Com o agravamento da pandemia e o caos do ensino remoto, ampliou-se a diferença entre o ensino público e privado. É evidente a existência de um contraste entre qualidade de ensino, infraestrutura, métodos, organização das aulas e a cobrança de rendimento dos alunos de acordo com o tipo de instituição observada.
As instituições privadas investiram no uso de plataformas de aula online, enquanto as públicas se viram obrigadas a paralisar suas atividades por falta de verba. De acordo com o professor de português da rede pública e particular, Murillo Marques, “o acesso às aulas online, está com uma defasagem enorme, pois os alunos não estão absorvendo o conteúdo". Segundo ele, mesmo assim as instituições estão cobrando mais trabalhos e provas: "Os locais de estudo em suas casas não são apropriados, não é silencioso e é cheio de distrações.”
A desigualdade social sempre marcou estudantes brasileiros e se agravou no ensino remoto no período da pandemia da Covid-19. As aulas em EaD exigindo a disponibilidade de diversos equipamentos eletrônicos, geralmente muito caros e, portanto, inacessíveis para a maior parte da população, e conexão com a internet. Porém, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 4,3 milhões de alunos não possuem acesso à internet, por isso são privados de acompanhar as aulas online, aumentando a disparidade entre os estudantes de classe média e os de classes menos favorecidas.
Há uma diferença entre os alunos das duas instituições: “O estudante da rede pública, muitas vezes está preocupado com o que irá comer no dia, tem que conciliar trabalho e o estudo. Muitos não veem uma boa perspectiva de um futuro melhor, abandonando assim, os estudos.” afirma Murillo. “Já o aluno do particular, entra na escola com seu caminho trilhado: passar na universidade. Há exceções, claro, mas a grande parte já entra em um ritmo que pode ser cobrado firmemente em relação ao conteúdo.”
A Secretaria Municipal de Educação de São Paulo liberou em 2021, a quantia de 28 milhões de reais do Programa de Transferência de Recursos Financeiros (PTRF) para o financiamento das atividades educacionais, reformas e a compra de artigos de higiene para o combate a Covid-19. Em entrevista, Solange Silva Jacinto, professora de artes da rede pública afirma que “está na hora de os governantes entenderem que as crianças não são o apenas o futuro, elas também são o presente, assim as políticas públicas precisam ser investidas na educação, para a construção de uma sociedade melhor.”
Apesar de haver muitos profissionais competentes na área, a falta de incentivo e de infraestrutura de qualidade no ensino público fizeram com que boa parte dos setores da sociedade brasileira vissem os professores e coordenadores a partir de uma ótica negativa. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Índice Global de Status de Professores, o Brasil é a nação onde profissionais da educação possuem menos prestígio, mesmo trabalhando em uma média de 48 horas semanais, enquanto nos demais países a média geral é de 39 horas. Uma pesquisa feita pelo IBGE diz que 48% dos professores não recomendam a profissão para outras pessoas, sendo os principais motivos a baixa remuneração e a não valorização da profissão.
Essa desvalorização faz com que os professores se sintam desmotivados e desacreditados com a própria carreira. Consequentemente, cada vez menos funcionários entram para a rede pública, que por sua vez acabou se tornando desatualizada e sucateada, com os alunos vendo pouca utilidade prática na educação. Solange conta que “a falta de investimento do Estado gera uma grande desmotivação entre os alunos, pois eles não têm uma perspectiva de um futuro melhor, não sabem o porquê de estarem estudando, e se aquilo não vai ser um diferencial na vida deles.”
A falta de democratização do ensino também afeta no ingresso dos estudantes na vida universitária, como mostra uma pesquisa feita com 97 estudantes da PUC-SP dos cursos de Direito, Jornalismo e Publicidade: 51% das pessoas são vindas do ensino privado, com a renda maior que R$ 5.500 (equivalente a 5 salários mínimos); enquanto 21%, são provenientes do ensino público, com renda média de 2200 reais (2 salários mínimos) e ingressaram na faculdade através de programas de bolsas governamentais como o ProUni e Fies.
A democratização do ensino está ocorrendo por meio dos clubes de leituras nas lajes de comunidades, da infinidade de professores voluntários presentes diariamente nas mídias sociais e na distribuição gratuita de material escolar e livros didáticos. A democratização do ensino depende de uma experiência sistemática que possa ajudar os alunos a se expressarem bem, a se comunicar de diversas formas, a desenvolverem o gosto pelo estudo, a dominarem o saber escolar, ajudá-los na formação de sua personalidade social, na sua organização enquanto coletividade. Isto é, a democratização do ensino depende de um projeto de escola democrática.
Gabriela Mayer é apresentadora e repórter especial da BandNews FM; Apresentadora do podcast Elas com Elas; Sócia-fundadora da Rádio Guarda-Chuva e apresentadora do podcast literário Põe na Estante. No mês de maio, ela concedeu entrevista para estudantes de jornalismo da PUC-SP, na qual falou sobre sua carreira e também de sua produção independente do Põe na Estante.
Intermediada pelo professor e apresentador da TV Cultura Aldo Quiroga, a entrevista tinha uma proposta simples em que cada aluno participante teria a oportunidade de fazer uma pergunta. No geral, o “bate-papo” foi muito límpido. A jornalista é uma leitora sagaz, como ela própria se intitula e acredita que o poder da literatura é transformador.
O que te motivou a estudar jornalismo?
Bom, o jornalismo não foi minha primeira opção de curso. Eu estava entre direito e jornalismo, mas na hora de preencher minha ficha no vestibular, acabei escolhendo ele. Mas, no meio do curso encontrei muito sentido no jornalismo em cada aspecto da minha vida e hoje entendo que não foi apenas uma escolha para preencher uma ficha. Eu vejo um poder transformador no jornalismo, ainda que isso seja um pouco idealista, eu o vejo como um pilar muito importante na democracia.
Como é feita a produção do Põe na Estante?
Ele é dividido em temporadas temáticas e eu planejo com antecedência para o entrevistado ter o seu tempo de leitura e análise da obra. Elas também variam pois em algumas eu escolho os livros ora o entrevistado, mas sempre com alguns critérios pois é muito difícil fazer essa escolha, juro! Mas elas também seguem algumas lógicas com questões atuais e também conversando entre si.
Você acha que falta a inclusão do jornalismo literário dentro da grade jornalística uma vez que, não temos muitas opções de veículos que abordam esse estilo?
Falta dinheiro,rs. Não é toda redação que consegue manter um repórter trabalhando na mesma história por meses, o que é um mega privilégio,- se dedicar todo esse tempo para uma única apuração -. Eu nunca vivi isso. Faço muitas coisas ao mesmo tempo e não consigo nem imaginar o que é você ter tempo para se dedicar a uma apuração. Se eu tivesse, acho que ficaria até confusa. Mas em geral, tem demanda, o que não tem é verba.
Qual sua opinião sobre a possível tributação dos livros?
Eu acho um assinte. Os livros são isentos no Brasil por uma proposta do Jorge Amado, que era deputado na época, numa tentativa de estímulo à leitura pois o brasil é um país que lê muito pouco e quando você pára e analisa o que as pessoas estão lendo, é perceptível o espaço restrito que a literatura tem no Brasil. Então, taxar os livros sob o argumento de que só os ricos lêem e por isso é razoável taxá-los, é um descalabro completo. Até porque, se formos taxar tudo aquilo que só os ricos possuem acesso, podemos taxar grandes fortunas, o que com certeza será mais eficiente. Os livros são muito potentes. Uma sociedade leitora por completo, consegue entender as entrelinhas, ter uma amplitude de mundo, conhecer outros mundos, contar histórias, ser dono de suas próprias palavras…
Em sua opinião, que papel a cultura desenvolve em nossa sociedade?
Bom, a importância da cultura é a importância da sobrevivência. Cultura é o que nos faz humanos. No que a gente está vivendo neste momento de pandemia, se não tivéssemos a cultura estaríamos completamente enlouquecidos. Além disso, a cultura tem o papel de nos conectar, por vários motivos, pois a cultura seja ela no livro ou não, ela conta uma história. A arte é aquilo que colocamos para fora e isso é uma forma de comunicação. No fundo, eu acredito que é pela comunicação que a gente vive pois ela permite nossas interações. Ou seja, é algo tão potente que eu me conecto com você sem ao menos te conhecer.
Qual foi a matéria mais importante de sua vida?
Brumadinho! Essa foi a cobertura mais importante que já fiz em minha vida. Foi importante tanto para minha vida pessoal quanto para minha carreira. Por mais que eu não publique, continuo acompanhando o caso. Não foi uma matéria tranquila e relembrar também não é. Eu cabei tendo um envolvimento emocional muito grande na cobertura de Brumadinho. Quando isso acontece, há um desafio extra. Eu não acredito em um jornalismo frio e distante, mas a carga de emoção pode nublar sua capacidade de narrar a história, dessa forma, acaba sendo mais difícil trabalhar.
Sua carreira começou na televisão e depois migrou para a rádio. Existe algo que você sente falta?
Olha, quando eu fui fazer rádio, eu ouvia muito das pessoas que rádio é apaixonante. Hoje, eu sou uma dessas pessoas. O rádio tem potência, agilidade e proximidade, que são encantadoras. Por outro lado, eu sempre fui muito apegada à imagem. Sou uma pessoa muito visual. A construção de histórias com imagens sempre fizeram muito sentido pra mim. Talvez seja isso o que mais sinto falta da televisão como plataforma.
Até agora, qual foi seu maior desafio nas rádios?
A linguagem da televisão é totalmente diferente da rádio e essa foi minha principal dificuldade. Porque é outro jeito de contar histórias, então eu tive que aprender a descrever muito bem, uma vez que não usamos imagens. Além disso, a apresentação na rádio é mais freestyle, diferente da televisão, que é algo mais roteirizado. Ou seja, você precisa ter uma capacidade de improviso, o que eu não tinha quando comecei. Inclusive, chorava todos os dias quando cheguei porque pensei que não ia conseguir, mas hoje deu certo.
E como foi sua volta à televisão, continuando na rádio?
Foi excelente. Voltei muito melhor por ter adquirido os hábitos da rádio como o improviso. E lógico, aprendi muito com os meus colegas.
Como você lida com sua exposição, uma vez que está em posição de destaque?
Eu lido mal. Sou muito suscetível aos comentários. tem gente que consegue não se importar, mas eu não consigo. Uma vez na Tv Cultura um telespectador disse que eu não deveria apresentar o jornal e muito menos ficar de pé pois o meu corpo não era adequado para ser apresentadora de televisão. Isso me deixou arrasada porque eu tenho uma relação muito difícil com o meu corpo. Era um comentário sobre isso, mas me abalou. Meus colegas homens, não recebem críticas sobre seus corpos, apenas sobre o conteúdo, já os meus, estão sempre atrelados ao fato de eu ser mulher.
Em período de isolamento social, a procura por um pet se tornou significativa. Para suprir a solidão e animar a monótona vida em uma pandemia, muitos optaram por adotar um animalzinho. Confira a matéria clicando AQUI. (se preferir, habilite as legendas clicando na própria opção do YouTube).
A jornalista e radialista Gabriela Mayer (33), expressa que mesmo com tantos anos de exposição pela mídia, ainda tem dificuldade em lidar com os comentários negativos dos telespectadores.
Ao longo de sua carreira na televisão, onde trabalhou na TV Gazeta, na Record News e na TV Cultura, Mayer via a diferença de comentários do público sobre ela e os apresentadores homens. Ela percebia que, para ela, os comentários eram mais direcionados à sua aparência do que a sua postura como apresentadora, enquanto para os seus colegas homens os comentários vinham, em sua maioria, sobre sua postura como apresentadores.
A partir de 2017, passou a trabalhar como radialista na BandNews FM. Mesmo sem ser vista, os comentários enviados por aplicativos de mensagem pelos ouvintes são diferentes dos que seus colegas homens recebem. É comum colocarem em dúvida as informações apresentadas por ela, mesmo quando cita fontes seguras de informação.
Para Mayer é muito difícil toda essa exposição e diferença de tratamento, ela sente que para o publico é mais fácil, por ela ser mulher, criticá-la com comentários relacionados ao corpo do que criticas ao seu trabalho, e que o mesmo nunca vai ser replicado com seus colegas homens.
A jornalista confessa que lida mal com os comentários que recebe em relação ao seu corpo, visto que é muito insegura. Mesmo assim, ela mantém o hábito de responder comentários que mandam tanto no número da rádio como em seu Instagram, mas reconhece que essa prática não lhe faz bem.
Também tem dificuldade de perceber a linha tênue entre um elogio ao seu trabalho e um flerte. “O que me incomoda mais é ser reduzida à imagem, eu acho legal que me considerem bonita, mas eu não estou em algum lugar por causa disso”.

Em 2 de setembro, o México se tornou o primeiro país da América do Norte e o 41º país do mundo a proibir a fabricação, venda e importação de produtos testados em animais. Iniciado em 2019, pelo senador Ricardo Monreal Ávila, o texto teve apoio unânime dos 103 senadores, da organização Humane Society International do México e da organização não governamental, Te Protejo.
No Brasil o cenário é diferente, os testes em animais foram banidos em apenas oito estados, sendo eles Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Pernambuco, Amazonas e Pará. E, no final do mês de abril, a produção em vídeo da campanha “Save Ralph”, focada em dezesseis países prioritários, realizada pela Instituição Humane Society International (HSI), viralizou nas redes sociais. O curta-metragem traz como enredo a “rotina” de um coelho cobaia, na voz do ator Rodrigo Santoro, cego de um olho e com um zumbido em uma das orelhas. Ele chama atenção pelo diálogo que desenvolve e tem como objetivo conscientizar as pessoas sobre a crueldade dos testes realizados em animais.
Com isso, o Instituto busca o apoio de Senadores para alterar a Lei nº 11.794/08, vedando a participação de animais de qualquer espécie em atividades voltadas à produção e desenvolvimento de produtos cosméticos, de higiene pessoal e perfumes.
O Brasil é o quarto país com o maior mercado de cosméticos do mundo, com 2.794 empresas registradas na Anvisa em 2018. 47,8% eram controlados por apenas cinco representantes: Natura & Co, Boticário, grupo Unilever, grupo L’Oreal e Colgate-Palmolive. Donas de muitas outras subsidiárias, estas grandes empresas espelham a forma como diversas outras marcas farão seu marketing e venderão seus produtos. Provocar mudanças neste vasto mercado que perpetua regras e uma já estabelecida clientela fiel, não é simples.
A viralização do curta trouxe à tona a discussão da real necessidade dos testes em produtos cosméticos. Fabiana de Castro, revendedora de produtos corporais veganos da Avatim, traz a reflexão sobre a necessidade de estudar e conhecer a produção e os testes, e ressalta “é triste sacrificar tantas vidas para um produto, que muitas vezes nem é tão útil assim.”

Dentre os diversos testes existentes há o Draize, criado em 1944. A modalidade de testes de irritação ocular consiste em medir a toxicidade aguda de substâncias, mantendo os animais conscientes, sem remédios para diminuir a dor e imóveis em uma estrutura. A substância a ser testada é introduzida na pálpebra inferior de um dos olhos do animal, causando uma forte queimação, irritação e dor. Em alguns casos essa aplicação acontece diversas vezes, com os animais sendo monitorados diariamente durante uma a três semanas para verificar o nível de irritação. Outra modalidade do teste é a exposição direta da pele do coelho. Para isso, todos os seus pelos são removidos com fita adesiva, o que retira também algumas camadas da pele, provocando dor, bolhas e sangramentos.
Em observações dos testes Draize descobriram que a chance de uma substância potencialmente perigosa passar no teste como segura, é praticamente nula – no máximo, 0,01%. Já a possibilidade das substâncias irritantes/suaves serem seguras fica entre 3,7% e 5,5%. Estas são etapas que podem ser evitadas, como afirma Camilla Guimarães, engenheira química e idealizadora da Gaia Cosméticos. Ela diz que não é mais caro produzir sem passar pelo processo da crueldade, os custos são os mesmos em todas as indústrias.
Grandes empresas já abandonaram os testes com animais. A Boticário, por exemplo, abandonou a prática em 2000 e luta para que os concorrentes façam o mesmo. Apesar disso, ainda não se tornou completamente vegana, tendo em 2019 apenas 30% de sua linha sem substâncias de origem animal. Na opinião da Fabiana, por mais que haja uma preocupação com a produção cruelty free dentro da Boticário, empresa na qual já trabalhou, sente que ainda há uma diferença entre empresas nacionais e os pequenos negócios.
Já a Natura não realiza mais os testes desde 2006 e afirma que 83% de todos os seus produtos são veganos. Em seu site a marca informa que “para garantir a eficácia e a segurança dos produtos, investe constantemente em ciência, inovação, tecnologia e métodos alternativos.” Mas há a necessidade de se tomar cuidado com essas declarações, pois empresas de grande porte costumam utilizar-se da terceirização. As contratadas nem sempre seguem as mesmas diretrizes.
A terceirização dos serviços facilita a produção de artigos de beleza e higiene pessoal, além de reduzir custos com matéria prima e mão de obra. A empresa contratada é responsável pelo registro e desenvolvimento do produto, ajustes de formulação, lote, teste de qualidade, distribuição e outros. A partir disso, o contratante pode escolher os ingredientes, as embalagens e o lote mínimo. Isso possibilita a criação de diversas fórmulas e o lançamento de uma marca no mercado sem a necessidade de montar uma fábrica. Em certos casos, como apontado pelo People for the Ethical Treatment of Animals (PETA), pode acontecer de a mesma empresa ter suas divisões com marcas que testam e não testam em animais.
Para quem adere ao cuidado e a proteção dos animais, existem mais opções além dos produtos Cruelty free. Também há os veganos e os naturais, que são muito parecidos. Produtos veganos, além de não utilizarem testes em animais durante a formulação, também não utilizam nenhum derivado animal em sua composição. Já os naturais utilizam plantas, grãos, extratos, tudo que vem da terra, mas nem sempre excluirão os testes em animais de sua agenda. Marcas que produzem esses tipos de produtos se preocupam e preservam o meio ambiente. Os produtos que são cruelty free, mas, que possuem derivados animais, acabam sendo comuns e não tão criticados, por não fazerem uma apologia ao sofrimento animal, apenas usufruem de seus derivados, como leite, por exemplo. Assim, optar pelos produtos veganos é apenas uma questão de escolha, sendo de impacto optar por marcas cruelty free, não perpetuando os testes que são cruéis, pouco eficazes e, em sua maioria, desnecessários.
A necessidade dos testes em animais, ainda, indica que as substâncias que serão usadas são muito fortes, envolvendo álcool e ácidos, que podem chegar a queimar a pele, como aponta de Castro, revendedora da Avatim, “utilizar ingredientes do dia-a-dia é uma das melhores opções, grãos, sementes, folhas não agridem a pele ou o cabelo da mesma forma que estes cosméticos fortíssimos produzidos pelas grandes indústrias”.
Porém, o fim dos testes não é uma verdade, não é possível simplesmente vender produtos com a possibilidade de reações nas pessoas, isso poderia causar doenças e mortes. Mas há opções de substituição dos animais, por peles 3D, projeto desenvolvido pelo grupo Boticário para substituir os testes de seus cosméticos nos animais.
É uma tecnologia inovadora que promete reproduzir fielmente a pele humana para a testagem dos produtos prontos e até mesmo dos ingredientes. É um método reconhecido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea). É possível criá-la a partir do material descartado de cirurgias plásticas, com o consentimento do paciente, essas partes retiradas são levadas para o laboratório e lá passa pelo processo de criação de todas as camadas necessárias. Para complementar os testes, uma tecnologia conhecida como Organs-on-Chips (Órgãos-em-chip) simula diversos órgãos. O chip responde de forma similar ao organismo quando em contato com as substâncias. Agindo em conjunto com a pele 3D, eles identificam, com mais eficácia, reações alérgicas decorrentes dos produtos testados.
Há também outra possibilidade apresentada por Guimarães, da Gaia Cosméticos, a testagem em humanos voluntários, em clínicas especializadas onde é possível que os cosméticos passem pelo mesmo processo de testagem, dentro das normas internacionais e seguindo as regras do Ministério da Saúde. O custo não é muito maior do que os testes em animais e dependendo da complexidade dos cosméticos, é possível ter respostas ainda mais rápidas e eficazes, além de entender de forma ainda mais prática como as reações acontecem em diversos tipos de peles.
A existência de testagens alternativas não significa o fim dessa prática. É preciso também anular as leis que permitem a testagem em animais e principalmente as que exigem esses testes, como é o caso da China, possuidora de um grande mercado consumidor. Para isso, é preciso ter o interesse do público em deixar de utilizar essas marcas, pondo fim no argumento de que os produtos naturais e cruelty free são sempre mais caros, uma verdade que já foi desmentida. É possível buscar informações em sites como da ONG Te Projeto ou Projeto Esperança Animal (PEA) para encontrar as marcas que seguem diretrizes cruelty free e veganas.





