Do pastelzinho com caldo de cana à hora da xepa, as feiras livres fazem parte do cotidiano paulista de domingo a domingo.
por
Manuela Dias
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29/11/2025 - 12h

Por décadas, São Paulo acorda cedo ao som de barracas sendo montadas, caminhões descarregando frutas e vendedores afinando o gogó para anunciar promoções. De norte a sul, as feiras livres desenham um dos cenários mais afetivos da vida paulistana. Não é apenas o lugar onde se compra comida fresca: é onde se conversa, se briga pelo preço, se prova um pedacinho de melancia e se encontra o vizinho que você só vê ali, entre uma dúzia de banana e um pé de alface.

Juca Alves, de 40 anos, conta que vende frutas há 28 anos na zona norte de São Paulo e brinca que o relógio dele funciona diferente. “Minha rotina é a mesma todos os dias. Meu dia começa quando a cidade ainda está dormindo. Se eu bobear, o morango acorda antes de mim”.

Nas bancas de comida, o pastel é rei. “Se não tiver barulho de óleo estalando e alguém gritando não tem graça”, afirma dona Sônia, pasteleira há 19 anos junto com o marido e filhos. “Minha família cresceu ao redor de panelas de óleo e montes de pastéis. E eu fico muito realizada com isso.  

Quando o relógio se aproxima do meio dia, começa o momento mais esperado por parte do público: a famosa xepa. É quando o preço cai e a disputa aumenta. Em uma cidade acelerada como São Paulo, a feira livre funciona como uma pausa afetiva, um lembrete de que existe vida fora do concreto. E enquanto houver paulistanos dispostos a acordar cedo por um pastel quentinho e uma conversa boa, as feiras continuarão firmes, coloridas, barulhentas e deliciosamente caóticas.

Os cartazes com preços vão mudando conforme o dia.
Os cartazes com preços vão mudando conforme o dia. Foto: Manuela Dias/AGEMT
Vermelha, doce e gigante: a melancia é o coração das bancas nas feiras paulistanas.
Vermelha, doce e gigante: a melancia é o coração das bancas nas feiras paulistanas. Foto: Manuela Dias/AGEMT
A dupla que move a feira da Zona Norte de São Paulo.
A dupla que move a feira da Zona Norte de São Paulo. Foto: Manuela Dias/AGEMT
Entre frutas e verduras um respiro delicado: o corredor das flores.
Entre frutas e verduras um respiro delicado: o corredor das flores. Foto: Manuela Dias/AGEMT

 

Apresentação exclusiva acontece no dia 7 de setembro, no Palco Mundo
por
Jalile Elias
Lais Romagnoli
Marcela Rocha
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26/11/2025 - 12h

Elton John está de volta ao Brasil em uma única apresentação que promete marcar a edição de 2026 do Rock in Rio. O festival confirmou o britânico como atração principal do dia 7 de setembro, abrindo a divulgação do line-up com um dos nomes mais celebrados da música mundial.

A presença de Elton carrega um peso especial. Em 2023, o artista anunciou que deixaria as grandes turnês para ficar mais perto da família. Por isso, sua performance no Rock in Rio será a única na América Latina, transformando o show em um momento raro para os fãs de todo o continente.

Em um vídeo publicado na terça-feira (25) nas redes sociais, Elton John revelou o motivo para ter aceitado o convite de realizar o show em solo brasileiro. “A razão é que eu não vim ao Rio na turnê ‘Farewell Yellow Brick Road’, e eu senti que decepcionei muitos dos meus fãs brasileiros. Então, eu quero compensar isso”, explicou o britânico.

No mesmo dia de festival, outro grande nome da música sobe ao Palco Mundo: Gilberto Gil. Em clima de despedida com a turnê Tempo-Rei, que termina em março de 2026, o encontro dos dois artistas lendários torna a programação do festival ainda mais especial. 

Gilberto Gil se apresentará no Palco Mundo do Rock in Rio 2026 (Foto: Reprodução / Facebook Gilberto Gil)
Gilberto Gil se apresentará no Palco Mundo do Rock in Rio 2026 (Foto: Divulgação)

Além das atrações, o Rock in Rio prepara mudanças importantes na Cidade do Rock. O Palco Mundo, símbolo do festival, será completamente revestido de painéis de LED, somando 2.400 metros quadrados de tecnologia. A ideia é ampliar a imersão visual e criar novas possibilidades para os artistas.

A próxima edição também terá uma homenagem especial à Bossa Nova e um benefício pensado diretamente para o público, em que cada visitante poderá receber até 100% do valor do ingresso de volta em bônus, podendo ser usado em hotéis, gastronomia e experiências turísticas durante a estadia na cidade.

O Rock in Rio 2026 acontece nos dias 4, 5, 6, 7 e 11, 12 e 13 de setembro, no Parque Olímpico, no Rio de Janeiro. A venda geral dos ingressos começa em 9 de dezembro, às 19h, enquanto membros do Rock in Rio Club terão acesso à pré-venda a partir do dia 4, no mesmo horário.

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A socialite continuou tendo sua moral julgada no tribunal, mesmo após ter sido assassinada pelo companheiro
por
Lais Romagnoli
Marcela Rocha
Jalile Elias
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26/11/2025 - 12h
Marjorie Estiano interpreta Ângela Diniz. Foto: Divulgação
Marjorie Estiano interpreta Ângela Diniz em nova série. Foto: Reprodução/Divulgação HBO Max

Figurinha carimbada nas colunas sociais da época, Ângela Diniz virou capa das manchetes policiais após ser morta a tiros pelo então namorado, Doca Street. O feminicídio que marcou o país na década de 1970 ganha agora um novo olhar na série da HBO Ângela Diniz: Assassinada e Condenada.

Na produção, Marjorie Estiano interpreta a protagonista, enquanto Emilio Dantas assume o papel de Doca. O elenco ainda conta com Thelmo Fernandes, Maria Volpe, Renata Gaspar, Yara de Novaes e Tóia Ferraz.

Sob direção de Andrucha Waddington, a série se inspira no podcast A Praia dos Ossos, de Branca Viana. A obra, que leva o nome da praia onde o crime ocorreu, reconstrói não apenas o caso, mas também o apagamento em torno da própria vítima. Depoimentos de amigas de Ângela, silenciadas à época, servem como ponto de partida para revelar quem ela realmente era.

Seja pela beleza ou pela independência, a mineira chamava atenção por onde passava. Já os relatos sobre Doca eram marcados pelo ciúme obsessivo do empresário. O casal passava a véspera da virada de 1977 em Búzios quando, ao tentar pôr fim à relação, Ângela foi assassinada pelo companheiro.

Por dias, o criminoso permaneceu foragido, até que sua primeira aparição foi numa entrevista à televisão; logo depois, ele se entregou à polícia. Foram necessários mais de dois anos desde o assassinato para que Doca se sentasse no banco dos réus, num julgamento que se tornaria símbolo da luta contra a violência de gênero.

Marjorie Estiano interpreta Ângela Diniz, , enquanto Emilio Dantas assume o papel de Doca. Foto: Divulgação
Marjorie Estiano interpreta Ângela Diniz, enquanto Emilio Dantas assume o papel de Doca. Foto: Reprodução/Divulgação HBO Max

As atitudes, roupas e relações de Ângela foram usadas pela defesa como supostas “provocações” que teriam motivado o crime. Foi nesse episódio que Carlos Drummond de Andrade escreveu: “Aquela moça continua sendo assassinada todos os dias e de diferentes maneiras”.

Os advogados do réu recorreram à tese da “legítima defesa da honra” — proibida somente em 2023 pelo STF — numa tentativa de inocentá-lo. O argumento foi aceito pelo júri, e Doca recebeu pena de apenas dois anos de prisão, sentença que gerou revolta e fortaleceu movimentos feministas da época.

Sob forte pressão popular, um segundo julgamento foi realizado. Nele, Doca foi condenado a 15 anos, dos quais cumpriu cerca de três em regime fechado e dois em semiaberto. Em 2020, ele morreu aos 86 anos, em decorrência de um ataque cardíaco.

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Exposição reúne obras que exploram o inconsciente e a natureza como caminhos simbólicos de cura
por
KHADIJAH CALIL
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25/11/2025 - 12h

A Pinacoteca Benedicto Calixto, em Santos, apresenta de 14 de novembro a 14 de dezembro de 2025 a exposição “Bosque Mítico: Katia Canton e a Cura pela Arte”, que reúne um conjunto expressivo de pinturas, desenhos, cerâmicas, tapeçarias e azulejos da artista, sob curadoria de Carlos Zibel e Antonio Carlos Cavalcanti Filho. A Fundação que sedia a mostra está localizada no imóvel conhecido como Casarão Branco do Boqueirão em Santos, um exemplar da época áurea do café no Brasil. 

Ao revisitar o bosque dos contos de fadas como metáfora de transformação interior, Katia Canton revela o processo criativo como gesto de cura, reconstrução e transcendência.
 

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       “Casinha amarela com laranja” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.

 

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                 “Chapeuzinho triste” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.
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                 “O estrangeiro” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.         
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                                                            “Menina e pássaro” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.
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                                                     “Duas casinhas numa ilha” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.
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                                                             “Os sete gatinhos” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.
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                                                                         “Floresta” de Katia Canton. Foto: Khadijah Calil.

 

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Festival celebra os três anos de existência com homenagem ao pensamento de Frantz Fanon e a imaginação radical da cultura periférica
por
Marcela Rocha
Jalile Elias
Isabelle Maieru
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25/11/2025 - 12h

Reconhecido como um dos principais espaços da cultura periférica em São Paulo, o Museu das Favelas completa três anos de atividades no mês de novembro. Para comemorar, a instituição elaborou uma programação especial gratuita que combina memória, arte periférica e reflexão crítica.

Segundo o governo do Estado, o Museu das Favelas já recebeu mais de 100 mil visitantes desde sua fundação em 2022. Localizado no Pátio do Colégio, a abertura da agenda de aniversário ocorre nesta terça-feira (25) com a mostra “ImaginaÇÃO Radical: 100 anos de Frantz Fanon”, dedicada ao médico e filósofo político martinicano.

Fachada do Museu das Favelas. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Fachada do Museu das Favelas. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Autor de “Os condenados da terra” e “Pele negra, máscaras brancas”, Fanon contribuiu para a análise dos efeitos psicológicos do colonialismo, considerando algumas abordagens da psiquiatria e psicologia ineficazes para o tratamento de pessoas racializadas. A exposição em sua homenagem ficará em cartaz até 24 de maio de 2026.

Ainda nos dias 25 e 26 deste mês, o festival oferecerá o ciclo “Papo Reto” com debates entre intelectuais francófonos e brasileiros, em parceria com o Instituto Francês e a Festa Literária das Periferias (Flup). A programação continua no dia 27 com a visita "Abrindo Fluxos da Imaginação Radical”. 

Em 28 de novembro, o projeto “Baile tá On!” promove uma conversa com o artista JXNV$. Já no dia 29, será inaugurada a sala expositiva “Esperançar”, que apresenta arte e tecnologia como forma de mapear territórios periféricos.

O encerramento do festival será no dia 30 de novembro com a programação “Favela é Giro”, que ocupa o Largo Pátio do Colégio com DJs e performances culturais.

 

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Após décadas, o bairro vive do contraste entre as tradições e as modernidades de sua gastronomia
por
Marina Jonas
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11/05/2023 - 12h

São Paulo é conhecida por ser uma cidade multicultural, com ampla diversidade gastronômica, graças à sua imensa população de imigrantes, que trazem entre tantos costumes, a culinária de seus países. O Brasil é o segundo maior centro de japoneses do mundo depois do Japão e, a maior parte que aqui vive, está no Estado de São Paulo. Assim, sua gastronomia tem forte presença na capital paulista, tendo seu núcleo localizado na Liberdade, conhecido como o bairro oriental de São Paulo, devido à grande influência não só da cultura japonesa, mas também da chinesa e coreana. 

Das prateleiras de seus inúmeros supermercados até as feiras de rua, passando por restaurantes tradicionais e padarias recém inauguradas que transbordam de clientes, a gastronomia do bairro se manifesta de diversas formas. Docinhos de feijão, nikuman (típico bolinho salgado japonês), sushi, sakê (bebida alcóolica tradicional japonesa) e chá verde, são algumas das comidas típicas encontradas na região. Outro elemento importante observado no bairro é a decoração dos restaurantes, supermercados e padarias, alguns mais tradicionais, outros mais modernos, mas todos contendo uma estética própria da cultura oriental: bem organizados, limpos e com objetos bastante simétricos. 

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Docinho de feijão milenar japonês, Feira da Liberdade. 

 

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Homem fazendo docinhos japoneses na chapa, Feira da Liberdade. 
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Super mercado oriental, bairro da Liberdade. 
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Barracas de comidas típicas orientais, Feira da Liberdade. 
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89ºC Coffee Station, bairro da Liberdade. 
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Decoração de restaurante tradicional japonês, bairro da Liberdade. 
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Nikuman à venda em supermercado oriental, bairro da Liberdade. 
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Chá verde e sushi em restaurante tradicional japonês, bairro da Liberdade. 
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Sakê e outras bebidas alcóolicas japonesas em restaurante tradicional japonês, bairro da Liberdade. 

 

Ensaio fotográfico em espaços culturais da cidade de São Paulo.
por
Maria Ferreira dos Santos
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11/05/2023 - 12h

Com mais de 12 milhões de habitantes, São Paulo é a cidade mais populosa da América Latina. Conhecida pelos seus arranhas-céus e pela diversidade gastronômica, São Paulo também é um lugar de muita arte, seja em lugares tradicionais, como museus,  ou em lugares inusitados, como a rua. E é claro que com tantas pessoas e suas diferenças, a maneira como cada um se relaciona com a cultura é diversa. 

Há quem prefira ir sozinho, para conseguir prestar mais atenção; há quem prefira ir acompanhado, para poder compartilhar percepções. Há quem prefira tirar fotos somente da arte e há aqueles que preferem tirar fotos de si com a arte. 

fotografia número 1
Homem observa de cima a exposição "MAHKU: MIRAÇÕES" no MASP. Foto Maria Eduarda dos Santos

 

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Pessoas observam quadros no MASP. Foto: Maria Eduarda dos Santos

 

Fotografia número 3
Visitantes da exposição "Carmézia Emiliano: A Árvore da Vida". Foto Maria Eduarda dos Santos

 

Fotografia número 4
Na exposição "MAHKU: MIRAÇÕES" alguns visitantes preferem observar a obra, enquanto outros preferem fotografar a obra. Foto Maria Eduarda dos Santos

 

Fotografia número 5
Mulher tira foto de si mesma na exposição "MAHKU: MIRAÇÕES". Foto Maria Eduarda dos Santos

 

Fotografia número 6
Tanto no andar superior quanto na parte de baixo, as exposições em cartaz no MASP dizem respeito aos povos originários. Foto: Maria Eduarda dos Santos

 

Fotografia número 7
Casal troca carícias durante visita ao MASP. Foto autoral.

 

Fotografia número 7
Meninas observam globo terrestre em alto relevo no Museu Catavento. Foto: Maria Eduarda dos Santos

 

Fotografia número 8
A exposição "África em São Paulo" no Museu da Imigração conta com recursos visuais, escritos e auditivos. Foto: Maria Eduarda dos Santos

 

Fotografia número 8
Duas crianças se divertiam na exposição "África em São Paulo" no Museu da Imigração". Foto Maria Eduarda dos Santos

 

Fotografia número 9
Garota presta atenção em painel interativo no Museu da Imigração. Foto: Maria Eduarda dos Santos

 

Fotografia número 10
Casal em visita ao Museu da Imigração. Foto: Maria Eduarda dos Santos

 

Fotografia número 11
Visitantes do Museu da Imigração podem mexer em algumas obras, essa da foto, por exemplo, pode-se abrir as gavetas e, assim, escolher qual texto quer ler. Foto: Maria Eduarda dos Santos

 

Fotografia número 13
Rapaz tira foto de moça durante visita ao MASP. Foto: Maria Eduarda dos Santos

 

Com novos lançamentos, gênero se revigorou, trazendo avaliações positivas da crítica e do público
por
Davi Garcia
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08/05/2023 - 12h

No começo de 2023, o rapper Lil Yatchy lançou seu quarto álbum de estúdio, chamado Let’s Start Here, em que o americano se utiliza do rock psicodélico e dramático, visto logo na primeira música, “the  BLACK seminole”, além de se desenvolver para uma estética dos anos 70/80, com as músicas “the rIde” e “drive ME crazY”.

 

Avaliações de Let's Start Here no site albumoftheyear.org
Avaliações de Let's Start Here no site albumoftheyear.org

Porém, ele é o primeiro a mudar bruscamente?

Para isso, deve-se conhecer o ritmo musical que mais cresce no mundo. O trap é um subgênero do hip-hop/rap, surgido e criado nos Estados Unidos por DJ’s em baladas. É caracterizado pelo destaque nas batidas e nos samples, utilizando-se de músicas de todos os gêneros e épocas para a batida, além de uma lírica forte e letras não tão significativas, como no caso do rap.

Os pioneiros no gênero são Chief Keef e Waka Flocka Flame, Gucci Mane, Rick Ross, Nicki Minaj, Future e Fetty Wap, além de Diplo, quem popularizou esse gênero na mescla com a música eletrônica. Atualmente, Future, Playboi Carti, Travis Scott, Young Thug ocupam ainda mais o topo dos charts e rankings de ouvintes nas plataformas digitais.

Gunna, Young Thug e Travis Scott, referências do trap. (Reprodução/High Hype no Twitter)
Gunna, Young Thug e Travis Scott, referências do trap. (Reprodução/High Hype no Twitter)

Ao voltar para Lil Yatchy, mais conhecido também como Lil Boat, o americano veio de uma leva de artistas que eram denominados  "SoundCloud rappers". Soundcloud é um aplicativo de streaming mais independente, onde qualquer pessoa pode lançar suas obras para nichos específicos poderem ouvir. Yatchy se utilizou do trap padrão por um bom tempo, sendo criticado pela mesmice de suas obras anteriores. Para seu novo álbum, o rapper disse em uma audição coletiva: “Este álbum é tão especial e querido para mim... acho que criei só porque queria muito ser levado a sério como artista, sabe?".

Então, em janeiro deste ano, “Let’s Start Here” foi lançado, com a crítica destacando a reviravolta de um trapper que se prendia a letras sobre o “rockstar lifestyle” com mulheres, drogas e muito dinheiro. A renomada revista Rolling Stone avalia como: “Uma ambiciosa volta do rapper e músico incorporando rock experimental e jazz com execução quase perfeita, chegando a algo que parece genuinamente novo.” Lil Yatchy contou com a participação de gigantes da indústria musical, principalmente das áreas do blues, jazz, psicodélico, rock; como Tame Impala, Daniel Ceasar, MGMT, Teezo Touchdown, Diana Gordon etc.

 

Lil Yatchy saiu do trap convencional para se descobrir no rock psicodélico, com influências de gigantes do gênero, como Tame Impala. (Spotify)
Lil Yatchy saiu do trap convencional para se descobrir no rock psicodélico, com influências de gigantes do gênero, como Tame Impala. (Spotify)

Outra obra em que é possível observar uma mudança é “Whole Lotta Red”, lançado em dezembro de 2020 pelo rapper Playboi Carti, onde faz o uso da estética punk e do rage, como desabafos de sua vida e pensamentos, perceptível logo em sua capa, onde faz referência à capa da revista punk dos anos 70/80 Slash.

À esquerda, capa da revista Slash. À direita, capa do álbum Whole Lotta Red.
À esquerda, capa da revista Slash. À direita, capa do álbum Whole Lotta Red.

A crítica qualifica “Whole Lotta Red” como diferente de tudo que viu no trap, como diz a Pitchfork, portal especializado em avaliações e textos sobre música: “O terceiro disco do rapper de Atlanta é extremamente inovador e surpreendentemente consistente. É difícil, melódico, experimental e diferente de tudo que acontece no rap mainstream”.

Carti, no entanto, também tinha sua sonoridade voltada ao trap “padrão”, como visto em seus outros trabalhos: "playboicarti" e "Die Lit". Porém, a partir dali, não só musicalmente, mas toda sua estética moldou-se ao redor do rock e punk, como em seus shows e até mesmo na maneira de se vestir.

À esquerda, em 2018, onde Playboi Carti utiliza roupas e marcas característiscas do trap. À direita, o punk presente em maquiagem, vestimentas e cabelo. (Reprodução/OKAYPLAYER)
À esquerda, em 2018, onde Playboi Carti utiliza roupas e marcas característiscas do trap. À direita, o punk presente em maquiagem, vestimentas e cabelo. (Spotify/OKAYPLAYER)

Para o influenciador “A Clave do Fá”, que traz conteúdos e reviews sobre todos os tipos de música em seu TikTok, o trap vem mudando, pois “há um esgotamento no gênero, que desde os meados da década passada, quando o Future, Migos e Travis Scott definiram a sonoridade trap ao mainstream, com algo que agrada às massas, principalmente à juventude.” O crítico ainda cita que podem ser um sucesso comercial, mas ficam aquém no quesito qualidade e inovação.

A Clave do Fá, em sua review sobre o álbum Let's Start Here no Tiktok.
A Clave do Fá, em sua review sobre o álbum Let's Start Here no Tiktok.

E continua: “Mas esses (Let’s Start Here e Whole Lotta Red), em persona e atitude, variam do padrão. O gênero e os artistas no movimento do trap tentam e vão além para inovar, como os lançamentos de artistas mais novos como Denzel Curry e JID, ou até os mais velhos com Black Thought e Danger Mouse, que lançaram os três melhores álbuns de rap/trap do ano passado".

O trap, como foi popularizado, ainda é o produto mais consumido – afinal, os maiores ainda se utilizam da fórmula que os fez crescer. Contudo, novos trabalhos abrem uma margem extremamente interessante para que novos ou velhos artistas possam se reinventar e sair fora da caixa. O gênero permite. É assim que surgiu.

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Como é a missa de uma das datas mais importantes para os católicos da cidade de São Paulo
por
Marina Gonçalez de Figueiredo
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04/05/2023 - 12h

Na quinta-feira, dia 6 de abril, véspera da Sexta-Feira Santa, diversas igrejas em São Paulo realizaram a Missa de Lava-Pés, uma recriação dos últimos momentos de Cristo na Santa Ceia. Na Paróquia Santa Isabel, que tem uma das maiores torres da cidade, não foi diferente: com os santos cobertos e uma atmosfera triste, os fiéis rezaram pelo seu salvador, tomando sua dor para si. A missa foi acompanhada de músicas e rituais que marcaram essa data tão importante para Igreja Católica, na maior cidade de um país majoritariamente católico.

Santos cobertos com um manto roxo em luto à morte de Cristo
Santos cobertos com um manto roxo: símbolo de luto pela morte de Cristo (Crédito: Marina Gonçalez)
A visão dos fiéis
A missa pelo ponto de vista dos fiéis (Crédito: Marina Gonçalez)
Padre acompanha os fiéis no ritual de defumação
Padre acompanha os fiéis no ritual de defumação (Crédito: Marina Gonçalez)
A adorada Virgem Maria, a mãe que perdeu o filho
A adorada Virgem Maria, a mãe que perdeu o filho (Crédito: Marina Gonçalez)
O assassinado, o único sem o véu
Cristo, o crucificado: o único sem o véu (Crédito: Marina Gonçalez)
O coral e os músicos se preparando para os louvores
O coral e os músicos se preparando para os louvores (Crédito: Marina Gonçalez)
Uma fiel rezando na capela
Uma fiel rezando na capela da igreja (Crédito: Marina Gonçalez)
Paróquia Santa Isabel Rainha: uma das maiores torres da cidade
Paróquia Santa Isabel Rainha: uma das maiores torres da cidade (Crédito: Marina Gonçalez)
"Michelangelo: O Mestre da Capela Sistina" explora imersão ao artista italiano e estará aberta ao público até dia 31 de maio
por
Sophia Pietá Milhorim Botta
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04/05/2023 - 12h

 O museu MIS Experience, localizado no bairro Água Branca da cidade de São Paulo, apresenta a maior exposição imersiva já realizada no país sobre a história de Michelangelo e a Capela Sistina. Aberta ao público desde 25 de janeiro e indo até 31 de maio, "Michelangelo: O Mestre da Capela Sistina" conta com alta tecnologia e uma experiência de imersão na reprodução das obras e afrescos do artista, com animações e sonorizações que fazem os visitantes se sentirem na Itália. A exposição é uma forma de apresentar a vida e o trabalho do artista como uma forma de aprendizado e de experiência cultural.

Entrada da exposição "Michelangelo: O Mestre da Capela Sistina"
Entrada da exposição "Michelangelo: O Mestre da Capela Sistina"
Michelangelo possui três biografias feitos por pessoas de seu convívio
Michelangelo possui três biografias feitos por pessoas de seu convívio
Exposição de representações de rascunhos do artista italiano
Exposição de representações de rascunhos do artista italiano
Parte da representação da obra da Capela Sistina
Parte da pintura "A Criação de Adão"
Parte da pintura "A Criação de Adão"
Parte da pintura "A Criação de Adão"
Imagem de "Pietá", uma das obras mais famosas de Michelangelo. Escultura encontra-se exposta na Basílica de São Pedro, no Vaticano
Imagem de "Pietá", uma das obras mais famosas de Michelangelo. Escultura encontra-se exposta na Basílica de São Pedro, no Vaticano