Como um autodidata ousado desafiou a lógica e transformou a cidade de pedra
por
Catharina Morais
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06/12/2024 - 12h

A Rua Maranhão, em Higienópolis, é como um refúgio dentro de São Paulo, cheia de histórias para contar em cada esquina. Com suas árvores sombrias e prédios de tirar o fôlego, como o icônico Vila Penteado da FAU-USP, a rua já foi endereço de gente famosa, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. É  só chegar na esquina com a Rua Sabará que tudo muda: o Edifício Cinderela simplesmente rouba a cena.

 

Edifício Cinderela, inaugurado em 1956 - por Catharina Morais
Edifício Cinderela, inaugurado em 1956 - por Catharina Morais

 

De longe, ele parece uma obra única, e é. Em uma São Paulo historicamente cinzenta e funcional, o Cinderela é uma explosão de cores, criatividade e formas. Não é um simples prédio construído para abrigar pessoas - só a beleza de sua arquitetura que chama atenção; há algo mais ali - características visionárias que antecipavam o futuro da vida urbana. Era um sonho do "American way of life", ajustado à realidade brasileira.

Mas quem ousaria conceber um prédio tão peculiar? Conhecido como o "arquiteto maldito", João Artacho Jurado era uma figura à margem da elite arquitetônica. Nascido em 1907, no bairro do Brás, filho de imigrantes espanhois, ele começou a carreira como letrista, desenhando cartazes e estandes para feiras industriais. Apesar de nunca ter cursado arquitetura, Jurado demonstrava um talento inato para transformar ideias em construções. 

 

Edifício Parque das Hortênsias na Avenida Angélica - por Catharina Morais
Edifício Parque das Hortênsias na Avenida Angélica - por Catharina Morais

 

Na São Paulo das décadas de 1940 e 1950, dominada pelo rigor do modernismo — com suas linhas retas, geometrias simples e desprezo por adornos —, Artacho parecia um transgressor. Seus prédios eram uma celebração do que se recusava a ser discreto. Inspirados pelo glamour de Hollywood e pela opulência europeia, eles misturavam o clássico e o kitsch, sem medo de causar estranhamento.

 

Edifício Viadutos localizado no bairro Bela Vista - por Catharina Morais
Edifício Viadutos localizado no bairro Bela Vista - por Catharina Morais

 

Edifícios como o Bretagne, o Viadutos, o Louvre, o Planalto e, claro, o Cinderela se tornaram símbolos dessa visão. Vibrantes, ornamentados e quase teatrais, eles destoavam do rigor técnico da arquitetura predominante. Não à toa, sua obra era amada pelo público, mas odiada por muitos arquitetos da época.  

A controvérsia em torno de Artacho ia além do estilo. Por ser autodidata, ele não tinha licença para assinar seus projetos, dependendo de engenheiros formados para legitimar suas obras. Esse fato era visto como uma afronta pela elite acadêmica, que o apelidou de "arquiteto maldito".  

 

Fachada do Edifício Piauí construído entre 1948 e 1952 - por Catharina Morais
Fachada do Edifício Piauí construído entre 1948 e 1952 - por Catharina Morais

 

Além disso, seus prédios eram frequentemente criticados como "bregas" e "excessivos". Contudo, essas críticas pouco afetaram Artacho, que usava sua visão como combustível para inovar. Ele fazia de suas inaugurações verdadeiros espetáculos, com bandas, celebridades e políticos. Eram eventos tão grandiosos quanto os edifícios que celebravam.  

Artacho não só projetava prédios; ele os desenhava por completo, dos cobogós aos gradis, dos lustres à tipografia das fachadas. Cada detalhe era pensado para oferecer uma experiência que ia além da funcionalidade. Ele também foi pioneiro em incluir áreas comuns de lazer, como piscinas e salões de festa, em uma época em que essas comodidades eram raras.  Seu público-alvo, a classe média emergente, via nos edifícios de Artacho um sonho acessível. Eram mais que lares; eram convites para uma vida moderna e comunitária.  

 

Edifício Bretagne, um marco arquitetônico com sua planta em ‘L’- por Catharina Morais
Edifício Bretagne, um marco arquitetônico com sua planta em ‘L’- por Catharina Morais

 

Apesar das críticas em vida, o trabalho de Artacho foi reavaliado nas décadas seguintes, sendo hoje considerado um marco do modernismo tropical. Seus edifícios, antes tidos como aberrações, tornaram-se símbolos de uma São Paulo mais vibrante e humanizada.  

O Edifício Cinderela, com sua paleta de cores e seu charme cinematográfico, continua a ser um lembrete do que Artacho buscava: romper padrões, acolher o inesperado e dar à cidade algo que ela não sabia que precisava. 

Mais do que o “arquiteto maldito”, Artacho Jurado foi um visionário que se recusou a ser limitado pela lógica ou pelas convenções. Sua obra é um testemunho da coragem de colorir o cinza e de transformar o banal em extraordinário.

 

Edifício Louvre no bairro da República, tombado desde 1992 pelo Conpresp - por Catharina Morais
Edifício Louvre no bairro da República, tombado desde 1992 pelo Conpresp - por Catharina Morais

 

Importante área de preservação e pesquisa ambiental é também um lugar a se visitar e descobrir em São Paulo
por
Pedro Bairon
João Pedro Stracieri
Vítor Nhoatto
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28/11/2024 - 12h

Localizado na zona sul da capital paulista, entre os portões 6 e 7 do Parque Ibirapuera, eis um berço da vida. Criado formalmente em 1928 após a transferência do bairro Água Branca para onde está até hoje, o Viveiro Manequinho Lopes é um dos três administrados pela cidade e o maior deles. São ali produzidas milhares de espécies para a cidade e também a todos os interessados em arborizar suas propriedades. 

Seu nome faz alusão ao diretor da então recém-criada Divisão de Matas, Parques e Jardins, Manoel Lopes de Oliveira Filho, conhecido como Manequinho Lopes. A homenagem foi dada após ele plantar eucaliptos na região até então pantanosa e aos seus esforços contínuos para manter o viveiro de pé após o pedido de remoção em 1933 para a construção do parque. 

A reivindicação da prefeitura na época não foi para frente também pela necessidade cada vez maior de produção de mudas para a cidade, e foi Manequinho um dos responsáveis por essa mudança de perspectiva. Após a sua morte em 1938 o viveiro municipal enfim recebeu o seu nome atual, e segue hoje sendo de extrema importância para a cidade e meio ambiente, apesar de pouco conhecido e divulgado.

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Com uma área de 4,8 hectares e uma imensidão de plantas o Viveiro Manequinho Lopes pertence ao Parque do Ibirapuera, e seu acesso pode ser feito direto do parque pelo portão 7, ou pelo portão 6 - Foto: Vítor Nhoatto
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Adentrando no complexo com certeza muitas espécies serão familiares, afinal, o local é responsável por fornecer as mudas que são plantadas pela cidade como esta, conhecida popularmente como Coração Magoado - Foto: Vítor Nhoatto
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São ao todo 10 estufas (casas de vegetação), 97 estufins (canteiros suspensos), 3 telados como o da foto (estruturas cobertas com tela de sombreamento) e 39 quadras (mudas envasadas) - Foto: Vítor Nhoatto
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O Viveiro ainda é um laboratório da flora, onde são feitas pesquisas para o aprimoramento e desenvolvimento de novas variações de plantas como na estufa 5 na imagem - Foto: Vítor Nhoatto
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Cada lote de plantas possui a sua identificação científica, quantidade, data de cultivo e um técnico responsável, que rega e anota diariamente a temperatura máxima e mínima atingida em cada estufa - Foto: Vítor Nhoatto
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A instituição também é um importante centro de preservação de espécies nativas, pela reprodução e manutenção de exemplares como este no meio do Viveiro - Foto: João Pedro Stracieri
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Para além de todas as descobertas sobre a flora, muitos pássaros frequentam o viveiro, tal qual esse Sabiá Laranjeira, a ave símbolo do Brasil - Foto: João Pedro Stracieri
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Espécies que requerem mais cuidados como as orquídeas, exóticas como as suculentas e variações menos comuns como esta da foto também são produzidas no Viveiro - Foto: Vítor Nhoatto
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Tal qual um parque, o Viveiro possui áreas de convivência, bebedouros e lixeiras para os seus visitantes, sempre com entrada gratuita, apenas pets nao sao permitidos devido ao cuidado exigido com as mudas - Foto: Vítor Nhoatto
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São disponibilizados ao longo do caminho mapas, avisos sobre os cuidados exigidos e placas informativas sobre a função e funcionamento das estruturas - Foto: Vítor Nhoatto
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Apesar de ficarem na maior parte do tempo fechadas para visitação, pelo menos duas vezes ao dia os técnicos abrem para rega e checagem, possibilitando a apreciação dos visitantes sortudos - Foto: Vítor Nhoatto
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E para os que quiserem é possível agendar visitas guiadas pelo número do Viveiro entre às 7h e 16h de segunda a sexta e até mesmo adquirir mudas mediante solicitação no portal 156 da prefeitura - Foto: Vítor Nhoatto

 

Situado no histórico bairro de Higienópolis, o lugar é testemunho vivo da evolução da cidade
por
Leticia Alcântara
Sophia Razel
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28/11/2024 - 12h

Localizado no coração do bairro de Higienópolis, o Parque Buenos Aires é um refúgio no meio da rotina agitada de São Paulo. Construído em 1913, com a finalidade de ser um espaço de lazer para elite paulistana, o local foi inspirado nos parques europeus. O terreno, que inicialmente foi projetado para ser um loteamento residencial de casas de alto padrão, hoje é símbolo de tranquilidade e calmaria para os moradores da região.  

Antigo mirante do parque
Mirante da Praça Buenos Ayres, com a vista do Vale do Pacaembu - Reprodução / Acervo /  Estadão Conteúdo / Laboratório Buenos Ayres 

 

Pessoas passeando no parque
Família caminhando em pequena trilha do Parque Buenos Aires - Foto: Letícia Alcântara
Pessoas a anos atrás tirando fotos no parque
1919, pessoas diante da obra Anfritite e Tritão. Foto: Reprodução / Facebook/ São Paulo Antiga
Fonte no Parque Buenos Aires atualmente, um dos destaques do espaço - Foto: Leticia Alcântara
Fonte no Parque Buenos Aires atualmente, um dos destaques do espaço - Foto: Leticia Alcântara

Tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo em 1992, o Parque Buenos Aires foi projetado pelo arquiteto paisagista francês Bouvard. Com o passar do tempo, o local foi se transformando e modernizando. Atualmente o parque possui cerca de 22 mil metros quadrados, repletos de muita vegetação e áreas de lazer, com espaço para pets e parquinho para as crianças. 

Área para animais de estimação
Cercado para cães próximo a entrada do Parque, localizado na Av. Angélica - Foto: Letícia Alcântara
Área para crianças
Crianças brincando no playground, cercado pela vegetação do Parque Buenos Aires - Foto: Sophia Razel
Crianças brincando na fonte no passado
Vista da Praça Buenos Aires, no bairro de Higienópolis em 1958 - Reprodução / Folhapress / Gazeta SP 

O local também dialoga com a arte e possui algumas esculturas emblemáticas, como “O Tango”, de Roberto Vivas, em bronze e granito, 'Mãe' de Caetano Fraccaroli, esculpida num só bloco de mármore, além de uma cópia em bronze da escultura “Emigrantes”, de Lasar Segall. 

Monumento do parque
Escultura, em bronze, “Emigrantes”, de Lasar Segall - Foto: Sophia Razel  

Mesmo com as inegáveis raízes alicerçadas em um contexto de elitização, a importância cultural e histórica do local é inegável. Sua existência é um símbolo da memória urbana que deve ser preservada, entretanto, tendo em vista a necessidade da democratização do espaço, que permanece cheio de memórias e significado ao longo das décadas. 

Estatua do parque
Estátua 'Mãe' de Caetano Fraccaroli, localizada no Parque Buenos Aires, simboliza proteção e acolhimento, homenageando a maternidade - Foto: Letícia Alcântara

Com sua localização privilegiada e ambiente sereno, o Parque Buenos Aires é um dos grandes patrimônios verdes da cidade, oferecendo aos paulistanos uma verdadeira pausa no cotidiano urbano.

 

Com 70 anos de carreira, se consagra como o maior fotojornalista do país
por
Majoí Costa
Nicole Conchon
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21/11/2024 - 12h

Neste mês de novembro, o Brasil perdeu um grande fotógrafo. Ao longo de sete décadas, o fotojornalista Evandro Teixeira se tornou uma referência na fotografia documental brasileira, capturando momentos cruciais do país e imortalizando, com suas imagens, as transformações sociais, políticas e culturais.

Teixeira não foi apenas um fotógrafo, mas um contador de histórias. Durante 70 anos de carreira, seu trabalho transcendeu a simples captura de imagens, tornando-se uma ferramenta essencial na compreensão de momentos decisivos para o Brasil.

 

A lente do compromisso

         O fotojornalismo, como área profissional, exige mais do que a técnica fotográfica; exige comprometimento com a verdade e com a representação fiel dos fatos. Teixeira deixou isso bem claro durante toda a sua vida, ao se dedicar nesse trabalho durante um período de grandes transformações políticas e sociais, desde a ditadura militar até hoje.

         Suas fotos não apenas documentam, mas também provocam reflexões sobre o papel da imagem no campo jornalístico e no impacto de uma fotografia na construção da memória coletiva.

 

Passeata dos Cem Mil. Rio de Janeiro, 1968
Passeata dos Cem Mil. Rio de Janeiro, 1968. Reprodução: Acervo IMS

 

O início da jornada

         Natural da Bahia, de Irajuba, um povoado a 307 quilômetros de Salvador, saiu de sua terra para fotografar o Brasil. Em quase 70 anos de atividade, 47 deles no Jornal do Brasil, registrou o golpe de 1964 e as manifestações estudantis de 1968.

Ao longo da década de 1970, ele se tornou um dos principais fotógrafos da revista Realidade, uma das publicações mais inovadoras do período. Foi nesse momento que Evandro fotografou suas fotos mais conhecidas, em que aprendeu a trabalhar sob pressão, capturando a tensão e os conflitos da ditadura militar.

         Além de sua atuação no Brasil, Teixeira teve uma carreira internacional, cobrindo grandes eventos como a Revolução Nicaraguense (1979) e a guerra civil em El Salvador. Fotografou a Rainha Elizabeth e eternizou imagens icônicas de Ayrton Senna e Pelé. É difícil dissociar seu trabalho de qualquer evento no país que ocorreu durante a segunda metade do século XX.

Caça ao estudante. Sexta-feira Sangrenta. Rio de Janeiro, 1968
Caça ao estudante. Sexta-feira Sangrenta. Rio de Janeiro, 1968. Reprodução: Acervo IMS

 

O fotógrafo foi alvo de perseguição, sendo várias vezes ameaçado e perseguido pelos militares. Mesmo com os riscos, ele continuou a registrar a realidade do regime, contribuindo de maneira significativa para a memória histórica do período.

 

Legado e reconhecimento

O trabalho de Evandro Teixeira foi amplamente reconhecido, com exposições em museus e galerias ao redor do mundo. Ele também foi premiado diversas vezes por sua contribuição ao fotojornalismo, consolidando seu nome como um dos mais importantes do Brasil.

Em um dos seus maiores feitos, em 2013, Teixeira foi agraciado com o Prêmio Vladimir Herzog, uma das maiores honrarias da área, por sua contribuição ao jornalismo e ao combate à censura e à opressão.

Seu legado vai além das inúmeras fotos que tirou, mas uma documentação completa dos principais momentos do Brasil. Retratou lutas e vitórias de um povo em busca de liberdade e justiça Suas imagens retratam isso, não apenas registrar a realidade, mas também as emoções que a história carrega consigo. 

 

Novos dados do IBGE revelam como o êxodo rural transforma as paisagens do Brasil
por
Catharina Morais
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21/11/2024 - 12h

A manhã no Sítio São João - também conhecido como “a roça”-, em Muzambinho, Sul de Minas Gerais, começou lenta. O céu carregava nuvens espessas, como um teto cinza sobre a paisagem. A chuva fina deixava pequenas trilhas na terra vermelha, enquanto o aroma das folhas de café se misturava com o perfume de terra molhada. O mundo parecia suspenso num silêncio, quebrado apenas pelo sopro do vento e o canto tímido dos pássaros.

 

Sítio São João- por Catharina Morais
      Paisagem de Muzambinho, inteiror do Sul de Minas Gerais - por Catharina Morais


No horizonte, o verde dos cafeeiros se estendia como um tapete irregular. Urubus, com suas asas abertas, ficavam como vigilantes sobre aquele espaço amplo e quase intocado. Ali, a vida segue em um ritmo que parece imutável, mas, na realidade, carrega as marcas de profundas transformações. Dados recentes do Censo Demográfico do IBGE escancaram uma realidade em que o Brasil se afasta das zonas rurais, cada vez mais engolido pelas grandes cidades.
 

Sítio São João- por Catharina Morais
                     Urubus pousados na cerca do Sítio - por Catharina Morais

 

Divulgado em novembro de 2024, o Censo Demográfico 2022 aponta que, do total de 203,1 milhões de brasileiros, 177,5 milhões (87,4%) vivem em áreas urbanas, enquanto 25,6 milhões (12,6%) permanecem em áreas rurais. A nova metodologia do IBGE, que classifica as áreas de acordo com sua morfologia e funcionalidade, expõe um êxodo silencioso que esvazia espaços como o Sítio São João.  

 

Sítio São João- por Catharina Morais
      Vista do interior do cafezal no Sítio São João - por Catharina Morais 

 

Mas, ali, o tempo parece ter sua própria lógica, um compasso que desafia as pressões urbanas. O pé de café, despido após a colheita, parecia revigorado pela água que escorria lenta pelas folhas. Na simplicidade daquele lugar, o Brasil profundo ainda respirava, resistindo ao avanço do tempo. Cada cheiro, cada som, cada sombra projetada na terra carregava memórias de um passado que se recusa a desaparecer.  

 

 

Sítio São João- por Catharina Morais
             Plantação de café do Sítio São João - por Catharina Morais

Naquela região, a "mineirice" se revela em cada gesto, em cada palavra arrastada, no cuidado com a terra e nas memórias que ela preserva. A simplicidade do lugar ganha força na conexão íntima com a natureza. Ali, não se vê o vazio de um latifúndio sem alma, mas uma roça onde há harmonia de um espaço onde o trabalhador, dono da terra, é parte de sua essência.  
Mas o que é viver numa roça? No caso do Sítio São João, é a história de Carlinho Tuka e sua esposa, Terezinha, que respiram essa realidade desde que nasceram. Ela, natural de Monte Belo, cidade vizinha, nasceu na fazenda e cresceu trabalhando para a terra e cuidando da vida que ali florescia. Hoje, cultiva sua horta e cuida dos animais com carinho, como aprendeu desde a infância. Eles vivem com uma autonomia que mais de 170 milhões de brasileiros sequer imaginam.

 

Sítio São João- por Catharina Morais
Casa Principal do Sítio São João - por Catharina Morais


Enquanto muitos , moradores da “cidade grande”, temem as transformações do tempo e as exigências de um mundo moderno, ali, o silêncio esconde um outro tipo de vida. A conexão com a natureza e a noção do tempo, ditado pelo sol de cada dia, revelam uma existência que transcende o capitalismo voraz que domina as cidades e devastam os solos do Brasil.
Este agro não é Pop. Ele é Minas, é orgânico. Carlinho, com a pele marcada pelo sol e pelo trabalho árduo que faz desde os 13 anos, caminha entre os cafezais, mostrando suas conquistas. Plantas com 30, 40, até 50 anos de idade. Tradição que é herança de seu pai João, que antes vendia leite, mas se dedicou à colheita de café, transmitindo a cultura ao filho. 
 

Sítio São João- por Catharina Morais
    Paisagem e uma das casas do Sítio São João - por Catharina Morais

 

Hoje, com mais de 60 anos, Carlinho sente o peso do cansaço, mas seu amor pela roça permanece inabalável. A música 'Canção do Sal', de Milton Nascimento, preenche o ambiente de forma metafórica, marcando o ritmo de um trabalho que combina esforço físico e uma profunda entrega emocional: 'Trabalho o dia inteiro, pra vida de gente leve; Trabalhando o sal, é o amor, o suor que me sai'.
No Sítio São João, há silêncio, há céu preenchido por vida, há cheiro de mato e terra vermelha, há um mar verde que se estende à vista. A vida na roça segue como uma coreografia silenciosa: bois pedindo carinho enquanto ruminam sob o açude. Cada árvore de café, cada passo sobre a terra batida, carrega histórias que teimam em não ser esquecidas.

 

Sítio São João- por Catharina Morais
               Animais no pasto do Sítio São João - por Catharina Morais

 

O Brasil urbano cresce em números, mas o Brasil rural, com suas chuvas, seus silêncios e seus personagens, continua vivo. Mesmo em meio à industrialização e à degradação do agro, o Sítio São João mantém sua resistência silenciosa. Ele é um microuniverso mineiro, onde a simplicidade das paisagens e a profundidade dos silêncios escondem uma complexidade que o tempo não pode apagar. Afinal, enquanto houver chuva que cai, haverá vida. E enquanto houver vida, o Sítio São João continuará a ser o lar das histórias que persistem na memória da roça.

 

 

Sítio São João- por Catharina Morais
                Animais no pasto do Sítio São João - por Catharina Morais


 

Uma jornada imersiva em meio à riqueza cultural presente aos domingos na Av. Paulista
por
João Pedro Stracieri
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26/04/2024 - 12h

A Avenida Paulista, coração pulsante de São Paulo, muitas vezes é retratada como um amontoado de concreto e pressa. Mas, em meio ao ritmo frenético da metrópole, existe uma vibrante cena artística que desafia essa narrativa, especialmente aos domingos.

Os rostos dos artistas, marcados pelas histórias das ruas, transbordam emoção enquanto eles entregam suas almas à performance. Suas vozes e seus movimentos contam histórias de luta, esperança e superação, inspirando quem os observa a seguir seus sonhos e acreditar no poder transformador da arte.

 

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Forró, baião, xote... a música nordestina conquista o coração dos paulistanos - Foto: João Pedro Stracieri

 

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Com uma barba branca e histórias pra contar, esse talentoso sanfoneiro mostra sua conexão com a música nordestina - Foto: João Pedro Stracieri

 

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A voz de um povo ressoando na avenida mais famosa de São Paulo, emocionando o público e nos convidando a celebrar a diversidade cultural - Foto: João Pedro Stracieri 

 

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"toca in the night (stand by me) para a aniversariante do outro lado da rua" gritou um rapaz que assistia ao espetáculo da cantora - Foto: João Pedro Stracieri

 

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As cordas da guitarra dourada vibram ao ritmo da melodia que expressa o rock nacional
- Foto tirada: João Pedro Stracieri

 

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O som do violão e da voz vibrante do vocalista, um retrato da paixão pela música - Foto: João Pedro Stracieri 

 

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De um lado, a tranquilidade do baixista e, do outro, a explosão do gaiteiro - Foto: João Pedro Stracieri

 

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Os dançarinos de street dance desafiam a gravidade com a sua sincronia perfeita, retratando força, disciplina e a arte do movimento urbano - Foto: João Pedro Stracieri

 

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O talento individual se transforma em um espetáculo coletivo
- Foto: João Pedro Stracieri

 

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A energia do hip hop é amplificada quando você e seu parceiro de dança conquistam a multidão juntos - Foto: João Pedro Stracieri

 

 

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Ao final do dia, vemos um senhor dançarino contemplando com admiração uma geração mais jovem - Foto: João Pedro Stracieri

 

 

Pessoas de todas as idades descobrem que seus limites mudam, mas não acabam quando se divertem
por
Nicole Domingos
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26/04/2024 - 12h

Quando se é uma criança dizem que tudo é possível, uma frase que dita várias vezes para alguém tão novo tornar-se uma verdade mais que absoluta, pequenos seres humanos que fazem tudo sem medo e com grandes expectativas do que vem a seguir. Mas no processo de crescimento o “tudo é possível” se torna “será mesmo que consigo?” e a vontade de saber o que acontece no futuro é transformada no temor de viver o presente.

Nessa sequência de fotos será possível ver como as crianças, os pré-adolescentes e os adultos lidam com os momentos de diversão da sua vida. As fotografias se passam no Museu do Ipiranga, o lugar onde muitas famílias se reúnem para passar o domingo e ensinar seus filhos a andar de bicicleta. Durante a sequência das imagens vai ser observado pessoas, idades e desafios diferentes, e como cada idade consegue se divertir e aprender no mesmo lugar.

 

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Vendo o museu de dentro do carrinho, conhecendo pessoas, novos lugares e ansioso para ir atrás da expectativa de disparar livre por esse mundo desconhecido. Foto: Nicole Domingos.
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Pequenas crianças que estão desvendando o que é correr com as próprias pernas e conhecendo uma amostra da liberdade. Foto: Nicole Domingos.
3
Já um pouco maior vivendo a experiência de observar antes de sair andando de patinete por aí, até porque o perigo de se machucar já começou a fazer sentido. Foto: Nicole Domingos.
4
Jovens meninas que estão aprendendo novas formas de locomoção e vendo que é mais fácil e divertido andar de bicicleta do que apenas se deslocar correndo pelo museu. Foto: Nicole Domingos.
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Crescendo e aprendendo que se machucar é ruim e mesmo com segurança ainda é possível se divertir. Foto: Nicole Domingos.
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Adolescentes se colocando à disposição para aprender a andar de skate mesmo que seja difícil e estejam com medo de se machucar, o processo de se tornar adulto faz com que tenham mais coragem até conseguirem novas manobras. Foto: Nicole Domingos.
7
Um adulto que mesmo com suas preocupações ainda tem tempo para tentar e lembrar do seus tempos de que ainda era possível se arriscar. Foto: Nicole Domingos.
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Se preparando para levantar depois de cair, porque depois que cresce sabe que não é o fim do mundo. Foto: Nicole Domingos.
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Tentativa e erro é válido principalmente para adultos, quando se conquista a criança interior lembra-se de que é possível voar. Foto: Nicole Domingos.

 

Um domingo dedicado à vida de bairro, entre o mercado local de Santa Cecília e as pessoas do bairro de Vila Buarque
por
Roberta Rummolo
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26/04/2024 - 12h

Num mundo em que a rapidez é a ordem do dia, a necessidade de ter tudo imediatamente leva a um uso desmedido dos aplicativos para pedir e receber em casa, em poucos minutos, o que se deseja. Certamente conveniente e rápido, mas ao custo caro da quase total perda das interações humanas.

Convido você a passar um dia com os trabalhadores que animam o domingo, aqueles que esperam pacientemente e as pessoas, amigos e encontros casuais do meu bairro.

Muitas vezes, não vemos a pessoa diante de nós e damos por garantido que o serviço oferecido seja devido, perdendo assim de vista a humanidade do trabalhador ou da pessoa em questão. Meu convite é valorizar a pessoa diante de você, vê-la como ser humano, trocar um sorriso, uma gentileza e talvez até uma conversa. Não custa nada!

Você já teve um simples encontro ou um sorriso que mudou o rumo do seu dia?


Este senhor passa o domingo na saída do minhocão, à sombra de uma árvore verificando e esperando que alguém lhe peça informações. Encontrei-me com ele para pedir uma informação simples, conversamos por cerca de vinte minutos!
Este senhor passa o domingo na saída do minhocão, à sombra de uma árvore verificando e esperando que alguém lhe peça informações.
Encontrei-me com ele para pedir uma informação simples, conversamos por cerca de vinte minutos! - Foto: Roberta Rummolo

 

Joel trabalha dia sim, dia não no estacionamento perto da minha casa, sempre troca um sorriso e um desejo de bom dia
Joel trabalha dia sim, dia não no estacionamento perto da minha casa, sempre troca um sorriso e um desejo de bom dia. - Foto: Roberta Rummolo

 

Quando tudo está com pressa, é quase raro parar e aproveitar o tempo
Quando tudo está com pressa, é quase raro parar e aproveitar o tempo. - Foto: Roberta Rummolo

 

Assim que perguntei a este senhor se poderia fotografá-lo, ele sorriu e me disse apenas uma condição: exibir sua fruta.
Assim que perguntei a este senhor se poderia fotografá-lo, ele sorriu e me disse apenas uma condição: exibir sua fruta. - Foto: Roberta Rummolo

 

Geralmente tem sempre uma série de caras com ele conversando, saindo e esperando.
Geralmente tem sempre uma série de caras com ele conversando, saindo e esperando. - Foto: Roberta Rummolo

 

 

Gabi se dedica à sua loja cuidando de cada detalhe. Ela é sempre uma senhora tão gentil!
Gabi se dedica à sua loja cuidando de cada detalhe. Ela é sempre uma senhora tão gentil! - Foto: Roberta Rummolo

 

Ela é uma mulher externamente séria e sempre focada em seu trabalho. Assim que você a cumprimenta, ela se vira e sorri de uma forma extremamente doce.
Ela é uma mulher externamente séria e sempre focada em seu trabalho. Assim que você a cumprimenta, ela se vira e sorri de uma forma extremamente doce. - Foto: Roberta Rummolo

 

Miguel está sempre sentado no mesmo banquinho depois de um dia de trabalho, ouvindo música e conversando!
Miguel está sempre sentado no mesmo banquinho depois de um dia de trabalho, ouvindo música e conversando! - Foto: Roberta Rummolo

 

 

Enquanto eu tirava uma foto do Miguel, esses dois caras me chamaram e apenas sorriram!
Enquanto eu tirava uma foto do Miguel, esses dois caras me chamaram e apenas sorriram! - Foto: Roberta Rummolo
O que o Beco do Batman, um dos lugares mais descolados de São Paulo, tem a nos dizer?
por
Matheus Henrique
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02/05/2024 - 12h

Em uma metrópole claramente estratificada, como São Paulo, espaços como o Beco do Batman merecem ser celebrados. O lugar celebra o grafite, que comumente foi associado à cultura periférica e decorrente disso aliada a uma visão ignorante e preconceituosa se entendia essa expressão artística como marginal, enfrentando inúmeras lutas para ser reconhecido como arte legítima. Hoje, o Beco do Batman é um dos grandes cartões postais da capital paulista e atrai um diversificado público, destacando a efervescência cultural que o local oferece.

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Estrangeira posa para foto em frente a um dos murais - Foto: Matheus Henrique
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Arte em muro - Foto: Matheus Henrique
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Cores vibrantes, formas fluidas e padrões intricados - Foto: Matheus Henrique

 

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Sorriso radiante em meio à expressão urbana da cidade - Foto: Matheus Henrique

 

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Expressões de uma poderosa e rica cultura transferidas para o mural - Foto: Matheus Henrique

 

Localizado no coração da Vila Madalena, as vielas e becos grafitados contam histórias, que podem ser tanto questões políticas atuais quanto homenagens a super-heróis, onde o banal e o relevante se encontram e dividem o mesmo muro. Além de ser um ambiente para arte, é onde também você pode encontrar sua "tribo" e aproveitar o espaço para fazer um "happy hour" em um dos bares do beco, ou apoiar o comércio local, que vende desde bijuterias até roupas.

 

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@sampaovest e o comercio do Beco do Batman - Foto: Matheus Henrique
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Arte em detalhes: O processo de montagem de uma bijuteria por um dos comerciantes locais - Foto: Matheus Henrique
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@sampaovest posa para foto ao lado de suas criações - Foto: Matheus Henrique
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Um espaço para relaxar e descontrair - Foto: Matheus Henrique

 

O espaço vai além de ser apenas um ponto turístico; ele é um reflexo da diversidade e da criatividade da cidade, estampadas tanto nas paredes quanto nas pessoas que o frequentam.

 

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Onde as artes de rua se encontram - Foto: Matheus Henrique

 

Farol Santander traz exposição nunca antes vista na américa do sul
por
Pedro Amancio Camargo Netto
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26/04/2024 - 12h

O farol Santander, em colaboração com o Ministério da Cultura, apresenta a exposição “Yoshitaka Amano – para além da imaginação”. Nascido no Japão em 1952, Amano é um artista múltiplo, atuando como designer, figurinista, ilustrador, ganhou evidência mundial por suas ilustrações de Vampire Hunter D, além de logos para serie de videogames, principalmente a série de jogos do Final Fantasy, além da inovadora e emblemática capa de revista de moda Vogue.

Seu trabalho é particular, colorido e preciso e tem forte influência dos movimentos art-nouveau, surrealismo e pop art, o que traz ao grande público um particular encantamento visual. Ganhador de inúmeros prêmios internacionais esta é sua primeira exposição na América do Sul.

1
Vampire Huter D Dark Nocturne / Créditos: Pedro Amancio
2
Heroes S-11 / Créditos: Pedro Amancio
3
The Shape of the Water / Créditos: Pedro Amancio
4
Superman / Créditos: Pedro Amancio
5
Batman / Créditos: Pedro Amancio
6
Candy Girl S-148, Candy Girl S-125, Candy Girl S-122, Candy Girl S-219, Candy Girl S-99 / Créditos: Pedro Amancio 
7
Candy girl M-14 / Créditos: Pedro Amancio
8
In the Forest / Créditos: Pedro Amancio