Banda se apresenta em fevereiro de 2026; taxas extras geram críticas e frustrações entre os fãs
por
Maria Clara Palmeira
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27/06/2025 - 12h

A espera acabou! Na segunda-feira (23), foi anunciado que, após 17 anos, a banda americana My Chemical Romance retornará ao Brasil em 2026 pela segunda vez. O único show da banda em solo brasileiro será no dia 5 de fevereiro, no Allianz Parque, em São Paulo, como parte de sua turnê pela América Latina. 

A apresentação contará com a abertura da banda sueca The Hives e irá reunir brasileiros que acompanham a trajetória do grupo desde os anos 2000.

Anúncio da turnê na América do Sul. Reprodução: Instragram/@mychemicalromance
Anúncio da turnê na América do Sul. Reprodução: Instragram/@mychemicalromance


Formada em Nova Jersey nos Estados Unidos, em 2001, o My Chemical Romance tornou-se uma das bandas mais representativas do rock alternativo e símbolo do movimento emo. A formação atual é composta por Gerard Way nos vocais, Ray Toro e Frank Iero na guitarra, e Mikey Way no baixo.

O grupo lançou seu álbum de estreia, “I Brought You My Bullets, You Brought Me Your Love”, em 2002, mas o sucesso internacional veio em 2004, com “Three Cheers for Sweet Revenge”. No entanto, foi em 2006 com o disco “The Black Parade” que a banda atingiu o auge. O single “Welcome to the Black Parade” se tornou um hino da geração emo, alcançando o primeiro lugar nas paradas britânicas e consolidando o grupo no cenário global.

Após diversos sucessos, a banda entrou em hiato e anunciou sua separação em março de 2013. O retorno foi anunciado em outubro de 2019, com um show em Los Angeles. Em 2022, após dois anos de adiamentos devido à pandemia, a banda embarcou em uma extensa turnê, passando pelos EUA, Europa, Oceania e Ásia.

Desde a quarta-feira (25), início da pré-venda, fãs relataram insatisfação com o preço dos ingressos, que variam entre R$ 197,50 e R$ 895,00, além das cobranças de taxas adicionais. A revolta se intensificou com a cobrança da taxa de processamento, considerada uma novidade pela bilheteria oficial, a Eventim. A empresa alegou que essa tarifa garante a segurança dos dados dos consumidores, mas a justificativa não convenceu o público. 


Mesmo com a revolta, a expectativa de alta demanda se confirmou: a venda geral, aberta nesta quinta-feira (27) ao meio-dia, resultou em ingressos esgotados em 10 minutos.

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Nova exposição na Pinacoteca Contemporânea revela o papel político da pop arte brasileira no período de ditadura.
por
Maria Luiza Pinheiro Reining
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25/06/2025 - 12h

Por trás da explosão de cores, imagens familiares e estética publicitária da pop art brasileira, havia ruído, ambiguidade e protesto. Essa é a premissa da exposição Pop Brasil: Vanguarda e Nova Figuração, 1960-70, em cartaz na nova sede da Pinacoteca Contemporânea, em São Paulo. Mais do que uma exibição de obras pop, a mostra constrói um retrato crítico de uma década marcada por ditadura, censura e modernização desigual, e de como a arte respondeu a esse cenário.

A exposição celebra os sessenta anos das mostras Opinião 65 e Propostas 65, marcos da virada estética e política na produção brasileira. O percurso curatorial, assinado por Pollyana Quintella e Yuri Quevedo, reúne obras que reagiram diretamente ao avanço da indústria cultural, à opressão do regime militar e à transformação dos modos de vida. Em vez de apenas absorver os códigos da cultura de massa, os artistas incorporaram sua linguagem para tensionar o que ela ocultava: a violência da ditadura, o apagamento de subjetividades e a precarização das relações sociais.

Contra a censura
Tônia Carreiro, Eva Wilma, Odete Lara, Norma Benghel e Cacilda Becker protestam contra censura, em 1968

A ideia de que “a pop arte é o braço avançado do desenvolvimento industrial das grandes economias” é ressignificada no Brasil, onde a modernização industrial coexistia com a informalidade, a desigualdade e a repressão. Em vez do otimismo norte-americano, a arte pop brasileira surge como crítica: reapropria slogans, transforma marginais em heróis, imprime silhuetas de bandeiras como gesto de manifestação coletiva. A visualidade sedutora do consumo encontra a resistência política camuflada nas superfícies gráficas.

A exposição percorre núcleos como Poder e Resistência, Desejo e Trivialidade, Criminosos e Cultura Marginal, entre outros. Em comum, todos os conjuntos partem de imagens produzidas ou apropriadas do cotidiano: televisão, jornal, embalagem; para apontar fissuras entre aparência e estrutura. Hélio Oiticica, Rubens Gerchman, Wanda Pimentel, Antonio Manuel e muitos outros traduzem a tensão entre censura e invenção por meio de performances, happenings e obras gráficas que confundem arte e ação direta.

Helio Oiticica
Hélio Oiticica, 1968

Se nos Estados Unidos a pop art celebrava o consumo, no Brasil ela revelou o que havia por trás dele. A mostra explicita como a arte brasileira dos anos 1960 e 70 operou sob risco, incorporando elementos populares para criticar os próprios instrumentos de controle e espetáculo.

Mais do que rever o passado, Pop Brasil propõe um exercício de leitura do presente. Diante da repetição de discursos autoritários, da estetização da política e da crise na democracia, o gesto pop reaparece como estratégia de sobrevivência, uma forma de dizer muito com imagens que, à primeira vista, parecem dizer pouco.

 

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A incerteza quanto ao fim das salas de cinema e início da diminuição em massa de consumidores
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Chiara Renata Abreu
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18/06/2025 - 12h

A recente chegada dos streamings pode acabar com os cinemas. Internacionalmente, as plataformas têm se mostrado cada vez mais aptas a abalar seus concorrentes. 

Depois da pandemia, os donos dos cinemas sentiram a diminuição de movimento, que preocupa não só a indústria, mas a sociedade em si. Filmes e curtas fazem parte da formação da cultura de civilizações, e a incerteza de sua existência atormenta. Os streamings ganharam força no período de quarentena, ocupando o espaço que as salas obtinham. O conforto de estar em sua própria casa, poder parar o filme a qualquer momento e a variedade no catálogo são alguns dos principais motivos do aumento da modalidade segundo pesquisas da Cinepop, site especializado em cinema. 

De acordo com pesquisas da revista O Globo, a área do cinema conseguiu em 2023 superar as dificuldades e recuperar alguns de seus fregueses, mas os números seguem abaixo do que estavam antes da pandemia. Segundo o analista de mercado Marcelo J. L. Lima em entrevista para a revista, a crise é mundial, com ressalvas em países como França, Índia, Coreia do Sul e China, que tem menor influência de Hollywood. Ainda, a reportagem aponta que parte da fraqueza hoje encontrada na indústria se fez depois de 1980, a partir do início da migração dos cinemas de rua para os de shopping. Em 2008 apenas 27% deles eram fora dos centros de comércio. 

Em entrevista para O Globo, Marcos Barros, presidente da Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex (Abraplex), apontou que os cinemas estão em apenas 8% dos municípios brasileiros, apenas 451 de um total de 5.565 cidades. A volta dos cinemas de rua poderia diminuir o desequilíbrio das salas, gerando uma maior popularização do cinema. Segundo Raíssa Araújo Ferreira, estudante de cinema na Belas Artes, “os cinemas estão se perdendo. Antigamente existiam vários cinemas de rua, de mais fácil acesso. Hoje está acontecendo uma elitização das salas. Elas estão, por exemplo, muito longe das periferias e concentradas nos shoppings, então existe todo o gasto com a locomoção. O cinema se torna um lugar de privilégio”. 

“O cinema é a sétima arte. Ela é um conjunto de todas as outras artes, e o cinema é vivo. Ele é sempre atual. Ele é sempre de todas as épocas. Então nada que é vivo vai desaparecer sem deixar vestígios. O cinema tem muito o que falar. É como se as salas estivessem adormecidas. Elas não estão mortas, mas sim apagadas”, comenta a aluna. 

A jovem complementa com ideias para a volta do triunfo das salas de cinema. “Acho que precisamos reinventar as salas. Apostar em programações mais diversas, ingressos mais acessíveis, novas salas mais perto da periferia e espalhar o cinema pelas cidades do Brasil. Criar o desejo de ir ao cinema, como um acontecimento, e trazer experiências mais imersivas, como convidar atores para, antes da sala de cinema, falarem sobre o filme. Trazer também eventos para apoiar o cinema de rua, investindo nas produções independentes e criando lugares públicos. Assim, as salas vão se reposicionar e oferecer algo que o sofá de casa ou a cama não oferece”. 

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A história do grupo que ultrapassou as barreiras sonoras pode ser vista no centro de SP até o fim de agosto
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Por Guilbert Inácio
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26/06/2025 - 12h

A exposição “O Quinto Elemento”, em homenagem aos 35 anos do notório grupo de rap Racionais MC’s, está em cartaz desde o dia 06 de dezembro de 2024, no Museu das Favelas, no Pátio do Colégio, região central da cidade de São Paulo. A mostra era para ter sido encerrada em 31 de maio de 2025, mas, devido ao sucesso, vai agora até 31 de agosto.

A imagem mostra um painel os quatros membros dos Racionais MC's
Em 2024, o museu ganhou o prêmio de Projeto Especial da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) pela exposição. Foto: Guilbert Inácio. 

Museu das Favelas

O Museu das Favelas está localizado no Centro histórico de São Paulo, mas esse nem sempre foi o seu endereço. Inaugurado no dia 25 de novembro de 2022, no Palácio dos Campos Elíseos, o Museu das Favelas ficou 23 meses no local até trocar de lugar com a Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo, no dia 26 de agosto de 2024.  

Fechado por três meses, o museu reabriu no dia 06 de dezembro de 2024, já com a nova exposição dos Racionais MC’s. Em entrevista à AGEMT, Eduardo Matos, um dos educadores do museu, explicou que a proposta da exposição chegou neles por meio de Eliane Dias, curadora da exposição, CEO da Boogie Naipe, produtora dos Racionais e esposa do Mano Brown. Eduardo complementou que o museu trocou de lugar para ter mais espaço para a mostra, já que no Campos Elísios não teria espaço suficiente para implantar a ideia. 

Tarso Oliveira, jornalista e historiador com pós-graduação em Africanidades e Cultura Afro-Brasileira, comentou que a gratuidade do museu é um convite para periferia conhecer a sua própria história e que, quando falamos de Racionais MC's, falamos de uma história dentro da história da cultura hip-hop, que salvou várias gerações fadadas a serem esquecidas e massacradas pelo racismo estrutural no Brasil. “Nós temos oportunidades de escrever a nossa narrativa pelas nossas mãos e voltada para o nosso povo. Isso é a quebra fundamental do epistemicídio que a filósofa Sueli Carneiro cita como uma das primeiras violências que a periferia sofre.”, afirma o historiador. 

O Quinto Elemento

Basta subir as escadas para o segundo andar do museu, para iniciar a imersão ao mundo dos Racionais. Na entrada, à sua direita, é possível ouvir áudios do metrô, com o anúncio das estações. Uma delas, a estação São Bento da linha 1-Azul, foi o berço do hip-hop em São Paulo, na década de 1980. À esquerda está um som com músicas dos Racionais, uma trilha que você irá ouvir em todos os espaços da exposição.

A imagem apresenta três placas, em sequência, com os dizeres "X", "Racionais MC's" e "Vida Loka".
Placas semelhantes às placas com nomes de rua trazem as letras do grupo. Foto: Guilbert Inácio.

No primeiro espaço, podemos ver o figurino do Lorde Joker, além de uma breve explicação da presença recorrente na obra do grupo da figura do palhaço em apresentações e músicas como “Jesus Chorou”, em que Mano Brown canta: “Não entende o que eu sou. Não entende o que eu faço. Não entende a dor e as lágrimas do palhaço.”

A imagem mostra uma fantasia laranja de um palhaço. Ao lado, há uma televisão.
O figurino é usado em shows pelo dançarino de break Jorge Paixão. Foto: Guilbert Inácio. 

Ao adentrar o segundo espaço, você mergulha na ancestralidade do grupo. Primeiro vemos imagens e um pouco da história das mães dos quatro membros, Dona Benedita, mãe e avó de Ice Blue; Dona Ana, mãe do Mano Brown; Dona Maria José, mãe de KL Jay e Dona Natalícia, mãe de Edi Rock. Todas elas são muito importantes para o grupo e ganharam, inclusive, referências em músicas como “Negro Drama” em que Brown canta: “Aí Dona Ana, sem palavra. A senhora é uma rainha, rainha”. 

É nessa área que descobrimos o significado do nome da exposição. Há um painel no local com um exame de DNA dos quatro integrantes que revela o ponto de encontro entre eles ou o quinto elemento – a África.

A imagem mostra um painel com o exame de DNA dos quatro membros dos Racionais MC's
Na “Selva de Pedra”, antes de todos se conhecerem, todos já estavam conectados por meio da ancestralidade. Foto: Guilbert Inácio.

O título se torna ainda mais significativo quando lembramos que a cultura hip-hop é composta por quatro elementos: rap, beat, break dance e grafite. O quinto elemento seria o conhecimento e a filosofia transmitida pelos Racionais, grupo já imortalizado na cultura brasileira, sobretudo na cultura periférica. 

Na terceira área, podemos conhecer um pouco de Pedro Paulo Soares Pereira, o Mano Brown; Paulo Eduardo Salvador, mais conhecido como Ice Blue; Edivaldo Pereira Alves, o Edi Rock e, por fim, Kleber Geraldo Lelis Simões, o KL Jay. Entre os inúmeros objetos, temos o quimono de karatê de Blue e o trombone de seu pai, a CDC do KL Jay, rascunhos de letras de Brown e Edi Rock.

A imagem mostra um bicicleta BMX azul
Primeira BMX de Edi Rock. Foto: Guilbert Inácio. 

O próximo espaço é o “Becos do som e do Tempo”, que está dividido em vários pequenos slots que mostram a trajetória musical do grupo. Podemos ver rascunhos de letras, registros de shows e a história de algumas músicas, além de alguns prêmios conquistados durante a carreira do grupo. 

Algumas produções expostas são “Holocausto Urbano” (1990); “Escolha seu Caminho” (1992); “Raio X do Brasil” (1993); “Sobrevivendo no Inferno” (1997); “Nada Como um Dia Após o outro Dia” (2002).

A imagem mostra um painel com os dizeres "Minha palavra vale um tiro, eu tenho muita munição" e uma foto dos quatro membros dos Racionais MC's. Ao lado, há fotos individuais dos membros.
O grupo confirmou um novo álbum para este ano, mas ainda não divulgou o título da obra nem a data de lançamento. Foto: Guilbert Inácio.

Nos próximos espaços, tem uma área sobre o impacto cultural, um cinema que exibe shows e o local “Trutas que se Foram” em homenagem a várias personalidades da cultura hip-hop que já morreram. A exposição se encerra no camarim, onde estão disponíveis alguns papéis e canetas para quem quiser deixar um registro particular na exposição.

A imagem mostra uma pequena placa com a foto da Dina Di e os dizeres: "Dina Di. Cria da área 019, como as quebradas conhecem a região de Campinas, no interior de São Paulo, Viviane Lopes Matias, a Dina Di, foi uma das mulheres mais importantes do rap no Brasil. Dina era a voz do grupo Visão de Rua. Dona de uma voz forte, assim como sua personalidade, a rapper nasceu em 19 de fevereiro de 1976 e morreu em 19 de março de 2010. Foi uma das primeiras mulheres a conquistar espaço no rap nacional. Dina nos deixou por causa de uma infecção hospitalar, que a atingiu 17 dias após o parto de sua segunda filha, Aline."
Nomes como Sabotage, Chorão, WGI, entre outros são homenageados na exposição. Foto: Guilbert Inácio. 

Segundo Eduardo, a exposição está movimentando bastante o museu, com uma média de 500 a 800 pessoas por dia. Ele conta que o ápice da visitação foi um dia em que 1500 pessoas apareceram no local. O educador complementa que, quando a exibição chegou perto da sua primeira data de encerramento, em maio, as filas para visitar o espaço aumentaram consideravelmente. O que ajudou a administração a decidir pela prorrogação.  

Eduardo também destaca que muitas pessoas vão ao museu achando que ele é elitizado, mas a partir do momento em que eles veem que o Museu das Favelas é acolhedor, com funcionários dispostos a tirar suas dúvidas e com temas que narram o cotidiano da população brasileira, tudo muda. 

 “Dá para sentir que o pessoal se sente acolhido, e tendo um movimento desse com um grupo que é das favelas, das quebradas, que o pessoal se identifica, é muito melhor. Chama atenção e o pessoal consegue ver que o museu também é lugar da periferia”, conclui. 

Impacto Cultural

Os Racionais surgiram em 1988 e, durante todo o trajeto da exposição, podemos ver o quão importante eles são até hoje para a cultura brasileira, seja por meio de suas músicas que denunciaram e denunciam o racismo, a violência do Estado e a miséria na periferia – marcada pela pobreza e pela criminalidade –, seja ocupando outros espaços como as provas nacionais e vestibulares.

A imagem mostra duas provas do Exame do Ensino Médio de 2023 com os trechos "Até no lixão nasce Flor" e É só questão de tempo, o fim do sofrimento".".
Trechos de Vida Loka, parte I e II nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio de 2023 (ENEM). Foto: Guilbert Inácio. 

Em 2021, foi ao ar a primeira temporada do podcast Mano a Mano, conduzido por Brown e a jornalista Semayat Oliveira, que chegou a sua terceira temporada em 2025.

Inclusive, o podcast, que já teve inúmeros convidados da cultura e da política vai virar  um livro, homônimo. A publicação sairá pela Companhia das Letras, que já publicou o livro “Sobrevivendo no Inferno”, em 2017. 

Segundo Tarso, o grupo representa a maior bandeira que a cultura negra e periférica já levantou nesse país, visto por muitos como super-heróis do gueto contra um sistema racista e neoliberal; além de produtores de uma música capaz de mudar a atitude e a perspectiva das pessoas, trazendo autoestima, além de muito conhecimento. 

“Um dos principais motivos do grupo se manter presente no cenário cultural é não se acomodar com a "força da camisa", como cita o Blue.  E sempre buscar ir além artisticamente, fazendo com que seus fãs tendam a ir para o mesmo caminho e continuem admirando sua arte e missão.”, finaliza Tarso. 

 

Serviço

O Museu das Favelas é gratuito e está aberto de terça a domingo, das 10h às 17h, com permanência permitida até às 18h. A retirada dos ingressos pode ser online ou na recepção do museu. Além da exposição “O Quinto Elemento”, também é possível visitar as exibições “Sobre Vivências” e “Favela é Giro”, nos mesmos horários.

Temáticas são abordadas desde os anos 60 no Japão e continuam exploradas até hoje
por
LUCCA CANTARIM DOS SANTOS
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16/06/2025 - 12h

“O sonífero”, projeto criado por Lucca Cantarim, estudante de jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) , tem por objetivo combater a visão reacionária a respeito de temas de gênero no entretenimento.

Trazendo a história da presença de personagens de diversas sexualidades e gêneros nos mangás e animes dentro da mídia japonesa, o autor trás uma reflexão leve, descontraída, porém importante a respeito de uma representatividade tão importante.

Os sete artigos que compõem o projeto estão disponíveis para serem lidos no site “Medium”, no perfil autoral de Lucca. Os textos contém entrevistas com pesquisadores, fãs e até mesmo leitores de dentro da comunidade LGBT que se identificam e se abrem sobre a importância da representatividade para eles.

Disponível em: https://medium.com/@luccacantarim/list/o-sonifero-d19af775653e

 

Programa Masterchef, que chega à décima temporada na TV, abre caminho para novos profissionais da cozinha
por
Gustavo Romero Pires
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27/06/2023 - 12h

 

 

Desde 2014, o programa culinário Masterchef vem fazendo sucesso entre chefs profissionais e quem nunca pisou na cozinha de algum restaurante. Depois de muita audiência em outros países, chegou ao Brasil na TV aberta revolucionando esse segmento, um tanto quanto novo. Foram criadas várias modalidades dentro do reality, como a de amadores, profissionais, crianças e, mais recentemente, pessoas da terceira idade. 

MasterChef' tem disputa entre celebridades e influenciadores | O TEMPO 

Jurados do Masterchef de 2022- Foto: Carlos Reinis/Band 

 Todas as temporadas mostraram cozinheiros com o sonho de abrir restaurantes ou trabalhar em um estabelecimento renomado, como os jurados do programa, Eric Jaquin, Henrique Fogaça, Helena Rizzo e, nas primeiras edições, Paola Carosella. Foi o que aconteceu com Rodrigo Einsfeld, que participou da temporada dos profissionais, em 2016. 

 O chef diz que sempre quis abrir um restaurante e hoje possui o famoso Handz, com uma sede na Casa Verde e a outra no Itaim Bibi. “Entrei no programa para ganhar, mas as pessoas que conheci, as ajudas dos chefs e o entorno me ajudaram a sair muito mais vencedor do que um título do programa. Realizei meu sonho de ter meu restaurante e é por isso que tenho um carinho pelo programa”, diz Rodrigo. 

 Ele destaca a importância do programa para a abertura de novos estabelecimentos. “Começar um restaurante do zero exige muito, mas, quando você tem um ‘empurrãozinho’ como é o programa, várias etapas são puladas e você já tem tanto a vivência nas provas como ajudas em conversas com os jurados e contato com eles no pós-reality.”  

 Quando questionado sobre o assédio de fãs nos restaurantes, o chef responde: “É bem tranquilo. Claro que tem uma pessoa ou outra que quer tirar foto e conversar sobre o programa ou até pedir ajuda sobre a cozinha, mas eu gosto de receber esse reconhecimento e principalmente o feedback sobre as comidas do Handz. No final o que vale é a troca, tanto pra ajudar a pessoa que gosta de mim, quanto pra eu evoluir meu restaurante”. 

 Rodrigo dá algumas dicas para quem só vê o programa e não se arrisca na cozinha. “O pessoal tem que se levantar e ir para o fogão. Sou suspeito para falar, mas acho que todo mundo vai se apaixonar.” 

 A influência chega até os telespectadores. Muitos começam a cozinhar por fazer parte da audiência. João, estudante de economia, diz que na pandemia começou a cozinhar após ver um episódio de Masterchef. “Nunca tinha assistido no nível de prestar atenção e muito menos eu cozinhava. Porém, comecei igual a todo mundo, fiz alguns pães e fui deixando meu cardápio mais completo, me inspirando um pouco no programa.”   

 O estudante afirma não querer ser profissional, mas diz ter se encontrado na atividade “‘É só um novo hobby que me ajuda a acalmar e a fazer coisas boas para a minha família nos dias de comemorações. É como uma terapia para mim. 

É possível notar que o programa mudou a vida tanto de pessoas que tiveram a oportunidade de participar do programa, quanto de telespectadores que foram influenciados a começarem a cozinhar, seja o motivo que for. Então a influência do reality é enorme, ainda mais passando na TV aberta como de costume, podendo mudar a vida de algumas pessoas. 

 

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Evento realizado pela revista Vogue reúne as maiores celebridades do mundo em noite anual de glamour; primeira edição ocorreu em 1948
por
Sophia Pietá Milhorim Botta
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26/06/2023 - 12h

Na primeira segunda de maio de cada ano é realizado o evento de moda mais importante do mundo, o Met Gala. Com a participação dos mais famosos estilistas, celebridades e jornalistas, a noite de muito glamour e tapetes vermelhos conta com uma trajetória de mais de 75 anos de cultura, momentos marcantes na história e uma grande operação de bastidores. “A cada ano o Met Gala muda a forma de pensar e de criar na indústria do ano., O evento dita novidades, padrões e estéticas, sendo um padrão de alta qualidade e luxo para quem produz na nossa área”, explica a stylist Juliemili Amaral. 

 O The Met é organizado por Anna Wintour, diretora-chefe da Vogue americana, desde 1995 no Metropolitan Museum of Art, em Nova York. O objetivo do evento é arrecadar fundos para o Costume Institute, museu focado em moda e figurinos. A primeira edição ocorreu em 1948, organizado pela publicitária de moda Eleanor Lambert, em um jantar de luxo à meia-noite. Logo, o evento foi se tornando a grande festa do ano no mundo da moda.  

Segundo Juliemili, além de arrecadar fundos para a moda, o Met Gala surgiu com o objetivo de valorizar e proporcionar uma maior visibilidade aos estilistas em ascensão, homenageando os maiores talentos de cada geração.  

Durante a década de 1970, o Met Gala foi popularizado pela ex-editora-chefe da Vogue, Diana Vreeland, que procurou trazer a cada ano um tema diferente para celebrar a noite de gala e simbolizar um momento importante da moda. Foi somente com Anna Wintour que a data escolhida passou a ser a primeira segunda-feira de maio, eternizando o dia como o mais importante da moda internacional.  Para participar do Met Gala é necessário ser convidado pela própria Anna Wintour e ainda pagar um valor que será levantado para o fundo de doação.Segundo o The New York Times, o ingresso custa cerca de R$ 249 mil, com mesas a partir de quase R$ 1,.5 milhão. Para 2023, cerca de 400 pessoas foram escolhidas diretamente por Wintour. 

O documentário “The First Monday in May”, lançado em 2016 e dirigido por Andrew Rossi, mostra os bastidores do Met Gala, acompanhando desde o início do projeto na redação da Vogue americana até a grande primeira segunda-feira de maio. Com diversas entrevistas com produtores do Met, convidados, estilistas e depoimentos de Anna Wintour, a obra procura detalhar como se move a indústria da moda e seu evento mais importante. 

 Em 75 anos de existência, momentos históricos marcaram o Met Gala e foram emblemáticos na moda. Entre eles, a primeira aparição da Princesa Diana, em 1996, com um clássico vestido Dior; a cantora Rihanna, em 2017, com um vestido de mais de 25 quilos que levou mais de dois anos para ser confeccionado; a cantora e atriz Cher, em 1974, usando um vestido transparente e de brilhos da marca Bob Mackie que viria a se tornar referência e inspiração para as próximas edições.  

Para Juliemili, um momento muito aguardado todos os anos é a presença da atriz Blake Lively, que utiliza grandes e volumosos vestidos, sempre de importantes grifes e chocando a todos com a perfeição e adequação a cada tema. Em 2022, quando a temática do evento era “Era Dourada no Século 19 nos Estados Unidos”, a peça trazia detalhes em pedrarias e cores como laranja e cobre. Desmontado, o vestido se transformava em um look quase todo azul, fazendo referência ao processo de envelhecimento do metal da Estátua da Liberdade.  

 O Met Gala procura abordar temas que instiguem a história cultural, social, política e econômica de alguma época mundial, para que os estilistas possam criar suas artes a partir de um viés mais embasado e traduzir por meio da moda uma abordagem crítica das questões do mundo. O evento é mais que um tapete vermelho repleto de celebridades e sim uma reflexão de como a moda também está inserida na política e na sociedade, gerando um real questionamento sobre uma coleção de roupas. 

 “O Met Gala se tornou unanimidade quando se fala sobre eventos de moda que extrapolam a bolha fashion. A presença de celebridades vestindo looks exclusivos de grandes grifes e a veiculação do evento nas redes sociais e na TV tornam a proporção do The Met maior a cada ano. As novas gerações vêm se interessando pela história e pelo significado do evento cada vez mais e posso afirmar que as plataformas digitais, como o TikTok, ajudam a alcançar mais pessoas que ainda não conhecem sobre o evento”, diz Juliemili. 

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'Gossip Girl' e 'Euphoria': uma contraposição de décadas e visões de estilo diferentes
por
Giulia Cicirelli
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26/06/2023 - 12h

As séries de televisão sempre tiveram influência na sociedade, especialmente na cultura e como ela afeta diversos aspectos da vida das pessoas que consomem este tipo de conteúdo. A produção criativa de um programa de televisão é extremamente complexa, envolvendo figurinos, estética e maquiagem, por exemplo. 

Em diferentes épocas, diferentes séries ganham popularidade e acabam se tornando o centro das atenções, fazendo com que pessoas se sintam inspiradas e acabem adotando suas características como parte do seu estilo de vida. “Creio que tudo seja muito relativo, mas séries hoje em dia, mesmo de época, tratam de assuntos muito atuais, e moda é comportamento”, afirma Mariana Totaro, diretora criativa das marcas Lorsa e Equívoco. 

Mas esses aspectos acabam se transformando ao longo dos anos, além das particularidades de cada série, como por exemplo a condição financeira dos personagens ou o universo em que as tramas se passam. 

 

Posters promocionais das séries Gossip Girl (2007) e Euphoria (2019) 

Dois exemplos são as produções “Euphoria”, lançada em 2019 e que continuou sendo exibida no início dos anos 2020, e “Gossip Girl”, lançada em 2007. Logo inicialmente pode-se identificar que há uma grande diferença entre os anos em que as produções foram ao ar, mas, além disso, quais outros aspectos seriam relevantes para contrapor uma e outra? Oo enredo da série é extremamente importante para o desenvolvimento de caracterização dos personagens. “Gossip Girl” retrata um cenário de adolescentes e jovens adultos que fazem parte da elite de Manhattan, uma das áreas mais valorizadas de Nova York. O figurino da série é majoritariamente composto por roupas de grife e peças de luxo. Já “Euphoria” é marcada por personagens que podem ser considerados de classe média, cujos guarda-roupas são compostos por peças mais básicas e acessíveis.  

Também é importante ressaltar os diferentes meios de reprodução que essas produções utilizaram. Épocas diferentes requerem meios de repercussão diferentes. Por uma série se passar no início dos anos 2000, as suas influências eram compartilhadas pelos meios de comunicação mais presentes na época, como blogs e sites. Já a outra, por se passar em meados dos anos 2020, se adaptou às redes sociais, Twitter, Instagram e TikTok.  

 

Mariana Totaro e Ana Luiza Tira 

É nítido como o público-alvo desses seriados, os jovens adultos e adolescentes, foi influenciado pelos estilos de vida apresentados para eles, mas como isso impacta a moda de uma maneira geral? Para responder a esta pergunta e apontar as principais diferenças entre as duas séries, a Agemt entrevistou Mariana Totaro e Ana Luiza Tira, pesquisadora de tendências da C&A, e elas comentaram como funcionam as tendências do momento e contaram como acompanharam todo esse processo de mudança de uma década para outra. 

  Em relação à adaptação às tendências e às diferenças entre os tempos, Ana Luiza afirmou: “Sem dúvida as mídias sociais mudaram tudo... É impressionante a força que elas têm hoje em dia. Em 2000 quem tinha o poder de influência eram as grandes marcas, revistas de moda, TV e normalmente celebridades. A partir dos anos 2010 a internet já começou a mudar muito isso”. Ela disse que, a partir dos anos 2020, primeiro pelo Instagram e depois pelo TikTok, surgiram os criadores de conteúdo, e qualquer pessoa pode influenciar outras. “Não necessariamente você precisa ser influencer ou famoso”, avaliou.  

Cenários diferentes causam impactos diferentes, atualmente com o maior e mais fácil alcance do público. “Euphoria”, em geral, sofreu uma promoção de imagem bem maior, com looks mais acessíveis para o público, o que causa um impacto maior na produção de peças de roupa. “Gossip Girl”, por sua vez, apresenta itens luxuosos e de grife, mas não deixa de ter uma grande influência na indústria da moda.

 

 

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Com milhares de seguidores no TikTok, criadoras de conteúdo ensinam técnicas e dão dicas sobre produtos
por
Lorrane de Santana Cruz
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26/06/2023 - 12h

Conteúdos sobre beleza são consumidos desde o início da internet. Antes era muito comum que blogs e revistas levantassem tendências, além de ensinar técnicas e indicarem produtos.  

Atualmente, com o avanço de plataformas digitais, muitas pessoas começaram a produzir vídeos sobre a mesma temática, mas em lugares e com propostas diferentes.  

No Brasil a maquiagem é muito consumida, e com o passar dos anos o país viu se multiplicarem os produtos e marcas nacionais no mercado. Segundo a ABF (Associação Brasileira de Franquias), entre janeiro e setembro de 2022 mercado de cosméticos é o que mais cresceu em média 13,5%, superando 2021 e estimando um faturamento de R$34,2 bilhões. 

De acordo com a Abihpec (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos), em 2022, o nicho de produtos de beleza cresceu em 13,2%.  

A plataforma TikTok fez com que usuários de diversos lugares do mundo passassem a ser consumidores e produtores de conteúdo.  

Esse é o caso da maquiadora profissional Samanta Fernandes e a influenciadora Emily Clementino. Em 2021 Samanta começou a postar seus vídeos no TikTok e hoje já conta com 25 mil seguidores. Emily, por sua vez,  possui 27,7 mil na mesma rede. 

Questionada como nasceu seu interesse pela maquiagem, Samanta responde: "Surgiu de uma decepção. Me maquiei com um maquiador ‘renomado’ e ele mudou completamente minha característica. Desde então comecei a fazer cursos de automaquiagem e me apaixonar, a ponto de me profissionalizar".  

Já para Emily, a paixão começou na infância. "Sempre amei esse mundo de moda, maquiagem, estética. Desde pequena, com uns 5 anos, eu já me maquiava. Comecei a postar em minhas redes sociais somente fotos com minhas automaquiagens com 15 anos, sem interesse. Nunca imaginei que chegaria a gravar vídeos e trabalhar com isso. Foi algo bem inesperado, mas quando vi que as pessoas gostaram e que surgiam dúvidas sobre maquiagem, eu iniciei com os vídeos." 

Muitas pessoas procuram usar produtos para ressaltar a beleza ou até mesmo para melhorar alguma insegurança. Um profissional no começo de carreira tem que conquistar clientes e garantir a satisfação. "Eu não achava que seria uma profissional, me divertia maquiando minhas amigas e as clientes vieram das minhas postagens", conta Samanta. 

No meio das redes sociais, manter um público engajado e presente é uma das preocupações da figura pública. "Por mais simples que pareça, seja você, faça o básico bem-feito, mostre que além de qualquer coisa você é um ser humano comum. As pessoas não querem saber se você é rico ou não, elas querem ver um pouco delas em você. Nem que seja um pequeno detalhe da sua rotina", diz Emily.  

É muito comum escutar o nome "blogueira", ainda mais se for utilizado de forma irônica e debochada. Influencers deixaram de lado o blog e se adaptaram a uma nova forma na internet. Porém, não depende só dos vídeos em si, mas também dos algoritmos e da entrega deles para os seguidores, já que cada um se identifica com o que gosta.   

"Entender o algoritmo é algo muito complicado. Acredito que as pessoas se identificam com a forma com que cada pessoa aborda o assunto", diz Samanta.  

Grandes nomes, como Mari Maria (51,4 milhões de seguidores), Niina Secrets (8,3 milhões), Mari Saad (6,6 milhões), Karen Bachini (5,5 milhões), Bianca Andrade (28,6 milhões), Bruna Tavares (7,5 milhões) e Franciny Ehlke (34,9 milhões), usaram a imagem que construíram com o passar dos anos para lançar suas próprias linhas de cosméticos.  

Por mais antigo que seja o mundo da maquiagem, só agora  as empresas focaram em itens para peles pretas. Muitos influenciadores pretos começaram a expor o descaso dessas marcas. Tássio Santos, do canal “Herdeira da Beleza” (911 mil seguidores), Camilla de Lucas (9,8 milhões) são alguns dos responsáveis por abordar essa questão.  

"Quando iniciei, não era tão difícil, até porque não tinha tantas meninas com a estética semelhante à minha. Então me destaquei muito pela minha pele, cabelo e estilo. Hoje em dia tem muitas pessoas se arriscando como criador de conteúdo, o que ‘sobrecarrega’ a plataforma, fazendo com que tenha mais dificuldade de ‘viralizar’, relata Clementino.  

Nesse meio é muito necessário assumir responsabilidades na hora de expor qualquer coisa. Questionadas sobre os compromissos que assumem divulgando conteúdo, as influenciadoras respondem: "Eu sempre presto muita atenção nisso, nos pequenos detalhes, nas falas, atitudes, coisas que talvez ninguém perceba. Ainda mais porque meu público é como eu, meninas que passaram por dificuldades na adolescência por conta da estética. Então a responsabilidade é minha de mostrar que não é assim, que não existe padrão de beleza, que a beleza está sim na diversidade", diz Clementino.  

Fernandes, por sua vez, afirma: “Tento ensinar coisas básicas, pois é o que eu procurava quando queria me maquiar. Testo muitas vezes um produto antes de ’indicá-lo’.  

Uma rotina de gravação e disponibilidade é associada ao trabalho dos influencers, mas Samanta diz que, com ela, não é bem assim. "Não tenho uma rotina, pois tenho muitas outras funções. Gravo quando consigo."  

No entanto, para Emily, as coisas são um pouco diferentes. "Atualmente eu curso estética no período noturno, então acabo tendo bastante tempo para criar conteúdo. Meu trabalho é totalmente vinculado com as mídias sociais, fotografias, vídeos, tudo. O que me atrapalha um pouco é quando tenho tempo muito trabalho de um nicho específico, como por exemplo roupas. Se dou muito atenção para essa área, acabo não tendo tanto tempo para gravações de maquiagem."  

A maquiagem, por si só, é uma forma de expressão. Vai muito além esconder as "imperfeições" ou mascarar inseguranças, tendo em vista que o Brasil é um dos países que mais realizam cirurgias plásticas. 

Samanta aprecia o respeito durante a realização de seu trabalho, sem apagar características de suas clientes, como aconteceu com ela.  

"Sim, eu prezo pelo embelezamento, maquiagem que não transforma e sim valoriza.”  

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Como a cantora influenciou, com seu talento e rebeldia, a trajetória do rock nacional
por
Bianca Athaide
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23/06/2023 - 12h

A morte da cantora Rita Lee na primeira quinzena de maio, deixou o país de luto. Sua personalidade teve enorme importância na evolução do rock brasileiro, graças à sua liberdade e irreverência. O posto de “rainha do rock brasileiro” e “padroeira da liberdade” foi dedicado a Rita, resultado de sua personalidade moderna, criativa, revolucionária e transgressora que inspirou - e continua inspirando - milhares de pessoas.

Iniciando sua carreira com apenas 16 anos, na passagem dos anos 60, a cantora descendente de imigrantes americanos, participou de um trio de vocais femininos, batizado Teenage Singers . Não se identificou com a “caretice” do grupo e acabou saindo. Pouco tempo depois, ajudou a criar o inovador grupo “Os Mutantes”, no qual consagrou seu nome. 

A onda extremamente criativa e experimental da banda foi interrompida pelo conturbado  relacionamento de Rita com o então guitarrista e compositor Arnaldo Baptista. O fim de sua união coincidiu com o fim do grupo - uma perda imensurável para a cultura do Tropicalismo na esfera musical do Brasil. 

Em 1979, a cantora encaminha cada vez mais sua carreira para o viés solo. Após a breve criação do grupo Tutti Frutti, que teve como destaque o álbum Fruto proibido, de 1975, que trouxe a faixa “Agora só falta você”, Rita iniciou a composição de muitos hits conhecidos, com uma pegada mais pop rock, junto com seu marido Roberto de Carvalho. 

O mestre em composição musical pela City University of New York, Pedro Augusto Ramos, professor da Faculdade de Música e Conservatório Souza Lima afirma: “A Rita Lee foi muito mais do que uma roqueira. Claro, considerada a rainha do rock, pelo histórico, mas ela foi muito mais do que isso: para o século 20, similar ao que Chiquinha Gonzaga foi para o século 19. A música, querendo ou não, até hoje é um mundo mais masculino. dominado por homens, e a Rita foi além, foi uma pioneira no rock brasileiro, uma grande compositora: com composições que vão do rock, passando pela bossa nova, passando pelo pop e muitas baladas lentas.”

Somado ao seu legado musical, a cantora também deu o tom da chamada contracultura brasileira durante um longo período de tempo. Desafiando normas sociais impostas, defendendo a liberdade de expressão e dos direitos LGBTQIAP+, Rita inspirou milhares de fãs a se libertarem de paradigmas arcaicos sobre sexualidade, questão de gênero e feminismo. O professor exemplifica: “Eu acho que ela tem muito valor como mulher, sobrevivendo nesse mundo artístico - não só sobrevivendo mas tendo muito sucesso nesse meio - Ela era uma cantora, mas também tinha um pacote completo: sempre muito irreverente e leve. Em seus livros publicados e suas entrevistas podemos ver uma mulher muito ativa no papel de libertadora e modelo para muitas outras mulheres.” 

Ao analisar as letras de suas músicas, fica evidente que Rita sabia da importância da igualdade de gênero, da luta por reconhecimento e da necessidade de quebra de tabus muitas vezes opressores às mulheres. Obras como “Ovelha Negra” e “Erva Venenosa” - hits nacionais, conhecidos no país inteiro -  além de se destacarem pela qualidade musical, têm letras abarrotadas de mensagens de empoderamento feminino. Assim, além da conquista dos holofotes para seu próprio nome, Rita também escancarou portas para uma geração de artistas que viriam - entre elas, uma de suas pupilas do rock nacional, a cantora de rock baiana Pitty. 

Nas suas redes sociais, no dia em que a morte de Rita foi anunciada pelos seus filhos, a cantora publicou: “Sou fruto do legado de Rita Lee”. Em outra ocasião, durante um de seus shows, ela exclamou para o público: “Como assim? Como você é baiana e roqueira? Eu falei: 'é o seguinte: sou filha da Rita Lee com o Raul Seixas. Os dois se encontraram um dia no plano astral. Eles não sabem, mas sou filha dos dois". 

Desafiando estereótipos, chutando portas e abrindo caminhos, Rita Lee continua inspirando e ecoando pelos quatro cantos do Brasil. Seu legado e voz marcaram a história cultural e social do país. Sua coragem, rebeldia e autenticidade vão ser sempre suas características mais fortes, lembradas e celebradas pelos milhares de fãs. O entrevistado ainda finaliza com: “A Rita, eu acredito que está no panteão ali dos grandes compositores da música popular brasileira e também no campo do feminismo representou muito.” 

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