pensamento se fragmenta, e o aluno desiste de estudar."

Banco de Imagens IStock
Alunos cansados em sala de aula

AGEMT: Você acha que o sistema escolar do Brasil faz com que a relação do estudante com o ambiente escolar se transforme em algo ruim, negativo? E o que você acha do sistema escolar brasileiro?

Betty Monteiro: "O sistema escolar no Brasil faz com que o ambiente da escola seja algo negativo, muitas vezes. Uma coisa que eu percebo é que as escolas não investem em uma formação autodidata, ou seja, não encaminham o aluno pra aprender sozinho. Muitos professores apenas reproduzem o que eles leem, não sabem ensinar. Eles não levam o aluno a ter interesse. Eu acredito que pra gente escolher bem uma profissão, todos deviam fazer um estágio na adolescência, um trabalho voluntário, de livre escolha. 

Acredito que enquanto a gente não investir na figura do professor lá no ensino infantil, o sistema vai sempre deixar a desejar, porque tendo excelência no ensino infantil existe menos risco de o professor criar dificuldades e bloqueios. O fracasso começa lá no começo da jornada escolar, isso eu posso ver como psicopedagoga e psicoterapeuta que sou."

AGEMT: Os jovens têm esse sentimento de obrigação em escolher o que querem fazer pro resto da vida logo ao completarem 18 anos, principalmente por conta de todas as pressões ao longo da vida escolar. Como mudar isso e explicar que tá tudo bem se esse não for o caso?

Betty Monteiro: "O que eu falo pros meus jovens é que eles precisam sondar seus interesses e deixar bem claro que essa primeira escolha não precisa ser a única escolha, sempre é tempo de mudar, sempre é tempo de tentar aquilo que queríamos ter sido. Por que não fazer mais de uma faculdade ou interromper o curso que não está gostando, voltar, rever, começar outro? Sempre é tempo da gente buscar o caminho que necessitamos." 

 

 

O SENTIMENTO DE QUEM VIVE A PRESSÃO

 

Alice Severo, 22, estudante do curso de letras na Universidade Federal de Santa Maria, conta sobre a relação com o curso e o que a deixa mais decepcionada, além dos motivos que fazem com que ela permaneça na universidade.

AGEMT: Por que você escolheu o curso de letras?

Alice Severo: "Foi mais pela minha família. Eu sempre tive afinidade com literatura e língua portuguesa, mas nunca me vi trabalhando com isso, era mais um hobbie mesmo. Mas eu precisava entrar em uma faculdade logo, a nota do ENEM me colocava na primeira chamada e então eu fui."

AGEMT: O que mais te decepcionou?

Alice Severo: "O que me decepcionou foi a grade do curso que não explora tantas áreas, como escrita criativa ou até mesmo escrita na área do jornalismo ou qualquer outra coisa. Acho que a limitação é algo que me incomoda."

AGEMT: Você tem vontade de trocar de curso?

Alice Severo: "Sim e não. Trocaria pra fazer algo que tenho curiosidade e sempre quis, mas também tenho curiosidade de terminar esse."

AGEMT: Você acha que o sistema escolar brasileiro poderia ser diferente?

Alice Severo: "Acho que sim, mas acredito que isso seja um daqueles sonhos distantes que a gente passa a vida esperando ser testemunha..."

AGEMT: Você acha que ter de escolher o curso logo após sair do ensino médio fez com que você não conseguisse escolher de uma forma melhor, com mais calma?

Alice Severo: "A pressão de ter que fazer algo logo atrapalha muito. Eu tenho pouquíssimos amigos que tiveram a opção de escolher e depois mudar de curso, e mudar de novo até se achar em algo. Eu e a grande maioria tivemos que escolher a opção mais rápida e mesmo estando insatisfeitos, precisamos continuar. É todo um sistema que atrapalha uma boa parte da nossa vida, nos deixando insatisfeitos e às vezes doentes. Mas essa pressão vem desde o começo do ensino médio, então não é fácil fugir disso."

AGEMT: O que te deixa desanimada no curso?

Alice Severo: "O que mais me desanima são os professores, sinceramente. Não todos, mas aqueles que estão sempre um nível acima da gente. Isso atrapalha no aprendizado. Eles passam mais tempo se vangloriando do que passando toda a experiência para os alunos. Seria muito melhor ter uma convivência mais de colegas de profissão (em níveis diferentes, claro) do que professor-aluno." 

AGEMT: Você se sente pressionada, de algum jeito, por ter 22 anos e já ter que saber diversas coisas da sua vida? Como, por exemplo, a carreira que quer seguir, ou o que vai fazer depois que a faculdade acabar. 

Alice Severo: "Sim, muito. Mas particularmente tento não dar ouvidos a isso mais. Me deixou doente em outro momento da minha vida, e agora tento apenas viver a experiência completa pra depois decidir se preciso mesmo ter algo certo ou posso continuar tentando."


 

Tags:
Desigualdade social afeta a educação de estudantes de acordo com o tipo de instituição que frequentam
por
João Victor Rubio Tiusso, Juliana de Mello Carrara e Marcelo Ferreira Victorio
|
14/06/2021 - 12h

Com o agravamento da pandemia e o caos do ensino remoto, ampliou-se a diferença entre o ensino público e privado. É evidente a existência de um contraste entre qualidade de ensino, infraestrutura, métodos, organização das aulas e a cobrança de rendimento dos alunos de acordo com o tipo de instituição observada. 

As instituições privadas investiram no uso de plataformas de aula online, enquanto as públicas se viram obrigadas a paralisar suas atividades por falta de verba. De acordo com o professor de português da rede pública e particular, Murillo Marques, “o acesso às aulas online, está com uma defasagem enorme, pois os alunos não estão absorvendo o conteúdo". Segundo ele,  mesmo assim as instituições estão cobrando mais trabalhos e provas: "Os locais de estudo em suas casas não são apropriados, não é silencioso e é cheio de distrações.” 

A desigualdade social sempre marcou estudantes brasileiros e se agravou no ensino remoto no período da pandemia da Covid-19. As aulas em EaD exigindo a disponibilidade de diversos equipamentos eletrônicos, geralmente muito caros e, portanto, inacessíveis para a maior parte da população, e conexão com a internet. Porém, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 4,3 milhões de alunos não possuem acesso à internet, por isso são privados de acompanhar as aulas online, aumentando a disparidade entre os estudantes de classe média e os de classes menos favorecidas. 

Há uma diferença entre os alunos das duas instituições: “O estudante da rede pública, muitas vezes está preocupado com o que irá comer no dia, tem que conciliar trabalho e o estudo. Muitos não veem uma boa perspectiva de um futuro melhor, abandonando assim, os estudos.” afirma Murillo. “Já o aluno do particular, entra na escola com seu caminho trilhado: passar na universidade. Há exceções, claro, mas a grande parte já entra em um ritmo que pode ser cobrado firmemente em relação ao conteúdo.”  

            A Secretaria Municipal de Educação de São Paulo liberou em 2021, a quantia de 28 milhões de reais do Programa de Transferência de Recursos Financeiros (PTRF) para o financiamento das atividades educacionais, reformas e a compra de artigos de higiene para o combate a Covid-19. Em entrevista, Solange Silva Jacinto, professora de artes da rede pública afirma que “está na hora de os governantes entenderem que as crianças não são o apenas o futuro, elas também são o presente, assim as políticas públicas precisam ser investidas na educação, para a construção de uma sociedade melhor.”

Apesar de haver muitos profissionais competentes na área, a falta de incentivo e de infraestrutura de qualidade no ensino público fizeram com que boa parte dos setores da sociedade brasileira vissem os professores e coordenadores a partir de uma ótica negativa. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Índice Global de Status de Professores, o Brasil é a nação onde profissionais da educação possuem menos prestígio, mesmo trabalhando em uma média de 48 horas semanais, enquanto nos demais países a média geral é de 39 horas.  Uma pesquisa feita pelo IBGE diz que 48% dos professores não recomendam a profissão para outras pessoas, sendo os principais motivos a baixa remuneração e a não valorização da profissão.

Essa desvalorização faz com que os professores se sintam desmotivados e desacreditados com a própria carreira. Consequentemente, cada vez menos funcionários entram para a rede pública, que por sua vez acabou se tornando desatualizada e sucateada, com os alunos vendo pouca utilidade prática na educação. Solange conta que “a falta de investimento do Estado gera uma grande desmotivação entre os alunos, pois eles não têm uma perspectiva de um futuro melhor, não sabem o porquê de estarem estudando, e se aquilo não vai ser um diferencial na vida deles.”

A falta de democratização do ensino também afeta no ingresso dos estudantes na vida universitária, como mostra uma pesquisa feita com 97 estudantes da PUC-SP dos cursos de Direito, Jornalismo e Publicidade: 51% das pessoas são vindas do ensino privado, com a renda maior que R$ 5.500  (equivalente a 5 salários mínimos); enquanto 21%, são provenientes do ensino público, com renda média de 2200 reais (2 salários mínimos) e ingressaram na faculdade através de programas de bolsas governamentais como o ProUni e Fies.

      A democratização do ensino está ocorrendo por meio dos clubes de leituras nas lajes de comunidades, da infinidade de professores voluntários presentes diariamente nas mídias sociais e na distribuição gratuita de material escolar e livros didáticos. A democratização do ensino depende de uma experiência sistemática que possa ajudar os alunos a se expressarem bem, a se comunicar de diversas formas, a desenvolverem o gosto pelo estudo, a dominarem o saber escolar, ajudá-los na formação de sua personalidade social, na sua organização enquanto coletividade. Isto é, a democratização do ensino depende de um projeto de escola democrática.

 

Tags:
Jornalista no ramo literário, Gabriela Mayer participa de entrevista coletiva com os alunos da PUC-SP e fala sobre seu projeto “Põe na Estante”, um clube do livro no formato de podcast
por
Giulia Palumbo
|
01/06/2021 - 12h

Gabriela Mayer é apresentadora e repórter especial da BandNews FM; Apresentadora do podcast Elas com Elas; Sócia-fundadora da Rádio Guarda-Chuva e apresentadora do podcast literário Põe na Estante. No mês de maio, ela concedeu entrevista para estudantes de jornalismo da PUC-SP, na qual falou sobre sua carreira e também de sua produção independente do Põe na Estante. 

Intermediada pelo professor e apresentador da TV Cultura Aldo Quiroga, a entrevista tinha uma proposta simples em que cada aluno participante teria a oportunidade de fazer uma pergunta. No geral, o “bate-papo” foi muito límpido.  A jornalista é uma leitora sagaz, como ela própria se intitula e acredita que o poder da literatura é  transformador. 

O que te motivou a estudar jornalismo?

Bom, o jornalismo não foi minha primeira opção de curso. Eu estava entre direito e jornalismo, mas na hora de preencher minha ficha no vestibular, acabei escolhendo  ele. Mas, no meio do curso encontrei muito sentido no jornalismo em cada aspecto da minha vida e hoje entendo que não foi apenas uma escolha para preencher uma ficha. Eu vejo um poder transformador no jornalismo, ainda que isso seja um pouco idealista, eu o vejo como um pilar muito importante na democracia. 

Como é feita a produção do Põe na Estante?

Ele é dividido em temporadas temáticas e eu planejo com antecedência para o entrevistado ter o seu tempo de leitura e análise da obra. Elas também variam pois em algumas eu escolho os livros ora o entrevistado, mas sempre com alguns critérios pois é muito difícil fazer essa escolha, juro! Mas elas também seguem algumas lógicas com questões atuais e também conversando entre si. 

Você acha que falta a inclusão do jornalismo literário dentro da grade jornalística uma vez  que, não temos muitas opções de veículos que abordam esse estilo?

Falta dinheiro,rs. Não é toda redação que consegue manter um repórter trabalhando na mesma história por meses, o que é um mega privilégio,- se dedicar todo esse tempo para uma única apuração -. Eu nunca vivi isso. Faço muitas coisas ao mesmo tempo e não consigo nem imaginar o que é você ter tempo para se dedicar a uma apuração. Se eu tivesse, acho que ficaria até confusa. Mas em geral, tem demanda, o que não tem é verba.

Qual sua opinião sobre a possível tributação dos livros?

Eu acho um assinte. Os livros são isentos no Brasil por uma proposta do Jorge Amado, que era deputado na época, numa tentativa de estímulo à leitura pois o brasil é um país que lê muito pouco  e quando você pára e analisa o que as pessoas estão lendo, é perceptível o espaço restrito que a literatura tem no Brasil. Então, taxar os livros sob o argumento de que só os ricos lêem e por isso é razoável taxá-los, é um descalabro completo. Até porque, se formos taxar tudo aquilo que só os ricos possuem acesso, podemos taxar grandes fortunas, o que com certeza será mais eficiente. Os livros são muito potentes. Uma sociedade leitora por completo, consegue entender as entrelinhas, ter uma amplitude de mundo, conhecer outros mundos, contar histórias,  ser dono de suas próprias palavras…

Em sua opinião, que papel a cultura desenvolve em nossa sociedade?

Bom, a importância da cultura é a importância da sobrevivência. Cultura é o que nos faz humanos. No que a gente está vivendo neste momento de pandemia, se não tivéssemos a cultura estaríamos completamente enlouquecidos. Além disso, a cultura tem o papel de nos conectar, por vários motivos, pois a cultura seja ela no livro ou não, ela conta uma história. A arte é aquilo que colocamos para fora e isso é uma forma de comunicação. No fundo, eu acredito que é pela comunicação que a gente vive pois ela permite nossas interações. Ou seja, é algo tão potente que eu me conecto com você sem ao menos te conhecer. 

Qual foi a matéria mais importante de sua vida?

Brumadinho! Essa foi a cobertura mais importante que já fiz em minha vida. Foi importante tanto para minha vida pessoal quanto para minha carreira. Por mais que eu não publique, continuo acompanhando o caso. Não foi uma matéria tranquila e relembrar também não é. Eu cabei tendo um envolvimento emocional muito grande na cobertura de Brumadinho. Quando isso acontece, há um desafio extra. Eu não acredito em um jornalismo frio e distante, mas a carga de emoção pode nublar sua capacidade de narrar a história, dessa forma, acaba sendo mais difícil trabalhar. 

Sua carreira começou na televisão e depois migrou para a rádio. Existe algo que você sente falta?

Olha, quando eu fui fazer rádio, eu ouvia muito das pessoas que rádio é apaixonante. Hoje, eu sou uma dessas pessoas. O rádio tem potência, agilidade e proximidade, que são encantadoras. Por outro lado, eu sempre fui muito apegada à imagem. Sou uma pessoa muito visual. A construção de histórias com imagens sempre fizeram muito sentido pra mim. Talvez seja isso o que mais sinto falta da televisão como plataforma.

Até agora, qual foi seu maior desafio nas rádios?

A linguagem da televisão é totalmente diferente da rádio e essa foi minha principal dificuldade. Porque é outro jeito de contar histórias, então eu tive que aprender a descrever muito bem, uma vez que não usamos imagens. Além disso, a apresentação na rádio é mais freestyle, diferente da  televisão, que é algo mais roteirizado. Ou seja, você precisa ter uma  capacidade de improviso, o que eu não tinha quando comecei. Inclusive, chorava todos os dias quando cheguei porque pensei que não ia conseguir,  mas hoje deu certo. 

E como foi sua volta à televisão, continuando na rádio? 

Foi excelente. Voltei muito melhor por ter adquirido os hábitos da rádio como o improviso. E lógico, aprendi muito com os meus colegas.  

Como você lida com sua exposição, uma vez que está em posição de destaque?

Eu lido mal. Sou muito suscetível aos comentários. tem gente que consegue não se importar, mas eu não consigo.  Uma vez na Tv Cultura um telespectador disse que eu não deveria apresentar o jornal e muito menos ficar de pé pois o meu corpo não era adequado para ser apresentadora de televisão. Isso me deixou arrasada porque eu  tenho uma relação muito difícil com o meu corpo.  Era um comentário sobre isso, mas me abalou. Meus colegas homens, não recebem críticas sobre seus corpos, apenas sobre o conteúdo, já os meus, estão sempre atrelados ao fato de eu ser mulher.

Tags:
Bichinhos trazem carinho e diminuem a solidão no isolamento
por
Iris Martins Oliveira de Freitas
|
01/06/2021 - 12h

Em período de isolamento social, a procura por um pet se tornou significativa. Para suprir a solidão e animar a monótona vida em uma pandemia, muitos optaram por adotar um animalzinho. Confira a matéria clicando AQUI. (se preferir, habilite as legendas clicando na própria opção do YouTube).

Tags: