No Dia da Independência do Brasil, manifestantes de extrema-direita saúdam, na Av. Paulista, em SP. os Estados Unidos e Israel
por
Thaís de Matos
Rafael Pessoa
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12/09/2025 - 12h

Permeada por ofensas ao STF, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo constante apelo por anistia aos réus do 8 de janeiro, o ato bolsonarista do dia 7 de setembro, na Avenida Paulista, em São Paulo, reuniu cerca de 42 mil pessoas. A estimativa é do Monitor do debate político do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a ONG More in Common.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o pastor Silas Malafaia e a esposa do ex-presidente e ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro, discursaram exaltando Bolsonaro e seus filhos. Embora o público – composto majoritariamente por idosos e famílias com crianças pequenas – se defina como “patriota”, bandeiras dos Estados Unidos e de Israel eram vendidas massivamente e envolviam os corpos dos manifestantes, para além dos tradicionais estandartes nacionais.

Uma mulher no Metrô Trianon Masp com uma camisa da seleção brasileira com uma bandeira dos Estados Unidos por cima / Foto: Rafael Pessoa
Mulher vestida de verde e amarelo se cobre com a bandeira dos Estados Unidos / Foto: Rafael Pessoa
Vendedores mostrando seus bonés onde se vê um do “MAGA” e diversos bonés com aparência militar / Foto: Rafael Pessoa
Lojinha Bolsonarista vendia de bonés militares a importados / Foto: Rafael Pessoa
Uma criança em meio a manifestação que segurava e balançava sua bandeira em cima de seu pai / Foto: Rafael Pessoa
Criança observava e repetia o que dizia a multidão, na Av. Paulista / Foto: Rafael Pessoa
Manifestantes vestindo suas bandeiras e mais a frente um pai segurando sua filha / Foto: Rafael Pessoa
Mulher usa imagem de Bolsonaro no centro de uma bandeira verde e amarela; mais a frente, pai e filha participam do protesto / Foto: Rafael Pessoa
Manifestantes tentando passar para o outro lado da faixa contra o ministro Alexandre de Moraes que tem seus olhos vermelhos / Foto: Rafael Pessoa
Alexandre de Moraes aparece em bandeira como figura "demoníaca"; gritos de 'Fora Lula e Moraes' eram constantes / Foto: Rafael Pessoa
Uma manifestante que junto a família gritava e empunhava sua faixa em meio aos discursos / Foto: Rafael Pessoa
Mulher faz coro com manifestantes que pedem "Fora Moraes!" / Foto: Rafael Pessoa
Um menino em cima de seu pai que gritava com a camisa do neymar e o boné da campanha do presidente Donald Trump / Foto: Rafael Pessoa
Nos ombros do pai, criança participa da manifestação com camiseta do Neymar e boné dos Estados Unidos / Foto: Rafael Pessoa
Manifestante que tinha o rosto pintado com as bandeiras de Israel, Estados Unidos e Brasil com uma bandeira do brasil em seu ombro e “Anistia Já” escrito em seu peito / Foto: Rafael Pessoa
Com “Anistia Já” escrito em seu peito, homem com bandeiras do EUA e de Israel pintadas no rosto pedia ajuda de Trump / Foto: Rafael Pessoa
Ambulante vendendo faixas de “Anistia Já!” na frente da estação Trianon Masp / Foto: Thaís de Matos
Protesto contou com diversos vendedores ambulantes, que vendiam todos os tipos de adereços com as cores da bandeira/ Foto: Thaís de Matos
Perfil de uma senhora patriota / Foto: Thaís de Matos
Manifestantes eram criativos nos adereços, sempre caprichando no verde e amarelo / Foto: Thaís de Matos
À moda do “Make America Great Again” (MAGA), é levantado o “Make Brasil Great Again” / Foto: Thaís de Matos
“Make Brasil Great Again” parafraseia “Make America Great Again” (MAGA), lema de Trump / Foto: Thaís de Matos
Estátua não identificada pedindo Anistia / Foto: Thaís de Matos
Com fantasia de estátua não-identificada, homem virou atração. Manifestantes paravam para tirar fotos com ele / Foto: Thaís de Matos
O pai de família / Foto: Thaís de Matos
Protesto contou majoritariamente com pessoas da terceira idade e famílias com crianças pequenas / Foto: Thaís de Matos
O patriota do MAGA / Foto: Thaís de Matos
Entre os "patriotas", lema "MAGA" foi usado com frequência / Foto: Thaís de Matos
A bandeira que jamais será vermelha / Foto: Thaís de Matos
Manifestante posa para foto com a bandeira do Brasil no meio do protesto / Foto: Thaís de Matos
Mais um dos protestos de “Fora Moraes” / Foto: Thaís de Matos
No vão do Masp, multidão entoa “Fora Moraes” / Foto: Thaís de Matos
Patriota dos óculos “thug life” / Foto: Thaís de Matos
Óculos pixelados "thug life" foram associados a Bolsonaro no começo de seu mandato, em 2018, por conta de memes nas redes sociais / Foto: Thaís de Matos
Tarcísio sendo assistido enquanto discursa no palanque da Paulista / Foto: Thaís de Matos
Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas foi o primeiro a discursar a favor de anistia no palanque / Foto: Thaís de Matos
De boné branco, Michelle Bolsonaro, de boné verde, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, e centralizado de azul / Foto: Thaís de Matos
Após Tarcísio, o pastor Silas Malafaia foi o segundo a discursar no palanque da Av. Paulista / Foto: Thaís de Matos
Ao fundo na esquerda, Malafaia, e no centro, Michelle Bolsonaro discursando no palanque / Foto: Thaís de Matos
Ex-primeira dama Michelle Bolsonaro foi a última a discursar no palanque / Foto: Thaís de Matos
Na lateral esquerda, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e no centro para a direita, Michelle e Malafaia orando no palanque / Foto: Thaís de Matos
Na lateral esquerda, o presidente do PL Valdemar Costa Neto e do centro para a direita, Michelle e Malafaia oram após discurso / Foto: Thaís de Matos

 

Brasilidade estampada em drinques autorais e petiscos cheios de identidade
por
Mohara Ogando Cherubin
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09/09/2025 - 12h

O primeiro bar da cozinheira-empresária Manuelle Ferraz, também dona do restaurante “A Baianeira”, localizado no MASP, foi aberto em abril de 2024. O “Boteco de Manu” está situado onde as ruas se cruzam na Barra Funda, mais precisamente na Rua Lavradio, 235, em meio à intensa Avenida Pacaembu. A forte identidade do bar já é percebida em seu nome. O “de” Manu faz jus ao modo de falar no Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais, bem perto da Bahia, local onde a chef nasceu.

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O bar funciona de quarta a sexta das 18h à 00h, aos sábados das 13h à 00h e aos domingos das 12h às 18h. O local dispõe de mesas vermelhas do lado de fora, além do balcão no salão e um quintal na parte de trás do bar. Foto: Mohara Cherubin 

 

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“Foi em um boteco que eu te conheci”. A frase foi inspirada no trecho “Foi no Risca Faca que eu te conheci”, do forró “Risca Faca”, do cantor Pepe Moreno. A expressão "risca-faca", comum no Nordeste, traz a ideia de um ambiente divertido, com música alta, rodeado de liberdade e alegria. Foto: Mohara Cherubin
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A cozinha do boteco oferece uma variedade de pratos, como fritos, caldos e sanduíches. Entre as criações do cardápio, destacam-se a carne de sol com mandioca, o sanduíche de linguiça com queijo e a coxinha de camarão. Já as bebidas favoritas do local são o goró de mainha e o mel de cupuaçu, drink com vodka, infusão de cupuaçu e melado de cana. Foto: Mohara Cherubin 
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Com um globo espelhado e quadros decorando as paredes, o salão relembra a definição de “risca-faca”. Foto: Mohara Cherubin.
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A parede ao lado esquerdo do salão é decorada com a série “Meninas do Rio”, da artista Ana Stewart, que retrata mulheres de comunidades do subúrbio do Rio de Janeiro com um intervalo de 10 anos, revelando a partir de um ensaio íntimo as mudanças nos lares e nas vidas dessas mulheres. Foto: Mohara Cherubin
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Ainda no lado esquerdo do balcão, o cliente tem acesso aos banheiros e ao quintal do boteco, que fica na parte de trás do local. Foto: Mohara Cherubin
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Se não conseguir lugar nas mesas espalhadas no espaço externo do boteco, o cliente pode se servir no balcão do salão ou no quintal. Foto: Mohara Cherubin
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Aos domingos o boteco apresenta o famoso “tecladinho”. O cantor John Batista agita o bar com muita sofrência e bregas antigos, do jeito que o público gosta. Também aos domingo é servida a feijoada de domingo. Foto: Mohara Cherubin
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O balcão fica em frente ao bar e à entrada da cozinha. Garrafas com as frases “A beleza de ser um eterno aprendiz” e “Viva lá vinho” também decoram o espaço. No balcão, o cliente pode comer, beber e curtir o ambiente do boteco. Foto: Mohara Cherubin
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Carne de sol com mandioca, um dos pratos mais pedidos do Boteco de Manu, acompanha muito sabor, pimenta da casa e manteiga derretida se o cliente desejar. Foto: Mohara Cherubin
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Goró de mainha, o favorito do Boteco de Manu, é uma bebida vinda diretamente da Baianeira a base de gengibre, abacaxi, rapadura, limão e segredos da chef Manu. A frase “doses de amor” estampa o rótulo do goró. Foto: Mohara Cherubin
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O Boteco de Manu conquista os clientes com seu ambiente vibrante e energia única. Visite a esquina mais bonita da Barra Funda e aproveite. Foto: Mohara Cherubin

 

Como um autodidata ousado desafiou a lógica e transformou a cidade de pedra
por
Catharina Morais
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06/12/2024 - 12h

A Rua Maranhão, em Higienópolis, é como um refúgio dentro de São Paulo, cheia de histórias para contar em cada esquina. Com suas árvores sombrias e prédios de tirar o fôlego, como o icônico Vila Penteado da FAU-USP, a rua já foi endereço de gente famosa, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. É  só chegar na esquina com a Rua Sabará que tudo muda: o Edifício Cinderela simplesmente rouba a cena.

 

Edifício Cinderela, inaugurado em 1956 - por Catharina Morais
Edifício Cinderela, inaugurado em 1956 - por Catharina Morais

 

De longe, ele parece uma obra única, e é. Em uma São Paulo historicamente cinzenta e funcional, o Cinderela é uma explosão de cores, criatividade e formas. Não é um simples prédio construído para abrigar pessoas - só a beleza de sua arquitetura que chama atenção; há algo mais ali - características visionárias que antecipavam o futuro da vida urbana. Era um sonho do "American way of life", ajustado à realidade brasileira.

Mas quem ousaria conceber um prédio tão peculiar? Conhecido como o "arquiteto maldito", João Artacho Jurado era uma figura à margem da elite arquitetônica. Nascido em 1907, no bairro do Brás, filho de imigrantes espanhois, ele começou a carreira como letrista, desenhando cartazes e estandes para feiras industriais. Apesar de nunca ter cursado arquitetura, Jurado demonstrava um talento inato para transformar ideias em construções. 

 

Edifício Parque das Hortênsias na Avenida Angélica - por Catharina Morais
Edifício Parque das Hortênsias na Avenida Angélica - por Catharina Morais

 

Na São Paulo das décadas de 1940 e 1950, dominada pelo rigor do modernismo — com suas linhas retas, geometrias simples e desprezo por adornos —, Artacho parecia um transgressor. Seus prédios eram uma celebração do que se recusava a ser discreto. Inspirados pelo glamour de Hollywood e pela opulência europeia, eles misturavam o clássico e o kitsch, sem medo de causar estranhamento.

 

Edifício Viadutos localizado no bairro Bela Vista - por Catharina Morais
Edifício Viadutos localizado no bairro Bela Vista - por Catharina Morais

 

Edifícios como o Bretagne, o Viadutos, o Louvre, o Planalto e, claro, o Cinderela se tornaram símbolos dessa visão. Vibrantes, ornamentados e quase teatrais, eles destoavam do rigor técnico da arquitetura predominante. Não à toa, sua obra era amada pelo público, mas odiada por muitos arquitetos da época.  

A controvérsia em torno de Artacho ia além do estilo. Por ser autodidata, ele não tinha licença para assinar seus projetos, dependendo de engenheiros formados para legitimar suas obras. Esse fato era visto como uma afronta pela elite acadêmica, que o apelidou de "arquiteto maldito".  

 

Fachada do Edifício Piauí construído entre 1948 e 1952 - por Catharina Morais
Fachada do Edifício Piauí construído entre 1948 e 1952 - por Catharina Morais

 

Além disso, seus prédios eram frequentemente criticados como "bregas" e "excessivos". Contudo, essas críticas pouco afetaram Artacho, que usava sua visão como combustível para inovar. Ele fazia de suas inaugurações verdadeiros espetáculos, com bandas, celebridades e políticos. Eram eventos tão grandiosos quanto os edifícios que celebravam.  

Artacho não só projetava prédios; ele os desenhava por completo, dos cobogós aos gradis, dos lustres à tipografia das fachadas. Cada detalhe era pensado para oferecer uma experiência que ia além da funcionalidade. Ele também foi pioneiro em incluir áreas comuns de lazer, como piscinas e salões de festa, em uma época em que essas comodidades eram raras.  Seu público-alvo, a classe média emergente, via nos edifícios de Artacho um sonho acessível. Eram mais que lares; eram convites para uma vida moderna e comunitária.  

 

Edifício Bretagne, um marco arquitetônico com sua planta em ‘L’- por Catharina Morais
Edifício Bretagne, um marco arquitetônico com sua planta em ‘L’- por Catharina Morais

 

Apesar das críticas em vida, o trabalho de Artacho foi reavaliado nas décadas seguintes, sendo hoje considerado um marco do modernismo tropical. Seus edifícios, antes tidos como aberrações, tornaram-se símbolos de uma São Paulo mais vibrante e humanizada.  

O Edifício Cinderela, com sua paleta de cores e seu charme cinematográfico, continua a ser um lembrete do que Artacho buscava: romper padrões, acolher o inesperado e dar à cidade algo que ela não sabia que precisava. 

Mais do que o “arquiteto maldito”, Artacho Jurado foi um visionário que se recusou a ser limitado pela lógica ou pelas convenções. Sua obra é um testemunho da coragem de colorir o cinza e de transformar o banal em extraordinário.

 

Edifício Louvre no bairro da República, tombado desde 1992 pelo Conpresp - por Catharina Morais
Edifício Louvre no bairro da República, tombado desde 1992 pelo Conpresp - por Catharina Morais

 

Importante área de preservação e pesquisa ambiental é também um lugar a se visitar e descobrir em São Paulo
por
Pedro Bairon
João Pedro Stracieri
Vítor Nhoatto
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28/11/2024 - 12h

Localizado na zona sul da capital paulista, entre os portões 6 e 7 do Parque Ibirapuera, eis um berço da vida. Criado formalmente em 1928 após a transferência do bairro Água Branca para onde está até hoje, o Viveiro Manequinho Lopes é um dos três administrados pela cidade e o maior deles. São ali produzidas milhares de espécies para a cidade e também a todos os interessados em arborizar suas propriedades. 

Seu nome faz alusão ao diretor da então recém-criada Divisão de Matas, Parques e Jardins, Manoel Lopes de Oliveira Filho, conhecido como Manequinho Lopes. A homenagem foi dada após ele plantar eucaliptos na região até então pantanosa e aos seus esforços contínuos para manter o viveiro de pé após o pedido de remoção em 1933 para a construção do parque. 

A reivindicação da prefeitura na época não foi para frente também pela necessidade cada vez maior de produção de mudas para a cidade, e foi Manequinho um dos responsáveis por essa mudança de perspectiva. Após a sua morte em 1938 o viveiro municipal enfim recebeu o seu nome atual, e segue hoje sendo de extrema importância para a cidade e meio ambiente, apesar de pouco conhecido e divulgado.

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Com uma área de 4,8 hectares e uma imensidão de plantas o Viveiro Manequinho Lopes pertence ao Parque do Ibirapuera, e seu acesso pode ser feito direto do parque pelo portão 7, ou pelo portão 6 - Foto: Vítor Nhoatto
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Adentrando no complexo com certeza muitas espécies serão familiares, afinal, o local é responsável por fornecer as mudas que são plantadas pela cidade como esta, conhecida popularmente como Coração Magoado - Foto: Vítor Nhoatto
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São ao todo 10 estufas (casas de vegetação), 97 estufins (canteiros suspensos), 3 telados como o da foto (estruturas cobertas com tela de sombreamento) e 39 quadras (mudas envasadas) - Foto: Vítor Nhoatto
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O Viveiro ainda é um laboratório da flora, onde são feitas pesquisas para o aprimoramento e desenvolvimento de novas variações de plantas como na estufa 5 na imagem - Foto: Vítor Nhoatto
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Cada lote de plantas possui a sua identificação científica, quantidade, data de cultivo e um técnico responsável, que rega e anota diariamente a temperatura máxima e mínima atingida em cada estufa - Foto: Vítor Nhoatto
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A instituição também é um importante centro de preservação de espécies nativas, pela reprodução e manutenção de exemplares como este no meio do Viveiro - Foto: João Pedro Stracieri
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Para além de todas as descobertas sobre a flora, muitos pássaros frequentam o viveiro, tal qual esse Sabiá Laranjeira, a ave símbolo do Brasil - Foto: João Pedro Stracieri
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Espécies que requerem mais cuidados como as orquídeas, exóticas como as suculentas e variações menos comuns como esta da foto também são produzidas no Viveiro - Foto: Vítor Nhoatto
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Tal qual um parque, o Viveiro possui áreas de convivência, bebedouros e lixeiras para os seus visitantes, sempre com entrada gratuita, apenas pets nao sao permitidos devido ao cuidado exigido com as mudas - Foto: Vítor Nhoatto
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São disponibilizados ao longo do caminho mapas, avisos sobre os cuidados exigidos e placas informativas sobre a função e funcionamento das estruturas - Foto: Vítor Nhoatto
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Apesar de ficarem na maior parte do tempo fechadas para visitação, pelo menos duas vezes ao dia os técnicos abrem para rega e checagem, possibilitando a apreciação dos visitantes sortudos - Foto: Vítor Nhoatto
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E para os que quiserem é possível agendar visitas guiadas pelo número do Viveiro entre às 7h e 16h de segunda a sexta e até mesmo adquirir mudas mediante solicitação no portal 156 da prefeitura - Foto: Vítor Nhoatto

 

Situado no histórico bairro de Higienópolis, o lugar é testemunho vivo da evolução da cidade
por
Leticia Alcântara
Sophia Razel
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28/11/2024 - 12h

Localizado no coração do bairro de Higienópolis, o Parque Buenos Aires é um refúgio no meio da rotina agitada de São Paulo. Construído em 1913, com a finalidade de ser um espaço de lazer para elite paulistana, o local foi inspirado nos parques europeus. O terreno, que inicialmente foi projetado para ser um loteamento residencial de casas de alto padrão, hoje é símbolo de tranquilidade e calmaria para os moradores da região.  

Antigo mirante do parque
Mirante da Praça Buenos Ayres, com a vista do Vale do Pacaembu - Reprodução / Acervo /  Estadão Conteúdo / Laboratório Buenos Ayres 

 

Pessoas passeando no parque
Família caminhando em pequena trilha do Parque Buenos Aires - Foto: Letícia Alcântara
Pessoas a anos atrás tirando fotos no parque
1919, pessoas diante da obra Anfritite e Tritão. Foto: Reprodução / Facebook/ São Paulo Antiga
Fonte no Parque Buenos Aires atualmente, um dos destaques do espaço - Foto: Leticia Alcântara
Fonte no Parque Buenos Aires atualmente, um dos destaques do espaço - Foto: Leticia Alcântara

Tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo em 1992, o Parque Buenos Aires foi projetado pelo arquiteto paisagista francês Bouvard. Com o passar do tempo, o local foi se transformando e modernizando. Atualmente o parque possui cerca de 22 mil metros quadrados, repletos de muita vegetação e áreas de lazer, com espaço para pets e parquinho para as crianças. 

Área para animais de estimação
Cercado para cães próximo a entrada do Parque, localizado na Av. Angélica - Foto: Letícia Alcântara
Área para crianças
Crianças brincando no playground, cercado pela vegetação do Parque Buenos Aires - Foto: Sophia Razel
Crianças brincando na fonte no passado
Vista da Praça Buenos Aires, no bairro de Higienópolis em 1958 - Reprodução / Folhapress / Gazeta SP 

O local também dialoga com a arte e possui algumas esculturas emblemáticas, como “O Tango”, de Roberto Vivas, em bronze e granito, 'Mãe' de Caetano Fraccaroli, esculpida num só bloco de mármore, além de uma cópia em bronze da escultura “Emigrantes”, de Lasar Segall. 

Monumento do parque
Escultura, em bronze, “Emigrantes”, de Lasar Segall - Foto: Sophia Razel  

Mesmo com as inegáveis raízes alicerçadas em um contexto de elitização, a importância cultural e histórica do local é inegável. Sua existência é um símbolo da memória urbana que deve ser preservada, entretanto, tendo em vista a necessidade da democratização do espaço, que permanece cheio de memórias e significado ao longo das décadas. 

Estatua do parque
Estátua 'Mãe' de Caetano Fraccaroli, localizada no Parque Buenos Aires, simboliza proteção e acolhimento, homenageando a maternidade - Foto: Letícia Alcântara

Com sua localização privilegiada e ambiente sereno, o Parque Buenos Aires é um dos grandes patrimônios verdes da cidade, oferecendo aos paulistanos uma verdadeira pausa no cotidiano urbano.

 

Sequência de fotos traz imagens do dia a dia dos cidadãos da cidade.
por
Beatriz da Cunha Porto
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16/06/2023 - 12h

A vida cotidiana é cheia de altos e baixos. Ora estamos apressados para chegar em casa, ora preferimos caminhar mais devagar conversando com amigos. Independente do momento, vida é passar por cima das adversidades e se lembrar de pequenas coisas que fazem a diferença no nosso dia, como fazer carinho num gato que encontramos na rua. As imagens a seguir são registros feitos do caminho a partir da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo até a Barra Funda e retratam o cotidiano de diversos estudantes.

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Alunos a caminho da saída da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Foto: Beatriz C. Porto
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Estudante chamando atenção do gato em rua fechada no bairro de Perdizes. Foto: Beatriz C. Porto
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Gato malhado caminhando ao sol em rua fechada no bairro de Perdizes. Foto: Beatriz C. Porto
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Saída de rua fechada em Perdizes com indicação de "sem saída". Foto: Beatriz C. Porto
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Passageiros no ponto de ônibus da Avenida Sumaré. Foto: Beatriz C. Porto
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Letreiro de ônibus via Pompeia com sentido Barra Funda. Foto: Beatriz C. Porto
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Trilhos dos trens na estação Barra Funda vista de cima da ponte. Foto: Beatriz C. Porto
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Vista de dentro do terminal de ônibus Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo. Foto: Beatriz C. Porto

 

No zoológico de Guarulhos podemos ver diferentes aves
por
Giovanna Oliveira da Silva
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16/06/2023 - 12h

Embora o zoológico tenha como principal foco conservar as espécies e fazer educação ambiental, manter estes animais presos é crueldade. As aves sofrem de estresses, tédio e doenças em cativeiro. Quando há uma grande reprodução, os filhotes são enviados para outros zoológicos ou são vendidos, causando uma quebra no laço entre as gerações.

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Anu-branco Foto: Giovanna Oliveira da Silva 
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Maracanã-verdadeira Foto: Giovanna Oliveira da Silva 
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Gralha-picaça e Gralha-do-campo Foto: Giovanna Oliveira da Silva 
foto 4
Tucano-toco Foto: Giovanna Oliveira da Silva 
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Arara-azul Foto: Giovanna Oliveira da Silva 
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Arara-canindé Foto: Giovanna Oliveira da Silva 
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Maitaca-verde Foto: Giovanna Oliveira da Silva 
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Marianinha-de-cabeça-amarela Foto: Giovanna Oliveira da Silva 
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Tucano-de-bico-verde Foto: Giovanna Oliveira da Silva 
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Periquitão-maracanã Foto: Giovanna Oliveira da Silva 

 

A dualidade entre o ambiente público e a perspectiva de estar só
por
Renan Barcellos
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16/06/2023 - 12h

Os meios públicos de transporte são responsáveis por carregar inúmeros cidadãos diariamente. Frequentando um dos ambientes mais populares da sociedade, não é possível deixar de notar a individualidade. Cada indivíduo que sai da sua casa para seguir a sua rotina, inconscientemente, se depara com semelhantes que vivem a mesma situação. Cerca de 2,5 milhões pessoas circulam todos os dias nos nesses meios locomotivos, cada qual com suas expectativas e questionamentos sobre sua própria vida. O transporte público é responsável por carregar inúmeras histórias, projetos, angustias, problemas e reflexões. Nos metrôs e ônibus é possível observar fartas histórias que, muitas vezes, se encontram diariamente sem mesmo se conhecer. Muitas vezes sendo justamente tratado como algo cansativo, andar nos meios públicos de transporte também pode ser olhado por um outro horizonte.  

123Idosa sentada em um ônibus ao horário de almoço - Ônibus 875A-10 - 12:50 de uma quarta - Foto: Renan Barcellos

123Foto que registra inúmeros cidadãos retornando a suas casas após a rotina diária de trabalho - Linha Amarela (República) - 18:00 de uma segunda - Foto: Renan Barcellos

123Indivíduos se deslocando no período da tarde - Linha Vermelha (Barra Funda) - 14:30 de uma quinta - Foto: Renan Barcellos

123Idoso se deslocando rumo a Avenida Paulista em uma tarde chuvosa - Linha Verde (Consolação) - 16:40 de uma quinta - Foto: Renan Barcellos

123Estudante se deslocando na baldeação entre a Linha Verde (Consolação) e a linha Amarela (Paulista) - 11:30 de uma sexta - Foto: Renan Barcellos

123Jovem retornando para sua casa após sua rotina diária de estudos - Ônibus 875A-10 - 12:10 de uma terça - Foto: Renan Barcellos

Evandro, referência do fotojornalismo, fotografou diversos acontecimentos históricos durante sua carreira
por
Gusthavo Sampaio
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19/06/2023 - 12h

No início de 2023, com a tentativa de golpe pela invasão às sedes do Executivo, Legislativo e Judiciário, o país reacendeu as memorias de um passado que não é esquecido, mas negligenciado por muitos. Refiro-me ao período da ditadura militar brasileira, que em 2019, foi “negada” pelo presidente à época Jair Messias Bolsonaro, ao declarar que: “[...] onde você viu no mundo uma ditadura entregar pra oposição de forma pacífica o governo? Só no Brasil. Então, não houve ditadura”. Em meios as tentativas de assolar os crimes cometidos pelos militares que tomaram o poder, os registros históricos vão em completa contramão do que afirmou, o ex-presidente. Para resgatar essas memorias fomos à exposição do acervo do jornalista Evandro Teixeira, que exibe fotografias dos períodos ditatoriais chileno e brasileiro.

Estudante apanhando
Estudante sendo perseguido por militares durante manifestações contra a ditadura, no Rio de Janeiro. 1/4/1964 Foto: Evandro Teixeira, Acervo IMS/Coleção Evandro Teixeira

 

Evandro Teixeira é baiano, de Santa Inês, nascido em 1935. Sua carreira começou em 1958, no O Diário de Notícias, em Salvador. Chegou ao Jornal do Brasil em 1935 e foi por lá que realizou seus grandes trabalhos. Entre estes, destacam-se: a cobertura da chegada do general Castelo Branco ao Forte Copacabana, no golpe de 1964; a repressão ao movimento estudantil no Rio de Janeiro, em 1968; o pós-golpe militar ocorrido no Chile, em 1973 e o velório do poeta Pablo Neruda.

A exposição conta principalmente com fotos que retratam a verdadeira face das ditaduras citadas: a violência, seja por meio de agressões, como a repressão de passeatas e manifestações, ou por meio da exibição de armamentos, como estratégia para intimidação.

Militar armado
Soldado armado no Estádio Nacional do Chile, em Santiago. 24/9/1973 Foto: Evandro Teixeira, Acervo IMS/Coleção Evandro Teixeira

         

Ao chegar no Chile, poucos dias depois após o golpe que ocorreu em 11 de setembro de 1973, Evandro e outro jornalistas ficaram em “quarentena” no Estádio Nacional, em Santiago. Antes de liberar a imprensa, os militares chilenos buscaram organizar o país, que ainda estava em transição, porém, não contavam que o conhecimento prévio de Evandro em relação ao Estádio o ajudaria a, de certa forma, burlar a reclusão (Evandro conhecia o Estádio graças a uma cobertura esportiva feita anteriormente), e fotografar os presos políticos mantidos no Estádio em segredo.

Presos Políticos aprisionados
Presos políticos mantidos no subsolo do Estádio Nacional do Chile, em Santiago. 22/09/1973. Foto: Evandro Teixeira, Acervo IMS/Coleção Evandro Teixeira

 

Nesse mesmo período, Evandro também cobriu a morte do poeta e político Pablo Neruda, ferrenho opositor ao ditador chileno Augusto Pinochet, que morreu 11 dias após o golpe. A causa da morte de Neruda é controversa, oficialmente é vinculada a um câncer de próstata, mas cientistas detectaram, em uma exumação posterior, moléculas que configuram envenenamento em seu corpo. O enterro contou com grande participação popular.

 

Enterro Pablo Neruda
Enterro do poeta e político Pablo Neruda, no Cemitério Geral de Santiago, no Chile. 25/09/1973. Foto: Evandro Teixeira/Acervo IMS

 

No Brasil, Evandro cobriu os principais eventos do período militar, buscando evidenciar a repressão que os protestantes sofriam durante as manifestações. O trabalho de Evandro é história. Não há margem para opiniões quando se trata de um fato, e a ditadura militar é um fato da história brasileira. Os registros fotográficos feitos servem para provar que, mesmo 38 anos depois, as memórias da ditadura ainda existem e devem ser compartilhadas para jamais caírem no esquecimento. Essa é a principal função e importância do trabalho do fotojornalismo para a sociedade.

 

Repressão a manifestações no Rio de Janeiro
Repressão policial durante a missa de sétimo dia de Edson Luís, estudante assassinado durante protesto estudantil, Rio de Janeiro. 04/04/1968. Foto: Evandro Teixeira, Acervo IMS/Coleção Evandro Teixeira

 

O acervo de fotos de Evandro com o tema Chile 1973 continua em exposição até o dia 30/07, na Galeria 1 do IMS Avenida Paulista. A entrada é gratuita, e o instituto funciona de terça a domingo e aos feriados (exceto segunda), das 10h ás 20h. O acervo também contém fotografias sobre a ditadura brasileira e o enterro de Pablo Neruda. Todas as imagens utilizadas nessa matéria estão na exposição.

Retratos de profissões que tornam a cidade viva
por
Marina Jonas
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14/06/2023 - 12h

Ao passarmos pelas ruas em meio à correria do dia a dia, muitas vezes, não nos damos conta do que está à nossa volta. Diversos ofícios são intrínsecos à vida na cidade, mas com a mente e o corpo focados em apenas andar para frente, esquecemos de olhar para os lados e, de fato, ver as pessoas que fazem o comércio local circular.

Foto 1
Dona Edilma dentro de sua banca de jornal, Jardim América.  Autora: Marina Jonas 
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Dona Edilma dentro de sua banca de jornal, Jardim América. Autora: Marina Jonas 

Dona Edilma 

Jornaleira há 23 anos. Abriu sua primeira banca no bairro da Liberdade e, após alguns anos, vendeu-a para sua irmã e trocou de endereço para a Rua da Consolação com a Alameda Lorena. Hoje em dia, seu negócio fica em uma esquina com a Alameda Gabriel Monteiro da Silva. 

 

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Edison junto ao seu carrinho de sorvete, Jardim América. Autora: Marina Jonas 

 

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Edison calculando suas vendas do dia, Jardim América. Autora: Marina Jonas 

Edison 

Sorveteiro há 34 anos. Todos os dias, no início da tarde, ele traz seu carrinho de sorvete dentro de sua van e, acompanhado de seus irmãos, que também exercem o ofício de sorveteiros, ele monta seu negócio em frente às casas, localizadas na mesma região em que fica Dona Edilma. 

 

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Carlos em frente à guarita, Jardim América. Autora: Marina Jonas
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Carlos, Jardim América. Autora: Marina Jonas

Carlos 

Há mais de 20 anos, trabalha como vigia de rua. Todos os dias, inicia seu trabalho às sete da manhã e vai até às sete da noite.