Influenciadora é chamada de "homem" por espectadora; confusão gerou vaias, atraso no espetáculo e intervenção policial
por
Carolina Zaterka
Manoella Marinho
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15/04/2025 - 12h

 

Malévola Alves, influenciadora digital e mulher trans, denunciou ter sido vítima de transfobia no Teatro Renault, em São Paulo, no dia 26 de março de 2025, ao ser tratada pelo pronome masculino e chamada de “homem” por uma espectadora. O incidente ocorreu antes do início do musical “Wicked”. Malévola, com mais de 840 mil seguidores, publicou trechos do episódio em suas redes, que rapidamente viralizaram.

Segundo relatos de testemunhas e da própria vítima, a confusão começou quando Malévola esperava uma nota fiscal e a mulher atrás dela mostrou impaciência. As duas trocaram palavras e, ao se afastar, a mulher teria gritado "isso é homem ou mulher?" em sua direção. A vítima então se sentiu ofendida e levou a denúncia à plateia, apontando a espectadora como autora do ataque transfóbico, causando um tumulto que paralisou a plateia.

A reação do público foi de imediato apoio a Malévola, com vaias à agressora e pedidos para que ela fosse retirada do teatro. “A gente não vai começar a assistir a um espetáculo que é extremamente representativo para a diversidade com uma mulher dessa aqui. Não faz o menor sentido”, afirmou um dos espectadores durante o protesto.

Diante da pressão da plateia, a apresentação atrasou cerca de 30 minutos. A mulher acusada acabou saindo do teatro sob escolta policial, levada à  delegacia para realizar um boletim de ocorrência, recebendo aplausos e vaias dos demais presentes. Miguel Filpi, presente no evento, celebrou nas redes sociais: “Justiça foi feita!! Obrigado a todo mundo nessa plateia que fez a união para que isso acontecesse.”

Carlos Cavalcanti, presidente do Instituto Artium (Produtor do musical), pediu desculpas pelo ocorrido antes de dar início ao espetáculo: “Peço desculpas por esse acontecimento e por esse atraso. Tudo o que a gente pode admitir, é bom que a gente admita na vida, mas transfobia em Wicked, não dá”. A atriz Fabi Bang, também se manifestou durante e após o espetáculo: “Transfobia jamais” - uma improvisação durante a música “Popular”.

 

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Fabi Bang, atriz que interpreta Glinda, em apresentação do musical. Foto: Blog Arcanjo/Reprodução

Viviane Milano, identificada como a espectadora acusada, negou as acusações em um pronunciamento, alegando que a confusão na fila da bombonière não foi sobre identidade de gênero, mas sobre uma tentativa de furar fila. Ela afirmou: “Perguntei em voz alta: ‘Era o homem ou a mulher que estava na fila?’”, dizendo que sua pergunta foi mal interpretada.

A produção de Wicked e membros do elenco reiteraram seu compromisso com a diversidade e repudiaram o incidente. A nota oficial da produção destacou: “Nosso espetáculo é e continuará sendo um espaço seguro para todas as pessoas, independentemente de identidade de gênero ou orientação sexual.”

As últimas apresentações do cantor baiano reunem seus maiores sucessos e participações de grandes artistas brasileiros
por
Davi Rezende
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14/04/2025 - 12h

Tiveram início na última sexta-feira (11) os shows em São Paulo da turnê “Tempo Rei”, de Gilberto Gil, a última da carreira do lendário artista. O evento, que teve início em março, na cidade de Salvador (BA), chegou neste mês à capital paulista com quatro datas, duas neste final de semana e mais duas ao fim do mês.

Gilberto Gil em show no Allianz Parque cantando Aquele Abraço
Gilberto Gil em show da turnê "Tempo Rei" no Allianz Parque, em São Paulo/ Foto: Davi Rezende
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Reunindo participações especiais, cenários característicos e grandes sucessos da carreira do cantor, a turnê é uma grande celebração da história de Gil, enquanto seus últimos shows ao vivo. Desde os visuais até a performance do artista, tudo é composto de forma detalhada para transmitir a energia da obra de Gilberto, que se renova em apresentações vívidas e convidados de diversos gêneros musicais brasileiros.

Ao longo de mais de 60 anos de carreira, Gil conquistou uma das trajetórias mais consolidadas e respeitadas da música brasileira. Com mais de 50 álbuns gravados, sendo 30 de estúdio, ele se tornou uma lenda da bossa nova e do samba, com produções que se provam atemporais, além de participações em movimentos políticos e artísticos que marcaram o Brasil.

Gilberto Gil agasalhado em exílio nas ruas de Londres
Gilberto Gil no exílio em Londres/ Foto: Reprodução/FFLCH - USP

 

Na década de 60, após se popularizar em meio a festivais, Gil fez grande parte da luta contra as opressões da Ditadura Militar no Brasil, tornando-se peça importante no movimento da Tropicália. Ao lado de artistas como Caetano Veloso e Gal Costa, Gilberto foi protagonista na revolução da arte brasileira, além de compor grandes canções de resistência.

Em 1969, após o lançamento de um de seus maiores clássicos, “Aquele Abraço”, Gil se exilou fora do Brasil para fugir da Ditadura, em Londres. Na Inglaterra, ele seguiu produzindo e performando, ao lado de outros grandes gênios tropicalistas, até retornar em 1971, lançando no ano seguinte o álbum “Expresso 2222” (1972). Três anos após o grande sucesso, Gil lança o álbum “Refazenda” (1975), primeiro disco de uma trilogia composta por “Refavela” (1977) e “Realce” (1979).

Todos os grandes momentos da vida do cantor são representados na turnê, tanto com sua performance, dirigida por Rafael Dragaud, quanto na cenografia, montada pela cineasta Daniela Thomas. Na setlist, Gil ainda presta homenagens a grandes figuras da música, como Chico Buarque (que faz participação em vídeo tocado ao fundo de Gilberto, durante a apresentação) quando interpreta “Cálice”, canção de sua autoria ao lado do compositor carioca, e até Bob Marley, no momento que toca “Não Chore Mais” (versão da música “No Woman, No Cry” do cantor jamaicano) com imagens da bandeira da Jamaica ao fundo.

Gilberto Gil em show no Allianz Parque cantando Não Chore Mais
Gilberto Gil em show da turnê "Tempo Rei" no Allianz Parque, em São Paulo/ Foto: Davi Rezende

 

Nas apresentações no Rio de Janeiro, o artista convidou Caetano e Anitta para comporem a performance, enquanto em São Paulo, na sexta-feira (11) MC Hariel e Flor Gil, a neta do cantor, deram as caras, além de Arnaldo Antunes e Sandy terem participado do show de sábado (12).

A turnê “Tempo Rei” aproxima Gilberto Gil do fim de sua carreira, celebrando sua história nos shows que rodam o Brasil inteiro. A reunião de artistas já consolidados na indústria para condecorar o cantor em suas apresentações prova a grandeza de Gil e como sua obra é imortal, movimentando a música de todo o país ao seu redor. Sua performance é energética e vívida, como toda a carreira do compositor, fazendo dos brasileiros os súditos do Tempo Rei.

Gilberto Gil em show no Allianz Parque cantando Expresso 2222
Gilberto Gil em show da turnê "Tempo Rei" no Allianz Parque, em São Paulo/ Foto: Davi Rezende

As apresentações de Gil seguem ao longo do ano, encerrando em novembro, na cidade de Recife (PE). Em São Paulo, o cantor ainda se apresenta em mais duas datas, nos dias 25 e 26 de abril, no Allianz Parque.

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Filme brasileiro conta a história de uma senhora que através de uma câmera expôs uma rede de tráfico no Rio de Janeiro
por
Kaleo Ferreira
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14/04/2025 - 12h

O filme “Vitória” lançado no dia 13 de março de 2025, dirigido por Andrucha Waddington e roteirizado por Paula Fiuza, tem como tema a história de Dona Nina (Fernanda Montenegro), uma senhora de 80 anos que sozinha, desmantelou um esquema de tráfico de drogas em Copacabana, filmando com uma câmera a rotina do mercado criminoso da janela de seu apartamento.

 

Cena do filme ”Vitória” (Foto: CNN Brasil)
Cena do filme ”Vitória”. Foto: CNN Brasil

 

O longa é inspirado no livro “Dona Vitória Joana da Paz”, escrito pelo jornalista Fábio Gusmão e baseado na história verídica de Joana Zeferino da Paz. Grande força do filme vem da atuação de Fernanda, que consegue transmitir a solidão, indignação, determinação e a garra que a personagem teve para confrontar o crime na Ladeira dos Tabajaras.

O filme começa construindo uma atmosfera de grande tensão, claustrofobia e solidão dentro do pequeno apartamento com o reflexo da violência diante dos olhos, assim mergulhando na realidade crua do cotidiano carioca, expondo a fragilidade da segurança pública e o poder que o crime organizado possui. 

Em certos momentos, o ritmo da narrativa se torna um pouco lento e cansativo e a ação do longa começa com a introdução do jornalista Fábio, interpretado por Alan Rocha, que desenvolve uma relação de parceria com Dona Nina. Ele assiste às fitas gravadas por ela, provas de criminosos desfilando com armas à luz do dia, vendendo e utilizando drogas entre crianças e adolescentes, além de ter ajuda dos policiais para o tráfico. E diante de tudo, decide ajudar a senhora, assim escrevendo uma grande reportagem que colocaria os holofotes sobre todo o esquema de tráfico. 

 

Cartaz do filme (Foto: IMDb)
Cartaz do filme. Foto: IMDb

 

O filme tem a participação de outras atrizes, como Linn da Quebrada e Laila Garin, que mesmo em papeis secundários, também merecem destaque por agregar camadas à narrativa e mostrar diferentes facetas de como a comunidade é afetada pela violência.

Em resumo, “Vitória” é um filme emocionante e que faz refletir. Apesar dos problemas no ritmo do filme, a força de uma história real e a grande atuação de Fernanda Montenegro, com seus 95 anos, o consolidam como um filme digno de ser assistido e relevante para o cinema brasileiro. 

É um retrato da realidade brasileira que ao dar voz a uma história de resistência contra o crime, levanta questões importantes sobre segurança, justiça e o papel dos cidadãos contra a violência, dando esperança em resistir a toda criminalidade que a sociedade enfrenta com tanta frequência, além de dar voz a uma mulher que decide não se calar.

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O grupo sul-coreano encerra sua passagem pelo Brasil com o título de maior show de K-pop no país
por
Beatriz Lima
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09/04/2025 - 12h

 

Na primeira semana de abril, São Paulo e Rio de Janeiro foram palco dos shows da DominATE Tour, do grupo de K-pop Stray Kids. Em novembro de 2024, o grupo anunciou sua primeira passagem pela América Latina após sete anos de carreira, com shows no Chile, Brasil, Peru e México, causando êxtase aos fãs do continente.

Stray Kids é um grupo de K-pop composto por oito integrantes, Bang Chan, Lee Know, Changbin, Hyunjin, Han, Felix, Seungmin e I.N. O grupo estreou em 2018, após um programa eliminatório com diversos trainees da JYP Entertainment - empresa que gere o grupo. No dia 8 de julho de 2024, o grupo anunciou sua terceira turnê mundial chamada ‘DominATE Tour’, com shows iniciais pelo Leste e Sudeste Asiático e Austrália. 

A DominATE Tour foi anunciada para a divulgação de seu mais recente álbum, ATE, lançado dia 19 de julho de 2024. Com o sucesso mundial do grupo e da música “Chk chk boom”, com a participação dos atores Ryan Reynolds e Hugh Jackman no clipe, o grupo divulgou datas para a turnê na América Latina, América do Norte e Europa no início de 2025.

Foto de divulgação da turnê DominATE
Imagem de divulgação da turnê DominATE. Foto: Divulgação/JYP Entertainment

No Brasil, o octeto iniciou sua passagem pela cidade do Rio de Janeiro com seu show de estreia dia 1 de abril no Estádio Nilton Santos, com mais de 55 mil pessoas presentes no local. Em sua primeira data na cidade de São Paulo, sábado (5), o grupo sul-coreano teve os ingressos esgotados e, mesmo com chuva e baixas temperaturas, bateu o recorde de maior show de K-pop no Brasil, com um total de 65 mil pessoas no Estádio MorumBIS. No dia seguinte, o grupo teve seu último dia de passagem pelo país e somou no total - nos dois dias de show na capital paulista - 120 mil pessoas.

Show do Stray Kids no Estádio MorumBIS
Primeiro dia de show do Stray Kids em São Paulo. Foto: JYP Entertainment / Iris Alves

 

Os shows contaram com estruturas complexas e atraentes - com direito a fogos de artifícios e explosões de luz a cada performance -, tradução simultânea nos momentos de interação com o público, banda e equipe de dança do próprio grupo, além de estações de água e paramédicos à disposição do evento. Foram três noites marcantes tanto para os fãs brasileiros quanto para os próprios membros do grupo. “Eu sinto que tudo que nós passamos durante esses sete anos foi para encontrar vocês.” diz Hyunjin em seu primeiro dia de show no Brasil. 

Com o recorde de público nos shows e reações positivas na mídia e público brasileiro, o grupo promete voltar ao país em uma nova oportunidade, deixando claro seu amor pelo país e pelos fãs brasileiros. “Bom, é a sensação de que ganhamos uma segunda casa… todos nós [os oito membros]” declara o líder Bang Chan no primeiro show de São Paulo.

Membros do grupo após o show do Rio de Janeiro.
Foto divulgada após o show do Stray Kids no Rio de Janeiro. Foto: Reprodução/JYP Entertainment

 

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Último dia do festival em São Paulo também reuniu shows de Justin Timberlake, Foster The People e bandas nacionais
por
Maria Eduarda Cepeda
Jessica Castro
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09/04/2025 - 12h

 

Neste domingo (30), o Autódromo de Interlagos, na zona sul de São Paulo, recebeu o último dia da edição 2025 do Lollapalooza Brasil. O festival, que reuniu uma diversidade de estilos, contou com apresentações de bandas indies nacionais, como Terno Rei, e gigantes do pop, como Justin Timberlake. Como destaque, tivemos a histórica estreia da banda Tool em solo brasileiro, a volta de Foster The People ao festival e o show emocionante de encerramento do Sepultura, que consagrou sua importância como uma das maiores referências do metal, tanto no Brasil quanto no mundo.

Diferente do primeiro dia, o domingo foi marcado por tempo firme e céu aberto, sem a interferência da chuva. Com condições climáticas favoráveis, o público pôde aproveitar muito seus artistas favoritos ao longo do dia.

As primeiras atrações do dia já davam o tom da despedida do festival: uma mistura de muito indie, rock n’ roll e nostalgia no ar. No palco Budweiser, a cantora pernambucana Sofia Freire abriu os trabalhos com uma estreia marcante, conquistando o público com talento e carisma. E no palco Mike´s Ice, a banda "Charlotte Matou um Cara" chamou atenção por ter a vocalista, Andrea Dip, vestida em uma camisa de força. 

Além de cantora, Andrea é jornalista e faz parte da Agência Pública de Jornalismo Investigativo. Em 2013, recebeu o Prêmio Tim Lopes de Jornalismo Investigativo pelo seu trabalho na história em quadrinhos “Meninas em Jogo” e foi premiada pelo Troféu Mulher Imprensa na categoria site de notícias em 2016.

Vocalista da banda "Charlotte Matou um Cara", Andrea Dip, usando uma camisa de força rosa
A banda já dividiu palco com a cantora e atriz Linn da Quebrada. Foto: Adriana Vieira / Rock On Board

Com músicas que tratam temas como machismo, ditadura militar e a luta contra a violação do corpo feminino, o grupo trouxe para o festival a agressividade e a energia para o "dia do rock". 

Na sequência, o grupo Terno Rei assumiu o palco e transformou a plateia ainda tímida em um coro envolvido por seu setlist, que mesclou sucessos da carreira e novas apostas sonoras. A banda ainda aproveitou o momento para anunciar seu próximo álbum, “Nenhuma Estrela”, com lançamento marcado para 15 de abril.

Depois de 8 anos longe do Brasil, Mark Foster e Isom Innis voltaram pela terceira vez ao Lollapalooza Brasil. As músicas foram de seus sucessos mais recentes às músicas mais queridas pelos fãs, como "Houdini" e "Call It What You Want". Com um público morno, mesmo com a presença dos fãs fiéis, eles não desanimaram e se mostraram contentes por estarem de volta. A música mais famosa, "Pumped Up Kicks", finalizou a apresentação do grupo.

A banda Tool se apresentou pela primeira vez no Brasil após 35 anos de carreira, mas quem compareceu esperando ver o grupo e uma apresentação tradicional teve uma surpresa. Tool fez um show cru, sem pausas e sem momentos emocionados. O visual sombrio e imersão feita pelos visuais espirituais do telão comandaram os espectadores a uma experiência única no festival, sendo o show mais enigmático da noite. A setlist foi variada, com alguns de seus sucessos e músicas de seu álbum mais recente "Fear Inoculum". Apesar da proposta diferenciada, o público pareceu embarcar na viagem sensorial proposta pelo grupo. 

Vocalisa da banda Tool na frente do telão, mas não somos capazes de ver seu rosto, apenas sua silhueta
A presença enigmática do vocalista causou muita curiosidade entre os espectadores. Foto: Sidnei Lopes/ @observadordaimagem

Sepultura está dando adeus aos palcos ao mesmo tempo que celebra seus 40 anos de carreira, assim como o nome de sua turnê, "Celebrating Life Through Death". Fechando a edição de 2025 do festival, a banda teve convidados curiosos para a setlist. Para acompanhar a música "Kaiowas", o cantor Júnior e o criador do Lollapalooza, Perry Farrell, subiram no palco para integrar o ritmo agressivo dessa despedida. Com uma setlist semelhante a do show feito em setembro do ano passado, também dessa turnê de adeus, o grupo não deixou o clima cair mesmo com os problemas técnicos que enfrentaram. O som estava abafado e baixo comparado ao de outros palcos, a banda Bush enfrentou o mesmo problema em sua apresentação. 

A banda encerrou seu legado no festival com um de seus maiores sucessos internacionais, "Roots Bloody Roots", eternizando seu legado e deixando saudades em seus fãs que se mantiveram devotos até o fim.

No palco ao lado, o grande headliner da noite, Justin Timberlake, mostrou que seu status de popstar segue intacto. A apresentação, que não foi transmitida ao vivo pelos canais oficiais do evento, teve performances energéticas, muita dança e vocais entregues sem base pré-gravada.

Justin Timberlake se apresentando no palco principal do festival
Justin Timberlake encerra a terceira noite do festival Lollapalooza 2025. — Foto: Divulgação/Lollapalooza

Com um show marcado por coros emocionados em “Mirrors” e uma enxurrada de hits como, “Cry Me a River”, “SexyBack” e “What Goes Around... Comes Around”, ele reforçou sua presença como um dos grandes nomes da música pop.

Apesar de definitivamente não estar em sua melhor fase — após polêmicas envolvendo sua ex-namorada Britney Spears, que o acusou de um relacionamento abusivo, e uma prisão em 2024 por dirigir embriagado — Timberlake demonstrou um forte engajamento com o público, que saiu eletrizado do show. 

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Com transparência e sensibilidade, o diretor Gabriel Martins expõe os dilemas e vivências de uma família como tantas outras
por
Marina Jonas
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28/06/2023 - 12h

“Liquidificador de sentimentos”. Essa é a expressão utilizada por Gabriel Martins para definir o que seu filme “Marte Um” quer transmitir. Lançado no ano passado, trata-se do primeiro longa-metragem solo do cineasta, que desde 2009 dirige e produz filmes com outros diretores de sua cidade, Contagem (MG). A narrativa conta a história dos Martins, uma família negra de classe média brasileira que mora na periferia de uma cidade grande e, que ao se deparar com a posse de um presidente de extrema-direita, enfrenta uma nova realidade repleta de tensões, que transparecem no seu dia a dia.  

 “Queria falar sobre sonhos, contradições, desejos e aflições de uma família negra de classe média brasileira”, diz por e-mail o diretor, roteirista e também produtor da obra. E, de fato, é isso que ele faz: de forma cômica e ao mesmo tempo emocionante, Gabriel narra a realidade de diversos brasileiros através do audiovisual, dando voz a pessoas que, muitas vezes, não são retratadas pela mídia – ou são retratadas de forma negativa – e têm suas histórias silenciadas.  

Para falar sobre as esperanças e frustrações dos Martins, o autor conta que queria passar por assuntos como futebol, sexualidade, trabalho, família e sociedade. E, para trazê-los, os retrata sob a perspectiva dos próprios personagens, que vivenciam dilemas e transformações. “Me inspirei em pessoas próximas, familiares, vizinhos, sujeitos que passaram por mim ao longo da minha vida e deixaram diversas impressões. Os personagens são combinações de várias pessoas diferentes e também de alguns traços da minha própria personalidade”, explica o diretor.  

No caso da mãe da história, Tércia, através das cenas de sua rotina dentro e fora da família, é possível ver com clareza os diversos desafios e batalhas que ela enfrenta tentando conciliar tudo o que deseja abraçar: trabalho, tarefas domésticas, filhos, marido e cuidados consigo mesma. A personagem materna estimula um novo olhar sobre a mulher da casa, aquela que é mãe, esposa e trabalhadora, tudo ao mesmo tempo, como disse a atriz intérprete do papel, Rejane Faria, na conversa do “Encontros de Cinema”, realizado no final de maio pelo Itaú Cultural.  

Além dessa, outras perspectivas são apresentadas, como a de Deivinho – filho mais novo que, ao diferentemente do pai, Wellington, que sonha que ele se torne jogador de futebol profissional, almeja virar astrofísico e participar da missão de colonização Marte Um. Tércia é empregada doméstica e Wellington, zelador de um prédio. No desenrolar da história, ambos passam por questões no trabalho e se encontram com dificuldades financeiras. Encarando a instabilidade de seus empregos, os pais veem nos filhos a esperança de um futuro melhor para a família, o que se pode observar também por Lina – filha mais velha –, a primeira Martins a fazer faculdade, uma universidade federal.  

Essas, entre outras temáticas abordadas no longa, estão ligadas à realidade de grande parte das famílias brasileiras e, por isso mesmo, a importância de representá-las nas produções audiovisuais, principalmente de forma clara e sensível, como faz Gabriel. “Talvez não tenha sido tão comum no cinema brasileiro termos dilemas de uma família negra em um projeto de ficção em longa-metragem, mas não considero o ‘Marte Um’ de nenhuma forma exatamente uma nova perspectiva, talvez apenas um filme de qualidades um pouco mais singulares do que historicamente nos habituamos a ver”, afirma o cineasta.  

Ele diz que seu compromisso com a narrativa construída é, acima de tudo, ser sincero e honesto com o mundo real, entendendo que existe uma gama gigante de personagens buscando seu lugar ao sol, mas frequentemente preteridos a algumas escolhas um pouco mais convencionais ou estereotipadas de representação. “A mídia tem um interesse financeiro que é anterior ao desejo de justiça e equilíbrio. Cabe ao campo da arte criar um contracampo a isso”, completa.  

 

 

 

 

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As adaptações dos games estão se tornando uma fonte inesgotável de inspiração para o universo do entretenimento
por
Pedro Paes
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28/06/2023 - 12h

O mundo do entretenimento passa por muitas mudanças ao longo dos anos. Já existiram diversas eras que dominaram as telas do cinema: o período dos filmes de faroeste, da adaptação dos livros, os filmes de super-heróis, e agora tudo aponta para que os filmes inspirados em games conquistem o coração dos amantes da cinematografia.  

Atualmente a indústria do entretenimento tem um grande “rei”, que são os filmes de heróis. Com o sucesso do formato da Marvel, representado por diversos longas, como “Vingadores: Ultimato”, “Capitão América: O Soldado Invernal” e “Pantera Negra”, vários outros atraíram multidões para o cinema. 

Porém, esse formato está saturado. O público espera um algo a mais desses filmes e isso não está sendo entregue aos telespectadores. Não é à toa que os últimos lançamentos dos filmes de heróis foram um fracasso de bilheteria, “Adão Negro”, “Shazam! A Fúria dos Deuses”, “Morbius” e “Homem-Formiga e Vespa: Quantumania”. Todas essas produções foram duramente criticadas pela mídia e pelo público. Isso acaba fazendo com que as pessoas percam cada vez mais interesse por esse gênero e isso está acontecendo no momento. 

É nesse ponto que entram os filmes e séries inspirados em jogos de videogame. Esse tipo de gênero nos cinemas está passando por uma redenção porque os longas de jogos nunca tiveram uma boa qualidade e enfrentaram uma resistência do público. Isso acontece porque as adaptações acabam gerando filmes medianos ou ruins e isso frusta muito os fãs desses jogos. Um exemplo disso está nos filmes do “Resident Evil”.  

Mas isso tem mudado. Os estúdios alteraram a produção desses filmes. Eles viram que era necessário reavaliar a forma como as cenas de ação são apresentadas, repensar os personagens secundários, eliminar elementos narrativos desnecessários e focar no desenvolvimento emocional do protagonista. Assim, essas produções cresceram e ficaram cada vez mais parecidas com os jogos, ganhou mais aceitação dos fãs e atraindo o interesse de outras pessoas. Portanto, a qualidade das adaptações dos games para o cinema melhorou significativamente nos últimos anos. 

Em entrevista para a AGEMT, o estudante de cinema Igor Loureiro compartilhou sua visão sobre essa crescente influência. Para ele, os games apresentam narrativas ricas e personagens cativantes, o que os torna uma fonte inesgotável de inspiração para o cinema. "Os videogames evoluíram muito além de simples jogos, eles se tornaram verdadeiras experiências interativas. Ao adaptar essas histórias para o cinema, podemos explorar mundos fantásticos e criar uma imersão ainda maior para o público", ressalta Igor. Ele complementa falando que o sucesso dos jogos no cinema está diretamente relacionado ao envolvimento e à paixão dos jogadores. "Os fãs dos jogos têm um vínculo emocional forte com os personagens e as histórias. Ao trazer essas experiências para as telas de cinema, os estúdios conseguem atrair tanto os jogadores quanto um público mais amplo, que busca entretenimento e aventura.”  

Os estúdios perceberam que essas adaptações são uma mina de ouro até porque está havendo uma mudança de geração. Os jovens estão cada vez mais próximos desses jogos. Hoje em dia a maioria dos meninos e meninas tem um console dentro da sua casa, seja um Playstation, Xbox ou Nintendo.  

Para a realização da matéria, a AGEMT entrevistou também o jogador de videogame e crítico de cinema Raphael Valente. Ele ressaltou a importância de respeitar a essência dos jogos originais. "Os jogos de videogames têm um público fiel e apaixonado, e é fundamental que as adaptações para o cinema sejam cuidadosas e respeitem a história e os personagens que os fãs tanto amam", destaca Raphael. Ele também menciona que as adaptações cinematográficas de jogos bem-sucedidos têm o potencial de atrair um público mais amplo, incluindo aqueles que não estão familiarizados com os jogos. 

Ambos os entrevistados concordam que a indústria do cinema tem reconhecido o valor dos games como uma fonte rica de material criativo. Isso tem resultado em uma série de adaptações de sucesso, como os filmes e as séries baseados em franquias, como "The Last Of Us", “The Witcher” "Detective Pikachu", “Uncharted” e “Sonic”. Além disso, grandes estúdios têm investido em projetos ambiciosos, como séries de televisão e universos cinematográficos expandidos baseados em jogos populares. 

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Filme Uncharted: Fora do mapa, disponível na HBO MAX.

No entanto, a convergência entre games e cinema também apresenta desafios. Igor Loureiro destaca a importância de encontrar um equilíbrio entre fidelidade aos jogos originais e a necessidade de criar uma experiência cinematográfica coesa e acessível. "É um desafio traduzir elementos interativos dos jogos para uma narrativa linear no cinema, mas quando isso é feito com maestria, pode resultar em obras-primas", afirma o estudante. 

Valente também ressalta que a qualidade das adaptações cinematográficas de tem melhorado nos últimos anos, mas ainda existem casos em que os filmes não conseguem capturar a essência dos jogos. Ele acredita que uma equipe criativa apaixonada pelos jogos e com conhecimento da linguagem cinematográfica é essencial para alcançar o sucesso nessa empreitada. 

À medida que os games continuam a conquistar novos patamares de popularidade, a relação entre o cinema e os jogos só tende a se fortalecer. A possibilidade de explorar narrativas ricas, personagens cativantes e mundos fantásticos dos jogos nas telas do cinema oferece um potencial ilimitado para contar histórias emocionantes e criar experiências imersivas para o público. 

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Programa Masterchef, que chega à décima temporada na TV, abre caminho para novos profissionais da cozinha
por
Gustavo Romero Pires
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27/06/2023 - 12h

 

 

Desde 2014, o programa culinário Masterchef vem fazendo sucesso entre chefs profissionais e quem nunca pisou na cozinha de algum restaurante. Depois de muita audiência em outros países, chegou ao Brasil na TV aberta revolucionando esse segmento, um tanto quanto novo. Foram criadas várias modalidades dentro do reality, como a de amadores, profissionais, crianças e, mais recentemente, pessoas da terceira idade. 

MasterChef' tem disputa entre celebridades e influenciadores | O TEMPO 

Jurados do Masterchef de 2022- Foto: Carlos Reinis/Band 

 Todas as temporadas mostraram cozinheiros com o sonho de abrir restaurantes ou trabalhar em um estabelecimento renomado, como os jurados do programa, Eric Jaquin, Henrique Fogaça, Helena Rizzo e, nas primeiras edições, Paola Carosella. Foi o que aconteceu com Rodrigo Einsfeld, que participou da temporada dos profissionais, em 2016. 

 O chef diz que sempre quis abrir um restaurante e hoje possui o famoso Handz, com uma sede na Casa Verde e a outra no Itaim Bibi. “Entrei no programa para ganhar, mas as pessoas que conheci, as ajudas dos chefs e o entorno me ajudaram a sair muito mais vencedor do que um título do programa. Realizei meu sonho de ter meu restaurante e é por isso que tenho um carinho pelo programa”, diz Rodrigo. 

 Ele destaca a importância do programa para a abertura de novos estabelecimentos. “Começar um restaurante do zero exige muito, mas, quando você tem um ‘empurrãozinho’ como é o programa, várias etapas são puladas e você já tem tanto a vivência nas provas como ajudas em conversas com os jurados e contato com eles no pós-reality.”  

 Quando questionado sobre o assédio de fãs nos restaurantes, o chef responde: “É bem tranquilo. Claro que tem uma pessoa ou outra que quer tirar foto e conversar sobre o programa ou até pedir ajuda sobre a cozinha, mas eu gosto de receber esse reconhecimento e principalmente o feedback sobre as comidas do Handz. No final o que vale é a troca, tanto pra ajudar a pessoa que gosta de mim, quanto pra eu evoluir meu restaurante”. 

 Rodrigo dá algumas dicas para quem só vê o programa e não se arrisca na cozinha. “O pessoal tem que se levantar e ir para o fogão. Sou suspeito para falar, mas acho que todo mundo vai se apaixonar.” 

 A influência chega até os telespectadores. Muitos começam a cozinhar por fazer parte da audiência. João, estudante de economia, diz que na pandemia começou a cozinhar após ver um episódio de Masterchef. “Nunca tinha assistido no nível de prestar atenção e muito menos eu cozinhava. Porém, comecei igual a todo mundo, fiz alguns pães e fui deixando meu cardápio mais completo, me inspirando um pouco no programa.”   

 O estudante afirma não querer ser profissional, mas diz ter se encontrado na atividade “‘É só um novo hobby que me ajuda a acalmar e a fazer coisas boas para a minha família nos dias de comemorações. É como uma terapia para mim. 

É possível notar que o programa mudou a vida tanto de pessoas que tiveram a oportunidade de participar do programa, quanto de telespectadores que foram influenciados a começarem a cozinhar, seja o motivo que for. Então a influência do reality é enorme, ainda mais passando na TV aberta como de costume, podendo mudar a vida de algumas pessoas. 

 

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Evento realizado pela revista Vogue reúne as maiores celebridades do mundo em noite anual de glamour; primeira edição ocorreu em 1948
por
Sophia Pietá Milhorim Botta
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26/06/2023 - 12h

Na primeira segunda de maio de cada ano é realizado o evento de moda mais importante do mundo, o Met Gala. Com a participação dos mais famosos estilistas, celebridades e jornalistas, a noite de muito glamour e tapetes vermelhos conta com uma trajetória de mais de 75 anos de cultura, momentos marcantes na história e uma grande operação de bastidores. “A cada ano o Met Gala muda a forma de pensar e de criar na indústria do ano., O evento dita novidades, padrões e estéticas, sendo um padrão de alta qualidade e luxo para quem produz na nossa área”, explica a stylist Juliemili Amaral. 

 O The Met é organizado por Anna Wintour, diretora-chefe da Vogue americana, desde 1995 no Metropolitan Museum of Art, em Nova York. O objetivo do evento é arrecadar fundos para o Costume Institute, museu focado em moda e figurinos. A primeira edição ocorreu em 1948, organizado pela publicitária de moda Eleanor Lambert, em um jantar de luxo à meia-noite. Logo, o evento foi se tornando a grande festa do ano no mundo da moda.  

Segundo Juliemili, além de arrecadar fundos para a moda, o Met Gala surgiu com o objetivo de valorizar e proporcionar uma maior visibilidade aos estilistas em ascensão, homenageando os maiores talentos de cada geração.  

Durante a década de 1970, o Met Gala foi popularizado pela ex-editora-chefe da Vogue, Diana Vreeland, que procurou trazer a cada ano um tema diferente para celebrar a noite de gala e simbolizar um momento importante da moda. Foi somente com Anna Wintour que a data escolhida passou a ser a primeira segunda-feira de maio, eternizando o dia como o mais importante da moda internacional.  Para participar do Met Gala é necessário ser convidado pela própria Anna Wintour e ainda pagar um valor que será levantado para o fundo de doação.Segundo o The New York Times, o ingresso custa cerca de R$ 249 mil, com mesas a partir de quase R$ 1,.5 milhão. Para 2023, cerca de 400 pessoas foram escolhidas diretamente por Wintour. 

O documentário “The First Monday in May”, lançado em 2016 e dirigido por Andrew Rossi, mostra os bastidores do Met Gala, acompanhando desde o início do projeto na redação da Vogue americana até a grande primeira segunda-feira de maio. Com diversas entrevistas com produtores do Met, convidados, estilistas e depoimentos de Anna Wintour, a obra procura detalhar como se move a indústria da moda e seu evento mais importante. 

 Em 75 anos de existência, momentos históricos marcaram o Met Gala e foram emblemáticos na moda. Entre eles, a primeira aparição da Princesa Diana, em 1996, com um clássico vestido Dior; a cantora Rihanna, em 2017, com um vestido de mais de 25 quilos que levou mais de dois anos para ser confeccionado; a cantora e atriz Cher, em 1974, usando um vestido transparente e de brilhos da marca Bob Mackie que viria a se tornar referência e inspiração para as próximas edições.  

Para Juliemili, um momento muito aguardado todos os anos é a presença da atriz Blake Lively, que utiliza grandes e volumosos vestidos, sempre de importantes grifes e chocando a todos com a perfeição e adequação a cada tema. Em 2022, quando a temática do evento era “Era Dourada no Século 19 nos Estados Unidos”, a peça trazia detalhes em pedrarias e cores como laranja e cobre. Desmontado, o vestido se transformava em um look quase todo azul, fazendo referência ao processo de envelhecimento do metal da Estátua da Liberdade.  

 O Met Gala procura abordar temas que instiguem a história cultural, social, política e econômica de alguma época mundial, para que os estilistas possam criar suas artes a partir de um viés mais embasado e traduzir por meio da moda uma abordagem crítica das questões do mundo. O evento é mais que um tapete vermelho repleto de celebridades e sim uma reflexão de como a moda também está inserida na política e na sociedade, gerando um real questionamento sobre uma coleção de roupas. 

 “O Met Gala se tornou unanimidade quando se fala sobre eventos de moda que extrapolam a bolha fashion. A presença de celebridades vestindo looks exclusivos de grandes grifes e a veiculação do evento nas redes sociais e na TV tornam a proporção do The Met maior a cada ano. As novas gerações vêm se interessando pela história e pelo significado do evento cada vez mais e posso afirmar que as plataformas digitais, como o TikTok, ajudam a alcançar mais pessoas que ainda não conhecem sobre o evento”, diz Juliemili. 

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'Gossip Girl' e 'Euphoria': uma contraposição de décadas e visões de estilo diferentes
por
Giulia Cicirelli
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26/06/2023 - 12h

As séries de televisão sempre tiveram influência na sociedade, especialmente na cultura e como ela afeta diversos aspectos da vida das pessoas que consomem este tipo de conteúdo. A produção criativa de um programa de televisão é extremamente complexa, envolvendo figurinos, estética e maquiagem, por exemplo. 

Em diferentes épocas, diferentes séries ganham popularidade e acabam se tornando o centro das atenções, fazendo com que pessoas se sintam inspiradas e acabem adotando suas características como parte do seu estilo de vida. “Creio que tudo seja muito relativo, mas séries hoje em dia, mesmo de época, tratam de assuntos muito atuais, e moda é comportamento”, afirma Mariana Totaro, diretora criativa das marcas Lorsa e Equívoco. 

Mas esses aspectos acabam se transformando ao longo dos anos, além das particularidades de cada série, como por exemplo a condição financeira dos personagens ou o universo em que as tramas se passam. 

 

Posters promocionais das séries Gossip Girl (2007) e Euphoria (2019) 

Dois exemplos são as produções “Euphoria”, lançada em 2019 e que continuou sendo exibida no início dos anos 2020, e “Gossip Girl”, lançada em 2007. Logo inicialmente pode-se identificar que há uma grande diferença entre os anos em que as produções foram ao ar, mas, além disso, quais outros aspectos seriam relevantes para contrapor uma e outra? Oo enredo da série é extremamente importante para o desenvolvimento de caracterização dos personagens. “Gossip Girl” retrata um cenário de adolescentes e jovens adultos que fazem parte da elite de Manhattan, uma das áreas mais valorizadas de Nova York. O figurino da série é majoritariamente composto por roupas de grife e peças de luxo. Já “Euphoria” é marcada por personagens que podem ser considerados de classe média, cujos guarda-roupas são compostos por peças mais básicas e acessíveis.  

Também é importante ressaltar os diferentes meios de reprodução que essas produções utilizaram. Épocas diferentes requerem meios de repercussão diferentes. Por uma série se passar no início dos anos 2000, as suas influências eram compartilhadas pelos meios de comunicação mais presentes na época, como blogs e sites. Já a outra, por se passar em meados dos anos 2020, se adaptou às redes sociais, Twitter, Instagram e TikTok.  

 

Mariana Totaro e Ana Luiza Tira 

É nítido como o público-alvo desses seriados, os jovens adultos e adolescentes, foi influenciado pelos estilos de vida apresentados para eles, mas como isso impacta a moda de uma maneira geral? Para responder a esta pergunta e apontar as principais diferenças entre as duas séries, a Agemt entrevistou Mariana Totaro e Ana Luiza Tira, pesquisadora de tendências da C&A, e elas comentaram como funcionam as tendências do momento e contaram como acompanharam todo esse processo de mudança de uma década para outra. 

  Em relação à adaptação às tendências e às diferenças entre os tempos, Ana Luiza afirmou: “Sem dúvida as mídias sociais mudaram tudo... É impressionante a força que elas têm hoje em dia. Em 2000 quem tinha o poder de influência eram as grandes marcas, revistas de moda, TV e normalmente celebridades. A partir dos anos 2010 a internet já começou a mudar muito isso”. Ela disse que, a partir dos anos 2020, primeiro pelo Instagram e depois pelo TikTok, surgiram os criadores de conteúdo, e qualquer pessoa pode influenciar outras. “Não necessariamente você precisa ser influencer ou famoso”, avaliou.  

Cenários diferentes causam impactos diferentes, atualmente com o maior e mais fácil alcance do público. “Euphoria”, em geral, sofreu uma promoção de imagem bem maior, com looks mais acessíveis para o público, o que causa um impacto maior na produção de peças de roupa. “Gossip Girl”, por sua vez, apresenta itens luxuosos e de grife, mas não deixa de ter uma grande influência na indústria da moda.

 

 

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