Banda se apresenta em fevereiro de 2026; taxas extras geram críticas e frustrações entre os fãs
por
Maria Clara Palmeira
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27/06/2025 - 12h

A espera acabou! Na segunda-feira (23), foi anunciado que, após 17 anos, a banda americana My Chemical Romance retornará ao Brasil em 2026 pela segunda vez. O único show da banda em solo brasileiro será no dia 5 de fevereiro, no Allianz Parque, em São Paulo, como parte de sua turnê pela América Latina. 

A apresentação contará com a abertura da banda sueca The Hives e irá reunir brasileiros que acompanham a trajetória do grupo desde os anos 2000.

Anúncio da turnê na América do Sul. Reprodução: Instragram/@mychemicalromance
Anúncio da turnê na América do Sul. Reprodução: Instragram/@mychemicalromance


Formada em Nova Jersey nos Estados Unidos, em 2001, o My Chemical Romance tornou-se uma das bandas mais representativas do rock alternativo e símbolo do movimento emo. A formação atual é composta por Gerard Way nos vocais, Ray Toro e Frank Iero na guitarra, e Mikey Way no baixo.

O grupo lançou seu álbum de estreia, “I Brought You My Bullets, You Brought Me Your Love”, em 2002, mas o sucesso internacional veio em 2004, com “Three Cheers for Sweet Revenge”. No entanto, foi em 2006 com o disco “The Black Parade” que a banda atingiu o auge. O single “Welcome to the Black Parade” se tornou um hino da geração emo, alcançando o primeiro lugar nas paradas britânicas e consolidando o grupo no cenário global.

Após diversos sucessos, a banda entrou em hiato e anunciou sua separação em março de 2013. O retorno foi anunciado em outubro de 2019, com um show em Los Angeles. Em 2022, após dois anos de adiamentos devido à pandemia, a banda embarcou em uma extensa turnê, passando pelos EUA, Europa, Oceania e Ásia.

Desde a quarta-feira (25), início da pré-venda, fãs relataram insatisfação com o preço dos ingressos, que variam entre R$ 197,50 e R$ 895,00, além das cobranças de taxas adicionais. A revolta se intensificou com a cobrança da taxa de processamento, considerada uma novidade pela bilheteria oficial, a Eventim. A empresa alegou que essa tarifa garante a segurança dos dados dos consumidores, mas a justificativa não convenceu o público. 


Mesmo com a revolta, a expectativa de alta demanda se confirmou: a venda geral, aberta nesta quinta-feira (27) ao meio-dia, resultou em ingressos esgotados em 10 minutos.

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Nova exposição na Pinacoteca Contemporânea revela o papel político da pop arte brasileira no período de ditadura.
por
Maria Luiza Pinheiro Reining
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25/06/2025 - 12h

Por trás da explosão de cores, imagens familiares e estética publicitária da pop art brasileira, havia ruído, ambiguidade e protesto. Essa é a premissa da exposição Pop Brasil: Vanguarda e Nova Figuração, 1960-70, em cartaz na nova sede da Pinacoteca Contemporânea, em São Paulo. Mais do que uma exibição de obras pop, a mostra constrói um retrato crítico de uma década marcada por ditadura, censura e modernização desigual, e de como a arte respondeu a esse cenário.

A exposição celebra os sessenta anos das mostras Opinião 65 e Propostas 65, marcos da virada estética e política na produção brasileira. O percurso curatorial, assinado por Pollyana Quintella e Yuri Quevedo, reúne obras que reagiram diretamente ao avanço da indústria cultural, à opressão do regime militar e à transformação dos modos de vida. Em vez de apenas absorver os códigos da cultura de massa, os artistas incorporaram sua linguagem para tensionar o que ela ocultava: a violência da ditadura, o apagamento de subjetividades e a precarização das relações sociais.

Contra a censura
Tônia Carreiro, Eva Wilma, Odete Lara, Norma Benghel e Cacilda Becker protestam contra censura, em 1968

A ideia de que “a pop arte é o braço avançado do desenvolvimento industrial das grandes economias” é ressignificada no Brasil, onde a modernização industrial coexistia com a informalidade, a desigualdade e a repressão. Em vez do otimismo norte-americano, a arte pop brasileira surge como crítica: reapropria slogans, transforma marginais em heróis, imprime silhuetas de bandeiras como gesto de manifestação coletiva. A visualidade sedutora do consumo encontra a resistência política camuflada nas superfícies gráficas.

A exposição percorre núcleos como Poder e Resistência, Desejo e Trivialidade, Criminosos e Cultura Marginal, entre outros. Em comum, todos os conjuntos partem de imagens produzidas ou apropriadas do cotidiano: televisão, jornal, embalagem; para apontar fissuras entre aparência e estrutura. Hélio Oiticica, Rubens Gerchman, Wanda Pimentel, Antonio Manuel e muitos outros traduzem a tensão entre censura e invenção por meio de performances, happenings e obras gráficas que confundem arte e ação direta.

Helio Oiticica
Hélio Oiticica, 1968

Se nos Estados Unidos a pop art celebrava o consumo, no Brasil ela revelou o que havia por trás dele. A mostra explicita como a arte brasileira dos anos 1960 e 70 operou sob risco, incorporando elementos populares para criticar os próprios instrumentos de controle e espetáculo.

Mais do que rever o passado, Pop Brasil propõe um exercício de leitura do presente. Diante da repetição de discursos autoritários, da estetização da política e da crise na democracia, o gesto pop reaparece como estratégia de sobrevivência, uma forma de dizer muito com imagens que, à primeira vista, parecem dizer pouco.

 

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A incerteza quanto ao fim das salas de cinema e início da diminuição em massa de consumidores
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Chiara Renata Abreu
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18/06/2025 - 12h

A recente chegada dos streamings pode acabar com os cinemas. Internacionalmente, as plataformas têm se mostrado cada vez mais aptas a abalar seus concorrentes. 

Depois da pandemia, os donos dos cinemas sentiram a diminuição de movimento, que preocupa não só a indústria, mas a sociedade em si. Filmes e curtas fazem parte da formação da cultura de civilizações, e a incerteza de sua existência atormenta. Os streamings ganharam força no período de quarentena, ocupando o espaço que as salas obtinham. O conforto de estar em sua própria casa, poder parar o filme a qualquer momento e a variedade no catálogo são alguns dos principais motivos do aumento da modalidade segundo pesquisas da Cinepop, site especializado em cinema. 

De acordo com pesquisas da revista O Globo, a área do cinema conseguiu em 2023 superar as dificuldades e recuperar alguns de seus fregueses, mas os números seguem abaixo do que estavam antes da pandemia. Segundo o analista de mercado Marcelo J. L. Lima em entrevista para a revista, a crise é mundial, com ressalvas em países como França, Índia, Coreia do Sul e China, que tem menor influência de Hollywood. Ainda, a reportagem aponta que parte da fraqueza hoje encontrada na indústria se fez depois de 1980, a partir do início da migração dos cinemas de rua para os de shopping. Em 2008 apenas 27% deles eram fora dos centros de comércio. 

Em entrevista para O Globo, Marcos Barros, presidente da Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex (Abraplex), apontou que os cinemas estão em apenas 8% dos municípios brasileiros, apenas 451 de um total de 5.565 cidades. A volta dos cinemas de rua poderia diminuir o desequilíbrio das salas, gerando uma maior popularização do cinema. Segundo Raíssa Araújo Ferreira, estudante de cinema na Belas Artes, “os cinemas estão se perdendo. Antigamente existiam vários cinemas de rua, de mais fácil acesso. Hoje está acontecendo uma elitização das salas. Elas estão, por exemplo, muito longe das periferias e concentradas nos shoppings, então existe todo o gasto com a locomoção. O cinema se torna um lugar de privilégio”. 

“O cinema é a sétima arte. Ela é um conjunto de todas as outras artes, e o cinema é vivo. Ele é sempre atual. Ele é sempre de todas as épocas. Então nada que é vivo vai desaparecer sem deixar vestígios. O cinema tem muito o que falar. É como se as salas estivessem adormecidas. Elas não estão mortas, mas sim apagadas”, comenta a aluna. 

A jovem complementa com ideias para a volta do triunfo das salas de cinema. “Acho que precisamos reinventar as salas. Apostar em programações mais diversas, ingressos mais acessíveis, novas salas mais perto da periferia e espalhar o cinema pelas cidades do Brasil. Criar o desejo de ir ao cinema, como um acontecimento, e trazer experiências mais imersivas, como convidar atores para, antes da sala de cinema, falarem sobre o filme. Trazer também eventos para apoiar o cinema de rua, investindo nas produções independentes e criando lugares públicos. Assim, as salas vão se reposicionar e oferecer algo que o sofá de casa ou a cama não oferece”. 

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A história do grupo que ultrapassou as barreiras sonoras pode ser vista no centro de SP até o fim de agosto
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Por Guilbert Inácio
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26/06/2025 - 12h

A exposição “O Quinto Elemento”, em homenagem aos 35 anos do notório grupo de rap Racionais MC’s, está em cartaz desde o dia 06 de dezembro de 2024, no Museu das Favelas, no Pátio do Colégio, região central da cidade de São Paulo. A mostra era para ter sido encerrada em 31 de maio de 2025, mas, devido ao sucesso, vai agora até 31 de agosto.

A imagem mostra um painel os quatros membros dos Racionais MC's
Em 2024, o museu ganhou o prêmio de Projeto Especial da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) pela exposição. Foto: Guilbert Inácio. 

Museu das Favelas

O Museu das Favelas está localizado no Centro histórico de São Paulo, mas esse nem sempre foi o seu endereço. Inaugurado no dia 25 de novembro de 2022, no Palácio dos Campos Elíseos, o Museu das Favelas ficou 23 meses no local até trocar de lugar com a Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo, no dia 26 de agosto de 2024.  

Fechado por três meses, o museu reabriu no dia 06 de dezembro de 2024, já com a nova exposição dos Racionais MC’s. Em entrevista à AGEMT, Eduardo Matos, um dos educadores do museu, explicou que a proposta da exposição chegou neles por meio de Eliane Dias, curadora da exposição, CEO da Boogie Naipe, produtora dos Racionais e esposa do Mano Brown. Eduardo complementou que o museu trocou de lugar para ter mais espaço para a mostra, já que no Campos Elísios não teria espaço suficiente para implantar a ideia. 

Tarso Oliveira, jornalista e historiador com pós-graduação em Africanidades e Cultura Afro-Brasileira, comentou que a gratuidade do museu é um convite para periferia conhecer a sua própria história e que, quando falamos de Racionais MC's, falamos de uma história dentro da história da cultura hip-hop, que salvou várias gerações fadadas a serem esquecidas e massacradas pelo racismo estrutural no Brasil. “Nós temos oportunidades de escrever a nossa narrativa pelas nossas mãos e voltada para o nosso povo. Isso é a quebra fundamental do epistemicídio que a filósofa Sueli Carneiro cita como uma das primeiras violências que a periferia sofre.”, afirma o historiador. 

O Quinto Elemento

Basta subir as escadas para o segundo andar do museu, para iniciar a imersão ao mundo dos Racionais. Na entrada, à sua direita, é possível ouvir áudios do metrô, com o anúncio das estações. Uma delas, a estação São Bento da linha 1-Azul, foi o berço do hip-hop em São Paulo, na década de 1980. À esquerda está um som com músicas dos Racionais, uma trilha que você irá ouvir em todos os espaços da exposição.

A imagem apresenta três placas, em sequência, com os dizeres "X", "Racionais MC's" e "Vida Loka".
Placas semelhantes às placas com nomes de rua trazem as letras do grupo. Foto: Guilbert Inácio.

No primeiro espaço, podemos ver o figurino do Lorde Joker, além de uma breve explicação da presença recorrente na obra do grupo da figura do palhaço em apresentações e músicas como “Jesus Chorou”, em que Mano Brown canta: “Não entende o que eu sou. Não entende o que eu faço. Não entende a dor e as lágrimas do palhaço.”

A imagem mostra uma fantasia laranja de um palhaço. Ao lado, há uma televisão.
O figurino é usado em shows pelo dançarino de break Jorge Paixão. Foto: Guilbert Inácio. 

Ao adentrar o segundo espaço, você mergulha na ancestralidade do grupo. Primeiro vemos imagens e um pouco da história das mães dos quatro membros, Dona Benedita, mãe e avó de Ice Blue; Dona Ana, mãe do Mano Brown; Dona Maria José, mãe de KL Jay e Dona Natalícia, mãe de Edi Rock. Todas elas são muito importantes para o grupo e ganharam, inclusive, referências em músicas como “Negro Drama” em que Brown canta: “Aí Dona Ana, sem palavra. A senhora é uma rainha, rainha”. 

É nessa área que descobrimos o significado do nome da exposição. Há um painel no local com um exame de DNA dos quatro integrantes que revela o ponto de encontro entre eles ou o quinto elemento – a África.

A imagem mostra um painel com o exame de DNA dos quatro membros dos Racionais MC's
Na “Selva de Pedra”, antes de todos se conhecerem, todos já estavam conectados por meio da ancestralidade. Foto: Guilbert Inácio.

O título se torna ainda mais significativo quando lembramos que a cultura hip-hop é composta por quatro elementos: rap, beat, break dance e grafite. O quinto elemento seria o conhecimento e a filosofia transmitida pelos Racionais, grupo já imortalizado na cultura brasileira, sobretudo na cultura periférica. 

Na terceira área, podemos conhecer um pouco de Pedro Paulo Soares Pereira, o Mano Brown; Paulo Eduardo Salvador, mais conhecido como Ice Blue; Edivaldo Pereira Alves, o Edi Rock e, por fim, Kleber Geraldo Lelis Simões, o KL Jay. Entre os inúmeros objetos, temos o quimono de karatê de Blue e o trombone de seu pai, a CDC do KL Jay, rascunhos de letras de Brown e Edi Rock.

A imagem mostra um bicicleta BMX azul
Primeira BMX de Edi Rock. Foto: Guilbert Inácio. 

O próximo espaço é o “Becos do som e do Tempo”, que está dividido em vários pequenos slots que mostram a trajetória musical do grupo. Podemos ver rascunhos de letras, registros de shows e a história de algumas músicas, além de alguns prêmios conquistados durante a carreira do grupo. 

Algumas produções expostas são “Holocausto Urbano” (1990); “Escolha seu Caminho” (1992); “Raio X do Brasil” (1993); “Sobrevivendo no Inferno” (1997); “Nada Como um Dia Após o outro Dia” (2002).

A imagem mostra um painel com os dizeres "Minha palavra vale um tiro, eu tenho muita munição" e uma foto dos quatro membros dos Racionais MC's. Ao lado, há fotos individuais dos membros.
O grupo confirmou um novo álbum para este ano, mas ainda não divulgou o título da obra nem a data de lançamento. Foto: Guilbert Inácio.

Nos próximos espaços, tem uma área sobre o impacto cultural, um cinema que exibe shows e o local “Trutas que se Foram” em homenagem a várias personalidades da cultura hip-hop que já morreram. A exposição se encerra no camarim, onde estão disponíveis alguns papéis e canetas para quem quiser deixar um registro particular na exposição.

A imagem mostra uma pequena placa com a foto da Dina Di e os dizeres: "Dina Di. Cria da área 019, como as quebradas conhecem a região de Campinas, no interior de São Paulo, Viviane Lopes Matias, a Dina Di, foi uma das mulheres mais importantes do rap no Brasil. Dina era a voz do grupo Visão de Rua. Dona de uma voz forte, assim como sua personalidade, a rapper nasceu em 19 de fevereiro de 1976 e morreu em 19 de março de 2010. Foi uma das primeiras mulheres a conquistar espaço no rap nacional. Dina nos deixou por causa de uma infecção hospitalar, que a atingiu 17 dias após o parto de sua segunda filha, Aline."
Nomes como Sabotage, Chorão, WGI, entre outros são homenageados na exposição. Foto: Guilbert Inácio. 

Segundo Eduardo, a exposição está movimentando bastante o museu, com uma média de 500 a 800 pessoas por dia. Ele conta que o ápice da visitação foi um dia em que 1500 pessoas apareceram no local. O educador complementa que, quando a exibição chegou perto da sua primeira data de encerramento, em maio, as filas para visitar o espaço aumentaram consideravelmente. O que ajudou a administração a decidir pela prorrogação.  

Eduardo também destaca que muitas pessoas vão ao museu achando que ele é elitizado, mas a partir do momento em que eles veem que o Museu das Favelas é acolhedor, com funcionários dispostos a tirar suas dúvidas e com temas que narram o cotidiano da população brasileira, tudo muda. 

 “Dá para sentir que o pessoal se sente acolhido, e tendo um movimento desse com um grupo que é das favelas, das quebradas, que o pessoal se identifica, é muito melhor. Chama atenção e o pessoal consegue ver que o museu também é lugar da periferia”, conclui. 

Impacto Cultural

Os Racionais surgiram em 1988 e, durante todo o trajeto da exposição, podemos ver o quão importante eles são até hoje para a cultura brasileira, seja por meio de suas músicas que denunciaram e denunciam o racismo, a violência do Estado e a miséria na periferia – marcada pela pobreza e pela criminalidade –, seja ocupando outros espaços como as provas nacionais e vestibulares.

A imagem mostra duas provas do Exame do Ensino Médio de 2023 com os trechos "Até no lixão nasce Flor" e É só questão de tempo, o fim do sofrimento".".
Trechos de Vida Loka, parte I e II nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio de 2023 (ENEM). Foto: Guilbert Inácio. 

Em 2021, foi ao ar a primeira temporada do podcast Mano a Mano, conduzido por Brown e a jornalista Semayat Oliveira, que chegou a sua terceira temporada em 2025.

Inclusive, o podcast, que já teve inúmeros convidados da cultura e da política vai virar  um livro, homônimo. A publicação sairá pela Companhia das Letras, que já publicou o livro “Sobrevivendo no Inferno”, em 2017. 

Segundo Tarso, o grupo representa a maior bandeira que a cultura negra e periférica já levantou nesse país, visto por muitos como super-heróis do gueto contra um sistema racista e neoliberal; além de produtores de uma música capaz de mudar a atitude e a perspectiva das pessoas, trazendo autoestima, além de muito conhecimento. 

“Um dos principais motivos do grupo se manter presente no cenário cultural é não se acomodar com a "força da camisa", como cita o Blue.  E sempre buscar ir além artisticamente, fazendo com que seus fãs tendam a ir para o mesmo caminho e continuem admirando sua arte e missão.”, finaliza Tarso. 

 

Serviço

O Museu das Favelas é gratuito e está aberto de terça a domingo, das 10h às 17h, com permanência permitida até às 18h. A retirada dos ingressos pode ser online ou na recepção do museu. Além da exposição “O Quinto Elemento”, também é possível visitar as exibições “Sobre Vivências” e “Favela é Giro”, nos mesmos horários.

Temáticas são abordadas desde os anos 60 no Japão e continuam exploradas até hoje
por
LUCCA CANTARIM DOS SANTOS
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16/06/2025 - 12h

“O sonífero”, projeto criado por Lucca Cantarim, estudante de jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) , tem por objetivo combater a visão reacionária a respeito de temas de gênero no entretenimento.

Trazendo a história da presença de personagens de diversas sexualidades e gêneros nos mangás e animes dentro da mídia japonesa, o autor trás uma reflexão leve, descontraída, porém importante a respeito de uma representatividade tão importante.

Os sete artigos que compõem o projeto estão disponíveis para serem lidos no site “Medium”, no perfil autoral de Lucca. Os textos contém entrevistas com pesquisadores, fãs e até mesmo leitores de dentro da comunidade LGBT que se identificam e se abrem sobre a importância da representatividade para eles.

Disponível em: https://medium.com/@luccacantarim/list/o-sonifero-d19af775653e

 

Como império que movimentava cerca de R$ 625 bilhões em bilheteria, viu seu rendimento cair
por
Ana Beatriz Assis
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23/06/2023 - 12h

Filas, gritarias, cosplays e muita ansiedade era o que antecipava toda sessão de cinema de filmes de heróis nos últimos cinco anos. Mal terminava um filme já havia expectativa para o próximo, quando os espectadores ficavam até depois do longa para ver as cenas pós-crédito. Atualmente, para os fãs, essa sensação virou saudade: desde 2021, com o estrondoso lançamento de “Homem - Aranha: Sem Volta para Casa”, as produções da Marvel, tanto para os cinemas quanto para o streaming, vêm desapontando os apaixonados por heróis.

Última fase da produtora, chamada Fase 4 (entenda a divisão das fases na ilustração abaixo), obteve um lucro aproximado de US$ 888,50 milhões (R$ 4,37 bilhões). Por mais que seja um grande número, é 28% menor do que a fase anterior (Fase 3), que aconteceu entre 2016 e 2019. Essa mudança se mostra mais expressiva quando comparada ao sucesso de "Vingadores: Ultimato", que, sozinho, arrecadou cerca de US$ 2,7 bilhões (R$ 13,28 bilhões) nos cinemas em 2019.

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(Ilustração das fases da Marvel studios)  

Toda essa mina de ouro foi vendo seu declínio com o filme “Doutor Estranho 2: O Multiverso da Loucura”, que tinha como promessa introduzir uma nova fase para a franquia, mas não entregou o que os fãs esperavam. Segundo Lucas Braga (@tutuba), de 24 anos, produtor de conteúdo de super-heróis em suas redes, esse declínio é ruim, pois pode gerar cancelamentos de projetos. Contudo, ele diz que a postura mais crítica dos fãs gera resultados positivos, pois faz com que o estúdio entenda que “não adianta só jogar qualquer coisa, qualquer personagem ou uma história mequetrefe que todo mundo vai consumir”. “O ingresso passou a valer um pouco mais para o consumidor”, afirma Lucas.

Para Heitor Teixeira (Canal na tela), de 45 anos, editor de imagens e produtor cultural, a audiência das produções, em geral, sofreu um grande abalo financeiro, sobretudo devido à pandemia e o esvaziamento das salas de exibição.“O gênero sem dúvida acaba sendo afetado”, diz.

 

É o fim do gênero de super-heróis?  

Ana Maria Bahiana, jornalista e crítica de cinema, explica em sua obra “Como ver um filme" (2012) que toda superprodução de um certo gênero tende a ficar saturada depois de um tempo. “A certa altura de repetição, o gênero se cristaliza, tornando-se plenamente um clichê, pronto para ser criticado, ironizado, destroçado e, eventualmente, esquecido”, diz Bahiana no livro. Segundo a especialista, o cinema é uma arte viva, tudo nele tem um claro ciclo natural e seus gêneros também seguem essa lógica, o que faz com que tenham um ciclo de vida.

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(infográfico de infomações do livro “Como assistir um filme” de Ana Maria Bahiana) 

Mas será que somente o ciclo do gênero fez com que essa queda ocorresse? Segundo o especialista em quadrinhos e produtor de conteúdo Sérgio Campos (Marvel 616), de 43 anos, a falta de bilheteria na China também teve papel no acontecimento. "Foi também junto com a pandemia que a China, que é o segundo maior mercado internacional depois dos EUA, fechou as portas para a maioria das produções de Hollywood”, diz. Ele continua exemplificando que, mesmo com a liberação recente desses filmes, a adesão é bem menor que antes de 2020.

Em somatória, a queda do gênero se fez também por fatores de qualidade das produções, segundo Lucas. “O gênero de heróis não está exatamente saturado por ser heróis, mas sim saturado de roteiros ruins.” O produtor diz que o estúdio não parece se importar em boas tramas e bons personagens, nem mesmo uma boa direção com um filme. "Ninguém se cansa de um filme bom, a verdade é essa.” 

Para Heitor, “Vingadores: Ultimato” representa uma espécie de divisor de águas para a Marvel, já que os filmes seguintes foram recebidos com graus de empolgação diferentes, mesmo com alguns sucessos de arrecadação fazendo parte da lista.

“Pessoas podem achar um filme bom por motivos diversos ou ruins, mas, quando uma massa maior de pessoas reclama de algo, não importa o motivo, os estúdios sentem no bolso.”


 

 

 

 

 

 

 

 

 

Como o público influencia no mercado cinematográfico  

Os filmes de heróis foram de fato um fenômeno, um fenômeno co-criado pelos fãs, que, desde a maior interação dos fandoms nas redes às hashtags, mostraram seu poder. No ano de 2021, quando o filme “Doutor Estranho 2: Multiverso da Loucura” estava em produção, fãs fizeram uma campanha nas redes sociais para que o ator   John Krasinski fizesse o papel do Senhor Fantástico (um dos integrantes do grupo Quarteto Fantástico), e no final deu certo. O ator fez uma participação especial no filme, o que gerou um dos fatos mais marcantes da produção. Segundo a produtora audiovisual Luisa Clasen (@Lullyluck) de 32 anos, essa influência dá certo pela matemática básica dos estúdios:  “Se dá lucro, devemos fazer mais”.

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John Krasinski interpretando o Senhor Fantástico em Doutor Estranho 2: Multiverso da Loucura. Divulgação

 

Essa relação forte entre fã e produção começou quando a Marvel Studios decidiu não se limitar a fazer apenas sequências e trilogias, mas, sim, franquias inteiras e interconectadas, o que gerou uma comunidade forte de consumidores. Mas não foi sempre assim. Segundo um retrospecto feito por Heitor em seu canal, nas últimas duas décadas os filmes de heróis saíram do esquecimento para um protagonismo nas bilheterias. Ele coloca “Blade - O Caçador de Vampiros” (1998), de Stephen Norrington, como o primeiro filme de heróis a ter seu protagonismo.

“Nessa época a Marvel como editora estava muito mal das pernas, vendendo uma série de títulos para sobreviver, sendo eles do ‘Spiderman’ [Homem-Aranha], ‘Quarteto Fantástico’, ‘Demolidor’ e  ‘X-MEN’. Em 2008, a Marvel abriu seus estúdios de fato, com o clássico “Homem de Ferro. Antes disso, diz Heitor, o gênero de heróis era visto como um “cemitério de bilheterias” - muito caro para ser produzido e com um baixo público.

Principalmente para o público mais “cult”, os filmes de heróis nunca foram bem-vistos. Luisa diz que o nicho de super-heróis costumava ser tido como algo bobo, infantilizado, devido às cores vibrantes e tramas simplificadas. Ela avalia que o ponto de virada foi “Batman Begins”(2005), de Christopher Nolan, quando os estúdios entenderam que adultos têm interesse nos heróis e que o tema pode ser abordado com um toque mais maduro. Ela afirma que o que é mais criticado atualmente “é o poder excessivo que os estúdios exercem sobre suas produções, sejam elas de super-heróis ou não”.

Em 2019, um dos maiores cineastas da história, o americano Martin Scorsese, que dirigiu filmes como O lobo de Wall Street (2013) e Taxi Driver (1976), fez uma declaração que abriu uma longa discussão entre Hollywood e os amantes de cinema. Ele disse em entrevista que não considerava que os filmes da Marvel eram cinema. Uma parcela do público considerou seu comentário elitista e emblemático da visão negativa que as grandes academias têm do gênero.  

 Problemas internos  

 Além de todos os problemas pelos quais o estúdio vem passando externamente, algumas crises internas apontaram uma falta de gerenciamento. Em 2022, a Marvel enfrentou uma crise com seus profissionais de design de efeitos visuais, que gerou uma queda na qualidade do CGI (Computer Graphic Imagery) percebida pelos fãs.  

 Uma matéria publicada no site “TheGamer” denunciou as condições que os profissionais enfrentam para trabalhar. Segundo o site gerenciado por Sergioo Marvel 616, um ex-funcionário da Marvel chamado Dhruv Govil, culpou a Marvel pelo fato de ele deixar a indústria de VFX (efeitos visuais) e  acusou a empresa de ser a pior cliente. Govil disse que outros colegas tiveram surtos após excesso de trabalho, ao mesmo tempo que eram cada vez mais pressionados pela Marvel Studios a entregar as coisas no prazo. 

 Além do mais, James Gun, diretor elogiado no meio, deixa os estúdios para trabalhar agora em conjunto com a concorrente da Marvel, a DC. O diretor será co-CEO da empresa responsável por de The Flash, Superman, Batman e outros grandes heróis. Como se não bastasse, a grande aposta da Marvel como novo vilão das tramas, o ator Jonathan Majors, que estrelou “Kang, o conquistador”,  foi preso após acusações de agressão contra uma mulher e é alvo de novas denúncias 

 Para Luisa, essa grande massa de problemas pode resultar em uma diversificação dos formatos (apostar em séries, telefilmes, games), dos heróis (busca por heróis mais diversos, como protagonistas mulheres, negros, LGBT etc) e talvez uma busca dos estúdios por diretores mais autorais, que podem dar seu toque pessoal à obra, deixando-a mais interessante. 

Perda não, transformação! 

 Mesmo com todos os dados e previsões indicando o fim do gênero, não necessariamente indica o fim. Segundo Ana Maria Bahiana em sua obra, estudos de tendência de mercado mostram que tudo aquilo que foi muito popular 20, 30 anos atrás, “está pronto para ser apreciado novamente”. Ela cita o exemplo do que aconteceu com os filmes de caratê nos anos 80 e 90, que foram ressuscitados em 2010 com animações como “Kung Fu Panda” e o filme “Karatê Kid” com Jackie Chan e Jaden Smith.  

 Mas não é preciso esperar isso tudo para ver as reinvenções do gênero. A indústria aprendeu com o tempo a desdobrar suas produções para atingir diferentes públicos. “The Boys” é uma série original da Amazon Prime de super-heróis com uma abordagem bem diferente da Marvel. Aqui, os heróis na verdade são os vilões da história e os mocinhos são seres humanos normais que tentam derrubá-los.

Heitor cita que ainda existe uma lista longa pela frente antes de decretar que esse é um gênero "falido". “Com a chegada de James Gunn como líder criativo da DC, é de se esperar que o nível irá subir e a competição irá se tornar ainda mais acirrada”, afirma. “Guardiões da Galáxia: Volume 3” e “Homem Aranha: Através do Aranhaverso ” (animação em parceria com a Sony), últimos lançamentos da Marvel Studios, foram abraçados pela crítica e pelo público. 

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Após 11 anos sem se apresentar no país, venda para o show da Taylor Swift acumula tentativas frustradas de compras devido a ação de cambistas.
por
Giulia Fontes Dadamo
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21/06/2023 - 12h
Taylor Swift em show da The Eras Tour
Taylor Swift. Imagem: Billboard

Após a pré-venda para os shows de 18 de novembro no Rio de Janeiro e 24 e 25 do mesmo mês em São Paulo, diversos fãs da Taylor Swift fizeram relatos no Twitter e no Tiktok sobre a velocidade anormal do esgotamento dos ingressos, acusando cambistas como a causa desse problema. Pessoas que conseguiram senhas baixas (como 500) no site da Tickets for Fun não conseguiram comprar seus ingressos por todos eles terem sido vendidos em menos de 10 minutos.

Devido às diversas denúncias, o próprio Procon de São Paulo (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor) divulgou uma nota dizendo que estava notificando a empresa organizadora do evento para prestar esclarecimentos. "De acordo com uma análise preliminar das reclamações de consumidores registradas no site do órgão de defesa do consumidor, os ingressos - cuja venda começou nesta segunda-feira - teriam se esgotado em poucas horas nos canais oficiais; mas, estariam sendo anunciados e vendidos em sites não-oficiais a preços muito maiores".

Para evitar maiores problemas, durante a última pré-venda exclusiva C6 Bank dos dois shows extras (19 e 24 de novembro), na última segunda feira (19), o deputado Celso Russomanno apareceu na fila da bilheteria do Allianz Parque para encaminhar cambistas para prestarem depoimentos na Primeira Delegacia do Consumidor. Segundo o jornal O Globo, 32 pessoas foram detidas e podem pegar de seis meses a dois anos de prisão.

Fãs na fila para a pré venda do show da Taylor Swift no Rio de Janeiro
Fila Bilheteria Estádio Nilton Santos (Engenhão) no Rio de Janeiro. Imagem: O Globo

A grandiosidade do alcance e da repercussão das vendas se dá pelos quase 11 anos sem a visita de Taylor Swift no Brasil. No dia 13 de setembro de 2012, a artista veio para a divulgação dos singles All Too Well e We Are Never Ever Getting Back Together e fez um pocket show de cerca de 35 minutos promovido pela gravadora para apenas mil fãs no Citibank Hall do Rio de Janeiro.

Mesmo com curta duração, o show teve exclusivamente a única versão ao vivo de Long Live com a Paula Fernandes, faixa contida na versão deluxe de Speak Now. Por conta disso, os fãs especulam sobre a participação da sertaneja como música surpresa para alguma das apresentações no Brasil. Na época em que veio, Taylor contava com "mais de 500 mil seguidores", como Xuxa destacou durante a participação da cantora em seu programa. Hoje ela conta com mais de 264 milhões só no Instagram, desmonstração do crescimento em sua carreira.


Apesar de em 2015, o jornal O Globo ter veiculado uma nota do jornal indicando que a cantora teria sido proibida pela mãe, Andrea Finlay, de voltar ao Brasil por ser um país de terceiro mundo, em 2019, a cantora anunciou dois shows em São Paulo com a Lover Fest - turnê em apoio ao seu sétimo álbum de estúdio, Lover. O festival teve mais de 100.000 pessoas na fila online para compra e todos ingressos esgotaram em cerca de 12 horas.

Devido a pandemia, porém, em fevereiro de 2021, Taylor cancelou oficialmente a turnê pelas suas redes sociais (após já ter postergado as datas). "Esta é uma pandemia sem precedentes que mudou os planos de todo mundo e ninguém sabe como o cenário de turnês estará no futuro próximo. Eu estou muito desapontada pois não serei capaz de ver vocês tão breve o quanto eu gostaria. Sinto muita falta de vocês e eu mal posso esperar até que nós possamos estar juntos e em segurança em shows novamente”, escreveu.

Taylor Swift sentada em show de The Eras Tour
Taylor Swift. Imagem: Teen Vogue

Depois de a long time coming, a The Eras Tour trás uma proposta bem diferente do que os fãs haviam tido aqui. A turnê que acumula mais de 100 datas pelos Estados Unidos, América Latina, Ásia, Austrália e Europa, conta com um setlist de 44 músicas, incluindo a versão de 10 minutos de All too well e sucessos de toda sua carreira. Contando com diferentes cenários, coreografias, figurinos e efeitos visuais, Taylor Swift inicia o show com músicas do seu albúm "Lover", segue com de "Fearless", "Evermore" , "Reputation", "Speak Now", "Red", "Folklore", "1989" e encerra com "Midnights", além de apresentar duas músicas acústicas surpresas diferentes a cada show - uma no violão e outra no piano.

A última venda geral acontece amanhã (22) a partir das 10 horas no site da Tickets for Fun. A expectativa é de que o número 22 dê sorte aos fãs e assim eles garantam os ingressos.

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“Todos ao mesmo tempo agora”! Em nova turnê nacional, comemorando o aniversário da banda, os membros originais se reuniram.
por
Maria Fernanda Müller
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21/06/2023 - 12h

No final de semana, dos dias 16 ao 18, a banda de rock Titãs realizou shows da nova turnê no Allianz Parque, em São Paulo. Para a celebração de 40 anos de história, sete dos oito integrantes originais se reuniram para fazer shows ao redor do Brasil. Essa é a primeira vez que ocorre um reencontro da banda em sua formação original desde a morte de Marcelo Fromer, guitarrista e um dos fundadores, em 2001. 

“Titãs Encontro” já percorreu diversas cidades do Brasil e traz novidades para as performances, como a inclusão de surpresas preparadas especialmente para os fãs. A banda entregou uma apresentação emocionante, repleta de sucessos que marcaram gerações e influenciaram o cenário musical brasileiro.

O retorno de Arnaldo Antunes, Nando Reis e Charles Gavin com a banda é um momento especial para os fãs mais antigos, que aguardaram ansiosamente para reviver a energia e a paixão dos Titãs ao vivo, pois em outros momentos, os três se distanciaram da banda. A turnê ainda é uma oportunidade para as novas gerações conhecerem de perto a música e o legado da banda, que continua a influenciar o cenário musical brasileiro e inspira artistas de todas as idades, com músicas como Epitáfio.

TRAJETÓRIA DA BANDA

Os Titãs foi formado por um grupo de amigos que estudavam no mesmo colégio. Sua estreia oficial aconteceu em 1982 no Sesc Pompéia, desde então, conquistaram seu espaço no cenário musical ao longo de décadas de carreira. Com uma combinação única de letras impactantes e mistura de estilos musicais, o grupo se destacou por sua adesão, engajamento social e influência duradoura na música nacional.

Inicialmente composta por Arnaldo Antunes, Branco Mello, Charles Gavin, Marcelo Fromer, Nando Reis, Paulo Miklos, Sérgio Britto e Tony Bellotto, o grupo de jovens músicos talentosos logo ganhou reconhecimento pela sua sonoridade inovadora.

O álbum de estreia, "Titãs" (1984), foi um marco na música brasileira, trazendo sucessos como "Sonífera Ilha" e "Go Back". A banda conquistou o público com sua energia e letras provocativas, abordando temas sociais e políticos a todo tempo. O sucesso se consolidou com o lançamento do álbum "Cabeça Dinossauro" (1986), considerado um dos melhores da banda, com clássicos como "Polícia" e "Bichos Escrotos".

 

Lançamento do álbum “Cabeça Dinossauro” (1986)

Nos anos seguintes, os Titãs tiveram uma habilidade única de se reinventar musicalmente. Exploraram diferentes estilos, mesclando rock, pop, punk e influências brasileiras em álbuns como "Õ Blésq Blom" (1989) e "Tudo ao Mesmo Tempo Agora" (1991). A banda continuou lançando sucessos como "Epitáfio" e "Enquanto Houver Sol", que se tornaram verdadeiros hinos do rock nacional.

 

Lançamento do álbum “Tudo ao Mesmo Tempo Agora” (1991)

Após alguns anos de carreira, a banda passou por mudanças na formação, com a saída de alguns membros originais. No entanto, isso não a impediu de amadurecer musicalmente e produzir trabalhos de destaque. O álbum "Acústico MTV" (1997) foi um enorme sucesso, mostrando uma nova faceta dos Titãs em arranjos acústicos de suas músicas mais conhecidas.

Com mais de quatro décadas de carreira, os Titãs seguem na estrada, lançando novos trabalhos e se reinventando. Receberam diversos prêmios e reconhecimentos ao longo dos anos, incluindo o Grammy Latino e o Prêmio Multishow de Música Brasileira.

Os Titãs são uma verdadeira lenda do rock brasileiro, com uma carreira marcada por hits, experimentações sonoras e letras que transcendem gerações. Sua trajetória exemplifica a capacidade de se adaptar e evoluir, mantendo sua melodia e influência ao longo do tempo. Com um legado sólido, os Titãs continuam a inspirar e encantar fãs por todo o Brasil, consolidando-se como uma das maiores bandas da história da música brasileira.

Titãs na sua formação atual, composta por Branco Mello, Tony Bellotto e Sérgio Britto.

O SHOW

Com o Allianz Parque lotado, a música de abertura do show foi “Diversão” (1987), contando com uma entrada triunfal dos integrantes acompanhada pelos gritos de emoção da plateia. 

Seguindo o espetáculo, os Titãs cantaram músicas icônicas de sua carreira, como “Flores” e “Cegos do Castelo”. Além disso, outras músicas cantadas puderam ser reconhecidas por outros motivos, por exemplo, “Televisão” foi a abertura da série da Rede Globo “Tá no Ar” (2014).

Os fãs foram à loucura ao longo do show em vários momentos emocionantes. Branco Mello, um dos vocalistas, fez uma confissão: “Eu fiz uma cirurgia muito grande. Tirei um tumor da garganta”, revela ele. “Só que agora estou aqui vivo!”, celebra Branco.

A estética da performance também foi deslumbrante. Recursos visuais foram usados conforme a música, por exemplo, ao cantarem “Cabeça Dinossauro”, o telão exibiu pontos brancos soltos até se fundirem e virarem a capa do álbum. Ou, o desenho de uma mulher dançando ao som de “Comida”. 

 

Performance de “Cabeça Dinossauro” construção e resultado.

Performance visual durante “Comida”.

 

Os efeitos visuais também foram usados no intervalo para introduzir a segunda parte da apresentação. Um compilado de vídeos dos integrantes mais novos foi nostálgico para a maioria do público que os acompanha desde essa época. Foi um momento para reviver o passado e relembrar bons tempos.

Após o vídeo, os Titãs trouxeram uma nova proposta. Cadeiras foram colocadas no palco e eles declararam que aquela parte seria dedicada a suas músicas acústicas. A primeira foi o clássico “Epitáfio”, trazendo o discurso de aproveitar a vida como ela é. Nesse momento, quem foi responsável pelo show de luzes foi a plateia, formando um mar iluminado por suas lanternas. 

Arnaldo Antunes fez um discurso sobre o falecido Marcelo Fromer, “Eu to sentindo falta do Marcelo aqui com a gente.”, confessa ele. “Mas hoje a gente não quer lamentar, a gente veio celebrar a presença dele nas nossas vidas!”, finaliza. 

A convidada da noite foi apresentada inesperadamente após o discurso. Era ninguém menos que Alice Fromer, filha de Marcelo, que acompanharia os integrantes na próxima surpresa. Todos juntos homenagearam Rita Lee cantando sua canção “Ovelha Negra”. Os Titãs e Rita Lee são considerados até hoje como a personificação do rock paulista e nacional.

Depois de cantarem mais clássicos, os músicos se juntaram para agradecer em reverência a presença do público, mas não deixaram de fazer sua última homenagem especialmente para o Mês do Orgulho. Os membros surpreenderam seguraram a bandeira LGBTQIA+ para que todo mundo pudesse ver.

Deixaram o palco, mas não foi por muito tempo. Os fãs pediram bis com outras músicas icônicas que sentiram falta, e não deixariam a banda ir embora sem ouvir essas. Seus pedidos foram atendidos e os Titãs retornaram ao palco para finalizar de vez com “Õ Blesq Blom”, “Marvin” e “Sonífera Ilha”. 

O evento organizado pela Bonus Track contou com 150 mil pessoas nos três dias de show. Titãs fez história novamente trazendo seus diversos estilos musicais, críticas sociais e políticas em suas várias faces. 

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Profissionais consultados pela Agemt apontam suas preferências; opções se multiplicam e ganham destaque no streaming
por
Helena Cardoso
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20/06/2023 - 12h

As séries fictícias ou documentais – de conteúdo esportivo – são muito presentes nos catálogos das plataformas de streaming. Com um grande público, algumas até têm relação com a popularização e diversificação do esporte, como “Drive to Survive” fez com a Fórmula 1, por exemplo. Para todos os gostos, e dos mais diferentes esportes, elas vêm fazendo sucesso com o público.  

Em busca de sugestões, a AGEMT perguntou a cinco jornalistas quais são as suas séries esportivas prediletas. Veja abaixo as indicações. 

MARIANA SPINELLI 

A apresentadora e repórter mineira da ESPN indicou a série “Bem-vindos ao Wrexham”, disponível no Star+. “O Ryan Reynolds compra um time de verdade, da quinta divisão do campeonato inglês que está tentando subir para as divisões seguintes”, conta Spinelli.   

bemvindoaowrexham

O Wrexham AFC, do norte do País de Gales, é o terceiro clube de futebol profissional mais antigo do mundo, e em 2020 passou a ser comandado pelos atores Ryan Reynolds e Rob McElhenney – que atuaram nos filmes Deadpool e It's Always Sunny in Philadelphia, respectivamente.   

Os Red Dragons passaram por sérios problemas financeiros, o que os levou para a 5ª divisão do campeonato inglês. E os torcedores, fanáticos pelo clube, arrecadaram dinheiro e lutaram contra obstáculos para manter a história viva. Até que Rob e Ryan, que nunca tinham trabalhado juntos e não tinham experiência prévia com futebol, se juntaram para liderar o time, e é esse processo que é mostrado pela produção.    

Para a jornalista, a série documental “conta a realidade por trás do futebol”, além de ser uma fonte de entretenimento.  

A série fez sucesso e foi renovada para a segunda temporada, após o time subir para a EFL League Two, quarta divisão do futebol inglês. O acesso veio pelo título, conquistado após uma virada sobre o Boreham Wood, em casa, por 3 a 1, com uma rodada para o final do campeonato.  

CELSO UNZELTE 

O jornalista da ESPN e professor da Faculdade Cásper Líbero falou sobre “The English Game”, disponível na Netflix. “A série mostra todo o contexto da época fora de campo, tornando-se interessante mesmo pra quem não gosta de futebol, como a minha mulher – o que possibilitou que assistíssemos juntos”, diz o comentarista. 

the english game

“The English Game” trata dos primeiros tempos do futebol, especificamente da disputa das primeiras Copas da Inglaterra – a competição mais antiga do mundo, disputada desde 1871 – mas não fala só do esporte, uma vez que também mostra os conflitos entre a elite e a classe operária da época.   

Em seis episódios, além de mostrar o futebol, a série retrata a luta de classes na Inglaterra durante o século 19, com os dramas cotidianos das personagens, mesclando a ficção com a realidade da época. O criador da produção também é responsável por “Downtown Abbey”, série de drama inglesa que se passa no século XX.   

RAFAELLE SERAPHIM

A comentarista de futebol nas transmissões de jogos do Sportv e do Premiere indica a série “The Playbook: Estratégias para vencer”, disponível na Netflix. Com cinco episódios, cada um sobre um treinador diferente – em diferentes esportes – Doc Rivers, Jill Ellis, José Mourinho, Patrick Mouratoglou e Dawn Staley contam um pouco das suas estratégias pessoais para ter sucesso nos esportes e na vida.  

the playbook

“É uma série muito interessante porque traz algumas modalidades e como grandes campeões são no dia a dia. Fala da rotina, dos treinamentos e das competições.”, afirma Seraphim. Doc Rivers, técnico da NBA, campeão com o Boston Celtics, é o personagem do primeiro episódio; Jill Ellis é a técnica responsável por dois títulos de Copa do Mundo da Seleção de Futebol Feminino dos Estados Unidos; José Mourinho é um treinador de futebol multicampeão, que atualmente comanda a Roma; Patrick Mouratoglou foi o treinador da tenista Serena Williams durante dez anos e Dawn Staley é técnica de basquete e fala sobre a presença feminina em um ambiente dominado por homens. 

Com campeões no futebol, tênis e basquete, a série lançada em 2020 tem produção de LeBron James e Maverick Carter, e mostra reflexões dos treinadores dentro e fora da prática esportiva. Seraphim, que entrou no grupo fixo de comentaristas do Grupo Globo recentemente, continua: “The Playbook coloca a gente um pouco por dentro da mente de quem pensa na estratégia de um atleta multicampeão”. 

UBIRATAN LEAL

O comentarista de baseball e futebol da ESPN recomenda a série ‘Lucky!’, disponível no Star+. Nos oito episódios, é contada a história de Bernie Ecclestone, que, além de piloto, foi presidente e CEO da Formula One Management (FOM) e da Formula One Administration (FOA), que gerenciam a Fórmula 1. O produtor da série, Manish Pandey, também é o responsável por “Senna”, filme que conta a história do ídolo brasileiro de F1.  

LUCKY

 

“É espetacular para quem está começando a acompanhar a Fórmula 1 nos últimos anos conhecer a história da modalidade. Conta como o esporte se transformou de uma competição de carros feita por mecânicos e engenheiros apaixonados por isso, mas bem pouco profissional, em um monstro econômico e de popularidade.”, afirma o jornalista.  

A história de um dos chefões da Fórmula 1 é contada em primeira pessoa, a partir de depoimentos do próprio empresário e tem imagens de arquivo de corridas antigas. “Ele narra a trajetória dele no esporte, que é basicamente toda a história da categoria, porque ele esteve presente no primeiro Grande Prêmio da história da Fórmula 1, que aconteceu na Inglaterra em 1950”, contina Ubiratan. Além disso, a série também mostra as brigas políticas internas da Fórmula 1 e o passado de alguns pilotos.  

RAFAEL LOPES

“Sou fã de ‘O.J.: Made in America’. Gosto como o documentário é construído, como a carreira dele é mostrada, como o caso é abordado, mas, sobretudo, como ele serviu como gatilho para as questões raciais americanas dos anos 1980. É uma obra definitiva sobre o personagem, contada com muito cuidado e sem sensacionalismo.”, afirma o comentarista de automobilismo do Grupo Globo, Rafael Lopes. 

OJ

O documentário, – que tem a duração de uma série, com 7 horas e 47 minutos – está disponível no Star+ e é dividido em cinco partes. A produção, que ganhou um Oscar por melhor documentário em longa-metragem, narra a história do ex-jogador de futebol americano O.J. Simpson, acusado de assassinar sua ex-esposa, Nicole Brown Simpson, e um amigo dela, Ron Goldman.  

A trama, além de contar a ascensão e queda de um ídolo dos esportes americanos e um caso muito polêmico e importante, também fala sobre a justiça e o sistema criminal, racismo, poder, a mídia e outras questões sociais.  

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Três jovens falam das dificuldades e alegrias de quem ganha a vida com o canto
por
Giovanna Oliveira da Silva
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20/06/2023 - 12h

Todo início de carreira tem seus obstáculos, e ser cantor não é diferente. Sem muito investimento ou visibilidade, os cantores muitas vezes não têm o apoio dos pais, não sabem se estão na carreira certa ou se têm o dom de cantar. 

Gabriel Cascardo tem 24 anos, seu nome artístico é Bean, e está produzindo e cantando há quase dez anos. Seu estilo musical está em processo, mas neste momento é trap. “No começo era por diversão, um trampo bem amador, até que fui me encontrando cada vez mais e, de uns cinco anos pra cá, a história vem se tornando cada vez mais profissional.” 

Renan Aranha, conhecido como Renife pelos fãs, tem 20 anos e está na carreira musical há quatro anos. Suas inspirações estão nos estilos musicais de R&B, pop e love song. Segundo ele, as horas de criação começam sempre com um gole de café. “Pego meu violão e crio uma melodia doce, depois planejo qual vai ser o tipo do som, e mando bala. Depois faço todo o instrumental no computador, canto por cima, faço todas as vozes e faço as edições finais”.  

Sidónia Pacule canta desde os 15 anos, mas profissionalmente há três. Seu estilo de música tem como foco a religiosidade. "Achei meu estilo musical ouvindo o coração de Deus, ele me curou da orfandade que eu carregava e Ele me deu autoridade para curar outras pessoas. O que começou em mim não vai terminar em mim." 

Os objetivos dos cantores iniciantes são vários, mas o principal é viver da sua música e que ela seja ouvida por todos. “Objetivo que minha música seja ouvida por todos, e que meus sentimentos cheguem para aqueles que querem ouvir”, relata Aranha. “Alcançar mais almas e para alcançar tenho gravado novas canções e trabalhado na divulgação”, diz Pacule. "O meu maior objetivo é que eu consiga ganhar a vida fazendo com que a minha música cause nos outros o que a música dos outros causou em mim”, conta Cascardo. 

O início de carreira tem suas dificuldades. “Minhas dificuldades são alguns bloqueios criativos que acabo tendo de vez em quando e quando entro nesse buraco é difícil sair”, diz Gabriel. Para Renan: “ter pouca visibilidade, pouca grana para investir”. Já para Sidónia: "a dificuldade é entrar no estúdio e gravar". 

Para a divulgação de suas músicas, os cantores usam métodos diferentes para conseguir aumentar os números de seus fãs. Renife tenta "chamar a atenção com a capa da música ou jogando um jogo de suspense por trás de alguma prévia” e depois fazendo “uma corrente de divulgação". Com Sidónia Pacule, as divulgações acontecem "através das redes sociais e das plataformas digitais como YouTube, Deezer e Spotify".  

Neste departamento, Bean tem um processo diferente, dividido em algumas partes. A prévia alimenta a curiosidade do público com uma nova música, depois o lançamento e no final o pós-lançamento são os resultados realizados pelas partes anteriores. "É um processo um tanto quanto complexo que não tem uma fórmula exata e é aí que entra grande parte da criatividade para inovar e trazer algo que surpreenda o público", diz o cantor. 

Bruno Zanardi tem 30 anos e é produtor musical há 15. Os estilos de músicas que mais produz são pop, sertanejo, funk pop, entre outros. Ele costuma trabalhar com cantores com faixa etária de 18 a 30 anos. Em sua maioria, "os cantores me procuram com o projeto em mente", conta Zanardi. 

O processo de produzir uma música acontece por cinco fases: composição (letra e melodia), arranjo, gravação dos instrumentos, gravação vocal e finalização (mixagem e masterização). 

"Normalmente um cantor iniciante tem diversos vícios musicais até por não ter experiência em estúdio. Meu trabalho é lapidá-lo para que performe da melhor maneira possível", relata o produtor.  

É importante ressaltar que muitos artistas não têm um produtor ou agente. "Não tenho nenhum agente ou produtor, meu trampo é e sempre foi 100% independente! Acho legal reforçar esse ponto porque hoje em dia, com o aumento das agregadoras digitais, qualquer um consegue ser independente e eu acho isso f***!", afirma Cascardo. 

Os cantores são abordados de diferentes maneiras para se fazer shows. "Geralmente com um convite normal, até agora só fiz um de qualquer forma", diz Renife. Sidónia Pacule, por sua vez, recebe os convites "através das minhas redes sociais e WhatsApp". Para Bean, tem duas possibilidades: "uma delas é ter uma pessoa encarregada de vender nossos shows para casas, festas, eventos etc", a outra "é que às vezes nós mesmos nos interessamos por algum lugar e buscamos contato com o dono do espaço ou organizador do evento para vender nosso show". 

Quando são reconhecidos, o sentimento é satisfatório, pois suas músicas estão sendo ouvidas e apreciadas. "Eu fico muito feliz, acontece raramente, mas aconteceu já umas dez vezes, é sempre algo muito bom e me deixa muito feliz", diz Renan. "É incrível ser reconhecido, pois cada reconhecimento é um poder de Deus alcançando vidas. Então, ao me reconhecer, está reconhecendo a obra de Deus", afirma Sidónia. "A sensação de ser reconhecido em algum lugar é algo muito gratificante. É ali que vejo que todo o trabalho teve a sua recompensa. Só tenho de agradecer a todos que ouvem minhas músicas e gostam do meu trabalho. Esse é o maior incentivo que eu tenho para continuar", relata Gabriel. 

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