Do pastelzinho com caldo de cana à hora da xepa, as feiras livres fazem parte do cotidiano paulista de domingo a domingo.
por
Manuela Dias
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29/11/2025 - 12h

Por décadas, São Paulo acorda cedo ao som de barracas sendo montadas, caminhões descarregando frutas e vendedores afinando o gogó para anunciar promoções. De norte a sul, as feiras livres desenham um dos cenários mais afetivos da vida paulistana. Não é apenas o lugar onde se compra comida fresca: é onde se conversa, se briga pelo preço, se prova um pedacinho de melancia e se encontra o vizinho que você só vê ali, entre uma dúzia de banana e um pé de alface.

Juca Alves, de 40 anos, conta que vende frutas há 28 anos na zona norte de São Paulo e brinca que o relógio dele funciona diferente. “Minha rotina é a mesma todos os dias. Meu dia começa quando a cidade ainda está dormindo. Se eu bobear, o morango acorda antes de mim”.

Nas bancas de comida, o pastel é rei. “Se não tiver barulho de óleo estalando e alguém gritando não tem graça”, afirma dona Sônia, pasteleira há 19 anos junto com o marido e filhos. “Minha família cresceu ao redor de panelas de óleo e montes de pastéis. E eu fico muito realizada com isso.  

Quando o relógio se aproxima do meio dia, começa o momento mais esperado por parte do público: a famosa xepa. É quando o preço cai e a disputa aumenta. Em uma cidade acelerada como São Paulo, a feira livre funciona como uma pausa afetiva, um lembrete de que existe vida fora do concreto. E enquanto houver paulistanos dispostos a acordar cedo por um pastel quentinho e uma conversa boa, as feiras continuarão firmes, coloridas, barulhentas e deliciosamente caóticas.

Os cartazes com preços vão mudando conforme o dia.
Os cartazes com preços vão mudando conforme o dia. Foto: Manuela Dias/AGEMT
Vermelha, doce e gigante: a melancia é o coração das bancas nas feiras paulistanas.
Vermelha, doce e gigante: a melancia é o coração das bancas nas feiras paulistanas. Foto: Manuela Dias/AGEMT
A dupla que move a feira da Zona Norte de São Paulo.
A dupla que move a feira da Zona Norte de São Paulo. Foto: Manuela Dias/AGEMT
Entre frutas e verduras um respiro delicado: o corredor das flores.
Entre frutas e verduras um respiro delicado: o corredor das flores. Foto: Manuela Dias/AGEMT

 

Apresentação exclusiva acontece no dia 7 de setembro, no Palco Mundo
por
Jalile Elias
Lais Romagnoli
Marcela Rocha
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26/11/2025 - 12h

Elton John está de volta ao Brasil em uma única apresentação que promete marcar a edição de 2026 do Rock in Rio. O festival confirmou o britânico como atração principal do dia 7 de setembro, abrindo a divulgação do line-up com um dos nomes mais celebrados da música mundial.

A presença de Elton carrega um peso especial. Em 2023, o artista anunciou que deixaria as grandes turnês para ficar mais perto da família. Por isso, sua performance no Rock in Rio será a única na América Latina, transformando o show em um momento raro para os fãs de todo o continente.

Em um vídeo publicado na terça-feira (25) nas redes sociais, Elton John revelou o motivo para ter aceitado o convite de realizar o show em solo brasileiro. “A razão é que eu não vim ao Rio na turnê ‘Farewell Yellow Brick Road’, e eu senti que decepcionei muitos dos meus fãs brasileiros. Então, eu quero compensar isso”, explicou o britânico.

No mesmo dia de festival, outro grande nome da música sobe ao Palco Mundo: Gilberto Gil. Em clima de despedida com a turnê Tempo-Rei, que termina em março de 2026, o encontro dos dois artistas lendários torna a programação do festival ainda mais especial. 

Gilberto Gil se apresentará no Palco Mundo do Rock in Rio 2026 (Foto: Reprodução / Facebook Gilberto Gil)
Gilberto Gil se apresentará no Palco Mundo do Rock in Rio 2026 (Foto: Divulgação)

Além das atrações, o Rock in Rio prepara mudanças importantes na Cidade do Rock. O Palco Mundo, símbolo do festival, será completamente revestido de painéis de LED, somando 2.400 metros quadrados de tecnologia. A ideia é ampliar a imersão visual e criar novas possibilidades para os artistas.

A próxima edição também terá uma homenagem especial à Bossa Nova e um benefício pensado diretamente para o público, em que cada visitante poderá receber até 100% do valor do ingresso de volta em bônus, podendo ser usado em hotéis, gastronomia e experiências turísticas durante a estadia na cidade.

O Rock in Rio 2026 acontece nos dias 4, 5, 6, 7 e 11, 12 e 13 de setembro, no Parque Olímpico, no Rio de Janeiro. A venda geral dos ingressos começa em 9 de dezembro, às 19h, enquanto membros do Rock in Rio Club terão acesso à pré-venda a partir do dia 4, no mesmo horário.

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A socialite continuou tendo sua moral julgada no tribunal, mesmo após ter sido assassinada pelo companheiro
por
Lais Romagnoli
Marcela Rocha
Jalile Elias
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26/11/2025 - 12h
Marjorie Estiano interpreta Ângela Diniz. Foto: Divulgação
Marjorie Estiano interpreta Ângela Diniz em nova série. Foto: Reprodução/Divulgação HBO Max

Figurinha carimbada nas colunas sociais da época, Ângela Diniz virou capa das manchetes policiais após ser morta a tiros pelo então namorado, Doca Street. O feminicídio que marcou o país na década de 1970 ganha agora um novo olhar na série da HBO Ângela Diniz: Assassinada e Condenada.

Na produção, Marjorie Estiano interpreta a protagonista, enquanto Emilio Dantas assume o papel de Doca. O elenco ainda conta com Thelmo Fernandes, Maria Volpe, Renata Gaspar, Yara de Novaes e Tóia Ferraz.

Sob direção de Andrucha Waddington, a série se inspira no podcast A Praia dos Ossos, de Branca Viana. A obra, que leva o nome da praia onde o crime ocorreu, reconstrói não apenas o caso, mas também o apagamento em torno da própria vítima. Depoimentos de amigas de Ângela, silenciadas à época, servem como ponto de partida para revelar quem ela realmente era.

Seja pela beleza ou pela independência, a mineira chamava atenção por onde passava. Já os relatos sobre Doca eram marcados pelo ciúme obsessivo do empresário. O casal passava a véspera da virada de 1977 em Búzios quando, ao tentar pôr fim à relação, Ângela foi assassinada pelo companheiro.

Por dias, o criminoso permaneceu foragido, até que sua primeira aparição foi numa entrevista à televisão; logo depois, ele se entregou à polícia. Foram necessários mais de dois anos desde o assassinato para que Doca se sentasse no banco dos réus, num julgamento que se tornaria símbolo da luta contra a violência de gênero.

Marjorie Estiano interpreta Ângela Diniz, , enquanto Emilio Dantas assume o papel de Doca. Foto: Divulgação
Marjorie Estiano interpreta Ângela Diniz, enquanto Emilio Dantas assume o papel de Doca. Foto: Reprodução/Divulgação HBO Max

As atitudes, roupas e relações de Ângela foram usadas pela defesa como supostas “provocações” que teriam motivado o crime. Foi nesse episódio que Carlos Drummond de Andrade escreveu: “Aquela moça continua sendo assassinada todos os dias e de diferentes maneiras”.

Os advogados do réu recorreram à tese da “legítima defesa da honra” — proibida somente em 2023 pelo STF — numa tentativa de inocentá-lo. O argumento foi aceito pelo júri, e Doca recebeu pena de apenas dois anos de prisão, sentença que gerou revolta e fortaleceu movimentos feministas da época.

Sob forte pressão popular, um segundo julgamento foi realizado. Nele, Doca foi condenado a 15 anos, dos quais cumpriu cerca de três em regime fechado e dois em semiaberto. Em 2020, ele morreu aos 86 anos, em decorrência de um ataque cardíaco.

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Exposição reúne obras que exploram o inconsciente e a natureza como caminhos simbólicos de cura
por
KHADIJAH CALIL
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25/11/2025 - 12h

A Pinacoteca Benedicto Calixto, em Santos, apresenta de 14 de novembro a 14 de dezembro de 2025 a exposição “Bosque Mítico: Katia Canton e a Cura pela Arte”, que reúne um conjunto expressivo de pinturas, desenhos, cerâmicas, tapeçarias e azulejos da artista, sob curadoria de Carlos Zibel e Antonio Carlos Cavalcanti Filho. A Fundação que sedia a mostra está localizada no imóvel conhecido como Casarão Branco do Boqueirão em Santos, um exemplar da época áurea do café no Brasil. 

Ao revisitar o bosque dos contos de fadas como metáfora de transformação interior, Katia Canton revela o processo criativo como gesto de cura, reconstrução e transcendência.
 

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       “Casinha amarela com laranja” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.

 

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                 “Chapeuzinho triste” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.
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                 “O estrangeiro” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.         
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                                                            “Menina e pássaro” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.
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                                                     “Duas casinhas numa ilha” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.
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                                                             “Os sete gatinhos” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.
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                                                                         “Floresta” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.

 

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Festival celebra os três anos de existência com homenagem ao pensamento de Frantz Fanon e a imaginação radical da cultura periférica
por
Marcela Rocha
Jalile Elias
Isabelle Maieru
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25/11/2025 - 12h

Reconhecido como um dos principais espaços da cultura periférica em São Paulo, o Museu das Favelas completa três anos de atividades no mês de novembro. Para comemorar, a instituição elaborou uma programação especial gratuita que combina memória, arte periférica e reflexão crítica.

Segundo o governo do Estado, o Museu das Favelas já recebeu mais de 100 mil visitantes desde sua fundação em 2022. Localizado no Pátio do Colégio, a abertura da agenda de aniversário ocorre nesta terça-feira (25) com a mostra “ImaginaÇÃO Radical: 100 anos de Frantz Fanon”, dedicada ao médico e filósofo político martinicano.

Fachada do Museu das Favelas. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Fachada do Museu das Favelas. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Autor de “Os condenados da terra” e “Pele negra, máscaras brancas”, Fanon contribuiu para a análise dos efeitos psicológicos do colonialismo, considerando algumas abordagens da psiquiatria e psicologia ineficazes para o tratamento de pessoas racializadas. A exposição em sua homenagem ficará em cartaz até 24 de maio de 2026.

Ainda nos dias 25 e 26 deste mês, o festival oferecerá o ciclo “Papo Reto” com debates entre intelectuais francófonos e brasileiros, em parceria com o Instituto Francês e a Festa Literária das Periferias (Flup). A programação continua no dia 27 com a visita "Abrindo Fluxos da Imaginação Radical”. 

Em 28 de novembro, o projeto “Baile tá On!” promove uma conversa com o artista JXNV$. Já no dia 29, será inaugurada a sala expositiva “Esperançar”, que apresenta arte e tecnologia como forma de mapear territórios periféricos.

O encerramento do festival será no dia 30 de novembro com a programação “Favela é Giro”, que ocupa o Largo Pátio do Colégio com DJs e performances culturais.

 

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Principal cidade do país, São Paulo apresenta aspectos dualísticos entre o progresso e falta de expressão
por
Renan Barcellos
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05/05/2023 - 12h

Marcada por inúmeras contradições, a cidade de São Paulo é a principal potência econômica do país, fazendo com que constantes investimentos sejam realizados anualmente não só para a manutenção do seu caráter desenvolvimentista, bem como para a sua expansão. Todavia, parte da população observa essa conjuntura como fator responsável pela perda de identidade e falta de expressão, causando o sentimento de invisibilidade perante a sua vida em São Paulo. A construção de obras colossais, focadas em tonalidades cinzas, que não reflete a realidade da maioria da população, faz com que diversas intervenções anônimas ocorram nessas obras, buscando existir em meio a uma cidade dominada pelo cinza.

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Construção de um mural realizado através de materiais recicláveis, no Minhocão, centro de São Paulo 
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Bar localizado no centro de São Paulo, mostrando uma perspectiva artística mais ligado a uma tentativa comercial de diferenciação do resto da estrutura arquitetônica Paulista 
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Complemento entre a falta de expressão com outros questões sociais frequentes de São Paulo, como a falta de saneamento e meios de proteção contra o frio 
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Presença de Tags e Stickers realizados em espaços públicos são corriqueiros como forma de sentir presente na cidade
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Prédio comercial abandonado apropriado pelo grupo de pichadores OS MAIS IMUNDOS

 

Especialista assimila sucesso da Bachir ao histórico da imigração em São Paulo
por
Annanda Deusdará dos Santos
João Curi
Nanda Querne
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03/05/2023 - 12h

 

Fachada da sorveteria Bachir, com clientes ocupando o interior da loja e quatro bancos de madeira vazios na entrada.
Fachada da sorveteria Bachir, em Moema, zona sul de São Paulo. (Foto: Nazaré Silva)

Chegaram ao país em 1871. Aos montes. Nove anos depois, já estavam em São Paulo. Bem no Centro, nos arredores da rua 25 de Março. Levantaram casas, comércios, como se fossem bandeiras. Somaram as suas às demais árabes que já estavam hasteadas quando vieram.

Enxergaram na demanda comercial a oportunidade que o trabalho nas terras não oferecia. Vieram por conta própria e trabalhavam da mesma forma. Suas veias culturais pulsaram as heranças até a zona sul. Não é difícil encontrá-los. Estão em toda parte, do Brás ao Paraíso. E não fecharam as portas.

Principalmente no século XX, a comunidade árabe encontrou na capital paulista os tecidos que remendariam suas vidas. Costuraram-se oficialmente na 25 de Março: nas placas das ruas ao seu redor, na data. Conforme avançavam as décadas, a presença sírio-libanesa contribuiu para além do comércio, com influências culturais sobre a indústria, a política, as artes, o Direito, a educação, a gastronomia, dentre outras vertentes da identidade brasileira.

A Bachir é uma sorveteria que te transporta ao Líbano. Com filas quilométricas, seus sabores típicos e tradicionais são um grande atrativo à comunidade sírio-libanesa no bairro de Moema, na zona sul de São Paulo. A aveludez do creme Ashta com a textura do pistache iraniano reforça a lembrança dos imigrantes e fortalece o vínculo com as raízes árabes através do paladar.

Fachada da Igreja Nossa Senhora do Líbano, com abrangência das escadas da entrada e de parte da rua em que está situada (como prédios vizinhos e sinalizações de trânsito).
Fachada da Igreja Nossa Senhora do Líbano, na Zona Central de São Paulo. (Foto: Dornicke)

 

Segundo a mestre em Estudos Árabes pela Universidade de São Paulo (USP), Juliana Mouawad Khouri, a Bachir é um lugar de memória. "É um local que, para aqueles distantes das suas raízes, lembram dos seus avós”, explica. “As pessoas gostam de manter esses espaços como contato das suas origens".  

A localização da sorveteria em Moema é estratégica. É um dos bairros de maior concentração da comunidade sírio-libanesa. Após adquirirem maior poder aquisitivo por meio do comércio, alguns descendentes se estabeleceram em bairros mais elitizados, como Paraíso, Vila Mariana e Planalto Paulista. “Temos a Igreja Maronita, tem também a Catedral Melquita no Paraíso”, aponta Khouri. “Além de restaurantes, clubes como o Club Homs, no Jardins". 

A comunidade árabe foi fundamental no primeiro contato que os imigrantes tiveram com o país. O fato de falarem a mesma língua e de terem jornais escritos nela fizeram com que se sentissem acolhidos. As decisões políticas também eram discutidas nesse âmbito, o que motivou o ingresso, principalmente de libaneses, no setor e sucedeu ao êxito de ocupar cargos de alto escalão no governo brasileiro, como é o caso das famílias Temer, Haddad, Maluf, dentre outras com destaque no cenário nacional.

A concepção que os comerciantes tinham era que seus filhos precisavam seguir no comércio, no Direito ou na Medicina, um fator que explica a expressividade de libaneses e seus descendentes nessas áreas. 

O diretor-geral do Centro de Oncologia do Hospital Oswaldo Cruz, Dr. Riad Naim Younes, imigrou para o Brasil quando tinha dezesseis anos, por efeito da guerra civil no Líbano (1975-1990). Apesar das dificuldades com o idioma e a preocupação com as notícias de seu país-natal, o apoio da comunidade foi decisivo para que se sentisse acolhido. “Como qualquer árabe que acaba de chegar [ao Brasil], todos falavam bem o árabe e mal o português, então você consegue conversar e entende o que está acontecendo no Líbano”, compartilha. “Foi onde a parte social da minha vida ficou mais intensa”.

Nesse âmbito, nota-se que os centros culturais foram de extrema importância para a inserção dos imigrantes árabes. Ao sediar e promover atividades religiosas, como a celebração do fim do Ramadã e o “Dia do Sacrifício”, há maior integração entre os membros da comunidade e reforça-se o sentimento de familiaridade com suas raízes. “Essa parte cultural não é confinada à comunidade muçulmana”, destaca Younes. “A gente vai lá [nos centros culturais] assistir a palestras, cursos sobre a literatura, ciência e história dos países árabes e do Brasil”.

Diante disso, a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira está envolvida em projetos para manter viva a cultura e a história dos imigrantes libaneses. Younes, que também é vice-presidente da instituição, relata que existe uma parceria com universidades libanesas para documentar esse processo migratório. Até o momento, a iniciativa já catalogou 150 mil documentações entre os dois países.

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Arte urbana invade grandes prédios, desconstruindo a seriedade da cidade paulistana
por
Yasmin Solon
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05/05/2023 - 12h

São Paulo é caracterizada principalmente pelos arranha-céus que servem de telas para a arte, resultando uma arte urbana. Representada de várias formas, o grafite é comum nas grandes avenidas da cidade. Esses estão localizados no Minhocão, Zona Oeste de São Paulo, local de lazer aos finais de semana e trânsito intenso nos dias úteis. 

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Prédio Banespa visto do Minhocão

 

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Grafite de Leão e Hanna
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Grafite de @Pardalone
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Grafite na calçada da Avenida Amaral Gurgel
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Fim de tarde de um domingo no Minhocão fechado para lazer
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Grafite de André Hullk
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Grafite Minhocão
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Grafite Minhocão

 

Enquanto os games são um sucesso, o gênero de super-heróis enfrenta queda na bilheteria
por
Gabriel Cordeiro
Lucas Lopes
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02/05/2023 - 12h

Por Gabriel Cordeiro e Lucas Lopes

No último mês de abril a Universal Pictures, em parceria com a empresa japonesa Nintendo, realizou o lançamento da adaptação para os cinemas do clássico jogo Super Mario Bros, com o filme de mesmo nome, com alta produção de animação e um elenco de dubladores bem famosos para o público, com Jack Black (Escola do Rock), Anya Taylor-Joy (O Gambito da Rainha) e Chris Pratt (Guardiões da Galaxia). E a recepção foi muito boa, alcançando números muito altos em pouco tempo, sendo o primeiro filme a adaptar um videogame batendo a casa de 1 bilhão de dólares e se tornando a maior bilheteria do ano superando outros grandes lançamentos como Homem Formiga e a Vespa Quantumania e Shazam: Furia dos Deuses.

O filme em si conta com diversas referências e desperta a nostalgia do público, com um enredo simples, mas que consegue ser cativante pelo apreço aos já conhecidos personagens. “Foi incrível, saí da sala de cinema e fui direto tentar ligar o videogame para jogar de novo”, diz Gustavo Payao, 18 anos, que assistiu ao longa, em entrevista para a AGEMT. “Eu não sabia que o filme ia ser lançado até ver as propagandas no metrô, me animei, resolvi assistir e não me arrependi em nada", acrescenta.  

"Todo o universo e os pequenos detalhes foram muito bem adaptados, as músicas, os personagens estavam todos muito bem representados e caracterizados, um banho de nostalgia muito legal” continuou Gustavo que também falou algo interessante sobre o público presente: “E tinham muitos jovens e adultos na sessão, diferente das animações padrões em que se predomina crianças, muita gente foi relembrar o clássico jogo que marcou as gerações anteriores”.

Super Mario Bros. O Filme

Cena do filme Super Mario Bros. Divulgação: Universal Studios

O sucesso do filme da Universal Studios foi a coroação das recentes adaptações de games para outras mídias, com as recentes boas bilheterias de Uncharted (filme baseado no jogo de mesmo nome) e dos dois filmes baseados no personagem clássico Sonic, também nos streamings a série da HBO Max The Last of Us (baseada no jogo de mesmo nome) também foi um grande sucesso de audiência, batendo recordes da plataforma e recebendo elogios pela boa adaptação, trazendo até mais profundidade para alguns temas e explorando histórias que o próprio jogo não conseguiu explorar.

Enquanto o formato, baseado em jogo, está crescendo, os filmes baseados em histórias de super-heróis passam por uma crise nunca antes vista, com os lançamentos deste ano tendo recordes negativos, Shazam: Furia dos Deuses gerou um prejuízo de mais de 150 milhões de dólares para a Warner Bros e Homem Formiga e a Vespa Quantumania tendo a maior queda de audiência já vista nos filmes do MCU (Marvel Cinematic Universe) e sendo também a sequência menos lucrativa desde Homem de Ferro 2 (2010).

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Imagem de Homem Formiga e a Vespa: Quantumania. Foto: Divulgação Marvel Studios

Mas não é de hoje que esses problemas vêm se mostrando: a “formula Marvel” já mostrava sinais de que estava saturada para o público desde a sequencia Doutor Estranho no Multiverso da Loucura”, “Thor: Amor e Trovão” e “Pantera Negra: Wakanda Para Sempre” não atingindo a casa do bilhão na arrecadação internacional, algo que antes era comum para as produções da Marvel. 

Para Guilherme Sansone, 18 anos, fã assíduo e que assistiu a todas as produções do MCU, "grande parte do porquê da queda recente vem devido as falhas de designs e pós-produção, somados ao mau uso dos efeitos especiais. Além disso, os enredos estão previsíveis e entediantes, com um claro desgaste da tradicional “formula Marvel”, além da ausência de importância para o filme como algo individual, com todos sempre parecendo apenas mais uma engrenagem para a grande maquina, que seria um outro grande evento como Vingadores: Guerra Infinita ou Homem Aranha: Sem Volta para Casa”.

E a perspectiva não é de melhora, com o próximo lançamento Guardiões da Galaxia 3 tendo a previsão de arrecadação no Box Office Pro não passando dos 300 milhões , o gênero de super-heróis precisa urgentemente de uma novidade, caso contrário a tendência é de que cada vez mais se perca o interesse do público.

 

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A chegada do Grime e a mistura das culturas dentro do Brasil
por
Rodolfo Dias
José Pedro dos Santos
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02/05/2023 - 12h

No podcast dessa semana falamos sobre a ascensão do Grime, um estilo underground proveniente do Reino Unido, tendo origem dentro de gêneros eletrônicos como o UK Garage e o Jungle, misturando a música eletrônica, muito popular na cultura de rua europeia junto ao hip-hop, contando com grandes nomes como Skepta, Stormzy, Aj Tracey e Slowthai, que mistura Grime com a cultura punk.

No Brasil o começo do Grime é um assunto complicado, em entrevista ao RAPTV, disponível no Youtube, Vandal afirma ter produzido o primeiro Grime Br em 2007, em uma mixtape disponível no soundclound, Emicida afirmou no podcast PodPah que tinha intenção de fazer uma mixtape de Grime em 2004, porém foi entre 2018 e 2019 que a cena do rap br começou a ver os primeiros experimentos no gênero.

Com a explosão do Drill na Europa, os brasileiros começaram a olhar mais para o que as produções não estadunidenses estavam fazendo, nesse contexto que surgem o programa Brasil Grime Show e o álbum Brime!. O Brasil Grime Show começou em 2019 no Youtube e se inspira na cultura de rádio pirata do Reino Unido, como a Pyro Radio, referência em Grime Shows, programas curtos onde o MC rima dentro das batidas rápidas do Grime e do Jungle mantendo seu Flow com as mudanças dentro do Beat e os Rewinds, que são retornos nos beats que ocorrem quando o Mc cria um momento especial ou erra.

SD o fenomeno
SD9  foto: Eduardo Santana

Um dos Mc’s de Grime que mais estouraram na cena brasileira através do BGS foi o carioca SD9, conhecido como “o Fenômeno”, SD já fez diversas aparições no programa e afirma que o seu episódio com o MC paulista Fleezus é o melhor no formato Grime, pois ambos passaram muito tempo estudando a estrutura e as formas além de serem caras que se consideram MC’s de Grime. Dentro da vertente do hip hop brasileiro é comum os produtores colocarem referências brasileiras nas batidas, como o Funk, SD por exemplo utiliza muito a estética do Funk Proibidão, tendo até mesmo feito uma música e um episódio do Brasil Grime Show com o Mc Smith, conhecido MC de proibidão.

O outro grande evento dentro do Grime foi a “explosão” do álbum BRIME! lançado em 2020 como um álbum do produtor CESRV com Fleezus e Febem, o trabalho foi feito durante a viagem dos três para Londres. Com seis músicas, o álbum fala sobre a diferença das realidades, amor e as vivências do Brasil e de Londres. Na produção o álbum conta com Grime, Afrobeat, dancehall e funk brasileiro, pois segundo eles, "a ideia era fazer algo que fosse diferente do que os gringos já faziam, porque não daria para chegar lá e repetir o que os caras fazem".

            Outra coisa que os paulistas Fleezus e Febem trouxeram à tona foi o Sportlife, estilo de moda que opta por algo mais casual e dentro das vivências das ruas, trazendo as camisas de time, os conjuntos sport e tracksuits, itens de streetwear e dos bailes funk. Após a música UEFA e seu clipe, a estética do sportlife ficou conhecida pela cena e começou a ser aclamada e respeitada por diversos artistas. Ouça a nossa playlist  no Spotify para saber mais sobre o grime e ouvir as referencias da nossa matéria: 

 

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