Artista também é terceira mulher a vencer a categoria de Melhor Álbum de Rap no Grammy
por
Beatriz Alencar
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14/03/2025 - 12h

A cantora Doechii foi nomeada a Mulher do Ano de 2025 pela Billboard, com o anúncio feito nesta segunda-feira (10). Com o título, a artista norte-americana tornou-se a segunda rapper a ganhar a honraria no mundo da música, a primeira foi a Cardi B, premiada em 2020.

A revista da Billboard descreveu Doechii como uma das principais artistas da atualidade a “redefinir o que é ser uma precursora na indústria musical”. Ela será homenageada em um evento da Billboard no final deste mês.

Foto: Divulgação álbum “Alligator Nites Never Heal” | Reprodução: Redes sociais | Fotógrafo: John Jay

Foto: Divulgação álbum “Alligator Nites Never Heal” | Reprodução: Redes sociais | Fotógrafo: John Jay

A rapper, de apenas 26 anos, fortaleceu mais a carreira musical em 2024, com o lançamento do álbum “Alligator Bites Never Heal”, uma aposta de mistura entre os gêneros R & B e hip-hop. O mixtape foi indicado para três categorias do Grammy, entre eles o Melhor Álbum de Rap, marcando a primeira vez desse estilo de faixa feito por uma mulher a alcançar essa indicação.

Apesar disso, após a indicação de Melhor Álbum de Rap, Doechii foi convidada para fazer parte da faixa “Baloon” do álbum “Chromakopia”, do rapper Tyler, The Creator. A participação aumentou a visibilidade da artista que começou a fazer apresentações virais em festivais e em programas de rádio e televisão.

As composições de Doechii já viralizavam nas redes sociais desde 2020, com músicas como “What It Is” e "Yucky Blucky Fruitcake", mas as músicas não eram associadas com a imagem da artista. Foi somente após o espaço na mídia tradicional e o convite de Tyler que a rapper foi reconhecida.

Em fevereiro deste ano, Doechii se tornou a terceira mulher a vencer a categoria de Melhor Álbum de Rap no Grammy ao sair vitoriosa na edição de 2025, novamente, seguindo a história de Cardi B.

Foto: sessão de fotos para a revista The Cut - edição de fevereiro | Fotógrafo: Richie Shazam

Foto: sessão de fotos para a revista The Cut - edição de fevereiro | Fotógrafo: Richie Shazam

A apresentação da artista norte-americana na premiação, ocorrida no dia 2 de fevereiro, também foi classificada pela Billboard, como a melhor da noite. A versatilidade, modernidade e o fato de ser uma mulher preta na indústria da música, aparecem tanto nas faixas de Doechii quanto nas roupas e shows, fixando essas características como um dos pontos principais da identidade da artista.

A rapper tem planos de lançar o próximo álbum ainda em 2025, e definiu os últimos meses como um "florescer de um trabalho longo", em declaração a jornalistas na saída do Grammy.

"Meu filho se sentia bem justamente por não ser mais uma clínica ou terapia, e sim, um estúdio onde faria música", diz mãe de ex-aluno do Alma de Batera
por
Vitória Nunes de Jesus
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22/11/2024 - 12h

Segundo a Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down (FBASD), 1 em cada 700 pessoas no Brasil nascem com Síndrome de Down. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que 2 milhões de brasileiros tenham autismo, o que equivale a 1% da população brasileira. No Brasil, estima-se que surjam pelo menos 30 mil novos casos de paralisia cerebral por ano. 

Para ajudar no processo de inclusão dessas pessoas, Paul Lafontaine criou o Instituto Alma de Batera em 2008, com o propósito de ensinar bateria para pessoas com deficiência. Os alunos acolhidos vão desde crianças até adultos.

Segundo Paul, a ideia de formar o Alma de Batera surgiu após trabalhos voluntários. “Depois de alguns trabalhos voluntários em instituições para pessoas com deficiência, eu fiquei com vontade de trabalhar na área. Decidi fazer faculdade de pedagogia e imaginava que fosse trabalhar em algum setor de alguma instituição para esse público. Mas nenhuma instituição me respondia aos e-mails que enviava para ser estagiário, e então, meu professor me ligou e me indicou para dar aulas de bateria para quatro alunos, todos eles com alguma deficiência. Foi aí que surgiu a ideia de montar minha própria instituição”.

“Escolas de música especificamente para esse público, eu não conheço e nunca soube algo voltado só para PCDs”, diz o fundador do Instituto, mesmo com tantas pessoas que podem desfrutar de projetos como este.

Raquel Chicarelli, mãe do Gian, 13, que tem paralisia cerebral, ex-aluno do Instituto, conta um pouco da experiência que tiveram no Alma de Batera. “Gian gostou muito, aprendeu a segurar a baqueta e assim a melhora na motricidade, sempre quis ir às aulas, mas por conta da rotina de terapias ficava cansado”.

Paul diz que se sente realizado em seu trabalho. “Sensação de dever cumprido. Independentemente se os alunos têm alguma deficiência ou não, para um professor é ótimo saber e ver que o trabalho feito gera um impacto positivo na vida de cada um deles”.

Imagem: arquivo pessoal
Foto: arquivo pessoal

A mãe do Gian diz que o Instituto é um lugar que seu filho gostava e é o espaço ideal para PCDs aprenderem bateria. “Se sentia bem justamente por não ser mais uma clínica ou terapia e sim, um estúdio onde faria música com um instrumento possível para ele e sempre recebidos com carinho e alegria. Com certeza deve ser ampliado para se multiplicar pelo país”.

Paul conta as dificuldades enfrentadas na sua profissão, mas que não anulam as alegrias. “No processo de aprendizagem, a conexão entre o professor e o aluno é a parte mais difícil e primordial para trazer algum resultado prático. Sem criar conexão, não gera empatia entre ambas as partes, e assim, o conteúdo se torna irrelevante”.

Raquel conta as principais dificuldades que seu filho Gian tem para aprender e diz que a bateria é algo divertido para ele. “Gian por conta da paralisia cerebral tem muita dificuldade em manter a atenção e isso faz qualquer aprendizado ficar mais difícil, não só a bateria, mas por ser instrumento e ele gostar, tornou-se algo prazeroso para ele”.

“Todos os alunos, de alguma forma, nos mostram algum retorno positivo, seja na felicidade de querer tocar, ou na melhoria na hora da execução do instrumento, que traz uma satisfação enorme e um sentimento de pertencimento”, diz o fundador do Instituto sobre a alegria de observar a devolutiva dos alunos.

Raquel conta um pouco sobre seu filho e sua rotina. Fala sobre a falta de inclusão e diz que o convívio com as pessoas o ajuda. “Gian nasceu prematuro, teve muitas intercorrências que causaram a paralisia cerebral, afetando o cognitivo, fala e mobilidade. Cada dia é um ganho, a evolução vem dos esforços contínuos nas terapias, estimular sempre na escola, convívio com a sociedade que melhorou, mas ainda falta mais inclusão, acessibilidade.
E, persistir a evoluir nesses campos, manter os desafios diários para que ele seja o mais independente possível, proporcionando tudo que estiver ao nosso alcance”.

Imagem: arquivo pessoal
Foto: arquivo pessoal

Por fim, Paul conta uma situação, no início do projeto, que o marcou. “Bem no começo, quando ainda nem tínhamos um espaço próprio, eu alugava um estúdio e estava atendendo apenas 1 aluno na época. Era um aluno com Síndrome de Down. E eu, pensativo antes da aula começar, com a cabeça longe e acreditando que esse trabalho não iria para frente, bem desanimado, recebi esse único aluno. Não sei se ele percebeu que eu estava meio triste e desanimado, mas ele veio, me deu um abraço e me disse uma frase que nunca esqueci: “Paul, você é o melhor professor do mundo!”. Aquela frase dele me fez continuar e acreditar que, enquanto eu estiver fazendo a diferença na vida de um aluno, eu iria continuar com as aulas. Hoje temos cerca de 40 alunos, todos com alguma deficiência”.

Diante desses apontamentos, é possível concluir o quão bem faz o trabalho do Instituto Alma de Batera, e não só para os alunos, mas também para os envolvidos no projeto, pais e professores. Deveriam existir mais institutos como este, pensados em PCDs e na inclusão.

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Produzir orgânicos é um desafio que envolve altos custos, manejo artesanal e um compromisso com a sustentabilidade.
por
NINA JANUZZI DA GLORIA
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12/11/2024 - 12h

Por Nina J. da Glória

 

No coração de uma pequena fazenda nos arredores de São Paulo, a paisagem exibe fileiras simétricas de verduras, um campo verde que mais parece um quadro pintado com paciência e precisão. Cada folha simboliza uma promessa livre de químicos, cultivada à mão, mas também testemunha de um trabalho árduo, invisível ao consumidor final. Esse é o cotidiano de Mariana Silva, uma agricultora que decidiu, há quase uma década, abandonar a produção convencional para dedicar-se ao orgânico. No início, acreditava que seria um retorno ao básico, uma reconexão com a natureza. Mas a realidade mostrou-se mais densa e complexa do que o imaginado. O solo, como um organismo vivo, exigia constantes cuidados e uma compreensão que ia além dos métodos tradicionais. Cada semente carregava uma incerteza, e cada colheita trazia consigo os riscos de uma produtividade menor, vulnerável a pragas e intempéries. "O solo não aceita pressa", sua frase parece pairar na atmosfera ao redor das hortas, impregnada de paciência e resignação.

Nas redondezas, em outra propriedade de São Roque, Paulo Mendes compartilha a mesma visão, mas com uma trajetória que o levou ao orgânico por caminhos distintos. Ao contrário de Mariana, ele vem de uma família que cultivava com agroquímicos, mas sempre sentiu a necessidade de transformar as práticas de cultivo. Para ele, o orgânico é como um resgate da essência da terra, uma escolha que exige mais do que habilidades tradicionais. É um compromisso com o solo, com o ciclo de nutrientes e com o futuro. Paulo vê o campo como um delicado organismo, onde a compostagem e a rotação de culturas são essenciais, mas também um desafio financeiro. Cada safra se transforma em uma experiência quase artesanal, onde a eficácia do manejo natural precisa competir com a tentação das facilidades químicas. Esse processo, para ele, é como uma dança cuidadosa com a natureza, em que observar e respeitar o ritmo das estações torna-se tão vital quanto qualquer técnica de plantio.

                                                            Comunidade de pessoas que trabalham juntas na agricultura para cultivar alimentos

Para Mariana e Paulo, a colheita orgânica traz consigo um custo invisível ao olhar do consumidor. A vulnerabilidade às pragas, por exemplo, é uma preocupação constante. Sem pesticidas convencionais cada infestação é uma batalha natural que, muitas vezes, se perde. A introdução de insetos benéficos para conter pragas ou o uso de biofertilizantes representa um custo adicional, tornando a logística do manejo um quebra-cabeça financeiro. Além disso, há as certificações rigorosas exigidas para que o produto receba o selo de orgânico, que Mariana descreve como "um segundo trabalho", com visitas e inspeções que, embora necessárias, absorvem ainda mais recursos.

No centro dessa cadeia está Cláudia Ramos, proprietária de uma loja de produtos orgânicos em São Paulo. De seu ponto de vista privilegiado, ela percebe o esforço e as dificuldades de seus fornecedores, mas também o descompasso entre o preço desses produtos e a percepção dos consumidores. Em cada item das prateleiras, Cláudia vê um microcosmo de esforço e idealismo, mas, ao explicar as diferenças entre orgânico e convencional, enfrenta um público que ainda considera o orgânico um luxo. Ela afirma que cada produto é uma história de sacrifício, e explica que o custo mais alto representa a vulnerabilidade da produção orgânica, que exige cuidados permanentes e colheitas menos previsíveis.

                                                                                           Close-up de plantas verdes na estufa

A produção orgânica, então, emerge como uma complexa equação de valores, sacrifícios e riscos. Cada um dos envolvidos—do campo à prateleira—carrega uma parte dessa carga, como se fosse um ciclo contínuo de compromissos, onde o ideal e o real se encontram e se confrontam. A busca pela pureza e pelo cuidado no cultivo se mescla a um cotidiano cheio de dificuldades, e o produto final se transforma numa espécie de narrativa silenciosa sobre perseverança e dedicação ao que se acredita ser o melhor para o futuro do planeta e do ser humano.

Os impactos das mudanças no dia-a-dia dos pacientes e profissionais de saúde
por
Bianca Novais
Maria Eduarda Camargo
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20/11/2023 - 12h

Por Bianca Novais (texto) e Maria Eduarda Camargo (audiovisual)

 

Em um mundo pós-pandemia de Covid-19, os cuidados com a saúde deixaram de fazer parte de uma seção especial dos jornais e passaram a figurar entre os assuntos principais do cotidiano. Com a popularização dos nomes e marcas das indústrias farmacêuticas que desenvolveram e comercializam vacinas contra o coronavírus, a população passou a ficar mais atenta a outras informações sobre os produtos de saúde que consomem, em especial, medicamentos.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) publicou em 12 de dezembro de 2022 a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 768, que estabelece novas regras para rotulagem de remédios. Kim Gonçalves, coordenador de Assuntos Regulatório de uma multinacional farmacêutica, nos conta como tem sido o processo de atualização.

 

 

Apesar da Covid-19 ter trazido mais foco para a indústria da saúde e sua regulamentação, a atualização da rotulagem era uma pauta da ANVISA há muitos anos e foi justamente a pandemia que atrasou esse processo.

 

 

 

Uma das novidades que pode ser mais perceptível ao consumidor é a "substituição" da bula de papel pelo código bidimensional: um tipo de código de barras que possui capacidade melhor de armazenar dados, inclusive dados maiores, do que códigos lineares - algo como o CPF de cada unidade do medicamento, um número de identificação próprio -, que poderá ser acessado pelo paciente através da internet.

Este é um ponto de atenção para Kim, uma vez que o acesso às tecnologias digitais no Brasil está longe do ideal. Apesar disso, a substituição é viável para a estrutura informacional que temos no país hoje:

 

 

Outro legado da pandemia, infelizmente, é o uso incorreto de medicamentos e a automedicação. Para além dos conflitos políticos e ideológicos travados durante o período da doença, que vitimou mais de 700 mil brasileiros até a redação desta reportagem, segundo o DataSUS, o perigo do mal uso de remédios não se limita ao indivíduo, mas a toda sua comunidade. A atualização das rotulagens de medicamentos também ajuda pacientes e profissionais da saúde - médicos, farmacêuticos, enfermeiros, cuidadores, psicólogos e muitos outros - a combaterem os efeitos desta outra pandemia - a de desinformação.

 

 

 

 

Na rotina do Instituto para Cegos cada som, toque e aroma ganham vida como conexões sensoriais
por
Sophia Dolores
Mariana Melo Castilho
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20/11/2023 - 12h

Ser capaz de reconhecer o som de cada carro estacionando e já esperar a visita no portão de braços abertos. O Seu Chizu e o Zé Carlos fazem isso diariamente. O Tunico e o Mathias sabem qual é, exatamente, sem errar nenhum ingrediente, o almoço que será servido no dia, antes mesmo de ser servido. A Ana e o Olavo acertam o nome da pessoa para quem dá a mão sem antes vê-la. Esses são os seis moradores do Instituto para Cegos Santa Luzia.

Instituto
Seu Zé Carlos (Foto: Mariana Melo Castilho)

Eles acordam entre 6h30min e 7h00min da manhã, tomam um café coado com bolinho de fubá, e partem para ginástica, localizada no pátio central, que fica entre a “casa dos quartos” e a “casa geral". Durante a prática da atividade física, cada um obedece seu próprio ritmo, com uma música de fundo e muita animação, a professora Dayane, fala o nome de cada exercício e descreve como executar, apesar de todos já conhecerem de cabo a rabo a sequência passada todas as segundas, quartas e sextas.

Após a prática dentro dos muros, chega a hora de caminhar pelas ruas da cidade de Araçatuba. Tonico diz que não vai sair "nesse sol". Ele afirma que está cego mas não está doido. O restante segue rumo à Avenida Pompeu de Toledo. Ao longo do trajeto, as mãos esquerdas vão apoiadas na parede, guiados pela voz da instrutora e por seus conhecimentos da área, prestam atenção a cada som, e percebendo cada desnível da calçada, o silêncio só é interrompido pela falação eterna do Zé Carlos, sempre com alguma piada pronta ou comentário pensado.

Voltando para a habitação é chegado o momento do almoço. A essa hora, todos já conseguiram sentir o cheiro do que foi preparado e sabem o menu, cada um pega seu prato de plástico para serem servidos pela Patrícia, cozinheira do Instituto. As mesas de madeira são compridas com espaço para todos sentarem juntos.

Instituto
Seu Chizu (Foto: Mariana Melo Castilho)

Um por um eles se levam e seguem para o quarto, saindo da “casa geral”, a qual abriga a cozinha, o refeitório, a sala de visitas e uma segunda sala para a parte administrativa, com computador e telefone, passam pelo pátio e vão a caminho da “casa dos quartos”, com oito quartos individuais. Para a organização do tráfego, a direita é ida e a esquerda é a volta, assim evitam acidentes de colisão na via de duas mão que é o longo e largo corredor no centro da morada.

            O descanso sagrado tem fim quando a professora de braille aparece para a aula. Como rotina, todas as terça e quintas-feiras, acontecem as classes pela parte da tarde, algumas vezes, outros deficientes visuais vão ao a entidade aprender também. Os que fazem as leituras com maestria utilizam o tempo para ajudar os outros e conhecer novos livros e histórias.

Terminando a lição, depois de um dia todo juntos, Seu Chizu conta do seu tempo como ajudante de seus pais na feira, como ia para chacará ajudar seu pai a colher o que seria vendido no dia seguinte e como não teve a escolaridade completa por não terem a assistência de que ele precisava quando criança, hoje em dia sua irmã insiste para o levar para morarem juntos em outra cidade, “com tudo do bom e do melhor” mas ele nega por já ter uma casa com tudo que precisa.

Zé Carlos relata seu acidente de moto que aconteceu depois de um dia de trabalho no escritório de contabilidade, e fala das várias cirurgias falhas para tentar recuperar sua visão, com 26 anos, preferiu ir viver no Instituto de Cegos, longe de sua família, para ter uma vida ajustada a suas necessidades “sem atrapalhar ninguém" . Seu Olavo ensina que a diabetes é uma das causas para a cegueira, e sobre como isso é comum, Ana, sua esposa, também passou pela mesma situação e hoje tem lar na fundação.

Instituto
Instituto para Cegos Santa Luzia (Foto: Mariana Melo Castilho)

Nesse momento o lanche da tarde fica pronto e eles vão comer, provavelmente depois da comida tem mais tempo livre até o jantar e antes das 19h00min estão deitados para dormir e assim, no dia seguinte, a rotina continua como na semana anterior, e a próxima será como esta, e assim, passei quase um dia todo observando com os olhos e sendo observada pela voz, pelo toque, pela força das passas, me encantei pela calma da vida levada com tempo para estar presente e, pela primeira vez, passei horas sem escutar nenhuma reclamação, tirando a parte do sol, estava muito quente mesmo.

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Os funcionários do metrô e CPTM serão os próximos a entrarem na fila da vacinação, que terá início no dia 11 de maio, já aqueles que trabalham nos ônibus continuam sem previsão para tomar a vacina, embora a notícia seja boa para alguns, não é para outros
por
Julio Cesar Ferreira e Helena Monteleone Sereza
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06/05/2021 - 12h

Os funcionários da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Os metrôs, ônibus e trens não pararam desde o início da pandemia, o que expõe a necessidade da categoria de motoristas, condutores, cobradores e outros funcionários do transporte público se vacinarem com prioridade. Embora os motoristas de ônibus ainda não tenham entrado na fila, os funcionários do metrô e CPTM, conseguiram. 

Serão vacinadas 9.500 pessoas, incluindo todos os operadores de trens, independentemente da idade, e demais funcionários da operação, que lidam diretamente com o público, acima dos 47 anos. Entram ainda, os trabalhadores da operação das linhas 4-amarela e 5-lilás, que são privatizadas.

Em vídeo, Alexandre Baldy, secretário dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo, divulga que “estaremos vacinando trabalhadores das operações, aqueles que estão nas estações como operador, aqueles que estão como segurança e aqueles que estão para a limpeza, a higienização de todas as superfícies das pessoas que tocam a todo momento. Exclusivamente os que estão em contato com milhões de pessoas a cada dia estão sendo vacinados pelo Governo de São Paulo”.

A AGEMT conversou com o Altino Prazeres Jr, coordenador do Sindicato dos Metroviários de São Paulo e militante do PSTU. Perguntamos qual a visão dele sobre a vacinação para a categoria. Para ele, “O setor de transporte deveria ter sido incluído logo depois dos idosos e setores de saúde já que são grandes transmissores''. Ele acrescenta criticando a situação atual. 

“Se o governo bolsonaro tivesse comprado as vacinas antes, e não fizesse campanha contra elas no seu início. E também, os próprios laboratórios, se não tivessem fazendo leilão da vacina, mas quebrassem a patente, a vacinação ocorreria de forma mais abrangente em todo o mundo."

Em sua opinião, “a velocidade da imunização está muito atrasada, descaso de todas as esferas governamentais”. Altino ressalta ainda que, “A ganância das grandes empresas e milionários está impedindo a sociedade de colocar um fim na pandemia. A falta de esforço está sendo o maior obstáculo para a imunização mais rápida e trazer ajuda para o maior número de pessoas possíveis”, conclui.  

altino
Altino Prazeres, coordenador do Sindicato dos Metroviários e militante do PSTU. (Foto/Acervo Pessoal)

 

O Metrô já soma 22 mortes entre seus funcionários, além de cerca de 1.500 contaminados, segundo contagem do sindicato dos Metroviários, que convocou uma “greve sanitária”.

Prazeres traz também que, “Por mais que todos os trabalhadores sejam imunizados, ainda há o risco de serem infectados por diferentes mutações do vírus". O coordenador relata que tem ansiedade, pois  gostaria que "ele e os colegas fossem vacinados mais rápidos”. 

O relatório da Administração do Metrô divulgado, mostra que embora a pandemia tenha tirado passageiros nos primeiros meses da chegada do vírus ao Brasil, foram feitas quase 3 bilhões de viagens nos transportes públicos que passam pela capital, entre metrô (764 milhões), CPTM (505 milhões) e ônibus municipais (1,6 bilhão).

Prazeres ainda expõe, que a notícia deixou o sindicato contente, porém, frustrados por garantir a vacina apenas para os funcionários com idade a partir de 47 anos e o Governo do Estado de São Paulo não deu explicações ou informações para o sindicato, os trabalhadores e para os funcionários da área de segurança. “Há um desejo, mas ainda uma insatisfação, pois grande parte da categoria não vai ser vacinada no momento”. 

Na pandemia, o metrô do Estado teve um prejuízo de cerca de R$1,7 bilhões devido à queda do número de passageiros, acarretando diminuições de vagões e trens em circulação pela capital. As linhas 1 – azul e 3 – vermelha sofreram uma retirada de 17% comparado com anos anteriores, enquanto a linha 2 – verde foi a mais atingida, com menos 29% de viagens diárias. 

 

A profissão que surgiu como inovação, hoje é meio de sustento para milhares de brasileiros que recorreram aos aplicativos para terem uma renda mínima – ou menos.
por
Guilherme Campos
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06/05/2021 - 12h

   Fundada oficialmente em junho de 2010 na cidade de São Francisco, Estados Unidos, a Uber Technologies Inc. criou um novo nicho profissional, que inicialmente tinham a proposta de serem uma empresa de carros luxuosos, porém rapidamente notaram que compensaria absurdamente mais caso tornassem o negócio acessível à população como um todo – e sem dúvidas fizeram isso de forma esplêndida. Hoje distribuída pelo mundo todo, a empresa chegou ao Brasil em 2014 revolucionando completamente tudo o que conhecíamos que tangenciasse o quesito movimentar-se por meio de transporte particular.

   Com preços mais baixos para os consumidores e com ganhos mais altos para quem dirigia, rapidamente caiu no gosto e no inventário popular como uma alternativa prática para passeios com a família, retornos de festas, ou mesmo o deslocamento para o trabalho diariamente, isso justificado por motivos como o preço do combustível, pelo fato de ter uma flexibilidade muito maior com relação aos horários do que os táxis, que antes possuíam todos os mecanismos até então criados, e quanto pela praticidade do carro vir até o passageiro, e não vice-versa. Apesar dos benefícios que eram exaltados mídia e mundo afora, a crise brasileira em 2015 começou a acentuar um processo que desencadeou na realidade que muitos motoristas vivem hoje em dia. Por ser um serviço de certa forma considerado simples e de fácil ingresso, muitas pessoas que perderam seus empregos na época recorreram ao aplicativo como uma saída rápida e eficaz para continuarem arcando com os custos mínimo de uma vida digna. Esse movimento de transição para os aplicativos foi crescendo cada vez mais entre os brasileiros que precisassem de um serviço, independente do motivo, e não foi diferente na crise advinda do Covid-19, onde milhares de brasileiros que perderam suas ocupações precisavam de alguma forma de sustento, elevando essa curva do contingente de motoristas ao limiar, o que trouxe à tona problemas que muitos enfrentam há anos completamente em silêncio.

   Através de uma nota técnica publicada pelo Observatório Social da Covid-19 da UFMG, que analisou dados providos pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Covid-19 (Pnad-Covid) e de outras pesquisas realizadas em anos anteriores, em busca de padrões e/ou mudanças possíveis, realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é possível analisar o impacto dos aplicativos nos números de pessoas que já trabalhavam como motoristas e como essa taxa aumentou com o passar dos anos. A pesquisa nacional de 2011 afirma terem 614 mil condutores independentes para transporte particular no Brasil, número que se manteve estável até meados de 2015, época em que já eram registrados cerca de 643 mil motoristas na mesma condição. Após a chegada dos aplicativos e com o sucessivo boom da categoria, os números das pesquisas de 2019 e 2020 comprovam a existência de mais de 1,1 milhão de trabalhadores na área, ou seja, um aumento de mais de 500 mil novos membros. 

Foto: Guilherme Campos Legenda: Motorista João Carvalho dirigindo
Motorista João Carvalho dirigindo durante a noite.
Foto: Guilherme Campos

   João Carvalho Antunes de Souza , motorista que deu depoimento à AGEMT, relata que iniciou seus serviços através do aplicativo após maio de 2020, mas não por prazer ou vontade própria. “Eu trabalhei em empresas grandes antes de “virar Uber”, mas sabe que tem coisa que a gente não escolhe, a gente precisa fazer para viver”. “A gente tá precisando trabalhar umas 10 a 12 horas por dia se quiser tirar um dinheiro no final do mês, e ainda mais agora que tem muita gente precisando de dinheiro, cada vez vem menos.”

   Através das PNAD’s realizadas anualmente, é possível perceber a diferença bruta na carga horária semanal de outras profissões para aqueles que trabalham como motoristas. Bruno, outro motorista que aceitou depor, porém com seu nome e imagem velada, também aponta algumas questões cruciais dos riscos que corre todos os dias: “Antes eu fazia entre 2 mil até 2.500 por mês, agora eu preciso trabalhar o dobro para ganhar metade praticamente”. “Às vezes você tem que saber até onde pode ir, se vale à pena fazer tal corrida, porque se algo acontecer não vai ter ninguém preocupado em te socorrer, saca?”. Tendo em comparação o número de horas trabalhadas com a renda mensal final, o mínimo esperado era que atingisse ao menos o salário mínimo decretado pela legislação, porém a falta de vínculo com a empresa coloca em xeque as vidas desta classe, pois a necessidade de bater um valor mínimo para sobreviver faz com que pessoas como João, Bruno e outras milhares façam jornadas desgastantes todos os dias, sem a mínima segurança prevista pelos aplicativos que fornecem os pedidos, sem direitos trabalhistas ou sequer a certeza de que vão voltar para casa. 

Tabela: microdados PNAD Contínua / IBGE
Fonte: Microdados PNAD Contínua/ IBGE

   No início de 2019, em Londres, a suprema corte britânica decretou que motoristas da Uber teriam direitos como salário mínimo, descansos e intervalos entre corridas remuneradas, entre outros direitos trabalhistas. A empresa norte americana entretanto sempre alegou que se tratava somente de uma intermediária entre motoristas e passageiros, porém a decisão judicial foi contrária, entendendo que os motoristas estão em posição subordinada à Uber, sendo que a própria define o valor das corridas feitas, qual a tarifa cobrada mediante ao valor total, os termos previamente decretados pela Uber, penalizações e até possível suspensão do contrato dos motoristas caso hajam reclamações por parte dos passageiros, tudo isso sem que o motorista possua um mecanismo de diálogo para uma possível alteração ou algo que o valha. Tal decisão pode acabar reverberando e gerando outros movimentos ao redor do mundo, bem como aqui no Brasil, pois sem dúvidas as condições pré-impostas àqueles e àquelas que buscam nos aplicativos uma renda, seja ela extra ou única, são um tanto quanto irresponsáveis e preocupantes, ainda mais no período de pandemia, onde em um único dia estas pessoas que controlam os veículos se expõe agudamente ao vírus da Covid-19, mesmo com máscaras e outras proteções, pois o fluxo de pessoas é contínuo, circulam a cidade toda, e tristemente caso algo ocorra com qualquer um destes motoristas, ninguém se responsabilizará. A sobrevivência de muitos brasileiros depende exclusivamente desse dinheiro e não há opção de escolha para a grande maioria. O que nos resta é lutar pelos direitos que todos deveriam ter, pois não há dinheiro no mundo que valha mais que a vida de um ser humano.

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Sob os olhares do MBL, a possível candidatura de Gentili em 2022 é apoiada pela direita liberal, que repudia tanto Lula quanto Bolsonaro — embora uma parcela tenha apoiado o último em 2018
por
Henrique Sales Barros
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23/06/2021 - 12h

Por Henrique Sales Barros

 

“Estou depositando minha última gota de esperança em um País melhor no Danilo”. A afirmação é de um dos apoiadores políticos de Danilo Gentili, humorista e apresentador do talk show "The Noite", do SBT, exibido nas noites de segunda a sexta-feira, em um grupo de WhatsApp.

Há um movimento de liberais de direita que pede a candidatura do ex-repórter do CQC (Custe o Que Custar, antigo programa humorístico televisivo) para o posto de presidente do Brasil nas eleições de 2022 — e, ao que tudo indica, não há nenhuma piada aqui.

A possibilidade da candidatura começou a se concretizar no início de abril, quando a coluna da Mônica Bergamo, na Folha de S.Paulo, noticiou que o MBL (Movimento Brasil Livre) testou o nome de Gentili em uma pesquisa sobre o cenário eleitoral de 2022 e o humorista obteve 4% das intenções de voto, empatando com Luciano Huck, Luiz Henrique Mandetta (DEM) e Ciro Gomes (PDT).

A ideia de incluir o nome de Gentili na pesquisa se deu, segundo o coordenador nacional do MBL, Renan Santos, depois de uma sondagem nas redes sociais identificar clamores pela candidatura do humorista. “É uma coisa que está surgindo de baixo para cima, como aconteceu com o [Jair] Bolsonaro em 2018”, disse à coluna.

Inclusive, muitos dos que hoje apoiam a candidatura do humorista votaram no capitão reformado do Exército em 2018. “Porr*, eu saia igual louco com camisa do Bozo na rua”, disse um apoiador no grupo, usando o nomenclatura do famoso palhaço da década de 1980 para se referir à Bolsonaro. 

O próprio Gentili também surfou na onda bolsonarista em 2018. Logo após a vitória de Bolsonaro, o humorista postou uma foto fazendo um “velório do PT” ao lado do cantor Lobão. Na imagem: um pixuleco do ex-presidente Luiz Inácio da Silva (PT) como presidiário e fatias de mortadela, produto que dá nome ao termo depreciativo criado pela direita aos militantes e simpatizantes do partido.

Com o caminhar do governo, o discurso anticorrupção e pró-reformas liberais de Bolsonaro foi minguando, e os entusiastas de Gentili começaram a abandonar o barco do presidente. “Na hora que ele entrou no governo e tirou o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) eu já vi que [ele] tava de sacanagem”, lembrou um membro do grupo.

Órgão responsável por identificar possíveis esquemas de lavagem de dinheiro, foi o Coaf que, em dezembro de 2018, produziu o relatório, enviado ao Ministério Público, com indícios de que o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, estaria envolvido em um esquema de rachadinhas na Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro)

Antes de Bolsonaro subir ao poder, o Coaf era ligado ao antigo Ministério da Fazenda. Com a chegada do ex-juiz Sergio Moro ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, o órgão foi levado à pasta — mas devolvido, sem protestos de Bolsonaro, ao comando da Economia pelo Congresso. Atualmente, o órgão está subordinado ao Banco Central.

“Eu comecei a ficar put* quando o Moro caiu!”, afirmou outro apoiador, se referindo à saída do ex-juiz da Lava Jato do governo, em abril de 2020, quando pediu demissão e saiu acusando Jair Bolsonaro de querer interferir criminosamente nos trabalhos da PF (Polícia Federal).

A menção ao nome de Moro, por sinal, é comum entre os apoiadores. Para alguns, um cenário ideal seria com Gentili subindo a rampa do Palácio do Planalto e o ex-juiz da Lava Jato reassumindo o Ministério da Justiça — ou até mesmo sendo indicado para ser ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), a corte que tanto lhe tem imposto derrotas jurídicas nos últimos meses.

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Ferradura

Em uma arte, um apoiador político do humorista compartilhou um meme em que um carro, ao invés de “seguir reto” em direção à Bolsonaro e ao ex-presidente Lula, resolve fazer uma curva brusca à direita, onde a seta aponta os nomes de Gentili, Moro, Mandetta e do ex-presidente do Novo, João Amoêdo.

Em dado momento, um integrante do grupo, ainda receoso, pergunta se o humorista já fez algo em prol da população. Um outro responde que, só pelo fato do apresentador se colocar contrário ao bolsonarismo e ao petismo, já basta. A ideia é simples: nem Lula, nem Bolsonaro. Além do mais, Gentili não seria uma terceira via: seria a única opção.

O discurso dos apoiadores é paralelo ao do apoiado. Com a popularidade alavancada por discursos contrários ao PT, à esquerda e à política tradicional, Gentili, que chegou a receber Bolsonaro no “The Noite” em duas ocasiões, em março de 2017 e em maio de 2019, agora, se mostra crítico ao presidente.

Em julho do ano passado, quando Bolsonaro foi diagnosticado com covid-19, Gentili disse que esta havia sido a “primeira coisa positiva que o atual presidente apresentou” no governo. O comentário, que gerou repúdio entre os apoiadores do capitão reformado, fez com que o humorista rompesse de vez com o bolsonarismo.

“Tomei processo por defendê-lo (Bolsonaro) e esse 'fdp' foi lá pedir minha cabeça e censura no meu emprego quando critiquei o fundão eleitoral”, disse, na época, Gentili em um comentário nas redes sociais. Em live, porém, o presidente negou que tenha cobrado a demissão do humorista no SBT.

Antes das urnas decretarem a vitória de Bolsonaro em 2018, em entrevista à rádio Jovem Pan, Gentili prometia “continuar zoando” tanto o hoje ocupante do Palácio do Planalto como Fernando Haddad (PT), adversário do capitão reformado no segundo turno do pleito — mas, para o humorista, entre um deputado defensor do legado mortífero da ditadura militar e um professor universitário, quem simbolizava ataques à liberdade de expressão era o segundo.

“Se o Haddad ganhar, vou continuar zoando o Haddad, apesar de achar que vai ser um pouquinho mais complicado”, disse em entrevista ao programa “Pânico”. “O plano de governo dos caras é mudar a Constituição. A opção mais anti-democrática hoje é o Haddad, sem dúvida nenhuma”, afirmou.

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Estatística

Há algo que anima os apoiadores de Gentili no grupo de WhatsApp: pesquisas. Não as que são feitas com rigor estatístico por institutos, e sim aquelas que são realizadas por arrobas verificadas no Twitter, especialmente aquelas ligadas ao pensamento liberal e conversador brasileiro. Melhor: não são pesquisas, e sim enquetes.

Em um print screen (captura da tela) de uma enquete feita pelo economista Joel Pinheiro, colunista da Folha de S.Paulo e da revista Exame e comentarista do “Morning Show”, programa da Jovem Pan, Gentili aparecia com 50% das intenções de votos, enquanto Bolsonaro e Lula apareciam, respectivamente, com 29% e com 21%.

Há até um perfil no Twitter com cerca de 9 mil seguidores, o “Enquetes 2022”, que se dedica exclusivamente a realizar enquetes sem embasamento estatístico com aparência de pesquisas eleitorais com rigor científico — e, em uma votação realizada pela arroba, Gentili aparecia com 61% das intenções de voto para 2022, Bolsonaro com 25% e nulos e brancos somavam 14%.

Mas uma enquete negativa ao humorista chegou — esta, feita pelo deputado estadual Alexandre Freitas (Novo/RJ): Gentili aparecia com 31,8% das intenções, enquanto Bolsonaro estava em primeiro, com 35,4%. Quem enviou a captura de tela pediu que o grupo fosse em massa ao Twitter para reverter o resultado. “Boraaa (sic).”

O bombardeio de pesquisas no grupo acabou levando os integrantes a discutirem um cenário para 2022 sem a candidatura de Gentili. Para um apoiador, entre Bolsonaro e João Doria (PSDB), a opção deve ser pelo governador de São Paulo, sem sombra de dúvidas.

“Eu votava no Bolsonaro (risos)”, disse um segundo mais timidamente. Um terceiro entra na conversa: “Eu anulava” — e depois complementa, respondendo ao comentário do apoiador que prefere votar no capitão reformado do Exército ao empresário tucano, dizendo que “está mais fácil” de se fazer o mesmo.

Um quarto entra na conversa para pôr fim à discussão eleitoral. “Esqueçam isso. Esqueçam Doria. Vejam o nome do grupo. Isso nunca vai acontecer". E escalou um gabinete parcial: "Danilo Gentili presidente, Amoêdo ministro da Economia, Sergio Moro ministro da Justiça e depois STF. Vamos focar nisso!”.

“Se o bosta do Mito (como Bolsonaro é denominado por apoiadores) tivesse cumprido as suas promessas de campanha, a gente não ia precisar estar nesta situação”, apontou outro.

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Faltou combinar

Às 18h do dia 12 de abril, uma segunda-feira, apoiadores de Gentili planejavam realizar um tuítaço com a hashtag “Gentili2022”. Durante aquele dia, os apoiadores reunidos no grupo discutiram quem poderia ser o vice de Gentili na chapa para 2022.

Para alguns, o nome certo é do youtuber conservador liberal Nando Moura. Para outros, não é para tanto. Em 2018, o músico apoiou Bolsonaro e era discípulo do autoproclamado filósofo Olavo de Carvalho. Hoje, é mais um crítico pela direita do governo federal.

“Não gosto do Nando por ser extremamente mente fechada e conservador, mas eu acho que seria um ótimo vice”, ponderou um apoiador. “Nando precisa ser um conselheiro. Não precisa ser vice, tem que trazer alguém que tem mais voto. Na minha opinião, o Moro”, argumentou um segundo.

“O vice tem que ser um [Michel] Temer (MDB) não corrupto, para que a candidatura dele seja viável”, argumentou outro mais tarde, dizendo que o nome de Mandetta “seria top”, mas ponderando que o ex-ministro da Saúde de Bolsonaro “é corporativista, não é flor que se cheire”. Outra alternativa: Eduardo Leite (PSDB), governador do Rio Grande do Sul.

Quando o relógio bateu às 18h, começou o tuitaço. Prevendo que uma hashtag pedindo a candidatura de um humorista gestado pelo finado CQC poderia não ser levada tão a sério, um apoiador de Gentili enviou uma imagem grafitada do apresentador do “The Noite” com um charuto e mostrando o dedo do meio junto com a frase “cancela isso”. “Usem contra os militantes”, pediu.

Com o relógio quase batendo 19h, um integrante do grupo compartilhou uma captura de tela com a hashtag sendo marcada como um dos assuntos do momento no Brasil, com 1.295 tuítes. “Não para, gente”, cobrou. No fim da noite, porém, a avaliação que ficou é de que a estratégia não bombou.

Para a maioria, a hashtag apareceu rapidamente entre os assuntos do momento no Brasil, mas não nos trending topics nacionais, que é o que valeria ao final da empreitada. “Não foi extraordinário, mas também não foi uma merda", analisou um apoiador, que enxergou falta de engajamento do próprio apoiado. “A merda do Danilo não divulgou também”, reclamou.

Um segundo apoiador enviou uma captura da própria tela com os trending topics do momento no Twitter. Em destaque: “tiago” (Tiago Leifert, apresentador do “Big Brother Brasil”, da TV Globo), “jogodadiscordia” (dinâmica do reality show da emissora carioca) e “imperio” (novela do mesmo canal, que está sendo reprisada no horário nobre). “Só tem merda nos assuntos”, exclamou.

Mas não há tempo para desânimo. Para um um integrante do grupo, a receita para o sucesso de Gentili em 2022 se baseia no apoio de três nomes da direita brasileira ao humorista: Moro, Mandetta e Amôedo. Assim, o apresentador do “The Noite” poderia ser eleito ainda em primeiro turno. “Até porque, se a CPI da Covid se concretizar, o Bolsonaro já era”, analisou.

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Bastidores

Poucos dias depois da pesquisa do MBL vir à tona, o movimento planejou se reunir com Gentili para discutir a sério a possibilidade do humorista do SBT se candidatar ao posto de presidente da República em 2022, segundo a coluna Painel, da Folha de S.Paulo. O fato do apresentador ter apresentado o dobro de intenções de voto — ou seja, 8% — entre os jovens animou o grupo.

E se os apoiadores de Gentili anseiam por um apoio de Moro, ao menos um aceno já foi dado. Em coluna no site da revista Crosué, o ex-juiz da Lava Jato, após acompanhar a participação do humorista no programa de entrevistas “Manhattan Connection”, da TV Cultura, disse que votaria no cortejado pelo MBL em 2022.

Cerca de dez dias depois, a coluna da Bela Megale, do jornal O Globo, reportou que Gentili se encontrou por videoconferência com João Amoedo. Em pauta, é claro, estavam as eleições para 2022. “Foi uma conversa para entendermos como um poderia ajudar o outro a fazer algo pelo país”, disse o ex-presidente do Novo à coluna.

A possível candidatura do humorista acabou virando piada e meme nas redes sociais mas, para Amoêdo, o papo é sério. “Acho positiva a disposição do Danilo. O que não deveríamos aceitar é um presidente, pago por nós para administrar o país e na situação em que estamos, querer ser comediante”, disse o ex-candidato ao Planalto em um tuíte.

Ainda em abril, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Gentili disse que não há piada alguma em uma possível candidatura. “Os políticos me levam muito a sério, a ponto de eu colecionar pedidos de prisão e de censura vindos deles. Então, acho que eles é que temem que a minha candidatura seja levada a sério e não o contrário", disse.

Em pesquisa Exame/Ideia divulgada em 23 de abril, Gentili apareceu com 2% das intenções de voto em todos os cenários possíveis. Sem nenhum candidato indicando vitória ainda em primeiro turno, o humorista ficou a, no mínimo, 28% de distância dos dois candidatos com indicativo de ir ao segundo turno — que, no caso, eram Lula e Bolsonaro. 

Sobre a avaliação dos candidatos, Gentili apareceu empatado com Amoêdo em 36% no quesito "negativa, não votaria de jeito nenhum". São os dois piores candidatos no quesito, que não inclui Bolsonaro — que apareceu com o governo avaliado em 52% em “ruim” ou “péssimo”.

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Como a vertente cristã auxilia os mais necessitados durante a maior crise sanitária da história do Brasil
por
Enzo Cury e João Victor Capricho
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20/05/2021 - 12h

Por Enzo Munhoz Cury, Henrique Sales Barros e João Victor Capricho Scalzaretto

 

Ao longo do século XX, alguns membros da Igreja Católica estavam notando o crescimento de questões sociais envolvendo a fome, guerras e desemprego ao redor do mundo, mais especificamente na América Latina. Com o catolicismo se modificando com o passar do tempo e sofrendo influências de outras correntes de pensamento religioso, a Teologia da Libertação* surge em meados da década de 60. 

No Brasil, seu aparecimento se deu através de dois fatos; o Concílio Vaticano II e o Golpe Militar de 1964. Este primeiro, realizado em dezembro de 1961, visou discutir as transformações globais que ocorriam na época e como a Igreja deveria se adaptar a tais mudanças, mas sem perder sua conduta conservadora e rigidez. O segundo serviu para inflamar o sentimento de revolta de muitos eclesiásticos brasileiros, que se posicionaram com firmeza contra as ações do regime militar, resultando na perseguição e, consequentemente, prisão de alguns membros do clero. 

Influenciado pelo surgimento de vários regimes autoritários por toda América Latina, esse segmento da Igreja Católica, contrário às formas de opressão, foi se tornando cada vez mais expressivo. E foi na Conferência de Medellín, realizada para aplicar os ensinamentos do Concílio Vaticano II no continente americano, que a proposta da Teologia da Libertação se fundou e, baseando-se na “preferência pelos pobres”, iniciou um movimento que seria mal visto pelas alas mais conservadoras do catolicismo. 

Muitos teóricos concordam em definir o ano de 1971 como o marco inicial da vertente, por conta do lançamento do livro “A Teologia da Libertação”, escrito pelo teólogo peruano Gustavo Gutierrez. Para Gutierrez, a teologia tem duas funções; a espiritual e a racional, propondo que haja um diálogo constante entre essas duas partes, além de ser necessário o conhecimento das ciências sociais, biológicas e psicológicas para se tornar um escolástico. 

Porém, existem obras que antecedem a Gutierrez que já demonstravam o encaminhamento de diversos pensamentos teológicos em direção à Teologia da Libertaçaõ. Em 1965, o teólogo batista Harvey Cox publica sua obra “A Cidade Secular”, em contraposição à “De Civitate Dei”, de Santo Agostinho. Cox defende a divisão da cidade dos homens e a cidade de Deus (mundo terreno e espiritual, respectivamente). Para ele, está visão de mundo está ultrapassada e foi superada pela relação de proletários e patrões. Também, há a publicação de Rubem Alves (teólogo, escritor e psicanalista brasileiro), “Uma teologia da esperança humana”, que foi sua tese de doutorado no Princeton Theological Seminary. 

Os pensamentos derivados da vertente católica podem ser percebidos na prática analisando alguns casos; como o dos sacerdotes na Nicarágua que, inspirados pela Teologia da Libertação, tomaram parte ativa na revolução sandinista de 1979, lutando contra o regime ditatorial de Anastasio Somoza. Também podem ser notados na Colômbia, onde por quase trinta anos, Gregório Manuel Pérez Martinez, um sacerdote católico e pioneiro da Teologia da Libertação, comandou o Exército de Liberação Nacional na luta armada. Além desses exemplos, é possível citar Leonardo Boff, José Comblin e diversos outros filósofos e teólogos que ajudaram a enraizar os fundamentos do movimento na América Latina.

"A Teologia da Libertação é a grande teoria propriamente latino-americana que fez uma junção jamais vista sem os trabalhos de autores como Gustavo Gutierrez, Leonardo Boff, Rubem Alves, Milton Schwantes e tantos outros religiosos e leigos, que através da confrontação com os textos bíblico viram em sua hermenêutica a opção pelos pobres, como bem descrita na obra de Jon Sobrino. Em resumo a Teologia da Libertação, é um manifesto de opção pelos pobres do mundo, evidenciando a atenção especial de Deus pelos vulneráveis e humilhados do mundo. ” – afirma Éverton Almeida, teólogo e professor de sociologia e filosofia.

No final do ano de 2019, foi descoberto um novo Coronavírus, um vírus de origem comum em animais e de elevada transmissibilidade, que ocasionou o cenário pandêmico em que nos encontramos até o momento. Por conta da fácil infecção do vírus, algumas das medidas profiláticas essenciais são; o isolamento social, uso de máscara e fechamento dos comércios não essências para a manutenção da vida. Com o desemprego em alta e o aumento das famílias que passam da linha da miséria, o Brasil vive um cenário caótico por conta da emergência sanitária e da falta de coordenação, por parte do governo federal, para enfrentar esse período conturbado.

voluntários distribuindo refeições para outras pessoas na rua


Nesse contexto catastrófico, a Teologia da Libertação vem amparando pessoas que buscam alimento e necessitam de ajuda. Na cidade de São Paulo, mais especificamente, existem vários pontos onde ocorrem prestações de auxílio e distribuição de cestas básicas. Muitos destes locais ficam na zona central da cidade, onde há uma grande população de moradores de rua. As ruas frias e os cheiros fortes são as marcas registradas de um submundo invisível, que existe no coração da maior cidade da América Latina. Submetidos a condições desumanas, essas pessoas não têm acesso a recursos e instrumentos para se alimentarem decentemente e muito menos para se proteger contra a Covid-19. Mas, mesmo onde, aparentemente, falta humanidade, sobra compaixão. 

Existem aqueles que, mesmo em meio a uma pandemia, põem em prática as teorias da Teologia da Libertação, mesmo nem sempre sendo parte da Igreja. Robson Mendonça é diretor da ONG “Movimento Estadual da População de Rua do Estado de São Paulo”, a MEPRESP. Seu trabalho ajuda diariamente muitas pessoas em situação de rua. Para ele, a fé é muito importante em tudo que faz. Ele conta que antes da pandemia, andava de bengala com o atendimento da população de rua que passou a ser diário. Após isso, não precisou mais, pois sentiu que estava sendo usado para aliviar o sofrimento de parte desta população e, para ele, isso é uma forma de cura do espírito.

Seu papel, como presidente fundador da ONG, é organizar os serviços de atendimento a população de rua como; tiragem de documentos, encaminhamento para o tratamento e cura de dependentes químicos, cursos profissionalizantes e abrigos. Como estamos neste período de pandemia, também faz o cardápio e cuida da área de alimentação. Em suas palavras: “Isso faz com que eu me sinta vivo e útil para os irmãos menos favorecidos, dando-me uma injeção de ânimo para seguir vivendo”. O trabalho que realizam neste momento é importante para evitar que muitos venham a morrer de fome ou de frio, pois a humanidade está carente de tudo e de todos. 

Robson acredita que o movimento tem o importante papel de realizar todos os serviços que deveriam ser feitos pelos governantes. Mas, também sabe que a sociedade civil tem seu papel fundamental principalmente, neste momento de tanta angústia que estamos passando durante a pandemia. E não só o MEPRESP, mas todos os envolvidos com ele, pois fazem parte de um coletivo.Isso, tendo em vista que o aspecto fundamental, que salta aos olhos e que recebe inspiração do legado da Teologia da Libertação é justamente a luta contra a fome e a exclusão social, que na pandemia, foi ao mesmo tempo exposta e catalisada.

voluntária de camiseta preta distribuindo refeições para outras pessoas


Ele conta que um dos pontos mais importantes, e que merece ser destacado pelo período da pandemia, não é só como a vertente cristã em discussão se mostra essencial agora. Mas, além disso, é evidenciar como a Igreja, como instituição, pode repensar seu papel, observando o retorno deste tipo de vertente.
“A grande lição que as igrejas podem tirar desses tempos pandêmicos é a constatação de que os poderosos desse mundo não se importam com pobres e vulneráveis, como Jesus fez em seu ministério terreno. Essa lição é dura, mas necessária. Os pobres desse mundo só podem contar com a solidariedade fraterna dos filhos de Deus, ou seja, daqueles no exercício da empatia que sentem a dor do outro, aqueles que se converteram a causa de Cristo. A causa da humanidade, a saber, os amantes de Cristo e não os amantes do dinheiro e do poder.” – afirma Everton.

 

 

A Teologia da Libertação é uma vertente cristã inclusiva, que busca reinterpretar os ensinamentos de Jesus Cristo, tendo ele como o verdadeiro libertador dos povos oprimidos, e alguns dogmas da Igreja Católica. Visando dar preferência no tratamento aos pobres e necessitados, ela utiliza as ciências humanas para realizar essas ações, e seu objetivo é combater qualquer forma de desigualdade.

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A vacinação contra a Covid-19 em SP, começou no dia 17 de janeiro de 2021, com a vacina CoronaVac fabricada pelo Instituto Butantã.
por
Marcela Foresti e Paula Moraes
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09/04/2021 - 12h

 

   Com quase três meses de vacinação em São Paulo, e inicialmente sendo aplicada em profissionais da saúde, indígenas e quilombolas. Percebe-se que há novas preocupações nestes grupos já vacinados  e que as experiências não são as mesmas.

    A assistente social da Secretaria Municipal da Habitação de São Paulo, Suelma de Deus tomou recentemente em uma UBS a primeira dose da vacina AstraZeneca, que foi produzida pela universidade de Oxford e começou a ser distribuída em fevereiro no Brasil. 

    Ela não teve  nenhum tipo de  efeito colateral após a aplicação da vacina, e não enfrentou problemas no dia da vacinação “A UBS estava vazia, cheguei e já fui vacinada em uma sala própria para vacinas.” Além disso conta que se sente aliviada de já ter chegado a sua vez na ordem de vacinação, entretanto não se sente totalmente segura, pois só tomou uma dose e está ciente que mesmo com as duas doses ainda está sujeita a pegar e transmitir o vírus

    Para ela, o  momento em que vivemos é muito difícil, tanto pela gravidade da doença e da situação sanitária quanto pelo desgoverno “É doloroso observar que o governo federal não assumiu a direção correta para salvar vidas, com a compra antecipada de vacinas, testes em massa e o reforço referente às orientações dadas pelos cientistas para evitar a propagação do vírus.”

    A assistente social ainda acrescenta: “Vivenciamos um festival de horror, com a troca de ministros da saúde, indicação para tomar medicamento sem comprovação científica de cura e a indução ao comportamento coletivo favorável à propagação do vírus. Todas essas questões somadas aos problemas econômicos com a interrupção do auxílio emergencial em meio a pandemia, entre tantos outros problemas.” 

    Ela acredita que vacinar a população é a única salvação que temos para diminuir o número de mortes e voltar a ter uma vida normal.

    A enfermeira Nadia Lopes, está trabalhando há um ano na ala especial para pacientes com Covid-19 no Hospital Metropolitano da Lapa. Lopes foi vacinada com as duas doses da vacina CoronaVac logo na primeira semana de vacinação em São Paulo, não sofreu nenhum tipo de sintoma depois da aplicação.

   Durante o último ano perdeu vários colegas de profissão para a doença. Logo no início da pandemia, sentiu alguns sintomas da Covid-19, como febre e dores no corpo, porém o resultado dos testes acabou sendo negativo. Com medo de acabar transmitindo em algum momento o vírus, resolveu sair da casa do pai logo no início da pandemia.

   Para Lopes o medo de se infectar agora é maior do que no início da pandemia “No início ninguém sabia o que era e nem sabia o que fazer.” A enfermeira cuida de uma ala com quarenta pacientes de Covid-19, e com os altos números tem que conviver com a realidade do hospital, que precisou  contratou um contêiner para levar os mortos por Covid-19 “Isso me abala muito”.

    “O que dói muito, além de ver os óbitos, é ver as pessoas descrentes com a doença indo em bailes funk, nas tabacarias fumar e beber com aglomeração e depois levar a doença para casa e contaminar um parente. Estou fazendo plantões extras pois não tem pessoas suficientes para cuidar da ala, esse é o pior momento da minha vida, estou me sentindo em uma terceira guerra mundial”.

     Lopes também se considera mais segura agora que tomou as duas doses da vacina, entretanto tem consciência que ainda pode ser contaminada, mas acha que os sintomas não seriam tão cruéis como antes da vacinação.



 

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