Morreu nesta terça-feira (09) a cantora Rita Lee, Rainha, ícone e referência de uma geração. A informação foi divulgada por Roberto Carvalho, parceiro de vida e arte da cantora, através de um comunicado em uma rede social. O velório da artista será no planetário do Parque Ibirapuera, na cidade de São Paulo, na quarta-feira (10), das 10h às 17h, e será aberto ao público. No comunicado divulgado, a família informou que a cerimônia de cremação, cumprindo um desejo de Rita Lee, será particular para família e amigos próximos.
Rita Lee em sua casa/ Reprodução instagram @ritalee_oficial
Uma jovem revolucionária
Conhecida pelos seus cabelos pintados de vermelho e franjinha, a “ovelha negra da família" nasceu em São Paulo, em 1947, e desde a infância se interessou pela música. Em 1963, formou um grupo musical com duas colegas, as “Teenage Singers”, inspirada na banda britânica The Beatles. Como seus pais eram rígidos e contra a carreira artística da filha, Rita cantava e tocava escondida da família
Em 1966, houve uma junção entre a Teenage Singers com a banda Wooden Faces e em pouco tempo surgiu uma nova formação da banda, restando apenas três integrantes: Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias. A estreia do programa “O Pequeno Mundo de Ronnie Von” marcou o novo nome da banda como “Os Mutantes", inspirado pela obra de ficção científica “O Império dos Mutantes”. A revista Rolling Stone afirma que a apresentação do dia 15 de outubro de 1966 deu início ao rock psicodélico brasileiro.
Rita foi casada com Arnaldo Baptista, seu primeiro marido e parceiro musical até 1976. No mesmo ano do divórcio, conheceu o guitarrista Roberto de Carvalho, seu parceiro amoroso até o final da vida, se casando pela segunda vez em 1996. Com ele teve seus três filhos, João, Antônio e Beto Lee.
A criação do Tropicália
Em 1967, o cantor de MPB Gilberto Gil convidou os Mutantes para cantar a música “Domingo no Parque", no Festival de Música Brasileira. Em sua autobiografia, Rita afirmou ter estranhado o convite, já que na época artistas de MPB criticavam o rock produzido pelos Mutantes, alegando ser um estilo bastante importado dos Estados Unidos.
Capa do Tropicália ou pani et circense/ reprodução internet
Apesar da apresentação ter sido marcada por vaias, o dia 21 de outubro de 1967 é considerado um marco para o movimento que é conhecido como “Tropicália”, reconhecido por uma mistura de ritmos brasileiros com o rock psicodélico, bebendo bastante do movimento hippie da época. Em agosto do ano seguinte, o disco manifesto do movimento - “Tropicália ou panis et circenses” - foi lançado em parceria de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Gosta e Os Mutantes. O disco era repleto de letras metafóricas que burlavam a censura da ditadura militar, além de ir na contramão do MPB convencional.
A saída dos Mutantes
Ainda como integrante da banda, Rita Lee lançou a música José e em 1970 seu primeiro LP solo, ambos foram um sucesso, revelando uma oportunidade em sua carreira. A saída oficial da rainha do rock aconteceu em setembro de 1972, sob polêmicas de expulsão de Rita do grupo. O último álbum produzido pela banda foi "Hoje é o primeiro dia do resto de sua vida” e a última apresentação foi na sétima edição do festival internacional da canção em 1972.
Os Mutantes no 3° Festival de Música Popular Brasileira da Record, em 1967 - Acervo UH/Folhapress
Em 1973, a artista foi para Londres, onde repensou sua carreira como cantora e pintou seu cabelo com o clássico vermelho, além de assumir um visual mais androgeno, inspirado pelo glam rock de David Bowie. O ano de 1975 foi marcado pela primeira vez de Rita Lee como cantora principal na banda “ Rita Lee e Tutti Frutti".
A relação do artista com as drogas permeou a carreira, a quantidade excessiva de ácido usado por ela causou dilemas em seus lançamentos e a maneira subversiva de agir foram motivos para troca de gravadora, indo para a Som Livre, onde teria mais liberdade para criar.
Capa do álbum "Fruto Proibido"
Em junho de 1975, o álbum “Fruto Proibido” foi lançado, marcando a música nacional com canções como “Ovelha Negra”, “Esse tal de roque enrow” e “Agora só falta você”. Além disso, o álbum despertou a discussão da liberdade feminina, tema bastante importante em toda a carreira de Rita. Esse lançamento a consagrou como rainha do rock brasileiro, sendo a era de ouro da cantora.
Presa na ditadura
Aos 28 anos, grávida de seu primeiro filho, foi presa em 1976 pela ditadura militar por suposto porte de maconha. Em entrevista à revista Quem em 2010, Rita Lee afirmou que a prisão foi forjada pelos policiais, porque tinha parado de fumar devido a gravidez. Ela sempre criticou o regime, tanto nas músicas como nos comportamentos dentro de palco, conhecida como a artista mais censurada na ditadura.
Em entrevista ao “Globo” em 1976, a cantora afirmou que viveu momentos tensos na prisão, sem saber se sairia de lá. “Se eu não estivesse grávida, acho que não suportaria. Ele me deu muita força, naquele momento de desespero”, disse na época.
Ao ser libertada, foi condenada a um ano de prisão domiciliar e multa de 50 salários mínimos da época. Rita sempre deixou sua marca registrada, tanto que em seu primeiro show após a condenação usou um figurino que remete a roupa de presidiário.
Rita Lee a caminho do primeiro show depois da condenação. Foto: reprodução/ Twitter
Mesmo em um período repressivo, a artista representava a liberdade sexual feminina e tratava assuntos considerados “tabus” pela sociedade de uma maneira natural, em um período em que o Brasil estava sob uma ditadura militar.
A despedida dos palcos
No ano de 2012, a cantora decidiu deixar os palcos, o anúncio foi feito em redes sociais. “Me aposento dos shows, mas da música nunca”, declarou a artista. Porém, em 2015, participou do show em comemoração aos 459 anos da cidade de São Paulo.
No show de despedida, em 2012, a artista não deixou de lado seu ativismo e parou o show devido à invasão policial na plateia. Os policiais estavam revistando o público enquanto a Rita fazia seu show. “Sou do tempo da ditadura, pensando que tenho medo?”, esbravejou a cantora.
A situação aconteceu em Aracaju, no estado de Sergipe, na mesma noite, parou na delegacia, enquadrada pelo crime de “desacato e apologia ao crime ou ao criminoso”. Os agentes estavam buscando pessoas que fumavam maconha, de acordo com uma nota emitida pela secretaria de segurança pública do estado. Incomodada, Rita no palco interrompeu o show para entender a confusão, confrontando os policiais.
“Eu quero falar, tenho o direito. Esse show é meu, não é de vocês. Esse show é minha despedida do palco e vocês continuam tendo que guardar as pessoas, não agredir. Seus cachorros – coitados dos cachorros. Cafajestes. Vocês estão fazendo de propósito. Eu sou do tempo da ditadura. Vocês pensam que eu tenho medo?”, afirmou a cantora.
No Twitter, comentou sobre o caso. "Polícia dando trabalho para mim. Quer me prender. Embasamento legal não há. Não retiro uma palavra do que disse, o show era meu!”, publicou.
Best seller
Rita Lee tem livros de sua autoria, duas autobiografias, a primeira, "Rita Lee: uma autobiografia”, foi lançada em 2016 e se tornou best seller no Brasil. No livro, ela cita momentos de sua vida “revivi tudo e foi bom”, disse a cantora em entrevista ao jornalista Pedro Bial. Também lançou um livro de contos, “Dropz”, de 2017, um livro de fotografia em 2018, o “FavoRita”. Em 2019, lançou uma obra infantil chamada “Amiga Ursa” e sua última publicação, "Uma outra autobiografia", será lançada no dia 22 de maio de 2023, e já está em pré-venda.
O fim…?
Em 2021, Rita Lee foi diagnosticada com câncer no pulmão e logo começou seu tratamento de imunoterapia e radioterapia. No ano seguinte, ela já estava curada. Dois anos depois, em abril de 2023, o programa Altas Horas da Rede Globo, apresentado por Serginho Groisman, foi dedicado para homenagear a cantora, contando com diversas participações como de Paula Toller, Fernanda Abreu, Luísa Sonza, Céu, Zezé Motta, Tico Santa Cruz, Tiago Iorc, Manu Gavassi, Paulo Ricardo e Tom Zé. Seu filho Beto Lee também relembrou momentos com a mãe. “A gente se divertia o tempo todo assim”, afirmou. O marido de Rita compartilhou um vídeo da cantora acompanhando, de casa, a homenagem.
No capítulo chamado de “Profecia”, em sua autobiografia de 2016, Rita fala de como seria sua morte. “ Enquanto isso, estarei eu de alma presente no céu tocando minha autohamp e cantando para Deus:‘ Thank you lord, finally sedated’.” Visionário, Rita Lee parecia entender que sua morte seria um dia triste, cheio de saudades, mas com uma boa trilha sonora.
Apesar de não ser o mesmo dos anos 1980, o movimento punk ainda respinga sua influência nos dias de hoje em São Paulo. Existem lugares que continuam a receber de bandas em atividade e propiciar espaço para os simpatizantes ou aqueles que o seguem como estilo de vida, como o caso do Hangar 110, casa de show, localizada no Bom Retiro, aberta desde 1998 com o objetivo de valorizar as culturas alternativas. Entre os dias 7 e 8 de abril, foi realizado um tradicional festival da casa, que contou com a apresentação de 14 bandas.
Segue abaixo registros fotográficos do segundo dia do festival:
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Localizada na estação da Luz, centro de São Paulo, a Pinacoteca do Estado é um dos mais importantes museus de arte do Brasil. Abrigando um dos maiores e mais representativos acervos de arte brasileira, a Pinacoteca conta com mais de dez mil peças de exposições fixas e temporárias. Dentre as exposições temporárias em cartaz atualmente, destaca-se "Chico da Silva e o ateliê de Pirambu".
Em um período pós-pandêmico vivido numa era totalmente digital e tecnológica os museus precisaram se adaptar para continuar recebendo o público. A intenção dessa reportagem é abordar a relação da sociedade com a arte atualmente.
A exposição
Em cartaz até 30 de julho, a exposição “Evandro Teixeira, Chile, 1973” no Instituto Moreira Salles (IMS) de São Paulo, reforça a relevância da prática do fotojornalismo como ferramenta de fiscalização do poder e preservação da memória.
A mostra reúne imagens impactantes do Palácio de La Moneda bombardeado pelos militares chilenos, dos prisioneiros políticos no Estádio Nacional do Chile e o enterro do poeta Pablo Neruda. Além de objetos como máquinas fotográficas e crachás de imprensa, os registros chilenos acompanham parte do material produzido por Evandro durante a ditadura civil-militar brasileira.

Em entrevista para o site do IMS, Sergio Burgi, coordenador de fotografia do centro cultural, pontua: “Passadas cinco décadas, suas imagens sobre as ditaduras militares no Chile e no Brasil reafirmam claramente a importância da democracia e do respeito absoluto ao Estado de direito e à cidadania. São imagens que claramente desnudam o autoritarismo e permanecem denunciando, ainda nos dias de hoje, de forma clara e cristalina, os riscos das aventuras golpistas.”
Para a francesa Muriel Azerath, 45, que recentemente visitou o Instituto, a exposição oferece uma interpretação além dos fatos, com o devido impacto nas histórias. “Eu conheço os fatos, mas nunca tinha visto os registros de uma pessoa que estava lá durante a ditadura. É tudo muito forte, chocante.”
Estádio Nacional do Chile
Nos primeiros dias após o golpe, os presos políticos já somavam mais de cinco mil, contando com uma intensa perseguição a estrangeiros, especialmente aqueles que estavam no país há mais tempo, incluindo exilados brasileiros que haviam deixado o Brasil fugindo da tortura e da repressão militar.

Em 12 de setembro de 1973, um dia após a morte do presidente eleito Salvador Allende no palácio presidencial de La Moneda, Evandro embarcava rumo ao Chile, como correspondente do Jornal do Brasil. Entretanto, ele e cerca de 50 outros jornalistas permaneceram retidos em Las Cuevas, aguardando autorização para entrar no país até 20 de setembro. Dois dias depois, o fotógrafo seria levado pelas forças armadas ao Estádio Nacional do Chile, para averiguar a aparente “normalidade e civilidade” dos atos de retenção e triagem dos cidadãos aprisionados, em uma tentativa de encobrir violações aos direitos humanos.
Para a surpresa dos militares, Evandro já conhecia as arquibancadas, a tribuna de honra, as rampas de acesso aos vestiários e o subsolo. O jornalista já teria visitado o mesmo estádio em 1962, fotografando a Copa do Mundo de Futebol, enquanto ainda trabalhava para o Diário de Notícias.
Dessa forma, ele e alguns colegas conseguiram penetrar no subsolo, que abrigava cárceres lotados e insalubres, capturando cenas além do cerco estrategicamente posicionado para a chegada da imprensa. Dentro desse núcleo da mostra, uma fotografia chama a atenção: Ao fundo e em foco, um dos encarcerados corta o cabelo de seu companheiro de cela, a fim de torná-lo mais apresentável, ao mesmo tempo, dois militares parecem conversar, enquanto no primeiro plano um oficial, segurando uma arma, divide a cena.

Pablo Neruda
Um dia após sua chegada em Santiago, Evandro soube que Pablo Neruda estaria hospitalizado em uma das clínicas da cidade, mas não conseguiu registrar o escritor, que faleceu naquela mesma noite, em 23 de setembro de 1973. Ciente da morte, o fotógrafo retornou à clínica na manhã seguinte e, por uma entrada lateral, conseguiu acesso ao interior do prédio.
Dentro do hospital, Evandro se depara com o corpo de Neruda na maca. Dona Matilde, sua mulher, e seu cunhado sentados ao seu lado. O fotógrafo faz a foto e em seguida pede permissão à viúva, relembrando que conheceu o poeta anteriormente, em um encontro no Brasil com Jorge Amado. Além de permitir o registro, Matilde pede para que a acompanhe até La Chascona, casa em que vivia o casal e onde o corpo seria velado.

Imagem: Isadora Taveira
Evandro foi o único que registrou Neruda ainda na clínica, horas após seu falecimento. Em uma entrevista ao site do IMS, o fotojornalista relembra: "Dentro da clínica fiz a maca, fiz várias fotos, apavorado. Eu olhava em volta, pensava naquele mundo de fotógrafos em Santiago e dizia pra mim mesmo: não, não é possível, só eu aqui, só eu?”.
A partir do pedido da viúva, Evandro inicia um plano sequência em torno de 36 horas, documentando minuciosamente todas as etapas do velório e enterro do poeta, que contou com grande participação popular, incluindo intelectuais, ativistas e companheiros do partido comunista, simbolizando o primeiro grande ato contra o regime militar de Pinochet.
A exposição, inaugurada em 21 de março, permanece em cartaz no Instituto até 30 de julho, localizada na Avenida Paulista 2424, próxima às estações Paulista e Consolação do metrô. O centro cultural tem entrada gratuita e é aberto a visitação de terça a domingo e feriados, das 10h às 20h.
Em Santana de Parnaíba, no seu centro histórico, a cultura brasileira está vivíssima, principalmente na gastronomia, neste mundo globalizado, o comum se tornou comer em restaurantes de culturas estrangeiras, deixando um pouco de lado aquela feijoada de quarta feira, o síndrome de vira-lata que se cresce cada vez mais.

No Dia 30 de abril, o centro recebeu um pequeno evento da secretaria de cultura e turismo, muitas pessoas compareceram, alguns dos incentivos era uma banda que estava tocando Rock Nacional, barraquinhas vendendo colares, roupas, arte e os restaurantes próximos.

Um dos restaurantes mais badalados da região, o Bartolomeu Chopp Bar estava lotado, restaurante rico culturalmente, sendo o que o brasileiro quer e gosta, uma cerveja e pratos típicos, como por exemplo a própria feijoada.


Mais adentro ao evento, onde tinha brinquedos infláveis para crianças e o show de rock, uma única barraca de pastel estava entre outras de fast-food norte-americano, porém era o menos procurado entre as crianças, o vira-latismo inconsciente.

Um pouco fora da movimentação, O restaurante São Paulo Antigo brilhava, sua placa chamava para entrar, , a arquitetura, as pinturas e a forma em que o restaurante se apresenta fazem parecer como uma viagem no tempo para o Brasil Império, Já na entrada uma cachaça da casa estava a venda, já a comida era servida em buffet, os clientes se serviam principalmente do leitão, do arroz e do feijão.



Nesta onda de globalização, a nossa cultura é mantida e preservada por estabelecimentos como estes, que não se submetem a tendências e abraçam a tradição.














