Artista também é terceira mulher a vencer a categoria de Melhor Álbum de Rap no Grammy
por
Beatriz Alencar
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14/03/2025 - 12h

A cantora Doechii foi nomeada a Mulher do Ano de 2025 pela Billboard, com o anúncio feito nesta segunda-feira (10). Com o título, a artista norte-americana tornou-se a segunda rapper a ganhar a honraria no mundo da música, a primeira foi a Cardi B, premiada em 2020.

A revista da Billboard descreveu Doechii como uma das principais artistas da atualidade a “redefinir o que é ser uma precursora na indústria musical”. Ela será homenageada em um evento da Billboard no final deste mês.

Foto: Divulgação álbum “Alligator Nites Never Heal” | Reprodução: Redes sociais | Fotógrafo: John Jay

Foto: Divulgação álbum “Alligator Nites Never Heal” | Reprodução: Redes sociais | Fotógrafo: John Jay

A rapper, de apenas 26 anos, fortaleceu mais a carreira musical em 2024, com o lançamento do álbum “Alligator Bites Never Heal”, uma aposta de mistura entre os gêneros R & B e hip-hop. O mixtape foi indicado para três categorias do Grammy, entre eles o Melhor Álbum de Rap, marcando a primeira vez desse estilo de faixa feito por uma mulher a alcançar essa indicação.

Apesar disso, após a indicação de Melhor Álbum de Rap, Doechii foi convidada para fazer parte da faixa “Baloon” do álbum “Chromakopia”, do rapper Tyler, The Creator. A participação aumentou a visibilidade da artista que começou a fazer apresentações virais em festivais e em programas de rádio e televisão.

As composições de Doechii já viralizavam nas redes sociais desde 2020, com músicas como “What It Is” e "Yucky Blucky Fruitcake", mas as músicas não eram associadas com a imagem da artista. Foi somente após o espaço na mídia tradicional e o convite de Tyler que a rapper foi reconhecida.

Em fevereiro deste ano, Doechii se tornou a terceira mulher a vencer a categoria de Melhor Álbum de Rap no Grammy ao sair vitoriosa na edição de 2025, novamente, seguindo a história de Cardi B.

Foto: sessão de fotos para a revista The Cut - edição de fevereiro | Fotógrafo: Richie Shazam

Foto: sessão de fotos para a revista The Cut - edição de fevereiro | Fotógrafo: Richie Shazam

A apresentação da artista norte-americana na premiação, ocorrida no dia 2 de fevereiro, também foi classificada pela Billboard, como a melhor da noite. A versatilidade, modernidade e o fato de ser uma mulher preta na indústria da música, aparecem tanto nas faixas de Doechii quanto nas roupas e shows, fixando essas características como um dos pontos principais da identidade da artista.

A rapper tem planos de lançar o próximo álbum ainda em 2025, e definiu os últimos meses como um "florescer de um trabalho longo", em declaração a jornalistas na saída do Grammy.

"Meu filho se sentia bem justamente por não ser mais uma clínica ou terapia, e sim, um estúdio onde faria música", diz mãe de ex-aluno do Alma de Batera
por
Vitória Nunes de Jesus
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22/11/2024 - 12h

Segundo a Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down (FBASD), 1 em cada 700 pessoas no Brasil nascem com Síndrome de Down. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que 2 milhões de brasileiros tenham autismo, o que equivale a 1% da população brasileira. No Brasil, estima-se que surjam pelo menos 30 mil novos casos de paralisia cerebral por ano. 

Para ajudar no processo de inclusão dessas pessoas, Paul Lafontaine criou o Instituto Alma de Batera em 2008, com o propósito de ensinar bateria para pessoas com deficiência. Os alunos acolhidos vão desde crianças até adultos.

Segundo Paul, a ideia de formar o Alma de Batera surgiu após trabalhos voluntários. “Depois de alguns trabalhos voluntários em instituições para pessoas com deficiência, eu fiquei com vontade de trabalhar na área. Decidi fazer faculdade de pedagogia e imaginava que fosse trabalhar em algum setor de alguma instituição para esse público. Mas nenhuma instituição me respondia aos e-mails que enviava para ser estagiário, e então, meu professor me ligou e me indicou para dar aulas de bateria para quatro alunos, todos eles com alguma deficiência. Foi aí que surgiu a ideia de montar minha própria instituição”.

“Escolas de música especificamente para esse público, eu não conheço e nunca soube algo voltado só para PCDs”, diz o fundador do Instituto, mesmo com tantas pessoas que podem desfrutar de projetos como este.

Raquel Chicarelli, mãe do Gian, 13, que tem paralisia cerebral, ex-aluno do Instituto, conta um pouco da experiência que tiveram no Alma de Batera. “Gian gostou muito, aprendeu a segurar a baqueta e assim a melhora na motricidade, sempre quis ir às aulas, mas por conta da rotina de terapias ficava cansado”.

Paul diz que se sente realizado em seu trabalho. “Sensação de dever cumprido. Independentemente se os alunos têm alguma deficiência ou não, para um professor é ótimo saber e ver que o trabalho feito gera um impacto positivo na vida de cada um deles”.

Imagem: arquivo pessoal
Foto: arquivo pessoal

A mãe do Gian diz que o Instituto é um lugar que seu filho gostava e é o espaço ideal para PCDs aprenderem bateria. “Se sentia bem justamente por não ser mais uma clínica ou terapia e sim, um estúdio onde faria música com um instrumento possível para ele e sempre recebidos com carinho e alegria. Com certeza deve ser ampliado para se multiplicar pelo país”.

Paul conta as dificuldades enfrentadas na sua profissão, mas que não anulam as alegrias. “No processo de aprendizagem, a conexão entre o professor e o aluno é a parte mais difícil e primordial para trazer algum resultado prático. Sem criar conexão, não gera empatia entre ambas as partes, e assim, o conteúdo se torna irrelevante”.

Raquel conta as principais dificuldades que seu filho Gian tem para aprender e diz que a bateria é algo divertido para ele. “Gian por conta da paralisia cerebral tem muita dificuldade em manter a atenção e isso faz qualquer aprendizado ficar mais difícil, não só a bateria, mas por ser instrumento e ele gostar, tornou-se algo prazeroso para ele”.

“Todos os alunos, de alguma forma, nos mostram algum retorno positivo, seja na felicidade de querer tocar, ou na melhoria na hora da execução do instrumento, que traz uma satisfação enorme e um sentimento de pertencimento”, diz o fundador do Instituto sobre a alegria de observar a devolutiva dos alunos.

Raquel conta um pouco sobre seu filho e sua rotina. Fala sobre a falta de inclusão e diz que o convívio com as pessoas o ajuda. “Gian nasceu prematuro, teve muitas intercorrências que causaram a paralisia cerebral, afetando o cognitivo, fala e mobilidade. Cada dia é um ganho, a evolução vem dos esforços contínuos nas terapias, estimular sempre na escola, convívio com a sociedade que melhorou, mas ainda falta mais inclusão, acessibilidade.
E, persistir a evoluir nesses campos, manter os desafios diários para que ele seja o mais independente possível, proporcionando tudo que estiver ao nosso alcance”.

Imagem: arquivo pessoal
Foto: arquivo pessoal

Por fim, Paul conta uma situação, no início do projeto, que o marcou. “Bem no começo, quando ainda nem tínhamos um espaço próprio, eu alugava um estúdio e estava atendendo apenas 1 aluno na época. Era um aluno com Síndrome de Down. E eu, pensativo antes da aula começar, com a cabeça longe e acreditando que esse trabalho não iria para frente, bem desanimado, recebi esse único aluno. Não sei se ele percebeu que eu estava meio triste e desanimado, mas ele veio, me deu um abraço e me disse uma frase que nunca esqueci: “Paul, você é o melhor professor do mundo!”. Aquela frase dele me fez continuar e acreditar que, enquanto eu estiver fazendo a diferença na vida de um aluno, eu iria continuar com as aulas. Hoje temos cerca de 40 alunos, todos com alguma deficiência”.

Diante desses apontamentos, é possível concluir o quão bem faz o trabalho do Instituto Alma de Batera, e não só para os alunos, mas também para os envolvidos no projeto, pais e professores. Deveriam existir mais institutos como este, pensados em PCDs e na inclusão.

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Produzir orgânicos é um desafio que envolve altos custos, manejo artesanal e um compromisso com a sustentabilidade.
por
NINA JANUZZI DA GLORIA
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12/11/2024 - 12h

Por Nina J. da Glória

 

No coração de uma pequena fazenda nos arredores de São Paulo, a paisagem exibe fileiras simétricas de verduras, um campo verde que mais parece um quadro pintado com paciência e precisão. Cada folha simboliza uma promessa livre de químicos, cultivada à mão, mas também testemunha de um trabalho árduo, invisível ao consumidor final. Esse é o cotidiano de Mariana Silva, uma agricultora que decidiu, há quase uma década, abandonar a produção convencional para dedicar-se ao orgânico. No início, acreditava que seria um retorno ao básico, uma reconexão com a natureza. Mas a realidade mostrou-se mais densa e complexa do que o imaginado. O solo, como um organismo vivo, exigia constantes cuidados e uma compreensão que ia além dos métodos tradicionais. Cada semente carregava uma incerteza, e cada colheita trazia consigo os riscos de uma produtividade menor, vulnerável a pragas e intempéries. "O solo não aceita pressa", sua frase parece pairar na atmosfera ao redor das hortas, impregnada de paciência e resignação.

Nas redondezas, em outra propriedade de São Roque, Paulo Mendes compartilha a mesma visão, mas com uma trajetória que o levou ao orgânico por caminhos distintos. Ao contrário de Mariana, ele vem de uma família que cultivava com agroquímicos, mas sempre sentiu a necessidade de transformar as práticas de cultivo. Para ele, o orgânico é como um resgate da essência da terra, uma escolha que exige mais do que habilidades tradicionais. É um compromisso com o solo, com o ciclo de nutrientes e com o futuro. Paulo vê o campo como um delicado organismo, onde a compostagem e a rotação de culturas são essenciais, mas também um desafio financeiro. Cada safra se transforma em uma experiência quase artesanal, onde a eficácia do manejo natural precisa competir com a tentação das facilidades químicas. Esse processo, para ele, é como uma dança cuidadosa com a natureza, em que observar e respeitar o ritmo das estações torna-se tão vital quanto qualquer técnica de plantio.

                                                            Comunidade de pessoas que trabalham juntas na agricultura para cultivar alimentos

Para Mariana e Paulo, a colheita orgânica traz consigo um custo invisível ao olhar do consumidor. A vulnerabilidade às pragas, por exemplo, é uma preocupação constante. Sem pesticidas convencionais cada infestação é uma batalha natural que, muitas vezes, se perde. A introdução de insetos benéficos para conter pragas ou o uso de biofertilizantes representa um custo adicional, tornando a logística do manejo um quebra-cabeça financeiro. Além disso, há as certificações rigorosas exigidas para que o produto receba o selo de orgânico, que Mariana descreve como "um segundo trabalho", com visitas e inspeções que, embora necessárias, absorvem ainda mais recursos.

No centro dessa cadeia está Cláudia Ramos, proprietária de uma loja de produtos orgânicos em São Paulo. De seu ponto de vista privilegiado, ela percebe o esforço e as dificuldades de seus fornecedores, mas também o descompasso entre o preço desses produtos e a percepção dos consumidores. Em cada item das prateleiras, Cláudia vê um microcosmo de esforço e idealismo, mas, ao explicar as diferenças entre orgânico e convencional, enfrenta um público que ainda considera o orgânico um luxo. Ela afirma que cada produto é uma história de sacrifício, e explica que o custo mais alto representa a vulnerabilidade da produção orgânica, que exige cuidados permanentes e colheitas menos previsíveis.

                                                                                           Close-up de plantas verdes na estufa

A produção orgânica, então, emerge como uma complexa equação de valores, sacrifícios e riscos. Cada um dos envolvidos—do campo à prateleira—carrega uma parte dessa carga, como se fosse um ciclo contínuo de compromissos, onde o ideal e o real se encontram e se confrontam. A busca pela pureza e pelo cuidado no cultivo se mescla a um cotidiano cheio de dificuldades, e o produto final se transforma numa espécie de narrativa silenciosa sobre perseverança e dedicação ao que se acredita ser o melhor para o futuro do planeta e do ser humano.

Os impactos das mudanças no dia-a-dia dos pacientes e profissionais de saúde
por
Bianca Novais
Maria Eduarda Camargo
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20/11/2023 - 12h

Por Bianca Novais (texto) e Maria Eduarda Camargo (audiovisual)

 

Em um mundo pós-pandemia de Covid-19, os cuidados com a saúde deixaram de fazer parte de uma seção especial dos jornais e passaram a figurar entre os assuntos principais do cotidiano. Com a popularização dos nomes e marcas das indústrias farmacêuticas que desenvolveram e comercializam vacinas contra o coronavírus, a população passou a ficar mais atenta a outras informações sobre os produtos de saúde que consomem, em especial, medicamentos.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) publicou em 12 de dezembro de 2022 a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 768, que estabelece novas regras para rotulagem de remédios. Kim Gonçalves, coordenador de Assuntos Regulatório de uma multinacional farmacêutica, nos conta como tem sido o processo de atualização.

 

 

Apesar da Covid-19 ter trazido mais foco para a indústria da saúde e sua regulamentação, a atualização da rotulagem era uma pauta da ANVISA há muitos anos e foi justamente a pandemia que atrasou esse processo.

 

 

 

Uma das novidades que pode ser mais perceptível ao consumidor é a "substituição" da bula de papel pelo código bidimensional: um tipo de código de barras que possui capacidade melhor de armazenar dados, inclusive dados maiores, do que códigos lineares - algo como o CPF de cada unidade do medicamento, um número de identificação próprio -, que poderá ser acessado pelo paciente através da internet.

Este é um ponto de atenção para Kim, uma vez que o acesso às tecnologias digitais no Brasil está longe do ideal. Apesar disso, a substituição é viável para a estrutura informacional que temos no país hoje:

 

 

Outro legado da pandemia, infelizmente, é o uso incorreto de medicamentos e a automedicação. Para além dos conflitos políticos e ideológicos travados durante o período da doença, que vitimou mais de 700 mil brasileiros até a redação desta reportagem, segundo o DataSUS, o perigo do mal uso de remédios não se limita ao indivíduo, mas a toda sua comunidade. A atualização das rotulagens de medicamentos também ajuda pacientes e profissionais da saúde - médicos, farmacêuticos, enfermeiros, cuidadores, psicólogos e muitos outros - a combaterem os efeitos desta outra pandemia - a de desinformação.

 

 

 

 

Na rotina do Instituto para Cegos cada som, toque e aroma ganham vida como conexões sensoriais
por
Sophia Dolores
Mariana Melo Castilho
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20/11/2023 - 12h

Ser capaz de reconhecer o som de cada carro estacionando e já esperar a visita no portão de braços abertos. O Seu Chizu e o Zé Carlos fazem isso diariamente. O Tunico e o Mathias sabem qual é, exatamente, sem errar nenhum ingrediente, o almoço que será servido no dia, antes mesmo de ser servido. A Ana e o Olavo acertam o nome da pessoa para quem dá a mão sem antes vê-la. Esses são os seis moradores do Instituto para Cegos Santa Luzia.

Instituto
Seu Zé Carlos (Foto: Mariana Melo Castilho)

Eles acordam entre 6h30min e 7h00min da manhã, tomam um café coado com bolinho de fubá, e partem para ginástica, localizada no pátio central, que fica entre a “casa dos quartos” e a “casa geral". Durante a prática da atividade física, cada um obedece seu próprio ritmo, com uma música de fundo e muita animação, a professora Dayane, fala o nome de cada exercício e descreve como executar, apesar de todos já conhecerem de cabo a rabo a sequência passada todas as segundas, quartas e sextas.

Após a prática dentro dos muros, chega a hora de caminhar pelas ruas da cidade de Araçatuba. Tonico diz que não vai sair "nesse sol". Ele afirma que está cego mas não está doido. O restante segue rumo à Avenida Pompeu de Toledo. Ao longo do trajeto, as mãos esquerdas vão apoiadas na parede, guiados pela voz da instrutora e por seus conhecimentos da área, prestam atenção a cada som, e percebendo cada desnível da calçada, o silêncio só é interrompido pela falação eterna do Zé Carlos, sempre com alguma piada pronta ou comentário pensado.

Voltando para a habitação é chegado o momento do almoço. A essa hora, todos já conseguiram sentir o cheiro do que foi preparado e sabem o menu, cada um pega seu prato de plástico para serem servidos pela Patrícia, cozinheira do Instituto. As mesas de madeira são compridas com espaço para todos sentarem juntos.

Instituto
Seu Chizu (Foto: Mariana Melo Castilho)

Um por um eles se levam e seguem para o quarto, saindo da “casa geral”, a qual abriga a cozinha, o refeitório, a sala de visitas e uma segunda sala para a parte administrativa, com computador e telefone, passam pelo pátio e vão a caminho da “casa dos quartos”, com oito quartos individuais. Para a organização do tráfego, a direita é ida e a esquerda é a volta, assim evitam acidentes de colisão na via de duas mão que é o longo e largo corredor no centro da morada.

            O descanso sagrado tem fim quando a professora de braille aparece para a aula. Como rotina, todas as terça e quintas-feiras, acontecem as classes pela parte da tarde, algumas vezes, outros deficientes visuais vão ao a entidade aprender também. Os que fazem as leituras com maestria utilizam o tempo para ajudar os outros e conhecer novos livros e histórias.

Terminando a lição, depois de um dia todo juntos, Seu Chizu conta do seu tempo como ajudante de seus pais na feira, como ia para chacará ajudar seu pai a colher o que seria vendido no dia seguinte e como não teve a escolaridade completa por não terem a assistência de que ele precisava quando criança, hoje em dia sua irmã insiste para o levar para morarem juntos em outra cidade, “com tudo do bom e do melhor” mas ele nega por já ter uma casa com tudo que precisa.

Zé Carlos relata seu acidente de moto que aconteceu depois de um dia de trabalho no escritório de contabilidade, e fala das várias cirurgias falhas para tentar recuperar sua visão, com 26 anos, preferiu ir viver no Instituto de Cegos, longe de sua família, para ter uma vida ajustada a suas necessidades “sem atrapalhar ninguém" . Seu Olavo ensina que a diabetes é uma das causas para a cegueira, e sobre como isso é comum, Ana, sua esposa, também passou pela mesma situação e hoje tem lar na fundação.

Instituto
Instituto para Cegos Santa Luzia (Foto: Mariana Melo Castilho)

Nesse momento o lanche da tarde fica pronto e eles vão comer, provavelmente depois da comida tem mais tempo livre até o jantar e antes das 19h00min estão deitados para dormir e assim, no dia seguinte, a rotina continua como na semana anterior, e a próxima será como esta, e assim, passei quase um dia todo observando com os olhos e sendo observada pela voz, pelo toque, pela força das passas, me encantei pela calma da vida levada com tempo para estar presente e, pela primeira vez, passei horas sem escutar nenhuma reclamação, tirando a parte do sol, estava muito quente mesmo.

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Inundações na China, previsão de piora da inflação no Brasil, dia de Nossa Senhora Aparecida e mais.
por
Letícia Coimbra
Luan Leão
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12/10/2021 - 12h

 

Atualização dos dados sobre a COVID-19 no Brasil

A taxa de transmissão do coronavírus no Brasil atingiu seu menor índice desde abril de 2020, quando começou a ser medida, sendo de 0,60, segundo o Imperial College de Londres. O avanço da vacinação é apontado por especialistas como um fator importante para a diminuição de novos casos.

Nas últimas 24 horas, o Brasil registrou 6.918 novos casos de coronavírus e 202 óbitos pela doença. A média de mortes é de 437 nos últimos sete dias, segundo dados da universidade Johns Hopkins. De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil tem no acumulado 21.582.738 casos confirmados, e 601.213 mortes por COVID-19. 

 

Norte da China é atingido por fortes chuvas e inundações

Moradores durante limpeza após enchentes no condado de Yitang, cidade de Jiexiu, província de Shanxi, na China — Foto: cnsphoto via Reuters
Moradores durante limpeza após enchentes no condado de Yitang, cidade de Jiexiu, província de Shanxi, na China — Foto: cnsphoto via Reuters

De acordo com o funcionário meteorológico Wang Wenyi em entrevista coletiva nesta terça-feira (12), a província de Shanxi, localizada no norte do país, experimentou a pior enchente este mês. Wenyi afirmou ainda que a precipitação média foi 13 vezes maior do que o previsto. 

Ao menos 1,75 milhão de pessoas foram afetadas pelas fortes chuvas e inundações na região. No mínimo 120 pessoas tiveram que procurar áreas mais seguras, 19.500 casas desabaram, 18.200 propriedades foram gravemente danificadas, 15 pessoas morreram e três ainda estão desaparecidas, segundo Wang Qirui, oficial de gerenciamento de emergência local. De acordo com Qirui, as chuvas causaram perdas econômicas estimadas em mais de 5 bilhões de yuans (aproximadamente 775 milhões de dólares). Conforme a mídia estatal CCTV, as autoridades da província reservaram 50 milhões de yuans (aproximadamente 7,7 milhões de dólares) para ser utilizado no apoio ao controle das enchentes e no trabalho de socorro.

 

FMI prevê piora na inflação, câmbio e PIB no Brasil, Guedes responsabiliza comida e energia. Segundo a FGV, a renda dos mais pobres foi a mais afetada pela pandemia. 

Ministro Paulo Guedes concede entrevista à CNN Internacional
Ministro Paulo Guedes em entrevista à CNN Internacional - Foto: CNN Internacional

Segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional), a inflação no mundo seguirá em alta até o fim deste ano e retornará ao nível pré-pandemia em 2022.  Nessa semana a entidade realiza uma reunião anual, em Washington. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, viajaram para a capital estadunidense para comparecer ao evento. O fundo estima alta de 7,9% do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) para este ano no Brasil, e 4% em 2022. O FMI avalia também que o PIB brasileiro crescerá 5,2% em 2021, mas apenas 1,5% no próximo ano. 

Em entrevista à CNN Internacional, o ministro da Economia, Paulo Guedes, responsabilizou o aumento do preço de alimentos e energia pela metade dos índices de Inflação no Brasil, afirmando que “a inflação está em todo mundo, metade da inflação é exatamente comida e energia”.

De acordo com pesquisa da FGV (Fundação Getúlio Vargas), divulgada hoje, a renda média do brasileiro diminuiu, principalmente entre a população mais pobre. Em comparação entre o período pré-pandemia,  último trimestre de 2019, e o segundo semestre de 2021, a renda diminuiu em -21,5%. 

 

CPI desiste de convocar Marcelo Queiroga e opta por coordenador de estudo contra o uso do ‘kit covid’

Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga - Foto: Walterson Rosa/MS
Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga - Foto: Walterson Rosa/MS

O depoimento do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, aconteceria na próxima segunda-feira (18), mas a CPI voltou atrás na decisão e optou por ouvir o coordenador de estudo contra o uso do ‘kit covid’, o médico Carlos Carvalho. A oitiva do médico ainda não foi aprovada. De acordo com o senador Humberto Costa (PT-PE), a decisão foi tomada após uma reunião de membros da comissão nesta terça-feira (12) e justificou a escolha dizendo que não daria ‘palanque’ para o ministro, e afirmou “não vai acrescentar muito. Mas ele vai aparecer no relatório final com toda certeza. Provavelmente por desrespeito a norma sanitária, prevaricação. Ele vai ser indiciado e vai ter que responder.”

 

Dia de Nossa Senhora de Aparecida e discurso pacifista do Arcebispo

Dom Orlando Brandes celebra missa no Santuário Nacional de Nossa Senhora de Aparecida - Foto: Marcos Corrêa/PR
Dom Orlando Brandes celebra missa no Santuário Nacional de Nossa Senhora de Aparecida - Foto: Marcos Corrêa/PR

O arcebispo de Aparecida (SP), Dom Orlando Brandes, afirmou nesta terça-feira (12) durante a missa das 9h, principal missa do dia, que “para ser pátria amada não pode ser armada”. 

"Para ser pátria amada, seja uma pátria sem ódio. Para ser pátria amada, uma república sem mentira e sem fake news. Pátria amada sem corrupção. E pátria amada com fraternidade. Todos irmãos construindo a grande família brasileira", disse o religioso durante o sermão.

Nossa Senhora de Aparecida é considerada a padroeira do Brasil desde 1930. O feriado, no entanto, veio apenas com a visita do Papa João Paulo II ao Santuário de Aparecida, em Junho de 1980. O Brasil vivia o período da ditadura, e o então presidente, general João Batista Figueiredo, assinou a lei que declarava a data como feriado nacional.

No sincretismo religioso, Nossa Senhora de Aparecida é associada à orixá Oxum. O dia das crianças originalmente era chamado de “dia de festa da criança”, e foi oficializado em 1924, pelo presidente Arthur Bernardes. Porém, o dia não é feriado. 

 

90 anos do Cristo Redentor

O Cristo Redentor completa 90 anos neste dia 12 de outubro - Foto: Divulgação
O Cristo Redentor completa 90 anos neste dia 12 de outubro - Foto: Divulgação

O Cristo Redentor completa hoje 90 anos. O monumento já foi palco de casamentos, além de já ter recebido visita de diversos famosos, entre eles a princesa Diana e o Papa João Paulo II. O Cristo é a maior estátua em art-déco do mundo, com 38 metros de altura, contando do pedestal. Neste ano, um momento marcante foi a celebração de uma missa, aos pés do Cristo, em homenagem ao ator Paulo Gustavo, que faleceu em decorrência da COVID-19. Durante a homenagem, o Cristo chegou a ficar apagado, em memória das vítimas da doença. 

E no clima de celebração dos 90 anos do Cristo, a Casa da Moeda lançou nesta terça-feira (12), uma medalha, exclusiva e limitada. Foram produzidas apenas 2.590 comemorativas: 90 em ouro, 200 em prata, 300 em bronze e 2.000 em cuproníquel, uma liga metálica de cobre e níquel. 

 

 

Bia Haddad no Indian Wells, Irving suspenso pelo Nets e campeonato brasileiro.

Bia Haddad venceu Karolina Pliskova, da República Tcheca, por 2 sets a 0 - Foto: MATTHEW STOCKMAN / AFP
Bia Haddad venceu Karolina Pliskova, da República Tcheca, por 2 sets a 0 - Foto: MATTHEW STOCKMAN / AFP

A tenista brasileira Bia Haddad garantiu vaga nas oitavas de final do WTA 1000 de Indian Wells, nos Estados Unidos, ao vencer a tcheca Karolina Pliskova, atual número 3 do mundo. Em um duelo atrapalhado pelo vento, a brasileira venceu a ex-líder do ranking com parciais de 6/3 e 7/5. Agora, Bia vai enfrentar a estoniana Anett Kontaveit, atual número 20 do mundo.

O Brooklyn Nets anunciou em comunicado o afastamento do jogador Kyrie Irving, de jogos e treinos, enquanto o atleta não se vacinar. Irving faz parte de um grupo de menos de 5% de atletas da NBA que ainda não se vacinaram. 

 “Kyrie fez uma escolha pessoal e respeitamos seu direito individual de escolher”, diz o comunicado, assinado por Sean Marks, gerente geral do Nets.

Dois jogos dão início a 26ª rodada do Campeonato Brasileiro. Em Bragança Paulista, o RB Bragantino tenta se manter no G-4 e recebe o Atlético-GO, às 19h. Mais tarde, às 21h30, o terceiro colocado Palmeiras visita o Bahia, na Arena Fonte Nova, tentando se reabilitar na competição. 

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Corte no orçamento do Ministério de Ciência e Tecnologia, Pandora Papers, 25 anos sem Renato Russo.
por
Letícia Coimbra e Luan Leão
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11/10/2021 - 12h

Sérgio Camargo impedido de exonerar ou nomear funcionários da Fundação Palmares. 

Sergio Camargo, presidente da Fundação Palmares, em imagem de arquivo — Foto: Fundação Palmares/Divulgação
Sergio Camargo, presidente da Fundação Palmares, em imagem de arquivo — Foto: Fundação Palmares/Divulgação

      Nessa segunda-feira, 11 de outubro, a 21ª Vara do Trabalho de Brasília decidiu impedir Sérgio Camargo, presidente da Fundação Cultural Palmares, de participar da gestão de pessoas na Fundação. Com isso, Camargo não pode mais exonerar e nomear funcionários, o que pode ser feito apenas pelo presidente Jair Bolsonaro ou outra autoridade que seja indicada por ele. O pedido foi feito pelo Ministério Público do Trabalho que solicitou o afastamento de Camargo da presidência. Segundo a determinação, ele é responsável por perseguição político-ideológica, discriminação e tratamento desrespeitoso.

Corte no orçamento do Ministério de Ciência e Tecnologia, a pedido do Ministério da Economia.

      Ontem, domingo, 10 de outubro, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcos Pontes, chamou de “falta de consideração” o corte de recursos que seriam atribuídos a sua pasta, e pediu que essa ação seja revertida com urgência. Pontes se referiu à aprovação de um projeto que retira R$600 milhões que estavam previstos para o financiamento de pesquisas, remanejando-os para outras áreas. Já na sexta-feira, 8 de outubro, o ministro declarou ter sido pego de surpresa e alegou que ficou muito chateado com isso. 

      Apesar disto, o corte de verbas foi pedido pelo próprio governo, atendendo a um requerimento do Ministério da Economia.

      "Falta de consideração. Os cortes de recursos sobre o pequeno orçamento de Ciência do Brasil são equivocados e ilógicos. Ainda mais quando são feitos sem ouvir a comunidade científica e o setor produtivo. Isso precisa ser corrigido urgentemente."

 

 

O presidente do Equador, Guillermo Lasso, na sexta cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos, no México - Ministério das Relações Exteriores do México/via AFP
O presidente do Equador, Guillermo Lasso, na sexta cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos, no México - Ministério das Relações Exteriores do México/via AFP

      No dia 10 de outubro, o Congresso do Equador aprovou a abertura de investigação para averiguar se o presidente do país, Guillermo Lasso, atuou de maneira ilegal ao manter dinheiro em paraísos fiscais. De acordo com o que foi exposto pela investigação denominada Pandora Papers, uma série de reportagens publicadas pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos.

       A investigação feita pelo consórcio expôs operações financeiras realizadas em paraísos fiscais por pelo menos 35 líderes mundiais, inclusive Lasso. Declaradamente conservador, o banqueiro  assumiu a presidência do Equador em maio deste ano, e, de acordo com a investigação, controlou 14 sociedades offshores, sendo a maioria delas com sede no Panamá. O termo offshore é utilizado para definir empresas abertas em países onde as regras tributárias são menos rígidas e não é necessário declarar o beneficiário, a origem e o destino do dinheiro.

      Personalidades brasileiras como o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também foram citadas.

Diminuição da taxa de mortes por covid 

      O Brasil registrou 7.211 novos casos de coronavírus e 219 mortes pelo vírus no país nesta segunda-feira, 11/10. A média nos últimos 7 dias é de 440 óbitos, segundo dados da Universidade Johns Hopkins. O Brasil já soma 21.581.094 casos registrados, e 601.266 mortes por COVID-19, segundo dados do Ministério da Saúde. A boa notícia é que a vacinação segue avançando, 99.315.948 pessoas já receberam as duas doses de vacina, o que representa 46,7% da população. E 154.364.921 pessoas receberam ao menos 1 dose, o que representa 72,6% da população.

Campeonato brasileiro, eliminatórias da Copa e final da Liga das Nações

França conquista a segunda edição da Liga das Nações, ao vencer de virada a Espanha (Foto: Reuters)
França conquista a segunda edição da Liga das Nações, ao vencer de virada a Espanha - Foto: Reuters

 

      O final de semana foi de muito futebol. Na Europa, a França venceu a Espanha e conquistou o título da Liga das Nações. Na América do Sul, a Colômbia interrompeu a sequência invicta do Brasil e segurou o empate sem gols, enquanto a Argentina aplicou 3 a 0 no Uruguai, ambos os jogos válidos pelas eliminatórias da Copa do Mundo.

      No campeonato brasileiro, o Atlético-MG segue na ponta da tabela, seguido por Flamengo, Palmeiras e Fortaleza. Fecham o G-6, o RedBull Bragantino e Corinthians. Já no limite inferior da tabela, na Z-4, temos Bahia, Sport, Grêmio e o lanterna Chapecoense. 

      Às 20h desta 2a.feira, Cuiabá e São Paulo fecham a 25ª rodada do campeonato. 

 

 Nobel de Economia de 2021 vai para David Card,  Joshua D. Angrist e Guido W. Imbes

David Card, Joshua D. Angrist e Guido W. Imbes, ganhadores do Nobel de Economia 2021.
David Card, Joshua D. Angrist e Guido W. Imbes, ganhadores do Nobel de Economia 2021.

      Nesta segunda-feira (11) foram anunciados os nomes dos premiados com o Nobel de Economia em 2021. David Card, Joshua D. Angrist e Guido W. Imbens receberam a premiação pelo uso de experimentos naturais - situações da vida real para calcular seus impactos no mundo - para entender relações de causa e efeito em áreas como mercado de trabalho, e educação. 

      A premiação é de 10 milhões de coroas suecas, cerca de US $1,1 milhão. Metade vai para David Card e a outra metade será dividida entre Joshua Angrist e Guido Imbens, já que a premiação é por estudo. 

 

25 anos sem Renato Russo

Renato Russo faleceu há 25 anos, ainda com 36 anos de idade, devido a complicações da AIDS - Foto: Divulgação
Renato Russo faleceu há 25 anos, ainda com 36 anos de idade, devido a complicações da AIDS - Foto: Divulgação 


      Há exatos 25 anos, no dia 11 de outubro de 1996, faleceu o cantor e compositor Renato Russo, vítima de complicações causadas pela AIDS, com apenas 36 anos de idade, deixando o país em luto. Depois que a banda Legião Urbana, da qual era vocalista, ficou conhecida pelo grande público, na década de 80, o cantor se tornou uma referência musical. 

      Renato deu voz a canções atemporais, como “Que país é esse”, cuja letra os jovens se identificam até hoje. Lançada em um contexto pós-ditatorial, ele cantou: “Nas favelas, no senado / Sujeira pra todo lado / Ninguém respeita a constituição / Mas todos acreditam no futuro da nação / Que país é esse?”. O Brasil de 2021, que enfrenta uma crise política, econômica e uma pandemia, ainda se conecta com a letra da música. 

      O longa-metragem “Eduardo e Mônica”, dirigido por René Sampaio, inspirado na canção homônima, presente no Disco Dois, da Legião Urbana, ainda espera a volta do público aos cinemas para ser lançado. Também há um documentário sendo produzido pela Gávea Filmes, baseado na vida de Renato Russo a partir do acervo mantido pelo filho, Giuliano Manfredini. Segundo a produtora Bianca de Felippes, não haverá censura, abordando, inclusive, os problemas emocionais do cantor, uso de drogas, sexualidade, confusões e o HIV. 

      Apesar disso, enquanto aguardamos o lançamento dessas produções, é possível conferir outras obras em sua homenagem, como Somos Tão Jovens, um filme de drama musical disponível no Telecine e dirigido por Antonio Carlos da Fontoura, que acompanha Renato de 1973 em diante, quando ele se mudou para Brasília com a família. Nesse período, ele sofria de epifisiólise, uma doença rara que o deixou de cadeira de rodas após a cirurgia, e foi forçado a ficar em casa, e a partir daí surgiu seu interesse pela música, aos 15 anos de idade. 

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Bolsonaro na abertura da 76ª Assembleia-Geral da ONU, depoimento do diretor-executivo da Prevent Senior na CPI da Covid e mais.
por
Letícia Coimbra
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25/09/2021 - 12h

Bolsonaro abre a 76ª Assembleia-Geral da ONU adotando um discurso fantasioso

Bolsonaro na 76ª Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas)
Bolsonaro na 76ª Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas). - Foto: UN Photo/ Cia Pak

Na terça-feira, dia 21, em discurso de abertura da Assembleia-Geral da ONU, Jair Bolsonaro criticou a imprensa, alegando que foi até lá com a finalidade de “mostrar um Brasil diferente daquilo publicado em jornais ou visto em televisões”, defendeu sua gestão no combate à corrupção, afirmando, "há dois anos e oito meses sem qualquer caso concreto de corrupção" e também suas medidas de contenção à pandemia e aos problemas ambientais. Apesar da expectativa de que o presidente atendesse aos apelos da ala moderada do governo, ele insistiu no tratamento ineficaz contra a covid e afirmou que o Brasil está à beira do socialismo. Além dessas inverdades, Bolsonaro alegou que a manifestação pró governo do dia 7 de setembro, na qual, a PM estimou 125 mil manifestantes, foi a maior já feita no país, e na verdade foi menor que a de 2016, quando cerca de 1,4 milhão de pessoas foram à Avenida Paulista, em São Paulo, também segundo a corporação. 

Confira o discurso do presidente na íntegra:

A ida da comitiva brasiliera à Nova York causou bastante.  Bolsonaro é o único lider dos principais países do mundo que não estava oficialmente vacinado. O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, se referindo ao presidente, afimou que se não quisesse se vacinar, não deveria se incomodar em ir à cidade.  A delegação não pôde comer dentro dos restaurantes na cidade, uma vez é exigida a imunização em ambientes fechados públicos.  Ainda na segunda-feira, um dia antes do discurso do presidente Bolsonaro na ONU, o Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, exibiu o dedo médio para manifestantes contrários ao presidente. Queiroga não voltou ao Brasil com o restante da comitiva, pois testou positivo para a Covid e precisou ficar isolado em um hotel em Nova York. Além dele, na volta ao Brasil, outras pessoas também estão com a doença, entre eles o deputado Eduardo Bolsonaro, um dos filhos do presidente.

 

Diretor da Prevent reconhece alteração de código de diagnóstico da Covid

Pedro Benedito Batista Júnior na CPI da Covid
O diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Benedito Batista Júnior, afirmou que mesmo pessoas confirmadas com Covid tinham o diagnóstico mudado - Foto: Sérgio Lima/ Poder360

Em depoimento na CPI da Pandemia, Pedro Benedito Batista Junior, diretor-executivo da Prevent Senior, afirmou que a empresa realmente adotou procedimento para alterar o código de diagnóstico dos pacientes com Covid-19, fazendo com que a doença fosse mencionada após determinados dias de internação e também disse que não houve ocultação das mortes no estudo sobre hidroxicloroquina. 

O senador Renan Calheiros, relator da CPI da Pandemia, alegou ter provas de que a mãe do empresário Luciano Hang, um dos principais defensores do tratamento precoce, foi medicada com o ‘kit covid’ e faleceu. No entanto, o filho pediu para que a informação não fosse divulgada. Outra omissão teria ocorrido na divulgação da causa da morte de Anthony Wong, médico defensor do tratamento precoce, que faleceu no início de 2021. Ele havia tomado o ‘kit covid’ e faleceu por complicações da doença, apesar de no prontuário constar  que o pediatra morreu de choque séptico, pneumonia, hemorragia digestiva alta e diabetes mellitus e não fazer menção alguma à Covid. 

 

Governo Bolsonaro volta a recomendar vacina contra Covid em adolescentes

Adolescente de 14 anos é vacinado contra a Covid-19 no Rio de Janeiro, no dia 17 de setembro. — Foto: Ricardo Moraes/Reuters
Adolescente de 14 anos é vacinado contra a Covid-19 no Rio de Janeiro, no dia 17 de setembro. - Foto: Ricardo Moraes/Reuters

Na última semana o ministro Queiroga orientou a retirada de jovens da campanha de vacinação contra Covid. No entanto, na noite de quarta-feira, dia 22, o governo recuou e voltou a indicar que adolescentes sem comorbidades fossem vacinados contra a Covid-19. 

A recomendação da pasta é que isso ocorra apenas após a imunização reforçada dos idoso e grupos mais vulneráveis, o intervalo entre as vacinas ser encurtado, além de imunizar adolescentes com deficiência. Segundo Rodrigo Cruz, o diretor-executivo da Saúde, a avaliação mostrou que os benefícios são maiores que os riscos e que o uso da vacina não rtem relação com a morte do adolescente de 16 anos no interior de SP. 

 

The Crown leva sete dos prêmios principais no Emmy

Os vencedores do73º Emmy Awards Foto: RICH FURY / STR
Os vencedores do73º Emmy Awards - Foto: RICH FURY / STR

No formato presencial, o 73ª Emmy Awards aconteceu no último domingo, dia 19, em Los Angeles. A série campeã da noite foi o drama The Crown, que levou sete prêmios principais: melhor roteiro, melhor drama, melhor direção, melhor ator e atriz em série de drama, melhor ator e atriz coadjuvante em série de drama.   

A segunda série mais premiada foi Ted Lasso, com quatro estatuetas principais: melhor ator e atriz coadjuvantes, melhor comédia e melhor ator para o protagonista.  

A série Hacks, da HBO Max, levou três troféus assim como Mare of Easttown. O Gambito da Rainha conquistou dois, I May Destroy You e Halston apenas um. 

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“Eu trato dos que são os potenciais encarcerados, dos que vão acabar pegando o vírus HIV/AIDS e desses grupos de pessoas fantásticas que são os andarilhos”, diz o padre Júlio Lancellotti
por
Danilo Zelic
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22/06/2021 - 12h

No dia 2 de fevereiro de 2021, logo pela manhã, os paulistanos tomaram conhecimento de mais uma ação de Júlio Renato Lancellotti, mais conhecido como Padre Júlio Lancellotti. Na ocasião, a prefeitura comandada pela gestão de Bruno Covas (PSDB), tinha instalado pedras sob dois viadutos, localizados na Avenida Salim Farah Maluf, no dia anterior, para impedir pessoas que já faziam daquele espaço de suas casas, ficassem por lá. Assim que soube do ocorrido, o Padre não hesitou e foi até os viadutos, com uma marreta, quebrá-las.

Essa e outras ações executadas pelo religioso, foram, aos poucos, sendo reconhecidas para além dos militantes de direitos humanos e religiosos. Na medida que a juventude a partir das redes sociais, começou a seguir suas caminhadas, Lancellotti se tornou uma referência do assunto. Porém, o trabalho que faz pelos direitos humanos começou muito antes do advento da internet e até mesmo de se ordenar padre. “Quando tinha algum maltrato em uma Febem [Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor], não se chamava Casa Nova Vida, onde tinha as crianças menores, a do Tatuapé, por exemplo, em algumas unidades o tratamento era na base da porrada, ele atuava, levava advogado, criava caso, ali a gente começou a ter notícias dessa figura”, é o que conta Silvio Mieli, jornalista e professor de Jornalismo da PUC-SP. Depois que se tornou padre, aos 37 anos, realizando projetos na Pastoral Carcerária, Pastoral do Menor e na Casa Vida, Mieli diz que virou um “sinônimo de acolhimento”, diante das violações de direitos humanos. “Morador de rua maltratado, epidemia de aids se alastrando e ninguém cuidava – ‘deixa eles lá para morrer e mofar’ – Pe. Júlio atuava". 

Ao longo da conversa com a AGEMT, Mieli relatou três momentos que se aproximou de Lancellotti: na Casa Vida, na Pastoral do Povo da Rua e nas manifestações de 2013. A reportagem conversou também com Renato Levi, professor de jornalismo da PUC-SP e da USP. Confira também o podcast sobre a matéria no link.

CASA VIDA

O primeiro contato que Mieli teve com o religioso, foi entre os anos de 1996, 1997 até 2000, quando estava realizando um projeto de prevenção à AIDS para a população semialfabetizada ou analfabeta, voltado para a periferia. O jornalista desenvolveu um aplicativo multimídia, com o intuito de conscientizar seus usuários sobre a prevenção ao HIV, capaz de dialogar com uma linguagem familiar para as pessoas. “Ia rodar em computadores, distribuídos em pontos estratégicos da periferia, um telecentro, uma igreja, um posto de saúde, uma praça”. No mesmo período, Pe. Júlio realizava um trabalho, junto à Pastoral Carcerária, de combate ao vírus HIV dentro das penitenciárias paulistas. “Aqueles grupos midiáticos, principalmente do rádio na época, que tratavam os militantes dos direitos humanos daquele jeito delicado, ‘lá vêm a turma dos direitos humanos’, ‘bandido bom é bandido morto’, começaram a visar o padre Júlio. Mesmo quem não militava nessa área, diretamente ou indiretamente, todo mundo sabia quem era o Padre Júlio”, conta Mieli.

Ao perguntar aos dominicanos, que assim como o jornalista, faziam parte de um grupo solidário, se o Padre tinha um projeto específico ligado a HIV/AIDS, um deles respondeu: “Ele tem, lá na zona leste. Me deram o telefone dele e foi aí que ele [Pe. Júlio] falou: “Eu não vou te adiantar nada, vem aqui e veja”. E foi assim que passou a conhecer a Casa Vida. Criada em 1991, o projeto tinha como objetivo, criar um ambiente familiar e menos sofrido para amenizar a realidade de crianças e adolescentes acometidos pelo vírus HIV, muitos destes, órfãos dos pais, que vieram à óbito devido a evolução do vírus e, também, rejeitados por seus avós. Com data e hora marcada, Mieli contou sua primeira impressão do espaço. “Eu fui lá no sábado e cheguei antes dele [Pe. Júlio]. Era uma casa, não muito grande, devia ter uns 5 ou 6 quartos e cada quarto tinha duas crianças. De repente apareceram essas crianças limpinhas, tinham acabado de comer, perguntaram quem eu era e começaram a mexer no equipamento. Algumas eram muito magras, já estavam muito doentes, e outras não, estavam melhores”.

​   Padre Júlio com as crianças da Casa Vida - Foto: Reprodução site da Casa Vida  ​
Padre Júlio com as crianças da Casa Vida - Foto: Reprodução site da Casa Vida

Para o jornalista, o projeto era muito mais do que um simples orfanato, “parecia que aquelas crianças eram irmãos e que tinha umas tias que cuidavam lá”. Dentre as “tias” que trabalhavam na Casa Vida, havia médicos e psicólogos, além de religiosos que apoiavam a iniciativa. Durante a conversa com Lancellotti, ele explicou o principal objetivo do projeto, “tirar as crianças o medo de morrer”. “Tinha 11 crianças, de repente uma morria, então elas falavam: ai meu deus, morreu tal pessoa, o que vai ser da gente?!”, relata o jornalista. Era como “dar uma sobrevida para aquelas que tinham condição de sobreviver, que não eram muitas, isso era muito triste. Você acolheria uma criança que morreria pouco tempo depois, e ao mesmo tempo dar uma vida digna para essas crianças, até o fim, que já estavam muito doentes”, completa.

Ao mesmo tempo que o projeto ganhou uma visibilidade muito grande, Mieli relata que a Casa enfrentava dificuldades com a vizinhança, muitas vezes agredindo verbalmente o próprio Pe. Júlio e, até mesmo, jogando objetos em sua direção. Porém, ainda segundo ele, a maneira como o religioso contornava a situação faz jus ao reconhecimento que tem frente às lutas sociais que mobiliza. “Ele ia lá falar, daquele jeitão dele. A pessoa via aquela figura, querendo conversar, sem ofender ninguém, acabava conversando. Se não mudava a opinião da pessoa, pelo menos passava uma confiança e dizia: Vêm aqui, venha contar uma história para as crianças”.

PASTORAL DO POVO DA RUA

Terminado o projeto para a prevenção contra o HIV, Mieli estava no evento Agenda Latino Americana, em 2000, para escolher, junto aos organizadores, as melhores iniciativas sociais para homenageá-las. O professor se recorda que o Grupo Solidário São Domingos e outras pessoas da militância pelos direitos humanos, sugeriram o Pe. Júlio, como um possível homenageado. “Na época eu falei: Ah, mas o Pe. Júlio, a Casa Vida e tal?!, mas aí alguém falou: Não, eu estou sugerindo pelo modo como ele está focado com o trabalho da Pastoral dos Moradores de Rua [Pastoral do Povo da Rua], como ele está subsidiando esse trabalho lá na zona Leste. Como a Igreja de São Miguel está virando, um pouco, um núcleo de concentração dessa militância a favor dos moradores de rua”.

Depois de descobrir mais uma frente dentro da militância pelos direitos humanos do padre, ele se dirigiu ao próprio e logo perguntou: “Mas o senhor abandonou a questão da AIDS e está nos moradores de rua?”. O religioso explicou que, dentre os diversos temas de direitos humanos, todos em que atua estão ligados entre si. “É um problema só. Eu quando ando pela rua, eu trato dos que são os potenciais encarcerados, dos que vão acabar pegando o vírus HIV/AIDS e desses grupos de pessoas fantásticas que são os andarilhos, as pessoas que merecem ser tratadas com dignidade e não devem ser obrigados a sair da rua”.

Coordenada por Lancellotti, a Pastoral do Povo da Rua, é uma das várias pastorais ligadas a Arquidiocese de São Paulo. Com sede própria desde 1997, a Casa de Oração do Povo da Rua, construída após o então Cardeal de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, receber um prêmio concedido pela organização japonesa, Fundação Niwano, tem como objetivo fornecer um auxílio social a população em situação de rua, disponibilizando itens básicos de saúde, uma alimentação regular, além de possibilitar a convivência entre religiosos e participantes da Pastoral com eles.

Padre Júlio em uma ação com pessoas em situação de rua - Foto: Reprodução Instagram/Daniel Kfouri
Padre Júlio em uma ação com pessoas em situação de rua -  Foto: Reprodução Instagram/Daniel Kfouri

Na Paróquia São Miguel Arcanjo, onde Lancellotti é pároco, aos olhos do professor, “ter um ponto de referência e de acolhida, para ser ouvido ou para pegar um prato de comida”, para as pessoas em situação de rua, é “ter uma porta aberta”. São frequentes as postagens nas redes sociais do Padre sobre seus trabalhos com a população em situação de rua, sempre documentando as enormes filas de pontos de entrega de alimentos, mantimentos e cuidados com a saúde deles. Com o aumento do número de óbitos e a hospitalização da população em situação de rua, Mieli se recorda do trabalho do Padre no atual momento. “Hospitalizar moradores de rua que estão doentes. Ele vai lá, liga para o SAMU, vai ele dentro da ambulância e fica no hospital. À meia noite, em uma noite fria, ele faz isso. Quem que de nós faria isso?!, talvez a gente deva começar a fazer”, conta.

O jornalista se lembra de outro momento que chamou sua atenção, dentro da militância do Padre pelos moradores em situação de rua, “quando ele começou a defender a população trans”. Para ele, há uma imagem que o marcou muito, quando o Padre perguntou a uma moradora de rua, trans, se poderia lavar o seu pé. No momento, Mieli interpretou a imagem do rosto dela com um sentido duplo: “não Padre, eu não sou digna para você fazer isso”, esse foi o primeiro impulso dela. Mas ao mesmo tempo, relata que a mulher quis dizer algo como, “você não existe”, como um ser quase que perfeito, onde ela jamais imaginaria que alguém poderia fazer aquilo.

MANIFESTAÇÕES DE 2013

Quando as manifestações de 2013 começaram a crescer e, por consequência, a repressão policial começou a ser maior, Mieli, que estava presente na primeira manifestação, conta que viu algo inesperado naquele momento, o Pe. Júlio. “O Pe. Júlio me aparece lá e fica no meio da manifestação, com a máscara, dando o braço para os caras”. No instante que o jornalista foi tentar conversar com o Padre, que estava na linha de frente junto à Black Blocs, a polícia começou a dispersar os manifestantes com truculência, “quando eu tentei falar com ele era tarde demais, por que a polícia já veio e foi porrada para tudo que é lado”, relata.

Duas semanas depois, eles se encontraram na PUC-SP. “Padre Júlio, mas que maravilha, o senhor estava lá com os Black Blocs”, lembra o professor. Quando se sentaram para conversar e tomar um café, Lancellotti disse que “Jesus era um Black Bloc”. Depois disso, se recorda Mieli, o Padre começou a narrar a figura de Jesus Cristo de um livro que leu, Zelotas, A vida e a época de Jesus de Nazareth. “Ele começa me falar umas coisas que eu não sabia, que lá no tempo da Palestina, tinha uns Black Blocs que chamavam Zelotas, que era a turma que Jesus andava”, lembra.

“Em poucas palavras, ele começou a me descrever uma figura, que era Jesus Cristo, que se aproximava muito de um militante revolucionário contemporâneo. Quando o Pe. Júlio fala de Jesus, o corpo dele começa a mudar, ele fala de um Che Guevara, ele fala de uma coisa revolucionária, ele fala de alguém que deixa a emoção se apossar do corpo”. Quando perguntou para o Padre se o motivo dele ter ido nas manifestações e se juntado aos Black Blocs foi esse, respondeu crítico: “É exatamente por causa disso. Ser cristão hoje, é praticar essa relação fé e política desse modo, com essa veemência, dessa forma”.

Em uma das manifestações de 2013, Padre Júlio esteve na linha de frente junto aos Black Blocs - Foto: Wladimir Roberg/Jornalistas Livres
Em uma das manifestações de 2013, Padre Júlio esteve na linha de frente junto aos Black Blocs - Foto: Wladimir Roberg/Jornalistas Livres

“BLACK BLOC DE DEUS”

Pouco depois das manifestações de 2013, Mieli, junto à Renato Levi, professor de jornalismo da PUC-SP e da USP, que já estavam estudando as relações entre religião e política há algum tempo, ao lado do Núcleo Perseu Abramo, do departamento de jornalismo da PUC, decidiram produzir um documentário sobre o Padre Júlio. Levi conta que, para não fazer mais um documentário sobre o religioso, sendo o protagonista do filme, priorizaram uma discussão, segundo Levi, que está por trás dos trabalhos do Padre, “a Igreja como um ator social importante nas lutas pelos direitos humanos, pela dignidade, pela democracia”.

Para além da relação entre política e religião, o documentário pretende abordar a relação do Padre com as mídias sociais. Segundo Mieli e Levi, o religioso “sacou” muito bem o papel das mídias sociais na divulgação de seus trabalhos e para a denúncia em relação às violações de direitos humanos nas mais variadas frentes que atua. Para Mieli, “ao contrário de se fechar para os meios de comunicação contemporâneo, ele se abriu totalmente”. “Que população aparece quando falam do Pe. Júlio? Ele é meio que transparente, o que aparece é o outro, você vê a população de rua, ele é um representante desses caras, ele chegou ao ponto de falar em nomes deles”, diz Mieli, sobre sua participação e o intuito do Padre ao usufruir das redes sociais.

Já para Levi, além de representar uma população abandonada, que é a população em situação de rua, Pe. Júlio virou uma celebridade em detrimento da “hyperização” de sua figura. “É importante que ele seja visível, porque dá visibilidade a luta dele, da visibilidade as pessoas em situação de rua, mas por outro lado, ele se torna mais uma celebridade, mais um influenciador”, relata.

Indagado sobre a importância da figura do Pe. Júlio frente a questões de direitos humanos e o papel que ele tem em difundir essas lutas, Mieli aponta uma qualidade do Padre que poucos possuem, “assumir uma qualidade daqueles que sofrem”. “De tanto conviver com as pessoas desqualificadas, ele acabou assumindo isso. Ele tem prazer em ser o menor entre os menores, o que é uma coisa muito rara no ser humano”. E ressalta dizendo, “de repente você [Padre Júlio]: ‘não, eu vou lá no meio dos que estão sem nada e vamos apanhar junto com ele e vamos lá. É isso o cristianismo, “Amai ao próximo como a ti mesmo” é isso. Se coloca no lugar do outro, dois minutinhos, para ver o que é bom para tosse, ao invés de ficar fazendo atos de caridade”.

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Nações que venceram o vírus e como as pessoas estão conseguindo retomar suas vidas
por
Yerko Maurício, Manuela Troccoli, Pietra Nobrega e João Carlos Ambra.
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17/06/2021 - 12h

Em meio a pandemia de Covid-19 que o mundo está vivendo desde março de 2020, “voltar a vida normal” passa uma impressão praticamente utópica. Enquanto no Brasil, no seu pior momento da pandemia, usar máscara e passar álcool gel já viraram hábito, bem como acordar cedo para estudar ou trabalhar sem sair de casa, o sentimento de desilusão e falta de esperança não é comum em outros países.

Além de existir uma série de países que estão controlando a pandemia de forma vantajosa e eficaz - dando cada dia mais esperanças para a população - existem também aqueles que já venceram os desastres do coronavírus, e a “vida normal” voltou. Surpreendentemente não são apenas países ricos ou isolados que conseguiram rebater a pandemia, bastou o governo e a população fazerem sua parte. Como é o caso do Vietnã, por exemplo, que apesar de ser um país pouco desenvolvido - com quantidade de habitantes equivalente a metade da população do Brasil - e pobre (renda per capita equivale a um terço da brasileira), trabalhou rapidamente no combate a pandemia de Covid-19. O país só teve 35 mortes, e hoje em dia o Vietnã vive uma vida normal. 

Mesmo sendo um país pobre, agiu muito rápido com muita testagem, rastreamento de contatos, isolamento social rigoroso e uma campanha de conscientização da população que entendeu a gravidade do momento. Já no Brasil as pessoas fizeram ao contrário, decidiram passar o carnaval para agir contra o vírus e mesmo quando foi feito um isolamento imediato poucos se importaram. O maior responsável pelo caos sanitário instalado no Brasil, que está vivendo os piores momentos da pandemia é o presidente Jair Bolsonaro, assim também dos governadores, prefeitos e os deputados federais. 

O presidente deixou claro que achava tudo isso uma “gripezinha”, após usar essa expressão duas vezes em rede nacional. "No meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar, nada sentiria ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho, como bem disse aquele conhecido médico, daquela conhecida televisão".

Em um país onde o próprio presidente não leva a sério uma das maiores pandemias que levaram a vida 500 mil brasileiros, não podemos esperar resultados positivos. O brasileiro Diego Lopes, de 22 anos, que atualmente mora e estuda em Sidney, na Austrália, um dos países que já voltaram com a vida ativa normal, não precisa usar máscara e não se tem mais nenhum caso de coronavírus no país. Diego conta como tem se sentido aliviado. 

“O sentimento é totalmente de alívio e gratidão por termos vencido a pandemia, poder voltar a viver normalmente sem nenhuma restrição é bom demais, não ter nenhuma vida mais sendo perdida por esse vírus me conforta.” afirma.  Apesar de estar sem riscos de se contaminar, o brasileiro está bem aflito com a situação atual do Brasil.

“Minha família toda está no Brasil, e ver toda essa luta para conseguir tomar uma vacina, que é direito da população, e ainda acompanhar todo esse desgoverno é demais. Se eu pudesse traria todo mundo para ca”, diz Lopes, que também conta como foi o processo de se mudar de país e como tem sido a diferença de realidade.

“Há 3 anos me mudei para Sidney, justamente por querer viver em um país onde o governo funciona de fato, conhecer uma nova cultura, e viver essa realidade durante a pandemia foi onde senti intensamente a sensação de viver em um país de primeiro mundo e ficar triste e agoniado ao acompanhar as notícias do meu país de origem”, afirma. “Espero que o Brasil saia dessa logo, estou mandando muita força para todas as famílias que perderam alguém, e espero rever a minha em breve”, diz.   

É muito forte ver países voltando à normalidade enquanto o Brasil fica tão atrasado em relação às vacinas, um país tão grande que carrega um número assustador de mortes pela Covid-19. O que o brasileiro mais quer é ver o país como esses que foram citados, porém é possível enxergar um Brasil muito distante do que tínhamos alcançado até 2019, antes da pandemia.

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