“Nosso Sonho", cinebiografia nacional de Eduardo Albergaria, conta a trajetória da dupla que revolucionou o gênero funk melody. Sob o ponto de vista de Claucirlei Jovêncio de Souza, o filme mostra a história dessa grande amizade: os problemas familiares, a vida na periferia carioca dos anos 90, o sucesso e ascensão dos artistas e principalmente o porquê de não existir “Buchecha sem Claudinho.”
O longa expõe a vida, marcada por muita luta e superação, dos cantores para o além da fama, algo que poucos conhecem. Em entrevista à Folha de São Paulo, o diretor conta a importância de retratar esse passado. “O filme circunscreve a periferia num lugar diferente da violência. Ela aparece como um lugar onde os personagens têm conflitos subjetivos. É um lugar que a periferia merece. Estamos acostumados a ver a periferia e, não por acaso, o funk presos no estigma da violência,” comentou.

Narrado por Juan Paiva, ator que interpreta o Buchecha adulto, o filme transmite o sentimento de estar escutando o desabafo de um amigo sobre o passado. Dessa forma, o telespectador mergulha desde da infância até a criação dos seus principais hits, sendo eles “Fico assim sem você”, “Só love” e “Coisa de cinema”.
Um dos maiores destaques do filme, além do roteiro cativante, são as atuações de Juan Paiva e Lucas Penteado, que interpreta Claudinho. Os atores apresentam uma sagacidade ao passar para as telonas características marcantes dos homenageados, como a timidez de Buchecha e a animação, somada a língua presa de Claudinho.
Em resumo, “Nosso Sonho” é uma obra cativante e emocionante, que de forma divertida, mergulha numa história de amizade e celebra a arte que veio da periferia: o funk. O filme foi indicado para representar o Brasil no Oscar 2024 e apresenta nota 7,5 na base de dados sobre produção audiovisual IMDb.
Juca, Luanito, TheoRex, Grilo e Diluna, são os integrantes que vocês conheceram no documentário que fala sobre a história do grupo e seus processos de construção artísticos. Suas batidas e rimas nascem dos sentimentos que falam, pensam e sentem. Um documentário repleto de fotos, entrevistas e muita música, para mostrar que eles vão além de só um grupo, se consideram uma família.
Em um domingo de setembro (17), a atriz Denise Fraga estrelou em mais uma noite o espetáculo “Eu de você”, idealizado e pensado inteiramente por ela, ao lado do diretor Luiz Villaça e do produtor José Maria. Nove anos do programa “Retrato Falado” não bastaram para que a artista contasse histórias reais ao espectador e, no Teatro na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (TUCA), Denise trouxe mais narrativas genuínas para mostrar que não há melhor espelho do que o outro.
Um cenário inteiramente branco, uma cadeira de madeira e roupas acinzentadas foram os apetrechos necessários para que a obra embarcasse em várias esferas. Apesar de ser um monólogo, a quarta parede foi quebrada e a peça não se limitou ao palco. Mais a fundo, o jogo de iluminação de Wagner Antônio foi um personagem essencial para explicitar a multiplicidade de experiências, espaços e sentimentos que cada corpo experimenta, aflorando assim, o sensorial do público.

Contando com mais elementos, a peça explorou o universo da música. Denise, ao lado de três musicistas, Ana Rodrigues, Clara Bastos e Priscila Brigante, trouxe mais vida ao espetáculo com clássicas canções: passando de Dostoievski, Fernando Pessoa, Chico Buarque, Elvis Presley até Zezé di Camargo. Apesar do musical vasculhar tantas faces interativas, ao se despedir do público, a atriz proferiu ainda no palco “o silêncio é um espaço não vazio livre de palavras”, revelando assim, ainda mais, os momentos reflexivos propositais, pensados pelo espetáculo.
É preciso ser Eu de você. Se vive e se entende a vida a diante das experiências pessoais, que são diferentes a partir de cada indivíduo. Com isso, o que seria de cada pessoa se houvesse a tentativa de ver mais o outro, de enxergar mais através do olhar do outro? No espetáculo, Denise traz essa sensibilidade ao encenar diversas histórias reais, de pessoas que escolheram contá-las. Entrevistas, cartas e depoimentos de sujeitos espalhados pelo país originaram o solo, e é encantadora a forma que a atriz vive as vozes, os gestos e os jeitos de cada “personagem”.
Desde a personagem Tânia, a qual representa a vida urbana volátil, o Júlio, que frequenta karaokês e se apaixona por um assaltante, ou Clarice, que encontra um pedido de perdão no entardecer de um parque, Denise com seu dom artístico faz o público se sentir próximo ao ato, mesmo que não se identifique tanto com essa pessoa. Por um momento, todos se reúnem em um só suspiro, representados pelos problemas daqueles depoimentos, mesmo que nunca tenham passado por algo semelhante. Mas acontece que, no espaço não vazio, livre de palavras, o pensamento percorre o eco em busca de uma só coisa: a resolução das questões que a vida propõe.
Lançado em todas as plataformas de streaming às seis da manhã da última sexta-feira (6), o mais novo projeto do rapper Drake, ‘For All The Dogs’, tem 23 faixas e 1h24min de duração. O cantor convidou grandes artistas para colaborar, como 21 Savage, J. Cole, SZA, PARTYNEXTDOOR, Chief Keef, Bad Bunny e Lil Yatchy.

Reprodução: Instagram/@champagnepapi
Anunciado cerca de três meses atrás, o disco estava previsto para 22 de setembro. Drake resolveu adiar o projeto para o começo de outubro, por conta dos shows da turnê atual.
Alguns dias antes do lançamento, Drake usou o seu perfil no Instagram para falar um pouco sobre o projeto, mostrando a capa do álbum feita por seu filho Adonis Graham, de seis anos, e liberando a faixa Slime You Out, com participação de SZA.
‘For All The Dogs’ é um álbum que gera sentimentos mistos. Enquanto o rapper canadense continua a mostrar sua habilidade lírica e produção consistente, o projeto parece carente de inovação.
Embora haja faixas cativantes e batidas envolventes, muitas vezes há a impressão que estamos ouvindo uma versão repetitiva de seus trabalhos anteriores. Apesar de misturar diferentes estilos musicais, incluindo não apenas o rap e o trap, mas gêneros como R&B e o Drill Music, Drake não consegue sair de um looping com beats fracos e versos ruins.
As letras falam do mesmo assunto em todas as músicas: ostentação, indiretas para artistas rivais, mulheres e relacionamentos que não deram certo, dando a ideia de que o cantor faz músicas apenas para adolescentes.
Virginia Beach
Com o sample de Wiseman (2012), de Frank Ocean, Virginia Beach é a faixa que abre For All The Dogs. A música explora temas de reflexão, autoconsciência e complexidade dos relacionamentos.
O refrão fala de um sentimento de saudade e insatisfação em uma conexão romântica. No geral, a música transmite uma sensação de nostalgia, saudade de um passado idealizado e uma reflexão sobre as complexidades e limites do amor.
Drake ainda enfatiza a necessidade de uma verdadeira conexão emocional e questiona o papel dos bens materiais no relacionamento.
Fear of Heights
A quarta faixa do álbum fala sobre se sentir inseguro e vulnerável, especialmente quando se trata de ter sucesso. A letra da música aborda as batalhas internas e as incertezas que podem advir de ser famoso e ter grandes objetivos. Drake expressa o medo de perder o contato com suas raízes e uma preocupação com a possibilidade de um declínio em relação ao sucesso que alcançou.
A música aborda como pode ser complicado lidar com uma vida onde muitas pessoas sabem quem você é e esperam muito de você.
First Person Shooter (feat. J. Cole)
‘First Person Shooter’ é a sexta faixa do álbum. Nela, Drake e J. Cole atravessam vários temas intimamente associados às suas carreiras, personalidades públicas e às complexidades da indústria do hip-hop. Ambos os artistas, através de seus versos, apresentam uma análise sobre sua jornada e status atual no rap.
Cole diz que ele, Drake e Kendrick Lamar são o “Big Three” do mundo do hip-hop e relaciona sua carreira ao do lendário Mohammed Ali, simbolizando representatividade, reconhecimento, lutas e controvérsias que acompanham a fama. O rapper ainda faz referência à propensão da indústria de provocar rivalidade entre os artistas, sugerindo que palavras e ações são frequentemente distorcidas para criar narrativas de discórdia.
Já pela perspectiva de Drake, o cantor ilumina seu estilo de vida rico, mencionando suas experiências com várias mulheres e com carros de luxo. Ele justapõe seu status atual com outros do setor, enfatizando o poder que possui dentro da indústria e nos streamings de música.
8am in Charlotte
A 17a faixa foi a segunda a ser publicada por Drake dois dias antes do lançamento oficial do álbum. Postada em seu próprio Instagram junto de um videoclipe, a música é uma metáfora da jornada de vida do rapper, abordando paternidade, riqueza, sucesso, moralidade e crescimento pessoal, ao mesmo tempo que fala sobre as lutas enfrentadas por seus amigos nos versos.
Ele questiona as implicações morais do seu sucesso e remete à inconsistência entre as palavras e ações das pessoas. Drake também menciona sua influência em vários setores e à sua concorrência. Em uma última análise, a faixa mostra a reflexão e evolução de Drake como artista, proporcionando aos ouvintes uma compreensão mais profunda de sua vida e experiências.
Confira a lista com as 23 faixas de For All The Dogs:
1-Virginia Beach
2-Amen (feat. Teezo Touchdown)
3-Calling For You (feat. 21 Savage)
4-Fear Of Heights
5-Daylight
6-First Person Shooter (feat. J. Cole)
7-IDGAF (feat. Yeat)
8-7969 Santa
9-Slime You Out (feat. SZA)
10-Bahamas Promises
11-Tried Our Best
12-Screw The World – Interlude
13-Drew A Picasso
14-Members Only (feat. PARTYNEXTDOOR)
15-What Would Pluto Do
16-All The Parties (feat. Chief Keef)
17-8am in Charlotte
18-BBL Love – Interlude
19-Gently (feat. Bad Bunny)
20-Rich Baby Daddy (feat. Sexyy Red & SZA)
21-Another Late Night (feat. Lil Yatchy)
22-Away From Home
23-Polar Opposites
Desde os primórdios da sociedade as mulheres sofriam com pressões estéticas e sempre tiveram que se adaptar aos padrões impostos pela sociedade. Assim como as mulheres se adaptaram, a sociedade também se adaptou, os padrões ficaram cada vez mais inalcançáveis, afinal a cada década era apresentado um padrão diferente e com isso foram criadas novas formas de se encaixar, roupas, maquiagens, e outras formas de manipulação, como o photoshop.
Os anos 2000 foram marcados pela magreza excessiva, calças de cintura baixa, tops e croppeds eram as principais peças de roupa da época, que tinham a intenção de valorizar e expor a silhueta extremamente magra das mulheres na época. Já nos anos 2010 essa estética mudou, mulheres com grandes seios, grandes quadris e cinturas finas se tornaram o padrão, fugindo totalmente da estética de 10 anos atrás. “A dismorfia corporal na maioria das vezes é uma idealização da pessoa. Quando não se trata de algo real, a disfunção leva a pessoa a viver em função de um corpo ou uma aparência que ela idealizou”, afirma a psicologa Maria Angélica Peres Camargo. Como as mulheres que se esforçaram tanto para serem extremamente magras vão conseguir se encaixar nesse padrão que não é abraçado de maneira natural?


Em 1990, o Adobe Photoshop, mais conhecido e mais usado software de edição de imagens, foi lançado, e, desde então, outros softwares e aplicativos do tipo se tornaram cada vez mais acessíveis e populares, permitindo que qualquer pessoa consiga editar uma fotografia de maneira fácil e rápida, até mesmo pelo celular. Apesar disso, dar o poder de manipular uma foto para todo e qualquer um trouxe problemas para a sociedade contemporânea, sendo um deles a mudança de características físicas de alguém.
Essa mudança (que ficou conhecida como photoshop, devido ao nome do aplicativo da Adobe Systems citado anteriormente) é, na maior parte das vezes, feita em fotos de mulheres, ou por elas mesmas, ou por alguém responsável pela imagem delas, no caso de celebridades. A intenção do photoshop é encaixar essas mulheres o máximo possível no padrão de beleza, mexendo em fotos dos seus rostos e seus corpos para tal. Nesse contexto, as mulheres se sentem mais inseguras e vulneráveis, e se tornam mais suscetíveis a sofrerem com a pressão estética.
Pressão estética é o nome dado à pressão que geralmente uma mulher sofre em relação à sua aparência, e o quanto ela se encaixa no padrão de beleza. Desde a infância, as meninas já são pressionadas a estarem dentro desse padrão, com comentários vindos muitas vezes até mesmo de outras mulheres da família, comparando crianças entre si e fazendo com que elas também se comparem. Quando essas meninas crescem, na adolescência e no início da fase adulta, é quando elas mais sofrem com essa pressão, e, mesmo que isso se abrande com a idade, mais de 90% das mulheres se dizem insatisfeitas com seus próprios corpos. Esses dados são bem justificados quando se analisa como as mulheres se comportam nas redes sociais.
Nas redes sociais, as mulheres têm muito mais chance de se compararem com outras, principalmente com celebridades. Ao postarem fotos editadas pelo photoshop, essas celebridades ajudam a criar um padrão de beleza cada vez mais inalcançável, mas que, mesmo assim, as mulheres buscam atingir incessantemente. Isso cria um círculo vicioso, no qual essas fotos editadas são postadas, impactando outras mulheres, que também alterarão suas aparências e também serão um exemplo negativo.
Vale ressaltar que todas as mulheres sofrem com a pressão estética, mas mulheres de fato fora do padrão (não-brancas, gordas, com deficiência) são as maiores vítimas dela. Um dos maiores exemplos de celebridades e seu padrão inalcançável: Kim Kardashian remove gordura corporal através do photoshop.
A pressão estética sobre as mulheres é um fenômeno sociocultural, que acarreta em distúrbios e transtornos psicológicos e físicos, simultaneamente. Os mais comuns são a dismorfia corporal e os transtornos alimentares.
A dismorfia corporal é a visão distorcida que uma mulher tem do seu próprio corpo. O que ela enxerga quando se olha no espelho é completamente diferente de como ela de fato é. Isso a leva a buscar incessantemente mudar as características que ela vê, mas que, na verdade, não estão lá, ou não estão lá tanto quanto ela imagina. Apesar de ser comum a distorção da autopercepção em mulheres, nem todas têm dismorfia corporal, que só pode ser diagnosticada por um psicólogo especialista na área. No Brasil, mais de 150 mil casos são registrados por ano.
Os transtornos alimentares (que podem ser uma das consequências da dismorfia corporal) são hábitos alimentares poucos saudáveis e que, nesse contexto (eles podem também estar relacionados a outras questões), buscam atingir o corpo ideal de muitas mulheres. Comer pouco ou simplesmente não comer, exageradamente se ater às calorias e aos macronutrientes, purgar refeições forçando o vômito em si mesma ou tomando laxantes e se exercitar mais do que o necessário são as principais características desses transtornos alimentares. Os mais conhecidos são: anorexia, quando uma mulher já muito magra come o mínimo possível (idem à dismorfia corporal); e bulimia, quando a mulher purga o que comeu (mais de 2 milhões de casos registrados por ano no Brasil).
Em entrevista para a AGEMT, a psicóloga Angélica, ela ressalta como a mídia tem um grande papel no desenvolvimento destes transtornos, “O que percebemos é que a mídia e as funções tecnológicas contribuem significativamente para o desenvolvimento do transtorno”, muitos acreditam que essas ferramentas e interações sociais sejam inofensivas, mas quando uma mulher interage com um padrão que não é o dela, é onde começam os questionamentos.
Poucas mulheres têm a consciência de que as suas ações promovendo uma imagem irreal e perfeita afeta diretamente a saúde mental de outras que as acompanham, isso ocorre por uma necessidade de validação de si mesma, onde muitas pessoas acham que existe uma figura saudável e segura na realidade não existe ninguém seguro de sua própria imagem.














