Banda se apresenta em fevereiro de 2026; taxas extras geram críticas e frustrações entre os fãs
por
Maria Clara Palmeira
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27/06/2025 - 12h

A espera acabou! Na segunda-feira (23), foi anunciado que, após 17 anos, a banda americana My Chemical Romance retornará ao Brasil em 2026 pela segunda vez. O único show da banda em solo brasileiro será no dia 5 de fevereiro, no Allianz Parque, em São Paulo, como parte de sua turnê pela América Latina. 

A apresentação contará com a abertura da banda sueca The Hives e irá reunir brasileiros que acompanham a trajetória do grupo desde os anos 2000.

Anúncio da turnê na América do Sul. Reprodução: Instragram/@mychemicalromance
Anúncio da turnê na América do Sul. Reprodução: Instragram/@mychemicalromance


Formada em Nova Jersey nos Estados Unidos, em 2001, o My Chemical Romance tornou-se uma das bandas mais representativas do rock alternativo e símbolo do movimento emo. A formação atual é composta por Gerard Way nos vocais, Ray Toro e Frank Iero na guitarra, e Mikey Way no baixo.

O grupo lançou seu álbum de estreia, “I Brought You My Bullets, You Brought Me Your Love”, em 2002, mas o sucesso internacional veio em 2004, com “Three Cheers for Sweet Revenge”. No entanto, foi em 2006 com o disco “The Black Parade” que a banda atingiu o auge. O single “Welcome to the Black Parade” se tornou um hino da geração emo, alcançando o primeiro lugar nas paradas britânicas e consolidando o grupo no cenário global.

Após diversos sucessos, a banda entrou em hiato e anunciou sua separação em março de 2013. O retorno foi anunciado em outubro de 2019, com um show em Los Angeles. Em 2022, após dois anos de adiamentos devido à pandemia, a banda embarcou em uma extensa turnê, passando pelos EUA, Europa, Oceania e Ásia.

Desde a quarta-feira (25), início da pré-venda, fãs relataram insatisfação com o preço dos ingressos, que variam entre R$ 197,50 e R$ 895,00, além das cobranças de taxas adicionais. A revolta se intensificou com a cobrança da taxa de processamento, considerada uma novidade pela bilheteria oficial, a Eventim. A empresa alegou que essa tarifa garante a segurança dos dados dos consumidores, mas a justificativa não convenceu o público. 


Mesmo com a revolta, a expectativa de alta demanda se confirmou: a venda geral, aberta nesta quinta-feira (27) ao meio-dia, resultou em ingressos esgotados em 10 minutos.

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Nova exposição na Pinacoteca Contemporânea revela o papel político da pop arte brasileira no período de ditadura.
por
Maria Luiza Pinheiro Reining
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25/06/2025 - 12h

Por trás da explosão de cores, imagens familiares e estética publicitária da pop art brasileira, havia ruído, ambiguidade e protesto. Essa é a premissa da exposição Pop Brasil: Vanguarda e Nova Figuração, 1960-70, em cartaz na nova sede da Pinacoteca Contemporânea, em São Paulo. Mais do que uma exibição de obras pop, a mostra constrói um retrato crítico de uma década marcada por ditadura, censura e modernização desigual, e de como a arte respondeu a esse cenário.

A exposição celebra os sessenta anos das mostras Opinião 65 e Propostas 65, marcos da virada estética e política na produção brasileira. O percurso curatorial, assinado por Pollyana Quintella e Yuri Quevedo, reúne obras que reagiram diretamente ao avanço da indústria cultural, à opressão do regime militar e à transformação dos modos de vida. Em vez de apenas absorver os códigos da cultura de massa, os artistas incorporaram sua linguagem para tensionar o que ela ocultava: a violência da ditadura, o apagamento de subjetividades e a precarização das relações sociais.

Contra a censura
Tônia Carreiro, Eva Wilma, Odete Lara, Norma Benghel e Cacilda Becker protestam contra censura, em 1968

A ideia de que “a pop arte é o braço avançado do desenvolvimento industrial das grandes economias” é ressignificada no Brasil, onde a modernização industrial coexistia com a informalidade, a desigualdade e a repressão. Em vez do otimismo norte-americano, a arte pop brasileira surge como crítica: reapropria slogans, transforma marginais em heróis, imprime silhuetas de bandeiras como gesto de manifestação coletiva. A visualidade sedutora do consumo encontra a resistência política camuflada nas superfícies gráficas.

A exposição percorre núcleos como Poder e Resistência, Desejo e Trivialidade, Criminosos e Cultura Marginal, entre outros. Em comum, todos os conjuntos partem de imagens produzidas ou apropriadas do cotidiano: televisão, jornal, embalagem; para apontar fissuras entre aparência e estrutura. Hélio Oiticica, Rubens Gerchman, Wanda Pimentel, Antonio Manuel e muitos outros traduzem a tensão entre censura e invenção por meio de performances, happenings e obras gráficas que confundem arte e ação direta.

Helio Oiticica
Hélio Oiticica, 1968

Se nos Estados Unidos a pop art celebrava o consumo, no Brasil ela revelou o que havia por trás dele. A mostra explicita como a arte brasileira dos anos 1960 e 70 operou sob risco, incorporando elementos populares para criticar os próprios instrumentos de controle e espetáculo.

Mais do que rever o passado, Pop Brasil propõe um exercício de leitura do presente. Diante da repetição de discursos autoritários, da estetização da política e da crise na democracia, o gesto pop reaparece como estratégia de sobrevivência, uma forma de dizer muito com imagens que, à primeira vista, parecem dizer pouco.

 

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A incerteza quanto ao fim das salas de cinema e início da diminuição em massa de consumidores
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Chiara Renata Abreu
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18/06/2025 - 12h

A recente chegada dos streamings pode acabar com os cinemas. Internacionalmente, as plataformas têm se mostrado cada vez mais aptas a abalar seus concorrentes. 

Depois da pandemia, os donos dos cinemas sentiram a diminuição de movimento, que preocupa não só a indústria, mas a sociedade em si. Filmes e curtas fazem parte da formação da cultura de civilizações, e a incerteza de sua existência atormenta. Os streamings ganharam força no período de quarentena, ocupando o espaço que as salas obtinham. O conforto de estar em sua própria casa, poder parar o filme a qualquer momento e a variedade no catálogo são alguns dos principais motivos do aumento da modalidade segundo pesquisas da Cinepop, site especializado em cinema. 

De acordo com pesquisas da revista O Globo, a área do cinema conseguiu em 2023 superar as dificuldades e recuperar alguns de seus fregueses, mas os números seguem abaixo do que estavam antes da pandemia. Segundo o analista de mercado Marcelo J. L. Lima em entrevista para a revista, a crise é mundial, com ressalvas em países como França, Índia, Coreia do Sul e China, que tem menor influência de Hollywood. Ainda, a reportagem aponta que parte da fraqueza hoje encontrada na indústria se fez depois de 1980, a partir do início da migração dos cinemas de rua para os de shopping. Em 2008 apenas 27% deles eram fora dos centros de comércio. 

Em entrevista para O Globo, Marcos Barros, presidente da Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex (Abraplex), apontou que os cinemas estão em apenas 8% dos municípios brasileiros, apenas 451 de um total de 5.565 cidades. A volta dos cinemas de rua poderia diminuir o desequilíbrio das salas, gerando uma maior popularização do cinema. Segundo Raíssa Araújo Ferreira, estudante de cinema na Belas Artes, “os cinemas estão se perdendo. Antigamente existiam vários cinemas de rua, de mais fácil acesso. Hoje está acontecendo uma elitização das salas. Elas estão, por exemplo, muito longe das periferias e concentradas nos shoppings, então existe todo o gasto com a locomoção. O cinema se torna um lugar de privilégio”. 

“O cinema é a sétima arte. Ela é um conjunto de todas as outras artes, e o cinema é vivo. Ele é sempre atual. Ele é sempre de todas as épocas. Então nada que é vivo vai desaparecer sem deixar vestígios. O cinema tem muito o que falar. É como se as salas estivessem adormecidas. Elas não estão mortas, mas sim apagadas”, comenta a aluna. 

A jovem complementa com ideias para a volta do triunfo das salas de cinema. “Acho que precisamos reinventar as salas. Apostar em programações mais diversas, ingressos mais acessíveis, novas salas mais perto da periferia e espalhar o cinema pelas cidades do Brasil. Criar o desejo de ir ao cinema, como um acontecimento, e trazer experiências mais imersivas, como convidar atores para, antes da sala de cinema, falarem sobre o filme. Trazer também eventos para apoiar o cinema de rua, investindo nas produções independentes e criando lugares públicos. Assim, as salas vão se reposicionar e oferecer algo que o sofá de casa ou a cama não oferece”. 

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A história do grupo que ultrapassou as barreiras sonoras pode ser vista no centro de SP até o fim de agosto
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Por Guilbert Inácio
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26/06/2025 - 12h

A exposição “O Quinto Elemento”, em homenagem aos 35 anos do notório grupo de rap Racionais MC’s, está em cartaz desde o dia 06 de dezembro de 2024, no Museu das Favelas, no Pátio do Colégio, região central da cidade de São Paulo. A mostra era para ter sido encerrada em 31 de maio de 2025, mas, devido ao sucesso, vai agora até 31 de agosto.

A imagem mostra um painel os quatros membros dos Racionais MC's
Em 2024, o museu ganhou o prêmio de Projeto Especial da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) pela exposição. Foto: Guilbert Inácio. 

Museu das Favelas

O Museu das Favelas está localizado no Centro histórico de São Paulo, mas esse nem sempre foi o seu endereço. Inaugurado no dia 25 de novembro de 2022, no Palácio dos Campos Elíseos, o Museu das Favelas ficou 23 meses no local até trocar de lugar com a Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo, no dia 26 de agosto de 2024.  

Fechado por três meses, o museu reabriu no dia 06 de dezembro de 2024, já com a nova exposição dos Racionais MC’s. Em entrevista à AGEMT, Eduardo Matos, um dos educadores do museu, explicou que a proposta da exposição chegou neles por meio de Eliane Dias, curadora da exposição, CEO da Boogie Naipe, produtora dos Racionais e esposa do Mano Brown. Eduardo complementou que o museu trocou de lugar para ter mais espaço para a mostra, já que no Campos Elísios não teria espaço suficiente para implantar a ideia. 

Tarso Oliveira, jornalista e historiador com pós-graduação em Africanidades e Cultura Afro-Brasileira, comentou que a gratuidade do museu é um convite para periferia conhecer a sua própria história e que, quando falamos de Racionais MC's, falamos de uma história dentro da história da cultura hip-hop, que salvou várias gerações fadadas a serem esquecidas e massacradas pelo racismo estrutural no Brasil. “Nós temos oportunidades de escrever a nossa narrativa pelas nossas mãos e voltada para o nosso povo. Isso é a quebra fundamental do epistemicídio que a filósofa Sueli Carneiro cita como uma das primeiras violências que a periferia sofre.”, afirma o historiador. 

O Quinto Elemento

Basta subir as escadas para o segundo andar do museu, para iniciar a imersão ao mundo dos Racionais. Na entrada, à sua direita, é possível ouvir áudios do metrô, com o anúncio das estações. Uma delas, a estação São Bento da linha 1-Azul, foi o berço do hip-hop em São Paulo, na década de 1980. À esquerda está um som com músicas dos Racionais, uma trilha que você irá ouvir em todos os espaços da exposição.

A imagem apresenta três placas, em sequência, com os dizeres "X", "Racionais MC's" e "Vida Loka".
Placas semelhantes às placas com nomes de rua trazem as letras do grupo. Foto: Guilbert Inácio.

No primeiro espaço, podemos ver o figurino do Lorde Joker, além de uma breve explicação da presença recorrente na obra do grupo da figura do palhaço em apresentações e músicas como “Jesus Chorou”, em que Mano Brown canta: “Não entende o que eu sou. Não entende o que eu faço. Não entende a dor e as lágrimas do palhaço.”

A imagem mostra uma fantasia laranja de um palhaço. Ao lado, há uma televisão.
O figurino é usado em shows pelo dançarino de break Jorge Paixão. Foto: Guilbert Inácio. 

Ao adentrar o segundo espaço, você mergulha na ancestralidade do grupo. Primeiro vemos imagens e um pouco da história das mães dos quatro membros, Dona Benedita, mãe e avó de Ice Blue; Dona Ana, mãe do Mano Brown; Dona Maria José, mãe de KL Jay e Dona Natalícia, mãe de Edi Rock. Todas elas são muito importantes para o grupo e ganharam, inclusive, referências em músicas como “Negro Drama” em que Brown canta: “Aí Dona Ana, sem palavra. A senhora é uma rainha, rainha”. 

É nessa área que descobrimos o significado do nome da exposição. Há um painel no local com um exame de DNA dos quatro integrantes que revela o ponto de encontro entre eles ou o quinto elemento – a África.

A imagem mostra um painel com o exame de DNA dos quatro membros dos Racionais MC's
Na “Selva de Pedra”, antes de todos se conhecerem, todos já estavam conectados por meio da ancestralidade. Foto: Guilbert Inácio.

O título se torna ainda mais significativo quando lembramos que a cultura hip-hop é composta por quatro elementos: rap, beat, break dance e grafite. O quinto elemento seria o conhecimento e a filosofia transmitida pelos Racionais, grupo já imortalizado na cultura brasileira, sobretudo na cultura periférica. 

Na terceira área, podemos conhecer um pouco de Pedro Paulo Soares Pereira, o Mano Brown; Paulo Eduardo Salvador, mais conhecido como Ice Blue; Edivaldo Pereira Alves, o Edi Rock e, por fim, Kleber Geraldo Lelis Simões, o KL Jay. Entre os inúmeros objetos, temos o quimono de karatê de Blue e o trombone de seu pai, a CDC do KL Jay, rascunhos de letras de Brown e Edi Rock.

A imagem mostra um bicicleta BMX azul
Primeira BMX de Edi Rock. Foto: Guilbert Inácio. 

O próximo espaço é o “Becos do som e do Tempo”, que está dividido em vários pequenos slots que mostram a trajetória musical do grupo. Podemos ver rascunhos de letras, registros de shows e a história de algumas músicas, além de alguns prêmios conquistados durante a carreira do grupo. 

Algumas produções expostas são “Holocausto Urbano” (1990); “Escolha seu Caminho” (1992); “Raio X do Brasil” (1993); “Sobrevivendo no Inferno” (1997); “Nada Como um Dia Após o outro Dia” (2002).

A imagem mostra um painel com os dizeres "Minha palavra vale um tiro, eu tenho muita munição" e uma foto dos quatro membros dos Racionais MC's. Ao lado, há fotos individuais dos membros.
O grupo confirmou um novo álbum para este ano, mas ainda não divulgou o título da obra nem a data de lançamento. Foto: Guilbert Inácio.

Nos próximos espaços, tem uma área sobre o impacto cultural, um cinema que exibe shows e o local “Trutas que se Foram” em homenagem a várias personalidades da cultura hip-hop que já morreram. A exposição se encerra no camarim, onde estão disponíveis alguns papéis e canetas para quem quiser deixar um registro particular na exposição.

A imagem mostra uma pequena placa com a foto da Dina Di e os dizeres: "Dina Di. Cria da área 019, como as quebradas conhecem a região de Campinas, no interior de São Paulo, Viviane Lopes Matias, a Dina Di, foi uma das mulheres mais importantes do rap no Brasil. Dina era a voz do grupo Visão de Rua. Dona de uma voz forte, assim como sua personalidade, a rapper nasceu em 19 de fevereiro de 1976 e morreu em 19 de março de 2010. Foi uma das primeiras mulheres a conquistar espaço no rap nacional. Dina nos deixou por causa de uma infecção hospitalar, que a atingiu 17 dias após o parto de sua segunda filha, Aline."
Nomes como Sabotage, Chorão, WGI, entre outros são homenageados na exposição. Foto: Guilbert Inácio. 

Segundo Eduardo, a exposição está movimentando bastante o museu, com uma média de 500 a 800 pessoas por dia. Ele conta que o ápice da visitação foi um dia em que 1500 pessoas apareceram no local. O educador complementa que, quando a exibição chegou perto da sua primeira data de encerramento, em maio, as filas para visitar o espaço aumentaram consideravelmente. O que ajudou a administração a decidir pela prorrogação.  

Eduardo também destaca que muitas pessoas vão ao museu achando que ele é elitizado, mas a partir do momento em que eles veem que o Museu das Favelas é acolhedor, com funcionários dispostos a tirar suas dúvidas e com temas que narram o cotidiano da população brasileira, tudo muda. 

 “Dá para sentir que o pessoal se sente acolhido, e tendo um movimento desse com um grupo que é das favelas, das quebradas, que o pessoal se identifica, é muito melhor. Chama atenção e o pessoal consegue ver que o museu também é lugar da periferia”, conclui. 

Impacto Cultural

Os Racionais surgiram em 1988 e, durante todo o trajeto da exposição, podemos ver o quão importante eles são até hoje para a cultura brasileira, seja por meio de suas músicas que denunciaram e denunciam o racismo, a violência do Estado e a miséria na periferia – marcada pela pobreza e pela criminalidade –, seja ocupando outros espaços como as provas nacionais e vestibulares.

A imagem mostra duas provas do Exame do Ensino Médio de 2023 com os trechos "Até no lixão nasce Flor" e É só questão de tempo, o fim do sofrimento".".
Trechos de Vida Loka, parte I e II nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio de 2023 (ENEM). Foto: Guilbert Inácio. 

Em 2021, foi ao ar a primeira temporada do podcast Mano a Mano, conduzido por Brown e a jornalista Semayat Oliveira, que chegou a sua terceira temporada em 2025.

Inclusive, o podcast, que já teve inúmeros convidados da cultura e da política vai virar  um livro, homônimo. A publicação sairá pela Companhia das Letras, que já publicou o livro “Sobrevivendo no Inferno”, em 2017. 

Segundo Tarso, o grupo representa a maior bandeira que a cultura negra e periférica já levantou nesse país, visto por muitos como super-heróis do gueto contra um sistema racista e neoliberal; além de produtores de uma música capaz de mudar a atitude e a perspectiva das pessoas, trazendo autoestima, além de muito conhecimento. 

“Um dos principais motivos do grupo se manter presente no cenário cultural é não se acomodar com a "força da camisa", como cita o Blue.  E sempre buscar ir além artisticamente, fazendo com que seus fãs tendam a ir para o mesmo caminho e continuem admirando sua arte e missão.”, finaliza Tarso. 

 

Serviço

O Museu das Favelas é gratuito e está aberto de terça a domingo, das 10h às 17h, com permanência permitida até às 18h. A retirada dos ingressos pode ser online ou na recepção do museu. Além da exposição “O Quinto Elemento”, também é possível visitar as exibições “Sobre Vivências” e “Favela é Giro”, nos mesmos horários.

Temáticas são abordadas desde os anos 60 no Japão e continuam exploradas até hoje
por
LUCCA CANTARIM DOS SANTOS
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16/06/2025 - 12h

“O sonífero”, projeto criado por Lucca Cantarim, estudante de jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) , tem por objetivo combater a visão reacionária a respeito de temas de gênero no entretenimento.

Trazendo a história da presença de personagens de diversas sexualidades e gêneros nos mangás e animes dentro da mídia japonesa, o autor trás uma reflexão leve, descontraída, porém importante a respeito de uma representatividade tão importante.

Os sete artigos que compõem o projeto estão disponíveis para serem lidos no site “Medium”, no perfil autoral de Lucca. Os textos contém entrevistas com pesquisadores, fãs e até mesmo leitores de dentro da comunidade LGBT que se identificam e se abrem sobre a importância da representatividade para eles.

Disponível em: https://medium.com/@luccacantarim/list/o-sonifero-d19af775653e

 

'É um gênero que chegou para ficar', diz o cineasta Maurício Eça sobre a difusão do true crime no Brasil
por
Maria Ferreira dos Santos
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02/07/2023 - 12h

Dificilmente uma notícia publicada nos jornais fica limitada ao campo jornalístico. É comum haver grandes desdobramentos a respeito do fato após a sua divulgação - seja se tornando assunto de debates ou até mesmo virando livro, ou produção cinematográfica. É o que acontece, por exemplo, com crimes que chocam uma grande parcela de pessoas. Há casos que, é possível dizer,  horrorizam o mundo inteiro. É nesse contexto que surge o gênero true crime.  

 True crime é o termo em inglês que designa obras sobre crimes reais. Indo muito além do “baseado em fatos reais”, essas produções normalmente têm alto teor jornalístico e jurídico , contendo entrevistas, autos de processos, gravações feitas em tribunais, imagens da cobertura da imprensa, entre outros elementos.“Fazer true crime é um processo muito sério. Foi preciso ter um acompanhamento jurídico muito forte, porque a gente está falando de vidas, de vítimas e de pessoas que ainda estão entre nós”, diz Maurício Eça, diretor dos filmes “A Menina que Matou os Pais” e “O Menino que Matou Meus Pais”.  

 O trabalho de Eça, lançado pela Amazon Prime Video em outubro de 2021, retrata o assassinato do casal Manfred e Marísia von Richthofen a pauladas pelo genro Daniel Cravinhos e seu irmão Cristian. Mais que a agressividade do crime, o que chocou o Brasil em 2002 foi o envolvimento da filha das vítimas, Suzane von Richthofen, como mandante. O cineasta conta que todo o processo de produção foi trabalhoso. “Todo o pessoal da equipe, os atores, os produtores, todos sabiam muito bem onde estavam pisando, tudo com um respeito imenso e sabendo os limites. Nós tivemos um cuidado absurdo e acho que isso fez a diferença.”

Foto do cenário dos filmes “A Menina Que Matou os Pais” e “O Menino Que Matou Meus Pais”, com os atores Carla Diaz como Suzane von Richthofen e Leonardo Bittencourt como Daniel Cravinhos Foto/Divulgação: Stella Carvalho/Galeria Distribuidora/Amazon
Foto do cenário dos filmes “A Menina Que Matou os Pais” e “O Menino Que Matou Meus Pais”, com os atores Carla Diaz como Suzane von Richthofen e Leonardo Bittencourt como Daniel Cravinhos Foto/Divulgação: Stella Carvalho/Galeria Distribuidora/Amazon 

Eça relembra algumas críticas feitas à realização dos longa-metragens, muitas delas por pessoas que não sabiam ao certo como o projeto seria executado. Segundo ele, a maioria se perguntava se os assassinos iriam receber cachê por isso, quando, na verdade, todo o procedimento foi feito com base nos documentos da época, não necessitando, assim, da busca pelos criminosos, portanto, esses além de não terem qualquer envolvimento com a iniciativa, não receberem valor algum. “ O que nos guia é o processo [judicial]”, afirma o diretor de cinema. 

 

Ainda sobre a aceitação do público, Eça avalia que alguns espectadores procuram “respostas simples, que não existem”, porque somente os que estavam presentes sabem a verdade sobre o crime. Na visão do cineasta, o intuito do true crime não é julgar ou inocentar alguém, mas sim apresentar o que se sabe sobre o ocorrido. Maurício acrescenta: “nosso objetivo em nenhum momento foi glamourizar essa história ou defender eles, era realmente mostrar [...]muitas vezes não tem que justificar, a gente tem que mostrar! Por que você vai justificar o que o cara fez? Não dá para justificar. É complicado né”.  

Sobre esse aspecto da aceitação do público, Thaís Nunes, roteirista que trabalhou em produções como “PCC: Poder Secreto”, da HBO Max, e “Rota 66: A Polícia que Mata”, do GloboPlay, fala da problematização acerca da “humanização” de criminosos. “É óbvio que há uma humanização daquela pessoa, porque ela é um ser humano. Desculpa informar, mas seres humanos amam, odeiam, vivem, trabalham, e alguns seres humanos matam, alguns seres humanos têm atitudes violentas”, argumenta Nunes.

Para a documentarista, essas produções podem auxiliar, até mesmo, para diminuir a incidência desses crimes. “E eu acredito muito que é só contando essas histórias de uma maneira propositiva, de uma maneira que enseja o debate, que a gente vai conseguir compreender a violência e conseguir pensar em políticas públicas e em outros mecanismos para combatê-la”, concluí. 

Ao ser questionado sobre a consagração relativamente recente do gênero no público  brasileiro – ao menos em comparação com outros países, em que já é um fenômeno antigo —, Eça observa que  “o true crime já está sendo consumido no Brasil há muito tempo, mas só agora ele está sendo aceito em produções locais”. O diretor avalia que parte do motivo de tal crescimento talvez seja as circunstâncias do tempo. “A pandemia acelerou muito isso. Tem um pouco de inconformismo, um pouco de curiosidade, acho que tem um pouco disso tudo”. Ele conta também o quão difícil foi convencer os investidores a apostar nesses projetos. “Foram anos para conseguir convencer as pessoas a fazerem esses filmes. Elas consomem tanta coisa gringa, por que não consumir do brasileiro?” 

Foi justamente esse o questionamento que a jornalista Thaís Nunes se fez. “A gente precisa [produzir filmes true crime], por que a gente não tem isso no Brasil? Nós temos crimes tão complexos, né? Por que a gente não tem isso no Brasil? E aí eu coloquei a ideia da série da Elize Matsunaga no papel”, conta Nunes. 

Exemplos de produções cinematográficas sobre crimes reais produzidas no Brasil
Exemplos de produções cinematográficas sobre crimes reais produzidas no Brasil
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Mesmo com a chegada dos e-books, aumento ainda é a principal causa da queda de lucro de livrarias
por
Rafael Monteiro Teixeira
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01/07/2023 - 12h

 

 

Com o avanço da tecnologia e a popularização de diversos dispositivos eletrônicos, como tablets e smartphones, práticas que antes eram comuns acabam sendo substituídas. A leitura sofre esse impacto, principalmente dada a chegada dos livros digitais ou e-books, que inovaram a maneira com que você pode ler. Esses itens tiveram alta nas vendas, segundo pesquisa feita pela Nielsen (empresa global de análise de informação dados e medição), durante a pandemia, principalmente nas livrarias que não pertencem a um grande conglomerado como a Leitura ou a Cultura.

 E-books são mais acessíveis do que livros físicos por conta do preço.  Enquanto alguns livros com mídia física podem chegar a R$300, no digital é possível achar e baixar o mesmo conteúdo por um preço menor ou até de forma gratuita.

Imagem livraria
Livraria Por: Rafael Monteiro

Para tentar equilibrar esse mercado, as livrarias promovem lançamentos com a presença dos autores, eventos culturais e até clubes de leitura. Outra estratégia, além de ter uma loja física, é também ter uma loja digital, que atende não só a região em que está localizada com outras regiões dentro do mesmo estado. Isso possibilita um maior número de vendas, uma possível expansão de negócios, trazendo novos consumidores para a loja através do meio digital.

O público fiel às folhas timbradas ainda garante a venda de livrarias, como é Anah Julia Greco, estudante de Relações Públicas na Fecap. "Acho que a maior diferença para mim é no foco, ler pelo celular ou computador dita a atenção pois são meios que estimulam muito o cérebro. Além disso, muitas vezes as letras são pequenas e as páginas compridas" relata Anah.

Segundo a estudante de Relações Públicas, o maior empecilho para a mídia física é a mudança de valor. “Apesar da falta de tempo livre ser um dos fatores de eu ter parado de ler o tanto quanto eu lia antes, eu percebo que o aumento do preço dos livros acaba sendo um outro fator predominante para isso, pois até livros de bolso possuem um custo elevado e dependendo do título o preço acaba se tornando inacessível”.

Para Anah Julia, quando um livro que a interessa está muito caro, ela opta por esperar o preço abaixar ao invés de ler digitalmente. “Eu prefiro não ler já que tenho preferência pela mídia física, acabo achando melhor esperar o preço diminuir a ler por outros meios”.

Imagem livros
Livros em exposição Por: Rafael Monteiro

Vanderlei Teixeira, dono da livraria Mundo dos Livros em Santo André -SP, diz que chegada dos livros digitais não foi o principal fator na baixa de vendas dos livros físicos, já que em muitos livros não existe tanta diferença de páginas, ordem de capítulos e formatação dos textos para a mídia física quanto para a digital, mudando apenas os preços de uma versão para outra.

Assim como Anah Julia, Teixeira concorda que existe um público fiel que ainda opta pelos livros físicos “Tem alguns clientes que chegam aqui e falam que eles têm o PDF do livro, mas que preferem a mídia física, pois gostam de pegar e sentir o livro mesmo, e tem outras que não gostam de ler através de uma tela” .

Segundo Teixeira o principal fator da queda de vendas é realmente o preço dos livros “Pelo que eu vejo na loja, a alta dos preços foi o que mais impactou, porque as pessoas analisam o preço e acabam vendo que a mídia digital acaba ficando mais em conta”.

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“Se deus escutasse as mulheres pretas e pobres, o mundo seria muito diferente”
por
Artur Maciel Rodrigues
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03/07/2023 - 12h

(Atores do musical reverenciado pela presença, fonte propria)
 

“A cor púrpura, o musical” é uma fiel adaptação da peça da Broadway baseada no livro de Alice Walker “The color purple”. Com boa atuação, ótimas canções e uma trilha sonora sem igual, e ainda assim contendo mudanças que deixam a história mais atual para quem conhece apenas a história do filme de 1985. 

A obra conta a história de Celie (Amanda Vicente), uma mulher negra do sul americano que passa seus dias com sua irmã Nellie (Lola Borges) na casa de sua família, até que um dia seu pai a negocia para se casar com Mister (Wladimir Pinheiro) e cuidar de seus filhos. Casada com ele, Celie sofre abusos psicológicos e físicos. Ainda assim, ela consegue adquirir inspiração com Sofia (Erika Affonso), esposa de Harpo (Caio Giovani). Sofia também acaba desenvolvendo um complicado relacionamento com Shug Avery (Flavia Santana), uma antiga amante de Mister.

Com elenco totalmente preto, e destaque especial para a atuação de Lilian Valeska e para a canção final de Wladimir Pinheiro — que trazem à tona o quão emocionante e profundamente espiritual o musical consegue ser. O retrato da obra na relação da fé em Deus e o conflito com o martírio, além da busca pela independência feminina e amor próprio, emancipação coletiva e representação LGBTQ+ são pontos altos. 

O uso de cor é um dos pilares da peça, além da exploração da iluminação e da trilha sonora, feita por Thalisson Rodrigues. A acessibilidade também foi grande importância para os produtores — com dias específicos contados com intérpretes de libras e audiodescrição.

Em entrevista, a espectadora Terezinha Silva Leite afirma que ”Achei muito interessante, porém o detalhezinho das duas se beijando é novo, no filme não mostrou essa parte…”. O palco pequeno também foi criticado, uma vez que é ocupado em sua maioria pelo cenário, que serve como as casas que Celie vive. A réplica também é palco de danças e de momentos humorísticos no fundo da cena. E por fim, a duração de três horas e interlúdio de curtos 15 minutos, deixa o espectador exausto ao fim da obra. 


(Cenário em que a peça ocorre, fonte Rafael Nogueira, Uol)

 

Acessibilidade também foi um tema de grande importância com certos dias contados com intérpretes de libras e audiodescrição. O musical está no final de temporada, sendo as últimas apresentações nos dias 30 de junho, 1 e 2 de julho.

 Durante as despedidas dos atores, Flávia Santana comentou que será a primeira mulher negra a ser produtora de uma peça da Broadway. Seu próximo  trabalho junto com o diretor, Tadeu Aguiar,  "O incidente", é a adaptação em português de "American son"-  trata sobre um casal negro buscando notícias de seu filho em uma delegacia. Assim como “A cor púrpura”, promete trazer um retrato de como o racismo atinge todos os relacionamentos na sociedade, sejam eles conjugais e sociais. E para quem ainda não viu à adaptação da obra de Alice walker ganha desconto para ver a outra peça 

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Superproduções da Marvel arrebataram o público, mas entraram em declínio com desgaste de sua fórmula
por
Gabriel Cordeiro
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30/06/2023 - 12h

A  empresa de quadrinhos de super-heróis fundada por Stan Lee, que conta com heróis e grupos  como Homem-Aranha, Hulk e os X-Men passou por uma grave crise financeira nos anos 90, e por isso se viu vendendo os direitos de seus principais heróis para outras empresas, como o Quarteto Fantástico e os X-Men para a Fox e o Homem-Aranha para a Sony. Com a crise se estendendo até os anos 2000, a Casa das Ideias decide se arriscar e iniciar projetos cinematográficos com personagens menos famosos do que aqueles que tinham perdido seus direitos, fazendo acordos bancários para a realização dos filmes, com a contraparte sendo os próprios personagens –  resumindo, caso "Homem de Ferro" não desse retorno, os direitos dele seriam dos bancos.

Robert Downey Jr. como Tony Stark em Homem de Ferro (Reprodução / Marvel)

Robert Downey Junior no filme “Homem de Ferro”, de 2008. (Foto: Reprodução Marvel)

E é desta forma incerta que se inicia seu Universo Compartilhado, em 2008, com o filme “Homem de Ferro” introduzindo tudo que conhecemos, como as cenas pós-créditos e a famosa formula Marvel . O filme foi muito bem recebido pelo público, arrecadando US$ 585 milhões  e gerando lucro. Depois disso, sua sequência, “Homem de Ferro 2”, também teve bons números, chegando a superar o antecessor. Seguindo com os filmes situados no mesmo universo e se conectando, o estúdio chegou ao seu primeiro grande sucesso,  “Os Vingadores”, que passou da casa do bilhão, US$ 1,5 bilhão em bilheteria. com o filme inovando com os personagens da famosa equipe sendo introduzidos em produções anteriores como Capitão América, Thor e Hulk. 

E o sucesso foi se consolidando cada vez mais ao longo dos anos, com franquias menos conhecidas nos quadrinhos se tornando filmes lucrativos, como “Guardiões da Galáxia”, e a retomada de direitos que haviam sido vendidos. Esta recuperação se deu com a compra da Fox pela Disney (detentora dos direitos da Marvel) e um acordo com a Sony para o uso da imagem do Homem-Aranha nos cinemas. Além disso, após 21 produções, todas interconectadas, a Marvel conseguiu, com sua conclusão de saga no filme “Vingadores:Ultimato”, alcançar a marca de segundo filme com maior bilheteria da história, arrecadando US$ 2,8 bilhões, atrás apenas de Avatar. Com isso, a Marvel se tornou a franquia mais lucrativa da história dos cinemas.

Mesmo sendo um inegável sucesso, o Universo Cinematográfico Marvel (UCM) tem seus problemas e, nos últimos tempos, vem apresentando resultados negativos. A “formula Marvel” já mostrava sinais de que estava saturada para o público desde a sequência  Doutor Estranho no Multiverso da Loucura”, “Thor: Amor e Trovão” e “Pantera Negra: Wakanda Para Sempre”, todos lançados em 2022, que não atingiram a casa do bilhão em arrecadação. internacional.https://www.correiodopovo.com.br/image/policy:1.980229:1675174087/Homem-Formiga-3.jpg?f=2x1&$p$f=2300daa&w=1200&$w=9c05b01

Imagem de Homem Formiga e a Vespa: Quantumania. Foto: Divulgação Marvel Studios

“Grande parte do porquê da queda recente vem devido às falhas de design e pós-produção, somados ao mau uso dos efeitos especiais. Além disso, os enredos estão previsíveis e entediantes, com um claro desgaste da tradicional formula Marvel’”, diz o colecionador e aficionado por quadrinhos Guilherme Sansone, que assistiu a todas as produções do UCM. Em sua análise, vistos individualmente, os filmes da Marvel perdem importância, parecendo apenas mais uma engrenagem para a grande máquina”.

A questão da repetição da fórmula e da serialização já foi duramente criticada por renomados diretores, como Martin Scorsese (vencedor do Oscar por “Os Infiltrados”). "Isso não é cinema. Honestamente, o mais próximo que posso pensar deles, por mais bem feitos que sejam, com atores fazendo o melhor que podem dentro das circunstâncias, é em parque de diversões”, escreveu Scorcese, em artigo para o New York Times. Outro famoso cineasta, Francis Ford Coppola (diretor da trilogia “O Poderoso Chefão”), concordou publicamente com a opinião de Scorsese, em entrevista ao canal de televisão France 24. “Não conheço alguém que tire algo ao ver o mesmo filme repetidas vezes. Martin foi gentil quando disse que não é cinema. Ele não chegou a dizer [que os filmes da Marvel] são desprezíveis, o que eu acabei de dizer que são”, afirmou Coppola.

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Martin Scorsese. Foto: Featureflash Photo Agency / Shutterstock.com

A estudante de cinema Isabela Kuhar é menos rígida do que os dois cineastas. “Não existem regras do que deve ou não ser um filme, só existem diversos gêneros diferentes, mas acredito que a experiência seja a mesma da que temos quando vemos um filme bom ou ruim de qualquer outro filme nessa categoria. Não acho que os filmes estejam saturados, só acho que se tornaram uma verdadeira indústria e deixou de se importar com a qualidade, deixando as produções menos individualizadas e mais como um produto a ser consumido”, afirma.

Para o público em geral, o excesso de produções também pode acabar afastando muitos telespectadores casuais. “É desanimador tentar se aventurar em um universo tão extenso e já estabelecido”, diz Rodrigo Oliveira, de 19 anos, acrescentando que, ao assistir “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura”, sentiu que lhe faltavam informações para acompanhar a trama. “Dificilmente tirei experiências singulares dos filmes da Marvel”, afirma Oliveira.  

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O primeiro álbum de Katy Perry que a lançou como um dos maiores ícones pop da indústria
por
Catarina Pace
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29/06/2023 - 12h

Há 15 anos, Katheryn Elizabeth Hudson, mais conhecida como Katy Perry, se lançava oficialmente na indústria musical. Depois do disco Katy Hudson, que não alcançou sucesso, Katy se tornou um dos garotos em One Of The Boys e não gritou quando viu uma aranha, mas com certeza gritou quando se tornou a primeira artista pop perfect da época. No formato pin-up girl, a artista saiu do coral da igreja para o mundo do pop, se arriscando em músicas com temáticas não tão religiosas, algo que cantores e boybands já exploravam profundamente naquela época. 

Quando escolheu a guitarra ao invés do balé, Katy já estava decidida em ser uma inspiração para a nova geração de fãs do pop rock. Com sete milhões de discos vendidos, o álbum foi o primeiro da californiana com a Capitol Records e tem 13 faixas, em que os famosos hits Waking Up In Vegas, Thinking of You e Hot N Cold, estão presentes. A última, que da data de seu lançamento ocupou a posição #2 na loja virtual do iTunes e a #3 no Hot 100 da Billboard, é considerada o segundo maior hit de sua carreira. 

Autora: Catarina Pace
Katy Perry com figurino do clipe de Waking Up In Vegas
Imagem: [Divulgação]

I Kissed a Girl também esteve nas paradas, sendo número #1 na Billboard Hot 100 e permaneceu no topo durante 7 semanas a partir de seu lançamento. O single vendeu mais de 11 milhões de cópias mundialmente. Repleto de diferentes batidas e ritmos, a nostalgia já era real no primeiro álbum de sucesso mundial da cantora. Apesar da maioria das faixas serem animadas, como em todo álbum da californiana, a melancolia não deixa de estar presente. 

No disco, Katy comove com Thinking Of You e I’m Still Breathing, demonstrando seu talento vocal. A primeira pode ser considerada um prelúdio da icônica The One That Got Away de seu álbum seguinte, lançado em 2010, Teenage Dream. É uma balada romântica que esbanja vocais e sentimentalismo. Já a segunda não tem medo de abordar explicitamente temas como suicídio e questionamentos sobre a própria vida da cantora, mas marca uma nova era – seu renascimento como pessoa e artista. 

Apesar de hoje Katy Perry ser uma das artistas que protege a causa LGBTQIA+ com unhas e dentes, no ano de lançamento do álbum, se envolveu com polêmicas por conta das faixas Ur So Gay e I Kissed a Girl, duas músicas que abordam sexualidade. A primeira segue alguns padrões de opinião da época para o tipo de comportamento masculino, que como diz a música era “tão gay e nem gosta de homens”. Por outro lado, I Kissed a Girl abriu as portas para ela e outras mulheres se libertarem dos padrões heteronormativos da época, como uma canção sobre experiência e ousadia. Tanto a música quanto o videoclipe puderam consagrar a cantora como um ícone dentro da comunidade. 

Com o tom desafiador e irônico do título do álbum, ela conseguiu inovar, e com sua imaginação desenvolvida, criou um mundo só dela. Através de seu olhar penetrante e seu batom vermelho, ela produziu sua própria estética, que pode ir desde docinhos e piscinas de plástico, até as icônicas nuvens coloridas.  

Autora: Catarina Pace
Katy Perry e seu estilo pin-up girl
Imagem: [Divulgação]

Certamente o estilo de pin-up girl perdurou até hoje. A estética de 1940 acompanhou Katy durante sua carreira e foi um marco desse álbum em específico, o que o diretor de arte do disco, Ed Sherman, conseguiu caracterizar muito bem no disco. Era a imagem dela que garotos e garotas queriam ter nas paredes de seus quartos. Na época de seu lançamento, One Of The Boys consagrou Katy Perry não só como uma das maiores cantoras pop da indústria, mas como uma performista de mão cheia. 

Logo em 2008, ano de lançamento do álbum, ela participou da Vans Warped Tour, um festival anual que ocorreu de 1995 a 2019. Depois dele, Katy se preparou para sua primeira turnê solo, a Hello Katy Tour. Lotado de referências de seu próprio projeto e em um palco com um gigante coração rosa, a turnê lançou a artista com performances temáticas e cheias de vida.

Para quem tem saudade dos grandiosos espetáculos que a diva pop fazia no começo da carreira, ela relembrou toda sua carreira e desenvolveu números inéditos para seus shows residentes em Las Vegas, de 2021 até o início deste ano. Com cogumelos e privadas gigantes, Katy Perry fez história mesmo vestindo lacres de latinhas. Intitulada de PLAY, a série de shows em Las Vegas foi mais uma demonstração da artista gigante que Katy foi e ainda é. Seus fãs, os katycats, podem ficar orgulhosos de tudo o que sua california girl construiu até aqui, mesmo sem um Grammy em mãos.

Autora: Catarina Pace
Katy Perry em uma das apresentações da residência PLAY
Imagem: [Divulgação]

One Of The Boys foi o início da carreira meteórica de uma menina que queria mudar sua música e personalidade. Em um mundo próprio, Katy criou uma série de histórias que se conectaram e vieram para tornar a indústria musical menos cinza. Sob seu nome artístico, 15 anos anos se passaram e em 2023, Katheryn sabe exatamente quem foi e quem é hoje. “Está tudo bem em dizer que você não era tão evoluído como humano 5 anos atrás quanto você é agora. Ninguém pode fazer você sentir ou acreditar em algo sobre si que você já não sinta”, relatou Katy em entrevista ao The Guardian. Desde o começo ela garantiu seu lugar no mundo e se tornou uma artista icônica, que com certeza é um pôster que ninguém quer tirar da parede. 

 

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